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1.

INTRODUÇÃO

Quando iniciou o século VII parecia que, por fim, a Europa começaria a
sair do caos em que as invasões bárbaras a tinha lançado. Todos os
invasores arianos tinham se tornado católicos; Os francos, que desde o
começo tinha se convertido a fé Nícena, começavam a estabelecer sua
hegemonia sobre as Gálias. Nas ilhas britânicas os resultados da missão de
Agostinho começavam a aparecer. Na Itália, em mio as dificuldades causadas
pelos lombardos, Gregório, o grande, ocupava o trono pontifício. O império
Bizantino ainda desfrutavam dos resultados das conquistas de Justiniano,
especialmente no norte da África, onde o reino dos vândalos tinha
desaparecido.
Então sucedeu o inesperado. De um obscuro canto do mundo, ao qual
tanto o império romano como os reis persas tinham prestado pouquíssima
atenção, surgiu uma avalanche que, impulsionada pela pregação do corão,
parecia destinada a conquistar o mundo.
O movimento que agora chama a nossa atenção é a religião e o império
fundados por Maomé, no início do sétimo século, o qual tomou uma após
outra, várias províncias (nações) dos imperadores gregos que moravam em
Constantinopla, até à sua extinção final. Esse movimento impôs à igreja
oriental uma sujeição de escravatura, ao mesmo tempo que ameaçava
conquistar toda a Europa. Após treze séculos, desde seu aparecimento, a fé
maometana ainda domina mais de seiscentos milhões de pessoas e continua
a crescer no continente africano.

2. MAOMÉ

O fundador do Islamismo – ou islã, palavra de origem árabe que


significa “submissão total a Deus”, foi Maomé, nascido em Meca, Arábia,
no ano 570, era membro de uma família respeitada na cidade de Meca, na
Arábia. Seu pai tinha morrido pouco antes de ele nascer, e sua mãe morreu
quando ele tinha seis anos. Seu tio foi quem o criou a partir de então. Porém
os negócios da família sofreram sérios reveses, e Maomé passou boa parte
da sua juventude como pastor. Depois ele começou a participar do comércio
das caravanas, e seu êxito foi tal que a viúva rica Cadia o pôs à frente dos
seus negócios. Depois de algum tempo Cadia e Maomé casaram. Enquanto
viveu, Cadia foi sua conselheira e auxiliar mais intima com que Maomé
contou. Porém durante muito tempo o futuro profeta do islã se dedicou
simplesmente ao comércio, e sua vida não parecia ser diferente da dos seus
muitos colegas.
Iniciou sua carreira como profeta e reformador no ano 610, aos quarenta
anos de idade. Este tinha se acostumado a se retirar de vez em quando a um
lugar solitário, para orar e meditar. Por esta época ele já tivera amplos
contatos com o judaísmo e o cristianismo, pois na Arábia existia um bom
número de judeus, e também cristãos de diversas seitas. Algumas destas
seitas tinham perdido todo o contato com o restante da igreja séculos antes,
e por isto suas doutrinas tinham se desenvolvido para direções às vezes
estranhas. Em todo caso, de acordo com a lenda muçulmana, Maomé se
encontrava em uma montanha perto de Meca quando lhe apareceu o anjo
Gabriel e lhe ordenou que proclamasse a mensagem do único Deus
verdadeiro.
No começo Maomé foi um pouco tímido em sua pregação. Ele tinha
dúvidas em relação à sua missão, e por algum tempo não recebeu outra
revelação. Porém mais tarde ele se convenceu de que tinha uma missão
profética, e se dedicou a cumpri-Iá. Começou a proclamar a mensagem do
Deus único, justo e misericordioso, que governa todas as coisas e exige
obediência dos seres humanos. Sua mensagem, no estilo dos profetas do
Antigo Testamento, freqüentemente era apresentada em forma rítmica.
Maomé dizia que o que ele pregava não era uma nova religião, mas a
continuação da revelação que Deus tinha dado através dos profetas do
Antigo Testamento e de Jesus. Este, para ele, não era divino. Era, isto sim,
um grande profeta, que devia ser obedecido.
Os líderes árabes em Meca se opuseram à pregação de Maomé. Meca
era um centro de peregrinações da religião politeísta da Arábia, e boa parte
dos seus rendimentos esta relacionado com o culto. Por isto os comerciantes
da cidade, dos quais tinham sido colegas de Maomé, agora se voltaram
contra ele e seus seguidores. Em 622 Maomé se refugiou em um oásis das
proximidades, onde ficava o povoado que depois recebeu o nome de Medina
(Madinat – Medina, ou seja, “cidade do profeta”). E a partir desta data que os
muçulmanos contam os anos. Foi ali que pela primeira vez foi estabelecida
uma comunidade muçulmana, onde o culto e a vida civil e política seguiam
as normas traçadas pelo Profeta (Maomé foi, ao mesmo tempo, um guia
espiritual, político e militar. Por essa razão, existe uma estreita relação entre
a religião e a política para os muçulmanos).
Depois de uma série de campanhas militares, negociações e pactos,
Maomé e os seus tomaram Meca em 630. Com grande sabedoria e
moderação o Profeta proibiu qualquer vingança contra seus antigos inimigos,
e se limitou a derrubar os ídolos do templo e a instaurar o culto monoteísta.
A partir de então Maomé gozou de cada vez mais prestígio e poder
entre os árabes, e quando da sua morte, em 632, boa parte da península da
Arábia tinha se tornado muçulmana.
3. AS CONQUISTAS DOS CALIFAS

Depois da morte de Maomé a direção da comunidade muçulmana caiu


sobre os califas (do árabe califat, que quer dizer "sucessor").
O primeiro califa foi Abu Bequer, que tinha sido um dos principais
acompanhantes de Maomé. Sob Abu Bequer o islã consolidou seu domínio na
Arábia ocidental, e teve seus primeiros conflitos com os exércitos bizantinos,
que foram derrotados em 634.
Abu Bequer morreu no mês seguinte, e seu sucessor Omar, que
governou por dez anos, continuou suas conquistas. O general Calid, sob cujo
comando estavam as tropas que tinham derrotado os romanos, invadiu a
região da Síria, e em 635 tomou Damasco. Depois de alguns pequenos
reveses os árabes derrotaram um outro exército que o Império Romano
enviara contra eles, e em 638 o califa em pessoa tomou posse de Jerusalém.
Dois anos depois, com a capitulação de Cesárea e Gaza, toda a região caiu
em poder dos árabes.
No começo os muçulmanos não perseguiram cristãos nem judeus,
pois os consideravam "POVOS do livro" (isto é, do Corão), monoteístas como
os muçulmanos. Assim, por exemplo, o califa Omar, ao entrar em Jerusalém,
decretou que os cristãos " ... tivessem garantidos os seus bens, suas igrejas e
suas cruzes... Em assuntos religiosos, não haverá pressão nem coação. Os
judeus podem morar em Jerusalém junto com os cristãos, e os que residem
na cidade pagarão o mesmo tributo que os habitantes de outras cidades".
Em termos gerais foi esta a política religiosa que os primeiros califas
seguiram nas terras conquistadas. Somente o politeísmo e a idolatria eram
proibidos. Os cristãos e judeus podiam continuar no livre exercício dos seus
cultos, desde que respeitassem o Profeta e o Corão. Depois foi proibida a
conversão dos muçulmanos ao cristianismo ou ao judaísmo. Porém, além
disto, e de certas limitações na expressão pública do culto a única carga
imposta aos judeus e cristãos foi a obrigação de pagar um tributo mediante o
qual o estado se sustentava. Os que se convertiam ao islã não precisavam
pagar este imposto. Por isto, ao mesmo tempo em que os muçulmanos
tinham interesse especial em fomentar as conversões à sua religião muitos
cristãos de convicções mais flexíveis acabaram por aceitar a fé do Profeta.
Ao mesmo tempo em que enfrentavam os bizantinos na Síria, os
árabes invadiram a outra grande potência vizinha, o Império Persa. Esta
frente dupla, que em teoria poderia ter sido desastrosa, produziu resultados
surpreendentes. Em 657, depois de derrotar repetidamente os persas, os
árabes tomaram sua capital, Ctesifom. Então continuaram sua expansão
inexorável para o leste, enquanto os persas se retiravam para as montanhas.
Finalmente, em 651 (portanto já no tempo do próximo califa) o último rei
persa foi morto, e no ano seguinte os muçulmanos eram donos de todo o
antigo império Persa.
Enquanto isto, em 639, outro contingente árabe invadiu o Egito, e
rapidamente conquistou a maior parte do país. Em 640 os árabes fundaram a
cidade que mais tarde seria o Cairo. E em 642, quando Alexandria se rendeu,
todo o país estava em seu poder. Dali para o oeste as hostes muçulmanas
continuaram marchando vitoriosas, e em 647 capitulou a cidade de Trípoli.
Sob o próximo califa, Otoman, as conquistas marcharam mais
lentamente. No norte da África os berberes se opunham aos seus avanços, e
o Império Bizantino, cujas fronteiras tinham sido empurradas até a Ásia
Menor, conseguiu finalmente deter o avanço do islã nesta direção. Além
disso houve lutas internas entre os próprios muçulmanos, até que Otoman foi
atacado morto por um dos filhos de Abu Sequer. Apesar disto Otoman tinha
dado os primeiros passos para criar uma esquadra árabe, e com ela
conseguiu conquistar a ilha de Chipre, que até então tinha sido parte do
Império Romano.
A morte de Otoman não pôs fim à guerra civil entre o muçulmanos.
Seu sucessor, Ali, não pôde manter-se no poder, quando ele morreu
sucederam-lhe os califas Omíadas, que a principio se dedicaram a consolidar
seu poder, e estabeleceram sua capital em Damasco. Os muçulmanos
ultrapassaram os limites da Arábia, conquistaram a Síria, o Egito, a Palestina,
o norte da África e a Pérsia e criaram o grande Império Árabe (Islâmico).
Por essas razões, durante a segunda metade do século VII as
conquistas árabes foram mais lentas. Apesar de repetidamente atacarem
Constantinopla e outras regiões vizinhas, suas forças eram rechaçadas. Sua
principal conquista, o norte da África, exigiu uma luta longa e dispendiosa,
pois tanto os bizantinos como os berberes lhes resistiram passo a passo.
Apesar disto Cartago capitulou em 695, e no fim do século muitos dos
berberes tinham aceito o islã.
Em 711 um exército muçulmano composto de mouros, berberes e
árabes, sob o comando de Tarik, cruzou o estreito de Gibraltar (cujo nome se
deriva do de Tarik) e derrotou o último rei godo, Rodrigo, perto de Jerez. Em
pouco tempo toda a Espanha, com exceção da Astúria e da Gasconha ao
norte, estava sob o domínio muçulmano.
Da Espanha as hostes vitoriosas passaram à F rança, onde se
apossaram de boa parte da costa sul. Em 721 marcharam sobre Toulouse, e
em 732 estavam perto de Poitiers quando foram derrotados pelos francos,
sob o comando de Carlos Martel. Anteriormente, em 718, outro exército
islâmico, apoiado pela esquadra, tinha atacado Constantinopla. O imperador
Leão III tinha defendido valorosamente a cidade, e os muçulmanos tinham
perdido quase toda sua esquadra e boa parte do seu exército. Outra
expedição, dirigida contra a Sicília em 720, também tinha fracassado. A
primeira maré do avanço islâmico tinha começado a abaixar.

Conseqüências das conquistas

Cem anos estavam entre a morte de Maomé e a batalha de Poitiers.


Cem anos que mudaram a face do Mediterrâneo, e que teriam profundas
implicações para o futuro da região e igreja. Até então apesar das invasões
dos bárbaros, o Mediterrâneo tinha sido um lago romano. É verdade que
durante algum tempo os vândalos dominaram a navegação na parte a oeste
da Itália. Porém este domínio foi breve, e nunca chegou a Interromper a
navegação entre o Egito e a Síria, de um lado, e Constantinopla e a Itália, por
outro. Agora os muçulmanos tinham se apossado de toda a costa do
Mediterrâneo, desde Antioquia, perto da Ásia Menor até Narbonne, no sul da
França, e por isto o comércio cristão ficou limitado à porção nordeste do
Mediterrâneo (os mares Egeu e Adriático), e o Mar Negro. .
Durante a idade de ouro do Império Romano, e ainda depois das
invasões dos bárbaros, tinha existido um abundante comércio que levava ao
Ocidente produtos pro?eden~es do
E't e mesmo do Extremo Oriente. De Alexandna era Imporgl o,

tado o papiro, tão necessário para copiar manuscritos antigos o


produzir novas obras. Do Oriente provinham, através do Mar Vermelho, seda
e especiarias.
Depois das conquistas dos árabes este comércio cessou. Is· to quis
dizer, por um lado, que escasseou o papiro, e que os manuscritos tiveram de
ser copiados em pergaminho. Mas quis dizer também que a Europa Ocidental
ficou relativamente isolada das mais antigas civilizações do Egito, Sfria e
Extremo Oriente. Isto, por sua vez, obrigou-a depender dos próprios recursos,
e a desenvolver a sua própria civilização.
Por outro lado, as conquistas muçulmanas arrebataram à cristandade
vários dos seus mais antigos centros de difusão e pensamento: Jerusalém,
Antioquia, Alexandria e Cartago. Em conseqüência, só restaram duas cidades
que poderiam disputar a hegemonia sobre o mundo cristão: Roma e
Constantinopla. Ao redor de cada uma delas o cristianismo foi tomando
formas próprias, até que houve a ruptura definitiva, como veremos, em
1054.
Talvez o papa Leão III tivesse em mente algumas destas novas
circunstâncias naquele dia de Natal de 800, quando cingiu a testa de Carlos
Magno com a coroa imperial. Em todo caso, não há dúvidas de que estas
circunstâncias foram fatores determinantes dos resultados do seu ato. O
imperador de Constantinopla, quase sempre acossado por seus vizinhos
muçulmanos, não tinha os recursos necessários para intervir decisivamente
no Ocidente. Roma, por seu lado, se distanciava cada vez mais de uma igreja
bizantina que parecia estar debaixo da tutela do poder imperial. Se a partir
de então o mapa do cristianismo era traçado acima do eixo horizontal do
Mediterrâneo, desde as consquistas árabes e a coroação de Carlos Magno ele
seria traçado sobre um eixo vertical que ia de Roma até as Ilhas Britânicas,
passando pelos territórios dos francos. O cristianismo bizantino cada vez
mais estaria à margem deste mapa.

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