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Políticas Educativas e

Formação ao Longo da
Vida
Mestrado em Educação de Adultos e
Intervenção Comunitária
Universidade do Minho

Docente: Manuel António Silva


Discente: Célia Regina Fernandes Novais
Pg 15700

30-11-2009
Políticas Educativas e Formação ao Longo da Vida 2009

A Comissão Europeia apresentou no passado dia 24 de Novembro um


documento de trabalho da consulta sobre a futura estratégia “EU2020”. A ser concebido
como o sucessor da actual Estratégia de Lisboa, a EU2020 estabelece uma visão, onde a
saída da crise deverá ser o ponto de entrada numa nova economia de mercado social
sustentável, numa economia mais inteligente, mais verde, onde a prosperidade virá da
inovação, de utilizar melhor os recursos e onde a chave de entrada será o conhecimento.

A linha base assenta em três pilares temáticos: criar valor com base no conhecimento,
capacitar as pessoas em sociedades inclusivas e criar uma economia competitiva,
interligada e mais ecológica. Como tem vindo a acontecer ao longo de mais de uma
década, educação tem um lugar central no debate das políticas públicas europeias.
Interessa por isso recuar pelo menos cerca de quinze anos e atentar nos vários
documentos que foram produzidos e que implicações tiveram a sua aplicação prática,
quer na sociedade quer nos próprios contextos educativos. Pensar em aprendizagem ao
longo da vida é hoje em dia indissociável de pensar em espaço europeu de educação.
Por isso, parece-me relevante sublinhar certos discursos e práticas produzidas ao longo
de quase duas décadas, sem os quais seria imperfeita qualquer apreciação às políticas
educativas que actualmente se executam.

Recuando até meados da década de noventa surge, na sequência do Livro Branco


– “Crescimento, competitividade, emprego” (1993), o Livro Branco da União Europeia
“Ensinar e Aprender – Rumo à sociedade cognitiva” (1995). Este Livro veio definir as
principais linhas políticas de educação e formação dos Estados-Membros, com o
principal objectivo de colocar a Europa na via da sociedade cognitiva, baseada na
aquisição de conhecimentos, onde ensinar e aprender são um processo permanente e ao
longo da vida. Este investimento no conhecimento é um factor determinante no
emprego, na competitividade e na coesão social e é com este Livro que se denominam
as principais respostas às transformações vividas em território europeu. De entre elas o
Livro destaca três principais choques motores ou impactos que atravessam sociedade
europeia: o impacto da sociedade da informação, que se repercute principalmente na
transformação da natureza do trabalho e da própria organização da produção onde se
impõe a necessidade do indivíduo se adaptar a novas ferramentas tecnológicas e à
consequente transformação das condições de trabalho; o impacto da internacionalização,

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que anula as fronteiras entre os mercados de trabalho originando uma liberdade de


movimento de capital, bens e serviços sem precedentes, subvertendo os dados da
criação de emprego; o impacto do conhecimento científico e tecnológico que ao invés
do ser celebrado é visto agora com uma ansiedade e os avanços tecnológicos são agora
percebidos pela opinião pública como ameaças.

Este Livro postula à educação e à formação duas respostas aos principais


desafios na nova era: a revalorização da cultura geral (ou conhecimentos de base), como
um instrumento de leitura do mundo para além dos quadros de ensino, enfrentando
assim o risco de um hiato na sociedade entre aqueles que podem interpretar, aqueles que
só podem usar, e aqueles que são empurrados para fora do conjunto da sociedade e
dependem de apoio social: noutras palavras, entre os que sabem e aqueles que não
sabem; o desenvolvimento da aptidão para o emprego e da capacidade para uma vida
económica, estimulando a mobilidade dos jovens, desenvolvendo a aprendizagem e
todos os topos de formação em alternância, fazendo a validação as competências
adquiridas ao longo da vida, através de um currículo clássico ou não, e oferecendo uma
nova oportunidade aos jovens ameaçados de exclusão.

É nesta linha a o Livro Branco define então os cinco objectivos gerais


condutores da acção dos Estados-Membros e para cada um deles apresenta orientações,
sugestões e medidas que a Comunidade poderia empreender para complementar e
apoiar os esforços nacionais. Formula para cada objectivo geral de um projecto
importante e experimental para apontar o caminho a seguir: fomentar a aquisição de
novos conhecimentos através da criação de um dispositivo europeu de validação e
reconhecimento de competências técnicas e profissionais adquiridas ao longo da vida,
facilitando a mobilidades de jovens estudantes e colocando a educação e formação à
frente domínio do potencial dos recursos tecnológicos; aproximar a escola e as
empresas pelo desenvolvimento da aprendizagem sob todas as formas, promovendo a
abertura da educação ao mundo do trabalho e a participação das empresas nos desígnios
da formação. Propõe a criação de centros de aprendizagem entre os diferentes países
europeus, promovendo a mobilidade dos estagiários seguindo a linha do programa
Erasmus; combater à exclusão. A ideia básica é simples: fornecer aos jovens excluídos
do sistema de ensino, ou prestes a ser, a melhor formação e melhores mecanismos de
apoio para dar-lhes auto-confiança. O Livro pretende também redistribuir
financiamentos para apoiar as iniciativas nacionais e locais e colocar todos os recursos

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em movimento. É encorajado o desenvolvimento do serviço voluntário europeu;


dominar as três línguas comunitárias, elemento indispensável para se poder beneficiar
das possibilidades profissionais e pessoais criadas pelo mercado único; tratar o
investimento de capital e o investimento em formação com base na igualdade,
promovendo incentivos fiscais às empresas que valorizarem as experiências de
formação;

Esta visão, em que a evolução das sociedades europeias dá primazia às


aprendizagens e ao acesso à aquisição de competências e ao conhecimento enquanto
factores determinantes para uma adaptação do conjunto europeu à globalização das
economia e às mudanças tecnológicas e sociais, resulta de uma determinada orientação
política: a aprendizagem ao longo da vida.

É principalmente a partir deste período que se começam a configurar as primeiras


figurações do espaço educativo europeu e desde então as políticas públicas da Comissão
Europeia centram-se na importância de educação e formação não só para a prossecução
dos objectivos económicos e da afirmação da Europa como a potência mais competitiva
e na vanguarda da inovação tecnológica mas também para reforçar a coesão social, onde
o imperativo da luta contra a exclusão materializa uma sociedade pautada pela
igualdade no acesso ao conhecimento e à formação.

Com a definição da Estratégia Europeia de Emprego (processo de Luxemburgo,


Novembro de 1997) e de acordo com objectivo de coordenar as políticas nacionais em
matéria de emprego, institui-se uma supervisão multilateral que incita os Estados-
Membros a fomentar políticas mais eficazes neste domínio. A estratégia visa, em traços
gerais, melhorar a empregabilidade, o espírito empresarial, a adaptabilidade e a
igualdade de oportunidades ao nível do mercado de trabalho europeu.

Neste seguimento, e no seguimento do Conselho Europeu Extraordinário de Lisboa–


para uma Europa da inovação e do crescimento(Março de 2000), onde a União Europeia
fixou para si própria o objectivo de, em dez anos, se tornar “a economia baseada no
conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo, capaz de um crescimento
económico sustentável com mais e melhor emprego e maior coesão social”, a Comissão
das Comunidades Europeias publica o Memorando sobre a educação e a aprendizagem
permanente. A finalidade deste memorando era lançar um debate à escala europeia em
torno de uma estratégia global para alcançar os objectivos fixados. “A aprendizagem ao

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longo da vida deixou de ser apenas uma componente da educação e da formação,


devendo tornar-se o princípio orientador da oferta e da participação num contínuo de
aprendizagem, independentemente do contexto. A década que se avizinha deverá
assistir à execução prática desta visão. Todos os europeus deverão, sem excepção,
beneficiar de oportunidades idênticas para se adaptarem às exigências das mutações
sociais e económicas e participarem activamente na construção do futuro da Europa”
reitera o memorando que sublinha seis mensagens-chave que proporcionam um
enquadramento estruturado para o debate aberto sobre a execução de uma estratégia de
aprendizagem ao longo da vida.

As mensagens assentam em experiências recolhidas a nível europeu através de


programas comunitários e do Ano Europeu da Aprendizagem ao Longo da vida (1996).
“Cada uma inclui uma série de questões cujas respostas deverão ajudar a clarificar áreas
prioritárias de acção. As mensagens-chave sugerem ainda que uma estratégia global e
coerente de aprendizagem ao longo da vida para a Europa deverá ter por objectivos:
garantir acesso universal e contínuo à aprendizagem, com vista à aquisição e renovação
das competências necessárias à participação sustentada na sociedade do conhecimento
(Novas competências básicas para todos); aumentar visivelmente os níveis de
investimento em recursos humanos, a fim de dar prioridade ao mais importante trunfo
da Europa - os seus cidadãos (Mais investimento em recursos humanos); desenvolver
métodos de ensino e aprendizagem eficazes para uma oferta contínua de aprendizagem
ao longo e em todos os domínios da vida (Inovação no ensino e na aprendizagem);
melhorar significativamente a forma como são entendidos e avaliados a participação e
os resultados da aprendizagem, em especial da aprendizagem não-formal e informal
(Valorizar a aprendizagem); assegurar o acesso facilitado de todos a informações e
consultoria de qualidade sobre oportunidades de aprendizagem em toda a Europa e
durante toda a vida (Repensar as acções de orientação e consultoria); providenciar
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida tão próximas quanto possível dos
aprendentes, nas suas próprias comunidades e apoiadas, se necessário, em estruturas
TIC (Aproximar a aprendizagem dos indivíduos);

O Memorando considera ainda que o trabalho conjunto no sentido da concretização de


uma estratégia de aprendizagem ao longo da vida afigura-se o melhor caminho para:
construir uma sociedade inclusiva que coloque ao dispor de todos os cidadãos
oportunidades iguais de acesso à aprendizagem ao longo da vida, e na qual a oferta de

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educação e formação responda, primordialmente, às necessidades e exigências dos


indivíduos; ajustar as formas como são ministradas as acções educativas e de formação,
e como está organizada a vida profissional, de modo a que as pessoas possam participar
na aprendizagem ao longo das suas vidas e possam, elas próprias, planear modos de
conjugar aprendizagem, trabalho e família; atingir níveis globalmente mais elevados de
participação mais activa em todos os sectores, de forma a garantir uma oferta de
educação e formação de qualidade, assegurando em simultâneo que os conhecimentos e
as competências dos indivíduos correspondam às exigências em mutação da vida
profissional, organização do local de trabalho e métodos de trabalho; incentivar e dotar
as pessoas de meios para participar mais activamente em todas as esferas da vida
pública moderna, em especial na vida social e política a todos os níveis da comunidade
e também no plano europeu.
A tónica é definitivamente colocada nas dimensões do emprego e do mercado de
trabalho quando afirma que aprendizagem ao longo da vida é “toda a actividade de
aprendizagem em qualquer momento da vida, com o objectivo de melhorar os
conhecimentos, as aptidões e competências, no quadro de uma perspectiva pessoal,
cívica, social e/ou com o emprego.”
Com o relatório sobre os objectivos futuros concretos dos sistemas educativos
(2001), a Comissão expõe as suas preocupações comuns sobre o futuro e o contributo
que os sistemas educativos devem fornecer para serem atingidos três objectivos
principais: o desenvolvimento do indivíduo, a fim de poder realizar todas as suas
potencialidades e ter uma vida feliz e enriquecedora; o desenvolvimento da sociedade,
mais particularmente pela redução das disparidades e das injustiças entre indivíduos e
grupos; o crescimento da economia, procedendo de modo que as qualificações
disponíveis no mercado de trabalho correspondam às necessidades das empresas e dos
empregadores. Ligados ao Memorando sobre a educação e formação ao longo da vida
são propostos cinco objectivos, acompanhados por indicações relativamente aos
domínios que poderão cobrir: aumentar o nível da educação e da formação na Europa,
melhorando a formação dos professores e educadores e melhorando a aptidão para a
leitura, a escrita e a aritmética; facilitar e generalizar o acesso à educação em todas as
fases da vida, impulsionando o acesso à educação e à formação ao longo da vida,
tornando a educação e a formação mais atraentes, tornando os sistemas mais flexíveis e
assegurando que a educação possa fornecer aos indivíduos uma porta de entrada na
sociedade (consubstanciando a coesão social); actualizar a definição das competências

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básicas para a sociedade do conhecimento, promovendo as TIC para todos, estimulando


transversalidade das competências profissionais e aptidões pessoais e a permanente
capacidade de aprender; abrir a educação e a formação à envolvente local, à Europa e ao
resto do mundo, estimulando o ensino das línguas estrangeiras, aumentando a
mobilidade e os intercâmbios, reforçando as relações com as empresas e desenvolver o
espírito empresarial; utilizar melhor os recursos, garantindo a eficácia dos sistemas de
ensino e de formação através da implementação de sistemas de garantia de qualidade,
adaptando os recursos às necessidades, orientados para aqueles que realmente precisam.
Finalmente é proposto, neste documento, a instauração de uma nova parceria com os
estabelecimentos de ensino, onde as instituições locais têm um importante papel a
cumprir.
Porém, estes documentos nunca deixaram de suscitar reservas quanto aos
conceitos neles produzidos e às mudanças institucionais que foram sendo sugeridas e
motivadas pela Comissão.
Na Comunicação subsequente as estes documentos, a Comissão presume que foi
atingido um consenso em relação aos quatro objectivos da aprendizagem ao longo da
vida: a realização pessoal, a cidadania activa, a inclusão social e a
empregabilidade/adaptabilidade e reforça com ela o pacto político em “Tornar o Espaço
Europeu de Aprendizagem ao Longo da Vida uma Realidade” (Novembro 2001). Aqui
especificam-se os módulos constitutivos das estratégias globais para os Estados-
Membros e propõem-se acções prioritárias susceptíveis de reforçar as estratégias
propostas.
A partilha dos papéis e das responsabilidades, o trabalho em parceria no âmbito do
espectro da aprendizagem, a mobilização de recursos adequados, facilitar o acesso às
oportunidades, fomentar uma cultura de aprendizagem e a procura da excelência
constituem as estratégias para levar a cabo as acções prioritárias: valorização da
aprendizagem (valorização dos diplomas e dos certificados, valorização da
aprendizagem não-formal e informal: intercâmbio de experiências, criação de novos
instrumentos a nível europeu para apoiar a valorização de todas as formas de
aprendizagem); informação, orientação e consultoria (reforçar a dimensão europeia da
informação, orientação e consultoria); investir tempo e dinheiro na aprendizagem
(aumentar os níveis de investimento e tornar os investimentos mais transparentes,
propor incentivos e permitir investimentos, garantir a qualidade elevada dos resultados
dos investimentos); aproximar os aprendentes das oportunidades de aprendizagem

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(encorajar e apoiar as comunidades, cidades e regiões de aprendizagem e criar centros


locais de aprendizagem, encorajar e apoiar a aprendizagem no local de trabalho –
inclusive nas PME); Competências base (determinar o conteúdo do pacote
“competências base”, tornar as aptidões de base verdadeiramente acessíveis a todos,
nomeadamente os que se vêem confrontados com dificuldades nas escolas, os que
abandonam prematuramente a escola e os aprendentes adultos); pedagogias inovadoras
(instaurar novos métodos e o novo papel dos docentes, formadores e outros mediadores
de aprendizagem, fomentar as TIC como veículo da aprendizagem ao longo da vida).
É com base nestes documentos que é publicada a Resolução do Conselho
Europeu de 27 de Junho de 2002 sobre a Aprendizagem ao Longo da Vida, onde é
proposto aos Estados-Membros que: desenvolvam e implementem estratégias globais e
coerentes associando ao processo todos os actores relevantes, nomeadamente, os
parceiros sociais, a sociedade civil e as autoridades locais e regionais; mobilizem os
recursos necessários à implementação dessas estratégias e promovam a aprendizagem
ao longo da vida para todos; promovam a aprendizagem no local de trabalho; melhorem
o ensino e a formação de professores e formadores implicados na aprendizagem ao
longo da vida; promovam a cooperação e medidas eficazes de validação dos resultados
da aprendizagem, crucial para estabelecer as pontes entre o formal, o não-formal e o
informal; facultem informação, orientação e aconselhamento, incluindo a criação de
instrumentos adequados para disponibilizar informações sobre a educação e formação e
sobre oportunidades de emprego; desenvolvam estratégias para aumentar a participação
dos grupos excluídos da sociedade do conhecimento em consequência do seu baixo
nível de competências essenciais; melhorem a participação activa, incluindo os jovens,
na aprendizagem ao longo da vida.
Estes princípios voltariam a ser reforçados pela Comissão Europeia em “Educação e
formação na Europa: sistemas diferentes, objectivos comuns para 2010” (2002),
metamorfoseados em treze objectivos agrupados em torno de três objectivos
estratégicos: melhorar a qualidade e a eficácia dos sistemas de educação e de formação
da EU (melhorar a educação e formação dos professores e dos formadores; desenvolver
as competências necessárias à sociedade do conhecimento; assegurar o número de
pessoas que fazem cursos técnicos e científicos; optimizar a utilização dos recursos);
facilitar o acesso de todos aos sistemas de educação e formação (fomentar um ambiente
aberto de aprendizagem; tornar a aprendizagem mais atractiva, apoiar a cidadania
activa, a igualdade de oportunidades e a coesão social); abrir ao mundo exterior os

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sistemas de educação e formação (reforçar as ligações com o mundo de trabalho, a


investigação e a sociedade em geral; desenvolver o espírito empresarial, melhorar a
aprendizagem de línguas estrangeiras; incrementar a mobilidade e os intercâmbios;
reforçar a cooperação europeia).
É neste âmbito que serão a aprovados os programas Educação e Formação 2010
e o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida 2007-2013 e é neles onde vemos
incorporados ou praticados, sem se diluírem entre si, os documentos previamente
revisados.
Para isto também contribuiu a definição de um quadro de referência europeu de
competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, que na Recomendação
do Parlamento Europeu e do Conselho de 18 de Dezembro de 2006 define oito
competências essenciais, cabendo à educação na sua dupla função – social e económica
– um papel essencial para assegurar que os cidadãos europeus adquiram as
competências essenciais para se adaptar-se a flexibilidade às alterações provocadas pela
globalização, pelo mundo em rápida mutação e altamente interligado. São elas: a
comunicação na língua materna; a comunicação em línguas estrangeiras; a competência
matemática e competências básicas em ciência e tecnologia; a competência digital;
aprender a aprender; competências sociais e cívicas; espírito de iniciativa e espírito
empresarial; sensibilidade e expressão culturais.
“Estas competências essenciais são consideradas de igual importância, porque cada uma
delas pode contribuir para uma vida bem sucedida na sociedade do conhecimento.
Muitas destas competências sobrepõem-se e estão interligadas: aspectos que são
essenciais num determinado domínio favorecem a competência noutro domínio. Possuir
as competências básicas fundamentais da língua, da literacia, da numeracia e das TIC é
uma condição essencial para aprender, e aprender esta na base de todas as actividades
de aprendizagem. São vários os temas que fazem parte do quadro de referência:
pensamento crítico, criatividade, espírito de iniciativa, resolução de problemas,
avaliação de riscos, tomada de decisões e gestão construtiva dos sentimentos são
elementos importantes nas oito competências essenciais.” Refere o mesmo documento.

Atentando com alguma atenção nestes e noutros documentos produzidos no


espaço europeu, é perceptível (ainda que neste texto não estejam exaustivamente
analisados) um discurso de mudança, que é brilhantemente acoplado pela autora do
texto “Aprendizagem ao longo da vida em Portugal e na Europa: apropriações”, Fátima

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Antunes, que afirma que desde o Livro Branco a ênfase recai sobre “a trilogia de
mudanças, de regime, institucional e biográfica, ao referir: que aprender a aprender em
permanência é atributo de cada indivíduo adquirido na educação inicial; a preocupação
de desenvolver abordagens mais abertas e flexíveis e instrumentos de avaliação e
acreditação de conhecimentos e competências para encorajar a formação ao longo da
vida; a cultura geral e a aptidão para o emprego como resposta da Europa à sociedade da
informação, mundialização das trocas e aceleração das ciências e técnicas.” (cf.
Antunes, F. 2007 http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=173&doc=13091&mid=2)

A autora refere ainda que é “notória a sugestão de alteração das instituições educativas
(as modalidades, os dispositivos, os processos e os produtos); das trajectórias
biográficas; dos nexos com/entre a formação e o trabalho e do pacto e balanço entre os
poderes e as responsabilidades publicas sociais e colectivas e as atribuições individuais
de âmbito privado.” (cf. Antunes, F. 2007 http://www.apagina.pt/?
aba=7&cat=173&doc=13091&mid=2)

É também sobre estes documentos que se pronuncia quanto ao conjunto de


temas e propostas acolhidos e afirma que neles a aprendizagem ao longo da vida se
apresenta como “um instrumento de mudança dos sistemas de educação e formação no
quadro de um novo pacto estado-sociedade civil, com deslocação de atribuições e
responsabilidades do primeiro para a segunda.” Aparece-nos ainda “como projecto de
governação de territórios, populações e sujeitos e uma necessidade estrutural nas
sociedades actuais.”

È ainda visível, para a mesma autora que, são ainda acentuadas nestes documentos, “as
conexões com políticas económicas (e de emprego) enquanto as preocupações sociais
dificilmente excedem a reparação do laço social. Surgem também destacadas novas
institucionalidades em educação: estas aparecem maioritariamente centradas nos
encontros dos indivíduos com as ofertas e oportunidades de aprendizagem, descurando
a responsabilidade de actuação do estado através de projectos colectivos de intervenção
nos mecanismos de alocação social. A sustentação da economia do conhecimento e a
reparação do laço social vincam bem a tónica na dimensão assistencialista da educação
e formação como política social.” (cf. Antunes, F. 2007 http://www.apagina.pt/?
aba=7&cat=173&doc=13091&mid=2)

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Em jeito de conclusão, a preocupação demonstrada pela autora no seu artigo, deveria


transformar-se numa preocupação de todos os actores da sociedade civil e mais
especialmente dos profissionais envolvidos nestes processos: “A submissão e a redução
da política/aprendizagem ao longo da vida à regra da qualificação, a vocacionalização
do insucesso e do abandono escolares de mãos dadas com a desvalorização do trabalho,
a perseguição obcecada das metas estatísticas assomam como faces dos modos de
apropriação e construção do objecto político-cognitivo educação/aprendizagem ao longo
da vida, entre nós e por parte dos decisores de topo e dos programas que esses actores
desenham e assumem.” (cf. Antunes, F. 2007 http://www.apagina.pt/?
aba=7&cat=173&doc=13091&mid=2)

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