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1) O documento discute a invisibilidade do corpo contemporâneo e como as tecnologias transformaram o corpo em um corpo "biocibernético".
2) A performance artística é analisada como uma forma de explorar as novas possibilidades corporais proporcionadas pela fusão do corpo com a tecnologia.
3) A pesquisa proposta visa desenvolver uma performance multimídia explorando as relações entre o corpo e o vídeo para tornar visível o atualmente invisível sobre o corpo humano contemporâneo.
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Titre original
Claudia Schulz - A Invisibilidade Do Corpo Contemporaneo
1) O documento discute a invisibilidade do corpo contemporâneo e como as tecnologias transformaram o corpo em um corpo "biocibernético".
2) A performance artística é analisada como uma forma de explorar as novas possibilidades corporais proporcionadas pela fusão do corpo com a tecnologia.
3) A pesquisa proposta visa desenvolver uma performance multimídia explorando as relações entre o corpo e o vídeo para tornar visível o atualmente invisível sobre o corpo humano contemporâneo.
1) O documento discute a invisibilidade do corpo contemporâneo e como as tecnologias transformaram o corpo em um corpo "biocibernético".
2) A performance artística é analisada como uma forma de explorar as novas possibilidades corporais proporcionadas pela fusão do corpo com a tecnologia.
3) A pesquisa proposta visa desenvolver uma performance multimídia explorando as relações entre o corpo e o vídeo para tornar visível o atualmente invisível sobre o corpo humano contemporâneo.
PPGART; UFSM Palavras Chave: performance, corpo, comunicao comum o pensamento de que a arte, em geral, entrou no sculo XX um perodo de guerras e holocaustos para dar continuidade ao seu trabalho criativo, deparando-se com a necessidade de reinventar-se como uma prtica contestadora e que se aproximasse do receptor fazendo-o refletir e tornando-o ativo no processo artstico. Desta maneira, vrios movimentos vieram tona durante o sculo XX: entre eles destaca-se o Happening 1 , que possua caractersticas de agresso, e aproximava-se da arte cnica e a performance 2 que resulta, principalmente, deste movimento, caracterizando-se por uma arte cnica e visual contestadora. Com isso, o sculo XX e, conseqentemente, o sculo XXI, caracterizam-se pelas inovaes ocorridas nas artes em geral. A busca pela pluralidade torna-se uma caracterstica constante, buscando transcender a relao tradicional entre a arte e o pblico, o sujeito e o objeto (inseridos em seu contexto social especfico) e, de forma radical, a prpria noo de obra de arte. Historicamente no mundo da arte, a presena do corpo do artista no ato do fazer tomou conta do sculo XX durante um longo tempo. Porm, quando a presena do corpo do artista atingiu os limites de saturao na dcada de 1970, ocorreu outra transformao importante para a manuteno deste corpo e da expanso do mesmo, com o advento da tecnologia, da comunicao, da engenharia molecular, entre outras. Estes aspectos vinculados a presena do corpo na arte e suas inmeras potencialidades acrescidas do desenvolvimento tecnolgico, alm da auto-apropriao do artista do seu corpo transformando-o em sujeito e objeto, so questes importantes e que constituem o foco de minha pesquisa de mestrado intitulada Performance: um estudo da ampliao das possibilidades de interao entre o corpo e o vdeo. A pesquisa possu como objeto de estudo o desenvolvimento de uma performance 3 artstica multimdia, que surgir da experimentao das relaes do corpo com o vdeo (multimeios), visando uma reflexo sobre seus fundamentos e possveis poticas. O termo performance bastante abrangente e muito utilizado em diversos campos. Aqui o termo performance se refere a uma linguagem artstica que, segundo Pavis (1999, p. 284), poderia ser traduzida como teatro das artes visuais que surgiu nos anos 60, mas s chegou a sua maturidade nos anos 70 e 80. A performance tida como linguagem, preza pela busca de uma prtica totalizante da arte, no que tange s possibilidades de hibridizao entre as mais variadas formas e tcnicas de expresso cnica, potica e visual, e ainda, prima pela aproximao direta com a vida cotidiana, trabalhando as questes existenciais do ser humano e usando do corpo e das novas tecnologias para se comunicar. por este aspecto que se pretende direcionar a investigao: para as relaes entre o corpo e o vdeo, buscando desenvolver e propor uma linguagem que segundo Mcluhan desencadear: O hbrido, ou encontro de dois meios, que constitui um momento de verdade e revelao, do qual nasce a forma nova. Isto porque o paralelo de dois meios nos mantm nas fronteiras entre formas que nos despertam da narcose narcsica. O momento do encontro dos meios um momento de liberdade e libertao do entorpecimento e do transe que eles impem os nossos sentidos (1964, p. 75). Como forma de criao, a performance utilizou-se de vrios elementos para se tornar uma expresso marcante no tempo at os dias atuais. Assim, permanece o uso do corpo como material comunicante re-significando aes do cotidiano, a interao de multimeios e projees e o processo de criao experimental. Contemporaneamente, a relao do homem com os meios tecnolgicos ostensivamente presente, e influencia seu comportamento e suas relaes em diversos mbitos da vida social, aspecto que atraiu o pesquisador a trabalhar com a criao experimental do corpo com imagens virtuais. Defendendo essas constataes encontramos Lucia Santanella que nos introduz o corpo biociberntico (2003, p. 65): Por artes do corpo biociberntico quero significar as artes que tomam como foco e material de criao as transformaes por que o corpo e, como ele, os equipamentos sensrio-perceptivos, a mente, conscincia e a sensibilidade do ser humano vm passando como fruto de suas simbioses com as tecnologias. O que deixa claro que a passagem do sculo XX para o sculo XXI houve uma grande reconfigurao do corpo a partir do momento em que se desencadeia uma fuso com as tecnologias e extenses biomaquincas (SANTAELLA, 2003, p. 66), que acabou acarretando uma nova forma de relao entre o corpo e o espao por meio das mquinas. Essa paradigmtica reverso de perspectiva em nosso horizonte tornou essencial a superao da oposio entre o universo orgnico do corpo e o universo mecnico da tecnologia em prol de uma nova lgica de complexidade capaz de reconhecer que a vida do corpo e seus ambientes externos e mesmo internos esto inextricavelmente mediados pelas mquinas (PALUDO, 2000, p. 31 apud SANTAELLA, 2003, p. 66). Esta natureza hibrida que vem se estabelecendo pelo jogo entre as fronteiras fsicas do corpo humano e sua explorao com as novas tecnologias uma caracterstica que se encontra na performance, por esta ter como sujeito e objeto o corpo. Assim, partindo do princpio de que a performance uma arte do corpo, ou melhor, do discurso do corpo, o qual o portador de diversos signos 4 , pode-se dizer que ela centra sua investigao no corpo, exaltando suas qualidades plsticas, medindo sua resistncia e sua energia, revelando seus pudores e suas inibies, examinando seus mecanismos internos, sua perversidade e seus gestos. a arte do ser humano, para o ser humano, pelo ser humano. Acredita-se que toda atividade corporal est determinada por convenes. Isso se deve ao fato de que o corpo humano o mais flexvel das matrias significantes 5 , a expresso viva de uma ao cultural. Existem projetos de investigaes acerca do corpo humano, que envolvem seus gestos, movimentos, atitudes e posies interpessoais, bem como programas de gestos cotidianos como vestir-se, limpar-se, entre outros. Assim, a performance trabalha ritualmente essas questes existenciais humanas, buscando a aproximao direta com a vida em uma linguagem artstica de experimentao. Com isso, o surgimento deste corpo biociberntico desenvolvido pela pesquisadora Santaella, tece uma srie de questes que englobam aspectos relacionados reconfigurao do corpo humano frente nova cultura que se desencadeou por meio desse avano tecnolgico. Esta reconfigurao transcende os limites do conhecido, do previsvel, do certo. Atualmente, o que se v em relao ao tratamento dado ao corpo, a maneira como se utiliza dele para comunicar-se muito mais invisvel. Neste sentido, Santaella (2003, p. 66) acrescenta: luz de uma tal lgica, atenta plasticidade e dissoluo de nossas fronteiras fsicas, sensveis e cognitivas, foram gradativamente se consolidando modos de nomear esse novo estatuto do corpo humano em atributos similares a este que escolhi empregar: biociberntico, termo que prefiro a prottico porque envolve questes de evoluo biolgica as quais incluem, mas ultrapassam, a idia de mera modificao da forma externa e visvel do corpo que o adjetivo prottico poderia sugerir. Creio, alis, que, no corpo biociberntico, o invisvel, aquilo que ainda no podemos ver, muito mais importante do que o visvel. Diante desta invisibilidade, o que se torna visvel que a questo do corpo gera cada vez mais interrogaes, e acaba por torna-se um foco de constante pesquisa que o transformam em representao, objeto simulado e performtico das artes. Sendo assim, so inmeras as possibilidades que surgem a partir do corpo e do imprevisto no trabalho artstico com o corpo, no campo da performance os gestos adquirem em cada caso uma importncia particular e o Performer 6 tender a valorizar as diversas possibilidades corporais, ampliando seus referenciais poticos. Rejeitando o esteretipo corporal, a performance somada ao uso de tecnologias propem novas possibilidades de utilizao do corpo, alimentadas pela cultura e sociedade. A aparente estabilidade que o homem mantm por meio de suas convenes quebrada a partir do momento em que nem todos os gestos e movimentos realizados so lineares e instantaneamente identificveis. Assim, como os comportamentos mudam com as mudanas de cdigos sociais, pode-se ter uma infinidade de aes no previstas nem conhecidas compondo o repertrio de uma performance. Assim, a performance multimdia que tem como cerne esse corpo biociberntico, traz a tona outros questionamentos e incertezas que encontram abrigo no campo do invisvel. Tornar esse invisvel em visvel torna-se um grande desafio a todos os artistas que transformam prprio corpo em sujeito e objeto de pesquisa. Trabalha-se aqui com aquilo que, aparentemente, no concreto havendo a busca incessante de encontrar qual o corpo humano contemporneo. Bibliografia COHEN, Renato. Performance como Linguagem. So Paulo: Perspectiva, 1989. GLUSBERG, Jorge. A Arte da Performance. So Paulo: Perspectiva, 1987. GOLDBERG, RoseLee. A Arte da Performance: do futurismo ao presente. So Paulo: Martins Fontes, 2006. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicao como extenses do homem. So Paulo: Editora Cultrix, 1964. PAVIS, Patrice. Dicionrio de Teatro. So Paulo: Ed. Perspectiva, 1999 SANTAELLA, Lucia. As artes do corpo biociberntico. In: DOMINGUES, Diana (org.). Arte e vida no sculo XXI: tecnologia, cincia e criatividade. So Paulo: Editora UNESP, 2003. p. 65-94. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingstica geral. Traduo de A. Chelini, Jos P. Paes e I. Blikstein. So Paulo: Cultrix; USP, 1969. 1 Segundo Kirby (1965 apud PAVIS, p. 191) Happening uma forma especificamente composta de teatro, na qual diversos elementos no lgicos, principalmente uma maneira de representar no prevista antecipadamente, no organizada dentro de uma estrutura compartimentada. 2 Segundo Venturelli (2004, p. 31) a performance um hbrido entre o teatro, a dana, o cinema, o vdeo e as artes plsticas. 3 Performance: considerada uma linguagem artstica que, segundo Pavis (1999, p.284), poderia ser traduzida como teatro das artes visuais que surgiu nos anos 60, mas s chegou a sua maturidade nos anos 70 e 80. Segundo Venturelli (2004, p. 31) a performance um hbrido entre o teatro, a dana, o cinema, o vdeo e as artes plsticas. 4 Segundo Saussure o signo uma unidade de significao que se divide, segundo os estruturalistas, em significante e significado. 5 Segundo Saussure significante a imagem, som, tessitura, aquilo que afeta os sentidos. 6 Segundo Pavis (1999, p. 284-5) Performer ... aquele que fala e age em seu prprio nome (enquanto artista ou pessoa)e como tal se dirige ao pblico, ao passo que o ator representa sua personagem [...]. O Performer realiza uma encenao de seu prprio eu, o ator faz o papel de outro.