Vous êtes sur la page 1sur 25

Um Aceno de Resistência: representações humorísticas do

feminino e do feminismo

Maria da Conceição Francisca Pires*

Resumo:

A proposta do artigo é discutir o questionamento de uma


perspectiva naturalizada da dominação masculina presente em
fragmentos das histórias em quadrinhos do cartunista Henrique de
Souza Filho - Henfil, produzidos entre os anos de 1970 e 1980. A
análise concebe o texto humorístico como uma arena onde os
conflitos sociais foram colocados à mostra, cotejados, recusados
e/ou reforçados. Defende-se a premissa de que a narrativa
humorística propôs a instauração de uma nova e inversa condição
hierárquica entre homens e mulheres contribuindo, desse modo,
para o destronamento de referenciais e identidades
preestabelecidos.

Palavras-chave: feminismo, humor, política.

A análise terá como foco central o universo discursivo dos


quadrinhos referentes ao Grupo do Alto da Caatinga, criado pelo
cartunista Henfil, em 1972. O grupo surgiu com a função de
apaziguar a insatisfação do leitor do Caderno B do Jornal do Brasil
contra o caráter desregrado do humor que caracterizava os
personagens Fradins, também de sua autoria.

De acordo com Henfil:

(...) o tipo de leitor do JB, leitor classe A, me achava grosso. (...) Aí


começou a censura à imprensa. O fradinho começou a perder
condições de diálogo. Eu não tinha mais condições de fazer o
fradinho como ele era... a partir de 1972; (...) Então eu comecei, no
Jornal do Brasil, a sair para outro esquema. Surgiu a possibilidade
de fazer um quadrinho no segundo caderno, sem nada a ver com os
fradinhos: o Zeferino, a Graúna, o Bode Orelana que come livros e
assume a cultura dos livros (...). (Revista Fradim, 1977: 29).

A adoção de uma “tática bem flexível de comunicação” atenuou os


conflitos com o público do JB, cuja acolhida à personagem Graúna
se deu com especial calor. Contudo, a forte crítica aos dois frades
não inibiu a exposição dos traços pessoais também marcantes do
pessoal da caatinga, tampouco comprometeu o aspecto mordaz de
suas histórias.

O grupo era composto por uma minúscula ave preta, definida por
um ponto de exclamação, um bode intelectual devorador de livros e
um “cangaceiro-macho-lutador”; Para cada qual, na intimidade da
caatinga, uma alcunha diferente: Zefé ou Zezé era forma como
Zeferino atendia aos carinhosos chamados da Graúna, sua Ninita.

Ambos, por sua vez, chamavam de Chiquim ou Chico o bode


pensador que, talvez por seu caráter pragmático e pouco afeito a
sentimentalismos, em geral não adotava diminutivos ou apelidos
afetuosos no tratamento com os parceiros.

Esses se tornaram os responsáveis pela representação, esporádica


no Pasquim, cotidiana no JB e mensal na revista Fradim, de autoria
de Henfil, dos problemas e contradições sócio-econômicos vividos
durante os anos de 1970 no Brasil. Por intermédio das recriações
paródicas com relação às discussões do campo da política, se
efetivava um rebaixamento de certas atitudes e práticas também
políticas proporcionando uma leitura diferenciada das mesmas.

Através da narrativa humorística o Grupo do Alto da Caatinga


discutia, de forma crítica, os costumes da classe média e os
problemas sociais e políticos nacionais. Ao mesmo tempo
expressava um sentimento misto de perplexidade e inconformidade,
associado a um esboço de reação, contra o cerceamento das
liberdades no cotidiano brasileiro durante a ditadura militar.

O caráter abrangente da problemática tratada pelo Grupo do Alto


da Caatinga é algo que merece ser colocado em relevo. Apesar de
o autor ter se inspirado no “comportamento e na linguagem regional
nordestina” (Henfil, 1977: 42) e das representações míticas
presentes em algumas de suas declarações terem contribuído para
reforçar visões clássicas sobre o Nordeste (Silva, 2000: 156), não
se tratou de uma produção com caráter meramente regionalista.

As suas histórias utilizavam problemas regionais para colocar em


relevo contradições sociais que eram nacionais. A vida na caatinga
seria, então, uma metáfora da vida no interior do auge da ditadura,
em que predominava a desesperança e a constante iminência da
morte. O sertanejo sem terra, alimento e trabalho, pode ser
percebido como uma representação da cotidiana luta pela
sobrevivência naquele ambiente de completa restrição das
liberdades civis e políticas.

Assim, as histórias do Alto da Caatinga não eram só tentativas


artísticas de reprodução de uma realidade, mas uma recriação do
Brasil a partir de duas faces que são reais: “a da caatinga (Brasil
real, sofrido, silenciado pelos mecanismos de poder político) X sul
maravilha (Brasil do milagre brasileiro, do privilégio, das
multinacionais que invadiam o país)” (Seixas, 1980: 85).

As relações estabelecidas entre o grupo favoreceram o


desenvolvimento de discussões sobre questões referentes aos
mitos e preconceitos inerentes às relações homem/mulher, ao duelo
e/ou convívio entre senso comum e saber intelectual, às formas
cotidianas de opressão e violência física e simbólica, a crise do
sujeito e da idéia de mudança revolucionária, a função social da
intelligentsia, a expansão da indústria cultural.

Além desses temas, foram colocados em discussão problemas e


contradições especificamente relacionadas à realidade brasileira,
tais como: a censura e a autocensura, o crescimento da fome e da
miséria, a mortalidade infantil, a propaganda ideológica
disseminada pela ditadura, a burocratização dos órgãos públicos, a
expansão e o domínio econômico das empresas multinacionais, a
questão fundiária, o patriarcalismo e o patrimonialismo, o caráter da
abertura política, as “patrulhas ideológicas”, dentre outros temas
contemporâneos.

Como Henfil afirmou em resposta a uma leitora estrangeira:

(...) se você entendeu (a historinha do Zeferino) é porque você


percebeu o Brasil. E mais, meu maior problema é o número de
brasileiros que não entendem o Zeferino. Lêem com a maior boa
vontade, viram de cabeça pra baixo e nada. Para ler o Zeferino
pressupõe estar bem informado de quase toda a nossa realidade.
As piadas, em geral, são comentários sobre fatos que se
pressupõem familiares. (Revista Fradim, 1977: 42).

Outro elemento que merece destaque é a participação da natureza


no interior das histórias. Os cactos, as caveiras de gado –
chamadas de Caverinos –, simbolizando a proximidade com a
morte, e o causticante sol apareciam não só como representação
ficcional de um espaço geográfico, a caatinga, mas como atores
coadjuvantes que, em diversas ocasiões, interagiam com os
personagens centrais, salientando as contradições e os problemas
sociais existentes.

Essa metáfora de aspectos da vida real favoreceu, de forma


singular, a abrangência das temáticas abordadas nas estórias do
Alto da Caatinga, atuando como paródias de personagens ou de
situações vivenciadas no cenário nacional.

Mesmo quando a natureza não se apresenta o cenário está


subentendido através do branco, comumente utilizado pelo autor,
que oferece ao leitor a extensão da condição social em que vivem
os personagens. Para Henfil mostrava-se desnecessário e
redundante a utilização de outros elementos como “nuvens,
detalhes, árvores, ruas, detalhes, passarim, cachorrinho, poste,
casas”, pois:

O conflito em minhas historinhas não é com a natureza (como no


Pato Donald, Fantasma), mas sim entre os homens. O cenário
atrapalharia, seria gratuito e idiota. Dependendo do tamanho do
branco é que teremos o posicionamento dos bonecos naquela
determinada cena. Um branco enorme com os bonequinhos bem
pequenos é para (acho) dar a visão da solidão, do esmagamento,
às vezes, do espírito sonhador, da distância dos personagens. Já o
boneco ocupando o espaço todo, sem branco quase nenhum deve
dar uma demonstração de força, de close de centralização da
preocupação dentro dele. (Revista Fradim, 1976: 44/45).

A partir desse contexto explicativo entende-se o caráter alegórico


das referências e interações entre personagens e a natureza como
parte do conflito vivido na caatinga. Desse modo, a pressão que o
sol exercia sobre a vida na caatinga foi freqüentemente utilizada
para representar a condição sufocante imposta pela ditadura. Por
outro lado, as formas de lidar com o sol e seus efeitos indicavam
turvas e cotidianas táticas de resistência medradas pelos
sobreviventes da caatinga.

Nesse artigo centrarei a análise na astuta personagem Graúna das


Mercês, cuja primeira aparição se deu no número 2 da revista
Fradim. Trata-se de uma personagem que estabeleceu sua
qualidade humorística através da dialética e do paradoxo e
materializou a afirmativa do seu criador de que “é na reversão da
expectativa, no susto, que o humor se realiza” (Revista Fradim,
1978: 40).
O desenho da personagem é o indicador inicial desse caráter
paradoxal que a constitui. Dentre os três componentes do Grupo a
Graúna é aquele cujos traços minimalistas foram usados com maior
despudor pelo seu criador, sem que isso tenha interferido em sua
expressividade.

Ela não trazia junto a si nenhum apetrecho externo que contribuía


para sua caracterização ou para a formação de sua personalidade.

Os pequenos traços pretos que


definem seu corpo, compondo
algo similar a um ponto de
exclamação, ajudam a divisar sua
personalidade.

grauna 2

Em seu rosto destaca-se o


delicado e saliente bico e os
grandes olhos que com
freqüência se dirigiram aos
leitores, os envolvendo em suas
construções argumentativas.
Esses foram os reais definidores
de sua personalidade, de seu
estado de espírito ou de seu
humor.
Tais traços, espessos nas primeiras estórias, foram gradativamente
se tornando delgados contribuindo para a configuração do espírito
arguto e distante da ação contemplativa que lhe é particular.

Sua atuação se baseou na capacidade de colocar em relevo o


imprevisto, bem como na habilidade para silenciar e amedrontar,
apesar de sua fragilidade física, seus parceiros da caatinga com
suas irreverentes constatações e questionamentos. Desse modo,
seus discursos e práticas a transformaram no personagem que
conferiu real dinâmica à vida na caatinga.

Através de arroubos de sagacidade reflexiva, ingenuidade e


atitudes carnavalizadas e/ou carnavalizadoras, essa personagem
concentrou e expôs, às vezes numa mesma história ou num mesmo
enunciado, os distintos, e nem sempre harmoniosos, elementos
históricos, sociais e lingüísticos presentes na vida cotidiana.

Assim, “o discurso se converte em palco de luta entre duas vozes”


(Bakhtin, 2000: 72) e a Graúna manifestava, de forma dialógica e
dialética, os diferentes valores ou consciências valorativas, em que
se encontrava imersa a realidade política, cultural e social brasileira.

A sua primeira história girou em torno do confronto entre ela e


Zeferino. Trata-se de uma representação humorística sobre a
inextrincável vivência conflituosa - em seus diversos âmbitos:
políticos, econômicos, culturais, ideológicos e/ou sociais - de duas
visões de mundo próprias da época.

A monológica, representada por Zeferino, repleta de irascibilidade e


que usava a força para negar qualquer possibilidade de alteridade,
e a dialógica, interpretada pela Graúna, que constituía a interseção
de várias formações discursivas, independentes, distintas e, às
vezes, imiscíveis. Desse entrecruzamento textual vislumbra-se o
universo de identidades ideológicas, caracteristicamente de
esquerda, do qual a personagem tornar-se-á representativa.

Entretanto, foi também através da Graúna que o autor, sem


esconder seu ponto de vista, desenvolveu uma relação dialógica
especial com tais formações discursivas desafiando, questionando,
replicando e também assentindo às suas proposições, numa
intertextualidade contínua. Tendo esse aspecto em vista
compreende-se o caráter dialético e paradoxal da Graúna na
medida em que este universo é apresentado com suas pluralidades
e contradições.
Grande parte de suas reflexões e de seus questionamentos
transcendeu um gesto de crítica e/ou de desmistificação das ações
e proposições da ditadura, favorecendo também um olhar
distanciado sobre as formas de atuação e os discursos das
esquerdas no interior da ditadura militar.

Foi a isto que Henfil denominou “o canto feminino de autocrítica da


Graúna” e que a fez atuar como sujeito enunciador: por um lado,
desvenda esse jogo de máscaras e, por outro, “produz um olhar
externo revertido, que lhe permite observar-se no acontecimento de
linguagem e, como efeito desse olhar, reconhecer-se como sujeito
da/na linguagem.” (Zoppi-Fontana, 2005: 115).

Foi também a partir daquela história que se definiu o tipo de relação


estabelecida entre a Graúna e Zeferino, com expressivo teor sexual
marcadamente sadomasoquista. O jogo sadomasoquista que
permeia esse relacionamento (Zeferino que bate e Graúna que
gosta de apanhar) possui um sentido social, freqüentemente
colocado em relevo pelo bode Orelana, na medida em que reproduz
uma estrutura da luta de classes, além de solidificar a hierarquia de
forças entre os personagens.

Entendo que para além de um enaltecimento do desvio, o


comportamento da Graúna perante Zeferino relativizou a noção de
certo e errado, prática comum numa personagem cuja característica
base é a habilidade para reverter expectativas e explorar o
inesperado. Ao mesmo tempo identificam-se sinais da freqüente
suspeição do autor diante de discursos cerrados, sejam estes de
homens, mulheres, da esquerda ou da direita.

Por outro lado, percebe-se na adesão da Graúna à forma de


violência praticada pelo seu parceiro um gesto de reiteração de
certos axiomas que naturalizam a dominação masculina.
Parece proveitoso nesse momento recorrer à idéia de que:

(...) uma tal incorporação da dominação não exclui a presença de


variações e manipulações, por parte dos dominados. O que
significa que a aceitação pelas mulheres de determinados cânones
não significa, apenas, vergarem-se a uma submissão alienante,
mas, igualmente, construir um recurso que lhes permitam deslocar
ou subverter a relação de dominação. Compreende, dessa forma,
uma tática que mobiliza para seus próprios fins uma representação
imposta - aceita, mas desviada contra a ordem que a produziu.
(Soihet, 1997: 107).
Pensada desta forma, na ação da Graúna vislumbra-se um aceno
de resistência, possível quando se identifica o exercício de
“reapropriação e um desvio dos instrumentos simbólicos que
instituem a dominação masculina, contra o seu próprio dominador”
(Idem).

Do mesmo modo, fica patente que a hierarquização de forças é


rompida nos momentos em que a Graúna, com a astúcia que lhe é
singular, silenciou, venceu e/ou colocou em estado de suspensão o
cangaceiro, evidenciando suas fragilidades e instaurando uma nova
e inversa condição hierárquica.

Tem-se, então, uma abordagem carnavalizada sobre o conflito


social e de gênero, na medida em que referenciais e identidades
preestabelecidos (homem, macho e violento X ave, fêmea e frágil)
são destronados e invertidos.

A Graúna se tornou emissária das demandas específicas do


movimento feminista que não encontrava espaço nos tradicionais
meios de comunicação. Ao mesmo tempo, colocou em discussão
as imposições feitas às mulheres em nome dos valores e
convenções sociais. Tais discussões eram veiculadas nos jornais
alternativos organizados pelo movimento de mulheres ou
simpáticos à sua causa, fundamentais para a expansão e
consolidação.

Entretanto, um problema que se mostrava patente, tanto para o


movimento feminista como para outros movimentos sociais, é que a
restrição do espaço por onde tais idéias, questões e propostas
circulavam poderia se tornar nociva aos mesmos, pois, em longo
prazo, esse “se via transformado numa espécie de cassandras.
Podia falar sim, mas ninguém a ouvia. A não ser outras cassandras
idênticas” (Sussekind, 2004: 24).

Levando em consideração a pluralidade e o número dos leitores da


Revista Fradim,[1] do Jornal do Brasil e do Pasquim, onde eram
publicadas as tiras do Alto da Caatinga, supõe-se a importância que
a incorporação desse debate adquiriu para a propagação dessas
idéias. O aborto, a atuação da BEMFAM na campanha do controle
da natalidade, a liberação sexual, foram alguns temas explorados
por Henfil através da Graúna.

Esses temas foram associados a condutas questionadas inclusive


pelo movimento feminista, como o prazer em apanhar do Zeferino.
Através do recurso a ironia e da apropriação das enunciações
contrárias às propostas feministas, explicitava-se sua inconsistência
e contradição. Sobretudo quando estas se fundamentavam em
pressupostos morais que se tornavam abstratos quando
confrontados com a absoluta ausência de moral e de ética na
conduta pública de seus representantes.

Ao abordar esse convívio, fiquei interessada não só nas formas


como se fundou a relação de poder entre o par (através de quais
símbolos, representações ou linguagem), mas como se exercitaram
práticas de resistência a tal dominação (Soihet, 2002), como essas
práticas se estenderam aos conflitos políticos e como recriaram as
significações (Bakhtin, 1981: 129) sobre as relações de gênero.

Na abordagem sobre a feminilidade da Graúna partilho com


Marcos Silva (2000) a preocupação em não circunscrevê-la a uma
identidade fechada. Aliás, esse é um dado aplicável a todos os
personagens henfilianos, pois Henfil pluraliza “as identidades com
que trabalha (...) explorando a necessidade de não se deter à
interpretação do mundo em nenhum de seus aspectos mais visíveis
e imediatos.” (Silva, 2000: 158).

Silva destaca que:

(...) os confrontos entre Orelana, Zeferino e Graúna encenaram as


relações entre gêneros sob o signo de atributos tradicionalmente
associados a homens e mulheres: inteligência e informação (o
primeiro). Força e violência (o seguinte), fragilidade e burrice (a
última). Acontece que essas ligações foram mescladas, invertidas,
anuladas, o que resultava num Orelana intelectualizado e nada
prático, assustado e mesmo paralisado em diferentes situações;
num Zeferino que anunciava façanhas e não as concretizava; e
numa Graúna extremamente sagaz, demonstrando os limites dos
outros dois, inclusive quando repete que é burra (Silva, 2000: 39).

A partir dessa conflituosa relação a realidade é reformulada sob


novo prisma, dando a conhecer as diversas vozes que interagem,
se atraem e se repelem na arena política e social, constituindo uma
dialética interna.

Com seu espírito crítico a Graúna ficou marcada como o


personagem que colocava às claras as questões subjacentes aos
textos do Zeferino e do Bode Orelana, mas que também se
constituiu no principal agente metaforizador das histórias. Nas
palavras de seu criador: “(...) em várias situações a Graúna
chegava e falava assim: o que vocês estão querendo dizer com isso
usando esta metáfora aí? É isso, né?” (Souza, 1984: 38).

Paralelamente, como parte ou reforço da sua ambivalente


identidade, destaca-se certa ingenuidade que o autor acreditava ser
o que a tornava “muito humana e muito passível de o leitor se
identificar (...)” (Idem). Tal ingenuidade se associava ao
desconhecimento de coisas frugais, como a fita durex.

Considerando alguns aspectos da construção ideológica do regime


autoritário vigente, compreendo estas duas características da
Graúna, inocência e o desconhecimento, como metáfora dos
artifícios utilizados pela ditadura para fortalecer, justificar e legitimar
os mecanismos de dominação existentes. Desse modo, a inocência
da Graúna tratou-se de uma representação alegórica do clima de
regozijo e positividade sugerido e emanado pela propaganda
política da ditadura.

De acordo com a análise desenvolvida por Carlos Fico (1997),


houve uma especial preocupação dos militares, própria dos
governos autoritários, em “através de recursos alegóricos, figurados
valorizar o esquecimento dos velhos tempos e suas mazelas que
arruinaram o Brasil” (Fico, 1997: 123), cultivando um fundo
aparentemente inocente no material de divulgação do regime.

O caráter pseudo despolitizado da propaganda política colaborava


para a difusão de um clima apaziguador fundamental na tarefa de
ocultação da predominância do arbítrio e dos conflitos políticos
existentes.

Os ideais de prosperidade e harmonia foram reiterados com o


auxilio da televisão brasileira, em especial da Rede Globo, cuja
divulgação dos anúncios publicitários do governo militar configurou
sua principal fonte de investimento, só perdendo para os recursos
aplicados na infra-estrutura para a ampliação do seu alcance.

Outro elemento de apoio para o regime foram as novelas


brasileiras, onde inexistem contradições sociais e a narrativa se
funda “nas aventuras e desventuras amorosas de personagens
movidos por oposições binárias como bem e mal, lealdade e
traição, honestidade e desonestidade” (Hambúrguer, 1998: 441).
No caso da Graúna a inocência e o desconhecimento serviram de
modo inverso, para ampliar seu horizonte de possibilidades e de
transgressão. Sua ignorância sobre determinados temas a levava a
desenvolver indagações que, por vezes, comprometiam as
estruturas em que estes se alicerçavam.

Desconhecendo-se o óbvio, e o óbvio poderia ser a condição de


opressão que caracterizava a realidade brasileira, podia-se tudo,
inclusive infringir os limites estabelecidos pelo contexto opressivo.
Assim, desconhecer implicava além de ignorar, negar coisas que
pareciam só existir no sul-maravilha, representação do Brasil
venturoso vulgarizado nas propagandas oficiais.
Inocência e ignorância caminhavam juntas ao estimular a dúvida,
participando no destronamento e na carnavalização das estruturas
políticas e dos enunciados oficiais, ao mesmo tempo em que
ressaltava o seu caráter mistificador.

Dialética, crítica, ambivalência foram os aspectos predominantes


nas ações e práticas discursivas da Graúna, bem como nas
relações que ela desenvolveu com os outros personagens da
caatinga.

Essa personagem foi utilizada por Henfil para discutir temas


femininos, como gravidez, e outros que se tornaram bandeiras do
feminismo nos anos 70, como contracepção e legalização do
aborto. Sabe-se que Henfil concedia prioridade ao tratamento
político da sua produção humorística e foi assim que ele versou
sobre esses pontos em seu trabalho: não eram questões
especificamente femininas ou do movimento feminista, mas faziam
parte dos problemas sociais vividos no interior de uma dada
realidade econômica (capitalismo) e política (ditadura).

Priorizando um enfoque político buscou-se, através da paródia e do


jogo de metáforas, explorar, também, o discurso e os projetos do
poder instituído sobre essas questões, assinalando ora o caráter
retrógrado e conservador dos seus enunciados, ora a
incompatibilidade com as necessidades e realidades sociais
vigentes.

Nas histórias que serão examinadas foram colocados em relevo


temas como sexualidade, opressão feminina gerada pela
reprodução de padrões tradicionais e o direito à autonomia feminina
sobre o corpo. Com a forma de abordagem adotada, essas
deixaram de ser tratadas como questões que diziam respeito
exclusivamente às mulheres e tornaram-se um problema público e
político que deveriam, portanto, ser tratado como tal.

Nas revistas Fradim nº 12, 13 e 14 encontram-se as histórias cujo


enredo girou em torno da gravidez da Graúna. A partir desse fato
Henfil tratou de uma extensa variedade de temas ligados aos
problemas sociais, políticos e econômicos nacionais. Pincelei as
passagens em que esses problemas estavam associados às
discussões desenvolvidas pelo movimento feminista.

Na série que aborda a gravidez da Graúna destacaram-se os


inusitados e, de acordo com o contexto moral e político da época,
subversivos desejos que acometeram a ave durante sua gestação e
os planos e dúvidas acerca do futuro do bebê vindouro.

Os planos que ela apresentou rompiam ou


faziam menção irônica às normas de conduta
determinadas para os sexos. Mostravam-se
alinhados senão com os intentos
emancipadores do feminismo, certamente
com as objeções apresentadas sobre tais
padrões e com as práticas libertárias
difundidas pela contracultura.

Significativa é a primeira declaração da ave


tão logo tenha sentado sobre o ovo para
chocá-lo. Primeiro, lançou, com um linguajar
popular, a possibilidade de ter um filho
homossexual, menino muié. Em seguida,
associada a essa possibilidade, propôs a
inversão dos padrões de cores
convencionalmente estabelecidos para os
sexos. Seu propósito confronta de forma
irreverente os modelos tradicionais de
comportamento, largamente defendidos pelo
discurso moral conservador da ditadura.
Por outro lado, do ponto de vista de uma discussão especificamente
política, o despojamento de obrigações com as cores representaria
também um descompromisso partidário e ideológico, nesse
momento marcadamente definido pelas cores: vermelho para os
sectários da esquerda comunista, verde-amarelo para o ufanismo
militar.

Isso não implicou em abandonar uma


postura de esquerda, algo sobre o
qual Graúna demonstrou
preocupação em enfatizar, mas em
afrontar posicionamentos
“reacionários” presentes tanto na
direita como entre as esquerdas e,
por isso, bastante discutidos e
refutados pelo autor.

Mesmo entre os que propagavam a luta democrática percebe-se a


reprodução e o reforço de padrões tradicionais de comportamento.
Com isso, foram colocadas em pauta formas diversificadas de
tirania que vão do comportamental ao político, ao mesmo tempo em
que se apresentou um posicionamento político que valorizava e
respeitava a diversidade e as liberdades democráticas.

Em conjunto com a exposição de proposições dessa natureza, o


comportamento da Graúna durante sua gravidez reforçava essa
conduta transgressora aberta pelo seu discurso.
Afinal, para desespero
de Orelana e Zeferino,
a Graúna era uma
grávida que fuma, sem
se preocupar com a
saúde do bebê, e
questionava as
limitações e imposições
exigidas da mulher
grávida, condenando
uma compreensão de
maternidade que a
colocava num estado de
inércia e lhe tratava de
forma infantilizada.

A postura censora de
Orelana, quase paternal,
no segundo desenho
ilustra essa última
assertiva.

Os seus atos não representam simples falta de responsabilidade.


Tratava-se de desnaturalizar práticas corriqueiras, de desvelar os
sentidos subjacentes aos estereótipos de sensibilidade feminina, e
provocar, através do humor, um distanciamento que demonstre a
intrínseca relação entre o político e o cotidiano.

Revelava, assim, formas cotidianas de opressão cuja natureza


coerciva nem sempre são claramente identificadas. Discute-se uma
mulher marcada por mitos que de forma indireta alimentam o modo
de produção capitalista.

No quadro abaixo, a maternidade, como instância restritiva da


autonomia e da capacidade produtiva feminina, foi constatada pela
Graúna. É interessante a transformação que se efetua em suas
feições em conformidade com o desenrolar de sua prédica.
Contentamento é o que inspira seu rosto no primeiro quadro; aos
poucos esse vai ganhando contornos sóbrios, no segundo quadro,
se somando à dúvida, como indica a sobrancelha em pé no terceiro
quadro, culminando num estado de perplexidade paralisante.

É com esse ar atônito, sob um sol causticante que reforça o caráter


tirânico subjacente a este projeto de abnegação maternal, que ela
encerrou a série constatando as limitações que esse conjunto de
princípios morais, tradicionalmente reproduzidos e legitimados,
inclusive pela mulher, trazem ao fundo.
Mesmo quando incorporou tabus e mitos
difundidos sobre a gravidez, ela o fez com um
aguçado senso crítico, ao contrário dos
“rapazes”, sobretudo o bode Orelana cuja
condição de intelectual parece reforçar sua
ingenuidade.

Esse procedimento por parte


da Graúna, explorando a
imaturidade dos seus
companheiros, conferiu um
novo sentido aos estigmas,
mitos e tabus femininos; um
sentido político que destronou
os anteriores.

O caráter transformador e subversor de suas atitudes ficou patente


quando ela foi assaltada por uma série de desejos que foram
prontamente satisfeitos, embora freqüentemente indagados, por
Zeferino e Orelana.
Para aflição e constrangimento
dos seus parceiros, seus
desejos eram de difíceis
alcances, quase impossíveis de
se realizar. Mas aí termina a
similaridade com os desejos
tradicionais, pois a Graúna teve
desejos, por sua natureza,
políticos, tais como votar,
assistir ou ler filmes, livros e
revistas proibidos.

O conteúdo de uma das cartas de Henfil escritas de Nova York, em


03 de dezembro de 1973, ajuda a compreender o quão subversivos
eram os desejos da ave. Nessa Henfil narra pro amigo José
Eduardo a sua ida ao cinema para assistir ao censurado filme
Último Tango em Paris.

A exibição do filme
foi proibida no Brasil
sob alegação de que
continha cenas
consideradas
impróprias à moral
da sociedade
brasileira pelo forte
teor erótico. Eis
trechos do seu
depoimento:

Taí, fiquei decepcionado. Talvez pelo excesso de expectativa que a


gente aí no Brasil tem por este filme proibido para nós. (...) Me
lembro da correria que foi para comprar aquela Manchete que trazia
as fotos. Sumiu em meio dia das bancas. E todos guardaram seu
exemplar como se fosse panfleto subversivo. Houve, é claro, uma
emoção muito grande quando entrei no cinema para ver o fruto
proibido. Parecia que eu estava vendo o filme pelo buraco da
fechadura, no maior voyerismo. E pelo buraco da fechadura não vi
nenhuma das safadezas que sonhava. (...) mais que rupiado, fiquei
desapontado. (...) é um filme tão excitante quanto dançar com irmã!
(...) A pensar que só de ouvir falar no nome Último Tango a gente aí
no Brasil já começa a tirar as calças. (...) Zé, quando este filme
passar um dia no Brasil vai ser vaiado! A expectativa é tal,
construíram já nas cabeças um filme chamado Último Tango tão
diferente do que é, que a turba vai pedir o ingresso de volta pelo
logro (Revista Fradim, 1976: 38).

Em condições igualdade, no que tange ao caráter transgressor e


subversivo, estão práticas que são consideradas maléficas aos
bons costumes (o filme e a revista) ou as instituições (o voto
democrático). Os desejos da Graúna, na verdade, eram desejos
coletivos, camuflados pela força da ditadura.

Isso explica o
porquê do
bode Orelana
se sentir
contagiado
pelos desejos
da Graúna.

São desejos
que há muito
vinham
sendo
socializados
entre a
classe média
intelectualiza
da e cuja
simples
referência
expressava
uma forma de
oposição.

Finalmente, após essa insólita gravidez, nasce no número 13 sua


filha, a Grauninha, desestabilizando emocionalmente Zeferino e
Orelana e a relação entre os três. Essa passou a ser permeada
pelos impasses sobre qual tipo de educação a ser adotada com a
pequenina. A presença infantil na caatinga foi breve, na história
duraram 31 dias, na revista o desfecho se deu no número seguinte.
Como ocorre a várias crianças nos rincões mais pobres do Brasil a
Grauninha morreu vítima da desnutrição.

A morte de sua filha serviu como um marco para que a Graúna


assumisse a luta pela liberação do aborto. Mais do que a defesa
dos direitos reprodutivos e sexuais, o posicionamento aguerrido da
Graúna constituiu uma defesa radical do direito à cidadania e à
saúde. Trata-se, portanto, de uma discussão que diz respeito aos
interesses de toda a sociedade e, ao mesmo tempo, da
representação de uma contrapartida de luta por direitos
fundamentais em regimes democráticos.

A série sobre o aborto está no número 14 da revista Fradim.


Extremamente reduzida quando comparada com as anteriores,
restringe-se a 20 quadros distribuídos por seis páginas, constitui
uma espécie de desfecho à temática feminina (feminista).

Orelana e Zeferino participaram tentando persuadir a Graúna a


voltar atrás na decisão de quebrar seus ovos. Seus argumentos
centraram-se em pressupostos ora jurídicos (aborto é crime!), ora
sentimentais (o coração dela endureceu), ora religiosos
(crendospadre! assistimos a um infanticídio!!!), enquanto a Graúna
se fundava na constatação da ausência de condições para a
sobrevivência infantil na caatinga para recusar, de forma enfática,
qualquer possibilidade de procriação.
Considerando o fio condutor da
história, o problema que
perpassa toda a seqüência
refere-se a distinção entre o que
poderia ser considerado de fato
criminoso. De um lado, a
mortalidade infantil, fruto da
miséria difundida pela veemente
concentração de renda
estimulada pelo Estado; De
outro, a opção pelo aborto após
se constatar a total ausência de
expectativa de vida entre as
camadas pobres.

Desse modo, a atitude


deliberada da Graúna adquire
um contorno político que discute
as condições socioeconômicas
do país.

Henfil apresentou uma forma de liberalização da mulher que


necessariamente não estava vinculada a aquisição de uma
pluralidade de alternativas para escolha. Ao contrário, Graúna
simbolizava uma mulher ciente da realidade econômica e social em
que vive, da subtração de seus direitos por um Estado autoritário
que se apoderou do poder de intervir sobre sua vida privada sem
dar conta dos deveres garantidos constitucionalmente.

Enclausurada entre os valores


propalados pelo universo familiar
e público, essa mulher substituiu
a fragilidade que lhe fora
conferida de forma estereotipada,
por uma atitude que comporta
uma agressividade até então
própria do universo masculino.

Uma mulher que ignorou os chamamentos morais e/ou religiosos e,


nesse momento, hasteou uma bandeira há muito içada pelo
movimento feminista em defesa da autonomia feminina sobre seu
corpo e sua história.
Trata-se, assim, do desfraldar de uma bandeira
associada a uma atitude de recusa, um protesto
contra as condições estabelecidas por cima.
Recupera-se o direito de escolha: agora entre a
pílula e o aborto.

Novamente é a atitude feminina, através de


ações ponderadas e não de arroubos, que a
colocou na condição de sujeito político que ao
adquirir uma consciência de gênero promove
uma revolta molecular

Assim, a “dependência natural” transforma-se em “autonomia


social” (Varikas, 1996: 59). As histórias analisadas enfatizaram o
caráter político, jurídico, teológico e de saúde que envolve as
discussões desenvolvidas pelo movimento feminista desde os anos
70 e que ganhou profundidade nos anos 80. Insere ainda um
instigante debate sobre os direitos humanos.

Embora longe de empunhar a bandeira do movimento feminista,


Henfil se manteve antenado à sua movimentação e suas demandas
e soube explorar, de forma crítica, essas questões. Essa afinidade é
perceptível após a apreciação de alguns pontos defendidos na
Carta das Mulheres aos Constituintes produzida pelo Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher em 1987, tais como:

- Garantia de Assistência Integral à Saúde da Mulher em todas


as fases da sua vida, independentemente de sua condição
biológica de procriadora, através de programas governamentais
discutidos, implementados e controlados com a participação das
mulheres.
- Será vedada ao Estado e às entidades nacionais e
estrangeiras toda e qualquer ação impositiva que interfira no
exercício da sexualidade. Da mesma forma, será vedado ao estado
e às entidades nacionais e estrangeiras, públicas ou privadas,
promover o controle de natalidade.

- Será garantido à mulher o direito de conhecer e decidir sobre


seu próprio corpo.

- Garantia de livre opção pela maternidade, compreendendo-se


tanto a assistência ao pré-natal, parto e pós-parto, como o direito
de evitar ou interromper a gravidez sem prejuízo da saúde da
mulher.

- É dever do Estado oferecer condições de acesso gratuito aos


métodos anticoncepcionais, usando metodologia educativa para
esclarecer os resultados, indicações, contra-indicações, vantagens
e desvantagens, alargando a possibilidade de escolha adequada à
individualidade de cada mulher e ao momento específico de sua
história de vida[2].

A abordagem humorística reconheceu as demandas feministas,


associando-as à luta por direitos sociais e políticos, bem como
desnaturalizou práticas e discursos ligados às relações de gênero,
reconhecendo a condição despótica que as caracteriza. Desse
modo, “a noção de público estende-se ao cotidiano e aos códigos
familiares, expondo a indissociabilidade do civil, do econômico e do
próprio político; também não abstrai o privado, uma vez que, nessa
perspectiva, o pessoal é político”. (Costa, 2002: 55).

Bibliografia Citada:

Bakhtin, M. 1981.Marxismo e Filosofia da Linguagem. SP: Hucitec


_________.2002.Problemas da Poética de Dostoievsky. RJ:Forense
Universitária.

Costa, Suely G. 2002.Proteção Social, Maternidade Transferida e


Lutas pela Saúde Reprodutiva. Em Estudos Feministas, vol. 10, n.
2, Florianópolis, jul/dez

Fico, Carlos. R1997einventando o Otimismo. RJ: Fundação Getulio


Vargas .
Hambúrguer, Éster. 1998.Diluindo Fronteiras: a televisão e as
novelas no cotidiano. Em SCHWARCZ, Lilia M. (org.) História da
Vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea.
SP: Cia das Letras

Revista Fradim, 1976.n. 13

Revista Fradim 1976.n. 15

Revista Fradim, 1977.n. 17

Revista Fradim,1977.n. 21

Revista Fradim, 1978.n. 23

Seixas, Rozeny. 1980. Zeferino: Henfil & Humor na revista Fradim.


Dissertação de Mestrado em Comunicação. Escola de
Comunicação da UFRJ .

Silva, Marcos. 2000.Rir das Ditaduras: os dentes de Henfil (ensaios


sobre Fradim – 1971/1980). Tese de Livre Docência em
Metodologia (História), SP: FFLCH/USP

Soihet, Rachel.1997. História, Mulheres, Gênero: Contribuições


para um Debate. Em Aguiar, Neuma (org.) Gênero e Ciências
Humanas – desafio às ciências desde a perspectiva das mulheres.
RJ: Ed. Rosa dos Tempos

____________. 2002. História das Mulheres e Relações de Gênero:


algumas reflexões. Em Pontucuschka, Nidia Nacib e Oliveira,
Ariovaldo Umbelino. Geografia em Perspectiva. SP: Ed. contexto

Souza, Tarik. 2004.Como se faz humor político. Depoimento a Tarik


de Souza. Petrópolis: Vozes, 1984..

Sussekind, Flora. Literatura e Vida Literária. Polêmicas, diários &


retratos. BH: Ed. UFMG

Varikas, E. O Pessoal é Político: desventuras de uma promessa


subversiva. Tempo, vol. 2, n.3, Rio de Janeiro, 1996.

Zoppi-Fontana, Mônica G. 2005.O Outro da Personagem:


enunciação, exterioridade e discurso. Em BRAIT, Beth (org.).
Bakhtin: dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora
Unicamp
Nota biográfica

Maria da Conceição Francisca Pires , Doutora em História pelo


Programa de Pós Graduação em História, da Universidade Federal
Fluminense, com a tese “Cultura e Política entre Fradins, Zeferinos,
Graúnas e Orelanas”. Atualmente trabalho como
pesquisadora/bolsista no Setor de História da Fundação Casa de
Rui Barbosa, onde desenvolvo a pesquisa “A Construção da Ilusão:
humor e republicanismo no eclipse do Império” e participo do
Núcleo de Pesquisas em História Cultural – NUPEHC, na linha de
pesquisa “Cultura e Poder”. Publicou vários artigos em revistas e
capítulos de livros .

* Pesquisadora/bolsista da Fundação Casa de Rui Barbosa.


Doutora em História Social pela Pós Graduação em História da
Universidade Federal Fluminense.

[1] Não possuo dados precisos sobre a tiragem da revista, mas


identifiquei nas cartas de Henfil imensa alegria quando esta
alcançou a quantidade de 40 mil exemplares.

[2] Direito ao Aborto em Debate no Parlamento. Em


http://www.redesaude.org.br

Vous aimerez peut-être aussi