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ANÁLISE CRÍTICA AO MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO


Avaliar: O Quê? Quem? Como? Quando? Onde? Porquê?

Em pleno plano de acção do Programa Rede de Bibliotecas Escolares a implementação do Modelo de auto-avaliação
das BE’s certamente será um elemento fundamental para desenvolver uma abordagem essencialmente qualitativa,
orientada para uma análise dos processos e dos resultados, numa perspectiva formativa, permitindo identificar as
necessidades e as fragilidades com vista à melhoria (Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar).

As respostas às interrogações, colocadas em epígrafe, irão sendo integradas no texto ao longo da minha análise.

O MODELO ENQUANTO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO E DE MELHORIA. CONCEITOS IMPLICADOS

Para a Biblioteca Escolar ser encarada como uma estrutura inovadora, funcionando dentro e para fora da escola,
apreendendo, gerindo e gerando as literacias necessárias à vida 1, ainda há um grande caminho a percorrer no nosso
país, sendo necessário começar primeiro na própria escola. Internacionalmente, está bastante difundida a ideia de
que as BE’s contribuem de forma muito significativa para melhorar as aprendizagens dos alunos e para facilitar o
trabalho do professor no processo ensino/aprendizagem, começando Portugal ainda dar os primeiros passos nesta
matéria. É neste contexto, que o Modelo de auto-avaliação da Biblioteca Escolar se torna fundamental para
fundamentar a crença do poder que a Biblioteca Escolar exerce nesse mesmo processo de ensino/aprendizagem.

O grande objectivo torna-se pois gerir no sentido da optimização dos processos que produzam resultados e impacto
na qualidade das BE’s e dos serviços que prestamos (”Actions, not positions”, Ross Todd). Ao Modelo de auto-avaliação da
biblioteca escolar portuguesa está também subjacente a noção de instrumento de melhoria: “…, permite determinar até que
ponto a missão e os objectivos estabelecidos para a BE estão ou não a ser alcançados, permite identificar práticas que têm sucesso e que deverão
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continuar e permite identificar pontos fracos que importa melhorar” .

Neste sentido, o Modelo foi desenvolvido a partir de conceitos/ideias-chave orientando-nos na eficácia dos resultados
permitindo assim traçar estratégias que conduzam à mudança.

As ideias-chave que presidiram à sua elaboração são, de acordo com o documento, as seguintes:
 A ideia de valor. O valor não é algo intrínseco às coisas mas tem sobretudo a ver com a experiência e
benefícios que se retiram delas.
 A auto-avaliação como agente de mudança - a auto-avaliação é encarada como um processo
pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da BE.
 A ideia de uma utilização flexível e integrada nas rotinas.
 A ideia de missão da biblioteca escolar no contexto da escola relacionada com as aprendizagens, com
o desenvolvimento curricular e com o sucesso educativo.

1
Programa da Rede de Bibliotecas Escolares
2
Modelo de auto-avaliação da Biblioteca Escolar. P.1

Análise crítica ao modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar – Lucília Mendonça - NOV/2009


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Esta noção associa-se a um processo de ensino-aprendizagem ligado ao desenvolvimento de
competências que tem como intuito a construção do conhecimento e da compreensão humana,
implementada através de uma perspectiva construtivista (“inquiry based-framework”, Ross Todd).
Para além destes referenciais, a formação para a leitura e para as literacias, e uma filosofia de trabalho
partilhado centrada num trabalho colaborativo e articulado com departamentos de docentes são
também paradigma do Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar. O desenvolvimento de recolha
de evidências (evidence-based practice) associada ao trabalho do dia-a-dia (Ross Todd, 2008) leva-nos a
reconhecer os pontos fortes e os que se assumem críticos ao seu desenvolvimento.

Partindo destes pressupostos o Modelo estabelece como metas essenciais o estabelecimento de boas práticas e a
melhoria do desempenho.

PERTINÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO PARA AS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Num contexto de avaliação de desempenho, as informações recolhidas nas várias áreas auxiliam no processo de
decisão/gestão e fornecem dados para a realização de técnicas de benchmarking que proporcionam a identificação de
boas práticas. Assim sendo, essa avaliação contribuirá decididamente para acrescentar qualidade à biblioteca escolar.

Há que referir, no entanto, que a auto-avaliação da biblioteca escolar tem sido tradicionalmente realizada através de
um relatório elaborado pelo coordenador, aprovado em Conselho Pedagógico, e posteriormente enviado ao Gabinete

da RBE. Apesar de elencados os pontos fortes e fracos têm-se verificado uma certa continuidade nos procedimentos.

Assim sendo, o Modelo de auto-avaliação para s BE’s permitirá identificar às escolas e bibliotecas as áreas de sucesso
que requerem maior investimento e aquelas que necessitam de alterar algumas práticas a fim de poderem optimizar o
seu desempenho.

De acordo com os princípios subjacentes ao Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar - “Torna-se de facto relevante
objectivar a forma como se está a concretizar o trabalho das bibliotecas escolares, tendo como pano de fundo essencial o seu contributo para as
aprendizagens, para o sucesso educativo e para a promoção da aprendizagem ao longo da vida.”

ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL E FUNCIONAL. ADEQUAÇÃO E CONSTRANGIMENTOS

A política da biblioteca deve ser traçada tendo em conta orientações a que se subordina e as necessidades da
escola, e deve reflectir sobre as suas finalidades e os seus objectivos tanto quanto a sua realidade (The IFLA School
Libraries Guidelines, 2002)

O Modelo de auto-avaliação da BE está organizado em quatro domínios, compreendendo ainda alguns subdomínios.
Os quatro básicos são os seguintes:
 Apoio ao Desenvolvimento Curricular
 Leitura e Literacias
 Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade
 Gestão da Biblioteca

Análise crítica ao modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar – Lucília Mendonça - NOV/2009


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O ponto de partida deve ser a realidade da própria biblioteca, tendo em conta o contexto interno e externo da BE. O
professor bibliotecário deve seleccionar o domínio a ser objecto da aplicação dos instrumentos, em cada ano, já que o
ciclo se completa ao fim de quatro anos, devendo então fornecer uma visão global da BE “Pretende-se também que ao fim de
quatro anos todos os domínios tenham sido avaliados, estando nesse momento a BE e a Escola na posse de dados que cobrem todas as áreas de
intervenção. Haverá então condições mais fiáveis para analisar os percursos de desenvolvimento trilhados, estimulando igualmente o
benchmarking” (Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar)

Cada etapa compreende várias fases:

Recolha de
Interpretação da
Identificação Recolha de Realização das
novas
informação
de um problema/ evidências mudanças
evidências,
desafio de partida necessárias
tendo em
conta os
reflexos
dessas
mudanças

3
Como se pode verificar este modelo de auto-avaliação é pró-activo, porque leva ao movimento e à mudança .

O Modelo de auto-avaliação deve ter como ponto de partida uma visão estratégica da escola, o ambiente interno
(condições estruturais) e o externo da biblioteca: oportunidades e ameaças. Quanto às decisões a tomar estas devem
ter por base as evidências que revelem optimizar a qualidade da performance dos serviços e recursos, tendo em conta
as prioridades da escola, a adequação aos objectivos e as estratégias de ensino/ aprendizagem.

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Analysis and planning are crucial. Analyze what is currently real, what is desired, and then plan how to get there.
Once the analysis is complete, implement a rolling five-year plan to get the desired results. This plan starts with
specific objectives and shifts to a more general plan projecting into the future. The whole point is to make planning an
ongoing process that requires continuous revision and reevaluation. B. Eisenberg Michael with H. Miller Danielle. This Man
Wants to change Your Job. School Library Journal, 9/1/2002

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Quanto aos constrangimentos estes afiguram-se de vária ordem:

- as evidências poderão ser interpretadas no terreno de uma forma muito mais quantitativa do que qualitativa,
devido, entre outros factores, à indisponibilidade em termos de tempo e de recursos humanos;

- há mais facilidade em recolher evidências relativas aos processos (Imputs) do que aos resultados desses processos
(outputs);

- dificuldade de realização de trabalho colaborativo - As crescentes solicitações que são colocadas aos docentes têm
como resultado inevitável a menor disponibilidade para reflectirem sobre as próprias práticas, assim como para se
encontrarem tempos comuns aos professores e aos elementos da equipa da biblioteca escolar para planearem e
desenvolverem actividades colaborativas;

- o modelo parte de princípios que se ajustam com dificuldade à estrutura da maioria das escolas portuguesas
(conteúdos programáticos muito extensos/exames nacionais, sobrecargas horárias para alunos e professores, falta de
espaços, falta de formação…) pelo que para muitos professores bibliotecários tornar-se-á uma tarefa impossível,
frustrante, dependendo, no entanto, de escola para escola.

INTEGRAÇÃO/APLICAÇÃO À REALIDADE DA ESCOLA

Cada escola tem a sua própria realidade em função de várias condições:

- número de alunos/nº de turmas;


- variedade de cursos;
- curricula;
- anos de escolaridade (por exemplo - as turmas de 12º ano dificilmente terão tempo para desenvolver
trabalho de pesquisa nas várias disciplinas).

Todos estes aspectos aliados a factores de natureza sociocultural condicionam certamente as percentagens (metas
quantitativas) de cada escola na auto-avaliação da BE. Assim sendo, tal como o Ranking dos exames nacionais, os
resultados destas avaliações devem ser sempre contextualizados. Por outro lado, e na minha perspectiva, torna-se
necessário incluir, na componente não lectiva dos horários, o trabalho colaborativo nas BE’s. Note-se o exemplo da
Área de Projecto e Trabalho de Projecto que só se tornou possível quando passou a ser contemplado nos horários de
alunos e professores.
Outro aspecto relaciona-se com a necessidade de integração das linhas orientadoras da BE no Projecto Educativo de
Escola e em todo o Plano de Acção daí subsequente.

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COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR BIBLIOTECÁRIO E ESTRATÉGIAS IMPLICADAS NA SUA APLICAÇÃO

Mike Eisenberg no seu artigo “This Man to Ghange Your Job” começa por colocar a questão: Como podemos garantir
que os bibliotecários escolares sejam os actores principais nas nossas escolas? Refere-se em seguida, de uma forma
muito clara aos diferentes papéis do professor bibliotecário e às competências subjacentes à sua realização.
O primeiro papel que o professor bibliotecário configura é o de perito em literacia da informação, tendo então um
duplo papel enquanto professor e parceiro, juntando-se com alunos ou professores sempre no sentido da proficiência
da informação; o bibliotecário também deverá ser o defensor da leitura.
Enquanto conselheiro de leitura, o professor bibliotecário tem uma função fundamental no acompanhamento dos
alunos, na selecção de leituras e obras no sentido do alargamento das competências de leitura. Desta forma o
professor bibliotecário é um parceiro importantíssimo dos restantes docentes.

No que de refere ao PROCESSO de AVALIAÇÃO da Biblioteca escolar e, tendo em conta o Modelo, o professor
bibliotecário desempenhará também um papel fundamental, a saber:

COMPETÊNCIA DO PROFESSOR
BIBLIOTECÁRIO ESTRATÉGIA EFEITOS

Reconhecimento do sucesso e da
PROCESSO de auto-avaliação da importância da BE na melhoria dos
BE resultados escolares.
 Aposta na mobilização e no esforço
Capacidade de Liderança e conjunto
visão estratégica  Escolha da direcção mais viável e
Comunicação dos resultados à enriquecedora
direcção da escola para serem  Identificação das oportunidades e
divulgados e discutidos nos órgãos constrangimentos
de direcção e orientação  Definição de fins, objectivos e
pedagógica estratégias para a sua
operacionalização
 Realização de diagnósticos às áreas
em que a BE pode adquirir
vantagens face a outras bibliotecas.
 Recolha sistemática de informação
e utilização de metodologias de
controlo

A informação resultante do processo de auto-avaliação das bibliotecas escolares terá, assim, um valor estratégico, não
esquecendo que se “pretende avaliar a qualidade e eficácia da BE e não o desempenho individual do professor bibliotecário ou de elementos
da equipa da biblioteca, devendo a auto-avaliação ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma

melhoria contínua da BE” (Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar, P 2).

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