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Porque defendemos a legalização do

aborto
A Articulação de Mulheres Brasileira - AMB divulga documento aos movimentos
sociais democráticos em favor da legalização do aborto. A AMB propõe a realização de
um debate democrático e a análise criteriosa dos dilemas éticos presentes na decisão
sobre o abortamento. "Contra a criminalização desta prática, levantamos nossas vozes
em defesa de uma vida plena e livre para as mulheres. Em favor de um projeto radical
de transformação social e em favor das lutas libertárias do feminismo". Documento
anexo.
PORQUE DEFENDEMOS A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

Carta Aberta da Articulação de Mulheres Brasileiras às/aos parceiros e aliados/as dos


movimentos sociais democráticos.

8 de março de 2008

Neste 8 de março, dia de luta das mulheres feministas por justiça e igualdade no mundo,
a AMB se dirige às/aos parceiras/os e aliadas/os para defender uma das mais antigas e
importantes lutas feministas: a luta pela legalização do aborto.

Propomos o debate democrático e a análise criteriosa e generosa dos dilemas éticos


presentes quando se trata de decidir por um abortamento. Posicionamo-nos
politicamente contra o debate fundamentalista, as regras universais
descontextualizadas e as convenções formais da moralidade hipócrita pequeno
burguesa, que desconsideram o princípio republicano da laicidade do Estado e a
perspectiva de direitos e justiça em que devem se pautar as políticas públicas.

Contra a criminalização desta prática, levantamos nossas vozes em defesa de uma


vida plena e livre para as mulheres. Em favor de um projeto radical de
transformação social e em favor das lutas libertárias do feminismo, apresentamos
nossos argumentos neste debate.

MATERNIDADE LIVRE E DESEJADA

Desde os primórdios do feminismo moderno, ao início do século XX, a luta feminista


defende que a maternidade não deve ser obrigação para as mulheres, muito menos
o seu destino.

Ainda que compreendamos a importância da função social da reprodução da


espécie humana, as mulheres não são uma função, embora possam responder por
parte desta função social quando assim decidirem.

A política populacional das nações e grupos humanos que tem sido pautadas por
interesses seja de aumentar ou reduzir o crescimento populacional, não podem se
sobrepor ao direito de auto-determinação reprodutiva das mulheres,
compreendida como parte dos direitos humanos.

Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe!

Nenhuma mulher deve ser obrigada a ser mãe!

A maternidade só é plena se voluntária, livre e desejada. A


maternidade só é justa se compreendida como função social, pelo Estado, que tem
a obrigação de assumir sua parte nesta responsabilidade garantindo políticas
públicas universais com qualidade para que as mulheres vivenciem com bem-estar
a gestação, o parto e o puerpério.

Cabe também ao Estado assumir sua responsabilidade diante da reprodução


humana garantindo políticas universais que envolvem os cuidados com as
crianças: escolas, creches, saúde pública de qualidade, direito ao laser e a uma vida
plena e criativa.

O Estado tem o dever de garantir os direitos das mulheres a evitar filhos através
de métodos anti-conceptivos acessíveis e seguros para a saúde e, nos casos
extremos, pela assistência ao aborto legal na rede pública de saúde.

DIREITO À LIBERDADE AFETIVA E SEXUAL

O pensamento conservador de todos os tempos, associa sexualidade unicamente à


função reprodutiva, sem levar em conta o direito ao prazer. A cultura política
moderna- conservadora institui o casamento burguês na forma de contrato civil,
que prevê a formação de uma família nuclear heterosexual cuja função primordial
é garantir sexo para reprodução da família e do seu patrimônio. Complementa este
sistema, a pornografia e a prostituição das mulheres como as alternativas para o
direito ao prazer, dos homens.

Este sistema patriarcal, que organiza a sexualidade e reprodução das mulheres


nestes termos, é há muito denunciado pelo feminismo como falsamente moralista e
nada ético. Assim como não são éticos os argumentos daqueles que defendem o
sexo como o 'sagrado dever da reprodução' neste sistema matrimonial.

O feminismo levantou nos anos 70 a bandeira de luta pelo amor livre e liberdade
sexual das mulheres. Reivindica este direito para as mulheres, contra a norma
patriarcal da heterossexualidade obrigatória e contra a norma conservadora do
sexo unicamente em função da reprodução. Em qualquer circunstância, queremos
sexo por prazer e não por obrigação.

ABORTO LEGAL E SEGURO

Defendemos a proposta de projeto de lei que legaliza o aborto no Brasil, resultante do


trabalho da Comissão Tripartite, elaborado em 2005 sob coordenação da Secretaria de
Políticas para Mulheres(SPM). Esta Comissão foi instalada pelo Governo Federal para
responder à deliberação da I Conferência Nacional de Políticas para Mulheres (CNPM),
deliberação esta que foi reafirmada na II CNPM, eventos que juntos reuniram mais de
200 mil mulheres nos anos de 2004 e 2007.

Legalizar o aborto implica o arbítrio do Estado frente um dilema ético. Como seres
éticos e políticos, nós mulheres feministas, defendemos legalizar o aborto, sempre
por livre decisão da mulher, nas seguintes condições:

· realizado até a 12 semana de gestação;

· até 20 semana de gravidez quando a gravidez decorre de violência sexual,


considerando a drama que é descobrir-se tardiamente grávida após um ato sexual
forçado, com um criminoso, e tendo legítima repulsa à esta situação;

· a qualquer momento em casos de graves riscos de saúde e vida da mulher


gestante.

Nesta defesa, não reduzimos vida à vida biológica. Nossa opção é pela vida em
plenitude já presente na mulher, em detrimento da vida em potencial que está
sendo gestada em seu corpo.

Descriminalizar o aborto não é justo o suficiente, pois não obriga o Estado a


desenvolver políticas públicas; por isso nossa luta é pela legalização do aborto.
Aborto legalizado significa que nenhuma mulher poderá ser presa por esta prática
e que o Estado estará obrigado a garantir assistência à saúde desta mulher na rede
pública.

AUTONOMIA PARA TODAS AS MULHERES!

É absolutamente necessário para a conquista da autonomia das mulheres, que a


reprodução e a sexualidade sejam experiências possíveis de dissociação, para plena
vivência da sexualidade pelas mulheres e da maternidade para aquelas que
desejarem ser mães.

Mas é igualmente necessário avançar na autonomia econômica das mulheres e na


autonomia política e organizativa de seus movimentos e lutas!

Aborto:as mulheres decidem, o Estado garante, a sociedade respeita.

A AMB - Articulação de Mulheres Brasileiras - é uma organização política


não-partidária que articula e potencializa as lutas locais, nacionais e
continentais das mulheres brasileiras por uma sociedade mais justa e Estados
democráticos. Está constituída nacionalmente por agrupamentos estaduais dos
movimentos de mulheres organizados na forma de fóruns, rede, núcleo e articulações.
http://www.inesc.org.br/biblioteca/textos-e-manifestos/porque-defendemos-
a-legalizacao-do-aborto

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