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1) O documento analisa a influência da geometria no processo de projeto ao longo da história da arquitetura, desde os egípcios até Santiago Calatrava.
2) A geometria foi usada pelos egípcios, gregos, romanos e renascentistas como princípio para definir formas arquitetônicas através de traçados e proporções.
3) O documento conclui que a geometria continua sendo um princípio guia para a concepção projetual, especialmente na obra de Santiago Calatrava que se
1) O documento analisa a influência da geometria no processo de projeto ao longo da história da arquitetura, desde os egípcios até Santiago Calatrava.
2) A geometria foi usada pelos egípcios, gregos, romanos e renascentistas como princípio para definir formas arquitetônicas através de traçados e proporções.
3) O documento conclui que a geometria continua sendo um princípio guia para a concepção projetual, especialmente na obra de Santiago Calatrava que se
1) O documento analisa a influência da geometria no processo de projeto ao longo da história da arquitetura, desde os egípcios até Santiago Calatrava.
2) A geometria foi usada pelos egípcios, gregos, romanos e renascentistas como princípio para definir formas arquitetônicas através de traçados e proporções.
3) O documento conclui que a geometria continua sendo um princípio guia para a concepção projetual, especialmente na obra de Santiago Calatrava que se
Prof. MSc. Mnica Maria Fernandes Lima UFRN Prof. MSc. Sheila Oliveira de Carvalho UNP Prof. Dr. Masa Fernandes Dutra Veloso PPGAU/UFRN
RESUMO
O presente trabalho trata de uma anlise a respeito da influncia da geometria na concepo projetual. Realizou-se um breve histrico sobre as ferramentas usadas como parmetros para a obteno da forma arquitetnica ao longo da histria da arquitetura, tais como: o plano geomtrico egpcio, os elementos dos edifcios do curso de Durand, a proporo urea no classicismo da arquitetura grega, os traados reguladores das construes renascentistas, os arcos da arquitetura romana, o racionalismo das construes modernistas e o uso das curvas cnicas permitido pela maleabilidade do concreto armado. Tem-se como objeto de estudo a geometria na obra de Santiago Calatrava. Para tanto, decidiu-se fazer uma apreciao de vrias de suas obras com o intuito de averiguar a influncia da geometria na concepo formal do referido arquiteto. Constatou-se que existe uma forte ligao entre as formas arquitetnicas e as formas geomtricas utilizadas como princpios norteadores da concepo projetual de Calatrava. Percebeu-se tambm que a dimenso intelectual da criao do arquiteto, baseia-se na analogia formal a elementos da natureza, fonte de inspirao em sua obra. Conclui-se que a geometria continua sendo um princpio norteador do processo de concepo projetual.
RESUMEN Este documento es un anlisis sobre la influencia de la geometra en el diseo proyectual. Se realiz una breve historia de las herramientas utilizadas como parmetros para obtener la forma arquitectnica a lo largo de la historia de la arquitectura, como el plano geomtrico egipcio, los elementos de los edificios, del curso de Durand, la proporcin urea en la arquitectura griega clsica, los reguladores de los trazados de los edificios renacentistas, los arcos de la arquitectura romana, el racionalismo de los edificios modernistas y el uso de las curvas cnicas permitido por la flexibilidad de lo hormign armado. Ha sido objeto de estudio de la geometra en la obra de Santiago Calatrava. Para ello, hemos decidido hacer una evaluacin de varias de sus obras con el fin de determinar la influencia de la geometra en la concepcin formal del arquitecto. Se encontr que existe un fuerte vnculo entre las formas arquitectnicas y las formas geomtricas utilizadas como gua de los principios del diseo proyectual del arquitecto Santiago Calatrava. Tambin se consider que la dimensin intelectual de la creacin del arquitecto, basado en la analoga formal con elementos de la naturaleza, una fuente de inspiracin en su trabajo. Llegamos a la conclusin de que la geometra sigue siendo un principio regidor del proceso de diseo proyectual.
1.- INTRODUO Sabe-se que ao longo da histria da arquitetura as ordens clssicas e os traados reguladores, recursos baseados na geometria e na proporo urea, foram ferramentas usadas como parmetros para a obteno da forma arquitetnica. Portanto, pode-se afirmar que desde a antiguidade at o modernismo havia instrumentos utilizados pelos arquitetos para a obteno de suas concepes formais. Este trabalho tem como objetivo principal realizar uma anlise da utilizao da geometria na concepo projetual, desde os traados reguladores e a proporo urea at os nossos dias, tendo como principal objeto de estudo da atualidade a obra do Arquiteto Santiago Calatrava. Pretende-se com esta pesquisa investigar at que ponto a geometria continua influenciando a concepo projetual atualmente. Para atingir este objetivo foram realizados primeiramente uma pesquisa bibliogrfica e um estudo exploratrio de algumas obras clssicas de arquitetura para detectar a presena da geometria em suas fachadas e plantas baixas. Constatando-se a importncia da geometria na elaborao de projetos desde os primrdios dos tempos, pretende-se com este trabalho verificar se os recursos da geometria ainda so utilizados como princpios norteadores pelos arquitetos para fundamentar seus estudos de concepo projetual, em especial o arquiteto Santiago Calatrava, levando-se em considerao a grandiosidade e a relevncia de sua obra. 2.- UM BREVE HISTRICO SOBRE A INFLUNCIA DA GEOMETRIA NA CONCEPO PROJETUAL No Egito a geometria era utilizada como recurso para garantir a otimizao da forma, a expresso plstica resultava de um rigoroso plano geomtrico, um traado reticular que consistia em relaes numricas bsicas entre seus elementos. Desta maneira, chegava-se definio da forma arquitetnica das partes ao todo. Regras geomtricas regiam o desenho de todos os elementos definindo o vocabulrio arquitetnico egpcio. Portanto para os arquitetos do Egito o processo projetual procedia das relaes existentes e possveis entre partes e todos, tendo-se como princpio de organizao o plano geomtrico. Atualmente, um entendimento contemporneo do processo projetual em arquitetura no vai de encontro ao pensamento do arquiteto na era da arquitetura clssica. Como se pode observar pela citao O produto final do processo de projeto ser um todo construdo, um artefato construdo por partes organizadas com base em um partido, ele mesmo uma combinao de partes conceituais e um princpio de organizao. [1] Seguindo o mesmo raciocnio Arajo cita que o plano geomtrico correspondia a ... um sistema de medidas referidas a uma unidade bsica, o mdulo, que guia o contnuo processo de deciso sobre a medida adequada a cada parte e cada pea, assegurando que a dimenso adequada e que todas elas formam um conjunto coerente. [2]. Outro processo de projeto conhecido, baseado em partes para o todo, o curso de Durand que ...delineou uma teoria cuja ideia fundamental consistia na combinao de elementos precisamente definidos [1]. Esses elementos (fundaes, paredes, tetos e partes do edifcio) classificados a partir da antiguidade, podiam ser adaptados a permutaes e combinaes variadas.
Figura 1: curso de Durand. [1] Como mostra a Figura 1 pode-se observar que no curso de Durand a definio dos elementos parte da geometria euclidiana: arcos, quadrados e crculos esto presentes na gerao dos referidos elementos que compem as partes. Na Grcia a proporo urea foi largamente utilizada como processo projetual com o objetivo de se obter harmonia e esttica das edificaes, compondo desta forma o repertrio formal grego. A beleza aquilo que agrada mera contemplao. Muitas coisas que so consideradas belas apresentam uma proporo chamada urea que agradvel vista e agradvel esteticamente. [3]. Um exemplo clssico na arquitetura grega o Parthenon, templo construdo no sculo 5 a.C pelo arquiteto e escultor Fdias. Na Figura 2 tem-se o retngulo ureo, princpio organizador, estabelecendo as relaes entre as alturas do entablamento e das colunas, evidenciando o uso da referida proporo como elemento definidor da fachada.
Figura 2: retngulo ureo no Parthenon. [4] A Figura 3 apresenta o traado da Villa Garzador de Andrea Palladio (1508- 1580) concebida a partir da construo clssica de um retngulo ureo (em azul) inscrito em uma semicircunferncia, resultando em um sistema de medidas proporcionais (A, B, C) que organizam o plano. [3]. Como ilustra a referida figura a proporo obtida tendo como base o mdulo d, dimetro de uma coluna clssica. As medidas proporcionais so definidoras tanto das alturas na fachada como na diviso espacial dos ambientes na planta baixa.
Figura 3: O traado da Villa Garzador. [2] As ordens clssicas e os elementos arquiteturais, tais como as colunas, pilares, entablamentos, arcos e domos formam o vocabulrio das construes Renascentistas. Como ilustra a Figura 4, podem ser observados os traados reguladores da fachada da Igreja Santa Maria Novella, do arquiteto italiano Alberti, constatando-se mais uma vez a presena da geometria como fundamentao para a concepo projetual.
Figura 4: Santa Maria Novella, Alberti, [5] Os arquitetos romanos fazem uso de arcos e abbadas como novo repertrio formal, fato que representou um avano no sistema estrutural, inaugurando uma nova arquitetura. O coliseu ilustrado na Figura 5 um exemplo clssico do uso do arco como elemento estrutural. Tem-se tambm na Figura 5 o emprego de uma abbada, possivelmente a primeira utilizada em uma residncia: a Domus Aurea.
Figura 5: O Coliseu e a Domus Aurea. [6]
A Figura 6 expe a planta baixa e um corte da Domus Aurea, como se pode observar tem-se o emprego do arco definindo a abboda como elemento estrutural da cobertura do ptio octogonal com uma abertura zenital para permitir a entrada da luz. ... Os arquitetos desenharam duas das principais salas de jantar flanqueando um ptio octogonal, este ltimo coroado por uma cpula com um gigante oculus central para permitir a entrada de luz. Foi provavelmente a primeira vez que uma cpula foi usada fora de um templo dedicado aos deuses... [7]
Figura 6: Planta baixa e corte da sala octogonal da Domus Aurea Roma [8] O mrito do racionalismo moderno como repertrio formal das construes se deve ao fato de ter definido as tipologias da cidade contempornea em termos estritamente geomtricos e com uma viso totalizadora. O plano geomtrico se resolve com uma soltura nova, sem rigor matemtico: o que importa a topologia do esquema, sobre o que pode explorar-se o espao com uma nova liberdade. [2]. A Villa Savoye do arquiteto Le Corbusier um bom exemplo de topologia, onde se v uma significativa relao entre cheios e vazios como ilustra a Figura 7.
Figura 7: Villa Savoye Le Corbusier [9] Segundo Araujo ... Le Corbusier traa uma ponte equivalente entre a tecnologia industrial e a geometria do classicismo. [2]. Este fato observado na Villa Garche, quando o arquiteto retoma o uso da proporo urea como definidora da fachada, apresentada na Figura 8. . Figura 8: Villa Garche de Le Corbusier [10] Le Corbusier recupera o papel da geometria como organizadora da forma no sentido clssico, concedendo uma grande importncia ao traado regulador optando pelo uso das progresses geomtricas e da seo urea. O traado regulador traz essa matemtica sensvel que d a agradvel percepo da ordem. A escolha de um traado regulador fixa a geometria fundamental da obra; ele determina ento uma das impresses fundamentais. A escolha do traado regulador um dos momentos decisivos da inspirao, uma das operaes capitais da arquitetura. [11] As curvas cnicas, por sua vez, so empregadas na engenharia e na arquitetura como elemento estrutural ou at mesmo esttico, como se pode ver nas pontes e nas grandes obras arquitetnicas. Oscar Niemeyer, um arquiteto aficionado pelo uso da linha curva, explora com maestria as curvas cnicas em suas obras, como exemplo cita-se o Palcio da Alvorada e a Catedral, ilustradas na figura 9.
Figura 9: Palcio da Alvorada e a Catedral de Braslia, Oscar Niemeyer. [13]
A paixo do arquiteto pela linha curva revela-se atravs do seu poema curva:
No o ngulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexvel criada pelo o homem. O que me atrai a curva livre e sensual. A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do cu, no corpo da mulher preferida. De curvas feito todo o universo, o universo curvo de Einstein. [12]
Para o arquiteto Oscar Niemeyer a paixo pela linha curva e o emprego do concreto foram os fatores que o impulsionaram a produzir uma arquitetura diferenciada. Este fato est explicito no depoimento a seguir: ... Ns queramos impor a curva que a soluo natural do concreto. Quando voc tem um espao grande assim, a soluo natural a curva no a linha reta. Ento eu cobri a igreja de curvas. E a arquitetura se fez diferente... [12] Concordando-se com o pensamento de Vitrvio: uma obra arquitetnica ser bela se seus elementos forem proporcionais de acordo com os princpios de simetria. O arquiteto deve buscar atravs da matemtica ou da geometria uma ordenao para a sua construo. Assim procedendo, alcanar harmonia e esttica em seus projetos arquitetnicos. 3.- A CONCEPO PROJETUAL DE SANTIAGO CALATRAVA Para o arquiteto e engenheiro civil Santiago Calatrava a geometria o ponto de partida na hora da concepo arquitetnica, fonte de inspirao assim como a natureza, como se pode observar na afirmao: Acredito que a geometria seja fundamental para entender arquitetura. Meu trabalho feito por meio da geometria. No mundo da arquitetura, a linguagem geomtrica to importante quanto linguagem estrutural. As duas so importantes meios de inspirao para mim, junto com as propriedades dos materiais e o mundo da natureza [14]. A Cidade das Artes e das Cincias em Valencia na Espanha um bom exemplo do emprego da geometria como fundamentao da concepo arquitetnica do referido arquiteto. Como mostra a Figura 10 o arquiteto se inspira no olho humano ao iniciar o processo projetual da obra citada.
Figura 10: Imagem conceitual do planetrio da Cidade das Artes e das Cincias. [16]
Fazendo uma reflexo ao movimento natural de abrir e fechar os olhos no ato de conceber o projeto Calatrava prope uma estrutura mvel, uma arquitetura cintica, caracterstica observada em suas obras. Neste caso, valoriza a forma plstica e prioriza a segurana. A Figura 11 ilustra a estrutura mvel do planetrio.
Figura 11: Estrutura mvel do planetrio da Cidade das Artes e das Cincias. [16] Boudon cita que as ideias do arquiteto so frutos de suas convices, suas crenas, ou opinies [15]. E faz uma distino entre ideia e inspirao, frisando que a ideia resulta da experincia do arquiteto. Tambm define o ato de conceber caracterizando-o como sendo uma atividade feita de forma reflexiva e articulada a um conceito e/ou a uma imagem a ele associado. No tocante geometria utilizada na concepo da edificao do planetrio da Cidade das Artes e das Cincias podem-se destacar as curvas cnicas e a esfera, como mostra a Figura 12.
Figura 12: Cnicas na estrutura do planetrio da Cidade das Artes e das Cincias. [16] A Estao TGV (Train Grande Vitesse) de Lyon Satolas representa a nova gerao de instalaes ferrovirias destinadas a atender o desenvolvimento da rede de trens de alta velocidade da Frana. Parece ser uma mimese de um pssaro.
Figura 13: Estao TGV de Lyon. [17] Essa corrente se baseia em novos conhecimentos geomtricos, trazidos pela Binica, que a cincia que pesquisa as estruturas e as formas dos elementos da natureza e as incorpora s formas construdas, por cpia, semelhana ou analogia. [18]. As imagens conceituais da Estao TGV revelam que o arquiteto se inspirou no corpo humano, na qual os pilares mimetizam o homem de pernas e braos abertos e a cobertura faz aluso ao olho humano. A Figura 14 expe as imagens conceituais e as analogias formais da estao.
Figura 14: imagens conceituais e analogias formais. [19] Sua identificao formal de um grande pssaro, construdo com nervurado de ao, em forma de vrtebras e apoiado nas extremidades, sobre dois grandes pilares de concreto em forma de V. Na composio so usadas figuras geomtricas curvas, tringulos arredondados, obtidas com o auxilio de programas de computador. [20] Na Figura 15 tem-se uma imagem da obra concluda mostrando os pilares que confirmam a utilizao da imagem conceitual e a analogia formal do ser humano de braos e pernas abertas.
Figura 15: Pilares da Estao TGV, Lyon. [21] A seguir expem-se imagens que comprovam a influncia da geometria na concepo projetual da Estao TGV de Lyon. Na Figura 16 observa-se o emprego das curvas cnicas na estrutura da cobertura.
Figura 16: Curvas cnicas na cobertura da Estao TGV de Lyon, Satolas. [16]
A Figura 17 ilustra uma curva cnica na laje e a concordncia entre duas retas convergentes e um arco utilizado como estrutura que suporta a cobertura.
Figura 17: Curva Cnica e Concordncia entre duas retas convergentes e um arco. Para Lawson ... Quando os projetistas produzem desenhos s para si, e no para apresentar informaes para os outros, esse processo de reflexo quase toda a razo de desenhar. [21]. Pode-se concluir que esta forma de projetar com desenhos utilizada pelo arquiteto Santiago Calatrava. Para comear, a gente v a coisa na cabea e ela no existe no papel, a a gente comea a fazer uns esboos simples e a organizar as coisas, e a comea a fazer camada aps camada [...] praticamente um dilogo. [21] Outra caracterstica observada nas obras de Calatrava a geometria dos fractais, que so formas fracionadas e divididas em figuras geomtricas menores, que no perdem suas caractersticas estruturais e morfolgicas intrnsecas, na qual a parte se assemelha ao todo e seu processo de construo repetitivo. CONCLUSO Pode-se concluir que na obra de Santiago Calatrava a figura humana est sempre presente como fonte de inspirao na definio das suas formas arquitetnicas. No entanto, pode-se observar que a geometria possibilita ao arquiteto atingir seus objetivos, visto que, em sua obra h uma forte ligao entre as formas arquitetnicas e as formas geomtricas, utilizadas como princpios norteadores da concepo de seus projetos. Inclusive pode-se comprovar a presena de novos conceitos da Geometria no Euclidiana em sua obra, como uso dos Fractais e da Binica. Conclui-se, portanto com este estudo, que a geometria fundamenta e serve como princpio norteador para a arquitetura desde os primrdios do classicismo, fundamentando o modernismo e inspirando, na atualidade, a grandiosidade das formas arquitetnicas da obra de Santiago Calatrava. REFERNCIAS [1] MAHFUZ, E. C. Ensaio sobre a Razo Compositiva. Belo Horizonte: UFV/AP Cultural, 1995. 89p.