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1) O documento é uma defesa prévia apresentada em um processo disciplinar contra uma advogada.
2) A defesa alega nulidade no processo devido à ausência de tipificação dos fatos na portaria de instauração, impedindo o pleno exercício da defesa.
3) Sem saber dos fatos que é acusada, a advogada não pode se defender adequadamente no processo, gerando cerceamento de defesa.
1) O documento é uma defesa prévia apresentada em um processo disciplinar contra uma advogada.
2) A defesa alega nulidade no processo devido à ausência de tipificação dos fatos na portaria de instauração, impedindo o pleno exercício da defesa.
3) Sem saber dos fatos que é acusada, a advogada não pode se defender adequadamente no processo, gerando cerceamento de defesa.
1) O documento é uma defesa prévia apresentada em um processo disciplinar contra uma advogada.
2) A defesa alega nulidade no processo devido à ausência de tipificação dos fatos na portaria de instauração, impedindo o pleno exercício da defesa.
3) Sem saber dos fatos que é acusada, a advogada não pode se defender adequadamente no processo, gerando cerceamento de defesa.
KELLY CRISTIANE MACIEL MENEZES, brasileira, casada, advogada inscrita na OAB/RS.45.381, com escritrio profissional em Tramanda/RS., na Avenida: Emancipao N.1242 Centro, vem, respeitosamente presena de Vossa Senhoria, nos autos do processo em epgrafe - Representao pelo Conselho de tica e Disciplina desta Subseo de Tramanda, apresentar DEFESA PRVIA nos termos do art.52 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB, aduzindo e requerendo o que segue:
DA TEMPESTIVIDADE DA DEFESA PRELIMINAR
Conforme preceitua o artigo:52 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB o prazo para apresentao da defesa preliminar de representado na OAB o de 15 dias.
A Representada foi notificada no dia 09.04.2014 atravs dos correios - com aviso de recebimento, findando o prazo para apresentao desta defesa no dia 24.04.2014.
Assim, tempestiva a presente defesa preliminar, pelo que requer seu recebimento e processamento at seus ulteriores termos. P RE L I M I N A R M E N T E
DA INPCIA DA REPRESENTAO POR AUSNCIA DE TIPIFICAO DA CONDUTA PUNVEL NO DESPACHO QUE DETERMINA A INSTAURAO DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
CERCEAMENTO DE DEFESA - NULIDADE INSANVEL
Por analogia a legislao penal brasileira, a fase preliminar do processo disciplinar contra advogado dever conter a exposio do fato tido como ilcito ou ilegal, com todas as suas circunstncias tal qual exigido no processo penal, onde o artigo 41, do CPP, vejamos, ad litteram:
Art. 41. A denncia ou queixa conter a exposio do fato criminoso, com todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se posa identific-lo, a classificao do crime e, quando necessrio, o rol de testemunhas".(sic-grifei).
A ausncia de tipificao em processo administrativo ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio essencial (Art. 1, III, CF) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor- fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Sem a devida tipificao, data vnia, ausente na INSTAURAO, o Advogado representado no poder exercitar o devido e necessrio contraditrio, mesmo em fase preliminar, tendo em vista que ela s verificada quando o acusado sabe do que ter que se defender, o que gera prejuzo insanvel defesa, eis que o Conselheiro Relator, assim como o representante, poder se utilizar de toda e qualquer afirmao contrariamente ao representado. A tipificao da instaurao de processo disciplinar, mesmo anterior da manifestao da Comisso de Admissibilidade, tem o objetivo de identificar, com preciso, a indicao dos fatos que desencadearam os trabalhos da comisso, descrevendo as irregularidades a serem apuradas, justamente para quem vai se defender, possa saber do que est se defendendo. O colendo STJ j analisou questes anlogas no que pertine a ausncia de tipificao em portaria instauradora de PAD, vejamos:
ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO DISCIPLINAR. OMISSO DOS FATOS IMPUTADOS AO ACUSADO. NULIDADE. PROVIMENTO.1. A PORTARIA INAUGURAL E O MANDADO DE CITAO, NO PROCESSO ADMINISTRATIVO, DEVEM EXPLICITAR OS ATOS ILICITOS ATRIBUIDOS AO ACUSADO. 2. NINGUEM PODE DEFENDER-SE EFICAZMENTE SEM PLENO CONHECIMENTO DAS ACUSAES QUE LHE SO IMPUTADAS. 3. APESAR DE INFORMAL, O PROCESSO ADMINISTRATIVO DEVE OBEDECER AS REGRAS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. 4. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.(RMS 1074/ES, Rel. Ministro FRANCISCO PEANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/1991, DJ 30/03/1992, p. 3968) - (sic-grifei).
ADMINISTRATIVO - SERVIDOR - ESCRIVO DE CARTORIO - ATO DEMISSORIO - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - PORTARIA INSTAURADORA - INEPCIA - NULIDADE.- NULA A PORTARIA INSTAURADORA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR QUE NO DESCREVE, SATISFATORIAMENTE, OS FATOS ILICITOS A SEREM APURADOS, APRESENTANDO-SE DE FORMA GENERICA E IMPRECISA, NO PROPORCIONANDO AO ACUSADO CONHECIMENTO PLENO DAS ACUSAES QUE LHE SO IMPUTADAS, IMPOSSIBILITANDO-O DE PROMOVER SUA DEFESA.- NULIDADE DA PORTARIA, POR INEPCIA, SEM PREJUIZO DE QUE OUTRA VENHA SER OFERECIDA, COM OBEDIENCIA AS DETERMINAES LEGAIS CONCERNENTES.- RECURSO PROVIDO. (RMS 7186/GO, Rel. Ministro JOS ARNALDO DA FONSECA, Rel. p/ Acrdo Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 08/04/1997, DJ 19/05/1997, p. 20650)- (sic-grifei).
MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. - Imprescindibilidade de descrio e qualificao, na portaria de instaurao do procedimento, dos fatos imputados ao servidor.- Ausncia de animus especfico de abandono do cargo. Mandado de segurana concedido. (MS 7176/DF, Rel. Ministro FONTES DE ALENCAR, TERCEIRA SEO, julgado em 13/12/2000, DJ 19/02/2001, p. 134). (sic-grifei).
Ainda, Hely Lopes Meirelles, na obra intitulada Direito Administrativo Brasileiro, 31 edio, Malheiros, So Paulo, p. 690, nos ensina, vejamos, verbo ad verbum:
O processo disciplinar deve ser instaurado por portaria da autoridade competente na qual se descrevem os atos ou fatos a apurar e se indiquem as infraes a serem punidas, designando-se desde logo a comisso processante, a ser presidida pelo integrante mais categorizado. A comisso especial ou permanente h que ser constituda por funcionrio efetivo, de categoria igual ou superior do acusado, para que no se quebre o princpio hierrquico, que o sustentculo dessa espcie de processo administrativo" (sic-grifei).
Para Srgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, na obra intitulada Processo Administrativo, 1 edio, 3 tiragem, editora Malheiros, p. 130, a falta de indicao das infraes causa o cerceamento de defesa, incompatvel com o Estado de Direito, vejamos, in verbis:
Acusado no apenas aquele a quem feita uma acusao formal: a imputao do cometimento de uma ao tipificada como delituosa. Por acusado, para fazer jus garantia do devido processo legal, deve-se entender tambm aquele a quem irrogado um comportamento correspondente a uma qualidade negativa e quem se encontre em situao da qual lhe possa resultar um dano econmico, moral ou jurdico. Muitas vezes, para burlar o direito de defesa, o acusador usa de subterfgios ou eufemismos destinados a mascarar uma acusao implcita. Tal comportamento incompatvel com o Estado de Direito.
O douto Ministro Gilmar Mendes, no HC 84.409/SP, 2 T., do STF, deixou bem explcito que: Denncias genricas, que no descrevem os fatos na sua devida conformao, no se coadunam com os postulados bsicos do Estado de Direito. (...) quando se fazem imputaes vagas, dando ensejo persecuo criminal injusta, est a se violar, tambm, o princpio da dignidade da pessoa humana que, entre ns, tem base positiva no art. 1, III, da Constituio. (sic-grifei).
A ausncia de tipificao em processo administrativo ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio essencial (Art. 1, III, CF) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo.
Ao Tribunal de tica e Disciplina da OAB foi atribuda a competncia para instaurar processo sobre fato ou matria que configurar infrao a princpio ou norma de tica profissional, vejamos:
Art. 50. Compete tambm ao Tribunal de tica e Disciplina:
I instaurar, de ofcio, processo competente sobre ato ou matria que considere passvel de configurar, em tese, infrao a princpio ou norma de tica profissional;
Nesse sentido, a representao, ou a instaurao de ofcio, deve ser recebida:
Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofcio ou mediante representao dos interessados, que no pode ser annima.
1 Recebida a representao, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseo, quando esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus integrantes, para presidir a instruo processual.(sic-grifei).
O objetivo do legislador com o termo RECEBIDA A REPRESENTAO importa dizer que deve-se, precipuamente, se atribuir uma tipificao representao ou instaurao ex oficio do processo disciplinar.
Nessa orientao, podemos afirmar que: a tipicidade utilizada, no campo do Direito Penal e Tributrio, com mais freqncia, em sentido oposto, como sinnimo de legalidade material rgida da hiptese da norma, do pressuposto ou fato gerador.
Nessa acepo, o princpio ganha conotao de previsibilidade, certeza e segurana.
Mesmo em se tratando de fase preliminar do processo disciplinar, se faz necessria a devida tipificao e motivao da sua instaurao, como utilizado na sindicncia, introduzida pela Lei 8.112/90, em seus artigos 153 e seguintes.
Esse princpio serve, antes de mais nada, para impedir que se instaure procedimentos incuos, perseguitrios, aviltantes ou at mesmo, "denuncismo puro", os quais somente prestam para devassar a vida de algum, muitas vezes, por motivao poltica e imbuda de cunho pessoal, como no presente caso.
A instaurao de procedimento disciplinar atrai a TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES, plenamente conceituada pelo doutrinador Hely Lopes Meirelles, na obra intitulada Direito Administrativo Brasileiro, 31 edio, Malheiros, So Paulo, p. 101, vejamos:
Em outros atos administrativos, porm, que afetam o interesse individual do administrado, a motivao obrigatria, pra o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. A motivao ainda obrigatria para assegurar a garantia da ampla defesa e do contraditrio prevista no art. 5, LV, da CF de 1988. Assim, sempre que for indispensvel para o exerccio da ampla defesa e do contraditrio, a motivao ser constitucionalmente obrigatria.
A motivao, portanto, deve apontar a causa e os elementos determinantes da prtica do ato administrativo, bem como o dispositivo legal em que se funda. Esses motivos afetam de tal maneira a eficcia do ato que sobre eles se edificou a denominada teoria dos motivos determinantes, delineada pelas decises do Conselho de Estado da Frana e sistematizada por Jze.
Nesse mesmo sentido a Lei 9.784/99, a qual determina, especificamente no seu artigo 50, I, 1, que os atos administrativos devero ser motivados, ad verbo: Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...) 1o A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato.
Dessa forma, nula, por inpcia, a INSTAURAUO de processo disciplinar, a qual no descreve, satisfatoriamente, os fatos ilcitos a serem apurados, apresentando-se de forma genrica e imprecisa, no proporcionando ao acusado conhecimento pleno das acusaes que lhe so imputadas, eis que ausentes as regras insertas no Cdigo de tica que, em tese, o que o representado infringiu, impossibilitando-o de promover sua defesa, acarretando em total cerceamento de defesa, por ofensa ao devido processo legal ao princpio da legalidade e da transparncia que deve pautar-se todo e qualquer processo administrativo disciplinar. Meras conjecturas sequer podem conferir suporte material a qualquer acusao ou representao, pois dados conjecturais no se revestem de idoneidade jurdica quer para efeito de formulao de imputao quer para fins de prolao de um juzo condenatrio, razo pela qual a presente representao nasceu maculada pelo vcio insanvel da inpcia da pea representativa, ao passo que no descreveu a ao praticada pela representada e nem os fatos especificamente infringidos, no os tipificando; e nesse contexto, impossvel aplicao de uma sano, pois para que se possa sancionar algum no estado democrtico de direito pelo devido processo legal preciso que ela possa se defender da conduta que lhe imputada e sem conduta empiricamente imputvel, verificvel e refutvel como no presente caso, inexiste contraditrio e sem contraditrio, ausente devido processo legal.
Dessa forma, MM. Julgador, o PRINCPIO BASILAR DA AMPLA DEFESA ficou prejudicado em razo dos fatos acima alegados, INPCIA DA REPRESENTAO POR AUSNCIA DE TIPIFICAO, eis que no indica a conduta imputvel representada, em afronta expressa legislao constitucional e infraconstitucional, especialmente ao princpio da ampla defesa, do contraditrio, do devido processo legal, artigo:41 do CPP.
ANTE O EXPOSTO requer o acolhimento e provimento da preliminar de inpcia por ausncia de tipificao na representao nos termos supra, para o fim de ser declarada a nulidade absoluta da presente representao, determinando seu arquivamento.