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I Consideraes iniciais
As teses formuladas por Gnther Jakobs agrupadas em torno do que
denomina de Direito Penal do Inimigo, vislumbrado como novo paradigma
capaz de responder s manifestaes de um tipo indito de criminalidade,
especialmente quela que permite albergar-se sob o signo terrorismo, tm
suscitado inmeros debates e controvrsias jusfilosficas. A preocupao central
do jurista alemo consiste em atacar com veemncia o espectro das prticas
terroristas que rondam a Europa e os EUA, mormente a partir dos marcantes e
decisivos atentados de Nova Iorque de 11 de setembro de 2001, erigindo um
conjunto de formulaes tericas que pretendem justificar a perseguio e a
punio implacveis de seus protagonistas.
Como adverte Ral Zaffaroni, no percurso histrico do controle penal, a
identificao de determinados sujeitos ou grupos sociais como merecedores de
uma punio diferenciada, nomeadamente mais rigorosa, no constitui relevante
novidade. As idias que legitimam uma represso penal plural, dedicadas a
traarem as linhas divisrias da punio segundo o estatuto dos seus
destinatrios, fossem eles iguais ou estranhos (inimigos), sempre
acompanharam, desde a antigidade clssica, os universos das representaes
simblicas punitivas. Suas sementes podem ser encontradas em Plato e
Protgoras, quando o primeiro, por exemplo, identifica o infrator como pessoa
inferior e, portanto, incapaz de ascender ao mundo das idias puras, postulando
a sua eliminao caso a incapacidade se apresentasse irreversvel.
Posteriormente, tanto a Idade Mdia quando a modernidade foram prdigas na
afirmao de estratgias de controle social destinadas perseguio e punio
1, Rio de Janeiro: Relume-Dumar, 1996, p. 95; SILVA FILHO, Jos Carlos Moreira da. A
Filosofia Jurdica da Alteridade. Curitiba: Juru, 1999; WOLKMER, Antnio Carlos. Histria do
Direito no Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 1998; THOMPSON, Augusto. Escoro Histrico do Direito
Criminal Luso-Brasileiro. Rio de Janeiro: Lber Jris, 1982.
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BATISTA, Nilo, Fragmentos de um discurso sedicioso, in: Discursos Sediciosos crime, direito
e sociedade, ano 1, n.