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O texto discute o processo de construção do conhecimento antropológico, analisando as etapas de olhar, ouvir e escrever. O olhar do pesquisador é influenciado por sua formação teórica, enquanto o ouvir permite obter informações não visuais, porém depende da compreensão entre idiomas culturais distintos. A escrita converte os dados para o discurso da disciplina, mas também é influenciada pelo ambiente acadêmico.
O texto discute o processo de construção do conhecimento antropológico, analisando as etapas de olhar, ouvir e escrever. O olhar do pesquisador é influenciado por sua formação teórica, enquanto o ouvir permite obter informações não visuais, porém depende da compreensão entre idiomas culturais distintos. A escrita converte os dados para o discurso da disciplina, mas também é influenciada pelo ambiente acadêmico.
O texto discute o processo de construção do conhecimento antropológico, analisando as etapas de olhar, ouvir e escrever. O olhar do pesquisador é influenciado por sua formação teórica, enquanto o ouvir permite obter informações não visuais, porém depende da compreensão entre idiomas culturais distintos. A escrita converte os dados para o discurso da disciplina, mas também é influenciada pelo ambiente acadêmico.
Instituto de Artes Comunicao Social: Habilitao em Midialogia
CS202: Antropologia da Imagem Professor Dr. Fernando de Tacca Aluna: Maria Luiza Andrade Azzoni RA: 156592
Resumo de O trabalho do antroplogo: olhar, ouvir, escrever, de Roberto Cardoso de Oliveira
O texto O trabalho do antroplogo: olhar, ouvir, escrever trata de questionamentos e observaes feitas pelo seu autor, Roberto Cardoso de Oliveira, acerca do processo de construo de conhecimento na disciplina da antropologia. Ele analisa a importncia, tanto na investigao emprica quanto na produo de textos, do olhar, do ouvir e do escrever no que se refere ao campo das cincias sociais. Para o autor, problematizar tais atos cognitivos (olhar, ouvir e escrever) essencial, pois na prtica da pesquisa eles ganham sentidos particulares, influenciando a construo do saber em cada disciplina e, por isso, devem ser questionados em si mesmos apesar de parecerem aes triviais. O olhar e o ouvir so processos pelos quais se d a percepo, enquanto no escrever se desenvolve o pensamento, tais etapas resultando na produo do discurso prprio da cincia social. O autor comea sua argumentao pela anlise do olhar. Para ele, o pesquisador que inicia uma investigao emprica teve seu olhar previamente sujeito a uma domesticao terica; ou seja, em sua formao acadmica, o olhar do pesquisador disciplinado a seguir um esquema conceitual que funciona como um prisma pelo qual a realidade observada refratada, fazendo com que qualquer objeto sobre o qual o pesquisador dirija seu olhar seja alterado pelo seu modo de visualiz-lo. Um antroplogo pesquisando um grupo indgena, por exemplo, faz uso de seu olhar etnogrfico ao se basear e usar como instrumento toda a teoria de sua disciplina, que dirige seu olhar e sua interpretao do objeto de estudo, permitindo que ele faa inferncias a partir do que ele v. Assim, observando mudanas nos tipos de moradia de um determinado grupo indgena com o passar do tempo, o antroplogo capaz, ento, de chegar a concluses sobre as mudanas culturais ocorridas e as suas origens ou reflexos nas relaes sociais do grupo em questo. Entretanto, para conhecer as estruturas das relaes sociais, o etnlogo no pode depender apenas do olhar, pois depende da compreenso de sistemas simblicos como as relaes de parentesco entre os membros do grupo. Assim, outro recurso para obter esses dados essenciais o ouvir. Segundo o autor, o ouvir e o olhar so faculdades que se complementam no exerccio de investigao. O ouvir tambm est sujeito a ser condicionado pela disciplina, e assim preparado para eliminar rudos que o pesquisador julgue insignificantes. Em uma entrevista, o pesquisador consegue obter informaes que no se fazem explcitas visualmente; por exemplo, aps observar um ritual, o antroplogo buscar a compreenso de seu sentido para o povo e determinar a sua significao atravs de explicaes fornecidas por membros do grupo em questo atravs de entrevistas. Alm da limitao lingstica, o autor ressalta que a maior dificuldade para o etnlogo nesse processo est na diferena entre os chamados idiomas culturais, ou seja, a distncia entre o mundo do pesquisador e do indivduo pesquisado. A entrevista se d com o confronto desses dois mundos, e o ouvir est, portanto, em um lugar essencialmente problemtico. A partir dessa constatao, o autor passa a analisar as possibilidades da entrevista, tendo em vista essas condies. Um importante ponto nessa anlise a natureza da relao entre o entrevistador e o entrevistado. A tradio da relao de pesquisador/informante leva o etnlogo a exercer um poder sobre o informante durante o seu ato de ouvi-lo, mesmo tentando posicionar-se como observador neutro. Esse poder caracterstico das relaes humanas um fator empobrecedor do ato cognitivo, pois cria um campo ilusrio da interao, sem permitir um efetivo dilogo. A relao s passa a ser dialgica quando o informante transformado em interlocutor. Esse novo tipo de relao faz com que os horizontes do pesquisador e do nativo se encontrem segundo o autor, o confronto substitudo por um encontro etnogrfico, que cria um espao significativo partilhado por ambos interlocutores, desde que o pesquisador tenha a habilidade e ouvir o nativo e de ser por ele ouvido, num dilogo entre iguais onde no h a contaminao do discurso do entrevistado por elementos do discurso do pesquisador. Com esse tipo de interao, ocorre uma observao participante, ou seja, o pesquisador assume um papel aceito e compreendido pela sociedade estudada. Para o autor, esse modo de observao responsvel por importantes atos cognitivos, pois capaz de captar as significaes da realidade estudada. Ao comear a tratar do ato de escrever, o autor faz referncia a Clifford Geertz em Trabalhos e vidas: o antroplogo como autor, citando a separao entre duas etapas distintas da investigao emprica: a primeira, quando o antroplogo est em campo na realidade estudada, chamada being there, e a segunda, quando ele trabalha de volta sua realidade, being here. Assim, o olhar e o ouvir estariam englobados na primeira etapa, enquanto o escrever seria parte da segunda. Entende-se, portanto, o escrever como exerccio feito no gabinete do antroplogo, que difere do que se escreve no campo, em dirios e anotaes. O escrever estando aqui cumpre sua maior funo cognitiva, pois inicia-se no gabinete o processo de textualizao de todos os fenmenos observados estando l, trazendo os fatos observados e vivenciados para o plano do discurso. O autor destaca em seguida o argumento de que a disciplina possui seu prprio idioma, por meio do qual os antroplogos, ou outros cientistas sociais, pensam e se comunicam. Isso porque o homem no pensa sozinho, mas sim socialmente, inserido em uma comunidade de comunicao, ou seja, em sua sociedade e sua comunidade profissional. Assim, ele questiona a autonomia do pesquisador no seu exerccio da escrita e a sua converso de dados observados para o discurso prprio de sua disciplina. Essa autonomia estaria, portanto, ligada diretamente aos dados (apreendidos pelo olhar e pelo ouvir), mas tambm guiada pelas categorias e conceitos bsicos que constituem a disciplina em questo. Para o autor, o ato de escrever, ou seja, inscrever as observaes para o discurso da disciplina, est contaminado pelo momento do being here e sofre influncia do ambiente acadmico que o pesquisador ocupa. Essa uma reflexo que concerne chamada antropologia moderna, que questiona o modo tradicional de fazer antropologia. Segundo o autor, a distino entre monografias clssicas e modernas est no fato daquelas terem sido concebidas conforme uma estrutura narrativa normativa, enquanto as outras priorizam um tema por meio do qual se analisa toda a cultura ou sociedade estudada. J as monografias experimentais, ou ps-modernas, na opinio do autor, desprezam a necessidade de controle dos dados etnogrficos, chegando a ser quase intimistas por imporem ao leitor a presena de seus autores nos textos. Ele destaca, por outro lado, que a escrita na primeira pessoa do singular deveria significar apenas que o autor no se esconde no texto como um observador impessoal o que valoriza a pluralidade de vozes da investigao etnogrfica. Ao promover a reflexo sobre o que escrever, a disciplina busca instncias meta- tericas raramente alcanadas se no por Lvi-Strauss e Geertz. Para o autor, portanto, um bom texto etnogrfico conseqncia de cuidado com a sua produo desde a obteno dos dados, sem que ele caia na subjetividade do pesquisador, mas sim entre na intersubjetividade que articula os membros da comunidade profissional neste seu horizonte terico, de forma a tornar o texto, assim como o antroplogo moderno, menos ingnuos. Em sua concluso, o autor afirma que o pesquisador, para elaborar uma boa narrativa escrita, tendo em posse suas observaes organizadas, inicia o processo de textualizao ao mesmo tempo em que, nesse ato, produz o conhecimento. No caso da antropologia, como destacado durante o texto, o olhar, o ouvir e o escrever se caracterizam por estarem previamente comprometidos com o sistema de idias e valores prprios da disciplina.
O Consenso em Jürgen Habermas e o Dissenso em Jean François Lyotard como Narrativa de Legitimação do Conhecimento Científico: Em Busca de um diálogo epistemológico intercultural