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1.

Identifica as principais diferenças entre o modelo


elaborado pela Apede e as propostas já conhecidas da
Fenprof e da Fne.

Se me permites (pedindo já desculpas antecipadas pela longa


resposta), não iria falar tanto das diferenças relativamente às
propostas sindicais (porque para a APEDE isso não é o mais
importante, embora elas existam e sejam perceptíveis no nosso
documento) mas mais da proposta em si, que vai muito para além de
uma simples proposta de modelo de ADD, avança desde logo com
uma ideia de Escola Pública e com um rumo a seguir, integra outros
aspectos que se prendem com a reorganização curricular, a estrutura
da carreira docente, a avaliação de desempenho, mas também
questões que envolvem as condições de trabalho dos docentes como
sejam os horários, a vinculação dos colegas contratados, a revisão do
Estatuto do Aluno, a autonomia escolar, o reforço dos recursos
humanos, técnicos e materiais, etc. Só lendo a proposta na íntegra se
poderá perceber as várias sugestões que avançamos, mas posso
aqui destacar algumas:

- uma ideia de Escola Pública: democrática e inclusiva, de todos e


para todos, baseada num ensino de qualidade, rigor e exigência,
valorizando o potencial de cada aluno e apoiando-o nas suas
necessidades, para o que é fundamental garantir um efectivo e
completo apetrechamento das escolas com os recursos humanos,
técnicos e materiais adequados.

- a concretização efectiva da real autonomia das escolas, diminuindo-


se drasticamente a intervenção do ME na gestão pedagógica dos
estabelecimentos de ensino, com a extinção das DRE e assegurando-
se um trabalho, que passe pela profunda revisão e articulação dos
programas, pela definição de um conjunto nuclear de conhecimentos
a adquirir pelos alunos, e pela elaboração dos exames nacionais, e
que seja assegurado pelas associações científicas de professores, em
articulação com o ME, mas sem a interferência dos seus
“especialistas”, que garanta ainda uma larga margem de autonomia
pedagógica aos professores e às escolas na definição e gestão dos
programas, instrumentos e critérios de avaliação dos alunos, bem
como da gestão das situações de indisciplina.

- entrada dos alunos no 1º ciclo aos sete anos de idade procurando-


se esbater alguma falta de maturidade que é cada vez mais notória,
sobretudo nos alunos que iniciam o seu percurso escolar com idades
mais precoces.

- reorganização do plano de estudos no 1º ciclo com áreas


especializadas (asseguradas por professores com formação
específica) a partir do 3º ano.
-supressão das áreas curriculares não disciplinares em todos os ciclos
de escolaridade, sendo desenvolvidas as actividades previstas para
estas áreas pelo conjunto das disciplinas, de forma articulada,
procurando-se reduzir assim a carga horária dos alunos, dando-lhes
tempo para fruírem a escola e outras actividades extra-curriculares.

- no Ensino Secundário, a existência de disciplinas de frequência


obrigatória, necessariamente adaptadas quanto ao tipo de
conhecimentos exigidos, mas que permitam aos alunos manter algum
contacto com a área de saberes que não constitui a sua opção
vocacional de base, por exemplo, a introdução de uma disciplina de
Ciências Sociais nas áreas científicas, a exemplo do que já acontece
actualmente com a disciplina de Matemática Aplicada às Ciências
Sociais nos Cursos de Humanidades.

- realização de exames nacionais, a todas as disciplinas, no final de


cada ciclo de escolaridade, com um peso de 40% na nota final e com
uma consequente e necessária alteração da escala de classificação
de 1 a 10 valores, nos três primeiros ciclos de escolaridade, de forma
a conferir um peso real aos exames.

- garantia de um serviço de apoio socioeducativo com professores


especializados e outros técnicos, em quantidade e com formação
adequada, para apoio aos alunos que revelem dificuldades de
aprendizagem/integração, em contexto de sala de aula/parceria ou
fora dela;

– a Educação Especial deve acompanhar os alunos com necessidades


especiais educativas de carácter permanente, devendo as escolas ser
apetrechadas com os recursos humanos necessários, como
professores especializados, psicólogos, terapeutas e auxiliares de
acção educativa, sendo introduzidas as modificações necessárias e
adequadas nos espaços físicos e no mobiliário. A escola deverá ainda
ter autonomia para desenvolver modelos de intervenção
diferenciados e inovadores, que respondam às necessidades de cada
aluno e sua família.

- redução do número de alunos por turma para 20 alunos, ou 15 nos


casos em que as turmas integrem alunos com necessidades
educativas especiais.

- revisão do Estatuto do Aluno, libertando o professor da teia


burocrática inerente e salvaguardando critérios de exigência e de
rigor relativamente à assiduidade dos alunos, numa distinção clara
entre faltas justificadas e faltas injustificadas.

- gestão democrática e participada das escolas com eleição directa de


um Conselho Executivo por professores, funcionários e
representantes dos encarregados de educação e a substituição dos
Conselhos Gerais por Assembleias de Escola onde o conjuntos dos
membros docentes e não docentes não estejam em minoria, sendo o
presidente um professor.

- eleição democrática dos cargos de gestão pedagógica com limitação


de dois mandatos, salvo nas situações em que não haja mais
candidatos (no caso do Conselho Executivo) ou elementos elegíveis.

- uma carreira única dividida em dez escalões de três anos, com


suplementos remuneratórios para os colegas que exerçam cargos de
direcção executiva e com a recuperação integral do tempo de serviço
prestado entre 30 de Agosto de 2005 e 31 de Dezembro de 2007 para
todos os docentes.

- uma eventual prova de ingresso na profissão docente que, a existir,


terá de ser o último momento de avaliação do estágio pedagógico e
nunca uma prova a aplicar aos professores que já leccionam, mesmo
que ainda não tenham ingressado na carreira, impondo-se a máxima
responsabilização das instituições de formação de professores quanto
aos critérios de qualidade, exigência e rigor dos seus cursos, bem
como uma avaliação rigorosa do seu plano de estudos e da
certificação das habilitações atribuídas.

- manutenção dos concursos nacionais, com respeito absoluta pela


graduação profissional, sendo que a colocação dos professores por
quatro anos deverá manter-se, garantindo-se a realização de
concursos anuais de afectação a vagas de quadro e mobilidade entre
quadros para os docentes que o desejarem.

- vinculação imediata dos professores com cinco ou mais anos de


leccionação contínua, desde que colocados com horários completos.

- reformulação dos horários dos professores, por forma a garantir o


tempo necessário para o trabalho individual, com as reduções por
cargos a incidirem exclusivamente na componente lectiva, e uma
organização da componente não lectiva que contemple as reuniões e
salvaguarde a necessidade de formação contínua. Consideramos
ainda fundamental que sejam reintroduzidas as reduções por idade e
tempo de serviço.

- quanto à avaliação de desempenho docente defendemos que esta:

- não deve sujeitar-se aos espartilhos e entropias resultantes


da ideologia pedagógica reinante no ME, vulgo “eduquês”, nem
ao modelo da “performance” empresarial;

- não deve ser fragmentada em actos parcelares, atomizada e


afogada em procedimentos puramente burocráticos;

- não deve basear-se exclusivamente na avaliação entre pares;


- deverá ser essencialmente formativa, tendo apenas reflexos
directos na progressão na carreira em duas situações: nas
situações de reconhecido mérito excepcional ou naquelas em
que se registe um reiterado incumprimento de deveres e
obrigações ou manifesta inadequação a funções docentes:

- a avaliação de desempenho compreenderá, fundamentalmente, três


componentes/ modalidades com periodicidade e objectivos distintos:

a) uma primeira componente de auto e hetero avaliação, de


carácter exclusivamente formativo, realizada anualmente no
âmbito dos grupos disciplinares, com vista a uma análise
conjunta das práticas e estratégias desenvolvidas, podendo
existir recurso à mútua assistência de aulas, numa
perspectiva de partilha e melhoria das práticas.

b) uma segunda modalidade que designamos por avaliação


funcional, efectuada no ano correspondente à mudança de
escalão, abrangendo o período de permanência no mesmo,
a cargo do órgão de gestão executiva (ouvido o delegado de
grupo disciplinar) e que focará os aspectos administrativos,
de distribuição do serviço e de cumprimento de normas e
objectivos definidos na escola, valorizando também a
formação contínua efectuada pelo professor. Desta
modalidade de avaliação resultará a atribuição das menções
de “Satisfaz” ou “Não Satisfaz”, com diferentes
consequências quanto à progressão na carreira e
contabilização de tempo de serviço.

c) finalmente, consideramos igualmente necessária uma


componente de avaliação externa do desempenho global
da escola e dos grupos disciplinares, que identifique e
permita corrigir dificuldades ou actuações claramente
inadequadas, mas que também possa salientar e difundir
boas práticas.

2. Quais as principais críticas que fazes à proposta do ME de


revisão da ADD?

Bom, quanto às propostas do Ministro da Educação, Teixeira dos


Santos, digo, Isabel Alçada, estou em absoluto desacordo com os
constrangimentos colocados artificialmente à progressão da carreira,
da raiz puramente economicista e promotores de graves injustiças,
nunca do mérito ou das boas práticas. A nova e encapotada forma de
divisão da carreira (em torno das figuras dos relatores ou dos
membros do Pedagógico nomeados pelo Director, com
responsabilidades de avaliação) é mais uma prova de que o actual
governo de José Sócrates é isso mesmo: apenas e só mais do mesmo,
ou até mesmo pior do mesmo, apesar de “embrulhado” numa postura
de abertura e diálogo! A prova de ingresso, tal como é defendida pelo
ME é também uma aberração e um duplo insulto: às instituições de
formação de professores e aos próprios professores que já leccionam
há diversos anos e têm sido recursos necessários ao funcionamento
do sistema, ainda por cima, indignamente explorados e precarizados.

3. Se o ME mantiver as quotas ou os contingentes o que é que


aconselhas os sindicatos a fazerem?

Uma auscultação rigorosa às bases, com respeito integral pelas


opiniões expressas e alvo de votação maioritária, acompanhada de
uma séria e eficaz pedagogia da luta, capaz de gerar uma nova onda
de mobilização, pois temos muitas e acrescidas razões para
reforçarmos a nossa luta (já agora, convém não esquecer os temas
que andam “adormecidos” como sejam o modelo de gestão e as
consequências das avaliações de “mérito” do 1º ciclo, bem como as
eventuais penalizações). Nesse contexto de luta, creio que era mais
do que altura para as direcções sindicais perceberem, de uma vez por
todas, a vantagem de serem criadas sinergias e efectivas pontes de
convergência, e unidade na luta, com os movimentos independentes
de professores, não apenas com apertos de mão de cortesia e um
diálogo sem consequências visíveis, mas com atitudes concretas e
significantes. Isto para já não falar no respeito que devem ter pelas
decisões tomadas nos seus próprios órgãos e comissões, como
aconteceu recentemente relativamente à iniciativa de luta que foi
aprovada e agendada para dia 12 de Dezembro (entretanto
abandonada pela direcção do SPGL), e à qual os movimentos
independentes tinham já dado o seu total apoio. Dizer isto não é um
sinal de anti-sindicalismo, como alguns gostam de ver e antever em
todas as nossas posições, mas, pelo contrário, é um facto e um apelo
para outro tipo de “praxis” sindical. Temos a perfeita noção de que
todos não seremos demais para a luta que se avizinha, em condições
cada vez mais difíceis em termos de aceitação e compreensão por
parte da opinião pública e publicada. É por isso que é fundamental
sermos agora ainda mais eficazes, determinados, e certeiros, nas
formas de luta que se vierem a adoptar. É preciso ganhar a luta e
ganhá-la agora, sob o risco de uma desmobilização total. Mas nisto,
como noutras coisas, temo e lamento que a sensibilidade e o
entendimento das direcções sindicais seja outro. A luta, para os
sindicatos, ou para quem os dirige, é sempre, ou quase sempre,
inscrita no tempo longo, numa velha lógica que obedece a rituais de
negociação em rondas sucessivas. E é assim que está bem. Mas eu
pergunto: a bem de quem? Podem falar-me das conquistas sindicais
ao longo dos anos (que reconheço e saúdo, naturalmente) mas volto
a perguntar: é ou não verdade que temos vindo, nos últimos anos, a
assistir a uma degradação constante e progressiva dos nossos
direitos laborais e condições de trabalho? É ou não verdade que se
anunciam medidas ainda mais gravosas para os professores? Como
deveremos então reagir? Com manifestações de 120 mil professores
(ou mesmo 60 mil) que não tenham como consequência imediata a
demissão da equipa ministerial e a inversão das suas políticas? Ou
será que vamos para mais uma nova greve de um dia, forma de luta
que só nos desgasta, por ser pouco ou nada produtiva? Fica a
pergunta e o desabafo.

4. Se o impasse se mantiver, qual deve ser o papel da AR?

O papel da AR? Apetecia-me dar uma resposta provocatória e


responder simplesmente: apresentar e aprovar uma moção de
censura ao governo! Mas… numa resposta mais politicamente
correcta, e percebendo que a provocação acima poderia até ser
contraproducente, diria que a AR (ou deveria antes dizer o PSD?)
poderia agora tentar fazer aquilo que não fez anteriormente, ou seja,
avançar com medidas legislativas corajosas e concretas, a partir de
propostas que já existam no terreno ou possam ainda construir-se,
com vista à resolução dos problemas que afectam a Educação,
conseguindo votações vinculativas que desarmem finalmente a
arrogância e a falta de humildade democrática do governo e seu
mandante. Receio, todavia, que a temática da Educação tenha
esgotado, ou quase esgotado, o seu período de “estado de graça”
junto de alguns partidos da oposição. Isto não significa que não haja
um caminho a percorrer e um trabalho a fazer, junto da AR. Por mim,
nunca desistirei de tentar conseguir mais justiça, junto da casa que é,
e tem de ser, a casa da cidadania e da democracia.

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