1. O Édicto de Caracala é de grande importância, uma vez que, através dele, o
Imperador estende o direito de cidadania a todos os habitantes livres do Império. Num processo lento que começa com a própria formação do Império, é através deste Édicto que se estabelece a igualdade entre os povos conquistados e os romanos conquistadores, contribuindo para a unidade do mundo romano. 2. A concepção de cidadania em Atenas era muito restrita, pois para se ser cidadão havia que se cumprir uma série de requisitos (ter mais de 18 anos, ser do sexo masculino, ter o serviço militar cumprido, ser filho de pai e mãe atenienses...), o que fazia com que apenas um pequeno número de pessoas pudesse ser considerado cidadão. Em contrapartida, a cidadania romana tinha uma concepção mais alargada, pois o direito de cidadania foi progressivamente estendido a todos os habitantes livres do Império. 3. A cidade romana está organizada de forma a apresentar espaços distintos com diferentes funções: cívicos, políticos, de lazer,... O espaço cívico-político por excelência é o fórum, grande praça pública, centro administrativo e religioso. Aí se encontram os principais edifícios da administração, como a Cúria, onde se reuniam os responsáveis pelo governo da cidade, e a Basílica, local de reuniões políticas, comerciais e tribunal público. Na maqueta da cidade de Roma somos confrontados com a existência de vários fóruns – os fóruns imperiais. Isso acontece devido ao facto de os diferentes imperadores construírem em volta do fórum da cidade novas praças, quer para corresponder ao crescimento da população urbana, quer para deixar uma marca de monumentalidade que reflectisse tanto a sua grandeza como a de Roma. Junto aos fóruns eram também construídos mercados e bibliotecas. As cidades dispunham também de outros espaços públicos e construções destinadas ao lazer e bem-estar das populações, o circo, o teatro, o anfiteatro, as termas e os aquedutos, seguindo sempre o modelo da capital do Império – Roma. 4. O sentido pragmático dos romanos reflecte-se nas cidades através das construções monumentais que se destinavam à utilização por parte das populações. Com efeito, os edifícios e outras construções, como os aquedutos, tinham como objectivo principal responder às necessidades dos habitantes das cidades, contribuindo para o seu bem-estar. 5. A aculturação é o processo através do qual um povo se apropria da cultura de outro povo transformando-a na sua própria cultura. Aliás, como se pode constatar no doc. D, foi isso mesmo que acabou por acontecer com os povos da Península Ibérica relativamente à cultura romana. 6. As populações conquistadas pelo Império Romano foram submetidas a vários agentes de romanização como: as cidades e as autoridades locais, com a sua organização administrativa e consequente desenvolvimento da vida urbana; o exército e os colonos romanos que transmitiam a sua própria cultura; o latim como língua oficial do Império; a religião com particular ênfase no culto ao Imperador; o direito romano aplicado em todas as regiões que se encontravam sob domínio imperial; o direito de cidadania, progressivamente alargado a todos os habitantes livres do Império. Esta romanização acabou por provocar profundas alterações no modo de vida das populações conquistadas. Veja-se o exemplo dos povos da Península Ibérica: antes da conquista eram povos rudes, ruralizados, com uma economia muito rudimentar, assente na pastorícia, praticamente sem comércio nem utilização de moeda. Com os romanos, desenvolveu-se a agricultura, assente na produção intensiva de azeite, vinho e trigo em grandes propriedades, bem como a pecuária. As actividades ligadas à indústria sofreram um grande incremento – exploração mineira, tecelagem, cerâmica, conservas (o garum). Esta grande produtividade fez nascer um forte mercado interno, fomentando-se o comércio com o aumento de feiras e mercados e a circulação da moeda. Desenvolvem-se as redes viárias com a construção de estradas e pontes, crescendo as cidades como focos de concentração de população e de prosperidade do território. 7. O mais duradouro legado romano foi o direito, como conjunto de normas pelas quais se rege um povo e um Estado. Os romanos fizeram do direito uma verdadeira ciência, que foi aperfeiçoada e que, ainda hoje, perdura e é actual. Com efeito, os juristas romanos definiram os princípios básicos a que devem obedecer todas as leis, bem como sistematizaram as diferentes áreas da aplicação do direito. Como se pode constatar no documento, o imperador Justiniano preocupou-se em preservar o legado romano em matéria de direito ordenando a compilação de todas as leis existentes, eliminando repetições e contradições, obtendo um código, que ficou por isso com o seu nome, e que sobreviveu no tempo, servindo de base ao Direito ocidental. A esta sobrevivência não foi estranho o papel desempenhado pela Igreja Cristã, responsável pela transmissão do legado político-cultural do período clássico, que o enriqueceu com as suas normas morais.