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1) A zona do euro está patinando entre baixo crescimento e recessão devido às políticas de austeridade.
2) A extrema-direita europeia debate-se entre os impulsos do mercado e as mudanças sociais, procurando bodes expiatórios como imigrantes.
3) O processo de "abstração real" submeteu os cidadãos europeus às angústias da insegurança à medida que o poder financeiro globalizado enfraqueceu os Estados Nacionais.
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A Zona Do Euro Patina Entre o Baixo Crescimento e a Recessão, Por Belluzzo
1) A zona do euro está patinando entre baixo crescimento e recessão devido às políticas de austeridade.
2) A extrema-direita europeia debate-se entre os impulsos do mercado e as mudanças sociais, procurando bodes expiatórios como imigrantes.
3) O processo de "abstração real" submeteu os cidadãos europeus às angústias da insegurança à medida que o poder financeiro globalizado enfraqueceu os Estados Nacionais.
1) A zona do euro está patinando entre baixo crescimento e recessão devido às políticas de austeridade.
2) A extrema-direita europeia debate-se entre os impulsos do mercado e as mudanças sociais, procurando bodes expiatórios como imigrantes.
3) O processo de "abstração real" submeteu os cidadãos europeus às angústias da insegurança à medida que o poder financeiro globalizado enfraqueceu os Estados Nacionais.
A zona do euro patina entre o baixo crescimento e a recesso. Os arautos da
austeridade calam, mas no cedem nem concedem. Incomodados e constrangidos pelos ditames e caprichos dos mercados e de seus poderes, os polticos europeus limitam-se a resmungar protestos, acenar com melhorias que no acontecem ou simplesmente deixam-se arrastar pela fora das coisas. As discusses travadas no mbito da Unio Europeia tm-se limitado, no mbito da esquerda restante, s estratgias de recuo. So tentativas desesperadas de defender as ltimas trincheiras do Estado de Bem-Estar Social, sob o fogo cerrado dos liberais que clamam por polticas de competitividade. direita, os dissidentes mais extremados do establishment no esto, como de hbito, inclinados a perplexidades e sutilezas. A palavra de ordem , como sempre, encontrar os bodes expiatrios: os imigrantes, os costumes, a disseminao de ideias desagregadoras como a legalizao do aborto, a tolerncia com o homossexualismo. A extrema-direita europeia debate-se entre a realidade dos impulsos cosmopolitas do mercado e os incmodos da Grande Revoluo da Indiferena: o movimento dos capitais inquietos entrega-se, sem descanso, aos trabalhos da dissoluo de todos os vnculos territoriais, nacionais, de classe, de grupo, da famlia etc. A Europa sofre, assim, as dores do processo de abstrao real. As condies concretas da vida sucumbem ao comando dos mercados financeiros contemporneos, prdigos em proezas e desastres. Dinheiro que produz dinheiro esse processo em estado puro, adequado a seu conceito, livre da materialidade do mundo em que sobrevivem os cidados comuns atormentados pelo trabalho e pelas durezas do cotidiano. As novas formas financeiras contriburam para aumentar o poder das corporaes internacionalizadas sobre as grandes massas de trabalhadores, permitindo a arbitragem entre as regies e nivelando por baixo a taxa de salrios. As fuses e aquisies acompanharam o deslocamento das empresas que operam em mltiplos mercados. Esse movimento no s garantiu um maior controle dos mercados, mas tambm ampliou o fosso entre o desempenho dos sistemas empresariais globalizados e as economias territoriais submetidas a regras jurdico-polticas dos Estados Nacionais. A abertura dos mercados e o acirramento da concorrncia coexistem com a tendncia ao monoplio e debilitam a fora dos sindicatos e dos trabalhadores autnomos, fazendo periclitar a sobrevivncia dos direitos sociais e econmicos, considerados um obstculo operao das leis de concorrncia. Restringem, portanto, a soberania estatal e impedem que os cidados, no exerccio da poltica democrtica, tenham capacidade de decidir sobre a prpria vida. As reformas realizadas nas ltimas dcadas sob os auspcios da finana cuidaram de transferir os riscos para os indivduos dispersos e desorganizados, ao mesmo tempo que concederam grande empresa o apoio do Estado e de sua fora coletiva para enfrentar a concorrncia globalizada. (Nos tempos de crise, os governos cuidaram de sustar as perdas, que seriam provocadas pela catastrfica desvalorizao da riqueza.) A intensificao da concorrncia entre as empresas, no espao global, no apenas acelerou o processo de concentrao de riqueza e de renda como submeteu os cidados s angstias da insegurana. Os efeitos do acirramento da concorrncia entre empresas e trabalhadores so inequvocos: foram revertidas as tendncias maior igualdade observadas no perodo que vai do fim da Segunda Guerra Mundial at meados dos anos 1970 tanto no interior das classes sociais quanto entre elas. Na era do capitalismo turbinado e financeirizado, os frutos do crescimento concentraram-se nas mos dos detentores de carteiras de ttulos que representam direitos apropriao da renda e da riqueza. Para os demais, perduram a ameaa do desemprego, a crescente insegurana e a precariedade das novas ocupaes, a excluso social. Hanna Arendt, nas Origens do Totalitarismo, abordou as transformaes sociais e polticas na era do capitalismo tardio e da sociedade de massa. A economia dos monoplios promoveu a substituio da empresa individual pela coletivizao da propriedade privada e, ao mesmo tempo, a individualizao do trabalho, engendrada pelas novas modalidades tecnolgicas e organizacionais da grande empresa. A isso juntou-se a converso ao regime salarial das profisses outrora conhecidas como liberais. A operao impessoal das foras econmicas produziu, em simultneo, o declnio do homem pblico e a ascenso do homem massa, cuja principal caracterstica no a brutalidade nem a rudeza, mas o seu isolamento e sua falta de relaes sociais normais.