Analisei detalhadamente os relatórios da IGE relativos ao Agrupamento de
Escolas de Vila Verde (2007), uma região rural com baixo índice da alfabetização, e ao Agrupamento de escolas Mª Alberta Menéres de Mem Martins (2008), da região de Sintra. Em ambos pude constatar um reduzido número de referências ao trabalho da BE e ao seu impacto na escola. No primeiro relatório refere-se a existência de duas bibliotecas nas escolas do 1ºCEB e JI. O Agrupamento analisa a evolução dos resultados escolares dos alunos, comparando as taxas de insucesso em LP e Matemática na escola com os resultados nos exames do 9ºano. A articulação entre os diversos ciclos de ensino é deficitária havendo intenção de melhorar, embora se realizem reuniões conjuntas não especificando o seu teor. A “articulação e a sequencialidade são ténues”. São referidas parcerias existentes ou a estabelecer (aqui não há referência à BE); a parceria com a Biblioteca Municipal e a indicação de que a biblioteca está integrada na RBE são informações que só aparecem mais à frente, no documento. A dado momento, a “lógica de gestão centradas na igualdade de oportunidades no acesso às mesmas condições de aprendizagem para todos”poderá ser uma referência indirecta à BE. A prática da auto-avaliação surge como instrumento de auto-regulação, não se falando de qualquer prática avaliativa do trabalho desenvolvido pela biblioteca. Relativamente aos comportamentos cívicos e à responsabilização refere-se que “os alunos mais velhos se responsabilizam pela orientação dos mais novos na escola”, o que poderia acontecer na utilização da BE, mas não é estabelecida qualquer relação. Na valorização e impacto das aprendizagens a “criação de 3 bibliotecas no 1º CEB e a utilização das TIC” são entendidas como medidas positivas. A necessidade de imprimir uma outra dinâmica à requisição e rentabilização dos recursos existentes na biblioteca municipal é encarada como urgente. O Agrupamento participa em diversos projectos, entre os quais a Rede de Bibliotecas Escolares, como já foi referido. No ponto relativo à diferenciação e apoios salienta-se o PNL e a dinamização das bibliotecas. Os Pais e Encarregados de Educação são apresentados como participantes na definição de planos de acção apesar de se envolverem pouco nas actividades da escola. As medidas promotoras do sucesso escolar que são indicadas nada concretizam em relação à BE.
No segundo relatório sobre o qual me debrucei e que analisa o trabalho
desenvolvido no Agrupamento de escolas Mª Alberta Meneres de Mem Martins (2008) a articulação entre departamentos e sectores de ensino, a troca de experiências e de materiais entre docentes são práticas habituais. A auto-avaliação faz parte dessas práticas e certamente também da biblioteca, apesar de não haver referências relativas à BE.O Agrupamento organiza-se promovendo a rentabilização de recursos materiais e humanos. Neste Agrupamento existe a capacidade de inovar, a todos os níveis de funcionamento da escola, “desde o funcionamento organizativo até à dimensão pedagógica”. Como medidas promotoras do sucesso dos alunos referem-se as actividades do PNL e do Plano da Matemática, após a reflexão sobre os progressos verificados nos resultados escolares dos alunos. Além do cartão do aluno, existe um cartão da BE que identifica os elementos desta comunidade escolar. Com o intuito de formar cidadãos responsáveis e que valorizam as aprendizagens ao longo da vida, há projectos do Agrupamento que se cruzam com a actividade da BE, nomeadamente os já referidos PNL e Plano da Matemática O PCA está estruturado e “inclui o projecto de dinamização da biblioteca da EB1”. As duas bibliotecas são referidas como” espaços muito dinâmicos onde decorrem muitas actividades articuladas com o currículo e com a comunidade”, “integram a rede de bibliotecas escolares”, os alunos podem utilizar computadores e participar em actividades do PNL e do PAM. Há articulação/parcerias com outras Bibliotecas. A auto-avaliação é uma necessidade sentida por todos, estando o Agrupamento a implementar “uma estratégia de melhoria em que todos se envolvem”e certamente a BE também.
Também nos relatórios da IGE se valoriza pouco o trabalho desenvolvido pelas
Bibliotecas Escolares, a importância da equipa e do seu Coordenador e o apoio dado aos alunos e professores. Acredito que seja por ainda não ter havido uma sensibilização forte para a importância da BE nas escolas mas, com o envolvimento de todos, este cenário vai mudar.