Vous êtes sur la page 1sur 4

COMENTÁRIO

O Modelo de Auto-Avaliação. Problemáticas e conceitos implicados

por
Elísio Gala
RESUMO
Os textos em análise1 centram-nos na necessidade de mudança de percepção. Própria e pessoal
(como nos olhamos), e alheia (como os outros nos olham). Da troca de olhares resultará: uma visão
e um modo de a aplicar; uma estratégia marcada pela flexibilidade das conexões caracterizadoras
de uma organização (a sua “sistemática” – inputs, processos e outputs – a sua “analítica” – análise e
planificação – e o modo como implementa e documenta os outputs); e por fim, a necessidade de
comunicar de modo contínuo. É da pesquisa baseada em evidências sobre o papel do professor-
bibliotecário que poderá resultar uma prática informada que permita o trânsito da literacia da
informação para a construção do conhecimento. A prática baseada nas evidências é não só uma
questão de justiça social e um imperativo ético, é sobretudo matéria que interessa ao sobreviver, ou
melhor, ao pleno viver dos estudantes. A centralidade do papel do professor-bibliotecário nas
escolas e nas comunidades onde estas se inserem há-de resultar pois, quer daquelas evidências, quer
de uma percepção criativa e por isso mesmo futurante. Percepção que garanta aos professores e
sobretudo aos estudantes, capacidades de conhecimento para a vida e oportunidades de
aprendizagem que construam sentido.

COMENTÁRIO
- Está um belo dia no bairro! – disse a Coruja.
- Aqui também está um belo dia! – respondeu Por que razão, incluir esta citação de
Winnie the Pooh. Winnie the Pooh, num trabalho sobre
- É exactamente isso que eu estou a dizer: está um
belo dia no bairro! – insistiu a Coruja. problemáticas e conceitos implicados no
- Mas de que bairro é que estás a falar? – modelo de auto-avaliação? Porque nos
perguntou Winnie.
- Do nosso bairro, é claro! – respondeu a Coruja. – parece primeiro que tudo, que nela se
Do sítio agradável onde nós e os nossos vizinhos contém de modo imaginativo, alguns dos
moramos.
- Ah! – disse Winnie. – Está mesmo um lindo dia no tópicos estruturantes deste trabalho, quais
bairro, não achas? sejam: a necessidade de conhecimento da
- Sem dúvida! – respondeu a Coruja. – Vou dar
uma vista de olhos pelas redondezas. nossa realidade (a micro-pesquisa2); a
Levantou voo, fazendo um círculo por cima da casa necessidade de visão do todo da Coruja
de Winnie.
- Que tal é a vista aí de cima? – perguntou Winnie. (a macro-pesquisa3); a “troca” de visões
- Consigo ver o Bosque dos Cem Acres todo – ou pontos de vista; a “boa vizinhança” -
respondeu a Coruja. - É mesmo um sítio lindo!
Depois da Coruja se afastar, Winnie ficou a pensar inserção na comunidade; a importância
no que significava viver num bairro e lembrou-se de ir do “Cantinho dos Pensamentos” - o ciclo
oferecer um presente de boa vizinhança a Piglet.
Tirou um pote de mel do armário e atou-lhe um da sustentabilidade de qualquer
lindo laço azul.
Colocou o pote debaixo do braço e seguiu o
profissão: pesquisa-prática-pesquisa4 e a
caminho em direcção à casa do Piglet. Mas, quando reflexão que em todos os momentos o
chegou ao seu Cantinho dos Pensamentos, teve uma
ideia: «Eu posso ir por este caminho directo à casa do
deve garantir5; o Princípio da Incerteza
Piglet, ou posso ir por ali e dar a volta a toda a de Kuhlthau, comum nos estádios iniciais
vizinhança. E acabarei na mesma por ir à casa do de qualquer Processo de Pesquisa de
Piglet.» E assim fez.
O Bairro de Winnie the Pooh Informação, como se patenteia nos

1
Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job” (TMW), School Library Journal. 9/1/2002; Todd, Ross
(2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based practice” (SLT). 68th IFLA Council and General Conference August;
Todd, Ross (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians” School Library Journal. 4/1/2008; Gabinete da Rede de Bibliotecas
Escolares. Modelo de Auto-Avaliação.
2
Ross Todd define-a como estudos que procuram identificar e compreender as dinâmicas específicas de envolvimento e uso dos indivíduos com a
informação nos seus diversos modos, dentro e fora da aula. (SLT), pp. 2-3.
3
Ross Todd define-a como sendo estudos de larga escala com grandes amostras, focada na mais vasta relação de múltiplas dimensões das bibliotecas
com os resultados das aprendizagens. (SLT), pp. 2-3.
4
Ross Todd. (SLT), p. 2.
5
Ross Todd. (SLT), p. 4. O autor chega a afirmar serem de “vistas curtas” todos quantos na profissão de professor-bibliotecário não estejam dispostos
a aprender com os avanços do conhecimento obtidos mediante a pesquisa.
possíveis caminhos a seguir por Winnie the Pooh.6
O que é certo é que o Pooh, com o seu pote de mel, fez-se ao caminho – dando-se uma missão –
encontrando amigos, fazendo-lhes favores. Sem se dar conta disso, o pote de mel foi-se esvaziando.
Foi a tristeza do burro Igor, que fez Winnie sentir-se na obrigação de lhe oferecer uma grande
lambidela de mel. Mas eis que… o pote estava vazio… e muito triste, partiu, pensando como é que
havia de dizer ao amigo que já não tinha um presente de boa vizinhança para lhe dar. Eis senão
quando, vendo a velha amiga Coruja lá no alto, lhe contou o sucedido. A Coruja prontificou-se a
levá-lo a uma árvore onde havia muita actividade de abelhas. Lá chegado Pooh subiu, encheu o seu
pote de mel e trepando ainda mais viu a seus pés se estendia o bosque maravilhoso, o Bosque dos
Cem Acres.
Nesta colaboração com a Coruja, ascensão à árvore e visão do todo estão por assim dizer
contidas, de modo figurado, as três crenças fundamentais e centrais sobre a criação e funcionamento
das bibliotecas nas escolas como definidas pelas Directrizes da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas
Escolares7: o fornecimento de informação pode fazer a diferença para as vidas e bem-estar das
pessoas – veja-se o caso de Winnie the Pooh; tal não sucede por acaso, mas decorre de os
professores bibliotecários se manterem actualizados em termos profissionais – tal como a Coruja;
quando os professores bibliotecários e os professores trabalham juntos, os estudantes alcançam
melhores capacidades de literacia, leitura, aprendizagem, solução de problemas, bem como de
informação e de tecnologias de informação – é esse o significado da visão do todo, obtida por
Pooh.8

Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares


Que tem o modelo de avaliação das bibliotecas escolares a ver com esta história? Bem, o Modelo
de Avaliação é por assim dizer, a árvore a que temos de subir para ter a visão do todo – o nosso
Bosque dos Cem Acres – onde enquanto professores bibliotecários nos inserimos. Com a subida à
árvore conseguimos obter:
- o mel das muitas abelhas (a experiência e benefícios que dela se podem retirar; os resultados
que contribuem de facto para a prossecução dos objectivos da escola; a multiplicidade de estudos –
as muitas abelhas – sobre o impacto das bibliotecas escolares na melhoria dos resultados
académicos.9 Quanto a este aspecto, em particular no que se refere à melhoria das capacidades dos
estudantes para se ligarem, interagirem e fazerem uso de informação de modo a construir um
entendimento pessoal, Ross Todd identifica três considerações relevantes sobre os efeitos do
trabalho sistemático e explícito nessas áreas: há uma clara melhoria do desempenho em termos de
domínio pessoal dos conteúdos; há percepções mais positivas dos estudantes para com a
aprendizagem e seu ambiente, bem como para consigo mesmos enquanto construtores de
aprendizagem; os programas de leitura activa promovidos pela biblioteca escolar, podem
“alimentar” níveis mais elevados de leitura, compreensão, desenvolvimento vocabular e
competências linguísticas10);
- a consciência auto-crítica e reflexiva (auto-avaliação encarada como processo pedagógico e
regulador traduzido na melhoria contínua das BE, pela identificação dos pontos fracos e fortes. Uma
tal consciência adquire-se também e sobretudo com a consulta, análise, organização, síntese e
avaliação de informação sobre estudos e pesquisas e a sua aplicação prática aos contextos
profissionais.11 É neste contexto que ganha relevância o estudo longitudinal (1991, 1993, 1994,
1999) levado a cabo por Kuhlthau sobre a natureza e dinâmica da investigação da aprendizagem
centrada no processo de pesquisa de informação. Ao tornar disponível e utilizável toda a
informação disponibilizada por uma escola, as bibliotecas escolares permitem aos estudantes a
construção do seu próprio entendimento e o desenvolver das suas próprias ideias) 12;
- a visão e a estratégia (a visão é a essência da liderança e de facto quem se manifesta na história
de Pooh como potencialmente líder é a Coruja. O tipo de visão de Pooh é estésico, emotivo, mas
ainda assim contém em si as luzes de que se sustenta o conceito forte de visão).
6
Ross Todd. (SLT), pp. 5-6.
7
http://www.ifla.org/VII/s11/pubs/school-guidelines.htm
8
Ross Todd. (SLT), pp. 1-2.
9
Ross Todd. (SLT), p. 3.
10
Ross Todd. (SLT), pp. 3-4.
11
Ross Todd. (SLT), pp. 4-5.
12
Ross Todd. (SLT), p. 6-8.
Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos
No âmago da avaliação de uma biblioteca escolar – em termos estruturais e funcionais – bem
como na avaliação da adequação ou não dos processos e práticas a usar e constrangimentos
existentes, no âmago desta avaliação, insisto, está uma interrogação: como posso ajudar os meus
estudantes a melhorar a qualidade da sua aprendizagem?
O facto de o professor-bibliotecário estar pessoalmente comprometido em assegurar o
desenvolvimento e a implementação das melhores práticas para os mais excelentes fins, implica que
ele desenvolva e prossiga, uma missão, uma visão e os valores necessários para sustentar a longo
prazo, o sucesso da sua biblioteca escolar, através de acções e comportamentos adequados. A isso
se chama liderança. Mas sobre a liderança falaremos mais adiante, quando nos referirmos às
competências do professor-bibliotecário. Tratemos agora da missão, da visão e dos valores.
A missão implica: uma definição (a razão da existência da biblioteca escolar e o seu papel
fundamental; o que a biblioteca escolar faz, por exemplo, para garantir que os estudantes sabem
fazer efectivo uso das ideias e da informação13; o objecto ou âmbito da sua actividade,
nomeadamente através das suas contribuições mais importantes para a educação dos estudantes); e
um enunciado que desenvolva com maior amplidão, mas ainda assim espírito de síntese a razão de
ser da existência da biblioteca escolar.
A visão é o conjunto de intenções e ideias sobre o que se pretende atingir no futuro, tem como
que “valor de destino”. Mas a visão carece de um rumo, isto é, de uma estratégia, daquilo que se
vai pôr em prática para alcançar essa visão (no caso da nossa história, a força muscular aplicada por
Pooh para subir à árvore, o cuidado em não deixar cair o pote de mel e em contornar as ferroadas
das abelhas, implicam estratégia).
Os valores, são as regras que modelam os comportamentos considerados correctos pela
organização. No caso da biblioteca escolar consideraríamos: a plena satisfação das necessidades e
expectativas da comunidade educativa, bem como a maximização das expectativas decorrentes; o
trabalho em equipa internamente e em parceria com os demais elementos da comunidade educativa
ou outras entidades relevantes. Um dos constrangimentos é o de vencer as dificuldades no trabalho
colaborativo entre professores bibliotecários e os demais professores; a melhoria contínua do nosso
desempenho; o mais absoluto respeito pelos interesses da comunidade em que os inserimos.
Se a missão, a visão e os valores são os pilares sem os quais a organização biblioteca escolar não
se sustenta, a estratégia é como que o coração, a alma dos pilares que sustentam a biblioteca escolar.
O planeamento estratégico implica sempre a focalização em três aspectos:
1 - uma abordagem sistémica (centrada sobretudo nos resultados – outputs – benefícios que os
programas das bibliotecas proporcionam aos estudantes e não tanto nos seus – inputs – e processos);
2 - análise e planeamento contínuos (partindo do que existe para o que se deseja, de objectivos
específicos para gerais);
3 - implementação e documentação de outputs (em particular sobre instrução em literacia, em
capacidade de leitura e gestão de informação).14
A estratégia, respeitando a missão e os valores, define o pensamento e o planeamento que se
hão-de tornar o caminho para alcançar a visão. Exemplos: definindo o programa, as grandes linhas
de rumo e os temas ou áreas em que se focalizará o esforço da biblioteca escolar; assumindo uma
atitude positiva; envolvendo-se o professor bibliotecário nas iniciativas, preocupações e prioridades
da escola; envolvendo outros nas tomadas de decisão (criação por exemplo de um comité consultivo
da biblioteca).

Integração/aplicação à realidade da escola


É neste contexto que surgem as interrogações motrizes: como assegurar que os estudantes
adquiram capacidades informativas essenciais? Como colaborar com os professores de modo a
prover oportunidades de aprendizagem com sentido? Como garantir o papel central dos professores

13
Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”. É aqui que entra a importância das evidências de modo a
permitir ao professor bibliotecário provar que faz a diferença. O artigo de Todd, Ross (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians”
School Library Journal. 4/1/2008, mostra de modo simplificado os múltiplos tipos de evidência existentes, qual a sua importância para os professores
bibliotecários, as questões centrais, o ênfase nos resultados, os resultados e os padrões nacionais, desafios levantados pelo conceito de evidence-
based, e as muito interessantes e sobretudo úteis, listas do que fazer.
14
Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”.
bibliotecários na nossa escola?
Os programas de literacia da informação bem sucedidos, são aqueles que definem expectativas
claras, objectivos adaptáveis, prazos realistas e que recolhem de modo sistemático as reacções
significativas dos estudantes e professores, sobre os impactos na aprendizagem. Os melhores
programas de literacia são em suma, os que tem no seu âmago uma pedagogia da construção do
conhecimento e da aprendizagem mediante a investigação.
Para isso, e para além de muito do que já foi atrás referido, importa informar sempre que
possível a comunidade escolar, por todos os meios possíveis – de modo escrito, verbal e por
comunicação electrónica – da missão da biblioteca escolar. A necessidade de estreita colaboração
com o coordenador do plano tecnológico na escola é pois, igualmente crucial.
Ao fazer uso da melhor pesquisa para tomar decisões e ao tornar tangível e mensurável o
impacto dessas decisões na vida de uma comunidade escolar, estamos a caracterizar as duas
fundamentais dimensões da prática baseada nas evidências. Assim se poderá possibilitar a
maximização das práticas de aprendizagem dos alunos e garantir a relevância do contributo da
biblioteca escolar para os “resultados” dos alunos, de modo a que a comunidade um dia possa vir a
dizer “precisamos da biblioteca, precisamos mais do que ele nos dá.”15

Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na sua aplicação


LIDERANÇA
O professor bibliotecário deve ser um líder. Um líder é mais do que um gestor, pelo menos é o
que podemos retirar da análise das múltiplas dimensões de liderança apresentadas por Ross Todd.
Ao terminar o seu artigo com a afirmação “The beginning, as you will observe, is in your
imagination”, estabeleceu com clareza tal distinção. De facto, ao invés do gestor que faz as coisas
bem, se foca no presente, procurando a ordem, restringindo os riscos e apelando mais à razão do
que à emoção, o líder define-se ao invés, por fazer o que é certo, focando-se no futuro, potenciando
as mudanças, assumindo riscos e apelando em simultâneo à razão e à emoção.16
CLAREZA
Os professores-bibliotecários devem ser claros quanto ao esclarecimento de qual é a força motriz
para o desempenho das suas funções nas escolas. Mais do que apenas ensinar os estudantes a fazer,
a dominar um conjunto de competências informativas, o seu papel principal é o de ensinar os
estudantes a desenvolverem e usarem o conhecimento humano, a construírem o entendimento e o
sentido. Esta é que é a verdadeira aprendizagem.
PRÁTICA
A construção e desenvolvimento de iniciativas de aprendizagem centradas na literacia da
informação, traduzem-se no prover as melhores condições e oportunidades de modo a que os
estudantes construam as suas vidas com sentido, de modo construtivo e autónomo.
Uma das competências do professor-bibliotecário é a de aplicar nas suas metodologias o
Processo de Pesquisa de Informação assente numa interacção holística na busca e uso da
informação. Trata-se da interacção de dimensões cognitivas, comportamentais e afectivas, mais do
que apenas o exercício de uma actividade intelectual. Segundo a pesquisa desenvolvida por
Kuhlthau, a inspiradora de um tal processo, os estádios envolvidos no mesmo – Iniciação, Selecção,
Exploração, Formulação, Colecção, Apresentação e Avaliação – são fundamentais, críticos, na
construção do processo do conhecimento, não bastando aos estudantes, para um efectivo e
substancial acréscimo de conhecimento com sentido e pessoal, a mera manipulação e transporte da
informação disponível para os seus produtos finais.17

CONCLUSÃO
Se Winnie the Pooh fosse um professor bibliotecário seria inteligente da parte dele não dispensar
os conselhos da sábia Coruja…

15
Ross Todd. (SLT), p. 7.
16
Ross Todd. (SLT), pp. 8-9
17
Ross Todd. (SLT), pp. 5-6.

Vous aimerez peut-être aussi