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O documento discute três temas transversais sobre a relação entre educação e informática: 1) a necessidade de evitar o ceticismo total ou a empolgação excessiva com as possibilidades do computador no ensino; 2) a importância do planejamento didático-pedagógico para a inserção da informática na escola; 3) como o uso do computador no ensino pode promover uma rediscussão crítica das práticas pedagógicas tradicionais.
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Educação e Informática - temas transversais e uma proposta de implementação.doc
O documento discute três temas transversais sobre a relação entre educação e informática: 1) a necessidade de evitar o ceticismo total ou a empolgação excessiva com as possibilidades do computador no ensino; 2) a importância do planejamento didático-pedagógico para a inserção da informática na escola; 3) como o uso do computador no ensino pode promover uma rediscussão crítica das práticas pedagógicas tradicionais.
O documento discute três temas transversais sobre a relação entre educação e informática: 1) a necessidade de evitar o ceticismo total ou a empolgação excessiva com as possibilidades do computador no ensino; 2) a importância do planejamento didático-pedagógico para a inserção da informática na escola; 3) como o uso do computador no ensino pode promover uma rediscussão crítica das práticas pedagógicas tradicionais.
Educao e informtica: temas transversais e uma proposta de implementao
Srgio Augusto Freire de Souza Professor do Departamento de Lnguas e Literaturas Estrangeiras da Universidade Federal do Amazonas, Mestre em Letras e Doutorando em Lingstica na Universidade Estadual de Campinas -UNCAMP! ! "ntroduo Durante a realizao de um curso de especializao em "eorias da Educao e Prtica Docente, em #ue ministramos a disciplina nformtica e Educao, alguns temas se nos manifestaram recorrentes! Discusses vin$am e iam e l estvamos ns, professor e alunos, retomando, reavaliando, rediscutindo assuntos % discutidos! "ais assuntos ou temas, nos parece, configuram-se como itens &asilares para #ual#uer discusso #ue envolva a inter-relao computador-ensino! Encontram-se eles no campo de uma filosofia da informtica educacional, elementos norteadores #ue so de um modus operandi, #ue, como #uais#uer diretrizes, devem ser entendidos e &em esta&elecidos para mel$or funcionamento do processo! Este artigo visa resgatar esses temas - #ue c$amamos de transversais, em um emprstimo ao rtulo utilizado pelos Parmetros Curriculares, do MEC - e apresent-los como portos de origem e de passagem para maiores refle'es so&re a ligao computador-ensino! (o temas #ue podem e devem ser mais &em tra&al$ados por a#ueles #ue se in#uietam com esse novo paradigma educacional! Mais do #ue respostas, so #uestes a serem mais &em e'ploradas! Por fim, apresentamos uma proposta de tra&al$o para os grupos de professores ou administradores #ue pretendam implementar a informtica na escola! "al proposta, como ser visto mais tarde, no conclusiva e deve ser tra&al$ada em consonncia com uma prvia anlise de necessidades da escola o&%eto da implementao!
2! #emas 2$! Ceticismo e empolgao: e%tremos perigosos ) dois grupos &em definidos em relevncia sempre #ue uma inovao surge no $orizonte educacional* os adesistas e os catastrficos! + mesmo acontece com o computador no ensino! En#uanto os primeiros caem na iluso da panacia, os ltimos comeam a lamentar o iminente apocalipse! Como educadores, devemos &uscar tudo a#uilo #ue ven$a concorrer para um aprendizado mais eficaz! Devemos, portanto, estar atentos s possi&ilidades e a seus prs e contras! Como agentes do processo ensino-aprendizagem, devemos &uscar atingir um ponto de e#uil&rio, #ue no permita #ue a &alana penda nem para c, nem para l! Com tal pressuposto, devemos evitar ol$ar o computador, e tudo #ue ele representa nesse conte'to, como um deus ou um demnio! Esse mani#uesmo pedaggico leva a um s resultado* m utilizao da#uilo #ue pode vir a acrescentar, e muito, ao processo! como afirmamos em outro tra&al$o* preciso sair das amarras do senso comum e analisar vrios aspectos de forma cientfica e controlada, livres de preconceitos e pr-juzos que podem levar a prejuzos srios, fugindo dos extremos perigosos do computador-deus ou do computador-demnio. Subestimar ou hipervalorizar as caractersticas do computador j meio caminho andado para o fracasso do computador como auxiliar de ensino. (Souza, 199! Portanto, o primeiro ponto a ser pacificado o de e#uil&rio! Nem ceticismo total, nem empolgao o&literante do possvel! gnorar a e'istncia do computador como elemento potencialmente rico para o ensino to grave #uanto crer #ue ele resolver todos os pro&lemas de nosso sistema educacional! preciso avaliar e plane%ar! sso nos leva a nosso segundo tema* a necessidade de plane%ar!
2$2! &lane'amento: uma constante em Educao Lidando com educao sistemtica, somos sa&edores da importncia do plane%amento em todas as etapas do processo ensino-aprendizagem! Uma aula no plane%ada ou um curso sem um curso definido podem at resultar, incidentalmente, em aprendizagem! Mas essa a e'ceo regra! Como em #ual#uer outra atividade, a utilizao do computador no ensino re#uer preparao e plane%amento prvios, so& o risco de nos distanciarmos do o&%etivo definido! Esse plane%amento a #ue nos referimos de duas ordens* uma macro e uma micro! Na ordem do macro, referimo-nos insero da informtica dentro da estrutura e organizao institucional da escola, em consonncia com a filosofia educacional vigente! preciso #ue a escola ,entenda-se todos os envolvidos no fazer escola- defina o papel #ue #uer ver desempen$ado pela informtica! a#ui #ue se define, a partir das necessidades, se se dese%a prioritariamente o ensino de informtica ou o ensino pela informtica! Na ordem do micro, #ue posterior macro, o professor deve decidir, a partir do % definido em termos de filosofia de a&ordagem pela escola, #ue tipo de relao #uer propiciar entre sua disciplina, seus alunos e ele mesmo! + uso do computador na sala de aula no uma tarefa de guerril$a pedaggica, #ue surge do nada, de forma indisciplinada! Deve seguir toda uma se#ncia de infraestrutura tcnica e pedaggica, so&re a #ual discorreremos mais adiante! Comprar os mais modernos computadores e montar carssimos la&oratrios de informtica sem antes passar por essa discusso construir castelo em areia! + uso da informtica em educao no significa a soma de informtica e educao, mas a integrao dessas duas reas! Acreditar #ue o computador por si s revolucionar a educao , como % tivemos oportunidade de afirmar, uma falcia #ue s contri&ui para o atraso na implementao eficiente desse recurso no ensino* "o #rasil, nos casos em que o computador usado na escola, ele na grande maioria das vezes usado como instrumento. $em-se, ento, a crena de que a mera compra de computadores trar melhorias qualitativas ao ensino. %emonstra-se atravs dessa viso a importncia dada ao instrumento no processo ensino- aprendizagem. &creditamos que essa importncia exagerada seja um erro, pois, ao priorizar o instrumento, deixa-se de lado outros aspectos mais importantes da questo, como os aspectos cognitivos relacionados queles que sero os usurios finais' os alunos. claro que a tecnologia em si importante, mas esta deve vir acompanhada de avaliaes do contexto em que ser inserida' em que mudar o processo( )omo ir mud-lo( *ual as implicaes para o processo ensino-aprendizagem( So todas questes que devem ser muito bem avaliadas antes de se partir para projetos faranicos que no apresentem eventualmente benefcio significativo algum. +ortanto, crer que a informtica, por si s, ir trazer uma revoluo educao o primeiro pressuposto falacioso. , computador no , e nem deve ser, por si s, a panacia educacional. (Souza, op.cit.! Enfim, preparar e preparar-se fundamental e sine #ua non! E preparar envolve refletir! E refletir so&re a prtica dever da#uele #ue se diz educador! Esse um dos grandes pontos positivos advindos da discusso so&re computador e ensino* a rediscusso de nossas prticas!
2$(! Computador e o%igenao pedaggica: revendo as prticas .uando comeamos a discutir o computador como novo elemento no processo, c$egamos inevitavelmente ao terceiro tema transversal* a rediscusso de nossas prticas! Almeida ,/011- nos coloca, falando so&re a informtica na escola* -& informtica. levanta questes a todos os setores da /ducao, faz refletir sobre cada meandro, mesmo os mais esquecidos, exige competncia nas vrias dimenses pedaggicas, traz tona carncias e evidencia as incoerncias educacionais. 0uitas das questes, que estavam adormecidas, embaladas pelo descuido das autoridades governamentais, reanimam-se, graas ao ingresso desta mquina binria pelos portes das escolas. -So. questes que tm oxigenado, e em muito, o ambiente educacional escolar. Almeida ,op!cit!- vai mais alm, numa afirmao #ue define como provocativa, #uando diz #ue 2o computador aplicado aprendizagem promete muito e cumpre pouco2! E, do ponto de vista do ensino, 2promete pouco e cumpre muito2! Nos parece #ue esse autor toca em um ponto nevrlgico #uando se fala em informtica e educao, e nele &e&emos para em&asar o tema transversal o&%eto desta seo* a o'igenao pedaggica! Apesar de Almeida no discorrer so&re a afirmao a respeito do computador e aprendizagem, acreditamos estar ele referindo-se ao fato de os instrumentos disponveis para a eficaz utilizao do computador na aprendizagem ,como soft3are, por e'emplo- no estarem sendo ainda &em e ade#uadamente utilizados! At por falta de e'perincia e mesmo de disponi&ilidade! ) um potencial muito grande a ser e'plorado, mas #ue no tem sido! Da prometer muito e cumprir pouco! .uanto ao ensino, ao prometer pouco e cumprir muito, reproduzimos o dizer claro de Almeida ,idem-* 1 uma mentalidade difusa nos meios educacionais que encara a tecnologia avanada como fora para resolver os problemas escolares. "a verdade, as dimenses basilares que definem a qualidade e a direo da /ducao encontram-se na formao do professor, nas condies de trabalho que lhe so dadas e nas condies dadas ao aluno no nvel econmico e cultural e na filosofia educacional da escola. *ualquer tecnologia intervm num quadro j dado, realando as caractersticas definidas pela poltica hegemnica. "o entanto, esta afirmao indica a tendncia desta relao entre informtica e /ducao ou entre educao e tecnologia em geral. /ste quadro tendencial mas contraditrio. medida que a tecnologia se difunde, tende contraditoriamente a gerar a crtica ao modelo poltico que caracteriza a /ducao. +or que gera a crtica( +orque levanta questes fundamentais nas quatro dimenses apontadas (social- econmica, poltico-cultural, ideolgica e pedaggica!. / ainda porque revela, de forma muito ntida, as contradies de um sistema injusto e gerador de desigualdades como o nosso sistema escolar brasileiro. +ensar nessas questes j importante e tem feito retornar o brilho aos olhos dos educadores que sentem que podem retomar sua importncia e seu papel social. , que se tem visto so milhares de professores escreverem em seu domnio de contedo perante a provocao dos computadores. , portanto, nesse momento #ue a relao entre informtica educacional, a capacidade pedaggica e compromisso poltico por parte do professor se cruzam, se determinam e se inter-relacionam! (e a discusso so&re a informtica educacional encerrasse a#ui % sairamos vencedores por revisitar nossas prticas, muitas vezes adormecidas em amarelados planos de aula! A crtica ao modelo, a #ue se refere o autor citado, mais #ue &em vinda sempre! Como a autocrtica tam&m o ! Alguns professores tm medo da c$egada do computador! Na verdade, cremos #ue tal medo um medo de ol$ar para dentro, de sacudir a poeira e viver o dinamismo #ue a profisso re#uer! E a#ui fazemos a ponte para o #uarto tema o&rigatrio na relao informtica-escola* o professor vs! computador!
2$4! ) professor su*stitudo pelo computador: uma falcia Como argumento de resistncia reviso de suas prprias prticas, alguns professores racionalizam argumentando #ue o computador aumentar o desemprego, su&stituindo paulatinamente os profissionais da educao, como % fez em outros setores! Primeiramente, $ uma falsa analogia #uando se compara o professor e seu papel dentro do processo educacional e um, digamos, &ancrio e seu papel em um sistema &ancrio! No #ueremos a#ui entrar em uma discusso so&re impactos sociais da informtica! No ca&e a#ui! ) &ons livros so&re o assunto,/- ! Mas so dimenses e atividades diferentes, $ de ser enfatizado! Alm do mais, nosso e'emplo generalizante, pois assim como $ funes no sistema &ancrio #ue no podem ser desempen$adas pelo computador, $ funes no sistema educacional em #ue ele faria mais &onito #ue muitas pessoas! Almeida e Mercado ,/004- so&re o assunto* & substituio do professor pelo computador est intimamente relacionada com a substituio do professor pela mquina. , computador usado como meio instrucional no torna dispensvel o professor, e sim o liberta de tarefas rotineiras e burocrticas, dando mais tempo para o ensino e aprofundamento dos contedos. , professor (...! jamais ser substitudo pela mquina, pelo simples fato desta ser programada e o professor no. Alis, tal su&stituio impossvel, pois entra na aprendizagem grande parte de su&%etividade e intuio! Ensinar unir intuio e conceito* #ual#uer um dos dois sem o outro puro vazio! "razemos, de outro tra&al$o, mais su&sdios idia* +or mais que esse medo, essa sndrome dos 2etsons, na qual a mquina foge ao controle do homem, seja difundida, est muito longe ainda o dia, a despeito dos avanos em inteligncia artificial, em que esses 3crebros eletrnicos3 iro rivalizar com o crebro humano. , prprio crebro humano ainda um grande mistrio para a cincia. 1oje o computador capaz de dizer quantas palavras h em 3%om )asmurro3, mas incapaz de dizer se o livro ou no uma obra-prima. capaz de dizer que sua frase est gramaticalmente correta, mas incapaz de dizer se uma ironia, uma metfora. (Souza, idem! Mais* o professor pode desviar-se da rota programada para uma outra no programada #ue se apresente mais eficaz! + computador, no! Uma coisa se d, cada vez mais, como certa* o professor tem #ue estar preparado para a inevitvel pergunta* tem na nternet5 6oltamos ao tema preparao e plane%amento! Mas o professor no deve temer o computador! Almeida ,i&idem- opina* +ara o professor sem bagagem pedaggica e carente de conhecimentos do seu contedo especfico, o emprego do computador acelera suas falhas e pe a nu suas incoerncias. +or outro lado, para o professor de slidos conhecimentos e experincia no nvel didtico e de contedo, o computador otimiza a produo. Seu uso vai provocar o crescimento e aprofundamento deste profissional. %e minha experincia, ainda que parcial, detectei tais princpios, que fornecem a noo de que esta mquina no boa ou m para ensinar, mas sim, um instrumento para acelerar as qualidades boas ou ms do docente e de dada estrutura escolar educacional. Enfim, ao professor #ue teme ser su&stitudo pelo computador restam duas alternativas* unir- se a ele e otimizar seu ensino ou render-se e ser su&stitudo por ele, com merecimento e sem d!
2$+! ,ard-are. Soft-are e &eople-are: trade a ser providenciada Costumamos dizer #ue informtica educacional se faz com trs elementos &sicos* $ard3are ,as m#uinas-, soft3are ,os programas- e people3are ,as pessoas envolvidas-, cada #ual com sua importncia e todos devendo estar inescusavelmente cali&rados! Uma escola com computadores ultrapassados pouco tem a fazer, pois no rodariam os mais modernos programas, operados pelo mais &em #ualificado pessoal7 Um super la&oratrio, com &ons programas, mas com agentes mal #ualificados mais temerrio do #ue til ao ensino! + professor preparado elemento essencial7 Este mesmo super la&oratrio, com pessoal preparado, mas sem programas ade#uados igualmente intil! Portanto, esses trs elementos no podem passar imperce&idos a #uem de dever interessar tra&al$ar com informtica educacional! +s computadores devem ser o #ue de mel$or os recursos financeiros permitirem, pois a o&solescncia nessa rea notria e clere! Mas possvel c$egar no dese%vel! +s professores e agentes educacionais devem ser #ualificados seguindo uma ordem mais ou menos dese%vel ,ver a seguir no item 8-, o #ue no difcil! Porm os programas educacionais so ainda um grande pro&lema! ) $o%e, verdade, mais oferta do #ue antes, mas ainda com os vel$os pro&lemas! E #uais seriam esses pro&lemas5 .uase sempre o desenvolvimento de programas, um tra&al$o tcnico, no envolve pedagogos ou professores da rea! A viso, a a&ordagem fica, na verdade, a cargo do programador ,9-! Alis, aliado a esse pro&lema, $ o recorrente erro de transferir para a tela o contedo do papel, ignorando completamente os recursos de interatividade caractersticos da computao e, em ltima instncia, encarecendo o processo! P$illips ,/010- #uem, a nosso ver, mel$or define o pro&lema* ,cupamo-nos em colocar velhos vinhos metodolgicos nas garrafas da nova tecnologia. /m alguns casos, o vinho to velho que vira vinagre e, quando o provamos, nos deixa um gosto amargo na boca. 4rande parte do soft5are existente -.... medocre e aparentemente ignora os avanos metodolgicos -..... /sses programas baseiam-se em instruo programada e na psicologia behaviorista que a originou(6!. -traduo nossa. .ual a soluo para tal pro&lema5 + ideal, feito distante pela situao real do magistrio em todos os nveis, #ue os prprios professores desenvolvessem os programas, ad#uirindo domnio so&re o instrumento computador! sso no acontece e pode at parecer uma #uimera #ui'otesca primeira vista! En#uanto isso, os professores devem fazer usos de programas no especficos, ade#uando-os sua disciplina! E'perimentar e plane%ar ,de novo9- a receita!
2$/! Computador e escola p*lica *rasileira: gua e leo0 +utro tema sempre discutido no cruzamento da informtica e da educao a relao informtica e escola p&lica &rasileira! inevitvel a #uesto da insero da informtica na % depauperada escola &rasileira! Muitos afirmam categoricamente no serem informtica e escola p&lica compatveis! Como pensar em computadores na escola se no $ giz5 A respeito dessa #uesto, reproduzimos a#ui um e'certo de outro tra&al$o nosso ,(ouza, i&idem- #ue versa e'atamente so&re essa #uesto* +ensar em colocar computadores em escolas pblicas para muitos bobagem , argumento que no #rasil os computadores no durariam. Seriam roubados ou quebrados pelos alunos, alm do fato de estes no serem capazes de lidar com algo to avanado. /sses argumentos so facilmente desmontveis. Ser roubado algo a que qualquer equipamento, em qualquer lugar do mundo, est sujeito7 no por alunos, mas por ladres profissionais, por assim dizer. *uebrar algo a que qualquer mquina est sujeita, em qualquer lugar do mundo, porque , afinal de contas, uma mquina. *uanto a ser quebrada por alunos questionvel. Se for bem utilizada -- referimo-nos a todo o questionamento discutido acima --, a mquina ser utilizada para aumentar a motivao do aluno, fazendo com que este sinta prazer em utiliz-la e, convenhamos, ningum danifica propositadamente aquilo que lhe d prazer. Ser capaz ou no ser capaz algo que deriva intrinsecamente da motivao envolvida na atividade. 8ecebendo o input correto dentro de certos parmetros, qualquer indivduo normal capaz de ser bem sucedido no desempenho de uma atividade. &lm dessa crtica, uma outra (talvez mais pertinente, mas nem por isso irreplicvel! se apresenta como justificativa para a incompatibilidade entre escola pblica e informtica. $rata-se do argumento de que no haveria recursos para investimentos na rea, pois muitas escolas sequer possuem giz e carteiras escolares. /sse , na verdade, um problema superestrutural que deve ser superado pela prtica da conscientizao poltica. $emos que ir alm e perguntar por qu a escola pblica brasileira se encontra no estado em que se encontra, carente de investimento em todos os nveis. Saviani (199:! nos acena com uma resposta' 3*uem defende a desescolarizao so os j escolarizados, portanto tambm j desescolarizados. )onseqentemente, para eles a escola no tem mais importncia, uma vez que j se beneficiaram dela. ,s ainda no escolarizados, estes esto interessados na escolarizao e no na desescolarizao3. &lmeida (199;! arremata, parafraseando Saviani' 3+oder-se-ia dizer que quem defende a no- informatizao para as escolas pblicas e para a soluo de parte dos grandes problemas da educao so aqueles que j tem este recurso disponvel em sua sociedade ou em seu cabedal cultural, ao menos como horizonte. (...! )onseqentemente, para eles, a informtica no tem importncia uma vez que j se beneficiaram dela ou podero dela lanar mo quando quiserem3. & pergunta que segue' quem desempenha a poltica educacional e decide que rumos deve tomar( /m que posio, entre as implcitas acima, se encontram( certo que algum que prope a generalizao pura e simples de computadores em sala de aula porque viu isso ser feito nos /<& simplesmente esquece a dimenso real das condies de vida da populao, o que no pode e no deve ser feito. , que tambm no pode significar se colocar contra o computador ou qualquer outra inovao. Se no nos do giz, peamos giz e computadores na esperana de recebermos o giz. /ssa idia, portanto, de o computador ser um bem intangvel e incompatvel com a escola pblica brasileira no passa de um pressuposto falacioso tambm, um pressuposto de cunho ideolgico. Alm desses argumentos por ns % levantados em outra ocasio, $ ainda o aspecto da o'igenao pedaggica referida acima! Na escola p&lica &rasileira tal o'igenao ser mais #ue &em vinda! Na verdade, se $ alguma incompati&ilidade da informtica educacional, essa deve se dar em relao #uelas pessoas #ue, por uma mirade de motivos, no esto dispostas a revisitar suas prticas! "entar impedir #ue se desenvolvam iniciativas de introduo de computadores na educao so& a alegao de #ue $ vrias outras coisas #ue so mais prioritrias, e #ue deveriam ser atendidas antes, assumir a atitude de passividade da#ueles #ue, no podendo fazer tudo o #ue #uerem, resolvem no fazer nada! A informtica e sua implementao no am&iente educacional trazem novas e'perincias para todos ns #ue tra&al$amos com educao! Algumas dessas possi&ilidades so discutidas, por e'emplo, nos Parmetros Curriculares Nacionais do Ensino Mdio, do MEC, so&re os #uais falaremos a seguir!
2$1! &armetros Curriculares 2acionais: #rs aspectos A Lei de Diretrizes e :ases da Educao Nacional n 0!80;<0= tra&al$a com a idia de reas! Con$ecimentos de informtica encontram-se agrupados %untamente com os de Lngua Portuguesa, Lngua Estrangeira Moderna, Educao Fsica e Arte, na rea de Linguagens, Cdigos e suas "ecnologias! .ual a tnica dos Parmetros Curriculares Nacionais ,PCN>s- #uanto informtica na escola5 +s Parmetros, muito &em ela&orados por uma comisso de notveis, trazem concepes modernas e atualizadas so&re todas as reas! Em uma avaliao sintica do te'to, mas suficiente para o nosso o&%etivo imediato, podemos dizer #ue as diretrizes governamentais apontam para trs pontos, os #uais c$amaremos de renovamento cognitivo, instruo tcnica e conte'tualizao scio-interacional! Dentro do #ue classificamos como renovamento cognitivo, os PCN>s apontam para a necessidade de recon$ecer a informtica como uma 2ferramenta para novas estratgias de aprendizagem, capaz de contri&uir de forma significativa para o processo de construo do con$ecimento, nas diversas reas!2 ,MEC, /000- Novos modos de pensar, novas formas de tra&al$ar a cognio e a metacognio, novas estratgias de aprendizado! "udo isso possi&ilitado pela utilizao do computador! Nesse sentido, $ um renovamento cognitivo, ou se%a, os vel$os paradigmas de estratgias de aprendizado sero reciclados e reestruturados para essa nova ordem! E isso tem um impacto tremendo #ue dei'aremos para discutir em uma outra ocasio! +utro aspecto direcionado pelos PCN>s o #ue rotulamos de instruo tcnica! Essa instruo tcnica o con$ecimento operacional do computador per si, a prpria operacionalizao do microcomputador! o con$ecimento de informtica! Esse tam&m um aspecto fundamental, no s para o aluno, mas na prpria capacitao e #ualificao de professores em infoedu, como veremos adiante! At #ue ponto essa instruo deve parar no nvel tcnico ou seguir adiante uma #uesto posterior! 6ai depender, claro, da clientela escolar! (er muito enfatizada em um curso tcnico de informtica, mas menos em um curso de magistrio, por e'emplo! Este tipo de curso, ainda, re#uereria uma complementao metodolgica so&re o #ue fazer para implementar a instruo tcnica como elemento de ensino-aprendizagem! Esse apenas um e'emplo de dois tratamentos diferentes para necessidades diferentes! + terceiro e ltimo aspecto #ue, segundo nossa avaliao, relevado pelos PCN>s o papel das novas relaes sociais advindas da insero da informtica na sociedade! o #ue nomeamos de conte'tualizao scio-interacional! Est cada vez mais presente a importncia da informtica na sociedade e as mudanas #ue ela traz em vrios setores! A Escola, como refle'o do social, no pode e'imir-se da responsa&ilidade de levantar estas #uestes atravs da insero da informtica na sala de aula! (e o fizer, distanciar cada vez mais seus alunos de uma sociedade real, aumentando a desigualdade social e a desigualando oportunidades! Dissemos e repetimos ,(ouza, i&idem-* +or trs do uso do computador na escola subjazem posies polticas, econmicas, filosficas, ideolgicas, lingsticas, metodolgicas, psicolgicas e muitas outras. , estudo dessa relao complexa interdisciplinar. )abe a cada disciplinar tratar a questo sob seu ngulo de estudo e apresentar elementos que nos ajudem a explicar melhor essa relao importante homem-mquina. (a&er-se parte dessa sociedade da informao direito de nossos alunos! dever do sistema educacional no l$es sonegar tal direito! A implementao da informtica educacional um dos possveis acessos a ele! Esses trs aspectos levantados pelos PCN>s, cu%a leitura recomendamos, devem ser o&servados e discutidos por a#ueles #ue se vem envolvidos com o assunto o&%eto de nosso tra&al$o! Enfim, aps &reve anlise desses temas transversais ,#ue vm e vo #uando discutimos informtica e educao- e a partir deles, apresentaremos a seguir uma proposta de implementao da informtica em uma instituio educacional!
(! &roposta de implementao: apenas uma proposta .ueremos de antemo afirmar #ue essa proposta, como diz o su&ttulo da seo, apenas uma proposta! Ela deve servir de &ase para a implementao da informtica em uma escola com uma a&ordagem &aseada nos parmetros a#ui discutidos e nos #uais acreditamos! Cada escola apresentar necessidades especficas #ue re#uerero adaptaes e a%ustes finos nessa lin$a de procedimentos por ns sugerida! Nossa proposta compe-se de uma implementao em seis etapas cclicas, conforme es#uema a&ai'o*
a! Sensi*ilizao para a informtica educacional* Essa a primeira e talvez mais importante etapa de todo o processo! nesse momento #ue sero definidos os o&%etivos e as a&ordagens #ue a escola #uer dar nformtica Educacional! Como feita tal sensi&ilizao5 Ela deve ser feita atravs de encontros, de&ates, 3or?s$ops, grupos de tra&al$o, leitura especfica, enfim, tudo a#uilo #ue possa levar o corpo tcnico, o administrativo e o docente a entender o computador como aliado no processo e no ameaa! Pode, a ttulo de sugesto, ser plane%ada uma semana de encontros e de&ates, com a presena de especialistas na rea! Cada escola definir, dentro das suas possi&ilidades e necessidades, a dimenso de tal etapa! @ecomenda-se, nessa etapa, a disponi&ilizao de microcomputadores, preferencialmente ligados nternet, na sala dos professores para uso e manuseio livres7 *! Capacitao tcnica* uma vez #ue&rada a &arreira inicial e a&erto o camin$o do 2dilogo2 entre professores e computador, recomenda-se a implementao de cursos tcnicos de introduo cincia dos computadores ,CC-, a fim de proporcionar aos professores maior familiaridade com a linguagem da informtica7 c! Capacitao em recursos de informtica* Essa terceira etapa envolve a utilizao dos recursos #ue a informtica disponi&iliza e #ue podem ser teis sala de aula! A#ui os professores devem con$ecer e e'plorar os mais diversos tipos de programas e mergul$ar na nternet, rede mundial de computadores, aprendendo a usar recursos como e-mail, 3e& inde', c$at, entre outros! Nosso tra&al$o de dissertao de mestrado ,(ouza, sdp!-, apesar de voltado ao ensino de lngua inglesa, traz uma e'posio so&re esses e outros recursos e como eles podem ser utilizados no ensino, de uma forma geral! A parte mais prtica do tra&al$o, #ue pode ser usada como &ase para e'plorao da nternet nessa etapa, foi pu&licada na revista Linguagem A Ensino ,(ouza, /000-! Uma verso atualizada pode ser encontrada para do3nload,8- em nosso site de ensino de lngua inglesa - Englis$ Language "eac$ing +n-line - ,333!elton!com!&r-, no endereo $ttp*<<333!elton!com!&r<internet 7 d! 3or4s5ops disciplinares e interdisciplinares* 6encida a etapa da e'plorao livre, c$egada a $ora da aplicao! A#ui se passa do ensino de informtica para o ensino pela informtica! +ficinas podem ser organizadas por professores da mesma disciplina ou<e de disciplinas diferentes com o fito de cruzar os recursos disponveis com as unidades temticas de suas disciplinas! o &om e vel$o plane%amento! (ugerimos #ue as atividades se%am ela&oradas seguindo a rota sala-de-aula<computador<sala-de-aula, ou se%a, #ue #uestes se%am levantadas, tra&al$adas no computador e retra&al$adas, fec$adas em sala de aula7 e! 6rupo de implementao* sugerimos a#ui #ue a implementao das atividades se%a paulatina, feita primeiramente com um grupo piloto! .ue essa implementao se%a feita de forma escalonada de modo a prover o professor da segurana necessria ,% #ue um grupo menor do #ue todos os grupos-, alm de permitir um feed&ac? gerencivel para a auto- avaliao da e'perincia! Aps a e'perincia, a%ustes finos devem ser feitos pelo professor ou grupos de tra&al$o7 f! "mplementao institucional* .uando % tiver sido discutida, dominada, testada e avaliada, a informtica deve ser, finalmente, implementada em todos os nveis e grupos da escola! Por ser dinmico, ,como, alis, tudo o -, esse processo no deve parar na se'ta etapa! Deve ciclicamente retornar s oficinas para reavaliao, troca de e'perincias, plane%amentos! Eventualmente deve voltar origem do processo visando atualizar o pro%eto e o corpo escolar terica e tecnicamente! A partir dessas sugestes, cada escola e cada grupo de professores deve tra&al$ar a sua realidade a fim de ver implementada a informtica em todas as dimenses discutidas no decorrer deste tra&al$o! Eis a#ui, apenas, o ponto de partida!
4! guisa de concluso (eria pretenso de nossa parte esgotar o assunto em um artigo! No entanto, esperamos ter levantado #uestes #ue permeiam a unio da pedagogia e da tecnologia de informtica, #uestes essas #ue, como afirmamos na introduo do tra&al$o, podem e devem ser mais &em tra&al$ados por a#ueles #ue se in#uietam com esse novo paradigma educacional, com essas novas possi&ilidades! Aliado aos temas apresentados, &uscamos dar uma direo mais prtica #ueles envolvidos e atrados pelo fascinante mundo da informtica e pela disponi&ilidade de recursos por ela oferecidos ,e ainda pouco e'plorados na educao- ao apresentar um roteiro de implementao! (a&emos #ue outras #uestes dei'aram de ser analisadas a#ui! .uestes levantadas pelos prprios professores, alunos dos cursos por ns ministrados, e #ue apresentam discusses relevantes, como a influncia ,positiva ou negativa- da linguagem da informtica ,a lgica formal- no modus pensandi de nossos alunos! (o #uestes merecedoras de estudos mais aprofundados #ue fogem ao escopo deste tra&al$o, mas #ue merecem igual ateno! Muito $ a ser estudado! Muito $ a ser e'plorado! No mais, voltar para a sala de aula e tentar mostrar a eficcia de nossas propostas! No $ lugar mel$or para isso!
2otas /- Cf! Adam (c$aff, A (ociedade nformtica! (o Paulo* Editora da UNE(P, /004 e Neil Postman, "ecnoplio* a rendio da cultura tecnologia! (o Paulo* No&el, /00;! ,voltar ao te'to- B- Ce are &usD pouring old met$odological 3ine into t$e &ottles of t$e ne3 tec$nologD! n some cases, t$e 3ine is so old t$at it $as turned to vinegar and 3$en 3e trD it it leaves a sour taste in t$e mout$! Muc$ of t$e current E!!!F soft3are is trivial and apparentlD untouc$ed &D t$e advances in E!!!F met$odologD! ts origins can &e traced to programmed learning and t$e &e$aviourist psDc$ologD 3$ic$ gave rise to it! voltar ao te'to 3) Cpia atravs da nternet! ,voltar ao te'to-
7eferncias 8i*liogrficas ALMEDA, ngela Monteiro, ME@CAD+, Lus Paulo 2Aspectos Crticos do Computador na Educao2 in Educao* @evista do Centro de Educao! (anta Maria* Universidade Federal de (anta Maria, /004! ALMEDA, Fernando Gos! 2Pedagogia e informtica2* @evista Acesso, no! /, /011! HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! Educao e nformtica* os computadores na escola! (o Paulo* Cortez* Editores Associados, /01I! MEC! Parmetros Curriculares Nacionais! :raslia* MEC, /000! P)LLP(, Martin ,/01=-! 2CALL in its educational conte't2 in LEEC), JeoffreD, CANDLN, C$ristop$er N! Computers in Englis$ language teac$ing and researc$! Londres* Longman, /01=! (A6AN, Demerval! Educao* do senso comum conscincia filosfica! (o Paulo* Cortez, /01;! (+UKA, (rgio Augusto Freire de! 2A nternet e o ensino de lnguas estrangeiras2 in Linguagem A Ensino, vol! B, No! /! p! /80-/IB! Pelotas* Editora da Universidade Catlica de Pelotas, /000! HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH A nternet como recurso mltiplo para o ensino-aprendizagem da lngua inglesa! Dissertao de Mestrado! Manaus* Universidade do Amazonas, sdp! HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH 2Computador e educao* pressupostos falaciosos como aparel$os de resistncia cultural informtica educacional2* @evista da Universidade do Amazonas, vol! L, nos! /-B! Manaus* EDUA, /00=! 3) Cpia atravs da Internet.