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O documento resume um texto de Max Weber sobre as causas do declínio da Cultura Antiga. Weber argumenta que o declínio não foi causado apenas por invasões bárbaras, mas por problemas estruturais no Império Romano, notadamente sua economia baseada na escravidão. Isso levou a uma "descentralização" com propriedades rurais distantes das cidades litorâneas, enfraquecendo a vida urbana e o comércio. A cultura passou então de urbana para camponesa, antecipando aspectos da socied
O documento resume um texto de Max Weber sobre as causas do declínio da Cultura Antiga. Weber argumenta que o declínio não foi causado apenas por invasões bárbaras, mas por problemas estruturais no Império Romano, notadamente sua economia baseada na escravidão. Isso levou a uma "descentralização" com propriedades rurais distantes das cidades litorâneas, enfraquecendo a vida urbana e o comércio. A cultura passou então de urbana para camponesa, antecipando aspectos da socied
O documento resume um texto de Max Weber sobre as causas do declínio da Cultura Antiga. Weber argumenta que o declínio não foi causado apenas por invasões bárbaras, mas por problemas estruturais no Império Romano, notadamente sua economia baseada na escravidão. Isso levou a uma "descentralização" com propriedades rurais distantes das cidades litorâneas, enfraquecendo a vida urbana e o comércio. A cultura passou então de urbana para camponesa, antecipando aspectos da socied
Programa de ps-graduao em Sociologia Mestrado Disciplina: Mtodos de Investigao Social Professor: Andr Haguette Aluno: Breno Taveira Mesquita.
Resumo/ reflexo acerca do texto: As causas do declnio da Cultura Antiga.
Lembro-me das aulas de Histria que tive durante o Ensino Fundamental. Quando chegvamos ao captulo referente ao Imprio Romano e nosso professor dizia sempre Um imprio do tamanho do mundo, para em seguida ensinar que as invases brbaras junto das dificuldades em conseguir salvaguardar um imprio com tal extenso territorial haviam sido as responsveis pelo declnio e queda do mesmo. Weber, logo no incio do texto, atenta para o fato de que esses acontecimentos alardeados pelo meu antigo professor de histria foram apenas alguns dos fatores responsveis e nem de longe os maiores. Claro que ao longo da formao/construo/conquista de um imprio muitos so os inimigos feitos, mas que as assim chamadas Invases Brbaras apenas explicitaram um longo processo de deteriorao que acontecia de dentro para fora. O problema, segundo Weber, residia na prpria estrutura do Imprio Romano. O autor tambm cita outras explicaes que eram utilizadas costumeiramente, mas quando o faz para mostrar seu carter equivocado ou mesmo aquelas detentoras de um ponto de vista correto, mas guiadas por uma perspectiva incongruente. Dentre os exemplos temos: o despotismo, os crculos sociais elevados (que supostamente haviam se entregado ao luxo e imoralidade angariando a justia vingativa da Histria), a emancipao da mulher romana e at mesmo as explicaes de cunho darwinista acerca da degenerao da raa antiga. interessante notar que Weber, apesar de apregoar que Pouco ou nada podemos aprender com a Histria da Antiguidade que sirva para os problemas sociais de hoje para logo em seguida expor as peculiaridades da estrutura social da Antiguidade em vrios momentos do texto traa paralelos com eventos e personagens da histria alem. Seja na comparao de que Roma tambm possuiu seus chanceleres de ferro tal qual a figura de Bismarck, ao citar os mestres de escola prussianos e evocar a batalha de Kniggrtz em que a Prssia derrotou a ustria. Para Weber, a cultura Antiga uma cultura essencialmente urbana, a cidade como sendo a detentora da vida poltica, possuindo tambm uma economia urbana baseada na troca, realizada no mercado da cidade. Alm disso, essa cultura europeia antiga seria essencialmente litornea, as principais cidades situavam-se no litoral ou perto dos grandes rios, o comrcio entre cidades via martima tambm se fazia presente. O comrcio interior tal qual o efetuado na Idade Mdia no existia, mesmo com estradas ligando o litoral ao interior sua utilizao para transporte de itens a serem comercializados se mostrava economicamente invivel. Apenas alguns objetos considerados como artigos de luxo compensariam tal forma de transporte tais como: metais preciosos, tecidos opulentos, cermica e alguns ferros. Ento, esse processo de imploso do imprio romano, do declnio de sua cultura antiga se deve muito ao fato de essa cultura ser de cunho essencialmente escravista. O trabalho livre existe, mas no de forma a fazer frente ao trabalho exercido pelo escravo. Para Max Weber a ideia de progresso consiste no desenvolvimento da diviso do trabalho. No trabalho de tipo livre o processo se d a partir da crescente expanso do mercado de forma extensiva, geograficamente falando, e de forma intensiva a partir da ampliao das reas de trocas. J no trabalho de tipo servil essa diviso do trabalho se consumaria por conta de uma progressiva acumulao de homens (termo amplamente utilizado no texto pelo autor) quanto maior a quantidade de escravos e vassalos, mais a especializao dos ofcios se torna fcil [O paralelo traado por Weber sempre comparando com o processo de desenvolvimento ocorrido na Idade Mdia, justamente o oposto daquele que o autor demonstrou acerca da cultura antiga]. E essa acumulao de homens se torna vivel devido ao baixo preo referente compra da mercadoria (o escravo) e grande quantidade de eventos de guerra A guerra antiga era, por sua vez, a caa de escravos (p.41). Para Weber, na Antiguidade: ...a evoluo do comrcio internacional corre paralela acumulao do trabalho servil na grande possesso de escravos. Desta forma, insere-se sob a superestrutura comercial uma infraestrutura em constante expanso, dedicada ao consumo no comercial: os conjuntos de escravos que absorviam sem cessar os homens cujas necessidades no se satisfaziam comprando no mercado, mas no interior do prprio domnio econmico. (WEBER, 1989, p.42)
E, assim como j disse Weber (a respeito da cultura, citado por Geertz no captulo I de A inveno da Cultura) O homem fica suspenso [preso] nas prprias teias que criou. Quanto mais avanavam as necessidades das camadas superiores [os donos de homens] e a progresso extensiva do mercado, mais o comrcio perdia sua intensidade. E este estado de cidados- lavradores (Roma) comea a ter seus problemas agravados na medida em que ocorre um xodo urbano as grandes propriedades no se situam prximas ao litoral, podendo o dono de homens residir na cidade litornea, mas suas terras, escravo e produo se situam no interior. Com isso, o centro, a cidade, no mais o centro. E a cidade, ou melhor, na cidade que se produz a literatura, onde florescem as artes e as leis. Ao desaparecer o comrcio desapareceu tambm a magnificncia marmrea da cidade antiga e com ela os tesouros espirituais que jaziam em seus muros: a Arte, a Literatura, a Cincia, as refinadas formas do antigo Direito mercantil. (Idem, p.56)
Com esse processo de descentralizao pode-se notar no ar deste imprio romano tardio, a sua gradativa transformao em uma cultura camponesa, alguns elementos que se encontrariam posteriormente na sociedade feudal. Conforme o Imprio ia deixando de ser um conglomerado de cidades que exploravam o campo e cujo centro de gravidade estava na costa e no comrcio litorneo, para se converter num Estado que tentava incorporar e organizar regies interioranas que viviam de sua economia natural. (Ibidem, p.52)
Alm disso, um golpe importante para o processo de deteriorao do imprio romano foi a progressiva escassez de mo de obra (no caso escrava). Termino aqui com mais uma citao de Weber at um tanto potica: Certamente teria parecido estranho aos viajantes clssicos o mundo ao seu redor, se dentre eles tivesse despertado de seus pergaminhos na poca carolngia e contemplado o mundo de uma janela do convento: o odor de esterco o teria atingido. Mas os velhos clssicos dormiam, ento, como a cultura, o sono hibernal no seio de uma vida econmica que havia se tornado camponesa. E tambm no os despertava o canto dos menestris ou o alarido dos torneios medievais. (Ibidem, p.57)
Referncia
WEBER, Max. As causas do declnio da Cultura Antiga. In: Weber, coleo: Os grandes Cientistas Sociais. So Paulo: Editora tica. 1989. P.37-57.