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Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

- Modelo enquanto instrumento pedagógico, de melhoria-


Passados nove anos após o início da criação da Rede de Bibliotecas Escolares é
proposto um modelo de avaliação para tentar aferir o grau de concretização do trabalho
desenvolvido e ao mesmo tempo permitir a cada escola conhecer o impacto que o
trabalho da biblioteca tem no processo ensino aprendizagem.
Pretende-se que o mesmo contribua para a melhoria dos serviços, partindo-se de um
melhor conhecimento do trabalho desenvolvido na biblioteca escolar e da influência que
o mesmo tem sobre os resultados que os alunos alcançam e as competências que
desenvolvem.
O objectivo é identificar as áreas com resultados mais fracos e apostar em novas
estratégias para se conseguir ultrapassar essas fragilidades e contribuir para concretizar
os objectivos educativos da escola em que se insere.
A aplicação deste modelo não deve, nem pode, ser vista com objectivos puramente
avaliativos mas sim como um instrumento pedagógico que tem como principal função
fornecer elementos que permitam uma melhoria nas práticas e consecutivamente nos
resultados.
Associados ao modelo encontram-se alguns conceitos fundamentais, como o valor.
Neste conceito importa salientar que o importante é o resultado que se consegue com as
coisas, neste caso concreto da biblioteca o que importa é perceber se a sua utilização
contribui ou não para a concretização dos objectivos da escola, qual o valor que a
biblioteca tem no contexto em que se insere.
Outros conceitos associados a este modelo são o processo pedagógico e de melhoria.
Assim, pretende-se que, com a sua aplicação se desenrole um processo pedagógico que
permita conhecer os aspectos mais fracos, actuar sobre os mesmos, alterar ou corrigir as
práticas, de forma a atingir uma melhoria nos resultados. É, neste sentido, um processo
de auto- regulação, que ajuda a estabelecer os objectivos e as prioridades para cada
biblioteca escolar.
Associado a este modelo está um determinado conceito de biblioteca escolar que
defende que a biblioteca tem que acompanhar as transformações técnicas e sociais dos
nossos dias. Assim, a biblioteca deve agir de acordo com os novos conceitos de
aprendizagem que dão ênfase ao trabalho do aluno, como construtor do próprio
conhecimento; deve basear o seu trabalho em estratégias que estejam ligadas ao
questionamento e inquirições contínuas; deve acompanhar o desenvolvimento das TIC e
dos novos ambientes digitais e reflectir sobre estas mudanças e o impacto que a
biblioteca escolar tem nesta nova realidade.
Outros conceitos extremamente importantes estão ligado à recolha dos elementos para
avaliação: “Evidence-Based practice” e “pesquisa/acção”. O primeiro é referido e
analisado por Ross Todd que o considera fundamental nas práticas das bibliotecas
escolares para mostrarem o impacto que as mesmas têm nas aprendizagens dos alunos.
Na prática, este conceito traduz-se no desenvolvimento de práticas sistemáticas de
recolha de evidências ligadas ao trabalho quotidiano da biblioteca, que nos permitam
dar informações sobre o mesmo. O conceito de pesquisa/acção está também subjacente
a este modelo, e, de acordo com Markless, Streffield (2006), este implica o
desenvolvimento de um processo constituído por várias fases: identificação de
problema; recolha de evidências; a interpretação e avaliação das evidências e por fim
novas práticas.

- Pertinência da existência de um modelo de avaliação para as bibliotecas


escolares -
As transformações do mundo actual conduziram forçosamente a alterações profundas
nas bibliotecas escolares, nas suas funções, nas suas práticas e também na forma como é
feita a sua avaliação.
Antes a s bibliotecas eram avaliadas de acordo com os seus recursos (colecção, pessoal,
verba despendida) e com a utilização desses recursos ( número de empréstimos e
frequência). Actualmente considera-se que o mais importante é medir as alterações
provocadas nos seus utilizadores, os resultados que estes serviços produzem a nível das
atitudes, valores e conhecimentos.
Mas porquê a necessidade de avaliação das bibliotecas escolares?
As alterações provocadas pelo constante desenvolvimento das novas tecnologias vem,
de alguma forma, questionar o papel e a importância da biblioteca escolar. A existência
de grande quantidade de informação acessível a todos, coloca muitas vezes dúvidas
sobre a necessidade de manter a biblioteca escolar como um espaço privilegiado no
contexto escolar. Como questionam Michael Eisenberg e Danielle Miller “ How can
we ensure that school librarians are central players in our schools?” (School Library
Journal, 9/1/2002).
A avaliação tem, neste aspecto, um papel fundamental para mostrar o trabalho da
biblioteca escolar, a importância que o mesmo tem no progresso dos alunos e ainda
identificar os pontos fortes e os domínios mais fracos, onde se deve investir mais.
A existência de um modelo para a avaliação das bibliotecas escolares permite que as
mesmas tenham um instrumento que as ajude a detectar os problemas a reflectirem
sobre os mesmos e a encontrarem soluções para os ultrapassar.

- Organização estrutural e funcional. Adequação de constrangimentos.


O modelo escolhido é inspirado no modelo utilizado na Inglaterra e organiza-se em
quatro domínios: Apoio ao Desenvolvimento Curricular; Leitura e Literacias; Projectos,
Parcerias e Actividades Livres e de abertura à Comunidade e Gestão da Biblioteca
Escolar. Estes domínios representam as áreas essenciais a desenvolver pelas bibliotecas
escolares. A cada domínio corresponde um conjunto de indicadores sobre o qual recai o
trabalho da biblioteca escolar.
Cada biblioteca, de acordo com a sua realidade, deve escolher um dos domínios para
ser objecto de aplicação dos instrumentos de avaliação, no entanto todos os domínios
devem ser avaliados no fim de quatro anos.
O processo de avaliação é constituído por várias fases: identificação do problema ou
desafio; recolha de evidências; interpretação da informação recolhida; realização de
mudanças; recolha de novas evidências para aferir o resultado dessas mudanças.
Os resultados devem ser divulgados e discutidos nos órgãos de gestão pedagógica, de
forma a implicar toda a escola no processo, definindo linhas orientadoras, estratégias
concertadas para atingir o sucesso. Os resultados obtidos a partir das evidências devem
assim servir de base ao planeamento a efectuar pela biblioteca, atendendo logicamente
aos problemas da escola e aos objectivos definidas para a mesma. Assim, estes
resultados são de grande importância não só para a biblioteca mas para a escola como
um todo.

- Integração/ aplicação à realidade da escola –


Em termos teóricos o modelo parece adequado aos seus objectivos, mas a sua
implementação pode, no meu entender, ter alguns efeitos contraproducentes, se não se
conseguir aplicá-lo de uma forma mais ou menos automática, englobado nas actividades
da biblioteca. Corre-se o risco de uma excessiva burocratização, com um grande
dispêndio de tempo e de energia, que pode colocar em causa os objectivos e a missão da
BE.
Não estando ainda com este tipo de problemas na minha escola, aparecem já sinais de
algumas dificuldades na implementação do modelo de avaliação que passo a enunciar..
A aplicação do modelo de auto-avaliação da BE escolar está neste momento, na fase
inicial, ou seja na sua apresentação. A direcção da escola teve o primeiro contacto com
o modelo a vinte de Outubro numa sessão organizada pelas coordenadoras
interconcelhias, onde participaram directores ou membros da direcção e professores
bibliotecários de vários concelhos do distrito de Portalegre. A reacção ao modelo foi
positiva, com alguma abertura mas também com algumas dúvidas acerca do impacto do
mesmo na escola.
O Conselho Pedagógico tomou conhecimento deste modelo no dia onze de Novembro,
quando foi feita uma breve apresentação e análise do mesmo. Foi pedida opinião sobre
o domínio em que a biblioteca deveria iniciar a recolha de evidências, mas a
participação foi fraca, revelando pouco interesse por esta realidade ou tentando evitar
uma sobrecarga de trabalho, que alguns já referiam.
A equipa já analisou o modelo e já seleccionou como prioritário o domínio A – Apoio
ao Desenvolvimento Curricular. Esta escolha assenta no facto do trabalho desenvolvido
nesta área ter sido sempre pontual e de ser considerado pela equipa de extrema
importância para o processo ensino aprendizagem.
Conscientes das dificuldades em trabalhar em articulação com todos os professores, a
equipa vai apostar no interesse e empenho de alguns, que habitualmente já colaboram
com a biblioteca, para iniciar um trabalho consistente neste domínio.
Os primeiros contactos já foram feitos e já se começaram a delinear estratégias e a criar
instrumentos para se aplicarem nas práticas da biblioteca e de algumas disciplinas.
Alargar o trabalho cooperativo a um maior número de professores é uma aposta que não
será de fácil concretização, mas serão feitos esforços nesse sentido, promovendo
contactos com os vários departamentos, conselhos de turma e contactos directos com
alguns docentes, pois essa articulação é fundamental para o sucesso dos alunos, como
refere Ross Todd na comunicação School librarian as teachers: learning outcomes
and evidence-based practic: “ (...) when school librarians and teachers work together,
students achieve higer levels of literacy, reading, learning, problem-solving and
information and communication technology skills”
A aplicação dos instrumentos inerentes ao modelo de avaliação também se adivinha de
alguma dificuldade uma vez que os mesmos acarretam uma sobrecarrega no trabalho
diário dos professores. É necessário um enorme esforço por parte da equipa e sobretudo
do professor bibliotecário para que consiga demonstrar a importância da avaliação da
biblioteca para a melhoria dos seus serviços e para a melhoria das aprendizagens dos
alunos. É necessário convencer todos os professores da importância do seu
envolvimento neste processo para o sucesso do mesmo e para o sucesso da escola.
É necessária uma boa gestão do tempo e da energia para que a equipa e o professor
bibliotecário não se deixem arrastar pelo desgaste de tentar convencer os colegas para
esta causa e consigam implementar o seu plano de acção da forma mais eficaz.

- Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na sua


aplicação -
Para implementar o modelo de auto-avaliação é necessária uma acção muito forte por
parte do professor bibliotecário, de forma a mobilizar a vontade de todos para este
processo. Assim, o professor bibliotecário deve possuir um conjunto de competências
identificadas por Tilke e referidas no texto da sessão: capacidade de comunicar e de
ser ouvido; ser influente junto aos professores e órgãos de gestão; ser reconhecido pela
comunidade; ser proactivo; ser observador e investigativo; estabelecer prioridades; ser
construtivo perante os problemas e a realidade, gerir recursos em geral e os serviços de
aprendizagem da escola, em particular; ser tutor, professor e avaliador de recursos, com
o objectivo de apoiar e contribuir para as aprendizagens e saber trabalhar em equipa.
O trabalho do professor bibliotecário é assim um trabalho muito complexo, que envolve
conhecimentos em várias áreas e características de personalidade que favoreçam uma
actuação como um verdadeiro líder, como evidencia Michael Eisenberg “ This requires
proficiency in the use of information and information technologies; the ability to
provide knowledge, vision, and leadership; and being able to plan, execute, and evaluate
the program regularly and on different levels.” ( School Library Journal, 9/1/2002).
O sucesso da actuação do professor bibliotecário passará certamente pelo cooperação
que conseguir obter com outros professores, pois só de uma articulação efectiva entre o
trabalho da biblioteca e da sala de aula resultará uma mais valia para os alunos no seu
processo de formação. Defendendo esta ideia de colaboração e exemplificando com o
domínio da leitura, Michael Eisenberg refere no mesmo jornal “ The school librarian
can run his or her program in collaboration with classroom teachers, reading specialists,
and other educators, exciting students about books and média, as well as providing easy
access to rich book and media collections. As a reding advocate, school librarians fulfill
the teacher and instructional partnership expectations of Information Power.”
O sucesso da biblioteca escolar depende, mais do que nunca, da equipa e do professor
bibliotecário, da dinâmica que conseguirem criar, do tipo de gestão que conseguirem
implementar, das práticas desenvolvidas e do envolvimento que conseguirem por parte
da comunidade.

Bibliografia:

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002). “This man wants to change your job”.
School Library Journal . Acedido em 10 de Novembro de 2009. Disponível em:
http.//forumbibliotecas.rbe.minedu.pt/course/view.php?id=79

RBE (2009). “Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca Escolar.” Acedido em 10 de


Novembro de 2009. Disponível em:
http.//forumbibliotecas.rbe.minedu.pt/course/view.php?id=79

Todd, Ross (2002). “School Librarian as teachers: learning outcomes and evidence-
based practice”. 68th IFLA Council and General Conference. Acedido em 10 de
Novembro de 2009. Disponível em:
http.//forumbibliotecas.rbe.minedu.pt/course/view.php?id=79

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