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BARREIRAS – IAESB
CURSO DE DIREITO
BARREIRAS
2008
CLAUDIONOR PEREIRA MACHADO
BARREIRAS
2008
CLAUDIONOR PEREIRA MACHADO
Banca Examinadora:
____________________________________ ORIENTADOR.
Professor Paulo César Gomes Pereira -
Especialista em Processo Civil e Direito Civil
Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB
____________________________________
Professora Karla Cuellar
Mestra em Direitos Fundamentais
Faculdade São Francisco e Barreiras.- FASB
Aos meus familiares,
amigos, colegas,
professores e aos
membros da ADLEM.
AGRADECIMENTOS
Sou grato inicialmente a Jesus Cristo, meu Senhor e Salvador, pelas dádivas
dispensadas a mim, somente a Ele seja a glória; a minha esposa e filho, pela
compreensão e paciência, conseguimos realizar este sonho; a meus pais, pela
educação e exemplos que me deram; aos professores, que me serviram de modelo,
o mérito é não é só meu, é nosso! Sou grato àqueles que, direta ou indiretamente,
contribuíram para que chegasse até aqui, e há realmente quem fez muito para isso,
Deus os recompensará.
Isonomia
“é tratar de forma igual os iguais e tratar de forma
desigual os desiguais, na medida em que se desigualam”.
O presente trabalho trás uma análise dos efeitos que poderão ocorrer sobre o
estatuto da Assembléia de Deus, localizada na cidade de Luís Eduardo Magalhães –
BA, se aprovado no Senado Federal, o Projeto de Lei 122/2006, que inicialmente
teve a intenção de erradicar a discriminação e o preconceito ao cidadão
homossexual. É analisado, por via constitucional e jurídica quais pontos do projeto
não estão de acordo com o ordenamento jurídico. Para tanto, foi utilizado o método
de consulta bibliográfica e documental, por meio de obras de doutrinadores
respeitados no mundo jurídico, também de revistas, consultas na internet, dentre
outros. O assunto é polêmico, pois há choque de direitos e pretensões. A conclusão
a que se chegou foi a de que o projeto foi mal redigido, faltou técnica legislativa,
tornando-o inadequado para os fins a que se prestava, pois demonstra isso no seu
decurso. Que o estatuto da ADLEM será mantido, mesmo se aprovado o projeto, por
via de garantia constitucional.
Artigo (ART)
Assembléia de Deus (AD)
Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães (ADLEM)
Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT)
Bahia (BA)
Classificação Internacional de Doenças (CID)
Código Penal Brasileiro (CPB)
Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJS)
Conselho Federal dos Teólogos (CFT)
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
Constituição Federal de 1988 (CF/88)
Convenção Estadual (CE)
Convenção Estadual da Assembléia de Deus (CEAD)
Convenção Estadual da Assembléia de Deus no Estado da Bahia (CEADEB)
Convenção Geral da Assembléia de Deus no Brasil (CGADB)
Deputado (a) (DEP)
Doutor (DR)
Escola Bíblica Dominical (EBD)
Especialista (ESP)
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Frente Parlamentar Mista pela Livre Expressão Sexual (FPMLES)
Gay, Lésbica, Bissexual e Travesti (GLBT)
Gay, Lésbica, Simpatizante, Bissexual, Travesti e Transexual (GLSBTT)
Mestre (MS)
Ministério da Educação e Cultura (MEC)
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Organização das Nações Unidas (ONU)
Organização Mundial de Saúde (OMS)
Partido dos Trabalhadores do Estado de São Paulo (PT/SP)
Pastor (PR)
Projeto de Lei (PL)
Projeto de Lei da Câmara (PLC)
Projeto de Lei do Senado (PLS)
Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH)
Supremo Tribunal Federal (STF)
LISTA DE EXPRESSÕES ESTRANGEIRAS
Data venia – Com a devida permissão; dada a licença; Expressão que o advogado
usa, por deferência, ao contrapor-se à opinião de um Juiz de seu ex-adverso, que
ele respeita mas da qual discorda. O mesmo que permissa venia ou concessa venia.
Skinhead – Pessoa que, por meio de bando ou grupo, defende os ideais nazistas e o
anti-semitismo. Tem a intenção de preservar a raça ariana pura. Realiza rituais que
inculca nos participantes sua ideologia. Agridem e matam judeus, homossexuais
dentre outro.
Última rátio – Último recurso, último meio a ser invocado. Antes que seja utilizado
seus benefícios, devem ser utilizado os meios disponíveis possíveis.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA...........................................................................................................03
AGRADECIMENTOS.................................................................................................04
EPÍGRAFE.................................................................................................................05
RESUMO....................................................................................................................06
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................07
LISTA DE EXPRESSÕES ESTRANGEIRAS............................................................09
1 INTROUÇÃO...........................................................................................................11
2 HOMOSSEXUALIDADE.........................................................................................17
2.1 Historicidade da homossexualidade.....................................................................17
2.2 Termos correlatos ao tema...................................................................................20
2.3 Direitos adquiridos pelos GLSBTT no exterior.....................................................23
2.4 Direitos adquiridos no Brasil.................................................................................24
3 A ASSEMBLÉIA DE DEUS....................................................................................26
3.1 A Assembléia de Deus no Brasil..........................................................................26
3.2 A Assembléia de Deus na Bahia..........................................................................27
3.3 A Assembléia de Deus em Luís Eduardo Magalhães..........................................29
3.4 O Estatuto da ADLEM..........................................................................................30
4 PLC 122/2006 – HISTÓRICO E FINALIDADES.....................................................34
5 PLC 122/2006 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.....................................38
5.1 Princípios da igualdade e isonomia......................................................................38
5.1.1 Princípio da igualdade.......................................................................................38
5.1.2 Princípio da isonomia........................................................................................41
5.2 Princípio a legalidade constitucional....................................................................42
5.3 Princípio da liberdade de consciência..................................................................46
5.4 Princípio da liberdade de expressão....................................................................48
5.4.1 Liberdade de religião.........................................................................................51
5.4.2 Direito à educação dos filhos............................................................................54
6 EFEITOS DO PLC 122/2006 SOBRE A ADLEM...................................................57
7 CONSIERAÇÕES FINAIS.......................................................................................60
REFERÊNCIAS..........................................................................................................64
ANEXOS....................................................................................................................68
1 INTRODUÇÃO
§ 7º. Nenhum culto ou Igreja gozará de subvenção oficial nem terá relações
de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados
Unidos’.
Esta Safo é tida como uma das incitadoras ao lesbianismo. Foi muito
famosa por seus poemas, que na maioria enaltecia as mulheres e seus dotes físicos.
Entre seus poemas destaca-se o “Ode a Afrodite” (canto a Afrodite);
j) Bissexual – São indivíduos que se relacionam sexualmente ou afetivamente
com pessoa de ambos os sexos.
‘(...) Nele cabem todos os sexos; é homem, porque tem pênis; é mulher,
porque ele cabe nas roupas femininas; é bissexual, porque ele pode
transar tanto com homem quanto com mulher, quando ele sente tesão em
fazer isso; é hétero, quando resolve, quando sente que o prazer dele é
estar com uma mulher; é homo... na sua essência, pelo rótulo que foi dado
a ele, é homossexual, mas ele pode ser todo o resto’. (MOURINHO: 2001,
não paginado).
k) Transgênero – Expressão que se refere tanto aos transexuais como aos
travestis. É o homem que se identifica e se relaciona com o mundo comum da
mulher, agindo e se portando como se mulher fosse;
l) Transexual – são os indivíduos que tendo nascido do sexo masculino,
possuindo genitália interna e externa do mesmo sexo, mas que não se conformam
com o sexo que tem;
m) Travestismo - homem que se disfarça, ou simplesmente, se veste de mulher,
no âmbito da sexualidade, pelo prazer;
De acordo com a Enciclopédia Encarta, versão eletrônica,
(...)o travestismo ultrapassa os limites impostos pela sociedade entre os
gêneros feminino e masculino. Entretanto, certas culturas orientais aceitam
este papel social: em algumas partes da Índia, o chamado berdache
masculino tem uma grande importância ritual no nascimento de uma
criança; no Japão, os grupos de dança femininos que imitam os homens,
como o Takarazuka, são cada vez mais populares. (MOURINHO: 2001,
não paginado)
Diz ainda que:
Na década de 1960, o caso da paixão de Bernard Boursicot, funcionário da
embaixada francesa em Pequim, por Shi Pei Pu, homem que representava
papéis femininos (entre eles, a Madame Butterfly de Puccini) e que,
segundo o próprio Boursicot, “era mulher porque acreditava ser mulher”,
deu origem a uma peça de teatro e, em 1993, ao filme M. Butterfly (“M” é
abreviatura de “monsieur”, senhor), dirigido por David Cronenberg e
estrelado por Jeremy Irons (o francês, aqui embaixador e não simples
funcionário) e John Lon (o chinês travesti). (MOURINHO: 2001, NÃO
PAGINADO)
n) HSH – Homem que faz Sexo com Homem - De acordo com CUNHA (2002,
31), esta sigla é geralmente utilizada por profissionais da saúde, quando se referem
ao homem que mesmo sem ter orientação sexual homossexual, pratica sexo com
outro homem.
Outros termos existem que não são citados aqui. Estes, porém, são os
mais comuns, que merecem especial atenção e compreensão.
Dentro do contexto, faz-se necessário informar ainda que o ato sexual
(também conhecido como simplesmente sexo) é entendido como sendo a junção
carnal entre um homem e uma mulher, via órgãos reprodutores. Algo que não esteja
neste perfil, para os padrões jurídicos, é tido como ato libidinoso e não como ato
sexual.
Como a filosofia da igreja havia sido aceita na capital da Bahia, foi levada
também para seu interior, correndo por todo o vasto estado baiano, chegando ao
oeste, na cidade de Luís Eduardo Magalhães, que na época chamava-se Mimoso do
Oeste, sendo ainda município de Barreiras.
No ano de 1985, o Pb. Juraci Caetano Siqueira teve um sonho no qual ele
chegava em uma terra destocada, era uma área grande e de forma
quadrada, a terra estava pronta para o plantio, ele pegava uma enxada e
começava a abrir covas para a plantação e a semente que plantava era
milho. Ele acordou com a voz do Espírito Santo que dizia: é ´Mimoso do
Oeste, a terra da plantação´. Então não perdeu tempo falou logo com o
Pastor e marcaram a data do primeiro culto que foi realizado com a
permissão do engenheiro responsável pela COTIA, no refeitório da mesma,
e houve cinco decisões.
Dois anos se passaram e novamente ele sonhou chegando no mesmo local
para ver o milho que havia plantado, o mesmo havia crescido e ele muito
se alegrou. Despertando do sono ele ouviu alguém falar ´Mimoso do
Oeste´, novamente falou para o Pr. Odilon Barbosa e marcaram a abertura
oficial do trabalho em 25 de outubro de 1987. Desta feita o culto foi
realizado em frente ao antigo Posto Mimoso (hoje Porto Brasil). (...) os
cultos foram transferidos para a residência do, hoje, Pb. Israel dos Santos,
pois sua mãe e sogra moravam em sua residência e ofereceram-na para
servir de ponto de cultos e ele para não contrariá-las, aceitou, vindo depois
a se tornar crente e a construir um salão ao lado da residência para que os
irmãos tivessem um lugar mais amplo para adorar a Deus, onde ficou
sendo a congregação por alguns anos, somente em março de 1995 foi
construído o Templo na rua Pará, que é onde está a sede atualmente. (...).
Em 01 de dezembro de 2000, o Pr. Crispim Ferreira Lima apresentou a
ADLEM a CEADEB (Convenção Estadual das Assembléias de Deus na
Bahia) que emancipou o campo, tornando-o autônomo. (SANTOS: 2006,
NÃO PAGINADO)
Depois de emancipada, a ADLEM adquiriu autonomia, não precisando
mais responder a Barreiras, que desde então passou a ser tratada como igreja co-
irmã, ambas respondendo direto à Convenção Estadual, a CEADEB. Desde sua
emancipação que a ADLEM está sob a direção do Pastor Edvan Carvalho dos
Santos, que por ser seu pastor na época da citada emancipação, adquiriu o posto de
Pastor presidente da mesma.
3.4 O Estatuto da ADLEM
(...)
V— multa de até 10.000 (dez mil) UFIRs, podendo ser multiplicada em até
10 (dez) vezes em caso de reincidência, e levando-se em conta a
capacidade financeira do infrator.
(...)
(...)
O motivo central pelo qual esse projeto deve ser totalmente rejeitado é pela
flagrante inconstitucionalidade e injuridicidade e má técnica legislativa
conforme descreveremos: A prática do homossexualismo não acrescenta
direitos a ninguém. Se um homossexual praticante tem algum direito,
conserva-o apesar de ser homossexual, e não por ser homossexual. O
toxicônamo, o bêbado e a prostituta têm direitos como pessoas, mas não
por causa da toxicomania, embriaguez ou prostituição. Mas pelo simples
fatos de serem pessoas!! (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO)
Sobre isto COSTA (2007, NÃO PAGINADO) declara que o texto do PLC
122/2006
Os direitos que devem ser garantidos aos “gêneros” são aqueles mesmos
que devem ser garantidos a todas as pessoas; e não, criar super-direitos
para tal ou qual grupo de pessoas, tornando-a imune a críticas. (...) na
realidade, procuram conferir aos chamados “gêneros” maiores direitos e
melhores condições de tratamento do que aqueles dispensados ao povo
brasileiro de um modo geral, conforme determinam os princípios
constitucionais. (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO).
Portanto, é ineficaz a tentativa de utilizar de meios coercitivos penais ou o
próprio Código Penal para preservar a honra, a dignidade da pessoa humana, a
integridade ou a liberdade sexual, pois pelo princípio da isonomia estes direitos já se
encontram garantidos. Já nasceram com estes direitos.
O PLC 122/2006 trata dos termos do art. 1º de forma vaga, não apresenta
especificidade. Termos genéricos prejudicam a interpretação e a aplicação legal.
Por exemplo: Art. 1º - “Esta Lei altera a Lei (...) definindo os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de
gênero.”. Para efeitos legais torna-se difícil compreender o que seja “gênero, sexo,
orientação sexual e identidade de gênero”. Inúmeros serão os recursos que serão
impetrados na justiça por causa destes termos, se aprovado o PLC. Tornar-se-ia
difícil incriminar alguém por preconceito de “gênero” ou “identidade de gênero”
A Carta Política no art.5 º, XXXIX, prescreve que para cada tipo penal que
se pretenda punir, previamente precisa haver consenso, harmonia na interpretação e
no entendimento de cada expressão. É o que chama de “prévia cominação legal”.
Não são permitidas interpretações discricionárias. Os doutrinadores têm se
desdobrado para melhorar a interpretação do termo legal, mas nem um deles
externa qualquer interpretação sobre expressão que não seja clara, pelo contrário,
sempre corroboram no sentido de se harmonizar os termos.
Para que possa ser apreciada e efetivada a punição sobre certa conduta,
é necessário que se determine quem é o sujeito ativo e o sujeito passivo; qual a
conduta punível, por ação ou emissão, como preceitua a Lei complementar 95/88
que trata da boa técnica legislativa. O PLC, que se apresentou inicialmente bem
intencionado, além de ter seu rumo alterado, pois agora ultrapassa o limite da
igualdade, demonstra ter sido mal elaborado. Observa-se isto principalmente no
artigo 8º B, que não especifica em quais circunstâncias e hipóteses ocorrerão ação
ou a omissão. Isto deveria ter sido feito por meio de parágrafos, incisos e alíneas.
Expressões como “condutas discriminatórias” precisam ser esclarecidas.
§ 3º Se o homicídio é culposo:
A nova redação pretendida para a Lei 7.716/89, quase que de início a fim
é composta por penalidade de dois a cinco anos. Não tem havido proporcionalidade,
conforme preceitua o professor Damásio. “Ou seja, por exemplo, aplicar uma surra
no homossexual a pena é menor do que simplesmente dizer que não concorda com
o homossexualismo” (COSTA: 2007, NÃO PAGINADO).
(...)
José Celso Mello Filho, citado pelo doutor Alexandre de Morais, assim
comenta sobre a liberdade de consciência:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
(...)
O disposto nesta citação não se atribui a ADLEM, pois não tem objeção
alguma contra a pessoa, o homossexual. Como se baseia na Bíblia Sagrada, é
contra o ato homossexual, suas práticas, que ensina contrário.
Todavia, a pretenção do PLC de liberar em qualquer lugar a manifestação,
que é um tipo de expressão, de afetividade em geral em locais públicos ou privados
abertos ao público, corre-se o risco de esta manifestação ultrapassar limites
toleráveis para o ambiente. É sabido que existe ética, procedimento, ideal para cada
local que se freqüenta. É o caso de alguém ir à praia de terno, estará, de certa
forma, “fora do padrão local”. O mesmo ocorre com quem pretende entrar em um
tribunal de “short” ou mini-saia, não é aceito, tal pessoa será barrada de pronto, pois
há um padrão aceitável para aquele ambiente. Desta forma, este é um tipo de
liberdade que deve ser revisto, poderá causar problemas. A depender da
manifestação de afetividade, um casal hétero poderá ser convidado a se retirar de
um dos templos da ADLEM, pois configuraria irreverência, pois o local se presta
para outro fim. O mesmo é estendido aos homossexuais. Em resumo, não haverá
problema em um homossexual assistir culto em qualquer um dos templos da
ADLEM, porém a prática da homossexualidade dentro do templo não é permitida.
O Código Penal, tratando sobre “Do ultraje público ao pudor” discorre nos
artigos 233 a 238, que engloba também os crimes contra a entidade familiar.
Ficando claro que a Constituição Federal só reconhece como família a união entre
homem e mulher, dando inclusive ênfase a facilitação à regularidade civil do
casamento, para os que vivem em união estável, que não alcança, todavia os
homossexuais. Assim, um casal homossexual além de está na prática de crime
contra a família, poderá ter seus atos interpretados como um “desrespeito ao pudor
público”. Isto não está restrito unicamente aos templos da ADLEM, pois, em lugares
públicos, basta que assim seja interpretado por quem se sinta constrangido com o
ato, para que o crime seja configurado. Vide Julio Mirabete:
Assim, certo ato poderá ser interpretado como obsceno. Se isto ocorrer,
poderá ser invocado o artigo 233 do CP (Código Penal). Este sim é um ato punível,
já consagrado desde 7 de dezembro de 1940.
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao
público:
Vê-se que o texto do PLC contraria esta Lei também. Além de não estar
de acordo com o pensamento original do renomado doutrinador Mirabete. Ele, na
página 480 do seu livro, diz entender como sujeito ativo, quem pratica atos de
“exibicionismo”.
Assim, nem só a ADLEM deve ser preservada, mas toda e qualquer forma
de culto ou sentimento religioso. Ninguém poderá sequer perturbar uma cerimônia.
Vê-se implicitamente a obrigatoriedade de respeitar o ambiente religioso, não se
afastando do procedimento que ali seja adotado.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
(...)
O legislador civil, ao incluir no rol das obrigações dos pais sobre seus filhos a
exigência da obediência, deixou espaço para que esta obediência, enquanto menor
e sob seus cuidados, seja também no que diz respeito à liberdade religiosa.
Sobre o inciso “I” supra, assim discorre o Ministro César Peluso, que ratifica
este pensamento:
O pai que assim não o faz corre o risco de ser enquadrado nos artigos 224 e
246 do Código Penal, conforme redigi Silvio Venosa, comentando o mesmo inciso:
“A atitude dos pais é fundamental para a formação da criança. Faltando com esse
dever, o progenitor faltoso submete-se a reprimendas de ordem civil e criminal,
respondendo pelos crimes de abandono material, moral e intelectual”. (VENOSA:
2007, p. 294).
Nos exatos dizeres do artigo 17, a criança e o adolescente têm o direito de ter
sua integridade “psíquica e moral” resguardados, abrangendo seus “valores, ideais e
crenças”. Assim, se o caso hipotético em análise vier a ocorrer, quem deverá mudar
de atitude será o professor e nunca a criança ou seus progenitores, que são as
pessoas que lhe provêm a educação, com poderes para escolher qual ensinamento
lhes é mais pertinente. Corrobora ainda sobre este pensamento o artigo 18, supra,
pois coloca como dever de todos, e isto é indistintamente, qualquer pessoa tem a
obrigação de fazer com que criança alguma seja submetida a qualquer tipo de
constrangimento por suas crenças, ideais e valores.
Uma vez aprovado o PLC 122/06, com suas pretensões, percebe-se que não
será fácil para os pais cumprir o que lhes é determinado pela Legislação Vigente.
Visando esta dificuldade em potencial, comenta Célio Borja, citado por Paulo da
Costa, em artigo publicado em 15 de março de 2007. Informa o ex-Ministro do STF
que se o PLC 122/2006 chegar a ser aprovado haverá proibição de expressão de
cunho moral, filosófico ou psicológico e que isto inclui aos pais que têm a obrigação
de ensinarem a seus filhos.
(...) como foi observado pelo jurista Célio Borja, ex-Ministro do STF e
Presidente da Câmara dos Deputados, em artigo publicado em 15 de
março, mostrou que os juízos morais, os filosóficos ou os psicológicos já
não podem ser externados, embora, contrariando frontalmente o escopo
constitucional, temos, então, o impedimento dos pais de educarem seus
filhos, de acordo com o que entendem ser o comportamento mais
adequado e, socialmente, próprio. Diz o renomado jurista (...) (COSTA:
2007, NÃO PAGINADO)
COSTA, Paulo Fernando de Melo da. Parecer jurídico sobre o plc 122/2006 – a lei
“anti-homofobia”. Brasília, 2007. Disponível em <http://roberto-
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HAILER, Marcelo. “Plc 122 fere liberdade de expressão e da crença”, diz o pré-
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HARGREAVES, Patrícia, et al. Aventuras na história. 56. ed. São Paulo: Abril,
2008. (64 PAGINAS).
HARGREAVES, Patrícia, et al. Aventuras na história. 58. ed. São Paulo: Abril,
2008. (58 PÁGINAS).
MACEDO COSTA, Dom Antônio de. Separação entre igreja e estado e liberdade
de cultos - A Pastoral Coletiva do Episcopado Brasileiro de 1890. São Paulo:
Permanencia 2005. Disponível em
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(NÃO PAGINADO).
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. 23.ed. São Paulo: Atlas, 2005,
(510 PÁGINAS).
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
(918 PÁGINAS)
NASTARI, Alfredo. Mente e cérebro – as novas sexualidades. 185. ed. São Paulo:
Duetto, 2008. (68 PÁGINAS)
PELUSO, Cesar, cood.. Código civil comentado. Barueri: Manore, 2007, (1588
PAGINAS)
PEKELMAN, Giselle .Dicionário eletrônico rideel. 3. ed. São Paulo: Rideel, 2007.
(NÃO PAGINADO)
SEVERO, Julio. As ilusões do movimento gay. Belo Horizonte: Betânia, 2003. (84
PÁGINAS)
VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2007, (459 PÁGINAS)
ANEXOS