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Uma aluna com deficiência física queria ser bailarina em uma peça teatral. Embora as professoras tivessem receio, elas a apoiaram para realizar seu sonho. O projeto Artinclusiva oferece oficinas de teatro para pessoas com deficiência na Estação Especial da Lapa. As atividades desenvolvem a expressão e socialização dos alunos por meio de improvisação e jogos dramáticos. O projeto é importante para a formação das estudantes de licenciatura em artes cênicas.
Description originale:
Oficina de teatro para portadores de necessidades especiais
Uma aluna com deficiência física queria ser bailarina em uma peça teatral. Embora as professoras tivessem receio, elas a apoiaram para realizar seu sonho. O projeto Artinclusiva oferece oficinas de teatro para pessoas com deficiência na Estação Especial da Lapa. As atividades desenvolvem a expressão e socialização dos alunos por meio de improvisação e jogos dramáticos. O projeto é importante para a formação das estudantes de licenciatura em artes cênicas.
Uma aluna com deficiência física queria ser bailarina em uma peça teatral. Embora as professoras tivessem receio, elas a apoiaram para realizar seu sonho. O projeto Artinclusiva oferece oficinas de teatro para pessoas com deficiência na Estação Especial da Lapa. As atividades desenvolvem a expressão e socialização dos alunos por meio de improvisação e jogos dramáticos. O projeto é importante para a formação das estudantes de licenciatura em artes cênicas.
da distribuio de papis para um espetculo teatral de criao coletiva, as professoras ficaram contentes, mas com certo receio. A aluna apresentava uma deficincia fsica e poderia ter dificuldades para encarar o papel. No diramos no a ela. Sempre trabalhamos a partir da resposta do aluno. Concretizar esse desejo foi um desafio para ns, educadoras e educando. No final, todos ficaram emocionados, comenta a arte-educadora Pmella Cruz. Enxergar o indivduo e no a deficincia uma das concepes da oficina de teatro do Projeto de Extenso da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Artinclusiva, iniciado em 2001. As aulas so ministradas por quatro alunasbolsistas do curso de Licenciatura em Artes Cnicas: Anna Galli, Graziella Dias, Luma Couto e Pmella Cruz. O grupo faz esse estgio com os freqentadores da Estao Especial da Lapa. A entidade, criada em 1990 pelo Governo do Estado de So Paulo na capital, um centro de convivncia e reabilitao que oferece cursos gratuitos para pessoas com deficincia. So duas turmas da oficina teatral do Projeto Artinclusiva. A quarta-feira o dia das atividades com os alunos com deficincia mental. Neste ano, so nove alunos entre 24 e 46 anos de idade. J da segunda turma, de quinta-feira, participam deficientes fsicos e o pblico em geral. Composta por sete alunos entre 16 e 64 anos de idade, ela se rene semanalmente por duas horas. A diviso entre deficientes fsicos e mentais foi proposta pela Estao Especial da Lapa. Quando entrei no projeto, queria saber qual era a deficincia de cada aluno, acreditando que assim saberia mais sobre eles, saberia o que fazer na aula. Aps a vivncia, percebi que todas as categorias pouco me diziam sobre eles, explica Pmella que est no projeto Artinclusiva h quatro anos. Para a arte-educadora Graziella Dias, segundo ano de Artes Cnicas e primeiro ano no projeto, no h diferena entre dar aulas para pessoas com deficincia e para pessoas sem deficincia. Em todas, encontraremos algum tipo de dificuldade: alunos mais tmidos ou menos participativos, exemplifica.
J a arte-educadora Luma Couto, segundo de Artes Cnicas e segundo ano no
projeto, afirma que a nica dificuldade encontrar outras maneiras de interao com os alunos. Estamos muito acostumados com a comunicao verbal, mas alguns alunos no conseguem se expressar desse modo. Ento, precisamos encontrar novas tcnicas, comenta. Educao pela experincia As jovens educadoras concebem o teatro como uma atividade coletiva que possibilita olhar a si mesmo e o mundo de uma maneira diferenciada. Defino nossa oficina de teatro como uma experincia, em que cada pessoa se permite criar e se arriscar, o que contribui para uma maior autonomia da pessoa, explica Pmella. A partir deste conceito de teatro, as graduandas escolheram trabalhar com o mtodo improvisacional. Esse recurso permite aos participantes exercitar a espontaneidade e a criatividade. No h um texto para os alunos encenarem. As professoras propem uma atividade. Por exemplo, dar um novo significado para uma caixa de papelo. Os alunos transformam o objeto em um aparelho de som e criam uma cena. Esse o princpio do jogo dramtico. O jogador um sujeito que cria e se reinventa na prpria experincia do jogo. Essa situao de experimentalismo permite mais liberdade de expresso. A exteriorizao dos sentimentos vem dos desejos do jogador e de sua relao com o grupo, afirma Pmella. O jogo ajuda a tirar as travas, complementa Graziella. O desenvolvimento da expresso e da socialibidade so os avanos que as professoras notam nos participantes das oficinas. A aula um espao de encontro. Aqui eles podem falar o que pensam e o que esto sentido. Os pais costumam dizer que eles esto mais falantes em casa, comenta Luma. Alm da expresso, o teatro pede o trabalho coletivo. Por causa das atividades em grupo, acabam fazendo amizade. Isso importante para eles, pois, geralmente, vivem fechados no ambiente familiar, onde no tm voz, fala Graziella.
O ensino para as professoras deve ser uma atividade prazerosa. Quando
vemos que um aluno com dificuldades para se adaptar em outras oficinas da Estao, chega ao teatro e permanece nas oficinas, ficamos contentes. Tnhamos um aluno que sempre fugia da sala, aos poucos foi ficando. Agora acompanha com prazer das atividades, exemplifica Pmella. Importncia para formao O projeto Artinclusiva considerado fundamental para a formao das graduandas em Licenciatura em Artes Cnicas da Unesp por propiciar a vivncia na sala de aula. Este trabalho me ajuda a repensar os conceitos vistos na faculdade. Discutir teoria fcil. s a prtica que vai falar se vai funcionar ou no. A experincia do dia-a-dia me move a pesquisar outras coisas, a no ficar restrita a mtodos j prontos, reflete Graziella. Para Pmella Cruz, o projeto um dos pilares de sua formao como arteeducadora, pois no fez pensar apenas sobre a prtica em sala de aula, como tambm no discurso sobre as pessoas com deficincia. Segundo a coordenadora do Artinclusiva, a professora Carminda Mendes Andr, o projeto de extenso complementa em pesquisa e em prtica um contedo que no existe na grade curricular do curso. Deveria ter uma disciplina para aprofundar esse conhecimento e essa prtica, comenta.