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A cano do africano
Castro Alves
Anttese
O seu prmio? O desprezo e
uma carta de alforria quando tens
gastas as foras e no pode mais
ganhar a subsistncia.
Maciel Pinheiro
desprezo e uma carta de alforria: o escravo! O espao por este habitado no dos sales de festas,
mas a praa como nica morada: a praa em meio se agita. Espcie de co sem dono torna-se
um sujeito em que a sua condio humana torna-se degredada: desprezado na agonia/ larva da
noite sombria/ mescla de trevas e horror.
E se a curiosidade do leitor o instiga a querer saber quem a larva da noite sombria, na estrofe
seguinte o autor descreve o ser e sua situao social: ele o escravo maldito/ o velho
desamparado/ bem como o cedro lascado/ bem como o cedro no cho. Tem por leito de agonias/ as
ljeas do pavimento/ e como nico lamento/ passa rugindo o tufo.
E na ltima estrofe, o poeta grita a favor do escravo: chorai, orvalhos da noite/soluai ventos
errantes/ sede os crios do infeliz!. E denuncia a morte-social, a morte-econmica do cadver
insepulto, que a prpria alforria e o desprezo, a liberdade no assistida j predizia.