O documento discute as visões marxistas e liberais sobre o planejamento de ensino e como a autora argumenta que ele pode ser reconsiderado como uma estratégia política. A autora entrevistou professoras que se opõem ao planejamento por várias razões, como a falta de autonomia e o controle excessivo. Ela defende que o planejamento pode ser usado para promover culturas alternativas e combater a hegemonia.
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Planejamento de Ensino como Estratégia de Política Cultural.docx
O documento discute as visões marxistas e liberais sobre o planejamento de ensino e como a autora argumenta que ele pode ser reconsiderado como uma estratégia política. A autora entrevistou professoras que se opõem ao planejamento por várias razões, como a falta de autonomia e o controle excessivo. Ela defende que o planejamento pode ser usado para promover culturas alternativas e combater a hegemonia.
O documento discute as visões marxistas e liberais sobre o planejamento de ensino e como a autora argumenta que ele pode ser reconsiderado como uma estratégia política. A autora entrevistou professoras que se opõem ao planejamento por várias razões, como a falta de autonomia e o controle excessivo. Ela defende que o planejamento pode ser usado para promover culturas alternativas e combater a hegemonia.
Planejamento de Ensino como Estratgia de Poltica Cultural (Sandra Mara
Corazza)
O texto se inicia fazendo uma comparao das pedagogias marxistas e liberais,
no que diz respeito ao planejamento de ensino como prtica no trabalho de educao dos professores. As pedagogias marxistas so contra a reproduo social dentro das escolas, para eles as prticas de avaliar e de planejar o ensino, so consideradas como um fazer gerencial e tecnicista, servindo para reprimir, controlar e disciplinar o trabalho docente e os atos dos alunos. J para as pedagogias liberais os aspectos emergentes dos interesses, das necessidades morais e das capacidades cognitivas dos estudantes so mais importantes, mas tambm funciona para colocar o planejamento de ensino fora de questo. Ou seja, ambas excluem o planejamento de ensino do trabalho de educao dos professores. A autora no favor dessas excluses, mas argumenta no texto a pretenso que tem em defender a posio de que a prtica do planejamento de ensino pode ser reconsiderada pelas escolas crticas de educao de professores, como uma das estratgias polticas de suas lutas culturais. A autora entrevistou algumas professoras que trabalham em escolas pblicas de Porto Alegre sobre o planejamento de ensino, e o resultado foi negativo, porque a maioria das professoras disseram que de nada vale a pena o planejamento e a organizao curricular. Pelos seguintes motivos:
De que adianta planejar se na prtica faz- se outra coisa? Na prtica, o plano, as
teorias so bem diferentes. Dentro da escola tudo muda, no nada daquilo que ensinado na faculdade.
Planejar um ato autoritrio, pois expressa o controle das escolas e dos
professores sobre os estudantes.
O planejamento de ensino uma herana da ditadura militar...
Planos de ensino? Copiam-se os dos anos anteriores, trocam-se a capa e a data e
esto prontos para entregar. No vale a pena fazer novos planos, porque a exigncia apenas burocrtica, para encher arquivos da escola e serem mostrados para p pessoal da Secretaria de Educao, que nem os l.
Estes so alguns dentre outros relatos de professoras do ensino pblico de Porto
Alegre, que explicitam como as professoras que trabalham em escolas negam o ato de planejar o ensino. Com base na histria da escolarizao, pode-se afirmar que o maior problema do planejamento, justamente histrico, devido o aparecimento da escola de massa, como soluo
para
necessidade
de
controlar
regular
populao.
Com o surgimento dos Estados nacionais modernos o desenvolvimento das sociedades
industrializadas produziram assim as sociedades disciplinarias (Foucault 1987). Assim as escolas de massas chegaram a fim de exercer este novo poder disciplinar, e para regular e normalizar a populao infantil nas escolas massivas, sem dvida era necessrio planejar suas aes, determinar seus tempos e redistribuir seus espaos. O planejamento veio da necessidade da organizao das prticas econmicas, comerciais e industriais. E tambm em nvel social mais amplo, os governos dos estados capitalistas (e tambm socialistas), comearam a planejar suas aes em termos de polticas pblicas tais como: educao, sade, moradia, transportes, economia e etc. Logo, o movimento histrico do planejamento duplo: de um lado, busca contribuir na administrao das aes de indivduos e populaes, e de outro, lucrar com isso. A autora encontrou abordagens relativas a dois nveis de planejamento: 1- Planejamento macro, referido a polticas pblicas, de carter estrutural, governamental. 2- Planejamento
micro,
de
nvel
escolar
de
ensino.
Sendo defendidos por duas tendncias distintas no campo educacional, de um
lado a tecnicista na qual o modelo sistmico de bases positivistas teve predominncia, e de outro lado, a significao participativo-crtica, com nfase no modelo da pesquisa-ao. Aps muitos estudos, e alguns livros publicados sobre o tema, a autora se faz a seguinte pergunta: Afinal, planejar? Por qu? Ela responde essa pergunta das seguintes formas: i)
Planejar, porque o plano de ensino tambm constitui a textualidade de uma
forma contra hegemnica de pedagogia, por meio da qual selecionamos e organizamos objetos de estudo, experincias, linguagens, prticas, vozes, narrativas, relaes sociais, identidades.
ii)
Planejar, para antagonizar com o currculo oficial a multiplicidade de
culturas que existe em nossas identidades e nas dos alunos, para que possam se tornar materiais curriculares. Graas s produes da sociologia da educao e do currculo, os temas
culturais mudaram a forma de planejamento do ensino no que diz respeito organizao
de temticas culturais. Ou seja, os temas culturais trazem para o planejamento os conhecimentos populares, aqueles que no foram considerados conhecimentos escolares, como por exemplo: questes relativas ao gnero, classe, raa, etnia, religio, identidade nacional, diferenas sexuais, discriminaes de idade e etc. Concluindo, a autora pensa que a pedagogia uma prtica cultural, e que como educadora de professores espera que durante o trabalho de formao docente as prticas pedaggicas alternativas capacitem o futuro professor a planejar e desenvolver currculos alternativos e contra hegemnicos. E divulgar essas prticas, colocando-as em circulao para que possam inspirar outras.
Racionalidade e Projeto Político-pedagógico: um olhar a partir do Currículo e do relato das Práticas Docentes de professores do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará