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prprio objeto imitado, pois h nela algo que atribui um poder de fascnio s
representaes que ela cria e que as tornam diferentes de seus modelos. Ao
vermos, por exemplo, em cena, as dores de dipo ensanguentado ou o
sofrimento do parricida Orestes, no s nos comovemos, mas tambm, nos
cativamos. As lgrimas que estas tragdias arrancam do espectador o meio
pelo qual, tambm, a arte consegue fascin-lo.
No terceiro canto de sua Arte Potica, Boileau faz consideraes acerca
do teatro e da composio dramtica em seus distintos gneros, e as destina
aos dramaturgos, estes indivduos que so atrados pelo teatro com a
pretenso de expor sobre os palcos seus versos magnficos.
Assim, Boileau expe aos seus interlocutores, os dramaturgos, o que faz
uma obra ser considerada bela e agradvel, ainda que revisitada depois de
muitos anos. Para ele, por um apelo aos sentimentos do espectador que a
obra torna-se capaz de domin-lo e este dramaturgo consegue alcanar a
glria que almeja, pois o espetculo que agrada e que comove no se constitui
de cenas eruditas que, com uma retrica vazia, expe apenas frios
raciocnios. Pelo contrrio, na bela e agradvel obra teatral, em cada palavra,
a paixo comovida procura o corao do espectador, o aquece e o agita; to
logo, o espectador v-se preso nos incidentes do espetculo, e a imitao ali
representada lhe arrebata.
Contudo, como uma obra capaz de tocar as paixes de seus
espectadores? Boileau apanha diferentes partes da composio teatral, e
analisa cada uma delas. Dessa forma, a partir das consideraes de Boileau
sobre esses elementos, poderemos pensar uma resposta a essa questo ao
passo que entendemos sua opinio sobre quais medidas tomadas durante a
composio teatral podem lograr maior ou menor xito em suscitar os
sentimentos do espectador. A saber, os elementos tratados por Boileau seriam:
A ao da pea (marcha); Seu assunto; Os limites cronolgicos que a
circunscrevem; O desenlace; O espao; E a questo da verossimilhana (ou o
repdio ao absurdo).