Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Souchon, «À travers la publicité, les objets s'animent, les mots se chantent, les
gens mêmes sont mis à la portée des enfants et cherchent à satisfaire leurs
désirs sur un ton fantaisiste et gai qui les amuse et les entraîne dans un monde
uma média de três horas e meia de televisão por dia, chegam a ver uma média
de 100 spots publicitários por dia. Importa, portanto, dar mais atenção aos
efeitos da televisão nas crianças e nos jovens. Sobretudo numa altura em que
que agora aqui nos traz. Vejamos então a questão da publicidade. Existe, por
assim dizer, um pequeno mundo simbólico, constantemente recorrente na
publicidade televisiva dirigida à criança. É nesse apertado círculo mitológico,
Aqui emerge desde logo uma lógica consumista que modela de alguma
forma as expectativas das crianças desde a sua idade de identificação - dois-
três anos - até cerca dos oito anos, em que a criança é extremamte receptiva à
publicidade - e não só aquela que lhe diz directamente respeito. A partir daí vai-
se então desenvolvendo um sentido de questionamento e de observação sobre
as qualidades formais da publicidade em si e eventualmente dos seus
etc.
No fundo toda esta mitologização parte do pressuposto de base - a
publicidade cria as suas figuras de facto a partir dos desejos latentes, e
4 Jean- Paul Gourévitch, «L'Enfant et la Publicité», Des Images pour les Enfants, dir. Bernard Planque,
Casterman, Paris, 1977, pp. 128-131.
das suas consequências negativas -, uma fácil projecção e identificação nos
«heróis» das narrativas publicitárias.
Daí que seja fundamental dar mais atenção aos efeitos da publicidade
nas crianças. Tanto nas redes públicas como nas privadas, já que estas se
assumem como redes com publicidade ao contrário do que sucede por
exemplo na BBC, que neste caso devia ser uma referência para o serviço
público de televisão na Europa. Nesta exigência é óbvio que a sociedade civil
tem um papel crucial.
Não queremos dizer com isso que se proiba a publicidade para crianças.
Há outras maneiras de resolver esta questão, designadamente em relação às
imagens e mensagens eventualmente mais nocivas. Recordo por exemplo que
na Holanda, nos anos 70 era obrigatório figurar uma escova de dentes em toda
a publicidade aos açúcarados. E nos Estados Unidos, uma associação criada
por Peggy Charren, confrontada com o excesso de cáries dentárias provocadas
méritos dos produtos e nunca das suas fraquezas - há como que excitar o
desejo da criança por produtos provavelmente inúteis, dos doces às
guloseimas.
7 Ver designadamente Kazuhiko Goto, «A droga electrónica», Correio da Unesco, Março de 1979. prof.
da Universidade de Tóquio, na sua análise sobre uma das televisões mais violentas para as crianças - a
televisão japonesa.
8 El País de 16 de Fevereiro de 1996.
por sexos. As meninas continuam a brincar com as bonecas, a fazer o comer e
a tratar da casa, enquanto os meninos brincam com kits, videojogos, puzzles,
assim contribuir fortemente para uma evolução clara no plano das normas de
conduta e dos papéis sociais entre homens e mulheres.
Curiosamente, um outro estudo feito em Espanha no decorrer do mês de
média de três horas e meia de televisão por dia, tendo visto mais de 3000 spots
de brinquedos, o que significa uma média de 100 spots por dia, e por criança.
O relatório referia que em alguns canais se emitiu até 50 % de pub sobre a