Vous êtes sur la page 1sur 863
if DFA EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS SUPERIOR 2007-2008 TECNICO ESTRUTURAS MISTAS Luis Calado Joao Santos MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS indice 1. Introdugao .. 1.1 Conceito de Construgao Mista.......::nusssnnnnnnnnnnennse 42 1.2 Caracteristicas da Construcao Mista. 13 1.3 Evolugao historica re 1.4 Conexao de corte a 18 1.5 Distingio de Conexao e de Interaccao. 19 1.6 Exemplos de Estruturas Mistas em Portugal... sess 4.10 Torres S40 Gabriel e Sao Rafael, Parque das Nagées ... 4.10 Parque de estacionamento junto ao Estadio Alvalade XXI secs wl Tortes de Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa 4.42 Tabuleiro ferroviario do viaduto da margem norte da Ponte 25 de Abril 1.13, 1.7 Metodologias de andlise 1.14 1.8 Vantagens e inconvenientes da Construgao Mista. 7 1.16 EXEMPLO 1.1.0.0... seseaeeenensaeeesue 1.16 2. Propriedades dos Materiais 2.1 Betao... 2.2 Tensbes de rotura a compressa @ & traCG8O sn 2.2 Moédulo de Elasticidade. serseceattennessnees sessnnsesnnstsasennnns 2.3 Retracgao e Fluéncia 25 Coeficiente de dilatagao térmica linear 26 Coeficiente de Poisson 2.6 Coeficientes de homogeneizagao, evn 12.6 EXEMPLO 244 ses ese e210 Relagdes Constitutivas de caiculo....... seseaseeee lessees 2A 2.2 Armaduras Ordin&tias.......unnne stn 2.13 Tipos de armaduras ordinarias e classes de agos. poem) Modulo de Elasticidade e Coeficiente de Dilatagao Térmica.... : 2.15 Relages Constitutivas de cdlculo . 2.16 2.3 Ago Estrutural 247 Tipos de Agos e Tensdes de Cedéncia e Rotura...... . 2.18 Modulo de Elasticidade, Médulo de Distorgao ¢ Coeficiente de Poisson.....2.20 Coeficiente de Dilatagéo Termica. 2.21 Relagées Constitutivas de calculo sessrvseesneenencts 2.21 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO i INDICE 2.4 Chapas Perfladas 2.22 Tipos de Ago e Tensdes de Cedéncia e Rotura - 2.22 Médulo de Elasticidade, Médulo de Distorgao e Coeficiente de Poisson........2.24 Coeficiente de Ditatago Térmica 2.24 Relagbes Constitutivas de célculo = 2.24 2.5 Dispositivos de Conexéo oneness oon 25, Conectores de Corte vnennnnannnen . a 2.25 Interligagao Mecanica nas Chapas Perfladas 0... 227 2.6 Propriedades dos Materiais sujeitos a cargas ciclicas (fadiga) seen 2.28 3. Conexao de Corte... 3.1 Generalidades 3.2 EXEMPLO 3.1..... even sense even BB 3.2 Tipos de Conexa0.... ~ 36 3.3 Formas de Conexéo de Corte : coe .8 3.4 Conectores de Corte. 341 Exemplos de Conectores de Corte Ducteis e Rigidos..... aoa Comportamento dos Conectores de Corte : 3.16 Modos do Rotura dos Conectores de Corte eneenne 3.21 Factores que afectam o comportamento dos conectores de Corte ...r.sne.n 3.24 3.5 Descolamento entre 0 Betdo @ 0 Perfil MetAliCO nnn 3.26 3.6 Esforgo de Corte Resistente. eer 3.27 Conectores em vigas mistas, em lajes mistas e em pilares mistos .......:.0..3:27 EXEMPLO 3.2. esconnsn 3.30 EXEMPLO 3.3. . 3.36 Conectores de lajes mistas....... 7 vee EXEMPLO 34 essen 3.46 EXEMPLO 3.5 3.51 EXEMPLO 3.6 3.53 Conectores em pilares mistos. 3.55 EXEMPLO 3.7 3.58 3.7 Armadura transversal ee . 3.61 EXEMPLO 3.8. B71 3.8 Disposigbes Construtivas e Pormenorizagao 3.76 ii INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 4, Analise de Secgées Transversais de Vigas mistas. 4.4 Generalidades .. = seen 42 4.2 Tipos de secoses transversais de Vigas Mista... sone 3 Vigas mistas com laje maciga.....00.e0 43 Vigas mistas com laje nervurada . 44 Vigas mistas com alma envolvida em bet0.......00 seen 5 4.3 Larguras Efectivas das Seccées..... EXEMPLO 4.1 4.4 Classificacao das Secgbes EXEMPLO 4.2 4,5 Métodos de Andlise de Secgdes 4.6 Esforgos Resistente com conexéo de corte total — Andlise Plastica ... Flexo EXEMPLO 4.3. EXEMPLO 4.4 EXEMPLO 4.5 EXEMPLO 4.6 Corte... EXEMPLO 4.7 Flexo associada a esforgo transverso....... EXEMPLO 4.8. 4.7 Esforgos Resistente com conexao de corte total ~ Andlise Elastica Flexo EXEMPLO 4.9.00... oo essen Corte a : EXEMPLO 4.10. ec Flexao associada a esforco transverso 4.8 Influéncia da conexao parcial sobre os esforgos resistentes EXEMPLO 4.11 5. Vigas mistas. 5.1 Generalidades 5.2 Métodos de andlise global eee . 5.5 Analise eldstica linear 56 Andlise eldstica sem fendilhagéo.... cece 510 Andlise eldstica com fendilhagao os ere 5.15 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO iii INDICE Analise sigido-plastica, Anélise elasto-plastica 5.3 Redistribuicéio de momentos flectores em vigas continuas... EXEMPLO 5.1 5.4 Dimensionamento da conexao de corte Conexao de corte total Conexao de corte parcial Métodos para distribuigao dos conectores em vigas mistas. EXEMPLO 5.2 5.5 Influéncia do processo construtivo nos esforgos Sem escoramento.. Com escoramento. EXEMPLO £ 5.6 Determinagao das deformagées. EXEMPLO 5.4 5.7 Influéncia da conexao parcial sabre os esforgos e deformagées. EXEMPLO 5.5. 5.8 Controle da fendilhagao do betao... 5.9 Encurvadura por esforgo transverso. Contribuigdio das almas Contribuigéio dos banzos EXEMPLO 5.6........ 5.10 Interacgaio entre flexéo e encurvadura por esforgo transverso EXENPLO 5.7.... 5.11 Encurvadura lateral de vigas mistas. Momento critico elastico Método de verificagao directa e uso de contraventamento lateral... EXEMPLO 5.8 6. Lajes mistas 6.1 Generalidades 6.2 Tipos de chapas perfiladas para lajes mistas 6.3 Andlise da chapa perfilada durante a fase construtiva... Classificagao da secgao e determinacao da seccdo efectiva.... EXEMPLO 6.1 EXEMPLO 6.2. ‘Acgées a considerar no dimensionamento 5.18 5.26 5.26 531 5.39 5.40 5.46 5.50 5.55 5.59 8.62 5.67 5.70 5.78 5.84 8.88 5.100 5.106 5.109 5.113 5.119 5.121 5.124 5127 5.132 5.138 5.153 5.158 6.18 6.19 6.26 iv INSTITUTO SUPERIOR TECNICO. MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 6.4 Arélise da laje mista com chapa perfilada 6.26 Andlise elastica linear 6.29 Anélise elastica com redistribuicao de esforgos seonnnnn et 6.30 Andlise rigido - plastica 6.31 6.5 Larguras efectivas para cargas concentradas e lineares 6.32 8.6 Esforgos resistentes se 6.37 Flexo ~ Andlise PIAStICa es 6.37 EXEMPLO 6.3... sss B44 Flexao ~ Andlise Elastica - 6.49 Corte Vertical seven ree .53 Pungoamento. sen 6.55 EXEMPLO 6.4..ccoonen : 6.59 6.7 Aberturas em lajes mistas “ seveenesB.84 6.8 Vibracao de pavimentos Mistos......:.00 este 6.68 Determinagao da frequéncia propria de vibragao = 6.69 EXEMPLO 6.5. 6.9 Actuagao da laje como um diafragma nn. sone B80 6.10 Controle da fendilhagao do betdo. etn soon 6,82 EXEMPLO 6.6... 6.86 6.11 Determinagao das deformagées...... 6.89 6.12 Pavimentos do tipo Slim Flocr..... senses Emre o2 EXEMPLO 6.7... sec renee 8.04 6.13 Disposigdes construtivas e pormenarizagao snes 6.101 7. Pilares Mistos. 7.1 Generalidades wT 2 7.2 Tipos de seogdes de pilares mistos.........nse srosennen TA Perfis metalicos envolvidos em betdo.. 7.4 Perfis metélicos parcialmente envolvides em betdo..... ts Perfis tubulares cheios om bet&O.....nssn se 77 Dois ou mais perfis metalicos em que um deles é tubular... 78 7.3 Métodos de anélise e respectivas exigéncias ... 79 Método geral. —— 7.13 Método simplificado do Eurocédigo 4 7.21 7.4 Esforgos resistentes de seogbes de pilares mistos 7.38 Esforgo Axial... evn 7.38 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO v INDICE EXEMPLO 7.1 Flexéio composta Método de Wakabayashi Método de Roik e Bergmann... Método do Euracédigo EXEMPLO 7.2 Corte longitudinal.. Caminhos de carga Zonas comuns Flexdo composta associada a esforgo transverso. EXEMPLO 7.3 ...cccsnsnsnnne 7.5 Verificagao da seguranga de pilares mistos segundo 0 Eurocédigo 4 Elemento submetido a esforgo normal EXEMPLO 7.4 eset Elemento submetido a flexao composta EXEMPLO 7.5, so Elemento submetido a flexdo composta desviada EXEMPLO 766...... 7.6 Disposigdes construtivas e pormenorizagoes. 8. Bibliografia. Tabelas dos Materiais vi INSTITUTO SUPERIOR TEGNIGO eon AG 7.50 7.61 7.63 7.69 7.71 7.81 7.84 7.87 7.87 son 90 7.96 7.97 7.98 7.101 7.103 7.109 7.492, 7421 MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. 1 Introdugao 44 1.2 1.3 1.4 15 1.6 17 18 Conceito de Construgao Mista... Caracteristicas da Construgio MiSt@ oo. Evolugao histérica Conexao de corte Distingdio de Conexdo e de Interacgéo..... Exemplos de Estruturas Mistas em Portugal. Torres Sao Gabriel e Séo Rafael, Parque das Nagdes. Parque de estacionamento junto ao Estadio Alvalade XI. Torres do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa. Tabuleiro ferrovidrio do viaduto da margem norte da Ponte 25 de Abril Metodologias de anailise ..... Vantagens e inconvenientes da Construgdo Mista, EXEMPLO 1.4 oo aia 13 1.6 1.8 ato) 1.40 1.10 wt 4 1.12 pe ti13) 1.14 1.16 1.46 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO INTRODUGAO 1.1 Conceito de Construgao Mista Construgao Mista é aquela onde estdo presentes elementos estruturais com secgao mista, isto é, secgées resistentes nas quais dois ou mais materiais estao ligados entre si e trabalham solidariamente, obtendo-se assim elementos estruturais com comportamento diferente do dos materiais individuais. A ligagao entre os varios materiais pode ser discreta ou continua O objecto de estudo deste manual ¢ a construg4o mista de Ago e Beto, com os quais podem colaborar outros materiais, como as armaduras ordindrias ou de pré-esforgo. Figura 1.1 - Exemplos de construgao mista 12 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Convira distinguir 0 conceito atrés enunciade de outros aparentemente parecidos mas que, na realidade, so bastante diferentes. Uma distingao a fazer refere-se a elementos que so constituidos por apenas um material mas com caracteristicas reolégicas diferentes (ex: elementos de betdo armado ligados a elementos de betdo pré-esforgade ou secgdes metélicas compostas por acos de diferentes caracteristicas eldsticas). Esta no é con: jerada construcéo mista por e tir apenas um material constituinte. Outra distingéo conveniente seré aquela entre construgao mista e tecnologia mista de construgao. A segunda consiste em construgao com varios materiais mas em que cada elemento estrutural & apenas constituido por um deles. De notar que esta tecnologia poderé incluir elementos de construc mista (ex.: pilares de betdo armado, vigas e lajes mistas), solugao considerada bastante eficiente se bem executada, A formulacdo utiizada para analise de secgdes mistas pode ser aplicada aos casos extremos: secgSes de elementos de betdo armado (secg5es mistas nas quais se omite o elemento metalico) @ seccdes metalicas (secgdes mistas nas quais se omite 0 betdo). Estas duas situagdes nao sao consideradas como casos da construgao mista, todas as outras poderdo sé-lo. Betado Construcao Construgaio | armado mista metalica —_ aoe - — Figura 1.2 - Eaquema representative da abrangéncla do concelto de Construgao Mista, 1.2 Caracteristicas da Construgao Mista Os principais elementos da construgao mista s4o: 0 betdo, 0 ago estrutural (perfis metalicos) € 0S conectores. Tendo estes ultimos a principal fungo de ligar 0 betdo ao perfil metalico e controlar o escorregamento entre eles. betdo e 0 ago, apesar de muito diferentes, so perfeitamente complementares e compativeis * betio é eficiente 4 compressao e ago a traccao, INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 13 INTRODUGAO ‘* aco traz ductilidade as estruturas; * betéo restringe deslocamentos indesejaveis dos elementos de aco (evita encurvaduras); * possuem coeficientes de expansio térmica semelhantes; * betdo protege aco contra corrosdo e isola-o de altas temperaturas (em caso de incéndio). Sebendo 0 comportamento individual de cada um dos materiais possivel racionalizar 0 uso destes, obtendo-se assim comportamentos mais proximos dos desejados para ambos. A colocacao do betéo nas zonas de compresso e do aco nas de trac¢ao faz com que cada material esteja a resistir a esforcos e deformagées para ao quais tem maior aptidao. E facil, entéo, perceber a existéncia de um tipo de construgdo na qual estes dois materiais coexistam e trabalhem solidariamente, A construgdo mista possibilita uma grande diversidade de métodos construtivos e formas estruturais que influenciam diversos aspectos inerentes & construcdo: * formas e solugdes estruturais do projectista isposi a secgao de betdo pode ser betonada “in-situ” ou pré-fabricada, o betdo pode ser leve ou normal e pode estar ligado ao ago de um modo rigido ou flexivel; - a secedo do perfil metélico pode ser constituida por todo o tipo de elementos de aco: perfis laminados a quente, perfis compostos, perfis de chapa quinada, perfis tubulares, etc.; 14 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Lajes =F SE Figura 1.3 - Esquema representativo de diferentes formas e solugdes estruturais de elementos mistos. importancia do processo construtivo: ¢ maior neste tipo de construgéio que na maioria dos demais. Sabendo que na construgao mista se usam dois materiais com diferentes processos de fabricagdo e aplicacdo (0 ago é fabricado em fabrica e 0 betio, geralmente, aplicado em obra) é necessario ter especial atencao a fase construtiva. Assim, se Se optar por construgéo sem escoramentos sera o elemento metélico a suportar a8 cargas permanentes, no caso contrario sera o elemento misto. A primeira opgao requer perfis metalicos mais resistentes para evitar deformacSes excessivas ou mesmo colapsos por encurvadura do perfil metalico. Figura 1.4 - Esco‘amenios em elementos de consirugae mista INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 1S INTRODUGAO. * facilidade de montagem em obra: é enorme em estruturas mistas especialmente se se tratar de lajes ou vigas mistas com chapas perfiladas. Apés a montagem dos perfis metalicos e da chapa perfiladéa obtém-se uma boa plataforma de trabalho para a betonagem e uma boa barreira a0 vapor proveniente desta + flexibilidade e facilidade de alteraodo: sdo elevadas na construge mista especialmente em estruturas porticadas. Neste tipo de estruturas a construgéo mista permite modificagées durante 0 periodo de vida da estrutura na medida em que apenas necesita da adigao de novos elementos metalicos e consequente betonagem destes ou a volta destes. Além do que jé foi referido as estruturas mistas séo adequadas a acomodagao de servigos sem que isso comprometa qualquer elemento estrutural, pois 08 servigos podem colocar-se, em altura, ao lado dos elementos metélicos. Assim, muito util que se possam mudar as disposigges dos servigos sem que isso comprometa qualquer elemento estrutural ou outro. * aplicacdo no emergente mercado da reabilitacdo reforco de estruturas: é cada vez maior devido a facilidade de insercao de elementos de estrutura mista em edificios de construcao mais antiga. A facilidade deriva do baixo peso proprio e das dimensées reduzidas, quando comparadas com outros métodos de construgao, destes elementos para cargas semelhantes. A titwlo de exemplo, considerem-se os edificios com elementos estruturais verticais de alvenaria e pavimentos em madeira. Estes podem ser substituides por lajes mistas ligadas a perfis metalicos e a estrutura poder& ser reforgada por colunas metalicas se necessario 1.3 Evolugao No sentido lato da palavra, a construgao mista teve inicio nas civilizagdes antigas. Os Assirios fabricam tijolos de barro reforgado com palha, sendo este tijole, possivelmente, 0 primeiro elemento estrutural misto. Posteriormente, os Gregos e os Romanos construiram paredes revestidas com material diferente no interior de forma a melhorar 0 seu comportamento. Todavia, a construgdo mista, tal como € concebida nos nossos dias, surgiu em meados do século XIX, Em 1840, Howe registou uma patente para a construgao de treligas feitas de madeira e ferro forjado. Quatro anos mais tarde, Thomas e Pratt registaram também uma patente para a construgao de trelicas de madeira com ferro forjado. A diferenca entre estas duas treligas residia no posicionamento dos elementos de ferro forjado. Enquanto a treliga de Howe utilizava os varées de ferro forjado nos elementos verticais, a treliga de Pratt aplicava os mesmos vardes, mas nos elementos diagonais. Em algumas zonas rurais de Inglaterra é ainda possivel encontrar pontes 16 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS_ construidas com esta tecnologia. Também em meados de século XIX, € com 0 aparecimento do betdo, os elementos de ferro forjado comegaram a ser envolvidos por este material para os proteger do fogo, podendo ser considerados como os primeiros elementos mistos de cariz semelhante ao dos actuais. No inicio do século XX, diversos estudos em diferentes partes do mundo aceleraram o desenvolvimento das vigas mistas. No Canada, vigas envoltas em betdo foram estudadas pela Dominion Bridge Company em 1923. Simultaneamente, o National Physical Laboratory do Reino Unido efectuava também ensaios em vigas mistas, cujos resultados foram publicados por Scott em 1925, Em 1926, nos Estados Unidos da América, Kahn registou uma patente para a construgao de vigas mistas. No mesmo ano, Caughey publicou nos Proceedings of the Engineering Society os resultados da sua investiga¢do sobre 0 comportamento de jas mistas de aco-betdo. Em 1929, Caughey e Scott publicaram um artigo sobre o dimensionamento de vigas metélicas e lajes de betdo, onde foi referida, pela primeira vez, a necessidade da existéncia de conectores para ligar os dois materiais, de forma a resistir ao corte longitudinal. Apresentaram também uma interessante discussao sobre construcdo escorada e nao escorada. Nos anos trinta a construgéo mista era jé conhecida em grande parte do mundo. Nessa década, na Suiga, teve inicio a utilizagao nas vigas mistas de conectores constituidos por vardes dobrados em espiral. Na Australia, Knight publicou um artigo sobre pontes mistas, que incluia dimensionamento dos conectores @ uma discusso sobre 05 métodos construtivos. A regulamentagao da construgao mista surgiu em 1944 nos Estados Unidos da América, através da American Association of State Highway Officials e, posteriormente, do American Institute of Steel Construction, em 1952. Nas décadas de cinquenta e de sessenta realizaram-se diversos estudos sobre elementos estruturais mistos, mas questdes importantes como a separacdo vertical entre o perfil metdlico e 0 betdo, o comportamento dos diferentes tipos de conectores, 0 attito entre o perfil metilico eo betdo, as vibragbes, a torgao de vigas mistas e a resisténcia tllima de seccdes permaneceram por resolver. ‘Apés um decréscimo de interesse por este tipo de construgao, assiste-se a partir da década de oitenta a uma crescente apeténcia, quer de engenheiros quer de arquitectos, pela construgao mista. Exemplo desta afirmagdo ¢ a existéncia desde essa época da disciplina de estruturas mistas de ago-betdo em algumas universidades, quer ao nivel da licenciatura, quer ao nivel do mestrado, como € 0 caso entre outras das Universidades de Adelaide, Berkley, Edinburgh, Lehigh, Minnesota, Nottingham, Warwick e Sydney. Em Portugal foi o Instituto Superior Técnico a primeira universidade portuguesa a cferecer um curso de Estruturas Mistas Ago — Betdo, curso esse que surgiu nos finais dos anos oitenta tendo sido 0 seu impulsionador 0 Prof. Antonio Lamas. ISTITUTO SUPERIOR TECNIGO 17 INTRODUGAO Também a Comunidade Europeia, inicialmente através da Convengao Europeia da Construcgao Metalica (CECM / ECCS) e posteriormente através do Cornité Europeu de Normalizagao (CEN) tem feito um esforgo para dotar 0s projectistas de reguiamentacdo adequada ao dimensionamento © 8 verificagao da seguranga deste tipo de estruturas, tendo esse esforgo culminado na elaboragao dos Eurocédigos Estruturais com especial relevo para 0 Eurocédigo 4 (EN1994) ~ Projecto de Estruturas Mistas Ago - Betéo Error! Reference source not found.]. 1.4 Conexao de corte Um dos principais problemas que se coloca no estudo de elementos de construgao mista é 0 da conexéo entre os dois materiais. De facto, 0 estudo de cada um dos dois materiais separadamente naa fornece pistas suficientes para resolver 0 problema basico de ligar 0 Ago ao Betao. Pode-se definir conexdo entre Aco e Beto como o meio ou a maneira de garantir que estes trabalhem solidariamente e possam ser projectados como partes de um mesmo elemento estrutural. Apenas se conseguiré um comportamento deste tipo para um elemento de construgo mista garantindo resisténcia suficiente na interface dos dois materiais ao longo da sua extensdo Os meios de sonexdo actuam na interface entre os dois materiais, que ¢ uma regio do elemento onde se verificam distribuigdes de tensdes severas e complexas. Figura 1.5 - Meios de conexdo: saliéncias na chapa perflada e conectores de corte. 18 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 1.5 Distingao de Conexao e de Interacgao Apés uma definicéo de conexao convém fazer a distingao entre esta e a de interaccdo, que s&0 conceitos diferentes mas muitas vezes confundidos. Enquanto @ conexéo esta directamente relacionada com a forca desenvolvida na interface entre os dois materiais, a interacgao esta relacionada com o escorregamento na interface verificado entre os dois e, consequentemente, com a rigidez do meio de conexao. Enquanto a conexdo depende da resisténcia e quantidade aplicada de um dado meio de conexao, a interacgdo depende da sua jgidez inicial comparativamente aos materiais estruturais, do seu numero e seu posicionamento na interface do elemento. Conexao total significa que um aumento da quantidade de conexao nao aumenta a resisténcia do elemento, uma interaccao total significa que os desiocamentos relatives dos dois materiais so suficientemente pequenos que podem ser desprezados (nao significa que sejam nulos}. Em situacdes nas quais existam conexao e interaccao parciais os seus valores andam par a par. Uma dada percentagem de conexao tem, em geral, um valor proximo da percentage de interaccao para um dado elemento. Uma conexao nula implica uma interaccao nula e vice-versa (nenhum meio de conexa0 implica resisténcia nuia ¢ escorregamentos maximos), enquanto que uma conexdo total nao implica uma interac¢do total, pois apesar de ndo se conseguir aumentar a resistencia de um elemento pode-se ainda conseguir reduzir os deslocamentos relativos dos materiais (aumentando a quantidade do meio de conexao), Resisténcia ————________» 100% % de Conexéo Figura 1. da resistencia em fungao do grau de INSTITUTO SUPERIOR TECNICO INTRODUGAO 1.6 Exemplos de Estruturas Mistas em Portugal ‘A construgao mista tem sofrido um desenvolvimento importante recentemente, nomeadamente nos grandes centros urbanos. AS raz6es deste sao a rapidez de execugao e a necessidade de grandes vaos (que, como se vera adiante, constituem vantagens da construgao mista). Estas necessidades surgem na construgao de edificios tipicamente urbanos, como: escritérios, parques de estacionamento consiruidos em altura ou edificios de tipologia mista (hotéis ou, simultaneamente, de habitagao e escritérios em que os aos variam substancialmente entre os diferentes pisos), Exemplos deste tipo de edificios sao: as Torres Sao Gabriel e Sao Rafael no Parque das Nagdes, 0 parque de estacionamento junto ao Estadio Alvalade XXI e as torres do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa. Todos estes edificios estdo situados em Lisboa. Outros tipos de estruturas em que a construgao mista € muito utiizada sao as pontes € Viadutos. As razdes para 0 seu uso neste tipo de estruturas so essencialmente as mesmas que se referiu para edificios. © exemplo que se mostra é 0 do acrescento de um tabuleiro ferroviario no viaduto da margem norte da Ponte 25 de Abril. Néo é uma obra mista de raiz no entanto é, sem duvida, emblematica. Torres Sao Gabriel e Sao Rafael, Parque das Nagées Estes dois edificios s4o um bom exemplo de tipologia de uso mista. Os primeiros pisos esto ao uso de estabelecimentos comerciais, como ginasios, em que grandes vaos sao necessarios. Nos pisos superiores © edificio é de habitagdo (menores vaos). Este tipo de edificios obriga a que a parte superior da estrutura seja suportada por elementos de grandes dimensdes nos pisos inferiores (geralmente vigas de betdo pré-esforcado). Tendo pilares estruturais dos pisos superiores a descarregar directamente nestas vigas pré-esforcadas, € necessdrio encontrar um tipo de construgo que consiga vencer os vaos necessdarios nos pisos superiores com 0 minimo de peso préprio possivel. Assim, a construgao mista ago-betdo torna-se um concorrente muito forte das demais tecnologias de construgdo na medida em que possui elementos esiruturais muito leves (vigas e pilares em ago) ¢ lajes em betdo de espessura reduzida 740 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 17 - Torres de S, Gabriele S. Rafael Parque de estaciona! Os parques de estacionamento so um bom exempio da necessidade de existéncia de grandes vaos para elementos de construgao de dimensées reduzidas. Ora, sabendo que na construgao mista os racios entre 0s véos e as dimensdes dos elementos estruturais sao grandes, é natural que se comece a verificar um aumento do niimero de parques de estacionamento em altura realizados ‘com recurso a tecnologias de construgao mista ago-betdo. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO INTRODUGAO b Bee Figura 18 - Parque de estacionaments junto a0 extadis Avalade x Fr Técnico, Universidade Torres do Instituto Super nica de Lisboa Estes dois edificios sao um bom exemplo da necessidade de vencer grandes vaos em construgao de edificios. Apesar de serem edificios escolares a sua tipologia é em tudo semelhante & dos escritérios, jd referida. A este facto acresce a arquitectura das mesmas, que obriga a que grande parte da rea dos edificios funcionem como consolas. Mais uma vez se refere a grande facilidade da construgao mista em vencer grandes vos com elementos de dimensdes moderadas. 112 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. Figura 1.9 - Torre Norte do Instituto Superior Tecnico, Tabuleiro ferroviario do viaduto da margem norte da Ponte 25 de Varias poderdo ser as razdes para este ter sido realizado cam recurso a elementos mistos, podem-se referir, mais uma vez, a rigidez e resisténcia elevadas para baix peso préprio (factor importante num acrescento de uma estrutura como esta). Figura 1.10 - Viaduto Ga margom norte da Ponte 25 Ge Ab INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 113 INTRODUGAO 1.7 Metodologias de analise A andlise de elementos estruturais mistos ¢ de estruturas mistas ¢ feita com base nas teorias de resisténcia dos materiais e de analise de estruturas. Aanélise de secgdes € feita com base nas teorias de andlise eldstica elou plastica, consoante as classes das seogdes & 0s estados limite a verifcar. A anallise elastica de secgées consiste na consideracdo da existéncia de uma variagéo de tensdes linear 4 medida que aumentam as deformagées. Nos pontos de maior tenséio pode, ou no, ser atingida a tensdo de cedénci .f, (Consoante a classe da seccdo, como se vera mais adiante). Nesta analise existe linearidade fisica, ou seja, as tensdes e as deformagbes sao directamente proporcionais com uma razio igual a0 médul de Young, E. Esta linearidade é conseguida através de um coeficiente de homogeneizacao, n que “transforma” o betéo em ago para efeitos de andlise secgoes. ee) Figura 1-11 - Esquema represontalivo de uma andlise elasiica de secyao, ‘A analise plastica baseia-se no pressuposto de que, em toda a seccdo, existe uma tensao igual @ tensao de cedéncia dos respectivos materiais. Neste tipo de andlise, apesar de se ter uma variagéo de deformacées linear, as tensdes S40 constantes ao longo de cada material, ndo senda portanto necessaria a homogeneizagao dos materiais da seceo. A andlise poderd ser feita através de "blocos de tensdes” 114 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS _ Os estados limite de utilizacéo séo sempre verificados com recurso a anilise elastica enquanto que nos estados limite ultimos as metodologias utilizadas dependem da classe da sec¢do, sendo por vezes necessario recorrer a secgdes efectivas. Convém referir que na analise elastica de secgdes 6 costume desprezar a resisténcia do betdo & tracedo enquanto que na plastica esta é sempre desprezada Alem da andlise de seccdes pode-se também fazer referéncia a andlise global de elementos e estruturas mistas. Os dois grandes tipos de analise global usados sao: analise elastica e andlise rigido-plastica (formacdo de rétulas plasticas). Andlise elastica Anilise plastica F at F oe =. Mplastico > > —; Cot DMF Mplastico Figura 1.13 - Represeitagao dos diferentes tipos de analise global INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 115 _INTRODUGAO 1.8 Vantagens e inconvenientes da Construgao Mista As vantagens e inconvenientes na construgdo civil de hoje em dia sé medidas essencialmente pelos custos, tanto da realizagao do produto como da manutengao em servigo durante a sua vida sti Uma grande parcela dos custos relacionados com a construgéo ¢ a da mao-de-obra, o que actualmente em Portugal constitui uma desvantagem para a construgao mista por existirem menos ‘empresas neste ramo, e logo menos mao-de-obra especializada (face a construgdo metalica ou tradicional de betao armado e pré-esforcado). Quanto & geometria e quantidade de material utiizado a construgdo mista oferece vantagens em relagao as outras duas. Para alturas semelhantes dos elementos estruturais a construgao mista apresenta maior rigidez e capacidade de carga. Consequentemente, para cargas semelhantes, a construgao mista apresenta menores alturas titeis ou maiores vaos (bons racios vaoldimensées das pegas e peso préprioicapacidade de carga), constituindo estas boas. vantagens do ponto de vista da arquitectura EXEMPLO 1.1 Para mostrar que, com dimensdes semelhantes, as estruturas mistas possuem maior idez, maior capacidade de carga e menor ou igual peso proprio estudaram-se estes parametros para trés seogdes diferentes. As secgdes apresentam-se em seguida, chama-se a atengao para 0 facto da altura e largura de todas elas serem iguais. Secodio metalica Secoao mista Secgao de betao armado | 1,00 : ___—1,00 1,00 010. Here 0,10 0,30 0,30) 0,15 Figura E1-171 — Seogbes usadas para comparacao enire tecnologias de consirugao. 116 ~~ INSITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Calculou-se 0 momento resistente, Mea, a rigidez de flexdo, El, e 0 peso proprio, P, para cada uma das secgées representadas (célculo que requer apenas conhecimentos de resisténcia de materiais) Os resultados apresentam-se em seguida e esto apresentatlos em percentagem, na qual a resisténcia, rigidez e peso proprio da secc&o mista foram tomadas como 100% Secgio Caparidade de Carga Rigidez de Flexao Peso Proprio, Metalica 57% 39% 100 % Mista 100 9% "100% 100 9% Beto Armado 65% 66 56 124% Tabela E1.1/1 ~ Resultados da comparagaio entre tecnologias de construgao, Deste simples exemplo conolui-se que as estruturas mistas em geral tem grandes vantagens a nivel estrutural. Apresentam de facto maior resisténcia e rigidez para pesos préprios menores, Outra vantagem apontada as estruturas mistas é a de possibilitarem uma maior velocidade de construcao que as tradicionais em betéo armado (que possuem a maior cota de mercado em Portugal). De facto, a reduzida utilizacao de escoramentos e cofragens (devido utlizacdo de perfis metalicos e chapa perfilada) gera uma velocidade de construcao bastante mais elevada quando comparada com estruturas de betao armado tradicionais. © maior inconveniente da construcéo mista prende-se com a complexidade de pormenorizagao destas, nomeadamente no que se refere aos conectores (que ligam 0 aco a0 betao) Pode também teferirsse, como inconveniente, a necessidade da protecgao dos perfis metalicos contra o fogo e corrosae e também a sua manutengao e pintura. Por ultimo, a necessidade, no panorama nacional, de mao-de-obra dispendiosa, que aliada necessidade de proteccdo das estruturas cria aumentos nos custos deste tipo de construgao. E objectivo deste manual servir de ponto de aprendizagem para projectistas e responsaveis de obra. Através deste tipo de iniciativas espera-se conseguir incrementar a construgao mista e reduzir os custos de mao-de-obra inerentes a esta INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 17 __MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. 2 Propriedades dos Materiais 21 Betéo. Tens6es de rotura a compressao e a tracgao Médulo de Elasticidade Retracgao e Fluéncia Coeficiente de dilatagao térmica linear Coeficiente de Poisson Cosiicientes de homogeneizagao... 22 22 EXEMPLO 2.1... 2.10 Relagdes Constitutivas de célculo 211 22 Armaduras Ordinarias. - 2.13 Tipos de armaduras ordinérias € classes de agos. 214 Médulo de Elasticidade e Coeficiente de Dilatagao Térmica.. 2.15 Relagées Constitutivas de célculo 2.16 2.3 Ago Estrutural.. 247 Tipos de Agos e Tensdes de Cedéncia e Rotura 2.18 Médulo de Elasticidade, Médulo de Distorgéo e Coeficiente de Poisson 2.20 Coeficiente de Ditatagdo Térmica 2.24 Relag6es Constitutivas de célculo ... 2.21 2.4. Chapas Perfiladas.... 7 Sr 2.22 Tipos de Ago e Tensdes de Cedéncia e Rotura. 1222 Médulo de Elasticidade, Médulo de Distoreao @ Coeficiente de Poisson .. 2.24 Coeficiente de Dilatagéo Térmica 2.24 Relagées Constitutivas de célculo 2.24 2.5 Dispositivos de Conexao. 2.25 Conectores de Corte 2.25 Interligagdo Mecanica nas Chapas PerfladAs.vi.cscsnsseeeneennencrnseenti 227 2.6 Propriedades dos Materiais sujeitos a cargas ciclicas (fadiga) 2.28 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 2A PROPRIEDADES DOS MATERIAIS. capitulo que se apresenta tem como objectivo identificar e relembrar as_principais propriedades dos materiais constituintes dos elementos de construgao mista. Descrevem-se também, sumariamente, metodologias e simpiificagdes adoptadas para o tratamento destas propriedades. Cada material ¢ tratado em separado e aconselha-se a que, em caso de dividas ou situagses especiais nao tratadas neste manual, sejam consultados manuais que as abordem mais aprofundadamente. 2.1 Betao © betdo @ uma mistura normalmente composta por: cimento, inertes finas (areia), inertes grossos (brita) e agua. A variago da quantidade destes materiais por unidade de betdo (unidades de volume ou de massa) faz variar as suas caracteristicas. As mais importantes so referidas de sequida, Figura 2.1 ~ (a) Despejo do betéo; (bj betonager de laje mista, ‘Tenses de rotura 4 compressao e a traccdo Usam-se estas caracteristicas na definic&o da resistencia dos betées e na sua diviséo por classes (de resisténcia). Os valores usados para estas grandezas so definidos com base em ensaios: ensaio do cubo e do cilindro. Neles sao definidos os valores caract cos para as tensées de rotura. No quadro abaixo estéo representadas as classes de betéo e as respectivas tensées caracteristicas de rotura usadas pelo Eurocédigo 2 [2] (remetido pelo ponto 3.1 do EC4 [1]). As 22 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS tensdes fa, € fom fepresentam, respectivamente, tensdes caracteristicas e médias de rotura a compressao enquanto que few @ fem tm o mesmo significado mas para resisténcia a traceao. Para se obter 0 valor das tensées de rotura de dimensionamento de secgdes mistas usam-se as expressdes encontradas no ponto 3.1.6 do EC2 [2]: nas quais 0 valor de Cge® ey recomendados sao 1,0 € 0 de ye=1,5. O ECé define ainda que, para estruturas mistas, no poderao ser usadas classes de betéo abaixo de €20/25 nem acima de C60/75. Isto significa que ndo sero usados betdes com resisténcias caracteristicas de cilindro inferiores a 20 N/mm? nem superiores a 60 Nimm*, Giasse | oxuas | oxo | coon? | casas | caoan | casies | cone | omer | coors wert no [= | » | s | | « |» | = | » fercubo [MPa] 25 30 37 45 50 55 60 67 75 my [= | = | «| =~ « | = |= | «| tee) [22 | 26 | 20 | a2 | as | se [a1 | a2 | 4a ‘eaniieg| 18 | 1s] 20 | 22 | 28 | 27 [29 | 30 [an ‘enutury | 28 [38 | 38 | a2 | a6] 49 [se [ss | a7 ‘Fabela 2.1 - Tensbes do folura das dlorentes classes We beiao, Nota: © FC4 refere-se sempre a tensbes de rotura caracteristicas do ensaio do cllindro, Qualquer dimensionamento baseate neste regulamento mas utlizando tensdes de rotura caracteristica do cubo nao estara a ser conservativo. Meédulo de Elasticidade Esta grandeza é definida para materiais com comportamentos elasticos ou elasto-plasticos & exprime a relagao entre as tensées e as deformagées sofridas pelo material Para materiais com comportamento perfeitamente eldstico esta grandeza pode ser explicada como 0 declive da recta que relaciona tensées com deformagées. Para materiais de comportamento elasto-plastico no linear definem-se médulos de elasticidade com base em testes conhecimento empirico. © ECA define 0 médulo de elasticidade a curto prazo, Esm, a usar no dimensionamento e verificagao de seguranca de estruturas mistas como o declive da recta secante ao grafico da ‘elagdo constitutiva do betéo nos pontos ¢,#0 € 0.=0,4fem. De notar que este tiltimo valor pode variar ligeitamente de regulamento para regulamento. Na bibliografia Australiana encontram-se rectas secantes nos valores 0.50 € 6 =0,45fem. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 23 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS fem. Figura 2.2 > Relaio constiuva do betdo 6 recta Secanlé que defna Eos A perda de rigidez para efeitos a longo prazo € considerada através da divisdo do médulo de elasticidade por coeficientes de homogeneizagao, como se vera mais adiante. No quadro seguinte mostram-se os médulos de elasticidade secantes definidos no ponto 3.1.3(2) do EC2 e utlizados pelo EC4 (que remete para o anierior no ponto 3.1) em fungao da classe de resisténcia. Esta variagao do Eom em fungao da resisténcia é intuitiva, é facil perceber que acréscimos de resisténcia esto ligados a acréscimos de rigidez. Classe | C2025 | c2sis0 | c3os7 | c3si45 | c4orso | casiss | cs0i60 | cs8i67 | ceors fo, [MPa] 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Ex [GPa] 30 31 33 34 35 36 37 38 39 Tabela 2.2 - Modulos de clasticidade das classes do balsa. Nota: No caso do betao 0 médulo de elastcidade depende diractamente dos médulos de elasticidade dos materials que © constituem. Assim, a cidusula 3.1.3(2) do EC2 define que, para belSes com agregados de proveniéncia quartztica os valores usados devem ser os da tabela acima. Na mesma define-se ainda que, para proveniéncia baséitica deve ser ‘aumentades de 20% a0 passo que se provierem de calcérios e arenitos devem ser diminuidos de 10% e 30%, respectivamente, 24 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO __MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Retraceao e Fluéncia betdo possui caracteristicas reolégicas que afectam o seu comportamento a longo prazo. De entre estas as duas mais importantes para 0 estudo de elementos de secoao mista sao a retracgo ea fluéncia A fluencia pode ser definida como a variagao de deformagao de um elemento sujeito a uma tensdo de valor constante enquanto que a retraccdo é a variacdo de deformagao de um elemento nao restringido nem carregado para condicdes de temperatura e humidade constantes. Os elementos de betdo sofrerdo, em condigdes normais (servigo), trés tipos de deformagao a assinalar: deformagées elasticas, deformagées por fluéni e deformagées por retrac¢ao. Para se obter as deformagées totais tera que se somar, para cada instante t, cada uma destas contribuigées: ED = E(O*E princia + Ereracco Para a definicao dos efeitos destes dois fenémenos em estruturas mistas, 0 EC4 refere a utilizag4o de coeficientes de homogeneizacdo, n,. Estes 40 usados para verificagdes aos estados limites de servico de edificios, pois € definido na clausula §.4.2.2(7) deste que ndo é necessaria a consideragao destes efeitos para a verificagao de seguranga aos estados limites tltimos. Como se vera adiante, os coeficientes de homogeneizago, n,, sao usados para retirar rigidez ao elemento, simulando assim a actua¢ao dos efeitos diferidos que actuam no tempo (retracgao e fluéncia) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 25 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS Sfuencia 1 Phuencia 2 Efuencia 3 - > tempo tensdo constante aplicada noinstante t__| __. | ag= 2oa° maior resisténcia se existir um meio de Conjunto em ambas as situagdes: Situagao i Situago ji 7) 249) p_ Oa’ p16, eer Oj uen sce 2 12 3 2 2 Vé-se assim que a tigidez de um elemento aui conexao (diminuigao do escorregamento relative deformagées tem um andamento inverso ao da de um elemento diminuem com o aumento da ri imenta com o aumento: igidez do meio de 0 entre os dois elemento). Sabendo que as rigidez entao percebe-se que as deformagdes igidez de um meio de conexao. 34 INSTITUTO SUPERIOR TEONICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As forgas aplicadas a um meio de conexdo so essencialmente de corte longitudinal, no entanto poderdo existir também forgas de traccdo. As forgas de corte devem-se ao fluxo de corte verificado nas secgdes e estéo presentes sempre que existir esforgo transverso sobre © elemento. Por outro lado, a ocorréncia de forgas de idez de tracgao sobre um dado meio de conexao depende da carga aplicada a este e da flexdo de cada um dos materiais constituintes do elemento. Considere-se novamente 0 elemento do exemplo 3.1, mas constituido por dois materiais diferentes. Suponhamos que este consiste numa viga simplemente apoiada actuada por uma carga uniformemente distribuida e que ndo existe nenhum meio de conexdo entre os materiais. | Figara 32 Viga mista de se0;So reclongular Compost por dos materials Sob a acpae da carga o elemento terd tendéncia a deformar-se. Se o material superior for rigido a flexdo que o inferior a deformada do elemento tera a seguinte forma esquematica INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 35 CONEXAO DE CORTE, [© Zona em que o meio de conexéo sofre forgas de traccdo vertical Figura 3.3 - Deformada de viga mista de secqao rectangular sob a0ga0 de carga distrbuida uniforme vertical Através desta representagao consegue-se perceber facilmente que um meio de conexéo colocado na interface entre os dois materiais tera de conseguir resistir a forgas de trac¢ao vertical para evitar 0 descolamento ou “uplift” (garantir que os materiais permanecem unidos entre si). 3.2 Tipos de Conexao Definem-se trés tipos de conexao quanto & forga que esta desenvolve na interface entre os dois, materiais: — Conexo Total @ definida como a minima conexdo necesséria a colocar num dado elemento para que a sua resisténcia 2 flexdo nao aumente com o aumento da quantidade esse meio de conexéo (por exemplo, aumento do niimero de conectores)) ~ Conexo Parcial pode ser definida como qualquer situagao em que 0 aumento da quantidade de um dado meio de conexao provoque o aumento da resisténcia a flexdo de um elemento de construgao mista. Conexdo Nula é a auséncia de conexdo entre os matetiais de um dado elemento. Nesta situagéo também 0 aumento da quantidade de um meio de conexo aumenta a resisténcia do elemento. Esta situagdo difere da anterior na medida em que aqui nao existe, a partida, nenhum meio a equilibrar a forga de corte na interface dos dois materiais Aliado @ estes conceitos esta o de grau ou percentagem de conexdo, n. O grau de conexdo de um elemento exprime, como se vera no ponta 4.8 deste manual, a relagao entre a capacidade 36 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS resistente do meio de conexao ¢ a da secgao mista em si (condicionada pelo seu elemento ). © grau ou percentagem de conexao é definido no ponto 6.6.1.2 do EC4 pelo seguinte quociente n 1 n ‘em que n € 0 nlimero de conectores usados num dado comprimento @ ny 0 nimero de conectores necessario para se obter conexao total no mesmo comprimento Pode dizer-se que uma conexao total implica que a rotura de uma secgao se dara pelos seus materiais estruturais (aco ou betéio) sem que o meio de conexao chegue a entrar em rotura. De facto, a definigo deve-se ao facto de, a partir de certa quantidade de um meio de conexao este ficar de tal modo resistente que a sua capacidade resistente nao capacidade resistente do elemento. O grafico seguinte mostra a variagéo do momento resistente (e do médulo de flexdio) de uma seceao em fungao do grau de conexée aplicado. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 37 CONEXAO DE CORTE ee ) WY ye 13 12 / 11- | 10+ 09 08 4 07 (o 6” Rotura peta conexdo A Rotura pelo perfil metalico 06 -Rotura por esmagamento do beta | 0.8 $$ 0 0,2 04 06 08 10° T= NING Figura 3.4 - Andamento da resisténcia de uma viga mista & fleiao em fungao da percentagem de conexao (adaptado de [17Error! Reference source not found.) Uma conexo nula implica uma capacidade resistente nula por parte do meio de conexao. Nesta situagao a capacidade resistente de uma secgdo também nao depende da capacidade do meio de conexéo. Uma conexao parcial situa-se entre as outras duas e tem a caracteristica particular de implicar que a capacidade resistente do elemento seja limitada pela rotura do meio de conexao. Este tipo de conexdo resulta em geral num melhor aproveitamento dos materiais e uma maior retengao de custos a” ax a A Figura 3.5 - Efeito de diferentes perceniagens de conexao em vigas misias (adaptado de [15)). 38 ISTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 3.3 Formas de Conexdo de Corte Um meio de conexao tem como principal obier ‘0 solidarizar dois ou mais materiais. Assim, ele deve ser dimensionado de modo a garantir que né existiré separagao, mantendo iguais (ou quase) as deformagdes dos dois materiais. Facilmente se percebe que a conexao tera que possuir capacidades resistentes no seu plano e perpendicularmente a ele. Existem diversas formas de conexao de corte e, dentro de cada uma, diversos métodos de conexao conhecidos e utilizados. Atrito e Aderéncia: sdo formas de conexao em que se considera que os dois materiais se ligam sem existéncia de escorregamento, garantindo deformagdes iguais para ambos na interface. Estas formas de conexao pressupdem que sdo formadas ligagées fisicas e quimicas entre 0 ago e 0 betdo e costumam ser consideradas em elementos nos quais 0 betdo envolve totalmente o elemento de aco. Nao se pode considerar apenas estas formas de conexo na andlise de elementos de construgao mista pois a sua capacidade resistente 6 baixa. Basta pensar que quando ocorre © fendmeno da fendilhagao do betéo grande parte da aderéncia na interface & perdida. Outro problema destas formas conexéo é 0 facto de nao permitir qualquer escorregamento. A partir do instante em que se da escorregamento a capacidade resistente destas esta irremediavelmente perdida. Os elementos onde se costuma considerar que estes tipos de conexao contribuem para a resisténcia sao as colunas mistas. Conectores de Corte: constituem uma forma de conexdo mecénica por estarem solidarizadas com o elemento de ago e envoltas em betdo. A sua resisténcia deriva da capacidade mecanica de resistir as forgas que Ihe sao aplicadas. Existem variados tipos de conectores de corte e a sua escolha devera ser feita em fungao do comportamento que deles se pretende. A escolha do tipo de conector pode influenciar a resisténcia, a rigidez ¢ 0 escorregamento na interface dos dois materiais. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 38 CONEXAO DE CORTE 1 banzo do peril metalico (2) perno de (b)rotulada——_(c) cantoneira (9) canal cabeqa — banzo do perfil metalico a 7 7 LIT LILI) LLL YUM, {0} bloco ( parafuso —_(g) parafuso (wT extemo Figura 3.6 - Esquema representalivo de diversos coneclores de carte ullizados em construgao mista (adaptado dé [3)). Figura 37 - Coneclores de corte usados em consirugo mista © tipo de conector de corte mais utllizade em edificios é 0 “perno de cabeca’. Este conector pode ser do tipo duictil ou rigido e ter maior ou menor resisténcia consoante as suas dimensées, como se vera mais adiante, Alguns conectores, como os blocos e as cantoneiras so mais utlizados e apropriados em pontes. O dimensionamento e a anélise de alguns tipos de conectores sao tratados mais adiante neste capitulo. Os conectores de corte so mais utilizados em vigas mistas. 3.40 WSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS - Interligagao Mecanica em Lajes Mistas: esta forma de conexo mecanica é realizada através da forma das chapas perfiladas usadas nas lajes mistas. E conseguida através da sua forma (nervurada com diferentes configuragdes) e de pequenas saligncias, moldadas nestas e projectadas para a zona onde se coloca o betdo. A grande razéo da sua existéncia reside no facto de ndo se poder soldar conectores de corte a chapas perfiladas que chegam a ter 0,7 mm de espessura. Rentrante ouem cauda de pomba Trapezoidal Em forma de L Angulo interno nervuras como saliéncias ou forga de conexao reentrancias Figura 69- Exemplos de formas de interigagao em lajes mistas. 3.4 Conectores de Corte Aexisténcia de conectores de corte deve-se ao facto de uma aderéncia natural entre os dois materi néo ser satisfatoria para cargas elevadas e provocar modos de rotura catastréficos. ‘Apesar das variadas formas e mecanismos de resisténcia dos conectores de corte todos eles tém em comum o facto de serem saliéncias ou cavilhas envoltas num meio de betdo. Este facto confere-thes, em termos de comportamento, certas caracteristica comuns. Por exemplo, todos eles possuem ductilidade limitada ¢ transferem forcas concentradas elevadas ao elemento de betao. WSTITUTO SUPERIOR TECNICO ant CONEXAO DE CORTE: Os conectores de corte esto divididos, quanto ao seu comportamento, em duas grandes categorias: diicteis e rigidos. Estes dois grandes grupos diferem, para além da rigidez, nos modos de rotura e de transferéncia de forgas entre materiais. ‘As grandezas que os inserem em cada um dos dois grupos so a rigidez e a extenséo do patamar plastico. Os conectores rigidos possuem maior rigidez e uma capacidade de carga gue diminui rapidamente apés 0 pico maximo enquanto que os ducteis sao menos rigidos e conseguem manter a capacidade maxima ao longo de grandes escorregamentos, como se pode ver no grafico seguinte. P (Forga de corte) - 4 Conectores rigidos Patamar plastico Conectores duicteis ——_» 's (escorregamento)| Figura 3.10 - Grafico representative do compartamento de conectores dacteis € rigidos. Os conectores rigidos causam maiores tensdes localizadas no betdo envolvente, resultando num esmagamento ou rotura por corte do betdo ou ainda na rotura da soldadura que os liga ao ago. O escorregamento que ocorre com conectores duicteis permite que o esforgo de corte seja redistribuido ao longo de um dado comprimento antes que se verifique a rotura de todos eles, Assim, com 0 uso de conectores duicteis consegue-se antever uma rotura e esta sera menos catastrofica Conclui-se entéo que o dimensionamento dos conectores rigidos se baseia na forca caracteristica de um conector isolado, a0 passo que o de conectores duicteis se baseia na resisténcia de um grupo de conectores sujeitos a um determinado escorregamento. Como se 342 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS vera adiante isto possibilitard dimensionar a conexao de corte para comprimentos de vigas mistas em vez de 0 fazer para cada conectar. A ductilidade dos conectores nao tem uma definicdo formalizada, mas ha autores que a definem como © maximo escorregamento provocado por 90% da forca de corte maxima caracteristica. O EC4 define conectores duicteis (ponto 6.6.1.1(4)) como aqueles que possuem capacidade suficiente de deformago para justificar 0 uso de teoria de plasticidade perfeita na sua andlise. O mesmo estipula ainda, na cléusula 6.6.1.1(5), que um conector pode ser classificado como ductil se 0 seu escorregamento caracteristico for, no mi imo, 6 mm. Exemplos de Conectores de Corte Ducteis e Rigides Apesar da definicao do EC4 nao permitir que se defina, a partida, um tipo de conectores como: ducteis ou rigidos existem tipos que preferenciaimente pertencem a uma das classes. Os conectores que mais vezes sao referidos e utilizados como dticteis sdo: os pernos de cabega, os U's ou C's e as cantoneiras. Os que mais so utilizados como rigidos sao: os blocos ¢ 0s T's com ou sem arces ou ganchos. Note-se que, em teoria, qualquer tipo de conectores pode adquirir caracteristicas de rigidos ou de ducteis consoante as suas dimensdes, espacamento e comprimentos dos elementos onde estdo aplicados. Mostram-se em seguida esquemas dos conectores mais utilizados e conhecidos. Define-se cada tipo como pertencendo a classe que preferencialmente representa. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO CONEXAO DE CORTE Conectores Dicteis L Pemo de cabega Cantoneira fa 3.12 - Eequemnas representalnos de coneciores de core ductal. 314 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Conectores Rigidos a ’ Figura 3.13 - Exemplos de conectores de corte rigidos. Bloco T 4 A wf YW Bioco com arco T com ganchos Figura 3:14 - Eequemas representatives de conectores de corte rigidos, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 315 CONEXAO DE CORTE Comportamento dos Conectores de Corte Os conectores de corte mais utilizados na construgao mista s80 0s pernos de cabega. A raz0 da sua popularidade assenta na ductilidade e economia, que se deve a velocidade com que estes podem ser soldados ao elemento metilico. As regras fornecidas pela EN1994-1-1 para anélise, utilizagao e pormenorizagso de conectores focam apenas os pernos de cabeca. Figura 3-15 — Naterialullizado na aplicagao dos pemos de cabaga: O comportamento dos conectores de corte é estudado com recurso aos testes push-out. Estes testes possibilitam a obtencao das curvas carga - escorregamento e da resisténcia maxima dos conectores de corte. Curvas referentes a dois provetes testados no Laboratério de Estruturas e Resisténcia dos Materiais do Instituto Superior Técnico estdo representadas abaixo Destas podem-se obter a ductilidade e capacidade de carga dos conectores. 316 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS PIKN] 5 [mm] | igura 3.16- Curvas carga ~ escorregamento oblidas de um ensaio pish-out Convém referir que 0 comportamento dos elementos estruturais e a distribuigéo do escorregamento se conseguem obter satisfatoriamente através destes testes, mas que as curvas carga-escorregamento podem ser ligeiramente diferentes das exibidas por cada conector individualmente. As capacidades resistentes dos conectores obtidas nos testes push-out ‘so, em geral, conservativas pois o betao estrutural de elementos de seccao mista esta mais comprimido que o utilizado nestes testes. Um esquema de um teste push-out esta representado abi (0, Neste usa-se um perfil de ago e duas lajes de beto, todos eles dispostos na vertical As lajes estao apoiadas no solo mas o perfil metalico no, este esté “suspenso” pelos conectores. As superficies dos elementos costumam ser enceradas para evitar os efeitos da aderéncia e do atrito, pretende-se que apenas os conectores de corte contribuam para a resisténcia longitudinal. INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO a7 CONEXAO DE CORTE Figura 3.18 Provele @ reallzagao de um onsale push-out Quando sao aplicadas forcas a um elemento de construgao mista, ¢ induzido escorregamento & interface aco-betdo. Este é impedido pelos conectores através do efeito de cavilha. Abaixo esta ilustrado 0 mecanismo de transferéncia de forgas de um perno de cabega envalto num meio de beto (mecanismo do efeito de cavilha). A resisténcia é obtida pela capacidade resistente do perno a esforgo transverso € a momento flector, que So transmitidas ao betdo por forcas perpendiculares e tangenciais ao fuste e a cabega do conector. 318 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS MECANISMO DO EFEITO DE CAVILHA Beto (Ea) ” palto (Esa) —— Pome do cea | = Zona de comoressao > ice | 4 betéo etter f F, 4 _h + ee F F ansode are & we Fert reiaico lng P - ° Figura'3.197Eaquemsa represertalve do mecariaio assccado a0 efeRo de cava dos cnectores © da camo Ge tensdes cade na laje de bao, Observando @ figura anterior percebe-se que a distribuigdo de tensdes representada é originada pela deformacao do conector e logo, pelo escorregamento entre os dois materiais. ‘So estas tensbes no betéio e no conector de corte que criam resisténcia ao corte longitudinal Pode-se assim afirmar que os conectores apenas resistem ao corte longitudinal apés a econ cia de escorregamento na interface. Este funcionamento é oposto ao da interaccao total, em que é desenvolvida resisténcia ao corte sem qualquer escorregamento. E importante referir que 0s modelos usados sdo simplistas face 4 complexa distribuigéo de tensdes e mecanismos de rotura verificades (por exemplo, é costume ignorar o atrito e aderéncia entre o fuste e cabega do conector e 0 beto) INSTITUTO SUPERIOR TEONICO 318 CONEXAO DE CORTE © comportamento dos pernos de cabeca ¢ tratado no ponto 6.6.1.2 do ECA, Este ponto define limites, valores e situagdes para os quais estes conectores podem ser considerados dticteis ou rigidos, quando unifermemente distribuidos ao longo do elemento. A definigao do tipo de compartamento considerado para um conector depende: das suas dimensées, do comprimento entre pontos de momento nulo, L., e da percentagem de conexao nesse comprimento, n Assim, para que um perma de cabeca, ligado a um elemento metalico de banzes iguais, possa ser considerado como dictil as suas dimensdes terao que respeitar os limites mostrados na figura seguinte, 240 Perfit metalico 46 mm @ < 25mm eae Figura 3.20 - DimensGes Imite de um porno de cabega para que Sela considerado dict Além das dimensdes 0 EC4 define ainda limites para o grau de conexao existente no comprimento de elemento no qual o pemo se insere. Dentro destes limites considera-se que o conector tem um comportamento ductil (0,75-0,032,), 20,4 (6.12) EC4 (6.13) EC4 A definigao de peros de cabega em duicteis ¢ rigides pode ser representada em funcao do vao entre momentos nulos pelo grafico seguinte. 320 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ~ Vigas com Aves ia Acanes sneer TEN INE g — Vigas com banzos metélicos iquais 40+-- 08 \ Ducteis Para algumas 06+ lajes mistas 04 Rigidos L__ > | 5 0 1 2 2% vao [m} Figura 3.21 Paroentagem de conexao om Tungao da distancia entre pontos de momento rule cum elemento mist. 0 EC4 define ainda condigbes semelhantes as anteriores mas com seceao metdlica de banzos desiguais nos quais o inferior tenha uma area de trés vezes a do superior. Nestes casos as dimensées do conector, para que seja dictil, sao as mesmas, no entanto os limites de grau de conexao so diferentes: 55 (0,75-0,03L,), 9 20,4 (6.14) EC4 (6.15) EC4 Para secgdes de banzos desiguais mas em que a area do inferior nao excede em tres vezes a do superior a percentagem limite de conexéo poder ser encontrada por interpolagao dos valores das duas situagdes anteriores. Nota: A clausula 6.6.1.2(3) do ECS define que o comportamento dos pemos de cabera pade ser considerado dictl para ma gama maior de vaos quando salisfeltas diversas condigSes lé enunciadas, Modos do Rotura dos Conectores de Corte ‘A rotura da conexao pode dar-se por cada um dos materiais envolvidos ou mesmo até por todos. Considera-se que existe rotura da conexéo quando esta envolve a rotura dos conectores ou do betdo que os envolve na vizinhanga destes. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 321 CONEXAO DE CORTE Como ja se referiu, a resisténcia desenvolvida na interface pelos conectores de corte depende do grau de conexéo. Para graus de conexao reduzidos as roturas dao-se pelos conectores ‘enquanto que para graus elevados se dao por esmagamento do beta. Passa-se de seguida & representacdo dos modos de rotura verificados com maior frequéncia © primeiro modo que se representa acontece com a fotura do conector sem _que_haja esmagamento do beiéo envolvente. A rotura dé-se logo acima da soldadura. Este tipo de rotura pode ocorrer tanto em lajes macigas como nervuradas e € comum quando se esta na presenga de conectores finos. Figura 3:22 Esquara © Wrage de ra dos conectores poy Coe No sequndo modo representa-se uma rotura por esmagamento do belo. Aqui, 0 conector deforma-se sem partir fazendo com que o betdo envolvente seja esmagado. Este caso 6 comum ‘em conectores grossos e pode ocorrer tanto em lajes macigas como nervuradas. 322 INSTITUTO SUPERIOR TEONIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 3.23 - Esquema e fotografia da rotura dos conectores por esmagamento do betao. O modo sequinte ngo envolve rotura do conector mas apenas do betdo envolvente. A rotura dé- -se pela criagdo de uma superficie de rotura no betdo proxima do conector. Esta superficie de rotura possui, frequentemente, uma forma cénica e ocorre geralmente em lajes macigas — | Figura 3.24 - Esquema da rotura dos conectores por rotura do betao envolvente, © quarto modo que se descreve € semelhante ao anterior na medida em que se cria uma superficie de rotura no belo. No entanto, neste modo a superficie de rotura é formada no topo da nervura separando-a da zona maciga da laje. Diz-se ent&o que a nervura rompe por corte. O conector pode deformar ou mesmo partir na zona acima da soldadura. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 323 CONEXAO DE CORTE Figura 3.25 - Esquema ¢ fotografia da rotura dos conectores por rotura da nervura por corte. © tiltime modo de rotura que se apresenta consiste na rotura por corte ou por descolamento da nervura mas, neste caso, esta dé-se apds grande deformagdes dos conectores devido A formacao de rétulas plasticas. _—_ Figura 3.26 - Esquema da rotura dos conectores por rotura da nervura quando sujelta a grandes deslocamentos. Factores que afectam o comportamento dos conectores de corte Como se verd mais adiante, a forga desenvolvida por cada conector e pelo beto envolvente sao os Unicos parametros que entram no dimensionamento dos conectores de corte, no entanto existem mais alguns factores que afectam 0 seu comportamento Tomando como representagao do comportamento de um dado tipo de conectores a sua curva resisténcia-escorregamento percebe-se que esta depende: da rigidez inicia\ de cada conector, da rigidez total da conexdo, da ductilidade dos conectores ¢ do grau de confinamento do betéo que os envolve. A rigidez inicial afecta apenas a magnitude do escorregamento na interface sob a acgao de cargas estaticas. Tendo os conectores uma dada rigidez percede-se que esta influenciara directamente 0 escorregamento maximo permitido num elemento em que a conexdo é por eles realizada, 324 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS A rigidez total da conexao é importante apenas se a rigidez de cada conector for tida em conta. E natural que a primeira dependa directamente da segunda e de outros factores como a disposigdo dos conectores no elemento, a altura da laje de betdo ou até mesmo a disposigao da armadura ordinaria na laje- Esta representado, em seguida, um gréfico com varias eurvas forga-escorregamento de diferentes conectores. Os valores do grafico referem-se a cinco vigas mistas de igual resisténcia a momento flector mas com conectores diferentes na interface ago-betdo. Para elementos com a mesma resisténcia a flexdo os conectores mais dticteis desenvolvem menos forga mas permitem um maior escorregamento. E notéria a importancia da rigidez dos conectores para a rigidez total da conexao PIP, A Blocos (25x25mm) com arcos B C's (76x38mm) © = Peinos de caboa (19x100mm) D - — Pemmos de cabeca (19x75mm) E - — Pemos de cabeca (Stark 16mm} : rrr a 5 05 1.0 15s [mm] jura 3.27 - Grafica representative Gas Giferengas enlre as forgas desenvohidas por diferentes lipos coneciores de corte © grau de confinamento do beta que envolve os conectores influencia, obviamente, a resisténcia maxima desenvolvida na interface e a ductil lade da conexao. No caso dos pernos de cabeca estudos indicam que, para que seja possivel a ocorréncia do efeito cavitha é necessério que na zona onde o betao resiste ao esmagamento, este consiga resistir a tensdes sete vezes superiores as registadas no ensaio do cilindro. Esta resisténcia apenas se consegue com uma compressao triaxial do betdo na vi ihanga do conector. A compressao é feita pelo betao que envolve toda esta zona. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 325 CONEXAO DE CORTE 3.5 Descolamento entre 0 Betao e o Perfil Metalico O descolamento entre 0 betao € 0 perfil metdlico néo é um fenémeno comum em estruturas de edificios. Para além da situagdo referida no ponto 3.1 este fendmeno pode acontecer quando existem, suspensos nas vigas, carris para gruas ou guindastes, ou ainda em casos nos quais se verifiquem ac¢ées importantes com sentido ascendente aplicadas nas vigas ou lajes. Este fenémeno tem grande aplicagao no caso de pontes mistas com seceao em caixéo. Neste tipo de estruturas a rigidez de torgo das lajes de bettio que formam os banzos das vigas mistas gera descolamento entre os elementos metalicos e 0 betdo. Quase todos os conectores usados em construgao mista so fabricados de modo a garantir resisténcia ao descolamento, sendo que, em alguns casos sdo-lhes acrescentadas elementos especialmente para 0 efeito. Exemplos disto so as cantoneiras e 0s C’s furados, nos quais s° fazem passar vardes, ou ainda os blocos aos quails sao acoplados arcos. Para que 0s conectores garantam a seguranga ao descolamento estas devem possuir uma superficie com face inferior que garanta aderéncia ao betdo envolvente. Para os pemos é a face inferior das cabecas, nos blocos a superficie inferior do arco e nos C’s ou U's é a face inferior do banzo superior que assume este papel Também © betéo envolvente deve garantir resisténcia 4 forca de tracedo criado pelo conector. Esta é em geral mi F se a zona do conector que Ihe transmite estas forcas de tracgao estiver situada numa zona comprimida da laje. © EC4 estipula no ponto 6.6.1.1(8) que 0S conectores devem garantir que ndo existe separagao entre os elementos de betdo e de aco a menos que esta seja garantida por qualquer outro meio. A cléusula 6.6.1.1(9) do mesmo menciona que, para prevenir descolamento entre 0 beto e 0 perfil metalico, se deve dimensionar os conectores de modo a que resistam a forgas de tracgao dez vezes inferiores &s forcas de corte longitudinal aplicadas aos mesmos. Esta cldusula estipula ainda que, se necessario, se devem providenciar mecanismos de ancoragem adicionais para se garantir resisténcia a tracgao. 326 ~INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS : FO Figura 3.28 - Representagao da forca de tacgao para a qual devem ser dimensionados os pemnos de cabeca. 3.6 Esforgo de Corte Resistente Conectores em vigas mistas, em lajes mistas e em pilares mistos, A resisténcia dos conectores de corte ¢ deduzida dos resultados empiricos dos testes push-out. A realizagao destes testes para diferentes tipos de conectores e diferentes classes de betéo permitem conciuir aquilo que intuitivamente se espera: a resisténcia dos conectores depende nao sé das suas caracteristicas mas também das do betdo que os envolve. A observagao dos graficos abaixo representados ajuda a perceber a dependéncia que a resisténcia do conector, Pry, tem em relacdo a classe de betdo, a0 seu didmetro e a classe de resisténcia do ago que o constitui. Nao so a resisténcia referida depende da classe do betéo como do seu grau de confinamento e da configuragao da laje de bet&o armado (nos graficos abaixo considera-se uma laje maciga) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ‘327 CONEXAO DE CORTE | | 40 |_ =| | (eens ta ||| d=16 mm; Candicionante: Cone: | = | SS #19 mm; Condiconante: Bewa Zia | a en cnc | | —sstenceninente || 60 425 mm; Condicionante; Coneotor || 40 at | 15, 25 35, 45, 55 65 ‘for [MPa] | Figura 3.29 - Grafico representativo da variagao da forca de corte resistente de um perno em fungao da classe de betao pelo quai esta envolvido e para diferentes diametros de conectores, 140 130 120 110 4 100 Pro [kN] 0 15 20 25 30, 36 40, 45 50 55 60 65 fex[MPa] i Figura 3.30 - Gréfico representativo da variagdo da forga de corte resistente de um pemo de cabeza em funao da ‘classe do betdo ¢ da tenséo tlima dos pornos da cabeva, ae INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As duas conclusées mais uteis que se podem tirar dos graficos anteriores sao: para um dado diametro de conector a rotura passa-se a dar por este em vez de pelo beto sempre ne mesmo valor resisténcia (obtida pelo ensaio do cilindro: (aproximadamente nos 30MPa); para uma dada classe de betdio aumenta-se a capacidade resistente da conexao através do aumento da tensdo de rotura dos conectores até certo ponto (ponto onde o betdo passara a ser condicionante e que depende da tenso de rotura dos conectores), A resisténcia dos conectores depende também da sua capacidade de redistribuir esforgos entre si, logo, da sua ductilidade. Os conectores diicteis possuem, comparativamente com os rigidos, menores resisténcias mas tém uma vantagem muito importante: conseguem manté- -las ao longo de patamares de escorregamento maiores © EC4 estipula resisténcias para conectores do tipo perno de cabega. Estas resisténcias esto Uefinidas na cldusula 6.6.3.1 do mesmo para lajes macigas de betdio armado. O modelo no qual se baseiam 6 0 de um perno de didmetro, d, resisténcia ultima, fy, envolto em betao com uma resisténcia caracteristica fy € médulo de elasticidade secante E,., (rotura do betéo depende da sua resisténcia e rigidez). Assim, niéo se podera estimar a resisténcia de uma dada conexéio para coneciores ou para beta individualmente. Terd que se ter em conta as propriedades de ambos As expressées definidas pelo EC4 para a resisténcia de cada perno de cabeca colocado numa laje maciga apresentam-se em seguida e canstam do ponto 6.6.3.1. De notar que as grandezas envolvidas correspondem apenas @ caracteristicas geométricas do conector, a tensées resistentes dos materiais envolvidos e ao médulo de elasticidade do betao. Este facto valida a descrigao, que consta no paragrafo anterior, do modelo utilizado. 08 f, 2 0K 8h (6.18) EC4 DEPT Wet Fen (6.19) EC4 © valor de Pps associado a um dado conector é dado pelo menor valor obtido nas duas expressées anteriores. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 328 CONEXAO DE CORTE Os valores de a so dados pelas seguintes expressdes' para astecs (6.20) C4 h, a=l para “i >4 (6.21) EC4 emque Yy = 1,25 6 valor recomendado para © caefciente de seguranga 1.6 0 diametro do fuste do pero, que pode variar entre 16mm e 25mm: {, tensao dltima do ago do qual é composto 0 pemo; fax resicténcia caracteristica do clindro para o betao ullizado, Inge altura total do perno de cabeca. Nota: « EC4 define que, se os conectores estiverem dispostos de modo a criar forgas que fendilhem o betao na direcgo da espessura da laje, entéo os valores de Pr ndo podem ser tirados das expressbes acima, EXEMPLO 3.2 Considere-se uma viga mista constituida por um perfil metélico, uma laje de bet&o e conectores do tipo perno de cabeca O perfil metalico a considerar sera sempre o mesmo e as suas caracteristicas so irrelevantes para este exemplo. A laje & maciga e constituida por betdo da classe C25/30, cuja resisténcia caracteristica do cilindro é f= 25N/mm? e 0 médulo de elasticidade E.,=31GPa (tabelas 2.1 ¢ 2.2 deste manual). Escolhe-se dois pernos de cabeca com catacteristicas diferentes de modo a obter diferentes resisténcias, 3.30 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As caracteristicas dos dois pernos de cabega apresentam-se em seguida (7.=1,25) Perno de Cabeca A Pero de Cabeca B -— ws * : . ) 19 [f° 100 cg ‘eo - = [mm ,=500Nimm? Figura EB-271~RopresenaGho Seq UeTaUA de dis pernas da Cab Cori CATACOTUCAS Corer. Pode comecar-se pelo calculo do parametro a. Para isso recorre-se a expresso 6.21 do EC4 para o pemno A e 6.20 do mesmo para 0 B: Pemo de Cabega A eal Pemo de Cabeca B (x. , 1) <45a=02| +1 ta) (60 .) d | oa 083 | 9) Assim, tem-se todos os parametros necessarios ao calcul da resisténcia de ambos os conectores. Este célculo apresenta-se abaixo e baseia-se nas expressées 6.18 e 6.19 do EC4: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 331 CONEXAO DE Cor Perno de Cabega A ee 08 f, z fa ae Perno de Cabeca B | 08%500x2%!9 0830x012 + = 90,73kN = 4 1,25 1,25 5444KN _ 0,29 0,83 19° 25. 31.10° — 1,25 Dado que a resisténcia de cada conector é dada pelo menor valor obtido das expresses anteriores entéo a resisténcia do perno A é de 73,73KN enquanto a do B é de 54,44KN. Uma importante concluso que se pode retirar é 0 facto da resisténcia do A ser condicionada pelo betao ¢ a do B pelo perno. Esta conclusdio deve-se ao facto de o valor mais baixo de Pre para 0 pero A é dado pela segunda expresso (onde apenas entram parémetros relativos a0 betéo) ao passo que para 0 B pela primeira (onde entram os parémetros do conector). © comportamento ¢ resistencia dos conectores de corte localizados em lajes nervuradas, quer de betdo quer mistas (betéo e chapa perfilada), é mais complexo que em lajes macigas. Tal deve-se 20 facto de os conectores estarem localizados nas nervuras, que podem sofrer rotura local. Tem-se assim que a resisténcia dos conectores em lajes nervuradas sera menor que em lajes macigas para os mesmo materiais utilizados. Esta resisténcia sera obrigatoriamente influenciada pelas caracteristicas geométricas das nervuras da laje: direceao das nerwuras fate a0 elemento metélico, largura média, bp, € altura das mesmas, hp, numero de conectores em cada nervura, Np, espagamento entre coneciores de uma mesma nervura @ excentricidade do conjunto dos conectores dentro da nervura, A interacgdo entre estes parametros @ os dos conectores foi estudada com recurso a testes, entre os quais se destacam novamente os ensaios “push-out” com iajes nervuradas. Mostra-se abaixo wn esquema de trés testes push-out e as respectivas curvas forca-escorregamento, 332 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO _MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Y y | ae ar all (2) (oy «oy Pp Figura 3.31 - Esquema e graficos carga — escorregamento para ensaios “push-out” em tr8s tipos de lajes nervuradas (adaptade 4e [11 A resisténcia dos conectores em lajes nervuradas 6 dada pela multiplicagdo das resisténcia dos mesmos em laje maciga por coeficientes K, que variam em fungao da orientagao das nervuras face a0 perfil metalico (EC4, clausula 6.6.4.1(2)) em que Pine € a resisténcia do conector em laje nervurada e Pry em laje maciga (i pode tomar a forma de I para longitudinal e t para transversal) Os pontos 6.6.4.1(2) © 6.6.4.2(1} do EC4 definem coeficientes K de dois tipos: os que se referem a nervuras paralelas ao elemento metalico, Ki, © os que se referem a nervuras transversais ao perfil metlico, K,. As expressbes so dadas a seguir, bem como a informacao sobre os parametros intervenientes, INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO - 333 CONEXAO DE CORTE Nervuras paralelas ao elemento metalico: by { h, = 0,6) —-1)<1,0 (6.22) E 7 (i ) (6.22) EC4 ln \ Ay Figura 3.32 - Represontagao esqueriitica de laje nervarada © suas dimensées, (adapiado de [1]) Nota: tal como nas lajes macigas, hee é a altura total do perno de cabeca mas, nestas situagdes nao pode ser maior que hp#75mm. Nervuras transversais ao elemento metalico: 0.7 by (% - | (6.23) EC4 an, hye ‘em que nr, como ja fol cilo, € 0 nkimero de conectores em cada nervura, que nao pote exceder dois nos célculos efectuados pela expresso fornecida Do Figura 3.33 - Representaglo esquematica de laje nenwurada © suas dimensbes (adaplado de [ip 338 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O ponto 6.6.4.2(2) limita os valores de K, em fungao da espessura da chapa e dos diametros dos conectores: Namerode | Espessurada | Peinos cujo diametronao | Chapa perfurada e com conectores por | chapaperfilada | exceda 20 mm e soldados | pemos de 19 mm ou 22 nervura [rm] através da chapa perflada mm de diameteo, $10 0.85 075 210 | 1,00 0,75 | <10 070 0.60 > 10 080 | 0,60 Tabela 3.1 - Valores limtaiivas de Kiem fungao do numero de coneciores, espassura da chapa Tame dos conedtores. O EC4 acrescenta ainda as seguintes limitacdes a utilizagao dos valores de K, calculados pela expressao que fornece: h,<85mm ey Zh, A seguranga dos conectores forga de corte longitudinal exercida na interface faz-se por comparagao da forga actuante, exercida em cada conector segundo o eixo do elemento metalico, com a forga resistente exercida pelos conectores (devidamente reduzida no caso de existirem nervuras). FSP Para os casos em que 0 elemento metalico € obliquo as nervuras da laje é necessario proceder 4 combinagaio de das forgas actuantes existentes nas duas direcodes. A condigao a verificar para garantir a seguranga dos conectores a forca de corte esta presente no ponto 6.6.4.3 do EC4 ¢ éa seguinte (6.24) EC4 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 335 CONEXAO DE CORTE EXEMPLO 3.3 Considere-se agora outra viga mista constituida pelo mesmo elemento metalico do exemplo anterior, pelo perno de cabega A do mesmo exemplo e por uma laje mista nervurada. A laje é constituida pela chapa perfilada de 1,0 mm de espessura e por uma dada altura de belo acima da chapa (inrelevante para 0 caso) Considerar-se-€o dois casos distintos: 0 caso (i) em que o perfil metalico é paralelo as nervuras da laje e caso (ii) em que o perfil metalico é perpendicular 4s nervuras da laje. O esquema da laje com o perno de cabeca esta representado e cotado a seguir para ambos oS casos. Caso (i) Caso (i) [mm Figura E3.3/1 — Esquema representalivo de duas lajes mistas nervuradas. Pretende-se encontrar, para cada um dos casos, a resisténcia do perno de cabega. Para tal encontram-se os coeficientes K,e K,, através das expressdes 6.22 e 6.23 do EC4, ¢ a cada um deles multiplica-se a resistencia Pgs=73,73KN encontrada no exemplo anterior, De notar que estes coeficientes representam a percentagem de resisténcia que se tem no caso de laje nervurada quando comparada com laje maciga Caso (i) | Caso (ii) | f ost fy Ip } 3.36 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O valor de K: obtido verifica as condigbes impostas pelo EC4: = fh, = 38mm <85mm ; Timm = h,, = 33mm; K, £085 para apenas um perno na nervura, conectores com 20mm ou menos e para chapas com 1mm ou menos de espessura. Assim, fica-se com resisténcias do conector em fungao da direcgao na qual este é solicitado: Caso (i) Caso (ii) No caso do conector ser solicitado nas duas direcgées, como por exemplo no caso em qué o perfil metdlico esté obliquo as nervuras da laje, tera que se calcular as duas componentes da fora de corte longitudinal, F; e F, actuante e aplicar a expresso 6.24 do EC4 para verificar a seguranga Métodos de calculo expressées para a determinacdo da resisténcia de outro tipo de gonectores 540 fornecidos na regulamentagao antiga (ENV 1994-1-1 [1] - Eurocédigo 4 anterior ao que esta actualmente em vigor). Mostram-se breves descrigées destas para que quem pretenda projectar elementos de construgo mista com estes tipos de conectores tenha um ponto de partida Aconselha-se, no entanto, a um estudo mais aprofundado sobre esta matéria - Blocos, T's, C’s e ferraduras: dimensionamento deste tipo de conectores assenta em dois pressupostos: a parte frontal destes (parte em contacto com o betéo comprimido) nao tem uma forma em cunha € a sua rigidez @ tal que se possa assumir que, na rotura, a distribuigao de tensdes & uniforme ao longo da mesma superficie. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 337 CONEXAO DE CORTE, Bloco com coe ‘Tcom ganchos © com arco Ferradura com arco Figura 3.34 - Representagao de conectores de corte do lipo: bloco, T, Ce ferradura (adaptado de (4) Aresis \éncia deste tipo de conectores é dada pela expressao: p, -TAnta em que: ‘An 6a rea mostrada na figura anterior, VAn/an ‘Ané a area da superficie frontal do conector rebatida para a superticie traseira do conector mais préximo ” 2,5. pata betdes de densidade normal através de lirines com 1/5 de declive. Apenas se considera a fracgao desta area que é rebatida dentro da zona onde existe betao, Figura 3.35 - Figura represenialiva das areas a usar no calculo de conectores do ipo: “bloco” (adaptado de [4), Nota: @ expresso anterior aplica-se a conectores do tipo “bloco”. A aplicagie desta 20s quatro tipos de ‘conectores referidos esté sujeita a algumas regras presentes no ponto 6.4.4 do ENV 1994-1-1 (EC4 anterior 20 actual), Para utilizagdo de blocos apenas seré necessério garantir que a sua altura nao exceda ‘quatro vezes a sua espessura, Para 0s outros trés € conveniente consultar 0 documento referido, 338 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. Figura 3.36 - Representagao de medidas Imile & usar no dimensionamento de conediores do tipo: “bloco' Arcos e Gancho: Este tipo de conectores poder ser utilizado em conjunto com os conectores acima referidos (blocos, T's, U's e ferraduras) ou em separado. Apresenta-se, em seguida, a expresséo para o calculo deste conectores quando utilizados sozinhos em lajes macigas. a [ A J em que 4, B sa0 os angulos representados na figura acima; ‘A, a area da secgo de azo do gancho ou arco} ya 8 esisténcia de dimensionamerte do material de que 0 conector& composto. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 339 _CONEXAO DE CORTE Combinagao de Blocos com Arcos ou Gancho: ‘© uso de blocos combinados com ganchos ou arcos tem a vantagem de permitir que estes partilhem a carga longitudinal entre si. Assim, combinam-se as resisténcias de modo a encontrar uma resisténcia do conjunto. A percentagem com que cada uma das partes entra para a resisténcia do conjunto depende da rigidez de cada um ‘As expresses para estas combinagdes sao: mbinass = Pry waco * O59 Pra sonchos Pra seo + 957 Py Pra combinaty = Pra co "ed eco Nota: @ regulamentago define que as soldaduras entre 0 bloco e © perfil metilico devem ser dimensionadas para a sequinte combinacao: Pas cotiturs = 442 Pea staco + Pa aco Peg sttateas = 152 Fe taco * %O- gunn: Pas seco Cantoneiras: As cartoneiras sao, em geral, conectores mais flexiveis que os blocos. Tal como nos U's, T's e ferraduras a parte frontal devera ser a "mais plana’. Direcgio preferencial do esforco ie actuante Figura 3.38 - Esquoma representalive de Coneclores do tpo ‘cantanetra” (adaplado de [A INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS em que: Ppa & dado em Newton; b € 0 comprimento da cantoneira: ha altura da cantoneira; fox 2 resistencia caracteristica do betdo em Nimm® ‘Yu 0 factor de seguranga que deve ser tomado como 1,25. O vardo que passa pelos furos das cantoneiras serve para prevenir o descolamento entre a laje € 0 perfil metélico. A expresso que fornece a area necessaria para que este varao resista as forgas de descolamento ¢ a seguinte emaque fy 62 resistencia carsleristica do aco do varBo © ¥.0 respective factor de seguranca: Ppq & a resistancia da cantoneira Nota: As soldaduras que ligam a cantoneira ao perfil metdlico deve ser dimensionadas para uma forga com excentrricidade e=h/4 para uma intensidade de 1,2 Pes Conectores de lajes mistas ‘As lajes mistas séo elementos laminares (duas dimensdes muito maiores que a terceira) compostos por: laje de beto armado e chapa perfilada em aco. ‘A conexao em lajes mistas faz-se de modo diferente das vigas. Nestes elementos existem trés tipos de conexdo: a ligagde por fricgao ou aderéncia, a ligagdo mecanica e a fixagao de extremidade. A que interessa discutir neste ponto sera a ligagéo mecdnica, que é diferente das vigas mistas essencialmente devido & dificuldade de soldar conectores em elementos de téo pequena espessura (chapas perfiladas podem ter, no minimo, 0,7mm). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 341 CONEXAO DE CORTE Os principais mecanismos usados para transferir 0 esforgo de corte entre 0 betdo e 0 ago podem ser: forma da chapa perfilada (saliente-reentrante); « existéncia de pequenas ondulagdes ou covas moldadas na chapa perfilad + vardes de ago soldados a chapa perfilada; + fixagao de extremidade consistindo em conectores de vigas mistas. + buracos na ondulagao da chapa perfilada. Forma saliente- Pa sreentrante Ondulagées moldadas ra chapa Furos > na chapa Foacdo de extremidade, ———— Figura 3.39 - Represontagao eviuemélica de coneciores de lajes misias esforgo de corte a que uma laje mista consegue resistir 6 encontrado, tal como nos demais elementos, com recurso a testes semi-empiricos. Os testes realizados para as lajes mistas S80 os testes m-k, @ os testes slip-block. Para as lajes mistas os testes tem que ser realizados para: a2 INSTITUTO SUPERIOR TEGNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS cada espessura de chapa perfilada, cada altura de laje e para as diferentes classes de resisténcia do betao. Os testes slip-block consistem na aplicagao de forgas horizontais e verticais em provetes de lajes mistas. Estes provetes consistem em porgdes de lajes mistas de apenas uma ondulagéo chapa de largura e cerca de 300mm de comprimento. A chapa ¢ soldada pontuaimente a uma base fixa Aplicam-se ao provete forcas verticais e horizontals e mede-se 0 escorregamento (a superficie 6 encerada para evitar que se fagam sentir os efeitos da aderéncia e do atrito). A principio é aplicada uma forca vertical, V, constante (ponto A dos gréficos abaixo), em seguida aumenta-se progressivamente uma forca horizontal, H, até comecar o escorregamente (ponto 8). O passo seguinte consiste em diminuir lentamente a fora V de modo @ que 0 escorregamento ocorra e a forca H diminua ligeiramente até que o bloco esteja prestes a levantar uma das extremidades (ponto C). Por iltime volta-se @ aplicar a forga V (até ao ponte D). O ciclo repete-se, desta vez para escorregamento maiores. Este teste aplica-se a conexéo parcial em lajes mistas ¢ fomece os valores de: coeficiente de fricgdo, 4, e da tensao resistente de corte, TR. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 343 CONEXAO DE CORTE © EC4 define, nos pontos 9.7.3(7) a 9.7.3(10), a resisténcia de uma laje mista ao corte longitudinal com recurso ao método da interacgo parcial. Este método usa os valores da tensdo litima de corte resistente, Tue (obtidos do teste slip-block). Com esta tensao ¢ representado um diagrama rectangular de tensdes numa dada sec¢ao a uma distancia L, do apoio mais préximo. E entdo definido um gréfico cujas abcissas so dadas pela distncia de uma secg&o ao apoio mais proximo, L,, € as ordenadas pelo momento resistente dessa secgdo, Mrs. Para L.=0 (conexdo nula) assume-se que 0 momento resistente 6 0 da chapa perfilada, Mp,, enquanto que para conexao (e interaccao) total o momento é o momento de plastificagao de toda seco Mpire 344 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 3.41 - Representagao da curva Mag —L, oblida polo teste Ga conexao parcial em lajes mista © método da interac¢ao parcial limita 0 momento flector, de lajes onde existe conexéo total, de modo a entrar em conta com os efeitos da conexdo parcial Define-se no ponto 9.7.3(6) do EC4 que o momento flector actuante, Mes, devera ser inferior ao resistente, Mra, que € encontrado de modo semelhante aos casos em que existe conexao total em lajes (ver ponto 9.7.2 do EC4). As alteragdes realizadas para conexao parcial so as seguintes’ Ne devera ser substituido por Ne, = Tyg DL, SN (9.8) ECA z deveré ter uma expresso de calculo diferente: i 7=h-05x,—e, +(e, ~e)—=— (9.9) EC4 Ape Sopa INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 345 CONEXAO DE CORTE em que: Tard = Tune |Yrx @ 2 tensdo resistente de corte obtida dos ensaios e que deve ser fomecida pelo fabricante (/va tem o valor tecomendado de 1,28) LL, a cisténcia da seep considerada a0 apoio mats proximo; Aye a area do chapa perflads fyp.a@ tonsa de cedéncia da chapa perfiada Nota: 0 pont 9.7.3(9) 0 ECA pée a hipdtese de se aumentar a forca produzida pelo betao, Ne, em y.Red (em que Red & © valor da reaccao no apaio da laje e 1 0 cosficiente de friogéio que 0 EC4 aconselha tomar como 0,5). Para se proceder a este aumento, 0 valor da tensao ultima de corte resistente, uid, deve ser encontrado tendo em conta a presenga do apoio (que adiciona esforgo de corte longitudinal asicional), EXEMPLO 3.4 Considere-se a laje mista do exempio 3.3, com uma altura de betdo acima da chapa de 10cm, sem fixagao de extremidade e com desenvolvimento ao longo de um vao de 3m. O betio que a constitui € um C25/30 (f ‘Apc=1359mm? por metro de largura e uma tensdo de cedéncia de valor fy (11,0), 25Nimm?) ¢ a chapa perfilada tem 1mm de espessura, com uma area 7 5N/mm? 100 ae ae a [ 5 He + . 127.5 41000 _ Figura E547 — Represantagso de lje mista nenorada © calculo do momento resistente desta laje por unidade de largura, que seré visto com maior pormenor mais adiante neste manual, pode ser facilmente calculado recorrendo apenas a conhecimentos de resisténcia dos materiais. Pretende-se calcular este momento resistente para a seceao de meio vao da laje (a 1,5m do apoio mais préximo), que se considera simplesmente apoiada. 346 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Desprezando o betdo entre nervuras (com o objectivo de facllitar 0 problema) as forgas presentes na seccdo transversal existem em zonas distintas desta e formam um binario. O calcul do momento resistente sera apenas a multiplicagéo de um brago (distancia entre os centros de massa dos dois materiais) por uma destas forgas. A chapa perfilada ¢ toda solicitada, ao passo que o betdo apenas o é numa area necessaria ao equilibrio de forcas horizontais na secgao. Igualando a forga na chapa perfilada a exercida pela area de betio solicitado obtém-se a altura deste: 7 DF, =02N, Fe 51359,28 1,0 Fo he -_—_ me Sp — =e Oe — {mm Figura E3.4/2 — Tensbes na seosao de laje mista nervureda, O brago caloula-se rapidamente com recurso as caracteristicas geométricas da seceao: 2,4 2227,5+100- 724 = 16.3 mm © momento por unidade de largura, mg, € entéo calculado da seguinte maneira Fa 116,3% 1000 x 22,4 x = =43,41kNn Ye Mag = 2 Para 0 caso em que existe interacgao parcial entre o betéo e a chapa da laje mista 0 EC4 propée, nos pontos 9.7.3(7) a 9.7.39) um método de resolugéo do problema baseado nos resultados obtidos dos testes slip-block, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 347 CONEXAO DE CORTE A diferenga que este método apresenta consiste na redugao da forca exercida pelo beto. Esta diferenca deve-se ao facto do escorregamento solicitar menos area de betdo. Assim, 0 fomevedor das chapas perfiladas devera fornecer 0 valor de tung OU Tunx (este Ultimo teré que ser reduzido com © coeficiente y.). Para este exemplo tomou-se o valor .144Nimm?. Tune Pela expressao 9.8 do EC4 obtém-se a fora exercida pelo betéo em regime de interacgao parcial: N = 2, q) BL, = 0,144 x 1000 x 1500 = 2164N < N,, =339,75KN AA forga no betdo agora menor que no caso de interacedo total, 0 que verifica a condicao imposta pela expresso 9.8 do EC4. Encontra-se entéo a nova altura de betdo solicitada, para em seguida encontrar 0 brago do novo binario. O método de calculo ¢ exactamente o mesmo, com a substituigao do he pelo Xp. . 21 5 16 N, xb .xy Lex, = OOS «12.96mm < 22,4 mm Ye re 1000 x25 27,5 +100- 1228 = 121,02 mm © momento resistente € calculado do mesmo modo para interacedo total ou parcial mas no segundo caso entra-se com a diminuicao de resisténcia do betao através da diminuicéo da area deste que resiste: 5 xy S42 121,02« 1000 x 12,96x 22 = 26,14 km May Ye 3 A verificago de seguranca da laje ao esforco de corte longitudinal taz-se através da verificagao da mesma ao estado limite ultimo de flexdo. Entdo, para estar garantida a seguranga ao corte longitudinal é necessério que o momento actuante mez Seja menor que o momento resistente calculado através das formulas 9.8 ¢ 9.9, mpg, 348 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS outro teste usado para a determinagao da resisténcia de lajes mistas ao corte é o teste m-k. ‘Além de ser 0 mais utilizado é também a partir dele que o EC4 define a resisténcia das lajes mistas ao corte Este teste ndo usa a tensAo de corte, r, mas sim o esforgo de corte vertical. A relacao entre esforgo de corte longitudinal e vertical é conhecida para o comportamento elastico, no entanto para comportamento elasto-plastico tem de se recorrer aos testes m-k Neste teste carrega-se uma laje, simplesmente apoiada, em dois pontos, cada um situado a distancia L, de cada um dos apoios. Ambos os pontos so carregados por uma forga P vertical Para estimar o corte longitudinal, Vig, € usada uma fungao linear paramétrica na qual entram todos 08 parametros envolvidos: resisténcia caracteristica do beto, fu. distancia L., altura média da laje mista, dp, largura de laje considerada, b, area da chapa perflada na largura referida, A, e fora de corte vertical Vs. Do teste obtém-se um grafico cujas abcissas sdo adimensionais, (representa a relagdo entre a area da chapa perfilada, A,, e a rea de corte longitudinal, bL.) e as ordenadas sao tensdes que dependem do esforgo de corte vertical, V; (que inclui 0 peso proprio da laje). A ordenada na origem € 0 valor de k e 0 declive om grafico referido esta representado abaixo: Vit INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 349 CONEXAO DE CORTE | hor Prey T Mone Ap~ jura 3.43 - Represenlagao das grandezas ulilizadas na quantiicagae dos parametros m — K. De notar que o teste pode ser realizado com outros tipos de carga. Nestes casos 0 valor de Ls € obtido igualando a area sob o diagrama de esforco transverso gerado pela carga em questdo ao que seria gerado pela carga representada na figura acima (duas cargas P concentradas). Para uma carga distrib la a0 longo de todo 0 vao L.=L/4. Para uma distribuigao assimétrica de carga pontuais L, deverd ter o valor do momento maximo a carga vertical pontual (ponto 9.7.3(5) do EC4), i pela maior Através dos valores de m e k 0 ECA possibilta a verificage a0 corte longitudinal em lajes mistas. Esta esta estipulada nos pontos 9.7.3(4) a 9.7.3(6) A verificagao ao corte longitudinal é feita, pelo EC4, através da verificagdo ao corte transversal. © EC4 impée que o esforco transverso vertical actuante, Ves, seja menor que o resistente, Vias, que 6 dado por: Ving =e (ea) (9.7) Ec4 yy, bL, / em que by, dest representa na fgura aia 6 s80 em mi ‘Ap dea da chapa perfiada [mm m, k s80 08 valores retirados dos teste © devam ser fornecidos pelo fabricante, o valores deverdo ser inttoduzidos em [Nim LL, 6 2 distancia da carga ao apoio (no caso de duas cargas pontuais) ou a distancia equivalente como explicado ‘Ys € 0 coeficiente parcial de seguranca e 0 valor recomendado 6 de 1,26, No caso de laje com modelo de calculo continuo 0 ponto 9.7.3(6) do EC4 define que 0 comprimento de vao equivalente a usar é: ‘+ 0,8L para vaos internos; ‘© 0,9L para vaos de extremidade; em que L é a distancia entre os dois apoios do véo considerado. 350 : INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Nota: & converiente fazer um paréntese sobre o facto de ném sempre o esforgo longitudinal ser condcionante em jes mistas @ por isso nem sempre 0 grafico que fornece 08 valores de m e k traduair a rotura da laje mista, Para v8os pequenos 0 exforgo que condiciona ¢ de core transversal ao paseo que para vaos grandes o momento flector. Ve a [Nimm 7] Corte varia consicionante Corte tongs ~ condicionante Flexso condicionante| Figura 3.44 Gratico representaliva do comportamento de uma laje mista em fungao do vao que esta venice, EXEMPLO 3.5 Considere-se a laje mista do exemplo anterior. A laje desenvolve-se ao longo de um vao de 3m, é actuada por uma carga distribui la e ndo possui fixagdo de extremidade. Figura €3.5/1 — Representagao de laje mista nervurada. Considerando que 0 comportamento desta se obtém através do teste mk, pretende-se obter a resisténcia da laje ao corte longitudinal. INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO Bat CONEXAO DE CORTE Esta resisténcia 6 dada pela expresso 9.7 do EC4 e os valores de m e k sao fornecidos pelo ,014 Nimm? e m=83 Nimm?. fabricante da chapa. Suponha-se que estes tomam os valores: k: Considere-se, para uma chapa de 1mm de espessura, uma area de chapa perfilada 359mm4im. Visto que a laje esté carregada com uma carga uniformemente distribufda ao longo de tedo 0 vo entao’ A tesisténcia da laje ao corte longitudinal fica verificada se ficar também a verificagao da mesma ao corte vertical. A resisténcia ao corte vertical, com base no teste m-k, é calculada do sequinte modo: 1000x127,5 ( 83x1359 1.25 (1000x750 6,765kN/m +0014) Nota: A resisténcia da chapa perfiada pode ser calculada por metro de largura ou por nervura de chapa. Em qualquer das situagdes a rea de chapa, Ap, ¢ a largura, b, tere de estar em conformidade. No exemplo apresentado optou-se por considerar um metro de largura de chapa, do que resulta a utlizapéo de valores por metro de largura e a oblencao de tuma resistencia também por metro de largura, No caso de Se considerar uma nervura estes valores viriam todos em “unidade/nervura’. Caso a resisténcia 30 corte longitudinal da laje nao seja suficiente recorre-se a fixagao de extremidade, que pode ser consti ida por: deformagdes na chapa, pernos de cabega ou outro tipo de conexao mecanica. 0 ECA estipula, no porto 9,7.4(3), a resisténcia de um pero de cabega cuja fungao seja a de servir de fixagdo de extremidade a uma jaje mista. Define-se que a resisténcia ao corte deve ser a menor das expressées ja referidas para os pernos de cabeca e da expresso que define a resisténcia da chapa perfilada ao esmagamento: Panna = y dio t fp (9.10) EC4 +afdyy < 60 (9.11) EC4 352 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS em que: do € 0 didmetro da soldadura e que pode ser tomado como 1,1 vezes 0 diametro do fuste do perno; € a distancia do centro do porno a extremidade da chapa perilada, que nao pode ser menor que 1,5 vezes dye te aespessura da chapa, EXEMPLO 3.6 Suponha-se agora que a laje mista desorita no exemplo 3.3 possui fixagdo de extremidade € que esta é realizada através de pemos de cabega idénticos aos referidos no exemplo 3.2 como pemos de cabega A. As suas caracteristicas relembram-se na figura abaixo: [ee er a | Pemo de Cabega A (exemplo 3.2) [mm] £,=500N/mm? Figura E3.6/1 — Represeniagao do pemo de cabeya A A resisténcia de um pero de cabega a actuar como meio de conexéo numa viga mista foi ja estudada no exemplo 3.2 € mostra-se mais uma vez para uma laje com a mesma classe de betao (C:25/30) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 3.53 CONEXAO DE CORTE 08x 500xa%12 =——_+ = 90,73 1,25 029aa? ff, E, 0,29% 1x1 Para que se obtenha a resisténcia de um perno de cabega que actue como fixagéo de extremidade numa laje mista € necessario considerar a resisténcia da chapa perfilada ao esmagamento. Para tal usa-se as expressdes 9.10 e 9.11 do EC4. Relembra-se que a espessura da chapa utllizada é t=1mm, admite-se como resisténcia 10. A espessura do caracteristica f,,=275Nimm? e respectivo coeficiente parcial de seguranga 1, cordao de soldadura na base do pero @ tomada como sendo 1,10 do didmetro do fuste do mesmo, Considera-se que 0 perno de cabega esta a uma distancia de a=30mm da extremidade da chapa perfilada. Figura £3,612 ~ Representagao da distancia a. Assim, 0 calculo da resisténcia ao esmagamento da chapa situada em torno do perno efectua- -se da seguinte maneira: 30 30 11x19” 20,9 6,0 - 275 todas t fp /¥p =2,435x 20,91 Ponea = 14,00kN 2 ky dint Sopa = aaa INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Assim, a resisténcia do perno de cabega enquanto fixagao de extremidade é dada pelo menor valor das trés expressées: as duas referentes a resisténcia do pemo e do betdo envolvente e a expressao referente ao esmagamento da chapa perfilada © valor obtido para a resisténcia da fixagdo de extremidade € entéo de Pry=14,00kN e o material condicionante é a chapa perfilada. Nas condicées deste exemplo o valor de resisténcia para 0 perno de fixacdo de extremidade € bastante menor que a verificada para o mesmo pemo de cabega a actuar como conexdo de corte em viga mista. Nota: 0s valores de Pry obtidos ds express Des 6.18 © 6.19 do ECA (exemplo 3.2) fornecem os mesmos valores porque a laje @ pemo de cabeca usados neste exemplo sdo os mesmos @ constituidos por materiais de igual resisténcia, Se, por exemplo, se usasse um beldo diferente a expressao. Gonectores em pilares mistos As forgas transmitidas aos pilares mistos através das ligagdes pilar-viga devem ser transmitidas a0 ago e ao betdo. Para tal é necessaria uma conexao adequada entre os dois materiais. A conexdo em pilares & essencialmente feita por aderéncia @ atrito com algumas excepgdes: em zonas de caminho de cargas aplicadas ao pilar, em zonas de mudanga de seccdo transversal e em zonas onde possa haver corte longitudinal devido a existéncia de forcas de corte transversais deve ser verificado 0 valor da tensa resistente ao corte, tes, Caso esta seja menor que o estipulado no ponto 6.7.4.3(3) do EC4 devem ser colocados conectores de corte de modo a garantir a resisténcia necesséria ao corte transversal. Os valores de tea a garantir na interface, fornecidos por este ponto do EC4 apresentam-se no quadro seguinte (valores validos para elementos em ago ndio encerados, oleados ou pintados). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO a CONEXAO DE CORTE ‘Seago transversal ‘Secgao de ago totalmente betonada ‘Secgdo tubular circular chela de belo ‘Secro tubular rectangular cheia de betdo Banzos de secgées parcialmente betonadas Almas te seog6es parcialmente betonadas Tabela 3.2 - Valores da lenséa tangenclal a garam nos pllares em fungao Ga sua SecpSo. ‘As zonas de caminho de cargas impostas a coluna nao deveraa exceder duas vezes a menor das dimensées da seccdo transversal, d, ou um tergo do comprimento total da coluna, L (clausula 7.7.4.2(2) do C4). | © $min 2d ; Li3) Figura 3.46 - Raprasontagi da Zora de carinfs Go Cargas impose a um pla © uso de conectores de corte na zona de caminho de cargas é referida no EC4. Esta consideragao deve-se ao facto do seu uso poder ser necessério para garantir a resisténcia ao corte longitudinal. Refere-se no ponto 6.7.4.2(4) que podem ser usadas filas de pernos de cabega para garantir a resisténcia ao corte longitudinal nas zonas de caminho de cargas. Refere-se ainda que resisténcia desenvolvida por estes conectores, quando soldados a almas de 1's, se pode adicionar uma resisténcia adicional proveniente de forcas de friccdo adicionais, geradas pelo confinamente do betdo por parte dos banzos do perfil A resisténcia adicional em cada fila de conectores, devida a friego do betéo contra os banzos 6 de [.Prs/2 em cada banzo, em que Pre é a resisténcia individual de cada pemo de cabega (segundo as expressées 6.18 e 6.19 do ECA). A falta de informacao sobre 0 coeficiente de fricgao, , este pode ser tomado 0,5 para elementos de ago no pintados. A cléusula 6.7.2(4) do EC4 fonece ainda valores maximos para afastamentos dos banzos em fungo do niimero de pemos de cabega utilizados em cada fila. 3.56 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO. MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS =300mm 400mm Figura 3.47 Eequeria das forgas das secres de plares misios e das forcas de covte longhudinal em Gada flada de pernos de cabega. Para zonas da coluna em que o corte longitudinal se deve a existéncia de corte transversal a clausula 6.7.4,3(2) do EC4 estipula que, na falta de métodos mi precisos, se deve usar andlise elastica considerando os efeitos diferidos ao longo do tempo para determinar o corte longitudinal INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 357 CONEXAO DE CORTE EXEMPLO 3.7 Considere-se um pilar misto constituido por um perfil laminado a quente HEA 240, néo pintado ¢ totalmente envolto em betdo. O esforgo de corte longitudinal obriga ao uso de pernos de cabeca soldados ao perfil, Suponha-se que os pernos de cabeca utilizados so os do tipo A (f,=500Nimm?) do exempio 3.2: ~ Figura E3.771 — Secgao wansversal de pilar misto. ‘A resistencia destes pemos de cabeca, Pra, & j4 conhecida dos exemplos anteriores. O seu valor &: Pgg#73,73KN. Em pilares mistos a resisténcia ao corte da-se pela aderéncia e atrito entre o betao © 0 ago do perfil e pelos conectores de corte (neste caso: pernos de cabega). Pretende-se chamar a atengao para o attito extra ctiado pelos pernos de cabeca entre os banzes do perfil e o betdo interior a estes. De facto, ao serem solicitados, os pernos empurram 0 betéo contra os banzos do perfil aumentando assim a resisténcia do pilar ao corte longitudinal através do aumento do attito, 3.58 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS, © Figura E3712 — Forgas de carte longitudinale no pllar mist Assim, segundo a cldusula 6. 4.2(4) do EC4 esta resisténcia extra em cada banzo do perfil HEA por cada fila de conectores é dada pela expressdo: Pag 2 © coeficiente de fricgéo pode ser tomado como H0,5, pois 0 elemento metalico néo esta revestido por pintura. A resistencia dada pelo pemo de cabega ao corte longitudinal é a soma de duas parcelas: resisténcia do proprio perno e resisténcia extra por atrito para cada banzo. Fica-se com a seguinte expresséo para a resisténcia fornecida por um pemo de cabega: Pigg = 2p Pag ]2+ Pag O valor desta resisténcia seré entao: 73,73 ‘nd = 2-H Py [2+ Puy = 2X0,5% +73,73 = 110,6KN Verifica-se que ha um ganho na resistencia de perno de cabega ao corte longitudinal de 50% devido ao atrito criado pelo confinamento do betdo. Nota: Apenas se pode assumir 0 ganho de resisténcia porque a distancia entre as faces interiores dos banzos do perl respeita 0 limite maximo estipulado pela clausula 6.7-4.2(4) do EC4, ‘Suponha-se agora uma secgao semelhante mas constituida por um HEA 360 (nao pintado) ao qual s40 soldadas filas de trés pemos para garantir a resisténcia ao corte longitudinal. INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO 359 CONEXAO DE CORTE Figura £3,713 ~ Seago Wansversal do play as = Torgas de cor Iongiuainals no mesTio. Neste pilar quantifica-se a resisténcia, ndo de um pemo de cabeca, mas de uma fila de trés. Verifica-se que o ganho nominal extra (em KN) devido ao atrito criado pelo confinamento do betdo € 0 mesmo. A resisténcia é dada por: o p= Df Pay [DAB Pyy = 205x223 +3%73,73 = 258 KN Chama-se a atengéo que 0 ganho de resisténcia por atrito acontece para uma fila de pernos de cabeca, quer esta tenha um ou mais. O EC4 trata apenas pilares com filas até trés pernos de cabeca. garina neste caso é de apenas 14% pois a resisténcia ganha por atrito € mais pequena, quando comparada com a resisténcia ao corte de trés pemos de cabeca. ‘Também neste caso é respeitada a distancia maxima entre faces interiores dos banzos. 360 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 3.7 Armadura transversal O dimensionamento e andlise da conexéo de corte sao baseados na rotura dos conectores ou do betéo que os envolve quando, na interface ago-betéo, actua a maxima forga de corte longitudinal. A resistencia dos conectores foi ja estudada no ponto anterior, neste estuda-se a resistencia do betdo da laje mista s forcas de corte que os conectores Ihe transmitem. A rotura da laje de betéo, quando actuada por esforgo de corte longitudinal, da-se através de superficies de rotura que podem ser planas ou "em tunel”. A resisténcia de um elemento de construcdo mista ao corte longitudinal nao fica garantida com a verificagao de seguranca ao corte dos conectores. E necessdrio fazer uma verificacao adi ional a resisténcia ao corte destas superfic ies para garantir a seguranca. A resisténcia ao corte longitudinal nas superficies de rotura é conseguida através de resisténcia ao corte do betdo e das armaduras transversais nele colocadas. A armadura longitudinal das lajes nao s6 serve para estas resistirem aos esforcos que Ihe so impostos (momento flector) como também para permit rem ao as vigas res esforco de corte rasante. Apesar de ser verificada para resistir 2s esforgos das lajes estas armaduras podem, por si sé, servir de reforgo as vigas. Caso verifiquem as imposigdes de seguranga sobre 0 esforgo de corie rasante em vigas ent&o nao sera necessario nenhum reforgo com armaduras adicionais, caso contrario tero que ser colocadas em quantidade suficiente. TEL q Rd, laje Figura 3.48 - Esquema representative da colocayao das armaduras transversais em laje mista. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 36 CONEXAO DE CORTE ‘As regras de dimensionamento criadas para estas armaduras de reforgo so extensas, pois tém que entrar em linha de conta com: diferentes tipos e arranjos de conectores de corte, diferentes formas de lajes, uso de elementos pré-fabricados e interacedo entre o esforgo de corte por unidade de comprimento actuante, ves, € momento flector transversal (longitudinal a laje que se desenvoive entre vigas). Algumas condigées poderao ser desfavoraveis para a resisténcia da laje ao corte, por exemplo em situagdes nas quais existem momentos flectores transversais positivos que Provoquem tracgées na parte inferior da laje ou forcas de tracgao junto ao topo dos conectores. Por outro lado, um momento flector transversal negative confina a laje fazendo-a adquirir resistencia adicional ao corte longitudinal. Estas situagdes podem requerer armadura transversal adicional nas vigas além da calculada para os momentos flectores nas lajes. © EC4 define, no ponto 6.6.6.1(1), que a armadura de reforgo longitudinal deve ser dimensionada para verificar a seguranga a0 estado limite ultimo de corte longitudinal na viga e para prevenir fendithacao longitudinal. A clausula seguinte (6.6.6.1(2)) define que, para verificar a seguranga a este estado limite se deve garantir que, em todas as superficies de rotura, a tensao de corte longitudinal actuante, ves, ndo excede a resistente, vas. Na clausula 6.6.6.1(2) do EC4 estéo também definidas as superficies de rotura tipicas em lajes sem chapa perfilada. Estas so representadas em seguida juntamente com as areas de armaduras resistentes por unidade de comprimento a considerar para cada uma " Superficie de eae Act | St aaa 2Ab _ 2Ay L 2Avn 362 “INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS No ponto 6.6.6.3(4) do EC4 representam-se as superficies de rotura e armaduras resistentes para lajes mistas constituidas por betdo e chapa perfilada. A sua representacao esquematica esta abaixo, | Superficie de | re a Ast I Sr 4 — — | ee aa At 3 b-b 2Ab mee aa | __* Ap q 2Ay AA Figura 3.50 - Superficies de corte e armaduras que a8 suportam em lajes misias com chapa perfilada, O esforgo de corte longitudinal por unidade de comprimento é encontrado através da analise das secgdes ao momento flector (que serd visto mais adiante no 7 deste manual). Um método expedito consiste em, apés decidir quais os conectores de corte a usar e 0 seu espacamento, dividir a resistencia de um destes pelo afastamento entre eles, Pag ) an aetnapens TE EEE 0, 2 26,5° para banzos comprimices, 45°2 8, 2 38,6° para banzostraccionades. Nota: a érea de armadura transversal necessaria aumenta com o aumento do angulo 6. 366 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS © ponto 6.2.4(5) do EC2 exprime a preocupacdo, jé referida acima, da combinagao de esforgo de corte longitudinal e momento flector transversal (longitudinal a laje de betdo) A combinagao de corte longitudinal nas vigas com flex89 transversal a estas € resolvida considerando a armadura maxima dada por uma das duas situagées seguintes: — area de aco dada pela expressao (6.21) do EC2 0u; = metade da area de aco dada pela mesma expresséo somada a area de ago requerida pelo momento flector da laje. 0 EC4 define algumas regras a aplicar para vigas constituidas por lajes mistas (betdo e chapa perfilada): * na presenga de chapa perfilada 0 perimetro das super ies de rotura, hy, que atravessam toda a espessura da laje (superficies do tipo a-a) devera ser toda a espessura da laje acima da chapa perfilada; Figura 3.54 - Perimetro de corte da superficie 6-8 para lajes mistas com chapa perflada * quando é usada chapa perfilada com nervuras transversais ao elemento metdlico e onde é usado o coeficiente k, para dimensionar a resisténcia dos conectores nao é necessério considerar superficies de rotura do tipo b-b para determinar a tensdo de corte longitudinal resistente; + a espessura da chapa perfilada ndo deve ser con: lerada no perimetro de superfi 1s de rotura do tipo c-c, a menos que o seja verificado em testes validos; + se for usada chapa perfilada com nervuras transversais a0 longo de todo o comprimento do banzo do elemento metélico que constitui a viga mista, considera-se a contribuigéo da chapa perflada na resisténcia ao corte longitudinal. A expressao 6.21 do EC2 é substituida entéo por: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 3.67 CONEXAO DE CORTE (6.25) EC4 em que: ‘Ay @ a area de ago da chapa perflada por unidade de comprimento de viga, frp tensBo de cedéncia do ago que constitu a chapa perflada, se se utilizar chapa perfilada com nervuras transversais ao elemento metalico nao continua ao longo do comprimento do banzo superior deste, e se forem soldados conectores no elemento de ago através da chapa, entao a expresso anterior toma a seguinte forma: (6.26) EC4 em que Pra 8 resistencia de aimensionamento de um perno de cateca soldado através va chapa perflada @ no pode ser maior que A, f,,,. 0 cAlculo deste valor fi explicado no ponto anterior deste capitulo @ esta estipulada no ponte 9.7.4 do ECA. 'S € o esparamento longitudinal entre centros dos pemos de cabeca, © EC4 estiputa, no ponto 6.6.6.3, que deve existir uma armadura transversal minima ¢ para © seu caloulo remete para o ponto 9,2.2(5) do EC2. Este, por sua vez, define um racio minimo de armadura em fungao da resisténcia do betao e do ago: 08 Vf) Ta (9.5) EC2 fox € @ resistancia caracteristica do cilindro do betao e, fay 2 resistencia caracteristica do ago das armaduras. 3.68 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O racio de armadura é definido no mesmo ponte para elementos de vigas ou de laies: P= (9.4) EC2 (s.b, sina) by @ largura considerada para p elemento; 10 Angulo entre o eixo da viga ¢ as armaduras, que no caso de lajes mistas serd sempre de 90° (o que implica sin(a O cdilculo de atmadura minima esta definido no EC2 para vigas de betdo armado, em que o esforco de corte é resistido por armadura vertical. No caso de vigas mistas actuadas por esforco longitudinal a resisténcia € obtida através de armaduras horizontais. Assim, convém distinguir os significados das grandezas geométricas (s e by) para os diferentes casos. No caso da viga de betao armado as areas de betdo ¢ armadura medem-se segundo planos horizontais pois sao estes que cortam na perpendicular as armaduras resistentes ao corte As grandezas geométricas sao as representadas na figura seguinte pois sao elas que exprimem a rea destes planos por unidade de comprimento da viga. Na mesma estdo também representados o esforgo de corte actuante, Veg, € as armaduras que a este resistem (estribos). plano que corta armaduras na perpendicular Figura 3.55 - Esquema de resisténcia a0 corte de uma viga de betao armado. No caso da viga mista actuada por corte longitudinal, os planos que cortam as armaduras resistentes ao corte perpendicularmente a estas sao verticais e paralelos ao eixo da viga Assim, as grandezas geométricas a considerar na expresséo 9.4 do EC2 terso que ser: a espessura da laje, hare, @ 0 espacamento, s. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 3.69 CONEXAO DE CORTE Asis plano que corta armaduras na perpendicular Figura 3.56 ~ Esquema representativo da resisténcia ao corte de uma viga mista Assim, para calcular a armadura transversal minima resistente a corte longitudinal em vigas mistas ter-se-4 as seguintes expresses: (008%) Presi. = Su shy yp-Sin@) a armadura transversal minima numa laje mista calcula-se de modo simples pela expresséo: (nosyir) FO Mase Nota: © EC4 deixa bem claro no ponto 6.6.6.4(6) que a obrigago de armadura minima existe para a area de betio aciraa da chapa perfilada. 370 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 3.8 Pretende-se com este exemplo calcular as areas de armadura transversal necessarias as Verificagdes aos estados limites ultimos de corte longitudinal em duas vigas mistas distintas, Considere-se uma viga mista constituida por um perfil metdlico, pernos de cabega iguais aos do tipo A do exemplo 3.2 (f,=500N/mm? e Paa=73,73KN), espacados de 25cm entre si e inseridos numa laje de betéo maciga com 20cm de espessura constituida por betdo do tipo C25/30 (f=25N/mm?) Figura E387 ~ Seoqao Vansversal de viga ris A viga est sujeita a uma carga vertical distribuida com sentido de cima para baixo e considera- -se simplesmente apoiada. Assim, o banzo superior da viga mista esta comprimido em todas as secgdes desta ao longo do vo na qual se desenvolve. Para banzos comprimidos @ clausula 6.2.4(4) do EC2 define que 0 angulo das bielas comprimidas com a norizontal na alma da viga tem de estar no seguinte intervalo de valores: 26,5° $ ®; $ 45° (1,0 < cot(®) < 2,0). Usar-se-d, neste exemplo, um angulo de 6=33,7°, que corresponde a cot(8))=1,5. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO amt CONEXAO DE CORTE As superficies de corte que se podem formar neste cas0 S40 dos tipos a-a e b-b. As suas representagdes e respectivos perimetros mostram-se de seguida Figura 3.8/2 — Superficies de corte longitudinal de viga mista, 100 mm Ip pop =2h,, +d, =2X100-+ 30 = 230mm ‘Apés a determinagdo dos perimetros das superficies de corte esté-se em condigbes de encontrar as tensdes de corte por unidade de comprimento actuantes em cada uma delas. Para isso usa-se o método expedito atras referido: P. afasiamento entre conectores P. fa ey, — amento enire conectores.h, Atensao de corte actuante na superficie a-a: 47 MPa ‘A mesma na superficie b-b: 73,73 0,250.23 1,28 MPa Vogab Bz INSTITUTO SUPERIOR TECNICO. MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As areas de armadura necessérias @ verificagao do corte longitudinal sao dadas pela expresso 6.21 do EC2. Neste exemplo, usando armaduras do tipo A400 (fyd=348Mpa), obtém-se os seguintes valores para cada uma das superficies de corte a verificar: ~ Superficie a-a oxh, Ay 147x200 1,5x348, 5,65 cm? /m cot, ~ Superficie b-b: xy cod, Visto que se esté a trabalhar com tenses (forga por unidade de area) e apenas se entrou em conta com as caracteristicas do ago, é de esperar que as areas de ago obtidas tenham o mesmo valor. De facto, sende a tensao de corte actuante, ves, Sempre a mesma ao longo de uma superficie a area de aco que a intersecta tera de ser forcosamente a mesma. A grande diferenca entre as varias superficies de corte consiste em saber qual a mais. condicionante do ponto de vista da pormenorizacao das armaduras. Neste exemplo as ‘armaduras a colocar na laje de betéo, segundo a figura 6.15 do EC4 so as seguintes: Ab ra £3,813 - Superiies de corte longitudinale areas de armadura resistente de viga mista, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 373 CONEXAO DE CORTE Assim, qualquer das superficies a-a precisa de 5,65cm*/m a atravessar a espessura da laje (divididos entre A, @ A). Pelo contrério, como a armadura A, intersecta a superficie b-b em dois pontos entao para resistir ao esforgo de corte actuante nesta superficie apenas se precisa de 2,83cm*im (metade de §,65cm*im) a atravessar a laje Uma hipétese para a armadura transversal desta viga mista serd Ag2,83cm‘m ‘Ay=2,83cm*im. Deste modo a superficie a-a tera os §,65cm*/m necessarios a intersecté-la (ArtAs) © a beb os mesmos 5,65cm*/m (2xAy). Uma boa hipétese de pormenorizacao poder ser a adopgao de 10//0,25 tanto para A, como para Ay, Encontrada a érea de armadura necesséria segue-se a verificagao de que 0 betéo das bielas comprimidas nao rompe por esmagamento. Esta verificagao é realizada pela expressdo 6.22 do C2, Vey <¥ fog SiO, cosO, = 0,6 [1- Be |sarsne, x00 = 257 = 0,6 | 1-5 |x = xsin33,7° xc0833,7= 4,15 MPa Verifica-se entao que o betao das bielas comprimidas aguenta a tensdo que Ihe é imposta = AT MPa < Vey nic = 41S MPa 1,28 MPa < Vey gay = 4315 MPa dimensionamento da armadura transversal fica concluldo com a verificago de que esta ¢ maior que a armadura minima. Caso nao o seja ter-se-4 que adoptar como armadura transversal a minima, Esta verificago baseia-se nas expressées 9.4 e 9.5 do EC2 ¢ para armadura transversal perpendicular ao eixo da fica encontra-se através da seguinte expresso (ja explicada atrés): ain (0087) (o.08-v25) 5 fy 400 0,2 = 0,002 m?/m = 2em? A armadura transversal é maior que a minima obrigatéria, logo nao é preciso aumentar a Area de armadura ja assumida. 374 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Considere-se agora que a viga mista atras referida € constituida pelo mesmo perfil metalico e conectores colocados segundo 0 mesmo afastamento. A laje que constitui a viga € agora uma laje ji) do exemplo 3.3 (A,=1359mm? € fyp= :75N/imm®). A espessura da laje mantém o valor de 20cm e as nervuras sao transversais 20 mista composta pela chapa perfilada apresentada no caso frp. eixo do perfi [nm] iga Misia composta por perl melalico e laje nervurada (batao @ chapa perflada), Figura E3.8/4~ Cortes represeniaivos de Nesta situagao a olausula 6. © calculo da armadura transversal (6.21 do EC2) pode ser substituida por outra (6.25 do EC4) de .4(4) do EC4 estipula que a expresso fornecida pelo EC2 para modo a ter em conta a resisténcia adicional da chapa perfilada a0 corte longitudinal. Esta consideragao apenas ¢ valida para superficies de rotura do tipo a-a. Deste mode a area de armadura calcula-se do seguinte modo: edana® Mpa xh, A, cord, war lyoe ., Ay, es cot 8, 5, Sua 147200 13594275 15 1073.9 mm 348 E facil de perceber que sendo negativo o valor da armadura resistente ao esforgo transverso, entao ela no seré necessaria pois a area de ago da chapa é suficiente. Aplica-se apenas a area minima (jé calculada para lajes com 20cm de espessura): Ax/s=2em*/m (que pode corresponder a ©8//0,25) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 3.78 CONEXAO DE CORTE 3.8. Disposi¢des Construtivas e Pormenorizagao As regras fomecidas pela regulamentagao para a pormenorizagdo e disposig5es construtivas so, em geral, baseadas em experiéncias anteriores, Um conjunto de experiéncias negativas fara as regras ficarem mais conservativas ao passo que © contrario as toré-las-a mais permissivas. Raramente é possivel verificar a real validade destas regras porque se aplicam a um némero muito grande de situagdes. © cumprimento destas regras garante que se verificam as condigdes e pressupostos admitidos nos modelos de calculo (por exemplo: distribuigSes uniformes de tensdes no betéo para determinados comprimentos de conectores, eto). ‘A grande maioria das regras de pormenorizayao aparece na forma de limitagdes de medidas, no entanto 0 comportamento dos elementos depende essencialmente de racios destas Dimensdes minimas que seriam apropriadas para um elemento muito grande podem exceder as dadas pelo EC4. Do mesmo modo, maximas fornecidas pelo regulamento poderdo ser demasiado grandes em elementos de reduzida dimensao, As regras de pormenorizago e as disposig6es construtivas estipuladas pelo EC4 apresentam- -se em seguida 376 ~~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Tema de Aplicacao Regra Esquema Representativo ‘A superficie de um conector que resiste & ‘Separapao (por exemplo: face inferior da Resisténeiaa | cabega de um perno) devera situar-se, pelo ‘separagao | menos 30mm acima da armadura inferior de uma lae. (EC48.6.5.1(1)) Caso seja requerido recobrimento dos cconectores ele deverd ser maior ou igual 20 maior dos seguintes valores: 20mm ou valor da tabela 4.4 do EC2 menes Smm, (EC4 6.6.5.2(2)) Caso nao seja requerido recobrimento dos ‘conectores a superficie superior destes deverd estar, no maximo, a mesma cota da Betonagem e face superior dala. Recobrimento (€C4 6.6.5.2(3)) Nota: A pormenorizagso dos conectores deve ser tal que 0 belo que 0s envolve esteja adequadamente compactado junto a base destes. (C4 6.6.52(1)) Nota: A betonagem deve ser realizada de modo a que o belo curado nao soja daniticado pelas deformagdes excessivas que ocorrem devido 4 limitada acco mista do elemento. A regra de execugao que pretende evitar esta situaran estipula (ponto 6.6.5.2(4)) que nao devem ser impostas deformacdes aos olomentos antes de eles alingirem resistencias de cilindro de, pelo ‘menos, 20 MPa. "Tabela 3.3 ~ Disposigdes consirulvas © pormenorizagao relalivas a resisléncla & Separagao e betonagem © recobrimento. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 3aq7 CONEXAO DE CORTE Tema de Aplicagao Regra Esquema Representativo Armadura de reforgo local na laje de eto Caso haa esforgo de corte longitudinal junto a um bordo livre da laje a armadura transversal deve ser ‘convenientemente fixa ao betio existente entre 0 ‘bordo livre da laje€ a fila de conectores mais préxima. (€046.6.5.3(1)) Armadura transversal deve ser reforgada com barras em forma de U ccolocadias em torno dos ‘conectores segundo planos verlicais ou horizontals. Estas devem: ter diametros maiores que 0,8d (d € 0 didmetro do fuste do pero) e ser colocadas 0 mais baixo possivel (sem Para evitar fendilnagao do betao junto ao conectores, causada pelo esforco de corte longitudinal, devemnse seguir as seguintes ‘comprometer um recomendagdes, sea | cecobrimento inferior distancia entre o ‘adequado), bordo da laje e a linha media da fla de ‘conectores for menor que 300mm: (E04 6.6.5.3(2)) Com 0 uso de pemos de ‘cabera a distancia do bord livre da laje & fila de pernos mais proxima rao deve ser menor que ‘6d (d 8 odiémetro do fuste do pero), Nota: No extremo de uma consola deve ser utlizada armadura transversal suficiente para transferir as forgas dos conectores da consola para a armadura longitudinal. (EC4 6.6.5.3(3)) Tabela 3.4 Disposigbes consiruivas @ parmenarizagao relalivas a armadura de refaigo local em lajes Ge bald. ae INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ‘Tema de Aplicacao Regra Esquema Representative Nervuras te betio ‘sem chapa perfilada e dimensao do banzo metalico adjacente ‘As faces laterals das nervuras devem situar-se no ‘exterior das linhas desenhadas a 45° e que intersectam a face externa do conector exterior na sva base. (604 6.6.5.4(1)) A distancia entre a face externa da base do cconector exterior e a face da nervura nao deverd ser menor que 50mm, (E04 6.6.5.4(2)) Aarmadura transversat deve percorrer a ervura e a face do conector que cesiste & ‘separarao devera situar-se, no minimo, 40mm acima desta, (€c4 6.6.5.4(3)) ‘A distancia entre a face exterior do conecior ‘exteino @ 0 bordo livre do banzo metalico deve ‘respeltar a seguinte condicao, eo220mmn. (Ec4 6.6.5.6(2)) ‘Tabela 5.5 - Disposicées consirulivas 6 pormenorizacao relalivas as nervuras de beldo © banzos metalicos adjacentes ‘em lajes Sem chapa perflada, INSTITUTO SUPERIOR TEONICO 378 CONEXAO DE CORTE A distancia entre o bordo livre de um banzo metalico comprimido até a linha mais présima de conectores no deve ser maior que: (€c46.6.5.52)) Apteagts Regra Esquema Representative (vista em planta) z ; 224, 4 . Caso 0 banzo quando a laje esta 7 comprimido do perfil {totalmente em metalico esteja | Contacto com o perf . ciassiicado como | (lal macigas) 7 sendo de classe 1 0u 2 \ver capitulo 6) f, €2 tensdo de cedéncia go perf e a ovide 8 restigao lespessura go banzo superior fornecida pelos (vista em planta) conectores, 0 espagamento entre x ‘eixos dos conectores 15t nao deve ser maior f te — ect quando a laje nao 2B Seemann esta totalmente em y contacto como peril (lajes nervuradas com nenwuras transversais 20 eri) f, 62 testo de cedéncia do perfile ta ‘espessura do banzo superior Espagamento dos Conectores we ot Em eiicios,o espagamento entre ixos dos conectores de corte ndo deve exceder o menor dos dois valore= seguintes: 6 vezes a ‘espessura total da laje © 800mm. (604 66.5.5(3) © espagamento minimo entre conectores deverd ser de Sd na direcrao do esforca de carte © 2,5d na direccdo perpendicular a este. (Ec4 6.6.5.7(4)) Tabela 3.6 - Disposigies construlivas e pormrenorizagao relallvas a0 espagamento dos conedlores: 380 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ‘Tema de Aplicacao Regra Esquema Representative Pernos de Cabeca ‘em Iajes sem chapa Perfilada A altura total de um pemo de cabeca devera rae Nan hoe Sa d | 234 Bre (EC4 6.6.5.7(1)) 215d ‘A cabega de um perno deverd ter um diémetro. a _ coi rma’ statar at on ‘gual a 0,4d (d é o diameto do fuste}, (EC4 6.6.5.7(2)) diimetro de um perno de cabeea nao deve ‘exceder 2,5 vezes a espessura do banzo metalico 20 qual esta soldado, a no ser que este esteja exactamente sobre a alma (E04 6.6.5.7(3) Nota: Quando for assumido que @ estabildat de um dos elementos (ago ou betas) & assegurada pela ligagao entre os dois, 0 espagamento entre os conectores deve ser 0 sufciente para que esta hipstese seja valida, (€C4 6.6.5.5(1)) "Tabola 8:7 Disposigoes construtivas © pomenorizagae relalivas aos pernOs Ge cabega em lajes Sem chapa pertiada INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 387 CONEXAO DE CORTE Tema de Aplicagao eae Esquema Representative Aaltura do conectot deve estender- se acima da face superior da chapa perfilada num comprimento maior ou igual a2d (d € 0 diametro do tuste do erno). (ec4 6. (1)) A largura das nervuras de chapa a ‘encher com betao deve ser maior ou igual 2 50mm. (E04 6.6.5.8(2)) Pomos de Gabesa, ‘em lajes com chapa perfilada Caso 0s pernos de cabera nao possam ser colocados no centro de uma nervura eles devem sé-lo alternadamente nos dois lados desta, ‘a0 longo do vao. (€Ca665.8(3)) ~ Disposig6es coneirulivas @ pormienorizagao relalivas aos pernos de cabeca em lajes com Chapa perilada 382 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Analise de Secgées Transversais de Vigas mistas 4.1 Generalidades.... a 42. Tipos de secgées transversais de Vigas Mistas 43 Vigas mistas com laje maciga........ sesgnennstnasenseeeseee se 43 Vigas mistas com laje nervurada ses 4.4 Vigas mistas com alma envoivida em betéo 4.3. Larguras Efectivas das Secg6es.. EXEMPLO 4.1 csscccseennneee 44° Classiticagéo das Secgées..... EXEMPLO 4.2. 4.5. Métodos de Anéllse de Secgées... 4.6 Esforgos Resistente com conexéo de corte total — Anélise Plastica oo 4.51 Flexéo .. EXEMPLO 4.3. EXEMPLO 4.4... EXEMPLO 4.5. EXEMPLO 4.6... Corte EXEMPLO 4.7. Flexo associada a esforgo transverso. EXEMPLO 4.8 os 4,7. Esforgos Resistente com conexéo de corte total — Andlise Elastica sevens 4.400 Flexéo EXEMPLO 4.9... Corte EXEMPLO 4.10.. Flexéo associada a esforco transverso. 4.8 Influéncia da cenexéo parcial sobre os esforgos resistentes. EXEMPLO 4.11... INSTITUTO SUPERIOR TECNICO at _ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. 4.1 Generalidades capitulo que se apresenta trata da andlise e verificagao de seguranga de secgées de vigas mistas. Como jd se referiu, as vigas mistas so constituidas por dois elementos principais: laje de eto armado ou mista (betéo armado e chapa periilada) e perfil metalico, Estes dois elementos esto devidamente ligados pelos meios de conexio. O perfil metdiico pode ser usado: sem betdo envolvente, parcialmente betonado ou totalmente betonado. As regras ditadas pelo EC4 quanto a andlise de secgdes transversais so, em geral, aplicaveis a vigas de edificios e de pontes, no entanto para perfis parcialmente betonados estas apenas dizem respeito a vigas em edificios As verificages de seguranga estipuladas pelo EC4 para vigas mistas realizam-se, ao nivel das secgdes, para os estados limite Ultimos e de servigo. Para os primeiros ter-se-a que verificar a flexo, 0 esforco transverso ¢ o corte longitudinal. Os estados limite de servigo dizem respeito & fendilhagao do betao e controle das deformagoes, A analise de secgdes mistas traz dificuldades acrescidas relativamente as de betao armado ou as metélicas devido a existéncia de dois materiais a trabalharem solidar mente na seccao. Este facto obriga a que, por vezes. se tenha que homogeneizar toda a secgdo num sé material A existéncia de elementos em aco impde que as secgdes tenham que ser estudadas quanto & encurvadura local. facto de existir um meio de conexao, que pode ter diferentes caracteristicas, influencia muito a resisténcia das secgdes e impde regras a usar no dimensionamento e verificagdo de seguranga destas. Como foi referido no capitulo 3 a analise de secgdes de vigas mistas pode assentar em igdes elasticas ou plasticas de tensdes e o facto de estas serem constituidas, em parte, por lajes mistas obriga a que se usem larguras efectivas. a2 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. Figura 4.1 - Sexgao de viga mista 4.2 Tipos de secgées transversais de Vigas Mistas As formas que as vigas mistas podem adquirir podem ser to variadas quanto a imaginag3o dos projectistas 0 permita. Podem incluir elementos metilicos laminados a quente com formas comerciais pré-definidas ou constituidos por chapas metalicas soldadas entre si (que podem adquirir formas variadas). A laje que as constitui pode ser macica (em beto armado) ou mista (constituida por chapa perfilada e betdio armado). A forma da laje pode também variar: com ou sem ervuras uniformes ao longo dos vaos ou até nervuradas nos apoios para obtencdo de maior altura uti Vigas mistas com laje macica Neste tipo de vigas mistas a mais utilizada é constituida por um perfil metalico (laminado a quente ou de chapas metélicas soldadas) ligado por conectores de corte a laje maciga de betdo. Este tipo de seogdes pode ser constituida por perfis imétricos ou mono-simétricos. Estes Utimos so utilizados nos casos em que existe necessidade de aumentar o banzo inferior para garantit que este resiste 4s compress6es que Ihe sao impostas pelos momentos negatives. Outra solugao € a de soldar ao banzo inferior uma chapa metalica de modo a que este resista melhor s tenses de compressac e aos fendmenos de encurvadura local. Além da necessidade de aumentar o banzo inferior acresce que 0 superior nao necessita de possuir uma Area significativa ja que esta ligado a uma laje de betéo (com uma area bastante maior) que “absorve” a quase totalidade dos esforcos de compressdio. Surgem assim secgées sem banzo metalico superior, nas quais a parte superior da alma do perf metalico esta embutida no banzo de betao e ligada directamente a este por conectores. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 43 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Figura #2 Represortagho eeauematca de Secpbas VanBversais Ge igh Stas COM Ta}SS MACHES. Outros tipos de vigas mistas compostas por lajes macicas de betéo armado merecern releréncia, Um caso consiste em vigas nas quais, por necessidade de altura util para aumentar a resisténcia da secso, se adoptam nervuras na ligagdo dos elementos metilico com a laje de betdo. Outros casos com interesse so as vigas mistas com perfis metalicos tubulares, em forma de caixéo ou com duas vigas ligadas por elementos metalicos. Este tipo de secgdes tem maior utiidade devido a grande inércia de torgao dos elementos metalicos constituintes. Figura 43 Representagao de seagbes Waneversals de vigas mistas com laje maciga de bela. ligas mistas com laje nervurada Este tipo de vigas esta associada a lajes mistas, constituidas por chapa perfilada e betdo armado. \sto deve-se ao facto de ndo ser possivel realizar, de modo simples e econémico, este tipo de formas sem com isso recorrer as préprias formas estruturais das chapas perfiladas (cofragens com esta forma nao sao solugdes viéveis). As formas estruturais mudam pouco das viges com laje maciga para as de laje nervurada. Para a8 que sdo consfituidas por perfis metélicos n&o betonados existem as mesmas preocupagdes quanto as reas dos banzos inferiores. As secodes deste tipo de vigas mistas muda apenas na forma de laje e na existéncia de chapa perfilada a constituir na mesma. As nervuras da laje podem ser paralelas, transversais ou obliquas ao eixo da viga mista infiuenciado assim 0 seu comportamento. 44 ~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura a4 Exquama represerialvo de vigas com [aj nervaradas ode Guas possivels oentayies das nena Vigas mistas com alma envolvida em betéo Este tipo de vigas mistas é aquele em que os elementos de ago estrutural estdo parcial ou de fenémenos de encurvadura local ou quando é necessario aumentar a resistencia da seccdo totalmente betonados. Tem interesse nos casos em que é mais provavel a ocorrén: sem mudar a sua altura ou a da laje que a constitui. As formas podem ser variadas dependendo de condicionantes estruturais ou até mesmo arquitecténicas. Apresenta-se trés exemplos tipicos, mas deixa-se a nota de que bastantes mais formas poderdo existir, desde que cumpram os requisitos que thes so impostos. Figura 45 - Deserho representavo de secpbes Vaneversais de vigas misias com Gorbento metalico batonado INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS 4.3 Larguras Efectivas das Seccées © conceito que se apresenta aparece associado a sistemas de pavimentos compostos por vigas mistas paralelas entre as quais se desenvolvem as lajes (mistas ou de beto armado). Como em qualquer outro sistema estdtico, as cargas aplicadas a estes sistemas so equilibradas com distribuigdes de tens6es interiores (nas lajes e nos perfis metélicos) Figura 4.6 - Desenho represenlativo e folografias de sistemas Consiiluidas por laje © partis metalicas paralelos. A ideia de dividir um sistema deste tipo em varias secgdes em T, constituidas por um perfil metalico © uma determinada largura de laje, poderd parecer valida. No entanto pode acontecer que a laje de betdo ndo "consiga’ resistir eficazmente as forgas de compressao que Ihe sao impostas a0 longo de toda a largura. As averiquacdes sobre qual a largura que garante a resisténcia eficaz da laje de betéo deram origem ao conceito de largura efectiva Para avaliar a largura efectiva pode-se estudar os efeitos da compresséo num elemento de laje. A compressao na laje é, em geral, obtida através da decomposicaio do momento flector num bindrio de forgas (uma de tracgdo e outra de compressao). 46 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS M Figura 4.7 - Decomposigao de um momento aplicado @ viga mista em forgas de compressao e traceaa. Para forcas de compressao uniformemente distribuidas ao longo da largura da laje obtém- -se_deformagées longitudinais de igual valor ao longo dos pontos de cada seccao transversal. No caso de uma carga concentrada a meio da sec¢ao (por exemplo aplicada por um conector), as deformagées longitudinais variam ao longo da largura da seccéo e diminuem do centro para as extremidades desta. As deformagées ao longo das secgées de uma viga mista, para as cargas de compressao referidas, estéo representadas na figura seguinte. P Compressao uniforme p i Figura 48 - Representagio esquomatica das delornaqses longiusinals om secqbes WanWversaks de lejos quando actuates por diferentes cargas de compreseéo. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 47 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS ‘A presenga de forcas concentradas a actuar longitudinalmente na laje gera deformagoes devidas ao corte longitudinal no seu préprio plano. As secgées transversais do elemente deixam de ser planas, ao contrario do que acontece em flexdo pura. Assim, somando as deformagées devidas a flexdo do elemento com as da actuacdo do corte longitudinal obtém-se deformagées que variam ao longo de cada secgao transversal. Este efeito ¢ denominado de “shear lag’ ¢ é a sua existéncia a principal motivadora do uso das larguras efectivas A distribuiggo de tensdes ao longo do sistema composto por perfis € laje de betdo tera aproximadamente a forma que se apresenta na figura seguinte. As tensdes concentram-se preferencialmente nas zonas dos perfis metilicos, onde sao aplicadas as forcas de corte pelos conectores. Figura 4.9 Representagao eaquemalica da dtibuigao de Tensbes longiludinals ao longo de um sistema constituldo por lajes e perfis metdlicos. As larguras efectivas podem ser encontradas através da distribuigdo de tensées mostrada acima. Considerando apenas um perfil metélico convenientemente ligado a uma laje de betéo armado observa-se a distribuigao de tensdes longitudinais na secgao. Esta é uniforme ao longo da laje excepto nas zonas préximas dos perfis metélicos, em que sofre um aumento A largura efectiva obtém-se igualando a area do diagrama de tensées longitudinais a de um diagrama rectangular. Este possui uma altura igual 4 maxima tensdo verificada no diagrama real e uma largura igual a largura efectiva da seccdo. f oly )x dy = By x Opus em que todas grandezas estio na figura abaixo a8 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Assim, no esquema abaixo a largura efectiva bem obtém-se igualando a area da figura ABCD a da figura EFGH (b € a largura na qual a distribuigao de tensdes nao ¢ uniforme. Figura 4.10 - Representagao esquemalica do diagrama de lensbes real simplifcado usados no calculo da largura efectiva, Pelo que foi jé referido é facil encontrar os factores dos quais as larguras efectivas dependem: geometria da secodo: dimensdes dos perfis e da laje; racio do espagamento entre perfis com o vao que estes vencem; tipologia da estrutura: viga com apenas um perfil metalico ligado a uma laje ou sistema ‘com varios perf tipos de carregamento aplicado; condigSes de apoio: armadura longitudinal colocada na laje de betao. Nota: Convém fazer a distingao entre dois termos que podem ser confundidos: a largura efectiva ¢ a largura de influéncia de uma viga. A largura efectiva foi ja explicada anteriormente @ baseia-se na capacidade das secgbes de absorver os esforgos. A largura de influéncia depende essencialmente de caracteristicas geoméltricas e das cargas aplicadas. Esta pode ser encontrada através das distribuigdes olasticas de esforcos. Para sistemas de vigas mistas paralelas as larguras de influéncia consistem na soma de metade das distancias entre elas. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 48 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS li La Figura 4:11 - Esquema representative da iargura de infuéncla de uma viga mista © EC4 obriga que sejam tidos em conta os efeitos do “shear lag”. © ponto §.4.1.2(1) do mesmo estipula que esta consideracao seja feita através de andlises rigoosas deste fendmeno ou pela utilizagdo de larguras efectivas. As clausulas 5.4.1.2(5) ¢ 5.4.1.2(6) definem expresses para as larguras efectivas de vigas mistas. Assim: — Para secgdes a meio vao e apoios interiores: Buy = Oy + Y dy (5.3) ECA — Para secgdes em apoios de extremidade’ day =O +B, be (6.4) EC4 em que: bby ¢ a distancia entre os centros das fias de conectores exteriores, que em esttuturas de edificios pode ser tomada como nul b,, =L,,/8 0 valor da largura efectiva do banzo para cada lado da alma do perfil (ponto 8.4.1.2(3). Nota: este valor 6 suficientemente exacto para ser utllizado em estruturas de edifcios © nao poderd ser maior que a largura real disponivel de banzo de betéo. B, = (0,55 +0,025L, /b,,)<1,0 (5.5) EC4 LL, a distancia entre pontos de momento nulo. Os valores recomendados pelo EC4 para este parémetro est8o representades na figura abaixo. 470 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 25 (La La) Lerats Lala Figura 4:12 - Esquéma represeniativo das distancias onire pontos de momenta nulo e variagao de larguras efectivas adoptadas pelo ECA. (adaplade de [1]) Notas: ‘A disttauigao de largura efectivas 20 longo dos vos estéo representadas na figura acima segundo 0 ponto 5.41.27) do EC4, © ponto 5 4.1.28) do mesmo reguiamento alerta para o facto da distancia Le poder ser alterada pela rigidez dos nos dos elementos. ‘Apesar do regulamento considerar bilinear a variagdo de largufas efectivas, na realidade ela nao 0 &. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO ait ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS _ EXEMPLO 4.4 Considere-se a seguinte viga mista constituida por um perfil metélico ligado pelo banzo superior a uma laje de betdo de espessura constante, como se representa na figura seguinte. 1.50 018050 a » € o é L (im Figura E4171 — Ropresentagao eaqueratica de viga mista oc) 1200 a x > Pretende-se encontrar as larguras efectivas em cada trogo de viga e para 0 apoio de extremidade A, A largura efectiva no apoio A encontra-se através das expressdes 5.4 e 5.5 do EC4. Para as ulilizar convém comegar por encontrar a distancia L,, através da figura 5.1 do EC4: ,85.L, = 0,85%10 =8,5 m Encontrada a distancia L., encontram-se as larguras efectivas de cada um dos tados do perfil metalico, bg; (segundo a expressao fornecida no ponto 5.4.1.2(5) do EC4): 1,06 11 > 0,5 mB, ipug = 0,5 tice =e Como era de imaginar nao se obtiveram as mesmas larguras, by, para os dois lades. Isto deve- -se ao facto da secgao nao ser simétrica. A largura efectiva a direita, Berens. tem 0 valor de 0,5m. por nao poder ser maior que a largura fisica do banzo Recorrendo as express0es referidas caloula-se a largura efectiva no apoio A: Brsquerda = (0,55 + 0,025%8,5/1,06)= 0,75 < 1,0 a2 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS, Boroita = (055 + 0,025x8,5/0,5) = 0,975 < 10 Bay = by + OB, bes = by + Besperts Peesurts * Barcta Pecvota = = 0,15 +0,75%1,06 + 0,975%0,5 = 0,15 + 0,795 + 0,488 = 143m 1,43 0,795 0,15 0,488 Im] Figura E4.172 — Represeniagao esquemalica da largura efeciva no apoio Para 0 célculo de largura efectivas em secodes de vao ou de apoios interiores utiiza-se a expresso 5.3 do EC4, Para exemplificar realiza-se 0 calculo da largura efectiva no apoio BC e no vo CD. Em qualquer um deles ter-se-a que caloular as distancias L, ¢ as larguras be: (do mesmo modo que para o apoio A), Para © apoio BC: L, =0,25(L, + L,)= 0,25 x(10 +12) =5,5 m 0,688 m <1,5m b, esdvcita = 0,688 m > 0,5 m — b, clita =0,5m Bag = By + YBa = By + Presqurta + Peiea = 9015 + 0,688 + 0,5 = 1,34 mm INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 413 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS A largura efectiva no apoio BC é de 1,34m e esta representada na figura seguinte. Figura 4.1/3 ~ Represenlagao esquomatica da largura efeativa no apolo BO. Para o vao CD: L,=0,7L, =0,7%12 = 8,4 m B esguerda = =1,05m<1,5m tras HE = BE = 105 m>05 mB peng = 05 m by + Lu =P + eesmerta* Pesry = Ok 5+ 1,05 + 0,5 = 1,70 A largura efectiva no vao CD é de 1,70m e esta representada na figura seguinte. Figura E4.1/4 — Ropresentageo estuematica da largura efectiva no vao CD, a4 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As larguras efectivas e pardmetros necessérios ao seu calculo para todos os apoios e vaos da viga mista tratada neste exemplo estéo representadas na tabela que se segue. Um esquema da variagao da largura efectiva ao longo da viga apresenta-se também. Apo A Vio AB Apolo BC Vao 6b ‘Apois DE ofl 0.18 Tel 65 a5 55, a 5 Devesqueras mn] 7.06 7.06 0.6885 1.05. O62 Besirota 05 fe — as = is 0975 Ce 148 a7 ia id 7a ‘Tabela EGA ~ Valores das larguras efeclivas, dislancias entre pontos de momento nulo e parametios B L[m] do valor das larguras efectivas na viga Uma chamada de atencao terd que ser feita para o caso das vigas mistas de edificios. A existéncia de variagdes ineares das larguras efectivas ao longo das vigas traz complicagdes no cAlculo dos esforgos para as varias secgdes dos elementos. Assim, a clausula 6.1.2(2) do EC4 simplifica esta questao estipulando que a largura efectiva ao longo da zona de momentos positivos pode ser considerada constante e de valor igual calculada para meio vao (bey,1). Do mesmo modo, a zona de momentos negativos tera valores iSTITUTO SUPERIOR TECNICO ~ a8 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS de largura efectiva constantes e iguais ao valor calculado nas sec¢ées dos apoios interiores (beri). A figura seguinte elucida esta cléusula do EC4. Figura 4.13 - Simpliicagao da variagae de larguras ofeclivas para vigas em edificios. Quando se usa andlise elastica global de vigas a largura efectiva pode ser considerada constante ao longo de cada vao. A clausula 5.4.1.2(4) do EC4 estipula que para vigas simplesmente apoiadas ou continuas se devera considerar o valor calculado para meio vao, bers, enquanto que para consolas se deve usar 0 valor calculado no apoio da mesma, beriz 416 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS_ 4.4 Classificagao das Secgées A classificacao de seccées esta estipulada no EC4 para preveni e garantir a seguranca dos elementos metélicos 8 encurvadura local. Este tipo de encurvadura acontece quando uma ou mais placas, que constituem © perfil metalico, instabilizam e flectem para fora do seu proprio plano. De notar que quando este fenémeno acontece as intersecgSes entre placas mantém os Angulos iniciais. ‘A encwrvadura local ocorre devido a aplicacao de forgas de compressao ou de corte em placas de ago de elevada esbelteza A classificagéo segundo os Eurocédigos pretende controlar a encurvadura local de placas sujeitas a compressao. Para modos de encurvadura provenientes da aplicacao de forcas de corte, caso que acontece essencialmente nas almas dos perfis metdlicos, a regulamentagdo ndo prevé qualquer tipo de classificagao mas sim uma metodologia para verificago da seguranga (que sera referida mais a frente neste manual), ‘A encurvadura local de placas de aco finas pode ser ilustrada considerando uma placa rectangular sujeita a uma tensdio de compressao simples, o, segundo uma das direcges do seu plano, como se ilustra na figura seguinte. Figura 4.14 - Esquema representative de placa Sujeita a compressdo segundo uma das direcgbes do seu piano, Quando a tensdo atinge o valor da tensdo critica da chapa, Oe, esta encontra mais facilmente uma posig4o de equilibrio encurvando para fora do seu plano. O valor desta tensao critica pode ser encontrado através da expresso que se mostra em seguida e que depende, como seria de esperar, das dimens6es da placa, das caracteristicas do ago que a constitui e da distribuigao de tensdes aplicadas. Esta expresso pode ser determinada recorrendo a métodos exactos ou INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 47 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS aproximados, sendo que nos segundos so assumida, a partida, as formas das deformadas referentes aos diversos modos de instabilidade. © modo mais usual para determinar a expressao da tensao critica serd de definir a estacionaridade da energia potencial. em ave: Es ¢ 0 médulo de elastcidade do ago Vs 6 0 costicente de Poisson do aco: t é2 espescura da placa em quest ' tb é a largura da placa (medida na direcsBo perpendicular & tensao aplicada, como mostra a figura) Ko 6 0 coeficiente de encurvadura local, que depende das dimensées e condigdes de apoio da placa. O valor minimo para o coeficiente de encurvadura de placas com todos os bordos simplesmente apoiados e sujeitas a tensGes uniformes (como a que esta representada em cima) ko=4. Este tipo de distribuigao e condigdes de fronteira estao presentes, por exemplo, em banzos de secgées em caixao. Para banzos de secgdes em | um dos bordos passa a ser livre, para estes o valor minimo sera de k,=0,425 (considerando chapas muito longas, L>>b). Para almas de elementos metélicos mudam nao s6 as condigdes de fronteira mas também a distribuigao de tenses aplicadas. Nestes casos a distribuigdo é linear nao uniforme (como se pode ver na figura abaixo) e um valor minimo para o coeficiente de encurvadura local, ks, 6 pode ser encontrado sabendo os valores da distribuigao de tensoes. _ 4 « + dw 92 S27) J eeeesecaroee eee eeee even nee ee ee Figura 4.15 - Esquema representalivo de placa sujal @ compressao nao uniiomie Segundo uma das direcgoes do seu plano. an INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As almas de secg6es metalicas tém vulgarmente a funcao de resistir ao corte. A tensao critica @ encurvadura de uma placa sujeita ao corte, Te, calcula-se de modo semelhante a o.,. Para tensSes de corte aplicadas com valor igual ou maior a Te, a placa encurvaré por esforgo de corte. em que: todas as grandezas intervenientes 20 iguais & expresso anterior 8 excepgdo de Ky que substitui Ke, tem-se agora um cooficiente de encurvadura por corte, O valor do coeficiente de encurvadura k, para placas longas (L°>b) é de 5,35. A representaco de uma placa sujeita a tensdes de corte ao longo dos seus bordos mostra-se em seguida Figura 4.16 - E&quema represenialiva Ge placa sujelia a tensbes de Corie no Su proprio plano. Como ja foi referido é importante considerar os efeitos da encurvadura local no dimensionamento de vigas mistas. Esta consideragao é feita pelos Eurocédigos (tanto 0 3 como 0 4) através da diviséo das seccdes por classes. Esta distingdo é feita com base na susceptibilidade dos elementos da secgdo a ocorréncia de encurvadura local (ou seja, grosso modo, através do o., a que resistem). As secgées sd0 classificadas em 4 classes distintas, cujas diferencas consistem nas distri igdes de tensdes e capacidade de rotacao verificadas na seogdo antes da ocorréncia de encurvadura local. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 419 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS A classe 1 de secgdes corresponde ao termo “secgées plastics". Secgdes desta classe possuem capacidade resistente suficiente para atingir a tensdo de cedéncia ao longo da secoao, Possuem também capacidade de rotagdo suficiente para a formagao de rétulas plasticas. Assim, ao nivel da seco podem ser usadas distribuigdes de tensées plasticas € na andlise global pode-se proceder a anilises elasto-plasticas ou rigido-plasticas (mais simples que as anteriores). = ee fy Figura 4.17 - Esquema representativo dos diagramas momentos - curvaturas, diagramas tensSes — deformagoes & da distribuigao das lenses que geram momento resistente numa secgao de classe 1 — Aclasse 2 de secgdes corresponde ao termo "secgdes compactas”. As secgdes pertencentes a esta classe conseguem desenvolver capacidade resistente suficiente para que a secgao atinja 0 momento plastic, mas ndo possuem capacidade de rotacao suficiente para que se formem rétulas plasticas. Entao, a resisténcia da seccdo a flexao é a do momento plastico no entanto a analise global tem de ser elastica. M o A | Mol Met ty | > — x ey fy & y Figura 4.16 - Esquema representative dos diagramas momentos — curvaturas, diagrames tenses — deformagaes e da distribuigo das tensdes que geram momento resistente numa sac¢ao de classe 2. 420 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. A classe 3 de secodes corresponde ao termo “seccgées semi -compactas". Este tipo de secgées abrange as que conseguem atingir a tensdio de cedéncia nas fibras extremas sem encurvar localmente mas que ndo possuem a capacidade de desenvolver momentos resistentes plasticos (tensdo de cedéncia em todas as fibras da secgao). Assim, as relagdes constitutivas deste tipo de secgdes sao lineares e as tensées desenvolvidas na secgo S40 elasticas com valor maximo fy. Procede-se a andlise elastica tanto para as secgées como globalmente. ——_§_—>. ty € Figura 4.19 - Esquema represeniativo dos diagramas momentos — curvaturas, diagramas tensdes — deformagbes & da distribuigdo das tensdes que geram momento resistente numa seogdo de classe 3. A classe 4 de secgdes corresponde ao termo “secgées esbeltas”. As secgdes com esta classificagao encurvam localmente antes mesmo de atingirem a tensio de cedéncia na fibra mais condicionante, f,. Com elementos em que as secgdes esto classificadas de classe 4 a analise global é eldstica. A andlise de secgdes teré que ser realizada considerando 0s efeitos da encurvadura local. Estas consideragées, como se vera mais adiante no capitulo referente as lajes mistas, consistem no calculo de areas efectivas. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 421 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS M A o Mel ae fy ae ——» > | 3 eu € Smax05: eft s oe 2 1 Ysne {$330 ae para as0,5: cfts = a 4566 raa>05: ofts eh Si 2 als. paraas0S: e152? * @ Distibuigao de tensoes no elemento e (compressio positiva) * * J Re jaray > 1: oft se 3 S124 ae pany i 0,67 + 0,33y- paray $-1: ct <@26(0-y) Yow) © 235 25 355 420 460 «= [235 Vs : 100 | 088 oat 07s [on ‘Tabola 43 Tabela usada para classiicar banzos Inlernos © almas (adaptads Ga pagina 1 da tabela 52 de [sp INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 47 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Nota: Os banzos internos também podem ser colocados na classe 1 quando convenientemente ligados @ banzos de beldo. Aconselha-se a ler a nota relativa & classificagao de banzos salientes em secdes nao botonadas. - Classificagao de banzos salientes em secgées betonadas: é realizada com recurso a tabela 5.2 do ECA, Nesta as classes esto colocadas nas linhas e as condigdes dependem apenas dos racios das dimensées dos banzos e dos tipos de aco que os constituem. Apenas se considera a classificagao destes elementos quando esto sujeitos a compressao pura. O uso desta tabela implica a verificagaio da condigao: ass %<10 b em que: 1b b estdo representadas nas figuras da tabela abaixo Seogao Laminada 2 Quente Seoyao Soldada Case Tipo de Seagao Tie 1 oS 96 a 2 Laminada a Queme ¢ Soldada of sise of <20 3 Y $e TTabela 44 Tabela usada pare Gassifear banzos exterios secgbos misias Dolonadas (adapiado da tabela 52 Ge [i]. Nota: Os banzos salientes em secodes betonadas também podem ser colocados na classe 1 quando convenientemente ligados bana0s de betdo. Aconselha-se a ler @ nota relativa a classificagéio de banzos salientes em secpbes n3o betonadas. 428 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS - Classificagao de almas em sec¢ées betonadas: esta nao se faz do mesmo modo que para 08 outros elementos comprimidos j4 mencionados. Para garantir que nao se da encurvadura local na alma ou em zonas vizinhas dos banzos comprimidos o ponto 5.5.3(2) do EC4 estipula um conjunto de regras: + 0 betéo que envolve a alma deve ser reforcado convenientemente com vardes longitudinais e estribos e/ou matha soldada * acondigao 0,8 10mm soldados & alma Figura 422 Esquema representative dat pormeno‘leagaes conWdaradas polo ECA para wgas mistas com ‘ima botonada (edaptado de [1] * 0 espagamento dos pernos ou dos estribos em cada um dos lados da alma nao pode ser maior que 400mm; * a distancia entre a face interior dos banzos e a fila mais proxima de elementos fixados (conectores ou vardes) & alma nao pode ser maior que 200mm; * para seogdes com uma profundidade maxima maior ou igual a 400mm e duas ou mais filas de elementos fixados a alma pode ser usadas disposigdes alternadas de cada um ou de ambos estes elementos (pernos e varées). No caso de uma alma da classe 3 ser patcialmente betonada de acordo com as regras anteriores pode ser considerada da classe 2 sem ser necessdria qualquer redugao da alma (cléusula 5.5.3(3) do EC4) A classificagao de secgdes ¢ realizada através das tabelas e regras representadas acima, no entanto existem algumas regras mencionadas pelo EC4 com o objectivo de melhorar ¢ facilitar esta classificacao. ~INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 428 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS, A primeira diz respeito 2 distribuigao de tensdes a usar quando se usa a tabela 5.2 do EC3. Dado que, @ partida, nao se sabe qual a distribuicao de tensdes que cada seccao suporta o ponto 5.5.1(4) do EC4 estipula que deve ser usada a distribuigao plastica de tensdes para a determinagao da classe de cada secgio. Este ponto abre excep¢ao aos casos em que a classe da seccdo esta na fronteira entre a 3 e a 4, em que deve ser usada a distribuigéio de tensdes elastica tendo em conta as fases do processo construtive € os efeitos da retracgo fluéncia no betdo. A existéncia desta clausula deve-se ao facto da classe de uma seccao depender da posigdo da linha neutra da seccao e de esta depender da distribuicao de tensées utilizada, De facto, na fronteira entre as classes 2 @ 3 ndo é dbvia a distribuigao de tensbes a usar (classe 2 implica distribuigao plastica e 3 etAstica) 0 que obriga ao cumprimento desta regra Para secgdes da classe 1 ou 2, nas quais podem ocotrer maiores extensdes, 0s varées de armadura ordinaria a funcionar a tracgao deverdo possuir clevada ductilidade. A cléusula 5.5.1(5) estipula que estas armaduras deverao pertencer as classes B ou C (ver tabela 2.3 deste manual) ‘A mesma cléusula estipula ainda que para secgdes em que o momento resistente desenvolvido seja © pidstico (e calculado de acordo com as normas do EC4) deve ser colocada uma area minima, As, a0 longo da largura efectiva de betdo, Esta area de armadura calcula-se através das seguintes express6es: (8.7) C4 (5.8) C4 em que: Ac a area efectiva de betao; fy 2 tensto de cedencia caracteristica do ago estruural fax 2 tensto caracerstica do ago de reforgo; fom @ tensdo média resistente do betao a tracgao; 3 um coeficiente igual a 1,0 para secglo de classe 1 @ 1.1 para secobes da classe 2; k, = I/[l +h, (22,)]+ 0,3 1,0 6 0 coeficiente que entra em linha de conta com a distribuigao de tensdes ne. secgdo imediatamente antes de se dar a fendihagao (a expressdo apresontada corrosponde & 7.2 do EC4) h, a espessura do banzo de betao; 2p a distancia verical entre os vontros de massa d8s secqdes nao fendihadas do banzo de betdo € da viga mista (este tilime calculado com recurso ao coeficiente de homogeneizagao para efelios a curto praz0, 1, = E/E.) 430 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Convém referir que as tabelas de perfis taminados a quente de grande parte dos fabricantes fornecem a classificagao dos perfis, em funcdo da classe de resisténcia do aco, para flexao pura e compressao pura. Ora, como em vigas mistas quase nunca se esta na presenca de flexéo pura ou compressao pura existem duas regras que convém ter em mente para que se possa classificar secgdes com recurso as tabelas dos fabricantes: * uma seccdo que seja da classe 4 a flexdo pura sera da classe 4 para qualquer combinagdo de esforcos; + uma seccdo que seja da classe 1 4 compressao pura sera dessa mesma classe para qualquer combinagao de esforcos; do mesmo modo, uma secgao que seja da classe 2 A compressio pura é uma sec¢do cuja analise se pode basear sempre em distribuicdes de tenses plasticas. Estas regras devem-se a0 facto da susceptibilidade a encurvadura local ser proporcional a area de placa comprimida, quanto mais area comprimida maior esta susceptibilidade. As classes de secgdes mais usadas em vigas mistas so as classes 1 € 2 pois os elementos metalicos so, em geral, de dimens6es reduzidas e @ necessidade que estes desenvolvam momentos resistentes elevados é grande. As seogdes de classe 4 sdo, em geral evitadas neste tipo de elementos, sendo mais comuns em chapas perfiladas de lajes mistas. Para as seogdes de classe 3 a distribuigao de tens6es 6 eldstica. As secgées da classe 3 cujos banzos sao de classes inferiores (alma da classe 3 e banzos da classe 1 ou 2)0 EC4, na cléusula 5.5.2(3), propde 0 uso de um método descrito pelo ponto 6.2.2.4 do EC3, Este método é designado pelo “buraco na alma’ e consiste na redugéo da area da alma. O método do *buraco na alma” é valido apenas para secgdes em que os perfis metélicos so bi-simétricos. A figura 6.3 do EC3 descreve grande parte do método. Estando a alma classificada como sendo da classe 3 define-se uma nova alma da classe 2 através da definigéo de 4 alturas diferentes. Duss, com a altura 20 € ty, sujeitas a compressao, outra entre as duas anteriores que se despreza e outra ainda sujeita a traccao. As alturas das areas traccionada e desprezada encontram-se através do somatério de forgas horizontais na seccao. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO aa ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Fk /y, area desprezada _ Figura 423 - Esquema representative do mélodo do "buraco na alma" (edaptade de [5]) No caso das linhas neutras da secgdo, tanto a inicial como a final, se situarem dentro da alma a regulamentacao antiga define a nova seccao da classe 2 em fungao da posigéo da linha neutra inicial (da secgao da classe 3) LN plastica inicial area desprezada_/ Figura 4.24 - Método do "buraco na alma’ usando coordenadas da LN inicial (edaptado de TS). Baz INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 4.2 Considere-se a seguinte seccdo transversal de uma viga mista submetida a momento flector positivo como se mostra na figura seguinte. A viga € constituida por uma laje de betdo C25/30 (fax=25MPa) devidamente ligada a uma secgdo em ago $420 (f,=420MPa, £=0,75) soldada. As dimens6es constam também na figura seguinte. A distribuigdo plastica de tensdes resistentes associadas a0 momento aplicado esta também representada (a determinagao desta distribuigao imp3e conhecimentos de resisténcia dos materiais e sera explicada mais adiante neste capitulo) 0,85 fek/y, 400,0 247,3 10,02—= Figura E4.2/1 ~ Represeniacao esquematica de Secgao de viga mista e disirbuigao de tensOes plastica, A classificagao da secgao passa pela Classificagio de cada um dos elementos metélicos constituintes. © banzo superier esta ligado a laje de betéo por conectores. Considerando que foram cumpridas todas as regras estipuladas no ponto 6.6.5.5 do EC4 entdo este banzo é classificado como sendo de classe 1 pois a sua encurvadura é impedida pelo banzo de betao. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 433 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. © banzo inferior esta submetido @ tracco, como se pode ver pela distribuiggio de tensdes. Assim, para a carga actuante, nao existe necessidade de o classificar por nao existir hipdtese de este encurvar. ‘alma do perfil metalico tem regides submetidas a compressao e outras a traceao. Assim, esta tera que ser classificada segundo a tabela 5.2 do EC3. Toma-se como hipotese, a partida, que a secgao ndo se encontra entre as classes 3 ou 4 e, portanto, a distribuigao de tenses plastica usada para a determinagao da classe da alma. Assim, 0 parametro a encontra-se através do quociente entre o comprimento de alma comprimida dividido pelo seu comprimento total (de notar que os 10mm que se subtraem constituem a espessura do banzo superior), a= TAN0 _ 9,407 400 Comega por se verificar se a alma é classificada como sendo de classe 1, caso nao verifique esta condigao passar-se-a para a condicao da classe 2. Dado que o valor de a é menor que 0,5 entdo a expresso a usar para averiguar se a alma é de classe 1 sera <2 & 40< 663 \Verifica-se assim que a alma da secao é também de classe 1 Pode-se concluir assim que a seccao é de classe 1 por ser esta a maior das classes de todos os seus elementos constituintes submetidos a compressdo. Imagine-se uma seccao de viga mista semelhante a anterior 4 qual se aplica o mesmo momento flector. Esta secoao possui dimensées diferentes da anterior mas é constituida pelos mesmos materiais. A secgdo © as distribuigdes de tensdes plasticas e elasticas resistentes associadas ao momento fiector aplicado estdo representadas na figura sequinte. 434 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. ber 260 0.85 tok, 6009 LN eléstica LN plastica a 1 150x32 Figura €4.212 ~ Represantagao esquemdlica de sacqio da viga rista e disinbulgbes de tensbes plas ‘a Secgo homogeneizada, ica e elastica para Mais uma vez se considera 0 banzo metalico superior (ligado a laje de betdo) cumprindo o estipulado na clausula 6.6.5.5 do ECA. Classifica-se, assim, este como sendo da classe 4 © banzo inferior, & semelhanga do que acontece na secgdo anterior, esté a tracgdo para o momento aplicado. Assim, nao é necessdrio classificd-lo pois este no sofrerd encurvadura local. alma serd classificada de modo semelhante a seceao anterior. Assim, o parametro a fica’ 462,7-10 ee 075 600 Dado que a é maior que 0,5, para que a alma seja classificada de classe 1 tera que se verificar 396e 600 , 396 0,75 00 - 396x075 69 < so! 7, STBa=l 10 13x0,75-1° O08 239 fatso INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 438 ECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS A alma no verifica a condigao, logo nao é da classe 1. Passa-se a verificagao para a classe 2: 456e _ 600 _ 456 x0,75 oe Ba 10 ~ 13x0,75 = 605391 falso! ‘A alma ndo verifica a condigao, logo no é da classe 2. Passa-se A verificagao para a classe 3 Esta verificagao implica 0 conhecimento de w, que exprime a relagao entre a maxima tensdo de tracgdo e a maxima de compressao verificadas na seccao para a distribuicdo de tens6es elastica. Esta relagao pode ser encontrada através da relago entfe as disténcias a que as fibras extremas da alma se situam da linha neutra plastica (por se tratar de uma distribuigéo linear): oF (2784-32) ©, x 600— (278.432) v -0,70 Como w é maior que -1 2 condigao a verificar para garantir que a alma é da classe 3 4 a seguinte: 2x axe ADKOIS Ie _ 00 _ og ag 0,67+033%y 0,6740,33x-0.7 1, 10 A condigao é verificada, e assim a alma é classificada como senda da classe 3. A classe da seccao 6 a maior das classes dos elementos metalicos que a constituem: classe 3. Considere-se ainda outtas duas seogdes de viga mista, Estas diferem apenas no facto de uma ter a alma do perfil metalico betonada enquanto que a outra mantém uma tipologia semelhante as jd tratadas neste exemplo. 436 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. he» 85,0 ee to el ae —> ——> 400 400 10 | | - 180 \ 103— 7 10=—— [mm] [mm] Figu’a E4215 — Representagao esquematica de duas seogies de viga mista Pretende-se mostrar as diferengas na classificagao do banzo comprimido entre as duas secgdes, Para a secgao com a alma nao betonada considera-se que 0 banzo de betdo nao possui armaduras e, logo, a momentos negativos apenas resiste o perfil metélico. Esta consideracao é irreal mas tendo em vista os objectivos deste exemplo tal é irrelevante. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 437 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. 210 400 —>-—— {mmm} Figura £4,216 — Representagso esquemalica de duas secgbes de viga mista, A classificagao da alma faz-se com recurso a primeira coluna da primeira pagina da tabela 5.2 do EC3 correspondente 4 flexao simples, 7 a <72x0,75 = 40,0 < 54,0 classe 1 © banzo inferior (comprimido) é classificado com a primeira coluna da pagina 2 da mesma tabela, £29 OES? coxars >95<675 falso! t 5 £510 = 100-59 190,75 395<75 _falso! 7 10.0 fc 1gg 9 O08 144075 955105 classe 7 na qual se conclui que este é da classe 3. Assim, a classe da secgao é a maior das classes dos seus elementos: classe 3 438 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. Para a secgéo com a alma betonada a classificagao do banzo inferior (desprezando a espessura do cordao de soldadura) realiza-se com recurso as condigdes da tabela 5.2 do EC4. £9x0,759,5<6,75 — falso! Side <14x0,75<99,5<10,5 classe 2 10 banzo inferior passa a ser classificado como sendo da classe 2. Ao se betonar a alma consegue-se reduzir a classe dos elementos comprimidos da sec¢ao. Neste caso a alma seria de classe 1 (desde que fossem cumpridas as regras estipuladas no ponto 5.5.3(2) do EC4) ¢ 0 banzo superior, no caso de estar comprimido, também (desde que fossem cumpridas as distancias estipuladas pela clausula 6.6.5.5 do EC4). Conclui-se assim, que por betonar a alma consegue-se obter uma distribuigéo de tensées plastica na sec¢’o, obtendo assim maior resisténcia (para além daquela fornecida pelo betao adicional). Por ultimo pretende-se classificar a secgdo que se apresenta em seguida, constituida pelos materiais $275 (= por se desprezar o betdo (que esta fendilhado), ,924) e ASOONR. De notar que esta apenas possui ago estrutural e de reforco INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ~ 438 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS i ee cc ncee he 120,0 LINpI 7 | —> : LNel ee 600.0 479.1 800,0x12,0 384,3 H 200,0x15,0 [mm] Figura ©4216 - Seco de viga mista e distribuigao de tenstes. A posigao das linhas neutras plastica e elastica bem como a inércia em tore do eixo horizontal sdo ja conhecidas (lj=118118,4em‘). A classificacao da seoao faz-se através da ciassificagdo do banzo inferior e da alma (placas comprimidas). © banzo esta sujeito a compressdo pura pelo que a sua clessificagao se faz através da primeira coluna da tabela 4.2 deste manual. 200,0-12,0 Foe on) 2x15,0 $9x0,924 € 6.275832 classe 1 ‘A alma esta sujeita a flexao composta pelo que deve ser classificada segundo a ultima coluna da tabela 4.3 deste manual 440 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Aparcela de alma comprimida & dada por: 479. gee 00,0 E dado que é maior que 0,5 a classificagao da alma faz-se através das expressées seguintes. Averiguar se a alma é da classe 1 = 50,05 40,4 falso! 600.0 . 456% 0,924 < 50,05 46,5 _falsot 12,0 ~ 130,774 Para averiguar se a alma é classe 3 sera necessario definir 0 racio das tensées extremas para uma distribuigdo elastica de tensdes: Sendo este racio maior que -1 a expresso que dita a classe da alma é a seguinte: ae _, 6000 420,924 1 0,67+0,33y ~~ 12,0 0,67+0,33x(-0,625) = 50,0 83,7 classe 3 Sendo a alma da classe 3, os banzos de classes inferiores e o perfil metalico bi-simétrico pode ser utilizado © método do buraco-na-alma para definir na seccdo uma distribuigao plastica de tensdes. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO aa ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS: De acordo com a figura 6.3 do EC3 a distribuicao plastica de tensdes na secodo sera: sk), 20et=221,8 200,0x15,0 fmm Wy. Figura E4.277 — Distribuigao plastica de tenses de acordo com o método do buraco-na-alma. em que: 20 e t,, = 200,924 x12 = 21,8 mn © valor de x é obtido por equilibrio das forgas horizontals na secgdo: DY Fir = 0. 200,0 15,0% 275,0-+ 2% 221,8x12,0%257,0 = x%12,0%275,0 20,0 15,0%275,0+ 500, o 115 = x= 114,2 mm + 2500,0%: O valor de y, ou seja, a altura do buraco-na-alma é a que resta da altura total da alma: y = 600,0-114,2~2«221,8 = 42,2 mm Esta assim definida a secgao a qual se pode aplicar uma distribuigao plastica de tensdes. Wad INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 4.5 Métodos de Andalise de Seccées A analise de secgées transversais de vigas mistas que se apresenta neste capitulo tem como objecto 0 estudo dos esforgas que produzem tensbes normais e de corte (por esforge transverso) nas secgées transversais. O esforgo normal constitu uma excepgdo j4 que ndo se supde que as vigas possuam compressées ou tracedes elevadas, a existéncia de esforgo normal e momento flector em simultaneo seré tratada no capitulo referente a pilares mistos. A anélise da flexdo, fenémeno que provoca tensdes normais em secedes de vigas mistas, € feita com recurso a distribuigSes de tens6es eldsticas e plasticas (como ja foi referido na introdugao). A anilise plastica de secodes de vigas mistas implica que estas estejam classificadas na classe 1 ou 2. Neste tipo de andlise 0 valor das tensdes é constante em grande parte da secgo mas ndo em toda. Para facilitar 0 calculo dos valores das resisténcias usam-se simplificagSes para as distribuigdes das tensdes. Em andlise plastica de secgdes transversais a resisténcia do betao a tracgao é desprezada. Uma distribuigo de tensdes ica numa secgo transversal de viga mista sujeita a flexdo mostra-se na figura seguinte. & ‘We Figura 4.85 - Esquema represenialivo de ume disiibuigao de tens 5 plastica numa Seqao sujella 8 momento fiector, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 443 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS A definigao destes diagramas pode ser feita através do valor de uma das extensées nas fibras extremas da secede (no beto ou no ago) e da posi¢ao da linha neutra. © calculo de momentos resistentes a partir das distribuigdes apresentadas € moroso e nem sempre facil, o que leva 4 adopoao de distribuigdes de tensdes simplificadas. Estas, permitidas pela cléusula 6.2.1.2(1) do EC4, consistem em considerar que toda a secgao possui valores constantes de tensdes em cada material: J, /¥, pata o perfil metalico; 0,85 f,/7. para 0 betéo armado, a diminuigao desta forga para 85% do seu valor € imposta pelo facto de existirem diferengas entre a forga registada no ensaio do cilindro © a verificada num elemento estrutural sujeito a flexéo, entre estas diferencas enunciam-se: duragdo da carga, variagéo das tensdes ao longo das secgées e diferencas nas condigées de fronteira; f,|7, Pata as armaduras ordinarias a tracg&o, (quando esto 4 compresséo sdo desprezadas): Soa l%y ditada pela clausula 6.2.1.2(5) do EC4). para @ chapa perfilada de edificios quando sujeita 2 tracgdo (esta regra é fa ‘Wy Figura 426 - Esquoma reprosontatvo do uma lsviougao de tensbes plastica simplicada numa seccao aula @ aaa momento flecter. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Esta distribuiggo podera ser considerada ndo conservativa por consistir num aumento de tensdes em algumas zonas da seceao transversal. Este aumento de tensdes € realizado em zonas muito proximas da linha neutra, cujo momento produzido é muito pequeno. E facil de concluir que um aumento de tensdes nestas zonas aumentaré muito pouco 0 momento resistente, logo a aproximagao produz erros muito pequenos © momento resistente de uma seccao com distribuicdo plastica de tensées é calculado multiplicando a tensto de cedéncia pelo modulo plastico de flexéo. My =hWyp ‘As secodes de elementos mistos, por serem constituidas por varios materiais e possuirem geometrias complicadas, obrigam ao célculo dos médulos de flexdo para diversos “blocos de tensées” em separado. Assim, consideram-se varios elementos da seceao com formas conhecidas (banzo de betéo, banzos ou almas do perfil metalico) e mul -a-se a forca desenvolvida por cada um deles (tenséo x area) pela distancia do seu centro de massa a linha neutra plastica, Este procedimento € semelhante 30 cdlculo através da expresséo anterior, no entanto a diviséo nos diversos “blocos" simplifica 0 calculo e tora erros menos provaveis e mais facilmente detectaveis. ® We Figura 4.27 - Esquema representative do masta de calculo do momento resistente plastics numa secqao de viga mista, INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS O momento plastico calcula-se facilmente com uma expressao do tipo da que se apresenta em seguida. My =F =D See, X; a distancia do centro de massa do “bloco’ fem que: a linha neutra F, a forca desenvolvida no “bloco" i; cea, @ tensdo de cedéncia do material que constitul 0 bloco I; Aya toa do bloco" i ‘A posigao da linha neutra plastica encontra-se através do equilibrio de forgas horizontals na secodo. Este assunto sera convenientemente estudado no ponto seguinte deste capitulo Outro tipo de andlise de seccdes transversais aplicada a vigas mistas é a analise elastica Este tipo de analise pode ser aplicada a qualquer tipo de secgdes transversais (para secgdes da classe 4 apenas com recurso a area efectivas). Neste tipo de andlise as extensdes e as tensdes variam linearmente ao longo da secodo transversal segundo a relacao constitutiva do material, que € linear (comportamento elastico). As tensdes so encontradas através do valor de uma extensdo na fibra extrema e da posicao da linha neutra, tal como na andlise plastica. © hetao a traceao 6, geralmente, desprezado. ‘As secgées sao planas e, como hipétese simpliicativa, considera-se que assim se mantém apés flexao. Uma distribuigao eldstica de tensdes de uma secgao mista est representada na introdugao deste manual e apresenta-se também em seguida Figura 428 - Eaquema representalve de uma Gstibuigao elastica de tensoas numa ceotao de viga mia a6 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS © valor de um momento eldstico resistente numa secgdo € dado pela multiplicagao do médulo de flexao elastico pela tens&o de cedéncia do material que a constitui. M. We Ocug em que: cea & tensdo de cedéncia do material que constitui a secedo: W,, =I] oméduio elastico de texdo Tomomento de inércia em torno do elxo de flexaio; V adistancia enire a linha neutra e a fra mais afastada de um dos materials pertencentes & secpao. Nota: Pode ser util encontrar 0 madvlo eldstico de flexdo, nao apenas para as floras mais afastadas, mas para outras na seco. Um exemplo disto s30 as fibras na interface aro-bet8o, estas sto adjacentes mas possuem tens6es normais diferentes, Deixa-se, portanto, uma chamada de atengdo quanto a escolha da distancia v. A presenga de dois materiais e as geometrias dos elementos dificultam o caiculo dos momentos resistentes elasticos. O calculo de momentos de inércia apenas podera ser feito para seccdes constituidas por um 6 material. Assim, para encontrar 0 médulo eldstico de flexao da seogao terd que se “transformar” 0 beto em ago (homogeneizar a seccdo). Este artificio de cdloulo consiste em encontrar uma secgao com rigidez e altura igual ial mas de um Gnico material, 0 ago. Para tal usam-se 0s coeficientes de homogeneizacao referidos no ponto 4.1 deste manual. O exemplo 4.1 mostra como homogeneizar uma secedo mista numa secgao de aco. Figura 4.29 - Eaquema representallve da homogenelzagao de uma Seopa mista INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4a7 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. Tendo uma seccdo toda em aco pode encontrar-se 0 seu momento de inércia. O calculo mais comum sera 0 de usar as expresses conhecidas para a inércia de rectangulos ou outras formas comuns e somar-lhes uma parcela relativa @ distancia entre 0 eixo de inércia dessas formas e a linha neutra (teorema de Lagrange-Steiner): Tuy = LC rons connecnnas + 4,4 em que lay 6 a inércia da saccdo em relacao a linha neutra; Trormta connecinai & 2 inércia da forma conhecida i (em geral recténgulos) em relac 0.20 seu centro de massa; A\ area da forma conhecida i; Dj distancia entre o centro de massa da forma ie a LN. A posi¢do da linha neutra eldstica encontra-se através da coordenada do centro de massa da secgdo homogeneizada. A linha neutra elastica é uma recta com a direccdo do eixo de flexéio que atravessa a seccao no centro de massa da secg40 homogeneizada. eeeeeibets Fgura 430 -ES@Uoria rprananaivo Je con de Tases da nha neue Ge iva BeahBo Misia Fomogeneizada A expresso usada para 0 célculo do centro de massa de uma seceao mostra-se em seguida exprime a igualdade dos momentos estaticos entre as porgdes da seogao que se encontram acima @ abaixo da linha neutra elastica. E especialmente itil para os casos em que se tem a seccao dividida em figuras nas quais se conhecem a posigbes dos centros de massa. 448 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS em que: Xemi € 2 coordenada do centro de massa da figura i A, @a area da figura i O esforgo transverso, ou corte transversal ao eixo da viga, 6 condicionante para elementos que se desenvolvem ao longo de vaos pequenos e que estejam sujeitos a cargas concentradas de valor elevado. Tanto em estruturas metalicas como em estruturas mistas este esforgo nao é, em geral, condicionante por si sd mas pela interacgdo que podera ter com 0 momento fiector em determinadas secgies dos elementos. Em seogdes de vigas mistas a contribuigao da laje de betdo para o esforgo transverso resistente € pequena e dificil de quantificar, logo é desprezada. Estas secgées resistem a este esforgo essencialmente pelas almas dos perfis metalicos ¢ zonas dos banzos adjacentes a estas (os banzos metélicos, tal como as lajes de bet, 1ém uma resisténcia muito pequena ao esforge transverso). As forgas transversais aplicadas aos elementos provocam nas secgdes mistas tensées de corte nos elementos do perfil metalico, x, (desprezam-se as tensdes deste tipo aplicadas ao betdo). Ao contrério dos banzos, a variagéo das tensdes de corte nas almas dos perfis metalicos ¢ pequena tomando razoavel considerar-se uma tenso média aplicada a estes elementos. Uma distribuig&o tipica de tensdes de corte aplicadas a um perfil metélico | apresenta- “se em seguida. rr INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 448 ANALISE DE SECCOES TRANS ERSAIS DE VIGAS MISTAS As tensées de corte em cada ponto da sec¢do transversal so encontradas dividindo 0 fluxo de corte pela espessura do perfil nesse ponto. A expresso que fornece 0 fluxo de corte em perfis metalicos foi ja referida no capitulo 5 deste manual. Vea-S. (6.20) EC3 7 (6.20) em que ea & © fuxo de corte num dado ponto do perf metic; tt € a espessurs do perfil metalico no ponta considerado; Vea & 0 estorgo transverso actuante; 'S 0 momento estatico do ponto considerado em relagao a0 exe que passa no centro de massa da secgso © é perpendicular ao estorgo transverso actuante; 1 @ 0 momento de inércia em relacao a0 elxo acima reterido, Segundo 0 critério de Von Mises: quando submetida a tenses de corte, uma placa de ago entra em plastifica aproximadamente a /, /'V3. Conhecendo ¢ valor referido no pardgrafo anterior € sabendo que a distribuigao de tensbes numa alma pode ser considerada constante sem que se cometam grandes erros, ¢ facil perceber @ expresso 6.18 do EC3 (para a qual remete o EC4) para o calculo do esforgo de corte plastico resistente. Esta expresso apresenta-se em seguida (7) aU ZB) Vv, =—* (6.18) EC3 om que: 4, &tensao de cedéncia do ago “Two 6 0 coofiierte parcial de seguranca a usar; Aya “area de corte’ ou a area do perf metalico que resiste a0 esforgo transverso; ‘As expressées das areas de corte, Av, para os diferentes tipos de perfis usados em construgéo mista € em construgao metalica so dadas pelo EC3 (ponto 6.2.6(3)). 4.50 INSTITUTO SUPERIOR MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Para verificar a seguranga ao corte transversal de elementos que apenas conseguem desenvolver resisténcia eldstica 0 ponto 6.2.6(4) do EC3 estabelece uma condiga0, cujo significado € 0 de garantit que a tenséo de corte se mantém em valores onde o seu comportamento € 0 elastico: (6.19) EC3 lem que todos os parametros envolvidos $40 ja conhecidos, A flexdo associada a esforco transverso é tida em conta pelo EC4 através de uma redugao da tensdo de cedéncia da alma do perfil metdlico. Esta diminuigao, que depende da classe de secgao do perfil, serd estudada no ponto seguinte deste manual 4.6 Esforgos Resistente com conexao de corte total — Analise Plastica A teoria necesséria a anélise plastica de secedes de vigas mistas foi descrita no ponto anterior. Pretende-se neste referir alguns aspectos importantes e clausulas do EC4, explicar metodologias a adoptar para varios tipos de vigas mistas e dar exemplos de andlises das mesmas. Flexao Este t6pico aplica-se a vigas onde a conexdo de corte é total, no entanto assume-se também que existe também interacgao total (escorregamento nulo entre o elemento metélico e 0 betao). Esta consideragao nao corresponde a realidade, no entanto ela torna possivel este tipo de analise. A cléusula do EC4 que tomna possivel esta simplificagdo é a 6.2.1.2(1). A andlise plastica de secgdes de vigas mistas comegara invariavelmente pela classificagao do perfil metalico e pela determinagao da largura efectiva de betao. Apenas podera ser aplicada analise plastica a uma seccdo cuja classe seja menor ou igual a 2 (cldusula 6.2.1.1(1) do EC4). Convém relembrar que a classe de uma seccao depende das cargas que Ihe so aplicadas, nomeadamente do sinal do momento flector actuante. Classificada a secgao quanto a encurvadura local tera que se encontrar a posi¢ao da linha neutra plastica. Esta encontra-se através do equilibrio de forgas horizontais na secga0, 0 que pode trazer dificuldades por néo se saber em que zona se encontrara. Pode supor-se, por exemplo, que a linha neutra atravessa o banzo de betdo armado e, apés fazer a analise com esta INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 451 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS_ suposi¢&o, chegar-se @ concluséo que atravessa outra zona da secgéo. Um método expedito consiste em encontrar as forcas realizadas por cada material da seccdo e, a partir dai, concluir sobre a posicao da linha neutra. ‘Apés a conclusdo sobre @ posicao da linha neutra consegue-se encontrar a sua coordenada recorrendo a geometria da seccao e aos valores das forcas realizadas pelos materiais. Conhecida a coordenada da linha neutra 0 célculo do momento plastico resistente, Marra € bastante simples e passa por calcular os momentos produzidos pelos varios "blocos de tensbes’. Podem ser deduzidas expressées que déem a coordenada da linha neutra plastica € 0 momento flector resistente em fungdo: do sinal do momento, das foreas produzidas por cada material da seccao e da geometria da mesma Apresentam-se, nas paginas seguintes, estas expressdes para trés tipos diferentes de seopdes de viga mista: — Viga mista constituida por banzo nervurado de betdo e perfil metalico bi-simétrico com alma nao betonada; Figura 4.32 - Seago de viga mista Constiluida por laje nervarada © peril bi-simeirico. 452 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS - Viga mista constituida por banzo nervurado de betdo © perfil simétrico com alma nao betonada, banzo inferior maior que 0 superior e ambos de espessura ty Figura 4.33 - Seceo de viga mista consttuida por aje nervurada © perfil sinétrico, - Viga mista constit fa por banzo nervurado de betao e perfil bi-simetrico com alma betonada: Figura 4.34 - Secoo de viga mista constituida por laje nervuradae pari brsimetrico com alma betonada Estas express6es foram obtidas considerando as seguintes hipéteses simplificativa: despreza-se a forga realizada pelo betdo entre nervuras, despreza-se a forca da chapa a das armaduras compri das. As forgas realizadas por cada um dos materiais podem ser dadas pelas expressées que se apresentam em seguida. A partir destas e das dimensées da seccdo transversal podem-se encontrar as expresses para os momentos plasticos resistentes. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 458 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Forga realizada pelo banzo de betao: 4, gy 0585 ~ Forga realizada pelo peril metalico: — Forga realizada pelos banzos metélicos (superior e inferior respectivamente} — Forga realizada pela alma do perfil metalico: Ry = Ro Ry sur — Re sve — orga realizada pelas armaduras ordinérias: - Forga realizada pela chapa perfilada: — Forga realizada pelo betdo existente entre os banzos metalicos: R fos h—21, Mb, —,,)0,85 4a INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS em que: A.6 a &rea total da secg0 do perfl metlica ‘A, € a roa total de ago de reforgo numa largura efectiva Ap 6 a area total de chapa perflada numa lergura efectva; fox @ a tensao caractristica de cedéncia do betao no enssio do cilindro; fi & a tensao caracterstca de cedéncia do ago estrutural fox 6 a tensBo caracteristca de codéncia do aco de roforgo; fypx 6 2 lensdo caracterstca de cedéncia da chapa perfada: ‘Ye & 0 coeliciente parcial de sequranga para o beta ‘Ya 6 0 coefciante parcial de seguranga para o ago estrutural ‘Ya 60 coeficiente parcial de sequranga para 0 aro de retorco ‘yp 6 0 coefciente parcial de seguranca para a chapa perflada, Figura 4.35 - Dimensdes usadas para calcul das forges de Gala um dos Masa ue consuem uma secgdo de viga mista A clausula 6.2.1.2(2) do EC4 estabelece que, para secodes sujeitas a momentos positives ¢ onde sao utilizados acos de alta resisténcia (S420 a $460), os valores dos momentos plasticos resistentes devem ser multiplicados por um parametro . Este varia em funcao do quociente entre a distancia da fibra mais comprimida de betdo linha neutra, x»), e @ altura total da secgao, h, segundo o grafico que se apresenta INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS 1,0 0.85 Oa xa Q Figura 4.36 - Grafica que exprime a variagao da parametro Bert fungaio de xplit. Assim, quando sao usados a¢os estruturais de alta resisténcia e a sua area é significativa 0 EC4 obriga a uma redugao do momento plastico resistente. Pata valores de xp/h entre 0,15 e 0,4 bastard fazer uma interpolagao linear para encontrar 0 parémetro B, para xpi maior que 0,4 ter- -se-4 que encontrar a resisténcia da viga a flexao através de andlise elastica ou bi-linear (segunda as cidusulas 6.2.1.4 e 6,2.1.5 do ECA) ‘Wy Figura 4.37 - Esquema representative de Seogso mista com reforéncia as medidas h e xpl. Este pardimetro de redugao do momento plastico nao é considerado nas expressdes deduzidas nos trés exemplos seguintes. Para 0 considerar bastard multiplicar, em cada caso, © seu valor pela expresso de Mpira. 456 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 4.3 Viga mista constituida por banzo nervurado de betao e perfil metalico bi-simétrico com alma nao betonada; inte. Vo ser considerados Considere-se a secgao de viga mista apresentada na figura seg sete cenarios possiveis para a posicao da linha neutra plastica na secgdo e, para cada um, encontradas expressées que calculem o momento plastico resistente. Figura £4.3/1 ~ Representagao esquemalica de seogao de viga mista Com perf Bi-simatics e laje de belo nervurada INSTITUTO SUPERIOR TECNICO “457 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS aso 1: Momento pasitivo: Re > Ra (LN no banzo de betdo} Esta situagao faz com que $6 seja solicitada parte da espessura do banzo de betéo armado. Assim, o primeiro passo sera encontrar a espessura de betdo solicitada (através do somatério de forgas horizontais na secc&o). 0,85 foxy We Figura £4.3/2 — Tansbes © espessura de belo solicitada quando a LN se enconira no banzo de belo, YF, 05% 1p 0852 Ye Encontrando a espessura de betao solicitada, encontra-se 0 momento plastico resistente fazendo a multiplicagao de um brago por uma forga: Mian =2-R, = RW +h, +h, -¥%4) 458 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 2: Momento positive: Re = Ra (LN nas nervuras do banzo de bet Neste caso tem-se 0 perfil metalico todo traccionado e 0 banzo de betdo armado todo comprimido. A posigao exacta da linha neutra ndo é necessaria pois esta esta numa zona em que © material no contribui para a resisténcia, basta descobrir que Ra=Re e as disttibuigdes de tensdes ficam automaticamente definidas. LN ry Figura 4.3/3 - Tensdes na seogao de viga mista quando LN se enconira na zona das nervuras._ © momento resistente ¢ entao a multiplicagao de um brago por um bindrio de forcas: / =2.R,=R,| he 7 Caso 3: Momento posttvo: Re < Ra e Re > Rw (LN no banzo metalico superior Esta é a primeira das situacbes em que as tensdes no perfil metalico nao tém todas 0 mesmo sinal, Esta situagao, que dificulta 0 calculo do momento resistente, faz com que se usem métodos simplificados. Assim, para criar distribuigdes de tenses cujos calculos de momentos sejam mais simples criou-se uma forga R, esta é a forga gerada pela parcela do banzo superior que esté a compressao. Esta representada na figura seguinte e o seu valor calculado abaixo em fungéo dos jé conhecidos. INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO 459 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. ‘We Figura E4.3/4 — Tenses na seco de viga mista quando LN se encontra no banzo metalico superior DF, =O R. +2R=R, > 2R=R,- RS Sabendo qual o valor da forga R consegue-se saber qual o valor de y (espessura do banzo metalico que esta sujeita a compressao): ste 4) . Yo © momento resistente calcula-se, por exemplo, para o centro de massa do banzo de betdo e é dado pela soma algébrica dos momentos provocado por trés "blocos de tenses": um submetido & tracgao e constituido pelo perfil metalico, e outros dois & compressao com uma forga de valor R. (rh hf )-aR( Yh +i, -"4) 460 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 4: Momento positivo; Re < Ra e Re < Rw (LN na alma do perfil metalico Neste caso 0 perfil metélico também tem tensbes de tracgéo e de compressao. Desta vez 0 método simplificado que se usa para 0 calculo dos momento plasticos resistentes pode ser encontrado no ponto 6.2.9.1(5) do EC3. Este ponto fornece uma expresséo. simplificada (expressao 6.36 do EC3) para 0 célculo de momento flector combinado com esforgo axial em perfis metalicos bi-simétricos. M vna-m{-05a) se Mya, SM, em que: a Vov/Nyams =Re/R, , aBoenros estros norman stant (uj valor éN=Ry)epistco resistente no perfil metalco (eujo valor 6 R) a=A-2b1,/A, —__pardmetro que exprime o racio do S129 da alma na do perf metaico 1odo, Myees? momento fector resistente com infuéncia de esforgo normal; Mores =Wyiy Sy [%0 + smomento lector pstico resistonte sem infuéncia de esforge cormal Refere-se a combinagao de momento flector com esforgo axial no perfil metalico pois, de facto, 6 a combinagao que actua sobre este. Como se pode ver na figura seguinte, a tenséo no perfil metalico pode ser decomposta em momento flector mais esforgo axial, que se equilibra com a forga realizada pelo banzo de betdo armado. 085 fa, 6 ome rey Vy LN 7 Whe Figura 4.315 - TensGes na secoao de viga mista quando LN se encontra na alma do perfil metalica. Considerando como referéncia 0 ponto com a coordenada do centro de massa do banzo de betdo armado obtém-se quatro “blocos de tensdes” para os quais se tem que encontrar o momento (dois banzos metélicos e duas zonas da alma, uma traccionada e outra comprimida). Assim, usa- -se a expresso 6.36 do EC3 para calcular o momento Me ficando assim apenas um “bloco de INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 461 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS tensdes" (a que se chamou N). O momento plastico resistente @ entéo a soma de dois momento: 0 momento fector existente no perfil metalico, Mp.y,ns, @ 0 momento criado pelo N: )* (05a = hohe ae tel = s 24 1 Mayeal ) LR) R) R,) \ Caso 5: Momento neaativo: Rs = Ra (LN no banzo de betdo e abaixo das armaduras de reforco) Para os momento negativos aplicado a seccao o beto nao oferece, regra geral, resistencia por estar a tracgao (clausula 6.2.1.1(4) do EC4). A forca nessa zona sera exercida pelo ago que reforga 0 banzo de betdo Este caso é em tudo igual ao segundo deste exemplo no que respeita a calcules € conceitos, no entanto aqui a linha neutra pode estar também na zona maciga da laje de betao e nao apenas nas nervuras. As distribuigoes de tensdes sao também conhecidas, mesmo sem que se saiba a0 certo a posigao de linha neutra deft Figura Ea.3I6 ~ Tenstes na secgao de viga mista quando LN se enconira na alma do perfil metalic. O momento plastico resistente calcula-se multiplicando uma forga por um brago: loh~n) a(2 ) 462 = INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 6: Momento negativo: Rs < Ra ¢ Rs > Rw (LN no banzo superior do perfil metalico) Este caso é semelhante ao caso 3 deste exemplo. Também aqui se encontra uma forga, R, exercida pela area traccionada do banzo metalic superior. Esta forga encontra-se por equilibrio de forgas horizontals na seco: Sabendo 0 valor da forga R sabe-se também o de y (espessura do banzo metalico que esta sujeita & tracgao): O momento flector plastico resistente é dado pela soma algébrica dos momentos devido a trés blocos de tensao (tal como no caso 3 deste exemplo): perfil A compressao e dais com o valor RA compressao (momento a partir da ponto com coordenada dos vardes de reforgo). A expresséo para © seu clculo mostra-se em seguida: Myiza INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 48s ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Casg 7: Moments negativo; Rs < Ra e Rs < Rw (LN na alma do perfil metalico) Este caso 6 idéntico 20 caso 4 apresentado acima. Também aqui se usa a expressao 6.36 do EC3 e se divide a distribuigdo de tensbes no perfil metélico em momento, Mpiy.ra, Mais forca normal, N. A distribuigdo de tensbes na seccao representa-se em seguida bem como a expressa0 que fornece o valor do momento resistente. Este é dado pelo soma do momento do bloco de tensdes de N com o momento do perfil metalico sujeito a flexdo composta, Moyne ‘fr, ‘he N=Ra M Figura E4.3/8 ~ Tensbes na secga0 de viga misia quando LN se encontrana alma do perfil melalica. Myra = Nh +h,)+M = R, Wen) agay Myon bond em tl 2A 464 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 4.4 a mista constituida por banzo nervurado de betdo e perfil simétrico com alma nao betonada, com banzo inferior maior que o superior e ambos de espessura ty Considere-se a viga mista representada na figura seguinte. Este exemplo consiste em fazer uma andlise semethante a que se fez no exemplo anterior. Para isto considerar-se-do os mesmos sete casos. Figura £4.4/1 ~ Repréveniacdo esquamnalica de viga Misia com por simeiico, banzos melalioos de larguras cilerentes € iguais espessures. Numa seccéo deste tipo, em que os banzos do perfil metdlico possuem larguras diferentes, convird encontrar a distancia entre 0 topo do perfll 0 seu centro de massa. Para esta distancia adoptou-se a letra d e a sua dedugao, em fungao das grandezas jé conhecidas, baseia-se apenas et Dsup ty + Bre ty no conceito de centro de massa e apresenta-se em seguida. Ly tal 2 Parts + INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 465 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Caso 1: Momento positivo: Re > Ra (LN no banzo de betao) Este caso é semelhante ao do exemplo anterior, com excepgao no brago do binario de forgas (Rae Re) Wa Figura E4.4/2 — Tensbes e éspessura de beldo solictada quando a LN se encontra no banzo Ge belo. Avexpresséo para a espessura de betdo solicitado é a mesma: Sa Reare—e he x % bossa he % DF, =0= xbyy 0,85 (© momento flector encontra-se encontrando o binario de duas forgas iguais (brago multiplicado por uma das fergas). M, ping = 2-R, : R =R( deh +h, -~ 486 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 2: Momento positiv Ra (LN nas nervuras do banzo de bet Este caso € semelhante ao anterior com a excepeao de que aqui o betdo da laje maciga esta todo solicitado. Quando a linha neutra atravessa as nervuras a sua posig&o exacta néo & necessaria € a distribuicao de tens6es é sabida 4 partida yy Figura E4.4/3 ~ Tens0es e espessura de belao solctada quando a LN se encontra nas nervuras do banzo de betao. © momento resistente é calculado, mais uma vez, através do momento de um binatio de forcas: Caso 3: Momento positivo; Re < Ra e Rc > Rw + Rf,inf — Rf,sup (LN no banzo metalico superior) Tal como no exemplo anterior 0 célculo do momento resistente fica facilitado se se utilizar uma forga R (forga exercida pela espessura comprimida do banzo metélico superior). Os resultados $80 ‘os mesmo do exemplo 4.3, a excepgao da dimensao h/2 que passa a d. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 467 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS re Figura £4.44 — Tensbes na secgao de viga mista quando LN se enconira no banzo melalico superior Caso 4: Momento po: Re < Rae Re x Fy, =0=> R +R, cup $= — Ry = D su * Far Wt, h ay Be Re Rye *Ryase Encontrada a coordenada da linha neutra o momento resistente plastico pode ser calculado em relagéo a0 centro de massa do banzo de bet&o armado. Em relagao a este ponto 0 momento plastico resistente pode consistir apenas na soma algébrica dos momentos de trés “bloces de tensoes’. Para tal € necessério recorrer a um artificio de caleulo semelhante ao que se usa no emprego da forga R. O que se usa neste exemplo consiste no acrescento de dois “blocos de tenséo" (como mostra a figura acima), mas tem a particularidade de cada um deles possuir duas geometrias distiatas (um banzo e uma porgao de alma). Assim, os trés "blocos de tensao" dos quais se calculam os momentos s&o: um com tensées de traceao e a area do perfil metalico, outro com a area do banzo superior € uma tensao de compressao (que € o dobro da tensao de cedéncia do perfil metalico) e outro com a area de uma porgao de alma e a mesma tensdo do anterior. Este artificio nao s6 reduz o volume de calculos como também usa calculos um pouco mais simples. h h 1 A, Mura atom oa)-2(Bon manna en, ey + INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO 469 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. Caso 5: Momento negativo; Rs Ra (LN no banzo de beto ¢ abaixo das armaduras de reforco Este caso é semelhante ao caso 5 do exemplo anterior. Como a nica diferenga entre eles é a alteragao de hi2 para d, nas distancias entre os topos dos perfis apresenta-se apenas a expressdo que fornece o momento plastico resistente sem mais referéncias. 2.R, =R,(d+h,) plata Caso 6: Momento negativo: Rs < Ra e Rs > Rw + Rf.inf — Rf,sup (LN no banzo superior do perfil metalico) Tambem este caso € muito semelhante ao do exemplo 4.3. Usa-se 0 attificio de calculo que consiste em encontrar uma forga R para que 0 momento resistente seja apenas a soma algébrica de trés "blocos de tensao” Ty, We Figura 4.4/6 — Tensées na Seoyaa de viga mista quando LN Se enconira no banze malalico superior © valor da forga R enconira-se pelo somatério de forgas horizantais na seccéo: ee ee 2R R,-R, y 2| bau» =| LO ta) SUP 470 ~~ INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Sabendo o valor de y, 0 momento resistente pode ser dado pela expresséo: Mya =R,(d+h,)-2( 94 +h,) Caso 7: Momento negatiyo: Rs < Ra e Rs < Rw + Rf,inf ~ Rf,sup (LN na alma do perfil metalico) Neste caso usa-se 0 mesmo artificio de calculo usado no caso 4 deste exemplo. Nao se explicard outra vez em que consiste pois os conceitos so os mesmos para os dois casos. Dp 20S B+ Rap Ry Ry Rye Tr, h—21, h ean Be Be Re sur * Rye = * 2R, h-21, Nota: as referéncias & expresso que da o equilbrio de forgas horizontais no caso 4 deste exemplo aplicam-se a esta também. © momento resistente consiste, tal como no caso 4, na soma algébrica dos momentos dos trés “blocos de tensGes", que séo os mesmos do caso 4 mas desta vez com momentos calculados a partir da coordenada das armaduras de reforgo da laje de betao. t Morea = Rally d-alh, +E) ina thy + INSTITUTO SUPERIOR TECNICO amt ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS EXEMPLO 4.5, jga mista constituida por banzo nervurado de betéo ¢ perfil bi-simétrico com alma betonada; O exemplo que se apresenta serve para encontrar momentos plasticos resistentes em secgdes do tipo da que se apresenta na figura abaixo. Esta secoao difere das dos exemplos anteriores essencialmente por existir betdo entre os banzos do perfil metalico. Os casos que se apresentam para @ posigo da linha neutra s4o, mais uma vez, sete. Convém relembrar a hipotese simplificativa do betio nao resistir& traccao. Figura £4,571 ~ Representagao exquamatica de viga mista com perl brsimelrico @ alma betonada, a72 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ‘Gaso 1: Momento positivo; Re > Ra (LN no banzo de betao) © raciocinio para este caso foi j4 explicado nos exemplos anteriores. Passa-se entéo @ apresentagdo das express6es necessarias ao calculo do momento plastico resistente. Wy, Figura €4.5/2 — Tensoes @ espessura de belo soliciada quando @ LN se encontra no banzo de bel&o. Quando a linha neutra esta no banzo de betdo, 0 betdo entre banzos metdlicos esta a tracg&o (despreza-se) entdo este caso é igual a0 caso 1 do exemplo 4.3. A espessura de betdo e 0 momento plastico resistente so dados por: INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 473 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS 150 2: Momento 10; Re ya (LN nas nervuras do banzo de betao) Os resultados e raciocinio deste caso so iguais aos obtidos para 0 caso 2 do exemplo 4.3. As distribuigdes de tensdes e o momento plastico resistente apresentam-se em seguida. 9,85 Foy fi We Figura E4518 - Tenabet & eipessura Ge belo solctada quando & LN Se enconfa has nervuras do Baro de Belo. Muu nek =R( Yoh, ohf are eh) as lomento positive; Re < Ra e Re > Rw (LN no banzo superior do perfil metalico! Visto que neste caso a linha neutra ainda se encontra acima do betdo entre banzos metélicos este caso € igual a0 caso 3 do exemplo 4.3. Tal como no caso anterior apresentam-se apenas as distribuigoes de tensdes e as expressdes obtidas. a4 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO Vs 6 eapescura de botao soTcada quando a LN se enconta no banzo melas superior Y)-2R(Y4 +8, + 4) Figura £4514 — Tens i h + Caso 4: Momento positive; Re < Ra e Re < Rw (LN na alma do perfil metélico} Este € 0 primeiro caso em que 0 betdo entre banzos metalicos é contabilizado por estar sujeito ‘a compressao. As condigdes para o posicionamento nao entram com a contribuigao deste betao, Rs. © facto de a linha neutra chegar ou nao alma ou depende apenas da forga realizada pela alma metalica Suponha-se que a linha neutra se encontra na linha horizontal que serve de interface entre a alma 0 banzo metdlico superior, nestas condigdes tem-se Re = Rw. Se a forga na alma for um pouco maior que a do banzo de betdo a linha neutra desceré independentemente da forga realizada pelo betdo entre banzos metalicos. Os céloulos a realizar para encontrar o momento resistente plastico sao os mesmos do caso 4 do exemplo 4.4. O artificio de céloulo é o mesmo, mas agora com contribuigao do betdo situado entre os banzos metalicos. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 475 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS. ‘em que: (x-1,)/(h-21,}¢a percentagem de alma comprimia; (x1, }/(t~21,) 68 percentagem o alma traccionad. (o-x-1,r-24,) (2x Ry +R) sh td)Ry2 fen ate \R, (tena oe 2! xotr 2 Weal 21, Caso 5: Momento negativo: R: reforgo) Neste tipo de casos a forca exercida pelo betao entre banzos metalicos entra para a condigao = Ra + Rb (LN no banzo de betdo e abaixo das armaduras de que define a posigao da linha neutra. O facta de este estar todo & compresséo faz com que a linha neutra desga quando comparada com a situagao em que nao existe betao entre banzos metalicos. 476 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Nt 0.85 kek, Figura E4.5/6 — Tensoes e espessura de baldo solcitada quando a LN se encontra no banzo da belSo. Como 0 perfil metalico e 0 betao entre banzos metalicos tem os centros de massa coincidentes ‘© momento plastico resistente consiste apenas na multiplicagao de um brago por uma forga: Myung =2%(R, + Ry)=(Ry + R Md + h,)= (Rd +h.) Caso 6: Momento nesativo: Rs < Ra + Rb_e Rs > Rw + Rb (LN no banzo superior do perfil metalico! Nesta caso as forcas exercidas pelo perfil metalico mais betdo entre banzos é suficientemente grande para garantir que a linha neutra nao se situa no banzo de betdo armado, no entanto a soma da forga na alma com o betdo entre banzos nae garante ai a linha neutra remetendo-a para o banzo metalico superior. © método usado para encontrar o momento resistente consiste no arti io de calculo da forca R (forca exercida pela espessura traccionada do banzo superior). E andlogo ao que ja foi feito e aplica-se muito bem a este caso pois permite que dois “blocos de tensdes’ (um com a area do perfil metalico e outro com a area do beto entre banzos) tenham o mesmo brago de momento. Tome, Figura 4.517 — Tensbes 6 espassura de betdo soliclada quando a LN se enconira no banzo matalico superior. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4ai7 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS CO valor de R encontra-se, mais uma vez, por equilibrio de forgas horizontais na secgao’ —R, DF, =O 8, +2R=R, +R, > 2R=R,+R,-R, => aR k (© valor de y (espessura de banzo traccionado) encontra-se a partir do valor de R: ie St, _R,+R,-R, bye R= bypy 2 = Ya Ye 2 R +R —R, ty _R,+R-R, > y= t 204) iP 2k, / Ye O momento é a soma algébrica dos momentos de 4 “blocos de tensdes” (dois com forga R, um coma area do perfil metélico e outro com a area do betao entre banzos metalicos): Mune =e +R Eh, |-2A(7440,} Caso 7: Momento negative; Rs R= A espessura de banzo metalico superior comprimida, y, € dada por: 268,4 42010 10 x10 = 6,4 mn 100x 10% A distribuigao de tensdes na secgdo e 0 momento plastico resistente apresentam-se em seguida. Figura E4.6/2 — Esquoma reprecenialivo das tensoes normals na secyao de viga mista, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 481 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Myre =8%4 "janie (282, O18) 95 265,4x( 20068 O14 = 2520 x \ Nota: 0 valor de ha nao & considerado neste exemplo por nao existrem nervuras no banzo de belo armado. Realiza-se, em seguida, a diminuicgdo do momento flector devido a utilizagéo de agos de alta resisténcia (clausula 6.2.1.2(2) do EC4). rcio da distancia da linha neutra plastica a fibra de betéo mais comprimida com a altura total da secgao 6: Ky 140464 _ 0,26 560 Para encontrar 0 parametro terd que se interpolar entre os valores conhecidos do grafico da figura 6.3 do EC4 _ 085-10 04-015 B=10 x (0,26 - 0,15) =0,93 © momento resistente plastico positive encontra-se através da multiplicagao do valor para ele ja encontrado pelo pardmetro B M yz py = 666.3% B = 666,3% 0,93 = 619,7 kN Pretende-se, em seguida, encontrar a resisténcia da mesma secgdo de viga mista a momentos negativos. A classificagao da secgao quanto a esta acg0 comega pela determinagao da coordenada da linha neutra plastica através do somatério de forcas horizontais na secgao. De notar que para momentos negativos 0 beto ndo é contabilizado, mas sim as armaduras de reforgo no seu interior. — orga exercida pelas armaduras de reforco 546,4 KN 482 INSTITUTO SUPERIOR TEONIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Posigdo da linha neutra na alma (ver figura abaixo) DF, = 0 RR, + xx1, x =R, + (400-x) x1, wes te % 420 «10 = 546,4 + xx 10x = (400 — x) x10 => x= 135 mm Encontrade 4 coordenada da linha neutra é facil definir a distribuigao de tensdes e classificar a secgao segundo as tabelas 5.2 do EC3 1135 LN [mm] ‘hy Figura 4.6/3 ~ Esquema represenialivo da distribuigao de tensées na se0g80 de viga mista quando sujeita a momento negativo. Encontrar parametro a: 400-x 400-135 = 0,663 > 0,5 400 400 Ciassificar alma a flex4o composta, classe 1: 400 yy. 3968 _ 396X075 55 argo) 1 10 T3a@—1 13«0,663-1 = 400 _ gg < 43966 __456%0.75 s ————_ = 44,9 alma da classe 2 10 13a-1 13%0,663- eee INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 483 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Classificar banzo inferior: 50, 1 10 6,75 banzo inferior da classe 1 Asecgao é da classe 2 quando solicitada por momentos negativos 0 que quer dizer que se pode usar anélise plastica de secgdes para encontrar o seu momento resistente Com a linha neutra plastica na alma esta-se no dominio do caso 7 dos exemplos anteriores. As expressées so j4 conhecidas do exemplo 4.3 e sero aplicadas. © momento de uma secea0 metalica em torno do seu eixo de maior inércia, Mpi,.na, implica a definigo de médulo de fiexao plastico. O conceito de médulo de flexao plastico foge ao Ambito deste manual e pode ser encontrado em qualquer bibliografia referente as disciplinas de resisténcia dos materiais. 420x107 Mycna= (2100 10% 205 +400:«10%0)x 200 = 1722 kNam ii +n,) (Len) R,) Mysy = NY +h eM = RY +h, 4 —— [I-gt l= “ 2A fa + 546.4) = 546,4% O58 03 pa 22a 1 SE =371,7 kNm 2 1 5000=2100%10) (3520 } 2x6000 © momento negativo resistente é menor que o positivo. Esta conclusao seria de esperar pois para © momento negativo a contribuigao do banzo de betéo é apenas a das armaduras no seu interior, para 0 positivo todo o betdo deste banzo contribui para a resisténcia (Rc>R,). Corte A resisténcia plastica de vigas mistas ao corte é tratada pelo EC4 apenas para as que possuem elementos de ago estrutural laminados a quente ou soldados ¢ com almas cheias, munidas ou nao de reforgos transversais (6.2.2.1(1) do EC4). © esforgo de corte em elementos como as vigas é encontrado através das derivadas dos momentos flectores. Estes, que sdo determinados através das tensdes normais nas secgdes, nem aes INSTITUTO SUPERIOR TEGNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS_ sempre podem ser encontrados com analises elasticas devido 4 existéncia de escorregamento. A andlise de uma viga mista simplesmente apoiada mostra que o escorregamento é maximo nos apoios, onde os valores dos momentos flectores so nulos (ou quase). A determinagao das tensdes normais numa seccae através de analises elasticas pode ndo ser apropriada porque, devido ao escorregamento, as seccdes da viga ndo se mantém planas escortegamento,s A; comprimento| compriments: Figura 438 - Reprosontagao do Vga nia 6 da varagSo de oscorregamiento Tuxo de cove ao longo do seu comprimento. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 485 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS A resisténcia ao esforgo transverso é facilmente encontrada para um dos materiais constituintes mas n&o para os dois, apesar de existirem ja alguns modelos para o fazer, Sabe-se que a laje de betao que compée a viga mista resiste a algum esforco transverso (pouco por ser um elemento laminar perpendicular a0 esforgo de corte actuante) no entanto nao existem maneiras expeditas de 0 quantificar devido a diversos factores: fendilhacao, condigées de apoio e de conexao. Assim, na pratica opta-se por desprezar a resisténcia da laje de betao a0 esforgo transverso ficande como capacidade resistente da viga apenas a do perfil metalico. A capacidade plastica resistente do perfii metélico, e logo da seceao de viga mista é dada pela expressao: a (6.18) EC3 que foi jé referida no ponto anterior deste capitulo e apenas ¢ valida para elementos sem torcao. Das grandezas intervenientes, que foram ja referidas, a drea de corte é a Unica que requer alguma andlise. As expressbes que fornecem estas 4reas so definidas pelo EC3 na cléusula 6.2.6(3). Estas expressdes, que dependem do tipo de sec¢ao, das suas dimensées e do tipo de aco utilizado, $40 utilizadas em sequida 486 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 1 ou H laminados a quente com carga paralcla & alma 4-261, +(0, +2°)1, 2 Hhet, U ou C laminados a quente com carga paralela & alma: A-2bt,+(t,.+2r)1 T laminado a quente com carga paralela & alma: 0,9(4-61,) 1, H ou em eaixéo soldadas com carga paralela & alma AY Mist) 1, H, G, U ou em caixdo soldadas com carga paraiela aos banzos: A-> Ui,) Secgées tubulares rectangulares de espessura uniforme com carga paralela a altura Ahf(b +h) com carga paralela a largura Abj(b+h) Secgdes tubulares circulares e tubos de espessura constante: 2Aln em que A 6 a dtea da socgao transversal do perfil metalico, b & a largura total da secgao transversal do perft metalico; fh € a altura total da secgao transversal do perfil metalico, hw € 2 altura da alma do perfil metdlico, ¥ 60 Angulo farmado pela junc3o entre alma e banzos do perfl metslico; trespessura do banzo do perf metalico; tw espessura da alma do perfil metalico: H pardimetro fornecido pelo regulamento 1993-1-6 e que assume 0s seguintes valores: % =1,8 para agos de classes malores que $460 (5.1(2) do EC3+1-5) .2 (ou 1,0 conservativamente) para agos de classes até S460 (5.1(2) do EC3-1-5}; Tabela 45 Areas de Carle para Gifereiios porfs © dreacbes de cargas. EXEMPLO 4.7 Pretende-se determinar a resisténcia plastica ao corte transversal de duas secgbes de vigas mistas. Estas so compostas por lajes de betéo iguais e perfis em | diferentes, um constituido por chapas soldadas (caso (j)) ¢ outro laminado a quente (IPE300) (caso (ji)). As dimensdes principais de ambos os perfis (largura, altura e espessuras) so iguais, as diferengas residem apenas no proceso de fabrico. Os perfis sao constituidos por ago $420 N/NL (f,=420MPa; E5=210GPa) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4.87 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS (i) Secgdo Soldada (i) IPE 300 Ve | Ve 1000 100 : 100 a 10,7 300 las 300 ba = 10.7 — eth 107 150 tom 4180, ton Figura E4.711 — Esquema representative do duas secgoes de viga mista jento da area de A resisténcia da secgdo (i) a0 esforgo transverso Vpiraz implica o conhecit corte, Avz, que retirada da cléusula 6.2.6(3) do EC3. A area de corte e 0 esforgo transverso resistente ficam entao: Ayz =, (hygt.) = 12x (300 = 10,7 x 2) 7,1 = 2373,7 mam Para 0 IPE300 (sec¢ao (ii)) 0 procedimento ¢ exactamente 0 mesmo, com ligeira alteracéio na ‘expresso que fornece a area de corte. Ay = A-2bt, +(t,, + 2r)t, =5381-2*150%10,7 + (7,1 +2%15)x10,7 = 2568 mm Veo lt el Yn 10 ‘te. Uma pequena concluséio poderd ser tirada da comparagao dos dois valores de resisténcia obtidos. Apesar das dimensées principais da secodo serem as mesmas, no IPE300 séo contabilizadas as zonas de ligacdo entre a alma © os banzos, tal nao acontece no perfil soldado, 388 ~ INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS em que as zonas equivalentes sé0 constituides por material de soldadura. Assim, e como seria de esperar, 0 esforco de corte resistente do IPE300 (sec¢ao (ii)) € maior. Para secgées com almas betonadas (betdo entre banzos metélicos), a resisténcia ao esforco transverso pode ser calculada segundo a clausula 6.2.6 do EC3, ou aumentada © aumento do esforgo transverso resistente apenas poderd ser tido em conta, segundo a clausula 6. .3(2) do EC4, se 0 betdo entre banzos metalicos possuir estribos fechados ou abertos, desde que soldados 4 alma do perfil metdlico. A soida utilizada para este fim deve ser constituida de ago de classe de resisténcia maior ou igual ao que constitui o perfil metalico. ‘A mesma clausula do EC4 estipula que 0 betdo deve estar convenientemente ligado por conexao de corte ao perfil metalico. A cléusula 6.3.3(3) do EC4 estabelece que, caso nao se encontre um método mais exacto, 0 aumento de resisténcia ao esforgo transverso de uma sec¢ao com alma betonada faz-se na mesma proporcao da sua resisténcia ao momento flector. E estipulado que o esforgo transverso actuante seja aplicado 2c perfil metalic € ao betao existente entre banzos metélicos na mesma propor¢ao com que cada um destes contribui para o momento flector resistente da seccao. No entanto esta proporgao nem sempre @ chvia, observem-se por exemplo as express6es de momentos plisticos resistentes obtidos no exemplo 4.5 deste manual. Nestas nem sempre dbvia a parcela de resisténcia pertencente a cada material, acontecendo até nem estarem presentes nas expressdes pardmetros referentes as resisténcias de todos 08 materials intervenientes. Um método que se propde sera o de encontrar a contribuigao de cada material com apenas um ou dois célculos adicionais. A contribui¢éo de um dado material para 0 momento plastico resistente sera o momento que o “‘bloco de tensées” com a sua area, a sua tensdo de cedéncia e 0 seu centro de massa faré em relacao a linha neutra. Por exemplo, as contribuigdes do perfil metalico, Mars, € betdo entre banzos metalicos, Ms, poderéo ser: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 489 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS, fk /y, Figura 4.39 - Representagao esquemalica de secoao de viga mista cam alma belonada e tensoes normals devido a momento flector negative Muy =dAxZ oa, Yo Mig =A (h—20, Nd, -1, yoast =dR, O esforgo transverso actuante no betdo entre banzos metalicos e no perfil metalico em fungao do momento plastico resistente da seccdo e das contribuigdes dos dois materiais para este fica entéo: i M yiata = Perfil metalico: Vig Vy (6.31) EC4 Maa ~ Beto entre banzos metélicos: Vaca Vea ~ Vine (6.32) EC4 fem que: Mana @ Maz 880 85 contibuigbes do ago @ do beldo entre banzos metlicos, respexvamente, para 0 momento Plastic resisente de seo; Vaea€ Voge 880 08 eslorgos travers actuanes alectados a cada um dos materia referidos Mina @ 0 momento plasticoresistente da seccBo. ‘Nota: nos casos em que a linha neutre atravesse a alma do perfil metalico as tensdes existentes nos materials nao sao todas do mesmo sinal. As contribuigSes dos materiis para momento resistente poderdo ter que ser encontradas através dos momentos de dois "blocos de tensdes" para cada meters 520 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Flexdo associada a esforco transverso O esforgo transverso sé reduz significativamente a resisténcia de um elemento a flexo se 0 seu valor for significativamente elevado. Assim, apenas se considera a sua interaccéo na resisténcia do elementos para valores de esforco transverso maiores que metade da resisténcia plastica do elementos a este esforco: ee considera-se a interacgdo entre os dois esforgos se nao se considera a interacgo entre'os dois esforgos Este tipo de interaccdo pode ocorrer para Momentos e esforgos transversos positivos ou negatives. Em vigas simples a interaozao entre M e V nao costuma ocorrer a meio vo nem nos apoios pois nestas secgdes apenas um dos dois esforgos € predominante. Nestes elementos esta combinagao de esforgos podera ser condicionante para secgdes intermédias as outras duas. Para vigas continuas 2 combinagao dos dois esforgos deverd, em principio, ser mais condicionante na zona dos apoios intermédios. Estas zonas sé0, em geral, aquelas que possuem momentos flectores e esforcos transversos maximos. A solicitagao efectuada pelo esforgo transverso ira submeter a alma do perfil metal oa um dado estado de tensées (tangenciais). Esta solicitagdo fara com que a capacidade resistente restante na alma (para resistir 20 momento flector) seja menor. © EC4 considera a interacgaa entre estes dois esforgos através desta diminuigae da capacidade resistente das almas dos perfis metalicos. A clausula 6.2.2.4(2) do EC4 estipula que, para perfis metélicos da classe 1 ou 2 (onde se consegue desenvolver resistencia plastica), sujeitos a actuagéo de momento fiector e esforgo transverso, se deve ter em conta a interaccao dos dois esforgos reduzindo a tensdo de cedéncia da alma de f,g para f'yg erm que fy, € dado por full=p) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 431 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS, 0,85 .fes (eis Mao Vea lamas EEE ha Figura 4.40 - Eaquema representative da reduga de tensa na alma de um peti melalico devico & acluagao de esforgo Iransverso (retirado de [1)) O paraimetro p 6 dado pela expresso seguinte: a 2 =|/2—4|-1 (6.5) EC4 eles} os O seu valor, que depende da relac&0 Ved/Vpirs, da origem a um grafico de relacao entre os dois esforgos que se apresenta em seguida Ved! Ved A 1.0 Ir 05 U M. £RO My, LRG Mpa Figura 4.41 - Grafico representative da interacgao enire momento flecior e esforgo normal numa viga mista 492 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Para valores de VedVpeq abaixo de 0,5 ndo existe interaccdo entre os dois esforgos, a resisténcia de uma viga ao momento fiestor mantém-se inalterada para valores entre 0 0 e 0 0,5, Este facto pode ser visualizado no grafico na recta vertical de abcissa: Mpira Com Veu= Vpira 0 valor do parametro p é igual a 1, e consequentemente o de fy igual a 0. Isto significa que a alma nao possui resisténcia a0 momento flector quando sujeita a este valor de esforgo transverso, ficando o perfil metélico com uma resistencia 20 momento flector menor ou igual 2 dos banzos, Mrag. Esta situagao de interaceao entre os dois esforgos é representada no grafico acima pelo patamar horizontal de ordenada Veo! Vp.ra =1 A zona do grafico entre Vee! Vpina =0,5 © Veal Vpira =1 & uma parabola devido a variagao de p em fungao deste racio (variagao quadratica). Se 0 momento resistente varia linearmente com a tenséo de cedéncia do material e este varia quadraticamente com 0 “nivel” de esforgo transverso, entéo 0 momento flector resistente varia quadraticamente com o * vel” de esforgo transverso. Nesta situagao p varia entre 0 e 1, fazendo com que fy varie ertre 0 € fyg (mas inversamente, quando Pye fg @ quando Para estudar a interacgao entre os dois esforgos, V e M, obteve-se a curva de interaccdo entre estes dois esforgos para uma viga mista com sec¢ao metalica em I bi-simétrico e laje maciga de betdo. Concluiu-se que a transigao entre os graficos correspondentes @ VIVp,ng¢0,5 & VIMp.nc>0,5 & suave e dé-se sem pontes angulosos. A transigao entre 0 grafico de VVprcH1,0 & 0,5 {mm 100,0 Figura E481 — Eequeria represomlatvo de SecoBo Ge viga mist. primeiro passo sera encontrar 0 parametia 9 e em seguida a tensao de cedéncia que se vai considerar para a alma do perfil metalico, Fy o-{(2%4)4] =[(2«0,7)-1F =0,16 S'va= fall = p)= (1-016) fig = 984 Fou Pretende-se encontrar, em seguida, o momento resistente plastico positivo da seccao. Comega-se por encontrar as forgas exercidas por cada um dos materiais da seccao: ~ Forga realizada pelo banzo de betao: Re = hi buy 085 L4 = 01410085 y 25108 = 19833 AN ~ Forga realizada pela alma do perfil metalico: = (4-34, ) f= (40010 +100%10%2— 100% 10%2)0.84x 920 4112 kW ~ Forga realizada pelo perfil metalic: =1AUL2 425100510 «220107 _ 9951,2 ke R, =VAN2 Ry sup + Ry ye = IAN + 2b/ f 7 sue +R. 16S 0 496 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Conelui-se, mais uma vez, que a linha neutra se ira situar no banzo superior do perfil metalico. Impde-se entao o calculo da forga R: Re 2251,2 -1983,3 DF, =0> 8. +2R=R, > R= : 134 kN A espessura de banzo comprimida sera: 4 a jp 10-32 mm 100 x 10x 9% 0 9.85 Fok = te Figura E4872 ~ Eaquéma represenalivo das tenses norinats na Se0ga0 Ge viga mista quando sujella a momento positvo, © momento resistente pode ser calculado da mesma maneira que no exemplo 4.6 por se tratar de uma secgdo onde 0 perfil metdlico € bi-simétrico. A forga gerada pelo perfil metalico foi ja encontrada e o momento pode consistir apenas na multiplicagdo dessa forga pelo respectivo brago, apesar existirem diferentes valores de tensbes 20 longo de area do referido perfil =R(¥% "4)-28{ 4 +h \= 262 OI) aig SO M, Pt =2251,2 { 2) 24) ertasanim INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 497 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Realiza-se, em seguida, a diminuigéo do momento flector devido a utilizagao de acgos de alta resisténcia (cléusula 6.2.1.2(2) do ECA) 0 racio da distancia da linha neutra pléstica a fibra de betéo mais comprimida com a altura total da seogio 6: Xy _ 1404+3,2 h 560 B Para encontrar 0 parametro B teré que se interpolar entre os valores conhecidos do grafico da figura 6.3 do ECA: 085-10 104+" —"" < (0,257- 0415) = 0,936 a "04-015 ( ) © momento resistente plastico positivo encontra-se através da multiplicagao do valor para ele ja encontrado pelo parametro B: M ping = 6115 f = 611,5%0,936 = 572,4 kN. Como seria de esperar este momento resisiente € menor que o encontrado no exemplo 4.6. Pretende-se agora encontrar 0 momento resistente plastico negativo da seccao ‘Aforga exercida pelas armaduras ordindrias é a mesma do exemplo 4.6: 400x107 571 ° 15 6.4 kN Dado que as forgas exercidas pelo perfil e pela alma so ambas maiores que a exercida pela armadura conclui-se que a linha neutra plastica esta na alma. A posigao desta encontra-se por equillbrio de forcas horizontais na seco: Yk, =05 8, +R, 0x1, x22 =k, +(400-x)e1, xt 7 Yo Yo 0.84 x 420%10 1,0 0.84 420x107 = 546,44xx 10% = (400-x)x10x => x=122,6 mm 438 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura E407 ~ Eaqueria ropresonlalve da Geribugao de tonabes na Secpho de viga mista quando Sujlta @ momento negative A classificago do banzo inferior dispensa-se pois este foi ja classificado & compresso pura como sendo da classe 1. Nao se pode afirmar também que a alma ¢ da classe 2 pois a sua area comprimida aumentou, tera que se verificar se esta ainda se mantém da classe 2: 400-x _ 400-1226 400 400 = 0,6935 > 0,5 < 4566 __456x0, ek = 42,63 alma da classe 2 13% 0,694. © momento resistente pldstico negative nao poderé ser calculado com recurso ao método simplificado da cléusula 6.36 do EC3. Este facto deve-se 4 nao uniformidade de tensdes ao longo da area do perfil metalico. Assim, 0 momento resistente tera que ser a soma dos momentos de cada um dos “blocos de tensdes’ existentes na secedo. Calcula-se esse momento resistente em relagdo ao centro de gravidade das armaduras de reforco: to) \ 084 M yas = a{ Len, (+4 +5)e, BE + Nae) 2 Ye =x) 084 f, " ) [uth +240 * |(400 xt, +4R, Ge +h, +h, |= % 2) 0,84 420 FM = 0-10? «(1 ' 100)-(100+10 «228 }10% 49 085320 ) 2) r { 1.84 x 421 f \ 10+100+122,6 + (400 ~ 12,6) 10 x 284% 420 499 10° x 3104100 400 |= \ r \ } =M, 293,84 kN INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 458 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Como seria de esperar, também 0 momento negativo resistente diminui com a actuagao de esforgo transverso. 4.7 Esforgos Resistente com conexdo de corte total — Analise Elastica Nao @ vulgar recorrer-se anélise elastica de seogdes no dimensionamento e verificagao de seguranga de estruturas de edificios. Nestes os perfis utilizados so de dimensSes reduzidas, e logo de classes baixas (1 ou 2). A anélise eldstica de secgdes reveste-se de maior importancia para 0 calculo de esforgos resistentes de vigas mistas utilizadas em pontes e estruturas especiais onde as secgdes podem possuir dimensdes consideraveis @ por isso nao desenvolverem resisténcia plastica. Os principios basicos da analise elastica usados em construgao mista foram referidos no ponto 4.5 deste manual. Pretende-se neste ponto comparar metodologias de calculo e apresentar exemplos. Nao se aprofundara tanto como para andlise plastica pois a analise elastica é um assunto bem mais conhecido e estudado. Flexao O estudo da resisténcia eldstica de uma seco heterogénea acarreta problemas relacionados com as tensées nas interfaces entre os materiais. Porque 0 betdo e 0 aco tém diferentes médulos de elasticidade extensdes iguais resultam em tensdes diferentes. Tais diferengas de extensées em zonas vizinhas & interface trazem problemas de compatibilidade, o estudo do comportamento dos materiais nestas zonas obriga a que se usem secgées homogeneizadas — secgées equivalentes a o1 al com a mesma rigidez desta Os coeficientes de homogeneiza¢ao foram ja apresentados nos capitulos anteriores. Poderao ser utiizados para acgdes instantaneas ou diferidas no tempo, respectivamente ny € n.. Neste Ponto apenas se referira a eles como n, nao se discute se sao referentes a curto ou a longo prazo por nao ter, este pormenor, qualquer importancia para o que se apresenta. 4.100 7 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Assim, de uma seccao mista ago-betdo genérica de viga mista, Figura 4.43 ~ Secgao generica de viga mista Sujata @ momento poslivos, obtém-se facilmente uma seceao homogeneizada equivalente: Figura 4.44 — Seoylo genera de viga mista homogenelzada. A andlise elastica @ agora a de uma secgac constituida por apenas um material. O facto das leis constitutivas serem as mesmas ao longo de todo o dominio da seccao permite que se use apenas uma expresso para 0 célculo do momento flector resistente para cada fibra condicionante. Esta expresso € @ que permite encontrar 0 momento flector através da inércia e da tensdo de cedéncia de um dado material . L My = Wap XO uy = ~% Gos v fem que: Wal & 9 médulo de flexi eldstico de uma secodo; ced @ a tonso de cedéncia de um dado material; ea inércia da secgao em torne do eixo de flexdo; Va distancia entre a linha neutra eléstica e a fibra condicionante INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 401 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Existem, @ partida, duas fibras condicionantes ébvias numa seccéo mista: a superior e a inferior. Porque a seccao podera ter configuragao diferente da apresentada ou porque poderé possuir betdo entre banzo metalicos chama-se a atengdo para a hipotese das fibras dos materiais mais préximas da interface poderem vir a ser condicionantes. Analisar-se-0, em seguida, as cinco hipéteses para 0 célculo de momentos elasticos de uma sec¢ao mista: momentos flectores positivos e negatives com linha neutra abaixo e acima da interface entre os dois materiais. Em cada uma fornece-se a expressao para ¢ momento elastico resistente em fungéo das caracteristicas da secga0 e dos materiais que a constituem. Os casos 2 e 3 consistem na mesma situagéo mas com 0 betéo possuindo ou nao resisténcia traceao. Cada um dos casos possui varias hipéteses para as fibras que condicionam a resisténcia da secedo a0 momento flector. O momento flector resistente é © menor dos obtides para as diferentes fibras condicionante. Caso 1: Momento positivo e linha neutra abaixo da interface As secgées actuadas por momentos positivos tém de ser homogeneizadas antes de se proceder 20 calcul da resisténcia. Apés a homogeneizagao e antes do célculo do momento resistente 6 determinada a posicao da linha neutra (como foi explicado no ponto 4.5) € a inércia (da secgdio homogeneizada) em torno do eixo de flexao. Figura 445 — Seco genérica de viga mista © dsiibuigao de tensbes elasticas, 4102 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS fibra inferior do perfil metalico condicionante: Begin Figura 4.46 ~ Secqao genérica de viga misla 6 distrbuigao de tensbee eléslicas para fibra condicionante a inferior do perf metdlico, yt ee Mong Wa X Coca = fibra superior do banzo de betao armado condicionante: ber/n Figura 4.47 ~ Secgao genérica de viga mista ¢ distibuigao de lensbes elaslicas para fibra condicionante a superior do bbanzo de betao. Mapa = Woy PX Gg = xnx ph, ve h fa INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4103 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Nesta situacdo € necessario multiplicar os valores obtidos para o momento resistente pelo coeficiente de homogeneizagao, n, de modo a inverter a homogeneizagao e obter assim a cedéncia de uma fibra de betdo na area de betdo existente na viga, Ac. Tal multiplicagao deve-se a0 facto do médulo de flexdo ser uma drea muttiplicada por um braga. Relembra-se que a relagdo entre as areas de betéo e de ago ser dada pelo coeficiente de homogeneizagao par ser obrigatério manter a rigidez do elemento: O momento elastico resistente para uma sec¢ao mista sujeita a momento positivo e na qual a linha neutra esteja abaixo da interface entre os dois materiais é entéo o menor dos momentos determinados anteriormente: Mappa = min: Figura 448 SeoqSo ovtaica de vga ita “a104 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS = fibra inferior do perfil metalico condicionante: Figura 4.49 ~ Seccao genérica de viga mista e distribuicae de tensbes eldsticas. tf fy Mgng = Wey % Ogg = : tHe 4 - _ fibra superior do banzo de betdo condicionante: Ye © momento elastico resistente para uma sec¢ao mista sujeita a momento positive e na qual a linha neutra esteja acima da interface entre os dois materiais é INSTITUTO SUPERIOR TECNICO - 4.405 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS _ Caso 3: Momento positivo, linha neutra acima da interface e betdo sem resisténcia a traccdo Neste caso considera-se que 0 betdo nd resiste a tracgdo. Assim, tem-se uma seceao cuja posicao da linha neutra eldstica se encontra através de uma equacao do segundo grau. A secgao homogeneizada é a mesma do caso anterior. bg /n Figura 451 ~ Seogio goreica de vga rita As fibras condicionantes e as expressées que fomecem os momentos de cedéncia so as mesmas do caso anterior pelo que se dispensa a sua apresentago novamente. Apresenta-se antes a determinagao da linha neutra eléstica. Com esta consegue-se determinar facilmente a inércia da seccao e assim realizar toda a analise elastica. EXD yp x DA Fens gt eh +9) xi xb, Koy =A ors 4 ied xx a i xh tye 4 xxb, n” 2x A, + n saan) [. ochre we) = Ada? Wt A, x x= A, x(h, + y)=0 +" x= \ 2xn 4108 ~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 4: Momento negative e linha neutra abaixo da interface Para secg6es sujeitas a momento negativos 0 cdlculo do momento elastico resistente nao requer homogeneizacao da seccdo. Considera-se que 0 betdo nao possui resisténcia por estar fendilhado, logo a secgdo é toda constituida por ago (com o mesmo médulo de elasticidade): das armaduras e do perfil metalico. Figura 452 ~ Seoqio gentiica de viga mia sje a riomentos negaINGS, ‘A seceao mista sujeita a momentos negativos, sem a resisténcia do bet&o armado e onde a linha neutra esta no perfil metélico pode ser condicionada por trés fibras: fibra inferior do perfil metalico, fibra superior do perfil metalico e fibra das armaduras ordinarias (considera-se que estas so constituidas por apenas uma fibra) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4.107 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS ‘Tem-se, assim, trés hipdteses para o calculo do momento elastico resistente’ - fibra das armaduras ordinarias condicionante: Ya Figura 4.53 ~ Seagao genavica de vga misia cujela a moments negalivo 6 dIstibuigao Ge lensbas elasticas para fibra concicionante a das armaduras ordindrias. Jy fw Mang Wey % Og = tas Wa * Goat Gy Nota: os acos constituites da secg3o possuem 0 mesmo médulo de elasticidade. A inclinagao do diagrama de tensoes nna secede @ igual para os dois tipos de ago (estrutural © de reforco). Esta consideracao permite saber, & partida, se as ‘armaduras ordinarias s8e condicionantes na resisténcia da secg8o a0 momento fiector. 4108) INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS = fibra superior do perfil metalico condicionante: Figura 454 Socgao genérca de viga mista sujeia @ momento negative e dstibuigao de tensGes elasticas para bra ‘condicionante a superior do peril metic, Nota: A discusséo em tomo da ‘bra condicionante assenta @ depende de, apenas, trés pardmelros: médulos de elasticidade dos dois apos, Ea"Es, distancia a que as armaduras esto do perfil metalico, hs, @ tenses de cedéncia dos dois agos fy € fs. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4108 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS: = _fibra inferior do perfil metalico condicionante: fy Ya Figura C5 = Secplo genbica do vga isa aia remote naga & GetibUgbo de Tenses GBSTGRS para tra ‘ondiconante aaron do pol meta © momento elastico resistente para uma seccao mista sujeita a momento negativo ¢ entao 0 menor dos momentos determinados anteriormente: 1 Mogg = min] yeh,” 7, 4170 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Momento negativo e tinha neutra acima da interface Este caso é semelhante ao anterior ne entanto a existéncia da linha neutra entre o perfil metalico e as armaduras implica a existéncia de apenas duas fibras condicionantes na seccao: a fibra inferior do perfil metalico e a das armaduras. Figura 4.56 — Secgo genérica de viga mista svjela a momentos negatvos. A obtengao da linha neutra é muita facilitada quando se considera como referencial a linha média das armaduras. A, i % y, x y, ey = Aas op MOF AU AD) ACh ty) YA Apt, 4, +4, - _fibra inferior do perfil metalico condicionante: Figura 4.57 — Secgao gendrica de viga misia sujita a momento negalivo e distibuigao de lensoes elasticas para fibra ‘candicionante a inferior do perfil metéico INSTITUTO SUPERIOR TECNICO aait ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS - _ fibra das armaduras ordinarias condicionante: fox Figura 4.58 ~ Seoga0 gonerica de viga mista sujelta a momenio negalivo 6 distibuiglo de tensées elasiicas para Tra Condicionante a das armaduras ordindras. Notas: Uma chamada de atengao importante convira fazer sobre as expressOes apresentadas alrés. Apresentaram-se expressées para 0s momentos floctores resistentes com a linha neutra elastica situada no perfil metalico. Tais expressées baseiam-s no concelto de que a grandeza v é a distincia da linha neutra elastica a fibra condicionante da sec¢ao, medida na perpendicular ao elxo de fle Havers, certamente, situagdes em que se possuem momentos flectores actuantes © se pretende encontrar no o momento flector resistente mas sim a tensdo em todas as fibras “crlicas” para tentar perceber s@ @ Seog resiste ao esforco que Ihe é aplicado. Nestes casos o principio a usar € 0 mesmo e as expressoes ullizada também, a grande diferenca esta na incégnita, que é agora a tensio na fibra em vez do momento ector na seccao. Este assunto é estudado com mais pormenor mais adiante no ponto 5.5, que estuda a influéncia do processo canstrutivo nos esforgos do vigas mistas, Poderdo surgir dividas sobre @ existéncia ou nfo de um caso 4 em que a linha neutra esteja situada entre o perfi tmetdlico @ as armaduras para momentos negatives. Este caso 6 raro @ no se estuda pois nBo traz qualquer novidade relativamerte aos anteriores, para encontrar o momento resistente basta encontrar as forgas exercidas pelos materials © efinir 0 bindrio de duas forgas de igual intensicace. an2 ISTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. EXEMPLO 4.9 © exemplo que se apresenta tern como principal objectivo 0 célculo do momento elastico resistente, Mera, da seccdo mista em tudo semelharte 3 que foi apresentada nos exemplos 4.6 € 4.8 com a excepgdo das dimens6es do banzo de betdo armado. Esta secgao ¢ constituida pelos mesmos materials da referida € apresenta-se em seguida (convém referir que a area de armadura de reforgo é menor por também 0 ser a largura efectiva). 00,0 (h, = 0) | i 10.0 10,0 | = (mm 100,0 Figura E4.9/1 — Esquema representativo de secgao de viga mista, A determinacéo do momento elastico resistente positive, Mere, comeca pela homogeneizagado da sec¢do. O coeficiente de homogeneizacao e a seccao homogeneizada apresentam-se em sequida. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO aa1S ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS h.=100,0 (h, = 0) Figura £4,512 — Esquema representative de secgao do viga mista homogeneizada Calculada a secgéo homogeneizada encontra-se @ inércia e a forma do diagrama de tensdes da secedo. 1, = 36728,1 om‘ Figura E4.9/3 — Esquoma representativo de Seog de viga mista homogensizada @ do diagrams elaslico de tensbes. Encontrada a secgéio e a sua linha neutra eldstica tem-se todos os pardmetros necessarios ao calculo do momento elastico resistente positive. Como se pode ver atrés este € um caso do tipo 1 (momento positive e linha neutra abaixo da interface entre os dois materiais), @ expressao usada para o célculo do momento elastico resistente positivo, Merut, baseia-se na possibilidade de cedéncia da fibra inferior do perfil metalico e da superior do banzo de betdo. ante INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS My miny —— x Os parametros referentes aos materiais podem ser retirados dos exemplos anteriores @ excepgao do coeficiente de homogeneizacao que foi jd calculado no exemplo presente. A dimensao y 6 calculada através das dimensdes ja conhecidas do perfil metdlico e da posicao da linha neutra elastica. y = 420-353,4 = 66,6 mm O momento elastico resistente positivo é entéo: 420 , 367281210" 1 552 | 420-666 1,0 66,6+100 ° = min{ 4365 ; 497,9 }=436,5 kNun = min. A fibra condicionante é a superior do perfil metalico. Caso se pretendesse saber apenas qual a fibra condicionante bastaria, por exemplo, determinar a tensao na fibra inferior do perfil quando betéo entrasse em cedéncia através da relacao entre as tensbes elasticas destas duas fibras (retirada do diagrama representado anteriormente).. oc.) Lei te 0,47 (nx, y)o,4 = 0.47 , Fog [isss noe J own = 480,5 MPa > 420 MPa Conelui-se ento que quando 0 betao cede jé 0 perfil metalico cedeu antes (por estar ja com uma tensdo superior & sua tensdo de cedéncia Pretende-se agora determinar 0 momento elastico resistente negative, Mira da seogdo em. estude. A seopao a considerar é agora a do estado fendilhado, apenas com o perfil metélico e as armaduras. A area de armadura de reforgo é de 1428mm? (020/0,20m). A inércia desta secgao e a distribuigdo relativa de tenses apresentam-se em seguida 1, =23441,7 om* INSTITUTO SUPERIOR TECNICO an5 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS 265,8 Figura E4.9/4 ~ Esquema represenialivo de secqao de viga mista homogeneizada e do diagrama elasico de tensbes, O caso que se aplica € 0 caso 3 (momento negativo ¢ linha neutra abaixo da interface) e a expressao a usar para 0 calculo do momento elastico negativo resistente é a que se apresenta em seguida. A fibra condicionante podera ser uma de trés: fibra inferior do perfil metalico, fibra superior do mesmo e fibra das armaduras ordinarias. Ie Se yeh, ¥, Mauna Os pardmetros intervenientes so todos conhecidos, chama-se a atengao que y € agora 0 que ‘se apresenta na figura anterior. yeh 1 yY Ye by 7, vin FAT 400 23441,7x10* 420 23441,7x10* a varie glib tl 1542480 “115° 1542 10° 420-1542 10 = min{ 348,15 ; 638,50 ; 370,41 } = 148,15 kN a6 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Como seria de esperar 0 momento eldstico resistente negative é menor que o positivo. A fibra condicionante é a inferior do perfil metdlico, tal seria de esperar por se terem agos (das armaduras € do perfil) com tensdes de cedéncia semelhantes e por ser ter uma distancia entre esta fibra e linha neutra elastica maior que as que existem entre quaisquer outras. Corte calculo do esforgo de corte actuante em regime eléstico é um dos assuntos de estudo da Resisténcia de Materiais e é referido no ponto 4.5 deste manual. Como ja foi referido no ponto anterior deste capitulo, a dificuldade de encontrar o esforgo de corte resistente do conjunto perfil metalivo @ laje de betao é grande, o que “obriga” a que se encontre a resisténcia de apenas o perfil metalico Em fungao da direccéio do esforgo de corte, ¢ caso este seja paralelo a um dos eixos principais de inércia da seccdo, assim se poderd ter um diagrama de tensdo e fluxo de corte recto ou parabélico do 2° grau. O fluxo de corte varia em cada ponto, como se sabe, com 0 momento estitico e com 2 espessura (esforgo transverso actuante € inércia da secgdo consideram-se constantes), Veg S lar aT (6.20 EC3) em que “eq 6 0fux0 de corte num dado ponto do perf metalic: {Gee 40 flaxo de corto num dado ponto do peril metlco, t é a espessura co peri metélico no ponto considerado; Vea 6 0 esforgo tansverso actuente: S 0 momento esttico do ponte considerado em relagso 20 eo que passa no conto de massa da secpao © € perpendicular ao estorgo transverso actuante; 1 6.0 momento de inércia em relaglio ao eixo acima reterido. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO an7 ANALISE DE SECCOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS Figura 4.59 — Diagtamas de tensbes elasticas para diferentes direcgses de esforgo transvérso actuante, Podem-se definir pontos eriticos da secgdo no que diz respeito a resisténcia ao esforgo transverso, que sa0 0s pontos onde se ver am maiores valores de esforco transverso. Para que a secedo resista ao corte em regime elastico € necessério que cada ponto critico ndo ultrapasse a capacidade resistente do ago ao corte, o que resulta na expresso 6.19 do EC3 e que foi j& mostrada no ponto 4.5, Faeealae (6.19 EC3) ‘em que todos os parémetros envolvidos so ja conhecidos, Garantir que 0s pontos criticos respeitam esta condi¢ao garante automaticamente que 0s perfis metalicos utilizados em vigas mistas nao excedem a sua reserva de resisténcia ao corte transversal. A determinagao do esforgo de corte resistente passaré entéo por substituir 0 esforgo de corte actuante tes pela expressao 6.20 do EC3 (presente na pagina anterior) e encontrar, a partir da condigao 0 esforco de corte resistente m4ximo Vru=Vea A verificagao de perfis metalicos ao corte através desta expressao deverd ser realizada quando existe a certeza que as almas (elementos paralelos ao esforgo de corte) néo sofrem de encurvadura por corte. Este assunto é tratado no capitulo sequinte deste manual Para secgées em | ou H o EC3 propoe uma expressao alternativa e relativamente simples para a determinagao da tensdo de corte actuante: se Ay /Ay 206 (6.21 EC3) em que: ‘Ay @ a area da alma e pode ser tomada como hx ty Aya area de um banzo, a8 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 4.10 Considere-se a viga mista apresentada no exemplo 4.7 constituida por laje maciga de betao e perfil metalico composto por chapas soldadas. O ago que constitui o perfil metalico é $420 NINL (f=420MPa; E,=210GPa). Figura £4.10 — Esquema representalivo de secgao de viga mista, Pretende-se determinar o esforco de corte ela o resistente segundo z para a viga mista em causa. Os diagramas de tensdes tangenciais provocadas pelo esforgo de corte segundo z apresentam-se em seguida e tinham ja sido apresentados no ponto 4.5. A obtenodo destes diagramas foge ao ambito deste manual e pode ser encontrado em qualquer manual de Resisténcia do Materiais. Figura E4.10/2 — Diagramas de tenses tangenciais num perfil em provocado por esforgo de corle segundo z INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 4119 ANALISE DE SECGOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS O ponto critico desta seccao quando sujeita a este esforgo de corte € 0 centro de gravidade, ou seja, 2 ponto a meia altura da alma por ser neste que se da a tensdo de corte maxima. Assim, na condi¢ao 6.19 do EC3 coloca-se a expresso obtida do diagrama de tensdes tangenciais: h ) 2xL tab) z, ft — <10 2 —i —_ <106- Re) 25x10° R, Irby 085 F< 014x100 85% a 1983,3 KN A forga exercida pelo perfil metalico, Rs, e pela sua alma, Rw, permanecem inalteradas: (2x100x10+ 400%10)x42 20 kN = R, -2R, = 2520x10° 2 (400>10) «42> = 1680 Av A fora exercida pela lamina de compressdo da laje quando se est na presenca de uma percentagem de conexao de 80%, Ne € dada por: N, =1.N,, =0,8%1983,3 586,6 KN Nestas condigées tem-se a forca no betdo, Re, menor que 2 forca do perfil metalico, R,, e da alma deste, Rw. Assim, a linha neutra inferior atravessa o perfil metalico na alma. Encontra-se, em seguida, a posicao de ambas as linhas neutras. Para a linha neutra que atravessa a laje de betdo a expressao foi j4 apresentada e a distancia é contada a partir da fibra superior do banzo de betao: 1586,6 25x1 15 xby 085 fa =N,> x = 101,8 mm 1100x085 Para determinar a posig&o da linha neutra que atravessa a seccdo metélica faz-se o equilibrio de forgas horizontais, a distancia é contada a partir da fibra superior da alma do perfil metalico: 4134 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. O calculo do momento plastico resistente ¢ feita através da expressdo deduzida no caso 4 do exemplo 4.3, O uso desta implica 0 conhecimento de algumas das grandezas intervenientes: rea do perfil metalico: A=2bet, +h, t, =2%100 x10 +400 x10 = 6000 mn™ — forga de compressdo na laje de betdo (diferente do exemplo 4.6 porque a lémina de betéo comprimido tem espessura diferente devido a menor percentagem de conexao): 1586.6 AN = momento resistente do perfil metalico (ja calculado no exemplo 4.6) 172,2 kN.m ply. ara = Wy ie — distancia h, (dado que n&o existem nervuras entao esta grandeza é tomada como a espessura de beto traccionada para se poder adaptar este exemplo a expressao dada pelo exemplo 4.3) h, =h.y ~x=140-101,8 = 38,2 mm A expresso fornece 0 momento plastico resistente para uma seogao onde nao sejam utilizados acos de alta resisténcia (S420 ou S460) (0,42 , ) =1586,6x{ 24? «0.0382 + 4018), — tga xf =570,2 kNan (2 2) ( 6000~2x100%10 } \ 2520 } 26000) Realiza-se, em seguida, a diminuigéo do momento flector devido a utilizagéo de acos de alta resisténcia (clausula 6.2.1.2(2) do EC4). TNSTITUTO SUPERIOR TECNICO a 4.135 ANALISE DE SECQOES TRANSVERSAIS DE VIGAS MISTAS racio da distancia da linha neutra pléstica (que atravessa o perfil metélico) a fibra de betéo mais comprimida com a altura total da secedo é: Xp _140+10+21,23 _ 9 306 Para encontrar o parémetro B tera que se interpolar entre os valores conhecidos do grafico da figura 6.3 do EC4: 0, .0 04-015 B=10 x (0,306 ~ 0,15) = 0,906 © momento resistente plastice positivo encontra-se através da multiplicagao do valor para ele ja encontrado pelo parémetro B: Men 66,3 x f = $70,2 x 0,906 = 516,6 kN.m Como seria de esperar 0 momento resistente para uma situagao de conexdo total (exemplo 4.6) € maior que para uma situagéo de conexéo parcial. 4136 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS __ 5 Vigas mistas 5.1 Generalidades.... 5.2 5.2 Métodos de andlise global 55 Anélise eldstica linear... 5.6 Analise eléstica sem fendithagao ee eee a0) Analise elastica com fendithacao 5.18 Anise 11gid0-PIastica oo... ses eee AT) Andlise elasto-plastic 5.26 5.3. Redistribuigao de momentos flectores em vigas continuas. 05.26 EXEMPLO 5.1... 5.31 5.4 Dimensionamento da conex&0 de Corte... . 5.39 Conexdo de corte total... 5.40 Conexéo de corte parcial... 5.46 Métodos para distribuigao dos conectores em vigas mistas. 5.50 EXEMPLO 6.2... 5.55 5.5. Influéncia do proceso construtivo NOS @SfOFCOS warnnnetnnnininesnnieseninsennse 5.59 Sem escoramento 5.62 Com escoramento. 5.67 EXEMPLO 5.3. 5.70 5.6 Determinacao das deformagoes . : 5.78 EXEMPLO 8.4 vroseroe ee eee ere ene 5.7. Influéncia da conexao parcial sobre os esforgos € defOrMAgE€S wvereeeennerenseeee 5:88 EXEMPLO 5.5. . 5.100 5.8 Controle da fendilhagao do betéo.. 5.106 5.9 Encurvadura por esforgo transverso. 5.109 Contribuigao das almas. 5.113 Contribuigéio dos banzos. 5.119 EXEMPLO 5.6. 5.121 5.10 Interacgao entre flexdo e encurvadura por esforgo transverso. 5.124 EXEMPLO 57... 5.127 5.11 Encurvadura lateral de vigas MistAs ..0-vssnnersnsnsennnssese 6.132 Momento critica e88t100 oon eee olias Método de veriticagao directa e uso de contraventamento lateral... seven 5183 EXEMPLO 5.8. 16.158 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO a4 VIGAS MISTAS. 5.1 Generalidades O presente capitulo tem como principal objecto de estudo o comportamento de vigas mistas, simplesmente apoiadas e continuas. As primeiras podem ser encontradas em pavimentos cuja ‘istribuigdo de cargas se faz numa sé direccdo, nestes casos as vigas sao apoiadas em pilares ou em vigas continuas de maiores dimensées. As vigas continuas so utilizadas em todos os tipos de pavimentos, desde edificios a pontes, e caracterizam-se por possuir continuidade entre os vaos Este modelo de viga € muito utilizado em pavimentos compostos por malhas reticuladas de perfis, metélicos nos quais assentam (e se conectam) lajes em betdo armado. Figura 8:1 - Fequema represeniaino de duas vigaé misas, uma Smplesmente apolada 6 outra continua (iguras ae b ~ vigas simplesmente apoiades, iguras ce d ~vigas continuas). 52 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS _ As vigas mistas so constituidas por trs elementos principais: banzo de betdo armado, perfil metalico de ago € meio de conexao. Os tipos e formas das secgdes de vigas mistas bem como os materiais nelas utilizados foram jé referidos nos capitulos 2 € 4, respectivamente. Os tipos e meios de conexéo de corte, bem como suas pormenorizagées, esto explicados no capitulo 3 deste manual No capitulo que se apresenta so estudados alguns métodos de analise global para os dois, tipos de vigas referidas. Estes métodos encontram-se esquematizados com fendilhagao elastica Métodos de andlise de vigas mistas | sem fendilhagao | | Rigido-plastica abaixo: com redistribuigao de esforgos sem redistribuigao de esforgos com redistribuigao de esforgos sem redistribuigao de esforcos Eaquema 51 Welodoe de andive do vigas misias. A redistribuigao de esforgos em anélise elastica ¢ também estudada e realizada apenas para vigas continuas O uso de cada uma destas andlises depende, como jé foi visto no capitulo anterior, da classe das .cces metalicas que constituem as vigas mistas. Neste capitulo sao fornecidas as ferramentas necessarias para, juntamente com os esforgos resistentes das secgdes (explicados no capitulo anterior), se proceder as verificagées dos estados limite de vigas mistas. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 53 VIGAS MISTAS Os estados limite Ultimos sao verificados através da comparagao dos esforgos encontrados. nas analises globais com os odtidos na analise de secgdes (nao serao estudadas as instabilidades por encurvadura das almas metalicas e por bambeamento de vigas continuas sujeitas a momentos negativos). Os estados limite de servico passiveis de ocorrer em vigas de estruturas de edificios (deformagao e fendilhagao) nao sao estudados nesta fase do trabalho mas sé-lo-40 mais adiante. Fornecer-se-do ferramentas para 0 calculo das deformagées e métodos de controlo da fendilhagao do betao. Em vigas mistas © processo construtivo toma um papel de especial importéncia, como jé foi referido no ponto 1.2 deste manual. As vigas mistas so constituidas por dois materiais cuja solicitagéo nao pode ser feita em simultaneo, 0 faseamento e 0 processo construtivo revestem- -se de uma importancia que noutras condicdes nao teriam. Uma viga convenientemente escorada aquando da betonagem podera ter um perfil metélico de menores dimensées que nao tera de equilibrar 0 peso do betio antes que este adauira resisténcia Em vigas mistas, para além dos estados limite comuns a outros tipos de vigas, ha que garantir a seguranga do meio de conexao. Neste capitulo so estudados alguns métodos para o seu dimensionamento e regras para a sua distribuigao ao longo das vigas mistas. 34 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 5.3 - Parnos de caboga igados a pers melalicos de vigas mista. 5.2. Métodos de analise global Os métodos de andlise global de vigas mistas so usados para determinar os diagramas de esforcos actuantes nestas. Os diagramas relevantes para este tipo de elementos so os de esforco transverso e momento flector, Vew € Mea, ‘espectivamente. Os esforgos sao encontrados pelos métodos de andlise global para: diferentes cargas e, por vezes, para diferentes condiges de apoio ou rigidez das vigas. Diferentes cargas obtém-se de diferentes combinagées aos varios estados limite (servigo uiltimos). Como se sabe, uma combinago de cargas que se pretenda que represente um estado limite aitimo (carga que provoca o colapso da estrutura) tem um valor muito maior do que uma combinagao de carga que represente um estado limite de servigo (carga a que a estrutura esta preparada para resistir um grande numero de vezes). Variagdes nas condigdes de apoio ou na rigidez das vigas pode dever-se a0 proceso construtivo (escoramentos que funcionam como apoios durante a construgo) ou @ fendilhagao sobre os apoios intermédios do betdo que constitui e viga (em vigas cortinuas). Os métodos de andlise que podem ser usados para encontrar as distribuigdes de esforgos em Vigas mistas séo: anélise elastica linear, andlise elasto-plastic e andlise rigido-plastica. Neste capitulo consideram-se apenas o primeiro e ultimo destes trés por serem estes os mais usados na pratica em edificios (0 esquema apresentado no ponto anterior apenas mostra estes dois métodos de andlise) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 35 VIGAS MISTAS Nos métodos de andlise global os efeitos do escorregamento longitudinal s4o desprezados. Tal acontece porque, para zonas de momentos negativos, néo é considerada conexdo parcial. O uso desta reduziria um pouco a rigidez de flex das zonas de vo, no entanto, para niveis de conexao correntes, a incerteza sobre esta redugo aparenta, ainda assim, ser menor que a provocada pela fendilhagao em zonas de momentos negativos. Andlise elastica linear Este tipo de andlise baseia-se na conhecida teoria da elasticidade, leccionada nas disciplinas de estatica e resistencia dos materiais. Em cada seccao 0s diagramas de tensées e detormagées sao lineares ea linha neutra é a elastica para qualquer nivel de esforgo aplicado a secgao (que passa no centro de gravidade da seccao). Parte-se do principio que a obtencdo de esforgos em elementos de barra com determinada rigidez de flexéo, EI, constante é do conhecimento do leitor, pelo que se dispensa grandes referéncias sobre este assunto. Sendo o esforgo transverso € 0 momento flector os dois esforgos actuantes em vigas, relembra-se apenas que o primeiro é a derivada do segundo, dM op dx Vey = ‘em que X é @ coordenada medida na direcgdo do elxo da viga mista Um aspecto a ter em conta na andlise eldstica linear de vigas mistas consiste na existéncia de dois materiais na seccdo. A inércia de uma dada seccao s6 pode ser encontrada se esta for constituida por um so material, o que obriga 4 homogeneizagao desta, “convertendo” a area de beto numa area equivalente de ago. A homogeneizagao da seco numa apenas de aco é realizada através dos coeficientes de homogeneizacao, apresentados e explicados no ponto 2.1.6 deste manual n =m (1+V,9,) 56 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Estes coeficientes permitem a consideracdo dos efeitos diferidos no tempo, tais como a retracgao € a fluéncia. Para considerar estes efeitos no dimensionamento de vigas mistas aconselha-se a ler 0 ponto 2.1.6 deste manual ou a clausula .4.2.2 do EC4 Efeitos de acgdes como a temperatura ou deformagdes impostas (pré-esforgo) fogem ao ambito deste manual Para a temperatura aconselha-se a consulta do regulamento EN 1991-1-5, no entanto adianta-se que os efeitos provocados por este tipo de carregamentos pode ser desprezado para estados limite que nao envolvam fadiga Para proceder a uma andlise global tera que se definir a secgdo resistente em cada zona da viga mista. Além do perfil metalico ter-se-d que definir a largura efectiva do banzo de beta. Como foi referido no ponto 4.3 deste manual, consideram-se, por simplicidade, larguras efectivas ao longo de cada vao quando se procede a anilises elasticas lineares. Figura 54 ~ Larguras afaciivas a usar com anslise elasiica Inear. Uma analise elastica linear implica 0 conhecimento da variagao de rigidez de flexao, El, a0 longo de toda a viga. Para vigas simplesmente apoiadas o banzo de betdo esta comprimido ao longo de todo o seu comprimento ( excepeao das duas secgdes de extremidade). Para este tipo de vigas de edificios 0 valor da rigidez de flexao, EI, é constante ao longo de todo o vao (porque a largura efectiva do banzo de betdo também 0 é) € os esforgos sao calculados através de andlise elastica de elementos de barra INSTITUTO SUPERIOR TECNICO BT VIGAS MISTAS ooo fs OMF DET Figura 5.5 — Diagramas de esforgos em vigas simplesmonte apoladas para diferentes caregamentos A rigidez de flexéo é encontrada através da homogeneizagao da secgao em uma constituida apenas de aco. Esta é semelhante que foi realizada no exemplo 2.1 deste manual, pois o banzo de betdo tem que ser contabilizado (nao esta fendilhado). A largura efectiva deste tem, como ja foi referida no ponto 4.3 deste manual, o valor de bers. 38 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 56 ~ Homogenelzagao de seogao de viga sinplesmente apolada, A tigidez de flexéo usada para a andlise destas vigas ¢ dada pela multiplicagéo do médulo de elasticidade do aco, E, (pois a seccao usada esta toda “convertida’ em ago), com a inércia da seogao, I; (0 indice “1” \dica que se trata da inércia de uma secgdo onde nao ocorre fendilhagao, a utilidade deste indice maior para vigas continuas como se vera a seguir). Rigidez de flexdo de vigas simplesmente apoiadas : E, x, A resisténcia de vigas encontrada através de andlise elastica foi referida no ponto 4.5 deste manual. Apresenta-se, mais uma vez, a expresso geral do momento resistente eldstico: My = We Oca © médulo eldstico de flexdo depende da distancia entre a linha neutra elastica e a fibra mais afastada de um dos dois materiais, v (fibra extrema superior ou inferior de um dos dois materiais). Para vigas simpiesmente apoiadas 0 valor desta resisténcia 6 constante ao longo do seu comprimento porque 0 tipo de solicitagao das fibras da secgao é sempre o mesmo, umas fibras esto traccionadas ao longo de todo 0 vao e outras comprimidas ao longo do mesmo, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 59 VIGAS MISTAS Em vigas continuas existem zonas onde o banzo de betao esta traccionado. Nestas poder ocorrer fendilhagao deste, criando perdas de rigidez nas zonas de momentos negativos (zonas nas quais o betdo esta sujeito a tensdes de tracgéo). Variagoes na rigidez de flexdo das vigas ao longo dos vaos podem ser simuladas, caso se entenda necessario, através de redistribuigdes de momentos flectores. 2D EC4 permite o uso de dois tipos de andlise diferentes: a andlise elastica sem fendilhagao © com fendilhacao Andlise elastica sem fendilhag&o Este tipo de analise € realizado considerando uma rigidez de flexo, El, constante ao longo de cada vao. A tigidez de flexdo, El, é encontrada do mesmo modo que para as vigas simplesmente apoiadas, considera-se 0 banzo de betdo nao fendilhado com largura bet. Para cada um dos vaos da viga encontra-se a inércia da secgao de viga com betdo (seoga0 ‘nao fendilhada’) homogeneizada em aco, I; (inércia da sec¢ao “nao fendilhada’). O procedimento em cada um destes vaos foi j4 descrito para as vigas simplesmente apoiadas. O médulo de elasticidade é 0 do ago estrutural, E,, resultando assim numa rigidez de flexéo igual a das vigas simplesmente apoiadas. Rigidez de flexao de vigas continuas sem fendithagao: E,, x1, A clausula 5.4.2.3(2) do EC4 estipula que quando a fibra extrema de betao traccionado estiver sujeita a tensées menores ou iguais a0 dobro de fam Se pode usar analise eléstica sem fendilhagao. SC Orpaccio £ 2% frm pode ser usada andlise eldstica sem fendithagao Seria de esperar que o valor de tenséo até ao qual se pode usar uma analise nao fendilhada fosse apenas de fam € no do dobro deste valor, no entanto tal ndo acontece porque: ~ é grande a probabilidade de que o betdo possua maior resisténcia que a da classe onde se insere: ~ apesar de se chegar a ao valor de fem superficie do banzo de betdo, este valor ndo & sentido em mais zona nenhuma deste, assim, 6 muito pouco provavel que esta esteja fissurada em toda a sua espessura; B10 INSTITUTC SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS — até a0 estado em que as armaduras ordinarias entram em cedéncia a rigidez da viga & superior E,I; devido ao aumento de rigidez do betdo entre fendas; — oc céloulo dos esforgos com os quais se encontram as zonas em que 0 betdo fendilha é realizado com base em envolventes, que para lajes de betéo a ‘racgao sdo mais conservativas que para outro tipo de elementos ou carregamentos. Encontradas as inércias para cada um dos tramos da viga continua definem-se os esforcos elasticos actuantes nestas. Para uma viga de dois tramos apresentam-se algumas distribuigSes de esforgos correntes em vigas mistas, Poa Peti1.8 vao_A vao_B Figura 5.7 ~ Distriouigbes de esforgos para diferentes carregamentos em viga mista de dais Fanos com diferente rigidez de flexdo em cada um, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bat VIGAS MISTAS Dado que se tratam de sistemas estéticos redundantes (hiperestaticos) terao que se usar meétodos de teoria de estruturas para determinar os esforcos. Podem-se usar métodos exactos, como 0 método das forcas € 0 dos deslocamentos, ou outros menos trabalhosos como o método de Cross. © recurso a tabelas com posterior equilibrio de momentos nos apoios centrais pode ser uma opgao mas com a devida atencao as diferengas entre os valores de rigidez de cada um dos trams. Para vigas em que 0s tramos possuam igual rigidez de flexao os esforcos obtidos variam apenas em fungao do carregamento e do vao de cada que cada um destes vence. A alternancia de sobrecargas nos diferentes tramos de vigas mistas deve ser estudada tal como em outras tecnologias de construgao. Para encontrar os maximos momentos negativos sobre um apoio devern-se colocar, além do peso préprio em todo 0 comprimento de viga, as sobrecargas nos vaos adjacentes a esse apoio. ‘| sobrecarga To peso proprio Figura 88 ~ Davibuigbes de esforgos mals condilonanies para encontrar 6: manos momentos Weclores negalnos. Bia INSTITUTO SUPERIOR TEGNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS © momento flector negativo maximo encontra-se por sobreposigo de efeitos e consiste na soma dos dois momentos flectores maximos negativos: M~=M,,+M, em que: Mpp- 6 0 momento flector negativo actuante gerado pelo peso proprio da viga mista; Meo- é 0 momento flector negativo actuante gerado pela sobrecarya, Para encontrar os maximos momentos flectores positivos distibui-se 0 peso proprio da viga a0 longo do seu comprimento e a sobrecarga apenas num dos tramos. Este processo permite determinar 0 momento flector positive maximo nesse tramo. Para encontrar 0 do outro tramo basta realizar um processo andlogo mas distribuindo a sobrecarga nesse tramo. “JT sobrecarga po Ce TOT 2 peso proprio Figura 5.9 - Disinibuigbes de estorgos mais condicionantes para encontrar os maximas momentos faclores pOSiivOs © momento flector maximo positivo encontra-se, tal como o negativo, por sobreposi¢ao de efeitos: M*=MS+M. emaque Mont & 0 momento flector negativo actuante gerado pelo peso proprio da viga mista; Mect & 0 momento flector negative actuante gerado pela sobrecarga INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 513 VIGAS MISTAS Tudo © que foi até agora explicado para as vigas de dois ttamos € aplicado exactamente do mesmo modo para vigas de ‘rs ou mais tramos. A rigidez de flexio, EI, tem que ser determinada para cada um dos vaos. A grande diferenga ¢ a existéncia de vao interiores, com momentos flectores negativos em ambas as extremidades. Os métodos usados para determinagao dos esforgos so os mesmos, no entanto convém chamar a atengdo que o uso das tabelas implica agora @ consulta de esforcos para viga encastrada-apoiada e encastrada-encastrada. A alternancia de sobrecargas para vigas de trés ou mais tramos, realizada com 0 objectivo de encontrar os esforgos maximos, é semelhante a realizada em vigas de dois tramos. Para encontrar 0 momento flector maximo negativo 0 método é exactamente o mesmo: distribuir peso proprio em toda viga e a sobrecarga em dois vos adjacentes tirando-se do apoio comum aos dois 0 momento flector maximo negative (por sobreposigao de efeitos). Para encontrar 0 momento flector maximo positivo tera de se distribuir 0 peso proprio em todo o comprimento de viga e a sobrecarga alternadamente nos diferentes tramos. © momento maximo positivo encontra-se por sobreposicao de efeitos. sobrecarga I peso proprio. Figura 8.10 -Datibvlgbes de estorgos mals condicorenies para encontrar os maximos momentos Teclores poslives Com esta distribuigéo de sobrecargas obtém-se os momentos positivos malores. Como se pode ver na figura seguinte, o facto de existir altemnancia de sobrecargas aumenta as deformagies em cada vdo e 1ogo os momentos flectores actuantes nos mesmos. 4 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS _ sobrecarga _ pati gy J | dsc Figura 6.11 ~ Deformagbes para diferentes distribuigoes de sobrecergas. Analise elastica com fendilhacao Este método de anélise ¢ muito semelhante ao atrés descrito, a Unica diferenga consiste em considerar os efeitos da fendilhagao do beto. Este fendmeno ocorre em zonas onde o betéio das vigas mistas esta traccionado: apoios internos de vigas continuas. Segundo a clausula 5. .3(2) do EC4 apenas se justifica a utilizagao deste método de andlise global em secgdes onde ocorram tensdes de traccao na fibra extrema do banzo de betéo superiores ao dobro de fein (a5 razes que levam a este valor foram explicada atrés) S€ Ormyccio >2* Sim terd de ser usada a andlise eldstica com fendilhagao ‘A consideragao dos efeitos da fendilhacao tera que consistir numa alteragao da inércia das secgées em zonas onde nao se poderd considerar a resisténcia do betdo (zonas onde o momento negativo cria fendilhago). Ja foi descrito atras 0 método usado para encontrar a inércia da seceao homogeneizada “nao fendilhada’, I;. Para encontrar a da seccao “fendilhada’, Ip, tera que se considerar uma secgao sem belo mas com armaduras ordinérias ao longo da largura efectiva, ber. A largura efectiva a considerar é bey.2, como ja foi referido no ponto 4.3 deste manual. Para encontrar a inércia T; nao é necessério homogeneizar a secg&o pois ela é j4 toda constituida de ago (com 0 mesmo médulo de elasticidade). A seccéo a considerar para a determinacao da inércia, Tp, € a que se apresenta abaixo. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 515 VIGAS MISTAS_ A figidez de flexdo da viga em zonas onde o betdo esta traccionado sera, entao, a multiplicagao do médulo de elasticidade do a¢o, E,, pela inércia da secgao “fendilhada” Rigidez de flexao das zonas fendilhadas em vigas continuas com fendilhagao: E, x1, € facil concluir que a rigidez de flexdo da viga nao sera constante ao longo do seu comprimento, Nas vizinhangas dos apoios internos (em que existe momento flector negativo) 0 betdo estard fendilhado, o que obriga ao uso da rigidez de flexdo E,Iz, enquanto que nas zonas dos vaos (onde nao ocorre fendilhagao porque o betdo esta comprimido) a rigidez de flexéo a usar eET, A grande dificuldade deste tipo de analise global ¢ 0 facto de ndo existir nenhuma teoria simples e valida sobre o comprimento das zonas da viga nas quais 0 betao esta fendilhado. Estas variam com a carga aplicada e podem ser facilmente modificadas pelos efeitos da temperatura, fluéncia, retraceao, carregamentos anteriores e escorregamento longitudinal A consideragao da fissuragéio no banzo de betéo de uma viga mista obriga a que se trace a envolvente dos esforcos e a partir desta se encontrem as extensées nas quais este banzo se encontra fissurado. Apés este procedi iento estabelece-se um novo modelo de viga continua de inércia variével e volta-se a efectuar uma andlise da estrutura. Este procedimento encontra-se explicado no ponto 5.4.2.3(2) do EC4 e pode ser apelidado de método geral. (a sua resolugao nao 6 das mais simples). A determinacao dos esforgos na viga com inércia varidvel ao longo dos vaos podera ser complexa e ter que ser realizada com base e modelos numéricos (programas de calculo automatico). 516 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS / fendinasa0 | 2fetm Figura 5.13 — Método geral propasta pelo ECA para consideraggo da fissuragao do bata A cléusula 5.4.2.3(3) do EC4 propde um método de andlise global elastica com consideragao da fissuragao que nao requer mals que uma andlise da viga mista. Esta estipula que num comprimento fixo de 15% de cada vo para ambos os lados de cada apoio interior no ocorre fendilhagao do betdo. Nestes comprimentos a rigidez a usar para a viga seré E,I enquanto que ‘nos restantes serd E,Ih. Esta clausula refere também limitagdes a esta simplificacdo: - plica-se apenas a vigas mistas com © banzo de betdo sobre o perfil metalico e sem forcas horizontais impostas (quer por pré-esforgo quer por estarem a servir de contraventamente), ~ serve apenas para vigas nas quais 0s racios de comprimentos adjacentes no excedam 0.6. Segundo esta clausula, uma anilise elastica “fendithada” de vigas mistas consiste em considerar, a partida, uma distribuigdo de inércias como a que foi referida no paragrafo anterior INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 57 VIGAS MISTAS € se representa na figura seguinte. Deste modo apenas se faz uma andlise dos esforgos da viga mista. Ainda assim a andlise dos esforgos de vigas com inércias varidveis ao longo dos vaos nao deixa de pouco simples. El 0,15L1 0,15L2 0,15l2 0,15Ls Figura 8:14 Ntodo smpliicad proposto palo ECA para Gonsidaraglo da FesuragGo Go betiO Os processes pelos quais se entra em linha de conta com a fissuracao do banzo de betéo das vigas mistas € semelhante para vigas de doi , és ou mais vdos pois as consideragbes so realizadas para apoios interiores e no para os vos (que podem ser de extremidade ou interiores). A determinagao dos esforgos maximos (envolventes) através da colocagao das sobrecargas 6 realizada do mesmo modo que na anilise elastica sem fendilhacao pelo que se considera nao ser necessario fazer mais referéncias a este assunto. Anilise rigido-plastica Este tipo de andlise global de estruturas basela-se numa hipotese simplificativa importante: as secgées, até certo ponto, desenvolvem resisténcia sem que ocorram deformacées (comportamento rigido) e a partir do instante em que se atinge o momento de plastificagdo passam a ocorrer deformagées sem que aumente o momento resistente (patamar plastico). Esta hipétese corresponde a seguinte relacao entre momentos e curvaturas: 518 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO _MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. ————E | x Figura 5.15 — Gralico momentos-curvaturas para comporiamento rigido-plastico. Uma andlise rigido-plastica pressupée a existéncia de seogGes criticas onde a viga mista deve possuir um comportamento ri jo-plastico, ou seja, conseguir desenvolver resisténcia plastica ao momento flector e manté-lo sob a acco de cargas nao variav no tempo. Estas secgies criticas so apelidadas de rétulas plasticas e a sua localizagao em cada viga depende da rit lez e resisténcia desta e ainda do carregamento aplicado. O uso de analise global rigido-plastica requer ndo s6 que as secgdes da viga consigam desenvolver capacidade plastica como também que as seccées criticas da mesma (rotulas plasticas) possuam suficiente capacidade de rotacao. Assim, conclui-se que as secgées da viga terdo que ser de classe menor ou igual a 2 e que as seccées onde se criam rétulas plasticas obrigatoriamente da classe 1 (estipulado nas clausulas 5.4.5(1) e 5.4.5(4) do ECA). Dado que esta é uma andlise que se baseia na capacidade pléstica das vigas mistas é facil compreender que apenas se aplica para verificagées ao estados limite ultimos (a cléusula INSTITUTO SUPERIOR TECHICO ~ Bis VIGAS MISTAS 5.4.5(1) do EC4 estipula que esta andlise n&o pode ser usada para verificar os estados limite ltimos de fadiga). A anélise rigido-plastica fornece varias vantagens face a uma andlise elastica: = 08 momentos actuantes podem ser encontrados independentemente para cada vao, sem que se tenha que entrar em linha de conta com a rigidez ou as acgbes nos vaos adjacentes ou noutros; ~ no tem que se considerar variagées na rigidez de flexdo ao longo dos vaos pois apenas interessa as caracteristicas das secgbes condicionantes; ~ podem ser ignorados os efeitos do processo construtivo, da temperatura, fluéncia e retraccao do betao. Para que este tipo de andlise possa ser usada na verificag&e estados limite ultimos a clausula 5.4.5(1) do EC4 estabelece ainda que as ligagdes deverao ser capazes de desenvolver resisténcia plastica para capacidades de rotagao suficientes a criagdo de rétulas plasticas ¢ que 0 ago estrutural das vigas deveré cumprir as exigén« 3.2.2 do EC3. ias de ductilidade feitas pelo ponto A rotagao em cada rotula plastica pode ser limitada pelo esmagamento do betaéo ou pela encurvadura local das placas constituintes do perfil metalico. Assim, esta capacidade de rotagao depende das dimensées da seccao e das relagdes constitutivas dos materiais constituintes. A cléusula 5.4,8(3) do EC4 estipula que, para que para que se possa formar uma rétula plastica numa dada secgo de uma viga mista, é necessario que: — a secgao do perfil metalico seja simétrica segundo um plano paralelo 4 alma ou as almas; ‘se garanta que ndo ocorre bambeamento das vigas; © banzo comprimido seja contraventado nas zonas onde possam ocorrer rétulas plasticas; seja garantida capacidade de rotagéo mesmo quando sobre a viga existem forgas de compressao aplicadas, A criagao de rétulas plasticas implica capacidade suficiente de rotagao nas secodes onde estas se possam formar. Para vigas em estruturas de edificios 0 EC4 (ponto 5.4.5(4)) refere que se pode assumir suficiente capacidade de rotagdo sempre que se cumpram as seguintes condigses: — ago estrutural pertenca a uma classe menor ou igual a S355; — a contribuigao de betéo comprimido que esteja a envolver a alma do perfil metalico ‘seja desprezada quando se calcula o momento plastico resistente; 520 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS iga possua cerca de 120% da resisténcia da ~ cada ligagao coluna- iga adjacente ou provas de suficiente capacidade de rotagao; — 08 comprimentos entre vaos internos adjacentes de viga nao difiram em mais de 50%; ts | le max (0,5L):0,5bs)SLSmin( 1.5 L1:48L3) Figura 5.17 ~ Liritagbes ads vss ineriores de uma viga conve lade ndo excedam os dos vaos internos — 0s comprimentos dos vaos de extrer adjacentes em mais de 115%. Lie 8 Le igura 6:18 — Limilagies aos vaos de exiremidade de uma viga continua = banzo comprimido lateralmente; — um vo onde mais de metade da carga de dimensionamento para esse esteja concentrada ‘em apenas um quinto do mesmo, na localizagéio de qualquer rétula plastica onde o banzo de betdo esteja comprimido nao pode existir compressdo em mais que 15% da altura da secedo (esta condicéo nao se aplica quando se conseguir provar que essa rétula plastica sera a Ultima a ser criada nesse vao). Sabendo que a andlise rigido-pldstica pode ser feita independentemente para cada vao de uma viga continua entéo apenas é necessério considerar trés casos: viga simplesmente apoiada, vao interior de viga continua e vao de extremidade da mesma. Para cada um destes casos mostrar- -se-4 as localizagdes provaveis das rétulas plasticas e expressdes para encontrar os momentos flectores em fungdo destas ¢ dos valores das cargas. Considera-se apenas os casos de vigas com secgdes constantes ao longo de cada vao. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 321 VIGAS MISTAS - Viga simpiesmente apoiada’ Estas vigas so. por definigao, isostéticas, 0 que quer dizer que para entrarem em colapso basta que se forme apenas uma rétula plastica. Esta vai formar-se na zona onde os momentos sao maiares ~ a meio vo. Pretende-se provar que o valor de momento positive encontrado através desta andlise é o mesmo que se encontraria numa andlise plastica Considere-se uma viga simplesmente apoiada de inércia constante ao longo do véo e sujeita a uma carga uniformemente distribuida, p. O diagrama de esforgos elasticos e o momento maximo so ja conhecidos. Figura 5.19 ~ Esquema representalvo da viga simplosmente apolada 6 esforgos elasticos, A rétula plastica numa viga deste tipo forma-se a meio vao. De cada lado desta simula-se 0 comportamento da viga através da colocagao de momentos concentrados com o valor do momento plastic resistente positivo, Mp.+, que actuam ao longo de um dado angulo 8. 522 ~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. Figura 520 Fornaqao de rola pasiica em vga simplosmente aoiade 0 trabalho das forgas exteriores consiste na multiplicag3o da carga, p, pela area entre a viga indeformada e a viga com a formago da rétula plastica: O trabalho das forcas interiores consiste na actuagio de dois momentos plasticos positivos Met, ao longo de um angulo 8: Vp = 2% (Mj, x8) Aplicando 0 principio dos trabalhos virtuais iguala-se 0 trabalho das forgas exteriores ao das interiores e chega-se ao valor do momento maximo obtido através da andlise elastica, xO=2x Mj, x0> My sr interno de viga continua: colapso de um vao interno de viga continua implica a formagao de trés rétulas plasticas, uma na qual se desenvolve momento tico positive, Mp, e duas nas quais se desenvolve momento plastico negativo, Mp.-. A relagdo entre estas duas grandezas é ttl e pode ser apelidada de p (os valores correntes deste pararmetro situam-se entre 0,5 € 0,7). M, Mix INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 323 VIGAS MISTAS Com esta relagdo 0 diagrama de momentos pode ser desenhado facilmente, este consiste numa translagao de um diagrama de viga simplesmente apoiada de: Mp, = UM py, Figura 5.21 ~ Formago de rélula plastica om vao inlero de viga continua, ‘A determinagao do momento flector plastico actuante é simples e consiste em igualar a soma dos momentos maximos, Mp € Mp.:, 20 momento maximo obtido para uma viga simplesmente apoiada: pl Mt, = pl (1+ 4)M;, Ma “Seay — Vo de extremidade de viga continua: Nestes vaos 0 colapso ¢ atingido apenas com a formagao de duas rétulas plasticas. Uma destas forma-se na ligago com o vao adjacente ao passo que a outra é formada no vo. A localizagao desta podera constituir, & partida, uma dificuldade. Para tal define-se um parametro B, que se mostra na figura seguinte. 24 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS bret 8=04BL = Oo(L-BL) Figura 6.22 ~ Formagao de rotula plastica om vao de exromidade de viga continua Igualando, mais uma vez os trabalhos das forgas exteriores aos das interiores pode ser facilmente demonstrado que: Wea] E intuitivo que o valor de B dependa apenas da relagdo entre os momentos plasticos, }1, pois so estes valores que definem a forma do diagrama de momentos flectores (e logo a ‘coordenada em que este é maximo). © valor do momento fiector maximo positivo actuante depende do parametro B e € dado pela seguinte expressac: INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO Es VIGAS MISTAS Analise elasto-plastica Uma andlise elasto-plastica entre em conta com as diferentes fases de comportamento dos materiais constituintes de uma estrutura: fase elastica e fase plastica. Sabendo que, tanto para o betdo como para 0 ago os Eurocédigos permitem considerar relagées constitutivas bi-lineares com patamar plastico horizontal, entéo podem ser feitas andlises elasto-plasticas baseadas nestes modelos de comportamento (outras andlises baseadas em modelos mais complexos podem ser efectuadas), Apesar de existirem formulagdes matriciais facilmente programaveis para efectuar este tipo de analises a sua utilizacao pratica requer maiores tempos de preparacdo de dados (que devem definir 0 comportamento elasto-plastico completo de cada seceao) e de calculo por ser necessério analisar iterativamente a estrutura para cada combinacdo diferente de cargas (da-se a plastificagao das seogdes em funcéio do carregamento aplicado). Acresce que o principio da sobreposi¢ao dos efeitos nao 6 aplicavel para analise no linear, o que aumenta ainda mais o numero de anélises 2 realizar a uma estrutura. Com estes inconvenientes a andlise elasto-plastica foi posta de parte na analise de estruturas mistas em detrimento das outras duas: andlise elastica e rigido-plastica. As excepodes onde tipicamente se deve usar andlise elasto-plastico sao: estudo de casos representativos de um sistema de estruturas com anélises andlogas e estudo de estruturas mistas importantes nas quais no é facil aplicar sistematicamente todas as hipéteses de carga O estudo elasto-plastico de estruturas nao é refetido como hipétese de andlise global das mesmas no EC4 e, portanto, ndo seré abordado neste manual. Para aprofundar esta matéria aconselha-se 0 estudo do manual “Construccion Mixta, Hormignon-Acero” (Calzon, J. e Herrera, J), 5.3 Redistribuicgdo de momentos flectores em vigas continuas Uma distribuigao de esforcos elastica pode ser modificada de modo a ter em conta os efeitos: da fendilhagdo do betdo, do comportamento ineldstico dos mater is e de todos os jpos de encurvaduras. A esta modificagéo pode-se chamar redistribuigéo de esforgos em vigas mistas, processo que tem de ser realizado respeitando o equilibria do elemento, ou seja, a di de sinal contrario. inuigo de esforcos de um ial terd que originar um aumento eq falente dos esforcos © esforgo que correntemente € redistribuido em vigas mistas é 0 momento flector, processo que realizado apés uma anilise elastica (com ou sem fendilhacao) dos mesmos. A fedistribuicéo de momentos flectores actuantes teré como principal objectivo a diminuigao de momento flector aplicado onde o racio entre este ¢ 0 resistente for maior, aumentando assim o momento flector aplicado nas zonas onde as vigas mistas possuem 526 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS maior “reserva” de resisténcia. Tal sé se justifica porque a rigidez @ variavel ao longo dos véos das vigas continuas. Assim, o grande objectivo de uma redistribuigdo de esforgos sera o de reduzir 0 momento flector sobre os apoios internos (onde a rigidez chega a ser muito menor que nos véos devido & fendithagao) e aumentar este esforco nas zonas do vao (zonas com rigidez muito grande). Este processo serve, frequentemente, para compensar as consideragdes menos conservativas realizadas durante uma anélise eldstica de esforgos sem fendilhacdo. Entdo, a redistribuicao de momentos flectores em vigas mistas comeca pela diminuigéo dos momentos negativos sobre os apoios internos. Para uma redistribuigéo de x por cento permitida a uma viga mista diminuem-se os momentos flectores (de pico) sobre 0 apoio, Mpic, multiplicando-os por {1-.x/100). Se, por exemplo, for pretendida uma redistribuigao de 20% para os momentos flectores na viga, multiplica-se o momento de pico, Mri, (Sobre 0 apoio interno) por 0,8. Apos a diminuicao do momento flector sobre o apoio garante-se o equilibrio tragando diagramas equilibrados de momentos flectores ao longo dos vaos da viga. Apresentam-se dois ‘exemplos titeis na figura seguinte: uma redistribuigo de esforgos numa viga continua de dois tramos (redistribuigéo em dais vos de extremidade) e outra para um vo interno tipico também de uma viga continua, —t1— -b2 redistribuigao de x % ;UETET p =p 8 redistbuigdo dex % a wz DMF 747 ny Se / 4 Figura 6.23 Redistrbuigao Ge momentos faciores 6m viga mista de dois tramos, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bar VIGAS MISTAS redistnbuiggo x — dex | exp - 5091 Mic redistibuiggo dex % eczzzzzzah | 7 (1+ ziG] Mpc Figura 824 RedielribvigSo de momenics foclores 6m vaos intenores de vigas continues. As clausulas 5.4.4(2) a 5.4.4(4) do EC4 definem claramente 0 dominio de aplicagao da redistribuig&o de momentos elasticos em vigas mistas. A cldusula 5.4.4(2) indica que a redistribuigéo de momentos flectores pode ser aplicada em: vigas mistas (segundo 5.4.4 do EC4), vigas metélicas (segundo 5.4.1(4) do EC3) e vigas, de betao armado (segundo 5.5 do EC2). As regras estipuladas pelo EC4 nao podem ser aplicada para vigas mistas em que: — seja necessaria uma andlise de segunda ordem dos esforcos: — cestado de limite a verificar seja de servico ou de fadiga: — pertencam a pérticos nao contraventados; — se usem ligagdes semi-rigidas ou de resistencia parcial; - aalma do perfil metalico esteja betonada, a menos que se despreze este betdo ou que se prove que as secgdes possuem capacidade suficiente de rotacao; ~ a largura de algum dos seus elementos varie ao longo do vao; - ago estrutural soja de classe maior que S355 e as secgdes da classe 3 ou 4; - aresisténcia seja diminuida para ter em consideragao os efeitos do bambeamento. 528 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Varias so as razées da exclusao das situages referidas acima na redistribuicdo de momentos em vigas mistas. Esta nao pode ser usada para verificar estados limite de fadiga porque este fenémeno se baseia em anélise eléstica. A impossibilidade de considerar bambeamento ou encurvadura local deve-se a0 facto da redistribuigéo de esforcos ser retirada de comportamento inelastico (que diminui a rigidez da estrutura e ameaca a establlidade), e também ao facto das percentagens de redistribuicdo permitidas pelo EC4 (ver quadro abaixo) terem sido encontradas para a actuacdo, apenas, do peso proprio das vigas mistas. As limitagbes as ligages (semi-rigidas e de resisténcia parcial) deve-se ao facto das redistribuigses permitidas pelo EC4 terem sido encontradas tendo em conta comportamento ineldstico das vigas mas nao a capacidade de rotacao destas ligages. Se se apelidar por x a percentagem de redistribuicdo, um momento maximo (de pico, por exemplo sobre um apoio), Mpic, pode ser reduzido para o valor de momento resistente, Mra, Se for cumprida a seguinte condigao: jura 5.25 ~ Ilustracao do momento de pico e do momento resistente. ‘A condigdo que se apresenta exprime o contrario do que foi mostrado nas duas figuras acima. Nestas mostra-se um procedimento que consiste em multiplicar 0 momento de pico, Mpic, pelo factor (1-x/100) para encontrar o valor do momento actuante, Mea, (que € depois comparado com 0 resistente Mga) Com esta expressdo pretende-se mostrar outro procedimento: sabendo 0 momento de pico, Mpic, @ © momento resistente, Meg, pode-se encontrar a percentagem de redistribuigéo, x, necesséria para que o momenio actuante # o resistente sejam iguais (ou quase) optimizando assim a viga mista. A percentagem de redistribuigao encontrada, x, teré que ser menor que os maximos fornecidos pela clausula 5.4.4(5) do EC4 (tabela 5.1). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 529 VIGAS MISTAS Percentagem de redistribuigo, Classe da seceao (zona de momentos flectores negativos) x(%) 7 2 3 4 Analise elastica sem fendihacao 40 30 20 10 Andlise elastica com fendihagao 8 18 10 0 Tabela 5.1 — Linites manimos para as percentagens Ge Gsiibuigao nas Zonas de momentos negalives de Vigas mislas (tobela 8.1 ff), A diferenca entre os valores maximos das redistribuig6es dos momentos para aS duas analises (com e sem fendihagdo) para uma dada classe de secc0 varia entre 10% e 15%. Como seria de esperar a percentagem de redistribuicao, x, permitida para uma andlise sem fendilhagdo é maior que com fendilhacao. Tal deve-se ao facto de uma redistribuic¢do de esforcos para analise sem fendilhagao ter que ter em conta a prépria fendilhagao para além de outros factores como a temperatura, a fluéncia, retraccao, etc Uma redistribuigao de esforcos encontrados através de uma anélise fendilhada tem que ter em conta (para além da temperatura, fluéncia © retraccao) a ductilidade das seccées (capacidade de rotag&o) quando estas esto com valores de momento perto dos resistentes. Dado que a ductilidade depende da classe da seccdo entdo é de esperar que uma de classe 4 tenha percentagem de redistribuigdo nula e que este valor aumente até chegar a 25% na classe 1 Nota: A clausuia 5.4.4(2) do ECA estipula que a redistribuigdo de momentos fleciores deve ter em conta todos os tipos de encurvaduras, Quando o esforgo transverso resistente, VpiRe, de uma alma do perf melélico @ recuzido para ter em conta 0s efeitos de encurvadura da alma e a secgio ndo é da classe 4 sera conveniente, ou dimensionar a alma ao esforgo transverso antes de redistribuir os jromentos, ou tralar a Seceao como 9 fosse da classe 4 520 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL. DE ESTRUTURAS MISTAS _ EXEMPLO 5.1 Considere-se a seguinte viga mista de dois tramos representada na figura seguinte. A secgdo transversal apresenta-se também, os materiais de que @ constituida sao: betéo 25/30 (fo=25MPa, Eem=31GPa, foim=2,6MPa), aco estrutural S355N/NL (f=355MPa, E,=210GPa) constituido por um perfil IPE 160 (classe 1 para qualquer esforco e para a classe de aco usada), ago de reforge A40NR (fx=400MPA) com ©20//0,2m e conectores diicteis do tipo perno de cabega. A viga em questo pertence a um sistema estrutural de um pavimento de edificio corrente com vigas paralelas espacadas de 2,5m. A carga aplicada ao pavimento 6 de 3kNim? (peso proprio + restante carga permanente + sobrecargas). © 2010.20m os Im] igura E5.11 ~ Representagao de viga mista © sua secgao Wansversal. Pretende-se encontrar os esforgos na viga mista através de uma analise elastica nao fendilhada. A secodo é da classe 1, logo uma andlise elastica pode ser realizada, apesar de ser conservativa. primeiro passo sero de encontrar a largura efectiva de viga em cada vo. Encontra-se a \argura bens (largura relativa ao meio vo) € considera-se esta largura para todas as secgdes da viga por se tratar de andlise eldstica (clausula 5.4.1.2(4) do ECA). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bat VIGAS MISTAS Célculo de L: vao 1 vao 2 BSL, = 0,85%4 0.851, = 0,85x3 = 2,55m Nota: 0 valor 0,85 pode ser encontrado na figura $8.4 do ECA. Calculo de b, (secgao simétrica b:=bz) Calculo de be vao 1 vao 2 buy = by + Yb, = 04 0,425%2 = 085m bag =by + Yb, = 040,322 = 0.64 Ficam assim determinadas as secgdes de viga mista a usar em cada um dos vos’ vao 1 vao 2 IPE 160° Im) Figura E5172 — Raprosentagao Ge viga mista © seogbes transversals para cada um dos VaOs Definidas as secgdes transversais consegue-se encontrar a rigidez de flexéo, EI, de cada um dos vaos. Para tal teré que se homogeneizar cada uma das secgdes para, em seguida, encontrar as suas inércias. Considerando um Unico coeficiente de homogeneizacéo para efeitos de curto e iongo prazo proceder-se-4 homogeneizagao de ambas as secodes: 2210 31 = 13,55 B32 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRI {UTURAS MISTAS vao 1 85x15 94,1 em* 13,55 94a a =630m As secgées homogeneizadas, as respectivas posiges dos centros de massa (em relagao fibra inferior da seco) e as inércias apresentam-se em seguida. vao 1 IPE 160 [em] IPE 160° fom] Figura E5.1/3 — Reprasentagio de viga mista secpbes ‘Wansversais homogenelzadas para cada um dos vBos, vao1 vao 2 Yeu = 20,78 em 1 = 20,06 cm 1, = 6621,591 cm* 1, = $947,406 cm* A rigidez de flexao sera diferente em cada v: ‘40, ainda que pouco. Os esforgos apresentam- -se em seguida e podem ser encontrados através de programas de calculo ou por métodos come © das forcas, dos deslocamentos ou de Cross. A carga aplicada & viga obtém-se da multiplicagao da carga uniformemente distribuida pela largura de influéncia da viga e pelo respectivo coeficiente parcial de seguranga (y=1,5): PH 7WoLigey =15%3%2,5 =11,25 KN/m TNSTITUTO SUPEI RIOR TECNICO 533 VIGAS MISTAS TJ T | Jd 14,25 KNim Li, “40,9 27,0 Figura ESA = Viga risa, vaioqlo da Tgded de BaxBo esforgo eldscos da riesma ‘A questo que se pde em seguida é se a zona de momentos negativos sofre fendilhagao. Segundo a cléusula 5.4.2.3(2) do EC4 tera que se fazer uma anélise com fendilhacao do betao se a tensdo na fibra extrema do banzo de betdo exceder 2fain. © médulo de flexdo eldstico a usar é aquele que se determina da secgao com uma largura efectiva definida para o apoio interno, au INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS apoio interno L,+L,)=0. 25x(443 20,84 cm 5 Yow | 1, = 6680,077 eni* we — > Pic S Fa go . EB LR Pi > Pru A carga maxima que se pode aplicar a0 pavimento encontra-se dividindo o resultado anterior pelo coeficiente parcial de seguranca (7=1,5) e pela largura efectiva da viga (Liqn#2,5m): > 84,0 = 22,4 N/m? 5.4 Dimensionamento da conexao de corte O presente ponto aplica-se @ conexao de corte dimensionada para vigas cuja resisténcia é plastica, ou seja, da classe 1 ou 2. Nao se estuda o dimensionamento da conexao de corte para vigas que apenas desenvolvem a resisténcia elastica pela mesma raz%o que no capitulo anterior no se desenvolveu 0 estudo dos esforgos elasticos resistentes. Este tipo de vigas nao é correntemente usado na construgdo de estruturas de edificios, aplicam-se essencialmente a estruturas com vigas de maiores dimens6es, como as pontes e estruturas especiais. O estudo da conexao de corte envolve apenas conectores de corte dticteis do tipo “perno de cabega”. Recorde-se que foi este tipo de conectores que mereceu maior referéncia ao longo do capitulo 3 deste manual ("Conexéo de Corte’) O dimensionamento da conex4o de corte deve ser realizado de tal modo que verifique a seguranga ao estado limite dltimo de corte longitudinal na interface dos dois materiais estruturais da viga. As cargas aplicadas a uma viga mista sdo equilibradas por tensdes interiores longitudinais e transversais as secgSes, que produzem forcas nas mesmas. No capitulo anterior (‘Andlise de secg6es transversais de vigas mistas") foram explicadas estas forgas, cujas expressdes consistem na multiplicagéo de tenses plasticas dos materiais pelas areas dos mesmos. Para ser verificada a Seguranga na interface o meio de conexdo teré que suportar, em cada seceao, as foreas que Ihe sao aplicadas pelos materiais estrutur da viga INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.39 VIGAS MISTAS A seguranga do meio de conexo ¢ garantida através de uma distribuicao apropriada de conectores ao longo de comprimentos criticos de viga. Esta distribuigdo varia de comprimento critico para comprimento critico (distanci entre duas seccées criticas adjacentes). As secgées criticas da viga sdo aquelas nas quais se calculam as forcas actuantes nos conectores de corte. Estas secgdes sao, em geral, as seguintes: secodes de momento flector maximo; secodes sobre os apoios; secgdes sujeitas a cargas concentradas elevadas; zonas onde existem variagdes bruscas das sec¢ées transversais; extremidades livres de consolas. As variagoes bruscas de secodes transversais de vigas mistas consideram-se fora do ambito deste manual. Exolicar-se-0, em seguida, os procedimentos a adoptar para encontrar as forcas de corte longitudinal actuantes em trés comprimentos criticos distintos: troco de viga entre secgao de momento positive maximo e apoio de extremidade, trogo de viga entre secgao de momento positive maximo e apoio interno e ainda trogo de viga em consola (entre apoio interno e extremidade livre nao apoiada). De notar que 0 primeiro serve para encontrar a forca longitudinal actuante em vigas simplesmente apoiadas e em vaos de extremidade de vigas continuas. A deten 1agdo das forcas de corte longitudinais nos diferentes comprimentos criticos assenta na consideracao de que as seccées criticas adjacentes estao sujeitas a momentos flectores de valor igual ao seu momento resistente plastico, Mpirs. A excepgao a esta hipdtese esta nas extremidades sem momentos flectores (extremidades livres de consolas e apoios de extremidade) Cone; de corte total Para encontrar a forca de corte longitudinal actuante num certo comprimento critica tera que se fazer 0 equilibrio de forgas horizontais num dos materiais estruturais desta. Assim, isola- -se este trogo de viga cortando-o nas duas secodes iticas adjacentes © equilibram-se as forgas aplicadas, ou ao banzo de betao ou ao perfil metalico. E também necessario equilibrar as forcas em cada uma destas seccées criticas adjacentes e considerar os diferentes casos Ppossiveis para a localizac¢ao da linha neutra plastica em cada uma delas. Aconselha-se a leitura do ponto 4.6 deste manual antes de se compreender os casos que se apresentam em seguida 540 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Considera-se a viga mista da figura seguinte com a denominacao das secgdes al presente. Esta ira facilitar as explicagdes que se apresentam em seguida. A carga aplicada a viga néo é importante pois esté-se a considerar que as seco6es criticas estao plastificadas (Mpire)- A seccao B € a seceao do véo AC sujeita ao momento flector maximo (a sua localizagao depende do carregamento). area de armadura de reforco | Aa 8 € D a Figura 5.26 — Representagao esquematica de viga mista, As forcas R,, Rs € Rp foram ja apresentadas no ponto 6.6 deste manual, serdo usadas nas paginas seguintes sem referéncias adicionais. — Trogo de viga entre seccdo de momento maximo e apoio de extremidade (AB) ‘A secgdo A no possui qualquer momento flector aplicado (exclui-se a hipstese de existir nesta um momento aplicado, se fosse este o caso ter-se-ia uma situagao igual a que se explica a seguir) ‘A secedo B encontra-se totalmente plastificada com momento plastico positive, Mg.gut. A primeira hipétese consiste em considerar que a linha neutra da secgao B se encontra no perfil metalico (R,>R.) Nestas condigées um equilibrio de forcas horizontais nesta sec¢ao permite concluir que a forga realizada pela area de betdo solicitada, Re, é igual a forga realizada pela area de perfil que resiste & compressdo (as outras duas areas solicitadas do peril metdlico vao servir para equilibrar o momento flector suportado por este). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bat VIGAS MISTAS = Ra>Re Figura 5.27 ~ Representacao esquemalica de forcas aplicadas a comprimento crilico entre apoio de ‘extremidade e secgzio de momento maximo, Nestas condig6es 0 equilibrio de forgas horizontals em qualquer um dos materiais ao longo do comprimento critico resulta no seguinte valor de forga longitudinal actuante na interface ago-betao: Dy = 0 AM eg = R, Ving = ER, Uma segunda hipétese consiste na localizagao da linha neutra da sec¢ao B no banzo de betdo (Ra>Re). Nestas condigdes um equilibrio de forgas horizontais na secgao B permite concluir que a forca exercida pela area de beto solicitada realiza a mesma forca que o perfil metalica, Ra Figura 5.28 — Roprosentagao esquemalica de forcas aplicadas a comprimento criico entre apoio de ‘extremidade © secra0 de momento maximo, ban INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO __MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS © equilibrio de forgas horizontais num dos materials ao longo do comprimento critico fornece o seguinte valor para a forga de corte longitudinal: DF, 0 40 94 = R, Vay =4R, Entao, para qualquer viga mista, na qual nao se saiba a partida a posigao da linha neutra plastica pode-se encontrar uma expressao que forneca a forga actuante de corte longitudinal sem que para isso se tenha que analisar a seccdo de momento maximo. Essa forca encontra-se pela seguinte expressao: £ min{R,: R,} Trogo de viga entre secgéo de momento maximo e apoio intemo (BC): A novidade que se encontra neste caso face ao anterior ¢ a existéncia de tensdes longitudinais em ambas as secgSes criticas que ladeiam o comprimento critico de viga em causa. Ambas as secodes estdo sujeitas a momentos fiectores de valor igual ao seu momento plastico resistente, Mpira (a secco B com momento positive e a C com negativo). A localizagao da linha neutra plastica na secgao C nao é importante pois a menor forca nessa secgao seré sempre a que é produzida pelas armaduras ordindrias (no limite a forga destas sera igual 4 do perfil metalico). A localizagao da linha neutra na secgdo B influencia o resultado de maneira muito semelhante ao que acontece no caso anterior. Considere-se entdo a linha neutra plastica da sec¢ao B localizada no perfil metalico (RaR,). A seccéo C manterd o mesmo comportamento mas a secoao B tem agora uma distribuicdo de tensdes diferente: considera-se que a forga exercida pela area solicitada do banzo de betao ¢ igual a forga exercida pelo perfil metélico, Re Figura 530 ~ Ropresontagso esquarca Ge orgas apicadas a comprimento Gilco ono apoo nlemo 8 secqao de momento maximo. 0 equilibrio de forcas horizontais no betdo ou no ago ao longo do comprimento critico de viga fornece uma express4o para o esforco de corte actuante um pouco diferente da anterior: Dy =O AM cg = RFR, Me, aa MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Entdo, encontra-se uma expressao que apenas depende das forcas realizadas por cada material semelhante & do caso anterior mas com mais uma parcela, que corresponde a forga exercida pelas armaduras ordindirias: + (min {5 R,}+R,) Para lajes mistas onde se possa considerar a contribuicéio da chapa perflada a tracgdo a expresso anterior podera ser (min [R,; R,}+R, + Rp) ‘Trogo de viga em consola (CD): Este comprimento critico € o mais simples dos que se estuda neste ponto, dado que as secodes que 0 ladeiam consistem numa extremidade livre e numa seccdo plastificada por momento flector negativo, My,ra- (onde, como ja se viu no caso anterior, a posi¢ao da linha neutra no tem influéncia). Através do equilibrio de fercas horizontais na sec¢ao € conclui-se que, mais uma vez, ir existir uma zona do perfil metélico que produz uma forga longitudinal igual 4 que produzem as armaduras ordinarias, R.. Figura 531 ~ Reprasentagao caquornalca Ge forgas aplcadas a comnprinianto Togo em COnsaa © equilibrio de forcas horizontais num dos materiais ao longo da consola permite determinar a mais simples expressao que fornece o esforgo de corte longitudinal DF =0> Vien = Ry Vier = ER, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 545 VIGAS MISTAS. Para lajes mistas onde se possa considerar a contribui¢ao da chapa perfilada a traccdo a expresso anterior poderd ser: Vigg =4(R, +R,) ua Conexao de corte parcial A conexéo parcial nao altera nada sobre o raciocinio a ter na determinagao da forga de corte longitudinal actuante, View. Sabendo que cada secgao transversal possui duas linha neutras plasticas poder-se-ia supor que aigum tipo de resolugao semelhante a realizada para conexdo total mas de mais dificil resolugao seria necessaria. Tal no acontece porque a posi¢ao da linha neutra inferior & irrelevante, 0 que origina a que o problema tenha umia resolugo semethante & anterior (conexao total) © aparecimento de uma segunda inha neutra na sec¢ae implica a existéncia de uma linha neutra no banzo de betdo e outra no perfil metalico. Caso, numa situagao de conexéo total, a linha neutra estivesse no perfil metalico (ReR,), a0 se dar 0 escorregamento inerente & conexdo parcial apareceré uma linha neutra no perfil metalico (em geral préxima da interface entre os dois materiais). ‘A forga exercida pelo banzo de betao numa situacdo de conexdo parcial 6 a que seria exercida em situagao de conexdo total mas multiplicada pelo parametro n, parametro que exprime ‘a percentagem de conexdo de corte (e que deve ser usado em notacdo decimal em vez de percentual). A forca exercida pela area de betao solicitado em conexdo total chamar-se-4 agora Ney para a situago de conexao total e N. para conexo parcial. A definigao destes dois parémetros e distingao entre eles é necessaria para as definigbes que se seguem. N B68 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS A linha neutra no betao pode ser encontrada através da percentagem de conexao, n, e da forga exercida pelo betéo solicitado com conexao parcial, Ne. Através do valor deste encontra-se a altura de betéo solicitado (coordenada da nova linha neutra no betdo) através da expresséo que da a forga no banzo de betao’ N, = xb 085 £2 lem que X& a coordenada da linha neutra plastica no banzo de beldo e @ contado a pertr da superficie superior deste Existindo sempre linha neutra no perfil metalico e conseguindo definir a posi¢ao da linha neutra de betéo, 2 forga de corte longitudinal ¢ mais facil de encontrar pois é automaticamente eliminada uma das hipéteses que se considera para conexao parcial: existéncia de linha neutra no betéo com perfil metalico todo traccionado em seccées actuadas por momentos po metalico, Ra). Nas secgtes actuadas por momentos plasticos negativos as distribuigdes de tensdes ivos (situagao em que o esforgo actuante, Vira, € dado pelo valor da fora exercida pelo perfil so as mesmas que para conexao de corte total. Nestas nao se entra com a forga realizada pelo betdo porque este esta a tracgao. Para a determinagao da forga de corte longitudinal actuante com conexao parcial considerar- -se-d a viga usada anteriormente mas com uma percentagem de conexao de corte n, area de armadura de reforco A B c D | ~ Figura 532 ~ Ropresentagao csquemnllica Ge via mista comm ConexGo parcial — Trogo de viga entre secodo de momento maximo e apoic de extremidade (AB A seccao A nao se encontra actuada por qualquer momento flector ao passo que a B esta solicitada por um momento flector de valor igual ao momento plastico resistente positivo, Myzet. A existéncia certa de duas linhas neutras na secc4o B impée que apenas um INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ear VIGAS MISTAS. equilibrio de forcas horizontais pode ser encontrado para o comprimento critico de viga em questo. O equilibrio de forcas horizontais nesta secgdo permite saber que a forca exercida pelo betdio solicitado, Ne, seré igual a forca exercida pelo perfil metalico que resiste a compressao. Figura 5.33 ~ Representaglo exquemalica Ge Torgas aplicadas a comriento Silco aire apoio de extremidade e secoao de momento maximo para viga com conexao parcial. equilibrio de forcas horizontais no comprimento de viga considerado para um dos dois materiais estruturais permite determinar directamente a forca de corte longitudinal actuante: DF = 0 EV cp = Ne Mics = Nop = Vics =EN Ney Trogo de viga entre seccao de momento maximo e apoio interno (BC: Mais uma vez se encontra uma situacéo em que existem tensdes nas duas secedes que ladeiam 0 comprimento critico em estudo. Enquanto que na secgao B se tem em conta uma dada percentagem de conexao, na C esta nao ¢ contabilizada por se estar na presenga de momento plastico negative, Mpirs-. O equilibrio na secgéo B com as duas linhas neutras permite concluir que parte do perfil metalico resiste a uma forca de compressao de valor igual a exercida pelo betdo solicitado, Nc. © equilibrio na secgéo © permite concluir que parte do perfil metalico exerceré uma forga de compresséo de valor igual 4 exercida pelas armaduras, R, 548 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 5.4 ~ Representagaa exauamatca de forgas aplicadas 6 compriiento oilice ire apoio inlomo © sec¢a0 de momento maximo para viga com conexo parcial O equilibrio de forcas horizontais no betdo solicitado ou no perfil met ico ao longo do comprimento de viga permite encontrar a expressdo que fornece a forga de corte longitudinal actuante’ DF = 0 Beg RN, =O EV gg = RD =+(R, +n N.,) Para lajes mistas onde se posse considerar a contribuigao da chapa perfilada a traccao a Stig =R +0) expresso anterior podera ser: Veg =4(R, +7 N.p + Re) —- Trogo de viga em consola (CD) Para estes trogos de viga entre duas secgdes criticas 0 procedimento é independente da percentagem de conexao. O procedimento explicado anteriormente para conexdo total é aplicado exactamente do mesmo modo para conexao parcial Os problemas explicados anteriormente foram baseados na hipétese de se conhecer & partida a percentagem de conexéo, n, da viga em estudo. Para os casos em que a percentagem de conexéo nao é conhecida a partida sugere-se em seguida um procedimento conservative que pode ser seguido: — determina-se 0 momento actuante, Mes, nas secgées criticas (com excepga0 das secgses de extremidade) através de analise global rigido-plastica (rétulas plasticas nas secgbes criticas); = encontram-se os momentos plasticos resistentes, Mpirat € Myre para uma viga igual a viga em questao, mas com conexéo total; ISTITUTO SUPERIOR TECNICO 548 VIGAS MISTAS - recorre-se ao grafico 6.5 do EC4 e a expressao simplificada 6.1 do mesme para determinar a percentagem de conexao (ou a forga exercida pelo betao solicitado para essa percentagem de conexo) existente na viga. Recorde-se que esta expressdo requer a determinagao do momento plastico resistente do perfil metélico e da seogdo mista nas situagSes de conexo total e parcial. © grafico que se apresenta mais uma vez © a expressdo associada & recta AC do mesmo estdo explicados no ponto 4.8 deste manual, a utlizagaio destes consiste numa aproximagao conservative dos valores reais. Mre te ac | 10 Figura 5.38 — Grajico que relaciana a forga oxercida pala porgao de laye compririda (ou a percentagem de conex4o) com o momenta resistente da seccao. Moy - M M, phat M, N, d nom A= Ney N May = Maras (Mss ~M fet Monae ~M prasra - encontrada a percentagem de conexdo 0 procedimento 6 0 que foi ja descrito anteriormente pois jé se conhece a percentagem, n Métodos para di icdo dos conectores em vigas mistas Os conectores de corte deverao ser distribuidos ao longo das vigas mistas de modo a transmitirem adequadamente 0 esforco de corte longitudinal e 2 prevenirem a separacdo entre os dois materiais estruturais (clausula 6.6.1.3(1) do EC4) Referem-se, em seguida, os principais aspectos a ter em conta na distribuigéo de conectores diicteis (pernos de cabega) em vigas mistas para distribuicées elasticas de corte longitudi al e ise plastica das seccées criticas. 5.50 ~_ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As distribuicdes de conectores variam, entre outras coisas, com a carga apiicada 4 viga mista. As regras @ sugestes que se apresentam aplicam-se a vigas com cargas uniformemente distribuidas. A distribuigao de conectores ao longo de uma viga mista ¢ um problema sem uma solugao facil devido ao facto desta variar em fungao de diversos parametros: carga aplicada, condigées de apoio, caracteristicas e dimensées dos conectores, etc. Para simplificar, os regulamentos e bibliografias fomecem métodos para distribuicdo que se baselam em distribuigées uniformes de conectores do tipo “perno de cabega” ao longo de cada comprimento critico. A referéncia a distribuigées de conectores refere-se & determinacdo de numero de conectores a colocar em cada comprimento critico e na disposigao dos mesmos em cada um destes comprimentos. O numero de conectores necessario em cada comprimento critico 6 dado pela expressao: n= em que: 16 0 ndimero de corectores; Vee a forga de corte longitudinaactuante; Ppa 2 resisténcia de cada um dos conectores usados. A distribuigéo dos conectores de corte ao longo de uma viga mista e o seu nimero dependem da definicéo dos comprimentos criticos e, consecutivamente, das seccoes criticas. Numa viga mista em consola nao existem grandes dividas, nestas 0 comprimento critico 6 0 mesmo da consola. Dado que ao longo do comprimento de uma consola com carga uniformemente distribuida nao existem pontos de inflexao, entéo 0 nimero de conectores pode ser caiculado para todo o comprimento ¢ a distribuigdo destes pode ser uniforme ao longo do mesmo. Este procedimento é correcto devide ao facto de estar perante conectores dicteis (que permitem redistribuigéo dos esforgos entre si). ISTITUTO SUPERIOR TECNICO 551 VIGAS MISTAS Figura 5.36 ~ Distriuigdo de conectores ao longo de uma viga ém console. Para uma viga continua varias séo as hipéteses para os comprimentos criticos a adoptar que fornecem diferentes distribuigdes. llustrar-se-o diferentes hipoteses pera determinar e distribuir os conectores ao longo de um vao de extremidade de uma viga continua pois este & de todos o menos simples (por ter um diagrama de momentos flectores assimétrico). Uma primeira hipétese que se poderd por seré a de distribuir os conectores uniformemente ao longo de todo um vao. Deste modo apenas se calcula uma quantidade de conectores, que é distribuida uniformemente ao longo do vo, independentemente do sinal ou valor do momento flector. Figura 837 isiribuiga Ge conecioros 60 longo de uma viga mista continua, Outra hipétese serd a de calcular 0 numero necessario de conectores de corte e distribui- -los uniformemente entre cada secgdo de momento nulo e de momento maximo adjacente (positivo ou negativo). Para um vao de extremidade tera que ser determinada a distancia a que a secgao de momento maximo positivo esté do apoio de extremidade, d, e, em seguida, calculadas 552 ‘WNSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS trés quantidades, mi, de conectores nos trés comprimentos criticos. Em cada um destes a quantidade respectiva de conectores é distribuida uniformemente. Uma distribuigé&o de conectores numa viga simplesmente apoiada pode ser dada pelos resultados nos comprimentos criticos 1 € 2 na figura seguinte, Um vao interior de viga continua requereria 0 uso dos resultados nos comprimentos criticos 2e 3 Figura 5.38 — Distibuigso de coneclores ao longo de uma viga mista Continua O terceiro caso é descrito pelo EC4 que estipula o seu uso na cléusula 6.6.1.3(5). A hipdtese referente a este consiste em considerar como seccées criticas as de momentos maximos (positivos ou negativos). Deste modo para um vao de extremidade de viga continua teréo que ser calculadas duas quantidades, n,, de conectores, para além da distancia entre a secgao de momento maximo positivo e€ 0 apoio de extremidade. As duas quantidades de conectores sao distribuidas uniformemente nos comprimentos respectivos de viga. Para determinar a distribuigao para uma viga simplesmente apoiada bastara usar os resultados do comprimento critico 1 enquanto que para um vao interior de viga continua usar-se-do os do comprimento critico 2. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bae VIGAS MISTAS Qualquer que seja a hipétese adoptada, o nimero de conectores colocado no vao de viga sera sempre 0 mesmo. O que poder variar sera a distribuicéo destes ao longo do comprimento desta. © ECA estipula, no ponto 6.6.1.3(3), que distribuigdes uniformes de conectores ducteis entre seogdes criticas adjacentes s6 podem ser usadas se: todas as secgées criticas sejam da classe 1 ou 2 (secgdes que conseguem desenvalver momento plastico resistente), se a percentagem de conexao, n, respeitar os limites impostos pelo EC4 (estipulados na cldusula 6.6.1.2 do mesmo € referidos no ponto 3.4 deste manual) e se o momento resistente plastico nao ultrapassar duas vezes e meia o do perfil metalico que o constitui. A ultima condigéo refere-se essencialmente aos momentos plasticos positivos, em geral estes sao os que possuem maior valor relativamente aos do perfil devido a grande contribuigéo do betéo comprimido. Os momentos plastioos negatives ndo excederdo, a partida, 0 limite imposto pelo EC4. No caso do momento plastico da seccéo mista exceder duas vezes e meia a do perfil metalico constituinte a cldusula 6.6.1.3(4) do mesmo estipuia que devem ser realizados testes adicionais aproximadamente a meio entre seog6es criticas para verificar se a conexao de corte é adequada. 554 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 5.2 Considere-se novamente a viga do exemplo 5.1 (betéo C25/30, ago estrutural IPE160 S355NINL, ago refoxco ©20//0,2m A400NR) a qual se assume possuir conexao total. Pretende-se encontrar uma distribuicgéo de conectores que verifique a seguranca ao estado limite itimo de corte longitudinal no tramo 1 (também aqui o procedimento é 0 mesmo para o tramo 2). Os conectores que se pretende usar sao pernos de cabega do tipo B do exemplo 3.2 (®=49mm, hec=60mm e {,=300N/mm?. ‘A viga mista e um pormenor do conector apresentam-se em sequida. ee ee ee [Seer letee eg ekg eee Sy ge ee 2011020 Im) try ac Figura E5.2/1 — Representacao de viga mista, sia seoqdo transversal e pormenar dos coneciores, A resistencia de cada conector @ condicionada pelo conector ¢ nao pelo betdo. Esta foi determinada no exemplo 3.2 e relembra-se mais uma vez. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 55S VIGAS MISTAS 08 ff 08%300%0%.12 P 4 4 1,25 © dimensionamento da conexo de corte faz-se para os dois comprimentos criticos do tramo 1 (definidos segundo 0 EC4): trogo de viga entre o apoio de extremidade e a sec¢ao de momento maximo positivo e trogo entre esta e o apoio central da viga. E necessario conhecer-se as forgas actuantes nas secgées criticas (seogdes dos apoios de extremidade e intermédio e secgao de momento maximo positive), estas foram jé encontradas no exemplo anterior. Apés @ defini¢ao das tensdes equilibram-se as forcas longitudinais no comprimento critico de viga - Comprimento critico entre apoio de extremidade e secgdo de momento maximo positivo: A 085 fj, © R,= 648,36 KN _ uM x 7 648,36 kN 5 it, igura E5272 Equiibno de Togas harzontas Ao Vopo de vga entre o apoie da exivemidads @ @ S00¢80 Ge momento maxirno postive. A forga de corte 6 entdo encontrada através do equilibrio de forgas horizontais num dos materiais ao longo do comprimento critico: DF = 0M ey kN 556 ~INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O que esta de acordo com a expressao simplificada apresentada anteriormente para viga mista sem chapa perflada: min{R,; R,}=+ nin Bay x0,85xL4; Axle Ye % Vie at nin ogsx0gsxa9s, 20 52009, 355100 min {1806,3KN; 648,36kN}= +648,364N Comprimento critico entre secgéo de momento maximo positive € apoio interno: "Wry Figura £5.2/3 ~ Equilbrio de forgas horizontals no 1ogo de viga enive o apoio interno © @ seccac de momento maximo positivo. Forca de corte longitudinal através do equilibrio de forcas horizontais num dos materiais: DF, = 0-0 peg = N, +R, = R, + F, = 648,36 + 240,4 = 888,76 kN ‘A expresso apresentada para o corte longitudinal actuante numa viga mista sem chapa perfilada fomece o mesmo valor: ‘sa = (min {R,; R,}+R,) -{ mind, vba x85 Lt ol seousitt) Ye n HLS} Nota: a rea de armaduras de reforgo 6 determinada para a largura efectva da viga sobre © apoio: 044m (doterminada no exemplo 5.1). +{ in| 0,15%0,850,85% 22 ix oop 28s +240/ min {1806,3+240,4; 648,36 + 240,4= £888,764 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ‘557 VIGAS MISTAS Os conectores sao distribuidos uniformemente ao longo de cada comprimento critico, como 1.3 do EC4. O numero de conectores em cada um dos comprimentos estioula a ciausula 6. criticos @ determinado com o quociente entre 0 esforgo de corte actuante, View, e a capacidade resistente de cada conector, Pra: ~ Comprimento critico entre apoio de extremidade e seco de momento maximo positive: 6483 34,44 =11,9 +12 conectores — Comprimento critico entre secgao de momento maximo positive e apoio interno: Ving _ 8887 n= Litt. = 888.76 16.39 517 conectores Pp 3444 Assim, 0 espacamento entre conectores nos comprimentos criticos sera: — Comprimento critico entre apoio de extremidade e secgéio de momento maximo positivo: BL espacamento = == =" = 0,148 m — Comprimento critico entre secgao de momento maximo positive e apaio interno: i 1,77 epopameno=!=P AN 9431 n Nota: utllza-se o pardmetro B, determinado no exemplo anterior em analise rigido-plastica, pois este é o que define a distancia entre o apoio de extromidade e a seccdo de momento msximo positive (sec¢o onde se formou rétula plastica). Os espagamentos encontrado ndo excedem 0 limite imposto pela clausula 6.6.5.5(3) do EC4. Nao necessdrio verificar as condigdes impostas pela cléusula 6.6.5.5.(2) do mesmo pois o banzo superior do perfil metalico ¢ da classe 1 sem a “ajuda” da conexao. 558 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Considere-se agora a mesma viga mas com uma conexao de 80%. A existéncia de duas linhas neutras na secgo € certa. Assim, néo se pde a hipétese do valor do esforgo de corte ser 0 mesmo da forca exercida pelo perfil metélico, R, (como foi ja referido atras). Os esforgos de corte actuantes, Vieu 6, para cada um dos comprimentos eriticos do tramo de viga em estudo é 0 seguinte: — Comprimento critico entre apoio de extremidade e secgao de momento maximo positivo 7 = 408% 648,36 £5187 ki = Comprimento critico entre seccao de momento maximo positive € apoio interno: Vey =#(R, +17 Ny) = £(240.4 + 08 x 648,36) = 759.1 AN A Geterminagéo do numero de conectores e do espagamento entre eles nos dois comprimentos criticos do tramo realiza-se da mesma maneira que para conexao total. Como seria de esperar a forca de corte longitudinal, Vie actuante sobre os conectores é menor para conexéo parcial do que para conexéo total. © ntimero de conectores também diminuird, 0 que faré aumentar 0 espagamento entre eles. 5.5 Influéncia do processo construtivo nos esforgos Até este ponto a determinacao de tensdes nas seccées transversais de vigas mistas foi realizada assumindo que o perfil metalico e a laje de beto trabalham solidariamente em todas as fases da sua vida, no entanto tal ndo acontece. Durante a construgao o perfil metdlico pode ter que suportar 0 peso do betao nao consolidado, fazendo com que as tenses em ambos os materiais variem em relacdo a hipétese anteriormente assumida Assim, convém definir a construgéo mista em escorada e nao escorada Na construcéo escorada o peso do betdo no consolidado é transferido quase na totalidade para escoras colocadas sob 0 perfil metalico e com espagamentos que, em geral, nao necessitam de ser reduzidos. Basta, frequentemente, uma ou duas escoras (a meio ou a um terco € dois tercos de vo) para reduzir muito as tensdes nas secgdes ¢ as flechas das vigas. Um bom INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 550 VIGAS MISTAS planeamento dos escoramentos consegue evitar preocupagées com factores como as encurvaduras, deformagdes ¢ esforgos nos elementos metalicos. Este tipo de construgao mista € usado essencialmente nas estruturas de edificios em que as escoras suportam o peso do betdo de cada uma das lajes dos pisos. Figura 5:40 — Exemiplo de consirugao escorada em edicio. A construgao nao escorada obriga a que 0 elemento metélico tenha que suportar todo o peso do betdo até que este ganhe a resisténcia necessaria. Neste tipo de construga0 a secgao metalica deve ser dimensionada para resistir as cargas exercidas pelo peso de betdo. Nestas condigées a classe de secgao poderd ser maior na fase construtiva quando comparada com a definitiva. © banzo metalico comprimido poderd ter que ser contraventado lateralmente para evitar que 0 elemento sofra encurvadura por bambeamento. Este tipo de construgdo é usado frequentemente em pontes mistas. Neste tipo de estruturas ‘98 escoramentos (apoiados no solo) so um processo construtivo dificil devido 4 grande altura de parte das pontes e viadutos construidos. jara 5.41 — Exeriplo de construgao nao escorada 6m ponte mista 560 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ‘Sem andlises aprofundadas consegue-se concluir que as distribuigbes de tensdes nas seccoes e as deformagées nas vigas mistas serao diferentes consoante 0 método construtivo utilizado, Apresenta-se em seguida um esquema simples que permite comparar os comportamentos de uma seccdo sujeita a trés situacées diferentes: seccdo sem conexdo, secgdo mista (com conexao) em construgao nao escorada e seccao mista em construcao escorada. Chama-se a atencao para o facto de uma sec¢ao sem conexao possuir menos resisténcia que uma mista e que esta Gltima permite maiores deformagées e resisténcias plasticas semelhantes quando utilizada sem escoramentos. © esquema que se apresenta é meramente informativo. apresenta-se, em seguida, um estudo um pouco mais aprofundado dos dois tipos de construgao mista ao nivel das tensdes em secgbes de vigas mistas. Mag a > > carga - — | _ > carga tr! — os ~ o o Bor I - — Seco mista; construgao escarada ‘Seago mista; construgso nao escorada ‘Se0gao sem conexéio Figura 5.42 - Esquema representativo das diferencas nas tensdes entre consirugao mista escorada e nao estorada o Cconstrugao metalica combinada com lajes de beido. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 56T VIGAS MISTAS © EC4 estipula no ponto 5. .4(2) que os efeitos que resultam do processo construtivo podem ser desprezados para andlise de estados limite ultimos (@ excepcao do da fadiga) em vigas mistas com todas as secgées da classe 1 ou 2 e nas quais ndo possam acontecer fenémenos de bambeamento. Tal est de acordo com 0 que foi dito acima e com a figura anterior: resisténcia plastica de vigas mistas é independente do processo construtivo usado. Se o processo construtivo ndo afecta as secgdes com capacidade de desenvolver momento plastico, 0 mesmo jé no poderé ser afirmado para as que apenas conseguem desenvolver momento elastico resistente (seogdes de classe 3). Mesmo sem se ter aprofundado a analise elastica de vigas mistas deixam-se algumas notas nas paginas seguintes para que se consiga perceber faciimente a influéncia do processo construtivo na resisténcia de vigas mistas com secgées da classe 3. As seccdes da classe 4 ndo sao estudadas por ndo conseguirem desenvolver resisténcia elastica. O seu estuda tera lugar no capitulo referente a lajes mistas, Nota: Também nas seogdes das classes 1 ou 2 pode ser necossario encontrar momentos elasticos resistentes. Nestes casos 0 procedimentos das paginas seguintes também serdo utels. Sem escoramento Explica-se em seguida um conjunto de procedimentos que podem ser adoptados para encontrar os momentos eldsticos resistentes, Maya, de uma secedo mista pertencente a uma viga construida sem escoramentos. Estuda-se uma viga continua por possuir momentos eldsticos Positivos, Meinat, © negativos, Meine Na fase construtiva apenas 0 perfil metalico resiste As cargas aplicadas. Estas consistem no peso do betdo e noutras cargas inerentes aos processos construtives. Na fase definitiva sao aplicadas & viga mista as sobrecargas, que resiste através da acco dos dois materiais convenientemente ligados pelos conectores. A anélise eldstica comega, como ja foi dito, pela homogeneizacdo da seceao mista numa equivalente de aco. O estudo que se apresenta refere-se a edificios correntes, em que o coeficiente de homogeneizacdo utilizado pode ser @ aplica-se a efeitos e cargas para curto e longo prazo. Para outro tipo de estruturas que requeiram a utilizagéo dos coeficientes de homogeneizagéo n, € no, respectivamente para longo e curto B62 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS prazo, terdo que ser utiizdas duas parcelas de cada vez que aqui se apresenta uma (contendo 0 coeficiente n). Ac Acin Figura 6.43 - Esquema represeniaive da homagenslzagao de ume secgao mista. Em fase construtiva o perfil metélico esta sujeito as cargas referidas acima, estas actuam sobre ele criando um momento Mya. Deste resultam tensdes no topo, Gay. € Na fibra inferior, Gai. do perfil metalic. Estas tensdes variam para as secgdes de momentos positivos ou negativos maximos e apresentam-se em seguida Pree €2Fg9s fase consirutiva a oe Figura 5.44 - Esquema representalivo de viga mista continua e distrouigao de tenses elasticas nas secgtes de momentos maxinos. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 563 VIGAS MISTAS Para esta fase as tensdes nos dois materiais estruturais com resisténcia (perfil metdlico € armaduras ordinarias) encontram-se da seguinte maneira: — secgao de momento maximo positive: M, Foe Casa = seceao de momento maximo negativo: Moss o, Foun = W, em que: Maze © M,ce- estéo representados na figura anterior @ sto 0s momentos actuantes sobre o perfil metslic Waaiet © Weoter $80 05 médulos de flexo eldsticos da secga0 do perfil metalico, relatives, respectivamente, a fibra inferior e superior. Quando 0 betdo adquire resisténcia (fase definitiva) a seccao ganha um comportamento misto, funcionando os dois materiais estruturais (bet&o 2 ago) conjuntamente para resistir ao esforcos. A homogeneizacao é efectuada e apés esta obtém-se novas tensdes nos diferentes materiais (Oss € @ tensdo no ago de reforco e da a tensdo na fibra superior do banzo de betdo armado). As cargas aplicadas & secgao mista, sdo as sobrecargas de servico Bea INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS sobrecarga Figura 5.45 - Esquema representaliva Ge viga mista continua @ distibuigao de lensbes elaslicas nas seccoes de ‘momentos maxinios. ‘As tens6es nos materiais estruturais (betéo, ago estrutural e de reforgo) calculam-se do seguinte modo: = secgao de momento maximo positive: ee Mees rec 0, =e ae fe °, ake = ay = secgao de momento maximo negative: Misa ac ‘aha em que: Mcest © Mees estto representados na figura anterior ¢ s80 0s momentos actuantes sobre o perfil metdico; Wesist © Weater $80 08 médulas de flexao elasticos da seco mista, relatives, respectivamente, @ fibra inferior @ ‘superior do perfil metlico Werrsi & Weanei $80 08 médulos de fiexio eldsticos da secedo mista referentes, respectivamente, & fibra extrema de betdo @ as armaduras de reforgo. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 565 VIGAS MISTAS Para encontrar os momentos elasticos resistentes das secgdes das vigas mistas convira introduzir_ um conjunto de grandezas, r. Estas consistem em razées entre as tensées encontradas pelas expressées anteriores e as tensées de cedéncia de cada um dos materiais. ~ raZ&0 entre tensdo na fibra inferior do perfil e a sua tensdo de cedéncia COM Oy; = Fig + Faye — razo entre tensdo na fibra superior do perfil e a sua tensdo de cedéncia: 2, <0: COM Oy = On + Fun, Lela — razo entre tensao na fibra superior do betdo e 0 valor convencionade para a sua tensao de cedéncia’ Porque 0 momento elastico resistente positivo resistente, Mure*, depende da fibra que, dos res materiais, ceder primeiro, que por sua vez teré que resistir aos momentos aplicados pelas cargas das fases construtiva e definitiva entao @ expressao para o seu calculo sera Mig = max {7 © momento eldstico positive, Maire, pode ser condicionado pela cedéncia de uma das fibras extremas do perfil metalico (actuado pelos momentos criados pelas carga em fase construtiva e pelas criadas pela fase definitiva), ou pela cedéncia das armaduras de refor¢o da laje de betdo, que apenas sao solicitadas na fase definitiva (betdo consolidado). Neste caso © momento resistente 6 aquele que foi suportado pelo perfil metalico na fase construtiva somado 0 acréscimo de resisténcia fomecido pelas armaduras. 5a6 ISTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS [Mesa Mee ye Mon Tart Mota + max [r, Mv | max br rw Com escoramento calculo dos momentos elasticos resistentes, Meira, para uma viga escorada é mais simples que para as que sao construidas sem escoramentos. No entanto existe a contrapartida dos esforgos actuantes poderem ser de mais ifcil determinagao em fungéo dos escoramentos adoptados. Numa viga mista com escoramentos o perfil metalico ndo tem necessidade de suportar, por si $6, 0 peso do betdo nao consolidado pois grande parte deste é suportada pelas escoras. Na fase construtiva 0 betao constitui uma carga para 0 sistema perfil metalico mais, escoras, apés estas serem removidas é aplicado a viga mista um carregamento que consiste na sobrecarga actuante em fase definitiva somada as reacgées obtidas nas escoras em fase construtiva. A figura seguinte mostra este processo para uma viga simplesmente apoiada. Fase Construtiva | Escora Escora Estore Fase Definitiva Escora Esoora Escora sobrecarga ios acluantes Sobre uma viga simplesmente apoiada, As secg6es de vigas mistas escoradas teréo que ser homogeneizadas, 4 semelhanga das anteriores, para que se consigam calcular os seus momentos elésticos resistentes, Marrs. Este procedimento @ exactamente o mesmo para vigas construidas através dos dois processos construtivos. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5e7 VIGAS MISTAS Em fase construtiva a viga esta escorada fazendo com que as cargas sejam suportadas quase na totalidade pelos escoramentos. Estes deverdo ser colocados de modo a garantir que esta fase nao é condicionante e que dela ndo resulta qualquer tipo de cedéncia no perfil metalico ou nas armaduras de reforgo. Assim, para 0 calculo dos esforcos pode-se considerar que todas as seccées da viga mista estéo escoradas (sistema de escoramento suporta a totalidade das cargas provenientes desta fase), ou seja, a viga tera, em todas as fases, um comportamento misto funcionando 0 ago ¢ 0 betdo solidariamente. Como se vera mais adiante neste capitulo a consideragao de que todas as cargas da fase construtiva so suportadas pelos escoramentos invalid no célculo das deformagoes. Nestas haverd sempre deslocamentos nos vaos entre escoras que deverdo ser tidos em conta As tensdes nesta fase apresentam-se na figura seguinte. Poa tT TT ot Cagas fase consnsiva DMF ATTT f a EEEEEEEEEEE Figura 547 - Eaquama representalvo Ga lase construive Ge uma viga mista emmrada. A fase _definitiva consistié em retirar as escoras e aplicar o carregamento definitive (sobrecargas). A remogdo das escoras é simulada através de um carregamento semelhante a acgao destas sobre a viga, na fase construtiva, mas em sentido inverso (de cima para baixo). Considerando que as escoras suportam todas as cargas da fase construtiva nao se cometem erros significativos se se considerar que a remogéo das escoras é equivalente a aplicagdo de uma carga Uniformemente distribuida, ou um conjunto de cargas concentradas com espacamento reduzido entre si, a0 longo da viga mista. Com esta consideragao a fase definitiva consiste em aplicar o peso do betéo e as sobrecargas a secgao da viga que as suportaré através de um comportamento misto da seccao 568 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS sobrecarga DMF oss, Gack «ue ach -V,xdx= aR = V, Tem-se assim 2 variagdo da forga de corte longitudinal por metro de comprimento em fungao da coordenada x. A forma dos diagramas de esforcos é a mesma quer se esteja em situagao de conexo total 0u parcial. A grande diferenca entre as duas situagdes reside na forca longitudinal nos materiais estruturais € consequente fluxo de corte na interface, como se pode ver na figura 5.53. Numa situagao de conexao parcial, uma viga mista sujeita a momento flector positive constituida por laje maciga de beto e perfi metélico 1, evidencia um diagrama de extensoes semethante ao que se apresenta em seguida (relembra-se que, neste exemplo, o betdo resiste tracgao) he athi2-y) Figura 6.67 — Diagramas de extensoes em viga mista com conextio parcial INSTITUTO SUPERIOR TECNICO at VIGAS MISTAS : ido em © diagrama de tensdes longitudinais devidas a momento flector actuante é dois: um com tensées tipicas de flexdo pura em cada um dos materiais ¢ outro com tensdes uniformes ao longo de cada um dos materiais. Esta divisdo permite encontrar as forgas de tracgao e compressao nos dois materiais que actuam no meio de conexéo que os une e 0 momento flector actuante na secgdo em questo. Forca de compressao na laje de betao. Forga de traccao no perfil metalico: ‘Moments flector actuante na secgao: (Ah, M=7(E,1, +E, LER St 2 Nota: 0 momento flector 6 determinado através da soma de dulas parcelas: a primeira refere-se as extensdes de variags0 finest em tomo dos centros de massa de cada material, a segunda fomece 0 momento flector gerado pelos diagramas de extensdes uniformes, ‘Soma dos médulos das extensdes nos dois materiais na interface entre eles: e= z(h.-x)+zxy=z(y-xth,) Subsfituinda a expresso de R, na de Me eliminando z, x y obtém-se a seguinte expressao para 0 momento flector numa dada sec¢éio com conexdo parcial: 2(E. 1, +E,1,). . he - (ath Jl+a) SIT DR, e 2a INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO 592 MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 1, In S80 28 inércias da laje de oetzio @ do perfil metalico, respectivamente; E,, Ey s0 0s médulos de elasticidade da Iaje do betto ¢ do perfl melalica, respectivamente: ‘Ac, A'sdo as areas da laje ds beto e do perfil metalico, respectivamente: 7.62 curvatura da viga misia na secz80 considerada Considerando elastica a rigidez dos conectores de corte, esta pode ser definida através da expressao que se apresenta em seguida. Esta exprime a forga de corte que um conector tera de ‘exercer para provocar um escorregamento unitario. fem que: Vie 0 esforco de conte actuante na interface; 2. o espagamento entre os conectores; 5 oescovregamento. Consegue-se definir facilmente a diferenga entre as extensdes na interface em funcdo da tigi destes, do seu espagamento, a, e da compressao, Re, na laje de betdo: ace ae Substituindo 0 resultado da equacdo anterior na que fornece © momento flector obtém-se a equacao diferencial que fornece a variagao da forga de compressao na laje de betéo ao longo de um vao de viga mista: As solugées da equa¢ao anterior, para cada tipo de vao de viga ¢ carregamento, dependem das condigdes de apoio e da forma do diagrarna de momentos flectores. Nao é facil estabelecer um Conjunto de expressées em funcdo dos parametros pois a rigidez de uma viga mista depende da sua largura efectiva, que por sua vez depende da geometria da estrutura, dos racios de dimensées, etc. Enunciam-se, em seguida e a titulo de exemplo, as express6es do momento flector em fungdo da coordenada x e as condigées de apoio para os modelos de vaos de vigas mistas mais comuns. Estas expressOes nao poderdo ser utilizadas na maioria dos casos praticos de vigas INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 593 VIGAS MISTAS mistas devido as diferencas de rigidez dentro de cada vao (devide> 4 fendilhagao) e entre os diferentes vos. As expressbes € condigdes de apoio que se Seguem €: "do escritas considerando a origem do referencial no apoio esquerdo da viga + Viga simplesmente apoiada com carga concentrada a melo véo: 7 - Px Expressao do momento flector M(x)--*, os i Condigées de fronteira u2_ | U2 Tabela 5.2 — Expressao do momento flector e condigdes de ironteira de viga mista simplesmente apoiada, ry INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS * Viga iplesmente apoiada com carga uniformemente distribuida Expresso do momento flector MPS OsxsL R=0, x=0 R=0, 0 x= Condigdes de fronteira ‘ ae aR, xl 42 Tabela 6.3 — Expreseio do momento flecior @ condighes de Tronieira de viga mista Simplesmente apoiada + Viga apoiada-encastrada com carga uniformemente distribuida Expressao de momento flector M(x Condigées de fronteira Tabela 5.4 Expressao do momento factor e condigbes de (ronteira de viga mista apoiada-encastrada, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 595 VIGAS MISTAS + Viga bi-encastrada com carga uniformemente distribuida: Expresso do momento flector M(x)= a Go EE Osx< x=0211L = 0,789.1 Condigdes de fronteira z=0, ; .ooxee 2 | | t+ pdt toa . ! DMF "Tabela 5,5 — Expresso do momento factor © condigoes de fronteira de viga mista brencastrada Sabida a variagao de Re ao longo do vo consegue-se definir a fungao do fluxo de corte, Vi, a0 longo do mesmo. Tem-se assim a variagao de todos os esforgos ao longo de um vao de viga mista ‘Além dos forgas intermas também as flechas sofrem variages em fungao da percentagem de conexo da viga mista (figura 5.53). © EC4 aborda 0 problema do célculo de flechas em vigas com interaccao parcial numa perspectiva de o evitar. A clausula 7.3.1(3) estipula que os efeitos da interaccao parcial podem ser desprezados em vigas mistas se: - a conexao de corte esteja de acordo com o estipulada no capitulo 3 deste manual ponto 6.6 do EC4: - nfo sejam usados menos conectores que metade dos usados em situagao de conexao total (conexdo de 50%); - ef caso de laje nervurada com as nervuras transversais a0 perfil metélico a altura destas nao exceda 80mm, As imposigdes do EC4 permitem tirar conclusées titeis sobre 0 calculo de flechas em vigas mistas com conexao parcial 5.96 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. A primeira condigao imposta pela cléusula 7.3.1(3) do EC4 diz que a conexéo de corte em vigas mistas deve estar de acordo com o capitulo 3 do mesmo, logo @ percentagem de conexao nestas ter de ser maior ou igual a 40%. A segunda das condigées da mesma clausula (2 do paragrafo anterior) estipula que apenas & necessario considerar os efeitos da conexéo parcial no cloulo de flechas em vigas com percentagens de conexo inferior a 50%. Assim, conclui-se que apenas terdo que ser levados em conta os efeitos da conexao parcial para vigas com percentagens de conexao entre os 40% e os 50%. Em vigas de edificios a diferenga de conectores nao justifica a preocupacao com o estado limite de deformagao, este tipo de preocupagées poderd surgir em vigas de pontes com véos elevados, em que pequenas percentagens de conexéo se traduzam em custos elevados ou diferengas grandes de comportamento. Assim, a EN 1994-1-1 nao estipula quaisquer regras para o célculo de flechas em vigas de estruturas mistas de edificios. Parte-se do principio que, em estruturas de edificios, nao se optara por projectar vigas com percentagens de conexao entre os 40% e 08 50%, A regulamentagao anterior (ENV 1994-1-1) estipulava que, para conexao parcial acima de 40% as flechas de vigas mistas teriam que ser calculadas segundo uma expresso semelhante as que se apresenta em seguida: 5=6,+B(6,-65,))1 em que: NINF 6 0 graui de conexao que se situa entre 0,4 6 0,5; 8, 6 a flecha provocada ao perfil metaico (NIN! 3, @ a Mecha da secgao mista (NIN=1); 8 um coeficiente que pode tomar dois valores diferentes: 0,8 para construgdo escorada e 0,3 para ndo escorada Como se pode verificar, a expresso anterior consiste numa ponderacao entre a flecha de uma viga metdlica e a de uma viga mista. Observando a expresso verifica-se que (1-NIN;) maior que 0 @ menor que 1, 0 que faz com que fi(1-NIN,) esteja também entre 0 e 1. Assim, sabendo que 8c & maior que 6, ento ter-se-4 um expresso do tipo 5 = ax 6, +(1-a)x5,, em que a se situa entre Oet Apés 0 calculo da flecha, 8, ter-se-4, como é habitual, que comparar com os valores limite definidos pelos regulamentos e pelo dono de obra. As flechas 8, e 6. sao calculadas como explicado no ponto anterior. O processo construtive & importante para este célculo ¢ ambas S40 encontradas através da sobreposicao de efeitos. Na figura seguinte mostra-se como encontrar estas duas grandezas no caso de viga escorada. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 57 VIGAS MISTAS PP beigo* Cargas construtivas PP petso* Cargas construtivas AIT LEP construtiva retirar escoras_ CTT Ty) aayiiiiy 6, = 8 +614 8. 5, Figura 5.58 — Flochas 6, © 6. a usar no Galeulo de fechas om vigas mistas escoradas com conexo parla INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Se PP betzo* Cargas construtivas PP betgo* Cargas construtivas Figura 6.69 ~ Fiechas 6, e 6, a usar no caisulo de fechas om vigas mistas Ao escoradas com conexao parcial INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 598 VIGAS MISTAS EXEMPLO 5.5 Considere-se a viga descrita no exemplo 5.4 para as situacdes de viga mista escorada (caso ii) nao escorada (caso i). Esta esta sujeita a uma sobrecarga de faca com o valor de 2,0kN/m? e possui uma distribuiggéo de conectores que Ihe conferem uma conexéo parcial de 45%. As caracteristicas dos materiais e um esquema da viga apresentam-se em seguida: betéo 25/30, aco estrutural IPE160 S35SNINL, a0 reforco ©20//0,2m A400NR. caso (i) c= 2 KNim? © 20// 0,20 m (OM Sie ian IPE 160 —~* {m] ~Figura ES.57 ~ Representagio da vga nsta orn oma Pretende-se determinar as flechas obtidas para um grau de conexo de 45% em cada um dos dois casos (viga escorada e nao escorada) apresentados @ comparar com os valores obtidos Tal como no exemplo anterior apresentam-se as cargas a aplicar @ viga em fase construtiva e em fase definitiva bem como as caracteristicas, da viga, necessarias aos calculos que se seguem: Ii, Deiat serio = OS * 2,5 % 25 = 9,4 KN [im Pease coxsreum Pease vervmirs = W2 Lge SC = 054% 2,52 = 2 AN 5100 ~INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Largura efectiva 4m =by+ yb, [Centro de massa, inércia e rigidez de flexdo = 213,25 mm 70376943 ma’ Ye El, Centro de massa, inércia € rigidez de flexo do IPE 160 Yeu = 80,00 mm Type, = 8693000 mm Ed =1825,5 kNun Caso 1 - Viga nado escorada Para 0 caso de viga escorada ( ,3) com 45% de conexao de corte na interface entre os dois materiais a expresso que fornece 0 valor da flecha é: 5=6,+B(6,-6, if ul Jra +0,3(8, - 5, )(I-0,45) = 6, +0165%(6, -5,)= =0835%5, + 01656, © calculo de 8. foi j4 realizado no exemplo §.4. Uma observacao das figuras 5.52 € 5.59 permite perceber que 5, € a flecha de uma viga mista com conexdo total. Assim, 0 seu valor é retirado do exemplo anterior: 0,01765m O valor de 5, pode ser encontrado através de uma Unica operagao. Na figura 5.59 5, e 5.2 podem ser definidas na mesma operagao. Sendo a viga simplesmente apoiada, a expresso da soma das flechas em fase construtiva e em fase definitiva torna-se na flecha de uma viga simplesmente apoiada com toda a carga aplicada em simultaneo: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.401 VIGAS MISTAS 384 = FE = 0,0208 m 4 210 x10° x 869,310 © valor da flecha para um viga com 45% de conexao é de’ N iw 535%5, +0,165x5, = 0,835 x 0,01765 + 0,165 0,0208 = 0,0182 m Como seria de esperar a flecha supera a que foi obtida para uma viga nao escorada com conexao total Caso 2 - Viga escorada A expresso que fornece a flecha de uma viga no escorada com uma conexdo de 45% é ligeiramente diferente da de uma viga néo escorada pois 0 valor do parémetro B & agora de 0,5. 6, +0,5x(5, - 8, )(1-0,45) = 6, + 0,275 (6, -5,)= = 0,725%5, +0,275x5, ‘Também para 0 caso da viga escorada se encontrou a flecha em situagio de conexao total, 8c, cujo valor é, obviamente, menor que a flecha com conexéo total: 5, =0,00218 m 5102 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O calculo da flecha em viga sem escorada sem conexo, &,, ¢ realizado de acordo com o esquema da figura 5.59. Este requer 0 calculo de trés flechas distintas: + a1 6 a flecha provocada pelas cargas da fase construtiva no sistema perfil metélico + escoramentos. Esta flecha é obtida do mesmo modo que a flecha 6c: pois o elemento resistente € 0 perfil metdlico e as cargas construtivas séo as mesmas (pPreisu*cargas construtivas). O calcul apresenta-se também no exemplo anterior: - ict - 5. 94x1,5* 384 1825,5 = 0,00007 m OME eesce [KN.m] 4:06 ~~ Figura 5.5/2 — Distribuigao de e=forgos na fase construtiva. © 622 € provocada pela remogéo das escoras apés a presa do betdo, tal é equivalente & aplicagao de cargas de sentido contrério as escoras e com valores iguais as reacgdes que estas suportavam na fase anterior. O valor desta flecha pode ser encontrado através do método da carga unitaria, com a diferenga importante de, por se estar a calcular 842 em vez de 8:2 Se tem Tipe em vez de T, INST:TUTO SUPERIOR TECNICO 6.103 VIGAS MISTAS Figura E5515 — Disirbulgao de esTorgis na fase de remogao Gas escoras. MM dy =0,0172 m El, Sas € provocada pela actus x40 das sobrecargas em servic actuando sobre uma viga de inércia igual a do perfil metal:70: DMF [KN.m] “2 Leal WLP Figura 65.43 — — Ge 6a 505 na fase Getniiva, 5404 INSTITUTO SUPERIOR TECNIC MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 5 _ pL 5 2,0x4* 384 Eliprjyy 384 18255 = 0,0037 m Assim 0 valor da flecha com conexao nula, ,, € da flecha com 45% de conexao parcial, 6, sao: .00007 + 0,0172 + 0,0037 = 0,021 m 0,725x5, +0,275%5, = N a 0,725 x0,00218 + 0,275 x 0,021 = 0,00736 m 6=6,+B(6, -6, rc — ‘A comparacao dos valores das flechas deste exemplo e do anterior permite-nos concluir sobre a validade dos valores obtidos. Viga escorada Viga nao escorada % 0.00216 001765 oe 0.021 3 000736 Tabela ESA ~ Comparagao dos valores abiidos para as fechas Gas vigas mistas, ‘Ao comparar os valores de 8. em ambas as vigas observa-se que este é bastante menor para a viga escorada, ou seja, que 0 escoramente esta a efectuar correctamente o seu papel. Para 6, 0 papel do sistema de escoramento ¢ irrelevante pois as cargas so todas aplicada ao perfil metalico, como se pode verificar estas flechas s4o muite semelhantes para ambos os casos (viga escorada ¢ no escorada). Obtém-se, em ambas as vigas, valores de flechas menos elevados para as flechas com conexao total do que com conexo nula. Esta diferenga & mais not6ria no caso da viga escorada, como seria de esperar. “INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 8.105 VIGAS MISTAS 5.8 Controle da fendilhagao do betao. As vigas mistas, a semelhanga do que acontece com as de betdo armado, sé susceptiveis a fenémenos de fendilhagéio do betdo que as constitu A fendilhagéio ocorre em elementos de betéo (mistos ou de betéo armado) essencialmente devido a dois gtandes grupos de efeitos: cargas directamente aplicadas ao elemento ou deformagées impostas devido a efeitos e restrigdes. Neste Ultimo grupo pode-se distinguir entre a fendihacao provocada por factores extrinsecos a estrutura (assentamento de apoios, por exemplo) ¢ intrinsecos (gradiente de temperatura ou retraccao do beta). O controlo da fendilhagao no betéo sé € necessario quando esta afectar a durabilidade e 0 comportamento do elemento. Assim, a fendilhagao deve ser limitada a um nivel no qual nao se espera que va influenciar 0 adequado funcionamento do elemento nem que faca com que a sua aparéncia seja inaceitavel. O tratamento da fendilhagao em vigas de betéo armado é ja conhecido e mais simples que em vigas mistas. Para evitar que as primeiras fendithem bastard encontrar a resisténcia da seogao para a tens4o de tracgdo maxima do betéo. Além disso a rigidez das secgtes, apés estas fendilharem, vai diminuindo 4 medida que se aumenta a curvatura segundo leis jé conhecidas. Em vigas mistas tais conclusées ndo sao simples devido a existéncia dos dois materiais. Nestes elementos as deformaces impostas pela retraccdo ou temperatura podem gerar curvaturas € as cargas impostas podem nem sequer provocar fendilhagao do betdo (ago 3 tracgao e betdo a compressao). © EC4, no que toca & fendiihagéo, remete quase sempre para o EC2 com excepeao de um conjunto de regras de pormenorizagdo. A EN1994-1-1 descreve. também, calculos para a obtengao de armaduras minimas e para a verificagao indirecta da fendilnagao quando provocada por carga directamente aplicada a viga mista em questao. © EC4 estipula, na cléusula 7.4.2, que deve ser usada armadura minima quando, por efeito de restrigées ou de deformacées impostas, o banzo de betdo de uma viga mista esteja sujeito a traccées. Esta cldusula impée valores para a armadura minima que so independentes do facto de existirem ou nao cargas aplicadas directamente ao elemento. ‘A armadura minima definida segundo a cléusula referida encontra-se segundo a seguinte expressao: KAS nay * Au /O, (7.1) EC4 em que: ‘Ag @ a drea de Iaje & ltacedo imeciatamente antes de se dar a fendilhagao (se Se quiser armadura por unidade de ‘comprimento ter-se-8 que dar como valor o da largura de laje traccionada); fee @ a tensdo média de tracgao na zona efectiva de belo aquando da ocorréncia da primeira fenda, Pode ser tomada igual a fem @ ASsume um valor minimo de SNimm? quando nao se conseguir determinar com exactidéo se a idade do beldo fendihiado & menor que 28 dias 5.108 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS k & um cooticente que entra em conta com os efeitos das tensdes nao uniformes auto-equiibradas na laje de betao, toma o valor de 08 a 6 um cosficinte que permite entrar em linha de conta com a reducio da forca normal na laje de betdo devida & fendihag8o inicial e escorregamento local na interface entre os dois materia, toma o valor de 0.9; i 14h /(2 ) +0,351,0 (rajecs 6 um coeficiente que enica em linha de conta com a distribuicgo de tensbes na seco imediatamente antes de ocorrer fendithacao) hh, € 8 espessura do banzo de betdo (nd contando com as nervuras); 2 € a distancia, contabilizada na vertical, entre os centros de massa da laje de betdo nao fendilhada e da seccao mista ndo fendiihada (calculado usando o coeficiente de homogeneizagaio para efeitos a curto prazo); 9. € a maxima tensao admissivel nas armaduras, 0 seu valor 6 fornecido na tabela seguinte em fungo do ciémetro escolhido para as armaduras, @*, © da abertura caracteristica requerida para as fendas, wh. Didmetro maximo dos varbes, * [mm], para as varias aberturas caracteristicas de Tens&o no aco, fendas, wk 8 (No Wa 0,2 mam Teo 2001 240. 280. 320. 360. 400) 450, Tabela 5.6 — Tensbos admissivols nas armaduras para Glferentes aborturas de fendas no belBo & diferentes diametros de armaduras, Estipulada a armadura minima no banzo de betao o EC4 estabelece, na clausula 7.4.2(6), que a armadura minima inferior colocada no betdo adjacente a alma de um perfil metalico em I betonado é encontrada através da mesma expresso (7.1 do EC4) mas com as seguintes alteragoes: - K=0,6; © controlo da fendithagao criada pelas cargas aplicadas directamente a uma viga mista pode ser feito indirectamente (ou seja, sem calcular abertura de fendas) através do controlo dos diametros maximos dos vardes e do espacamento maximo entre eles. Tal controlo s6 pode ser efectuado para niveis de percentagem de armadura acima da minima atras calculada e é efectuado através da tabela anterior (para limitar os diametros dos vardes) e da tabela seguinte (para os espacamentos entre eles) ~~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.107 VIGAS MISTAS Tensso no ago, Espagamento masieno ene vardes [mm] para as vatias aberturas caracteristicas de Oe [Nn fendas, we Wie mam Wie0.3 mm ee 75 300, - eo — 200 300 250 240, C 250. 200 7 280, 200, 150 320 150 100 { e 360 700 50 = Tabela 5.7 ~ Tensdes admissiveis nas armaduras para diferentes aberluras Ge fendas no belao @ferentes espayamentos entre as armaduras. A clausula 7.4.3(2) do EC4 estipula que as tensées reais nas armaduras, utilizadas para comparar com as maximas das tabelas anteriores, sdo calculadas através de andlise elastica e devem entrar em linha de conta com os efeitos do aumento de tigidez do betao entre fendas. A clausula seguinte (7.4.3(3)) formece uma metodologia simples para entrar em conta com os efeitos deste aumento de rigidez. Este aumento é quantificado através da expresso seguinte: 04 ao, = fm (7.5) EC4 Oy Pe em qu: fem € @ tenséo media resistente do betdo: @, = AI/A,1, (76) EC4 A, Iso a area e 0 momento de nércia da secgao efectiva desprezando 0 bello a tracgdo e a chapa perfllada; ‘As, le 880 a rea @ 0 momento de inércia do perfil metalico; 2, =(4,/4,) 9 perentagem de amacua na sega d vig mist ‘Aba ical do todas a camadas de ermaduralnghsinldeto da argura fective ‘Ag.6 2 dra ofectiva do banzo de betao na zona em que este esta traccionado, Para encontrar a tensao total nas armaduras da seccdo na qual se quer controlar a fendilhagao adopta-se a expressao seguinte: O, = 0,9 +Ac, AVEC em que: x0 @ 2 tense instalada nas armaduras provocada pelasforcas interiors inerentes 20 Comportamento misto da viga Considerando que apenas 0 perfl metalico e as atmaduras resistem (forga exercida pelo perfil metaico sobre as armaduras); ‘40 € 0 aumento de tensdo provecado pelo aumento de rigidez do betdo entre fendas Nota: Casos ha em que se dimensionam vigas mistas continuas ao longo des vaos como simplesmente apoiadas em cada um deles, Quando, nestes casos, 0 controle da fendiihagao nao é imporiante o ECS (clausula 7.4.1(4)) estipula racios minimos de armadura longitudinal superior para colocar sobre os apoios: 5.108 : INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS + para construgso escorada: A, .., = 0.4% A, = para constnugso nao escorada: A, n., = 0.2% A, (© ECA estipula ainda, na mesma cléusula, que esta armadura devera ser colocada sobre os apoios até 0,251 de cada vo para cada lado ou, no caso de consola, até 0,5L sendo Lo comprimento da consola, Também aqui se despreza a contribuigdo da chapa perflada, 5.9 Encurvadura por esforgo transverso O fenomeno que se descreve neste ponto consiste num tipo de instabilidade local de placas. Esta é a que ocorre quando as placas de aco esto sujeltas a forgas de corte e & qual foi feita referéncia no capitulo anterior (ponto referente a classificagéo de secedes). Os elementos laminares de ago constituintes de uma sec¢&o mista, essencialmente sujeitos ao corte, séo as almas dos perfis metalicos. O campo de tensdes gerado nas mesmas poderd ser representado como se mostra na figura seguinte. O campo de tensdes tangenciais, t, € provocado pelo esforgo de corte, V | Figura 5.60 — Distribuigao de tensbes tare Giais na alma de um perf metalico, A encurvadura das placas sujeitas ao corte ocorre devido existéncia de compressdes nas mesmas. A decomposigao do campo de tensées tangenciais em tensdes normais equivalentes permite obter uma direccao com tensées de compressao e outra com tensées de traccao. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5109 VIGAS MISTAS Svracgao © compressa t Srcompress80 S waczs0 Figura 5.61 ~Decomposigao do campo de tensoas tangenciais em compresses e traogbes. ‘A decomposigao do campo de tensdes permite concluir rapidamente como ocorreré a encurvadura da placa, Esta instabi 1r para fora do seu préprio plano ao longo de “direcgées” aproximadamente perpendiculares 4 das compressées. in J, Scompresséo + Jf, corte A-A' “fy < Sompressso Figura 562 ~Insiabildade da alme 2 um perfil meaico BA10 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS, Como foi ja referido no capitulo anterior, a expressdo que fornece a tensdo critica de uma placa sujeita a esforgo transverso é a seguinte: Ena Tey DOO y 12-v2)\b) em que E, 6 0 médulo de elasticidade do ago; vs €0 cosficionto do Poisson do ago: t € a espessura da placa em questao; b é a largura da placa (medida na direc¢ao perpendicular a tens4o aplicada, como mostra a figura); kk, 6 0 coeficiente de encurvadura local, que depende das dimensdes e condigSes de apoio da placa, Quando a tensao critica é menor que a tensao ultima da placa da-se encurvadura por esforco transverso. Caso a tensao titima seja mais baixa que a critica da-se a rotura da placa (Plastificagao). Sabendo que a tensdo critica depende apenas das condigdes de apoio, das dimensées da placa e das caracteristicas do ago que a constitui entao sera facil perceber que a ocorréncia de encurvadura por esforgo transverso pode ser prevista ou evitada se se conhecerem todas estas caracteristicas de cada placa cuja seguranga se pretenda verificar. © EC4 remete para 0 EC3-1-5 no que diz respeito a encurvadura por esforgo transverso. Este, na clausula §.1(2), estipula que devem ser verificadas 4 encurvadura por esforgo transverso e reforcadas com reforgos transversais sobre os apoios todas as almas de perfis metalicos que nao satisfacam as seguintes condicées: ‘+ almas sem reforgos transversais: “ 0. 0.5 2.0 3.0 alhw Figura 5 ~ Evemil0s Tepresenlavos de rTo7G0s Tongs em alas de Vos THEATRE Ou WTAE (aaplado de 25). Para almas com um ou dais reforgos longitudinais o mesmo anexo define ainda duas regras: 6,3+0,02x oe 7 414s se “23,0 fy (8) EC3-1-5 (A.5) EC3-1-5 se A <30 c) 4.141.) fe se 20 Ve xa, Ay em que: \adas as grandezas s8o conhecidas das regras anteriores. A relagao entre yj © dv depende da rigidez das extremidades da viga sobre os apoios de extremidade que podem, segundo o EC3-1-5, ser classificadas em: extremidade rigida, extremidade nao rigida ou ispositivo de extremidade nao existente. Apresentam-se abaixo 0S esquemas de extremidades de vigas mistas correspondentes aos trés tipos indicados. 5116 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO respectivas que se apresentam na tabela abaixo. Do grafico podem-se tirar varias conclusée MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ELLE Extremidade rigida _ Extremidade nao rigida _Dispositivo de Extremidade nao existente Figura 5.68 — Classifica das exremidades segundo a sua agidez, A obtengao de yu 6 entao feita através do grafico que se apresenta abaixo ou das fungées — uma viga com extremidade rigida & (como seria de esperar) menos susceptivel a encurvadura da alma por esforgo transverso; ~ o.andamento das curvas é semelhante ao que encontra nas curvas de dimensionamento de elementos metélicos ao varejamento; ~ no influencia nem depende do tipo de extremidade considerada apesar de o maximo valor de i, para © qual se pode desprezar a encurvadura, depender do valor do 9, toy wT — So Gamade |‘? Valores de 0 FA 0 02 04 DS 08 1 12 14 16 18 2 22 24 26 28 3 Ty Figura 6.69 — Relagao entre o pexammetro de esbeleza, Im, © jw (adaptado de [19)) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO a7 VIGAS MISTAS — Valores de 7, Valores de 2, [Pee Extremidade Rigida Extremidade nao Rigida 2, <083/n 7 7 | 083/19 <2, < 1,08 0,83/2,, 0,83/2,, 7, 21,08 137/(0.1+% 0383/2, Tabela 5.8 — Valores para ys em funglo do valores dos intervalos de valores de valores deh (adapiado de [18)), Para valores do parametro de esbelteza podem ser usados outras expressdes que ndo a de (5.3) EC3-1-5, Estas sao expressées simplificadas, apresentam-se em sequida e 0s valores delas obtidos deverdo ser introduzidos no grafico ou tabela seguintes. + secgdes cujas almas metélicas possuem reforgos transversais nos apoi iy =e 6.5) EC3-1-5 OSA oxt Ke = ‘+ secgdes cujas almas metélicas possuem reforcos transversais intermédios e/ou reforcos longitudinais: h, 4A ~ 5.6) EC3-1- 3TAxtxex dk, Ce eae Nota: o valor de kr usado na expressao anterior @ o menor para o painel considerado. Relembra-se que 0 valor deste pardmetro depende das condigées de apoio que se consideram para o painel 0 valor de ba tomado no caso de existrem reforgos longitudinais nao deve ser menor que: a (5.7) EC3-1-5. BT anraexyky 67) ae fe ky 580 08 parimetrs referents a sub-palne de laje com o maior parbmetro de esbeloz: {2 epesaura dl, qve © am govt ual pare ods co sub-parts = [235/f, (com em MPa ane INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS — Contribuicéo dos banzos Segundo 0 EC3-1-5 também os banzos podem contribuir para a resisténcia da alma a encurvadura por esforgo transverso. Esta contribuigao é, em gerai, modesta quando comparada com a das almas e s6 pode ser considerada quando existe reserva de resisténcia dos banzos apos @ sua solicitagao por momentos flectores ou por esforgos normais de compresso no perfil metalico A contribuigao dos banzos, 74, € dada pela expresso que se apresenta em seguida: (5.8) EC3-1-5 em que: 16 a espessura do banzo com menor resistencia do perfil metalico; by a largura do banzo com menor resisténcia e tord que ser menor ou igual a 15% 1, para cada um dos lados da alma; fy. © fw S80, respectivamente, as tensdas de codéncla do ago que constitui o banzo menos resistente e a alma do perfil metalico; thy © t S80, respectivamente, @ altura e a espessura da alma do perfil metslco; Myre 6 0 momento resistido apenas pelos banzos do perfil metalico descrito no ponto 4.7 deste manual; ( L6xb, x13 x a 0.254 ox x xh, tx xf,, —) Meas é 0 valor do momento flector actuante na seccdo metalica: A flexao simples em vigas mistas obriga a que os perfis metalicos que as constituem estejam sujeitos a flexdo composta ou a compressao, consoante a linha neutra se situe, respectivamente, abaixo ou acima da interface dos dois materiais. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bi19 VIGAS MISTAS. Figura 5.70 — Flexo simples em secgao de viga mista, Deste modo tem-se que, salvo raras excepgées, o perfil metalico que constitui uma viga mista estara sempre solicitado por um determinado nivel de esfor¢o axial. Assim, é sempre necessario: afectar, na expressao anterior, o momento resistido pelos banzos, Mas, pelo seguinte factor de redugao: Nese 1 1.8) EC3-1-5 Ant 4a a Yan em que Neaa & 0 valor do esforco normal actuante sobre a seogaio metalica; ‘Ar ¢ A S80, respectivamente, as dreas dos banzos metélicos superior inferior; 6 a tensao de cedéncia do ago que constitui os banzos metalicos; ‘yu © 0 Coeficiente de seguranca parcial respectiva as encurvaduras e definido pelo EC3 como sendo 1,0; Fica, assim, a contribuigao dos banzos metélicos para a resisténcia a encurvadura da alma com 0 seguinte aspecto: bypxt xf xB 1 Cth, «fh, XT) Mea! M pag ‘em que: todas as grandezas intervenientes sao jé conhecidas. 5.120 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO EXEMPLO 5.6 Considere-se a viga mista simplesmente apoiada representada na figura seguinte. Os materials que 2 constituem so: betéo C20/25 (f4=20,0 MPa) e aco S355 (f,=355,0 MPa, E,=210,0 GPa, #20,81). O valor do parametro n, definido no capitulo 5 do EC3-1-5 é 0 proposto neste: 1,2. Pretende-se averiguar a resisténcia da viga ao esforgo transverso nas secgdes em que este maximo, Linf'=1000mm 10x14 —400%8 00x14 L-Le=6,0m igura E5.6/1 — Representagao da viga mista em estudo. © esforco de corte resistente foge ao ambito deste exemplo e foi ja estudado no capitulo anterior. Pretende-se saber qual a susceptibilidade que a alma do perfil metdlico possul para encurvar para fora do seu préprio plano. © perfil metalico que constitui a viga mista ndo respeita as condig6es de ‘verificagao automatica” dos perfis & encurvadura por esforgo transverso estipulada pelo ponto §.1(2) do EC3- 145: assim, tera que ser realizada a verificagao da viga quanto a esta forma de instabilidade. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bazi _VIGAS MISTAS © ponto 5.3 do EC3-1-5 define a contribuigao das almas, 7m, pata a resisténcia a encurvadura do perfil por esforgo transverso. © coeficiente de encurvadura, k., encontra-se através de uma das expressdes A.5 do anexo A do EC3-1-5: fh, k =534+400x{ *] 4 ky =534+4,00% Va eee 190000 |.) = 12x(I-v? . ae) = 534%190000%( 89) = 59,74 apa (500.0) A esbelteza normalizada pode ser definida através da relagao entre a tensao Ultima da alma, fy, @ a tensdo critica de corte, te, (que pode ser apelidada de expressao geral), ou através da expresso simplificada forecida pelo EC3-1-5. Como se observa em seguida, a diferenga entre as duas é muito pequena e a expresso simplificada poderia ter sido utilizada evitando, assim, 0 calculo da tenséo critica realizado acima. > [Fr 355,00, «expresso geral: An =0,16x,)-= = 0,76 jac 76 x 0.889 z ‘¥259,74 5 epee aes 00.0 15 B4,6x1%e 84,6x8,0x081 © expresso simplificada: Usa-se, para a obtengao de yy, neste exemplo, o resultado da expresso geral. Na tabela 5.8 (tabela 5.1 do EC3-1-5) observa-se que o valor abtido se insere no intervalo de valores, 983 2 0.34 Hbs2 048) Afb>2 076 Outras secgoes I 5 oe “Tabela 5.9 — Valores Go facior de imperfelgao om fungao dos perlis © das suas dmensbes I's laminados a quente V's enformados a fio Notas: Aposar dastes valores serem retirados do ECS eles podem ser aplicados a vigas mistas, Tal deve-se a0 facto destas encurvarem apenas em zonas de momentos negativos, onde as imperfeicbes se fazem sentir de modo semelhante as das vigas metalicas Como se pode observar na figura anterior nao existe necessidade de se considerar os efeitos do bambeamento para vigas em que a esbelteza normalizada seja menor que 0,2. © momento resistente de uma viga mista com secgao da classe 1, 2 ou 3 e entrando em conta com os efeitos do bambeamento, Maga, pode ser encontrado através do momento resistente da SeCG80, Mra, € do factor de redugao, yur! Mya = Zar *M ng INSTITUTO SUPERIOR TECNICO S137 VIGAS MISTAS A expresso anterior apenas pode ser aplicada a secgbes das trés classes referidas, 0 EC4 ndo estipula regras para a verificagao de seguranga ao bambeamento de elementos com seccoes da classe 4. Chama-se mais uma vez a atengdo de que a encurvadura local do banzo metalico comprimido pode originar ou ‘'m ja mista por flexao-torgao. Para secgées das classes 1, 2 ou 3 a grande diferenga na verificagéio da seguranca ao bambeamento consiste no momento resistente usado. Para classes 1 ou 2 (resistencia plastica) podem-se usar distribuigdes de tensdes plasticas enquanto que na outra apenas se usaréo distribuigdes elasticas nas secg6es. Tal facto tem implicagdes no célculo da esbelteza normalizada Aur, @ no momento resistente, Mrs, que, por sua vez, influenciam a resisténcia do elemento ao bambeamento, More Classe da seco Ma Classes 1 ¢ 2 Classe 3 Tabela 5.10 — Valores do momento resistente das secgbes 6 da esbelteza normalizada em fungao da classe das mesmas, A grandeza que trata este ponto pode ser definida como 0 momento que determinado elemento podera suportar sem bambear. Depende de inémeros factores como a rigidez de targa, de flexdo e de empenamento do perfil metalico, a rigidez da laje e do betéo entre almas (no caso de vigas mistas), a forma do diagrama de momentos e 0 comprimento de encurvadura do elemento. O processo através do qual se determina © Mc, a partir do dos factores atras referidos e de outros foge ao Ambito deste manual. Considera-se, no entanto, bastante util a apresentacao de algumas expressdes muito utilizadas tanto para as vigas mistas como para as metilicas (estas por poder ser necesséria a verificagdo ao bambeamento de vigas mistas em construcao nao escorada e nas quais 0 beto ainda ndo tenha endurecido). Na regulamentagao anterior ({41) podiarn-se encontrar anexos com as expressGes de momentos criticos no entanto actualmente considera-se este assunto como um contetido programatico dos cursos relacionados com a engenharia civil e remete-se o seu ensino para as universidades. 5138 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Para vigas metalicas 0 momento critico, M.,, para seogdes com simetria em toro do eixo z, pode ser determinado através da seguinte expressdo: em que: 60 comprimento de vige entre pontos contraventados lateralmente; k € um cosficiente que exprime a literdade das secgdes extremas do comprimento de viga considerado quanta a toreao, ro seu proprio plano. Com duas secgées impedidas de rodar 6 0,5, com as duas livres de rodar 1,0 ¢ para uma livre e outra impedida é 0,7 ky € um coeficiente que exprime a liberdade das secgdes extremas do comprimento de viga considerado quanto torga0; E, & 0 médulo de elasticidade do aco constiuinte da viga metalica: G, = Ej[2x(1+v)] , ¢0 modulo de distorcae do ago constituinte da viga metalica; Te. 1 880, respectivamente, as inércias em tomo do eixo dos 2. de torgdo © de empenamento (todas podem ser encontradas nas tabelas dos fabricantes); 246.8 distancia entre 0 contro de corte da secao @ 0 ponto de aplicacdo da carga, 0 sinal dapende do efeto da carga como se mostra na figura abaixs P Efeito Estabiizante zg>0 ae a Pal Tee cc} | lagi Efe Instbitzanto 290 Ye Figura 6:78 ~ Efallo da carga vertical na insiabiidade de um perfil metalica 12, exprime e diferenga entre a geomettia dos banzos comprimido @ traccionado. A expressao geral que fornece esta grandeza é, (00m Zee 6 @ coordenada do centro de corte € Iya inércia da seccdo metdlica em torna da eixa dos y; INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 5138 VIGAS MISTAS Fomecom-se duas expresses para secrdes para perfis 1 de modo a faciitar a determinagao de Mer para este tipo de pertis: compre 205 rcs conprinity +7 ancy wactonads 1 ac compre axce cowpeas * 1, macnn I 1 ona compinide <05 buy commie + 1, ar racine pace comprinias tT h@ a distancia ente 08 ceniros de gravidade dos banzos do perf C1, C2 © C3 sto cosficientes que dependem da forma do ciagrama de momestas das cesgses da viga &torgso. A importancia destes coeficientes & grande pois so eles que permitem entrar em linha de conta com as concigBes de ‘toni das vigas ¢ com a ipologia do carragemento aplicado. Uma tabela com a proposta de requlamentagao anterior (124) apresenta-se em seguida, 5140 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ‘Carregamento e condigbes de | —Diagrama de momentos | Valores ‘apoio flectores aek 10 | 1.000 4,000 a7 | 4.000 : a3 05 | 4000 aa 10 | asa 0.998 a7 | t270 : 11565 os | 1305 2283 10 | 128 0.992 or | 4473 : 11556 03 | tora 2271 70 | 4565 os77 o7 | 1739 : 1591 os | 1788 2235 10 | 4879 0.939 o7 | 2092 : 1473 os | 2180 2550 40 | 2281 0.855 o7 | 2508 : 1.340 os | 2600 ‘ies? 7 | 2708 0676 07 | 3009 : 41059 08 | 3093 11546 10 | 2907 0.366 o7 | 3.00 : ors 05 | 3093 0897 10 | 2782 0.000 a o7 | 3.063 : 0.000 TT | os | ata 0,000 so | tas | o4se | 0625 os | 972 | 0304 | oso 10 | 1205 | 502 | 0.759 os | o72 | oes2 | 1070 10 | 1965 | 0553 | 4,730 a os | tomo | o4se | 31050 F In an ail 1,0 1,565, 1,267 2,640 ——_—_f aca os | oss | o71s | 400 F iF nT 1,0 1,046, 0,430 1,120 | 05 1,010 0,410 1,890 ww ww Tabela 5.11 ~ Costicientes C;, C2 @ Cs em fungio da forma Go diagiama de momentos © do valor de k [24] INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.141 VIGAS MISTAS A determinacdo de momentos criticos elasticos esta descrita para o caso geral de vigas metélicas. Pode-se, no entanto, realizar algumas recomendagées, chamadas de atencdo e referir casos especiais que facilitem 0 célculo desta grandeza. ‘+ nos casos em que se tenham diagramas de momentos flectores diferentes dos que se apresentam na tabela anterior ter-se-4 que ter cuidado quanto a5 aproximagdes ou consideragdes a realizar. Por exemplo no caso de uma viga apoiada-encastrada uma consideracaio conservativa seré a de usar 0s coeficientes referentes ao diagrama de momentos da simplesmente apoiada em vez de realizar interpolagées entre os coeficientes da simplesmente apoiada e da bi-encastrada’ Us DMF___ "Figura 5:78 Opgio de escoiha de coeficlentes * vigas com diagramas de momentos flectores de formas pouco vulgares e com pontos de contraventamento lateral ao longo do vao podem ser decompostas em varios tramos com diagramas de momentos mais simples. Os pontos sem deslocamentos laterais passa a ser 08 6s em que os tramos se intersectam. A verificacdo destes tera que ser realizada independentemente para cada um. Algum cuidado devera existir na aproximacao destes casos aos da tabela anterior, o primeiro caso de carregamento consiste apenas em momentos flectores aplicados as extremidades e sem carga distribuida no vao. Uma consideragéo segura sera a de garantir que o diagrama de momentos flectores real tem area menor que o que se considera para encontrar os coeficientes. ‘A viga apoiada encastrada é também um bom exemplo para mostrar a aplicagao desta simplificagao; 5142 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 5.80 — Dwisso de dagrama dé momento fector. vigas metdlicas de seccéo duplamente simétrica e constante ao longo do seu comprimento tém associado a si um fica: Deste modo a expressao do momento critico associado as situagdes em que as vigas metalicas apenas tem momentos aplicados nas. extremidades ou quando se pode assumir que a carga esta aplicada no centro de corte da secc&o est um 2,=0. Assim a expressao do momento critico fica: INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 543 VIGAS MISTAS + para os casos em que ambas as condigées dos dois pontos anteriores se juntam a expressao fica bastante simples: PXE,x tY fe way VR) “7. =x * para 0 caso de uma consola metélica as expresses de momentos criticos apresentados: até agora nao se aplicam. Apresentam-se, em seguida, expressées aproximadas para calculo do momento critico, M.. de uma consola com carga concentrada na extremidade e com carga distribuida ao longo do seu comprimento. Carga concentrada: M, ene Carga distribuida: M,= a | + 10,0 Ry x] 1+ yi+igex(e, os) | em que: R, =L/ YE, x1.xG, x1, R, =R, x(R, -2,0) Ge «2, x1, IG, «7, x12), ¢ uma grandeza a que se pode chamar um factor de torga0; 2, = xz, Whx(Rp/z) 60 comprimento da consola; 2p 6 a distancia segundo 0 elxo dos 2 a que a carga esté aplicada do centro de corte, a figura seguinte esclarece 0 sinal deste grandeza (que 6 contrério ao que foi apresentado para as restantes vigas) Baad ISTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS zg<0 “Zg>0 P icc _ Figura 5.8% ~ Sinal de z, om funglo do pont de aplicagao da carga Em vigas mistas o momento critico elastico, Me, ¢ calculado de acordo com © modelo representado para 0 bambeamento na figura 6.75. A acrescentar ao que foi ja mostrado anteriormente tera que se adicionar uma referéncia ao modelo através do qual um pavimento pode colapser por bambeamento: © modelo em U invertido. Com este modelo é possivel discutir € determinar 0 momento critico de vigas mistas inseridas em pavimento nos quals estas sao paralelas e entre as quais se desenvolvem painéis de laje (mista ou de betdo armado). Assim, 0 modelo em U invertido € constituido por trés elementos: um painel de laje e dois perfis metalicos. Quando as vigas esto sujeitas a momentos negativos e ocorre bambeamento (figura 5.78) a forma das secgSes mais condicionantes seré aproximadamente uma das que se apresenta em seguida. Figura 5.82 - Sisiema em U invertao, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ~ 5145 VIGAS MISTAS A existéncia de varias vigas paralelas no pavimento em estudo apenas forma varios conjuntos de sistemas em U invertido. Este facto no influencia o estudo deste fenémeno pois a deformagao de um painet de laje esta associada 4 deformagao, em sentido inverso, dos painéis adjacentes. © estudo do bambeamento de uma viga mista podera ser feito do mesmo modo qualquer que seja 0 caso. Figura 5.83 — Sistema em U invertido em pavimento com varias vigas misias. O modelo de U invertido permite concluir sobre a rigidez extra a aplicar a um perfil metélico inserido numa viga mista. Considerando que a rigidez axial da laje é muito grande pode-se assumir um apoio mével no topo do perfil que restrinja o deslocamento horizontal do mesmo enquanto que a rigidez de flexdo da laje e da alma do perfil metalico sao simuladas pela rigidez ke, também aplicada ao topo do perfil metélico. Esta rigidez, ky, é a ponderagdo de outras duas: ky € ko, sendo que a primeira diz respeito a rigidez de flexao da laje de betdo fissurada e a segunda a rigidez de flexao da alma do perfil metalico. Figura 5.84 — Modelo usado para a determinagao do momenta erilico de uma viga mista [1]. 5.146 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS, Entdo, a lez atribuida a laje de betao fissurada, k;, pode ser obtida através da expressao seguinte ax(Ex!), (6.8)EC4 a em que: (E21), @ 2 rigidez de texto da laje de botBo om estado fendhado por unidade de largura, Para o valor desta rigldez deve ser tomado o menor dos valores de meio vao para as zonas de momentos positives e 0 valor da rigidez sobre o apoio para a zona de momentos negatives; 2, viga de extremidade a=} 3, viga interior 4, viga interior em pavimentos com mais de quatro vigas 6 0 espagamento transversal entre vigas, A rigidez associada a flexao da alma do perfil metalico é denominada de kz e é definida pela expressdo que se apresenta em seguida para vigas sem a alma metali ‘a betonada. (6.10) EC4 em que: E, 8 0 médulo de flexao do a¢o que constitui o perfil metalico, tw @ hy so dimens6es do perl metdlico e estéo representadas na figura 5.84 vs 6 0 coeficiente de Poisson do ago que constitu o perfil metalic. Para vigas mistas com a alma metalica betonada (betao entre os banzos metélicos) a expresso anterior muda ligeiramente para se conseguir entrar em conta com a rigidez do betao entre banzos metalicos: xt, x (ae (6.11) C4 16h, [14 eo ky 1 6 0 cobficiente de homogeneizagao do belo em ago para os efaltos a longo prazo, de acordo com 0 capitulo 2 deste manual e a clausula 5.4.2.2 do EC4; be & a largura do beldo entre banzos metélicas como esté representado na figura E4.5:1 do capitulo anterior e na figura 6.8 do ECS: {a restantes grandezas encontram-se ja identificadas atras. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO S147 VIGAS MISTAS A rigidez k, consiste numa rigidez por unidade de comprimento de viga, conjuga as duas anteriores ¢ define-se facilmente através da expresso seguinte. kxk kth, (6.8) EC4 Assim, através da introdueao de restrigSes (apoios e molas) na fronteira de um perfil metalico consegue-se obter 0 momento critico de uma viga mista em que: C4 6 um coeficiente que entra em linha de conta com a forma do diagrama de momentos fectores @ cuja obleng0 se explica em seguida ke € uma propriedade da secgdo mista que pode ser oblida através da expresso quando o perfil metalica & bi- simétrico: hxl Je+h, | hh, & 2 dimensao do perl metélico que se pode observar na figura 5.64; 1, € 0 momento de inércia da secgao fendilhada (betdo nao ¢ contabilizadc) em torno de y; lay 6 0 momento de inércia da seceao metalica segundo o eixo dos y: =(I,, +1,.}/4, . 20m A © ha Sendo 2 area do perfil metlice © 0 seu momento de inércia em teroo de 2; e=Ax1,,./]A, xz, x(4—A,)]. com A sendo a area da secgao homogeneizada e za distancia entre meia altura da ise © 0 centro de gravidade do perfil metalco (medido na perpendicular linha neutra) G, = E, /]2*(1+v)], 6.0 modulo de distorgéio do ago, com Es sendo 0 médulo de elasticidade do mesmo: ke € a rigidez definida na expresso 6.8 do EC4 e alras neste ponto, Léa distancia entre secgies da viga nas quais o banzo inferior est lateralmente contraventado lug & 2 inércia do banzo inferior do perl metdlico em Yeino do eixa dos z; A determinaco de Cy pode ser feita através dos quadros e gréficos apresentados abaixo (baseados na regulamentagao antiga: [4)). 5.148 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS * Cy para diagramas de momentos flectores de vigas mistas com um vao e carga ao longo do mesmo Diagrama de momertos flectores eS 1.50 | v=1.78 | y=2.00] v=2.25 | y=2,50 Mo A j 41.50 | 30.20 | 2450 | 21.10 | 1900 | 17,80 | 180 | 15.20 Mo 0,50 5} YMo 705 33,90 | 22,70 | 17,30 } 44.10 | 13,00 | 12,00 | 11,40 | 10,90 | 10,60 nga Mo t WMy > Mp 20275 c lo 22.20 | 18,00 | 13:70 | 11,70 | 10.60 | 10.00 | 980 | 9.10 | 90 Ze rroee i Mg 21,90 | 1390 | +100] 960 | a0 | 2.20 | 200 | 7.20 | 7.60 29.40 | 21,80 | 18,60 | 16,70 | 15,60 } 1480 | 14,20 | 13.0 | 13:50 1270} 980 | a60 | 800 | 7,70 | 7.40 | 7.20 | 7.10 | 700 Tabela 5.12 ~ Coatisionte G, em Tanga da Torma do Gagrama Je momentos A] ~ INSTITUTO SUPERIOR TECNICG 5149 VIGAS MISTAS 30,00 25,00 ca 20,00 1,00 0.00 0.50 4,00 1,50 2,00 2,50 3,00 Figura 5.85 — Grafico que mostra a evolugéo do coeficiente C, em fungo de y para vigas de um vao e carges a0 longo do mesmo. ‘+ Cypara diagramas de momentos flectores de vigas mistas com um vo e sem carga no mesmo: iagrama de momentos flectores 0,00 [v0.25 50,75 [y=100 s 1110 | 950 | 820 | 7.10 | 620 4 11,10 | 12,80 | 14,60 | 16,30 | 18,10 Tabela 5:13 ~ Cosfeionte Gy of fungao a forma do diagrama de momentos [4] 5.150 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 0,00 0,20 0.40 0,60 0.80 1,00 1,20 | ¥ Figura 5.86 — Gratico que mostra a evolugto do coeficiente Cx em fungéo de w para vigas de um vo sem cargas ao longo do mesmo. © Cypara diagramas de momentos flectores de vigas mistas com dois vaos em que um deles. € uma consola, Le, € 0 outro 0 vao adjacente, L: Diagrama de momentas flectores | Le. es y=0.00_[ y=050 | y=075 | v=100 O25 | 47.60 | 3380 | 2660 | 22,10 050 | 1250 | 11,00 [1020 | 9.30 o7s{ 920 | 880 | 860 | 840 100] 790 | 780 | 7.70 | 760 Tabela 5.14 - Coaticionte C, em fungso da forma do diagrama de momentos [4]. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO B51 VIGAS MISTAS 0,00 — + —- 000 0.20 0.40 0.60 0.80 4,00 1.20 ¥ Figura 5.87 — Grafico que mostra a evolucao do coaficiente Cy em fungao de w para consola e vao adjacente, Como pode ser observado na figura 5.84 0 modelo também se aplica a vigas parcialmente betonadas (betao entre banzos metalicos). A consideragao do betdo entre banzos metélicos foi ja referida e a expresso fornecida pelo EC4, que quantifica a sua contribuigéo, a 6.11 deste regulamento. A rigidez kz pode aumentar cerca de 10 a 40 vezes, em fungao do racio entre as dimensdes do banzo inferior do perfil metalico. Por vezes a simples consideragao do betéa entre banzos metalicos elimina completamente a possibilidade de encurvadura lateral. Nos casos em que a considerago do bet que envolve a alma metilica nao é suficiente pode ‘ser usada uma rigidez de tor¢ao adicional proveniente do efeito de confinamento deste betdo. A cldusula 6.4.2(9) do EC4 estipula que quando 0 betdo entre banzos metalicos estiver confinado por intermédio de estribos fechados ou convenientemente ligados ao perfil metalico se pode adicionar, na expressao do momente critico fornecida atras, uma rigidez de torgao de valor: 5182 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Gx1., 10 em que: | € a inércia de torgao uniforme do beto entre banzos, tomando-o coma ume Seoydo rectangular Unica de largura igual a largura total das duas partes em que se divide (caso de um peril em 1) G. pode ser tomade como 0,3% E, /1, em que n é 0 coeficiente de homogeneizacso para efeitos 2 longo prazo © Es (0 médulo de elasticidade do ago que constitu o peril metalico da seceso, Assim, para vigas mistas com a alma betonada a expresso que fornece o momento critico, Mc, & dada pela expressdo que se apresenta em seguida. Nesta todas as grandezas foram ja identificadas. O3E, x1 10x0 kxL?) xB, x1. 0 XL we, BAS HG oA Ga. Método de verificacao directa e uso de contraventamento lateral A pouca simpiicidade inerente a verificacao de seguranga de vigas mistas ao bambeamento ¢ a extensdo dos célculos levaram a que fosse desenvolvido um método simplificado e sem célculo directo sobre as grandezas intervenientes. Este método pode ser usado em vigas mistas (quer sejam apoiadas em pilares ou fazendo parte de um portico) de secgao constante das classes 1, 2 ou 3 e que estejam devidamente contraventadas sobre os apoios. ‘A verificagéo que se descreve em seguida tem origem na expressao forneci la para 0 momento ci 0, Me,, em vigas mistas e pode ser usada em vaos apoiados ou em consolas. A base das condigses que se poréo em seguida é a de que para uma esbelteza normalizada <0,2 nao 6 necessaria a verificagdo da seguranga ao bambeamento (como podera ser verificado no gréfico da figura §.77), Dispensa-se a verificagéo da seguranga a0 bambeamento de uma viga mista se forem cumpridas as condigdes que se apresentam no paragrafo seguinte. A comparaco da regulamentacao actual (EN1994-1-1 [1]) com a anterior (ENV 1994-1-1 [4]) permite concluir que foi feito um esforgo por diminuir o ntimero de condigées (de 14 para 8). Assim, esta verificada a seguranga de uma viga mista ao bambeamento se forem salisfeitas todas as condigdes apresontadas no quadro seguinte. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.153 VIGAS MISTAS Condigao Esquema representativo Vaos de viga adjacentes nao diferirem em mais de 20% do menor deles ou, no caso de um deles ‘ser uma consola, que esta nao exceda em mais de 18% 0 vao adjacente (6.4.3(1)a) EC4) Carga em cada vao é uniformemente distribuida © a carga permanente de dimensionamento excede 40% da carga total de dimensionamento, Pes {8.4.3(1)b) £C4) resisténcia © percentagem da conexao bem como Banzo metilico superior esta convenientemente conectado a uma laje mista ou de bs armado através de conectores de corte de acordo com o ponto 6.6 do EC4, ou sea, estdo respeltadas todas as regras rospettantos a ‘4 pormenorizagao da mesma (presentes no capitulo 3 deste manual) (6.4.3(1)¢) ECA) Viga na qual se pretende garantir a seguranca ao bambeamento é paralela (ov sub-paralela) a outra ‘ou outras de modo a que se seja formada pelo menos uma estrutura em U invertido. (6.4.3(1)d) EC4) U-invertido & “Tabela 5.18 — Condigbes necessavias a veriicagao direcia do bambeamenta 6m vigas mistas, Biba INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Condigao Esquema representativo Caso a laje seja mista ela teré que funcionar segundo o vao entre os dois perfis com o qual esta constitui o U- -invertiaa (6:4.3(1}e) E64) O perfil metalico que constitul a viga mista a verificar esta lateralmente impedido e a sua alma dotada de reforcos transversais sobre os apoios (aati ee) > > Apoioe contraventamento | Ein vigas miStas Con pari eT Guo Saja om Classe deago IPE ou HE nao parcialmente betonado a altura deste Perfil metélice | "5235 $275 | $365_| $420 ¢ $460 nao devera exceder os seguintes valores de IPE 600 550 400 270 altura, 300 | 700 | 660 64.3(1)9) EC4) 7 8 oe Em vigas mistas com betdo entre banzos metélicos e nos quais os perfis metalicos sejam IPE ou HE os limites de altura. h, dos mesmos sao 0s da tabela 6.1 com as alteragdes que se apresentam, (6.4.3(1)h) ECA) [tab 6.1]+ 200mm, f, $355 MPa fiab 6.1]+150 mm, f, = 420 ow 460 MPa “Tabela 5.16 — Condighes necessarias 8 vericagao directa do bambeamento om vigas mistas. No caso de existirem momentos actuantes significativamente maiores que 0s momentos More tem que se recorrer, por vezes, a contraventamento de seccées da viga mista. Este sontraventamento visa apenas a restricao lateral do banzo inferior do perfil metalico. Com este banzo restringido a alma também nao sofrera deformagées para fora do proprio plano estando assim impossibilitado 0 bambeamento da viga mista Com vigas constituidas por lajes de betéo armado pode nao ser necessaria a existéncia de uma ligagao entre os dois perfis metalicos (que constituem 0 U-invertido) ao passo que numa viga mista constituida por laje também mista 6 conveniente a existéncia de elementos metalicos adicionais a ligar os banzos inferiores ou reforgos de alma dos dois perfis. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO. 5155 VIGAS MISTAS Laje mista | Figura 5188 ~ Esquema representative de contraventamenta laterals em vigas mistas A razao das diferengas nos contraventamentos em funcdo do tipo de laje pode dever-se a varios factores. A existéncia de chapa perfilada de elevada esbelteza (muito susceptivel a efeitos locais de encurvadura € esmagamento), a dificuldade acrescida de conexdo em lajes com nervuras ¢ a maior esbelteza (e menor sigidez) da laje nas zonas entre nervuras podem ser algumas das razoes para uma conexéo como a que se representa na figura §.88(b). Existem diversas propostas para o cdlculo da forga resistente que devem possuir os elementos constituintes do contraventamento. A sua obtencao baseia-se em alguns principios que podem ser referidos mas que fogem ao Ambito deste manual Considera-se que © momento critico, Mer, se divide em duas cargas criticas, Ter © Cer, @ titima das quais se aplica ao banzo inferior do perfil metélico. Este, por sua vez, é tratado como uma barra comprimida sujeita aos efeitos do varejamento (encurvadura de uma barra comprimida). Com 0 equilibrio desta barra na configuragéo deformada consegue-se obter uma carga equivalente ao efeito da compressao sobre os banzo inferior. Parte desta carga ter que ser transmitida ao sistema de contraventamento. Esta dependerd do tipo de contraventamento que se pretende utilizar e do espacamento entre os varios elementos que o constituem. et I, Af Figura 5.88 — Esquema representalvo da obtengao da resistencia do contraventamento, BASE INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Em pontes rodoviarias mistas © espagamentos dos elementos de contraventamento variam entre 5,0 a 8,0m, em estruturas de edificios a altura dos perfis metalicos néo justifica a utilizagao de elementos de contraventamento. As propostas de resisténcia para contraventamento discreto a0 longo do comprimento de vigas mistas sugerem que os elementos que o constituem devem possuir uma resisténcia de 2% da resisténcia que pode ser desenvolvida pela sec¢ao do banzo, ou seja = 0,02 A, x fay em que ‘Avé a érea do banzo inferior do perfil metdlico que consti viga mista fy @ a lenséo de cedéncia da ago que constitu o banzo inferior do perl metalico, A percentagem de resistencia apresentada pode, a partida, ser diminuida para 1% quando actuam simultaneamente sistemas de contraventamentos discretos e continuos (fornecidos pela ligagdo & laje de betéo armado) no entanto verifica-se que esta regra € um pouco contra a ‘seguranga junto aos pontos de inflexéo do diagrama de momento fiectores. Assim a melhor regra que existe actualmente, ainda que um pouco conservativa, é a referida acima (2% da resisténcia) e 6 a que se aconselhaa ser utilizada. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.187 VIGAS MISTAS EXEMPLO 5.8 Considere-se um pavimento constituldo por diversas vigas iguais & utilizada no exemplo anterior e afastadas de 3,5m. Apresenta-se abaixo um esquema representativo das mesmas. As caracteristicas dos materiais relembram-se em seguida: betéo C20/25 (fax=20,0 MPa, Ecn=30,0 GPa}, aco estrutural $355 (f,=355,0 MPa, E,=210,0 GPa, v=0,3, «= ASOONR (E,=240,0 GPa e f,.=500,0 MPa). ,81) © armaduras ordinarias h<=100.0 10x14 I 800x8 - 10x14 3500,0 3500.0 [mm Figura ES.a7 ~ Repressniaglo da vig mista em estudo. Pretende-se avaliar a susceptibitidade das vigas interiores do pavimento a encurvadura lateral, calculando o momento resistente que estas apresentam a este tipo de colapso, Mana. Este valor € calculado para a situacdo em que a secgdo tem um comportamento misto, ou seja, durante a fase de servigo do pavimento. A instabilidade lateral deste pavimento dar-se-4, como foi ja referido, pelo sistema de \Linvertido. Este modelo pode ser convertido noutro mais simples de apenas uma viga com alguma figidez adicional. 5158 INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS O primeiro passo é entao 0 de definir totalmente @ seccao transversal, ou seja, calcular a largura efectiva. Dado que se vai usar analise elastica global entéo recorre-se & clausula 5.4.1.2(4) do ECA para definir apenas uma largura efectiva ao longo de toda a viga 08560 9.6375 m Bag = by +Y by = 0,0 + 0,6375 + 0,6375 = 1,275 m O primeiro passo sera o de encontrar a rigidez ks, Comega por se determinar a rigidez de inércia por unidade de largura da laje fendilhada (El)2, para tal homogeneiza-se @ secgao da laje e obtém-se a linha neutra eléstica da mesma através do equilibrio de forcas horizontais na secgao’ pe SA, =0= RK. -R, =0 > 1000,0x > — 820/10,15m. @20110,15m LNe aE ‘Obiengao da inércia fendihada da lje de bald. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 5.159 VIGAS MISTAS A inercia da seccdo da laje fendiihada n4o entra em linha de conta com a inércia das armaduras em tomo do seu centro de gravidade (por ser pequena despreza-se): 2) } TL 4x15, ( 1), = SE a Tax 15.2 (152)" , 2095,44 x(10~15,2)! =6376271,2 mm \ (EI), =210 «10° x 6376271,2x 10°? =1339,0 kN? /m Conhecendo o espagamento entre vigas, a=3,50m, @ considerando uma viga interior num pavimento com mais de 4 vigas, a=4, consegue-se definir a rigidez ky , @x(ExI), 4x1339,0 a 35 530,3 kNam? fm A tigidez ke encontra-se directamente através das caracteristicas da secodo e dos materiais que a constituem: 210,010" x8,0° av 2 x(1-0,3° }x (500,04 7,047.0) 7,5 KN Das duas grandezas encontradas acima consegue-se obter a grandeza ks, que entra directamente no célculo do Mer: 35,42 KN.m? /m = 58,42 10° N.mm? /mm ky +k, 153034575 5.460 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Na expresséo que fornece 0 momento critico de uma viga mista 0 coeficiente C; exprime a forma do diagrama de momentos. O diagrama para a viga em estudo apresenta-se abaixo bem como 0 coeficiente C, {retirado da tabela 5.12): Figura 5.8/3 ~ Forma do diagrama de momentos Rectores, v=10>C,=245 Os parametros restantes necessérios 20 calculo de Me, calculam-se em seguida’ © drea do perfil metallico: A, = 2100,0 14,0 + 500,0% 8,0 = 6800,0 mm + area de secgao homogeneizada (betéo*aco estrutural): A=A,+ A. sorgenszas = 2* 100,0% 14,0 + 500,0 8,0 + 71,4 100,0 = 13940,0 mum™ + centro de gravidade ¢ inércias do perfil metalico, em tomo de y, de z e de torgao: = 264,0 mm Jeu T,,, = 268316266,7 mn T,, = 2384666,7 mm* INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Bier VIGAS MISTAS 1, =Yaxbeh tx (2 100,0 14,0? + 500,08,0) = 268266,7 mm* + médulo elastico de fiexdo, Wa, da seceao metalica’ 1016349,5 mm* © quadrado de raio de giragao, i, » V+ tue) _ 268316266,7 + 2354666.7 : A, 6800 = 39804,6 mm + centro de gravidade e momento de inércia da seceao fendilhada, ly 2201/0,15m (Ag=2670,4mm2) ~~ {mm} 10x14 Figura 65.84 Seco fendihada: Vou = 3582 mm ne + Ax(Vey ~ Verte) + A, «(500,04 2 «14,0470,0)° = = 482216025,5 mm* + rigidez, ke, propriedade da seogao mista: AX oy 13940,0% 268316266,7 8 953 A, x2, *(A=A,) 6800,0%314,0,0% (13940,0- 6800.0) on 5162 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 2,=314,0mm 514,0 x 482216025,5 268316266,7 + oo) jas +514, it 098 mm/mm Outras caracteristicas da viga e dos materiais que a constituem: * Comprimento do véo: LL = 6000,0 mn + Médulo de elasticidade do ago estrutural: E, =2100GPa + Médulo de distorgao do ago estrutural: ‘+ Momento de inércia do banzo inferior do perfil metalico em torno de z: 00,0" «14,0 = 1166666,7 mmn* 12 Conhecem-se, assim, todos os pardmetros necessérios para a determinagao do momento critico da viga, Mer, Ou seja, 0 momento para a qual ela deverd instabilizar: INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 5.163 VIGAS MISTAS = 2098245 Hf 59 910° 268266,7 + S42X10" x 6000.0" ) 916.9. 108 x 1166666,7 = 6000,0 7 = 2816319223,0 N.mm = 281632 Nm Sabendo o momento critico consegue-se determinar a esbelteza normalizada, Zr, da viga mista € 0 coeficiente y.r. Dado que a seccdo € da classe 3, entdo a esbelteza normalizada, Air, 6 101634953550 _ 9 555 2816319223,0 ‘A determinagao de 7.1 implica 0 célculo de diversas grandezas. Através da tabela 6.9 obtém-se © valar de do factor das imperfeigdes «,7=0,76 (para h/b>2): a que se apresenta em seguida: Gaz =0,5x(l+ ary, x (Zar -0,2)+ Zir }= 0,5 (1+ 0,76 (0,358 -0,2) +0358") = 0,624 1 I Le? SS dur +02, — Air 04624 + 10,6247 - 0358 = 0,881 O momento resistente ao estado limite Ultimo de bambeamento, Mora, & entéo, Mora = har * Mea = Lar * Marna = Lar Way * So = 0,881 x 1016349,5 x 355,0 = 317,9 kN an que consiste em 88,1% do momento elastico resistente, Mayra, da seceao. 5168 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 6 Lajes mistas 6.1 Generalidades..... seven seo 8.2 6.2. Tipos de chapas perfiladas para lajes mistas creme 64 6.3 Analise da chapa perfilada durante a fase construtiva .... even BT Classitficagao da secodo e determinacao da seceao efectiva.... 69 EXEMPLO 6.4 sss enn 6.18 EXEMPLO 6.2 a . 6.19 Acgdes a considerar no dimensionamento 6.26 6.4 Analise da laje mista com chapa perfilada eer eee 6.28 Andlise elastica linear 6.29 Andlise elastica com redistribuigdo de esforgos...... 6.30 Analise rigido - plastica . soninensen8.31 6.5 Larguras efectivas para cargas concentradas e lineares. a 6.32 6.8 Esforgos resistentes...ccnnnenee 637 Flexaio~ Andlise Plastica ee seco B.37 EXEMPLO 63 —— esennne 6.44 Flexo — Analise Elastica 6.49 Corte Vertical... an : 6.53 PungoamentO ...cennn ese 6.55 EXEMPLO 6.4 we : seen pone 58 6.7 Aberturas em lajes mistas. sce 6.64 6.8. Vibragao de pavimentos mistos a 6.68 Determinagao da frequéncia propria de vibracao .... 6.69 EXEMPLO 6.5 6.74 6.9 Actuagao da laje como um diafragma. : 6.80 6.10 Controle da fendilhacao do betao 6.82 EXEMPLO 6.6 6.86 6.11 Determinagao das deformacées so 6.89 6.12. Pavimentos do tipo Slim Floor = nenneesB.92 EXEMPLO 6,7 8.94 6.13 Disposigées construtivas e pormenorizagao... 6.101 ~INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 61 LAJES MISTAS 6.1 Generalidades Lajes mistas ago-beto podem ser definidas como paingis de pavimentos ou coberturas constituidos, em cada secgao, por chapa perfilada de aco, betdo aplicado in-situ e armadura ordinéria actuando conjuntamente do ponto de vista estrutural. O capitulo que se apresenta tem como objecto de estudo este tipo de elementos de construcao mista ago-betdo. Exclui-se assim, deste capitulo, a referéncia a lajes de betéo armado totalmente betonadas in-situ. ou realizadas com recurso a pré-lajes (solugao que engloba elementos pré-fabricados e betonados in- situ), Figura 6.1 — Pavimento misto composto por vigas principals, secundarias e laje mista, A combinagao da chapa perfilada, armaduras e betdo tornam as lajes mistas num dos elementos com maiores vantagens econémicas e estruturais ao nivel da construgao de edificios: — a chapa perfilada funciona, na fase construtiva, como plataforma de trabalho e cofragem; ~ 0 bet&o proporciona bom isolamento aciistico e a0 fogo; - a elevada drea de chapa perfilada na zona de tracgao das lajes permite aproveitar grande parte da area de betdo (sem que este fendilhe); 62 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS - a forma das chapas perfiladas é tal que permite transmitir forgas de corte longitudinal elevadas garantindo assim grande rigidez e resisténcia para pequenas alturas iteis; Figura 6.2 - Chapa perilada usada dame platatorma Ge wabaiho, Tem-se assin uma maior rapidez de execugao aliada a um melhor controlo de qualidade (pois uma maior percentagem de elementos resistentes é realizada em fabrica) e a um melhor isolamento. Porque tanto 0 betéo como a chapa perfilada possuem geometrias diferentes em fungao da direcgao (laje aniso\épica) a distribuicao das cargas aplicadas segundo duas direcgoes perpendiculares néo 6 tao dbvia como em lajes de betSo armado. A equagao de uma laje isotropica (elemento laminar com cargas perpendiculares ao seu folheto médio e cujo comportamento estrutural é igual em todas as direcgdes do seu plano) tem 0 seguinte aspecto: em que: Ww @ 0 desiocamento perpendicular ao folheto medio; ‘qlxy) @ a carga aplicada a laje: D € 0 parmetro de rigidez da laje © depende da espessura desta e das caracteristicas dos materials que a constituem, INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO 63 LAJES MISTAS As laje mistas s4o entéo lajes ortotrépicas, ou seja, elementos laminares com cargas perpendiculares ao seu folheto médio e que pessuem comportamentos estruturais distintos segundo duas direccdes perpendiculares. Para esle tipo de elementos a equagao anterior toma a forma: em que: Dy € 0 pardmetro de rigidez de flexao da laje segundo a direogao x: D, & 0 parametro de rigidez de flexao da laje segundo 2 direogso y; H € o parametro de rigidez de targa da lajo; @ as restantes grandezas possuem 0 significado que Ihes e atribuido na expresso anterior. 0 ECA apenas estipula regras para lajes mistas com funcionamento numa Unica direccao: paralela a das nervuras (consolas inclusive). Sao estudadas apenas lajes em que as cargas que Ihes sao impostas séo predominantemente estaticas (a cldusula 9.1.1(1) do EC4 refere que se incluem neste grupo as lajes pertencentes a pavimentos industriais nos quais possam existir cargas rolantes) Os vaos habituais em lajes mistas de edificios, por estas funcionarem em apenas uma direccao, costumam. possuir cerca de 3 a 4 m de comprimento podendo chegar aos 6 a 7 m. As espessuras totais (laje + chapa perfilada) variam entre os 80 mm e os 250 mm. 6.2 Tipos de chapas perfiladas para lajes mistas As chapas perfiladas possuem espessuras entre os 0,7 mm.e os 4,0 mm, alturas das nervuras, de 45,0 mm a 80,0 mm e espacamentos entre as mesmas de 150,0 mm a 300,0 mm. Excepcao feita as chapas utiizadas em pavimentos do tipo "Slim Floor’, em que as dimensdes referidas so superiores A chapa é transportada para obra e montada no local de acordo com a disposigao das nervuras € a geometria necesséria garantindo comprimentos de sobreposigéio que deverao estar convenientemente especificados. 64 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Figura 6.3 ~ Corte de chapa poriladas para aplicaga nas torres do Instituto Superior Técnico. As caracteristicas deste material foram referidas no capitulo 2 deste manual (de acordo com a regulamentagao em vigor), Em geral, quando o ambiente nao é muito agressivo, basta especificar uma camada de 275gim* de galvanizagao, no entanto quando 0 ambiente 6 mais agressive convira especificar uma camada de protecgo com tintas a base de polyester ou polyvinilo. Os comprimentos ¢ larguras das varias pranchas de chapa perfilada podem ser os permitidos. pelo seu transporte e a sua forma muito variada. Em comum tém a existéncia de: nervuras para aumentar a sua inércia (aspecto especialmente importante durante a fase construtiva, em que a chapa funciona sozinha como elemento resistente), reentrancias de modo a aumentar a aderéncia entre a chapa perfilada e betdo e dobragens da chapa que funcionam como reforgos longitudinais (impedindo assim a encurvadura local das diversas placas que compdem a chapa). ‘Algumas das formas mais comuns apresentam-se nas figuras seguinte. Estas dependem dos seus fabricantes, no entanto a sua variabilidade € pequena face ao que se apresenta abaixo. Na figura 6.5 representam-se os médulos das chapas perfiladas. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 85 LAJES MISTAS Figura 6.5 — Exemplos das formas variadas de modulos dos parts de chapas periiadas. es INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS 6.3 Analise da chapa perfilada durante a fase construtiva O problema do dimensionamento em fase construtiva coloca-se néo $6 para os perfis metélicos de vigas mistas como para as chapas perfiladas de lajes mistas. ‘A andlise global para lajes mistas, em fase construtiva, tera de ser uma andlise elastica linear. A esbelteza das chapas perfiladas, que 40 os Unicos elementos resistentes das lajes nesta fase, no thes permite qualquer outro tipo de anélise. Enquanto que na fase definitiva a laje tem um comportamento misto e suporta as sobrecargas de servigo € 0 peso proprio, na fase construtiva é apenas a chapa perfilada que suporta sobrecargas construtivas e peso do hetdo fresco (0 peso proprio da chapa também & suportado, no entanto tem um valor muito pequeno, quase desprezével), Como é facil perceber, a fase construtiva € aquela que mais condiciona o dimensionamento das lajes mistas, pri almente nos casos de construgao nao escorada. A natureza e constituigdo das chapas perfiladas fazem com que nesta fase sejam susceptiveis aos efeitos da encurvadura local dos seus elementos (para além dos efeitos provocados pelo momento flector e pelo esforco transverso). Em fase construtiva tem-se, em geral, um banzo totalmente comprimido e outro totalmente traccionado, a alma é submetida a flexdo simples ou composta (em fungao da posigéo da linha neutra, que por sua vez depende da simetsia horizontal do perfil da chapa). No caso de ocorrer encurvadura local das placas constituintes da chapa ela ocorrera nos elementos camprimidos e entre as dobras ou quinas realizadas na chapa. Figura 66 ~ Encurvadura local Gee chapas pertladas em Tung Gas Zonas Ge momentos poslvos e negalives. Para qualquer distribuigao de tensées numa placa plana pode ser definido 0 conceito de largura efectiva: a largura ao longo da qual se aplica uma tensao igual a tensa0 de cedéncia do 860, fyp, de modo a que a forca aplicada 4 chapa seja a mesma que a distribuiga0 real aplica: ISTITUTO SUPERIOR TEONI er LAJES MISTAS. placa sujeita a distribuigdo de tensdes Figura 6.7 ~ Disiibuigaa de tensGes reais @ efecivas E através das larguras efectivas que se tratam os problemas de encurvadura local das chapas perfiladas. Para se ter em conta, no dimensionamento destes elementos, os efeitos da encurvadura local, opta-se por reduzir a area de chapa perfilada resistente mantendo a tensao maxima igual a tensao de cedéncia do ago, fyp, que as constitui mas ao longo de uma Area menor. Uma abordagem mais légica (mais fisica) mas menos simples seria a de manter a area reduzir a tensao resistente para e valor da tensao critica do perfil em questo. ‘A espessura reduzida das chapas perfiladas, nao s6 as tora susceptiveis a fendmenos de encurvadura como também Ihes confere uma baixa rigidez (apesat da forma com que s&o moldadas, pensada para aumentar a inércia). Uma rigidez baixa torna as chapas susceptiveis a deformagGes elevadas e, logo, a efeitos secundarios como 0 “efelto de poga” que se descreve mais adiante. 68 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Classificacdo da seccdo e determinacdo da seccao efectiva A ocorréncia de fenémenos de encurvadura local na chapa perfilada durante a fase construtiva obriga a que a sua secgao seja definida e classificada, para em seguida, serem definidas as larguras efectivas de chapa perfilada. Devido 4 sua elevada esbelteza estas séo elementos muitos susceptiveis de sofrer encurvadura locai As chapas perfiladas consistem em perfis metalicos que, tal como os estudados nos capitulos anteriores para as vigas mistas, possuem almas e banzos, os banzos consistem nas placas horizontais situadas na zona superior e inferior da chapa ao passo que as almas so, em regra, as placas verticais ou obliquas. 4 almas 2) banzos Figura 6.8 — Localizagan dos bandos © das almas am dos paris comuns de chapas perfiladas, Estes elementos constituintes dos perfis de chapa perfilada sao clasificados do mesmo modo que dos demais perfis. As classes possiveis para as secgtes séo exactamente as mesmas (1 a 4, sendo que a primeira corresponde a secobes plasticas e a segunda a secgbes esbeltas). O procedimento é rigorosamente 0 mesmo do descrito no ponto 4.4 deste manual: recorre-se as varias paginas da tabela 5.2 do EC3-1-1 para obter limites de racios das dimensdes de cada uma das placas que constituem a chapa perfilada. As elevadas esbeltezas destes elementos, cuja espessura habitual se situa entre os 0.8mm e os 1,2mm, levam a que sejam, quase sempre, da classe 4. Assim, é facil concluir que se deve comecar por considerar uma distribuicao eldstica na secgéo da chapa e verificar se os racios de dimensées a incluem na classe 3, caso tal ndo acontega classifica-se a mesma da classe 4 e passa-se a determinacdo das secgdes efectivas, Apresenta-se abalxo 0 excerto da tabela 5.2 do EC3-1-1 com a linha correspondente aos racios que colocam os elementos na classe 3 (caso sejam verificados) ou na classe 4 (caso ndo sejam verificados) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 6s LAJES MISTAS De notar que, no excerto de tabela abaixo apenas se apresentam racios para a classificaydo de placas (almas ou banzos) internas. Tal deve-se ao facto de, efectivamente, todas as placas que constituem uma chapa perfilada serem internas (as excepe5es consistem nas duas placas das extremidades, cuja amarragao impede a encurvadura local) EEE LTE OT Flexo em tomo dos eixos represeatados a “trago-ponta Tce joe texas Piaca sueita | Placa Sujoita aforao Composta lexao * | Classe aca suit & fac compressso compresso) fy a Distribuigao de T tensbet no ‘lomento At Ess fe E 2 (compresséo ol = j postiva) i) Eg 4 5 ~ % para y >-1: ofts V2 _ PST oxy 3 < 1246 peektyee? para yS-l: ft $62e0-vYoW) a = aa ed fl 700 | 082 [oar a | Tabela 6.1 — Tabola necessaria & classiicagao de chaas pertiladas (adaptads da tabola 5.2 de [S)) A obtengo das larguras efectivas obriga ao calculo de algumas caracteristicas das secgdes de chapa perfilada. Convém desde jé referir que estas grandezas podem ser calculadas por metro de largura de chapa ou por médulo de chapa. A conversdo entre umas ¢ outras é facil, no entanto chama-se a atengo para o facto de ser menos confuso 0 célculo de todas as grandezas em relagao & mesma “unidade’. 10 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Por médulo Por metro de largura (m] Figura 69 Repiesentagi esquemalica de um module = de um mato Ga lrgure de chapa pertlaca, As larguras efectivas de perfis metélicos sao tratadas no EC3-1-5 através de segras cuja base é © conceito, acima explicado, de largura efectiva. E necesséria @ definicao da distribuigdo de tensdes no elemento para, em seguida, encontrar 4 distribuigao de tensdes em cada uma das placas da chapa perfilada. O EC3 permite que apenas seja necessario 0 conhecimento da distribuigdo relativa das tensées em cada placa possibilitando 0 calculo da seccdo efectiva para cada esforco actuante na seccdo (sem ser necessario conhecer o seu valor numérico). Assim, pode ser definida a secgao efectiva da chapa perfilada para actuagao do esforco normal ou do momento flector em separado. Da primeira retira-se a area efectiva, Ace (@ 2 excentricidade, ey, no caso da sec¢o nao ser bi-simétrica) ‘enquanto que da segunda é retirado 0 médulo de flexdo efectivo, Wer. Caso se queira uma secgdo efectiva para actuagdo conjunta dos dois esforgos serao necessérios valores dos mesmos para definir a distribuicdo de tensdes. © EC3-1-5 define, na clausula 4.4(2), 0 racio entre as tensées extremas numa dada placa com % 11 € 8 maior tensdo de compressao registada nos bordos da placa: a letra grega w: em que: 22 6 8 tense registada no outro extremo da placa (seja de compressio ou de trac¢o). INSTITUTO SUPERIOR TECNICO LAJES MISTAS Figura 6.10 ~ Representagao esquemalica de uma distibuigso generica de tenses numa placa de ago. Define-se também, na mesma cléusula, uma expressao simplificada para esbelteza normalizada, 7, . de uma placa comprimida susceptivel de instabilizar por encurvadura local. Esta express&e tem origem no verdadeiro conceito de esbelteza normalizada, definido pela relacao entre a tensao real a tensao critica’ em que: «,@ a tensSo critica para a qual a placa encurva localmente: rea @ a distribuigdo real de tensdes na placa Para situagao de colapso tem-se Greaf,, ficando esta grandeza com a expressao mais cenhecida: em que: fy 62 tensdo de cedéncia do aco que constitu o perfil metstico. iz INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS © EC3-1-5 apresenta, na cléusula 4.4(2), para situagao de colapso uma expressao simplificada para a esbelteza normalizada: (4.3) EC3-1-5 em que: } depence do perf em estudo: ba para alas, b para banzos internos de perfis; bit para banzos de perfis RHS ou SHS; © para benzos salientes; h para cantoneiras de banzos iguais ou desiguais, +t 82 espessura da placa. Nota: as grandezas acima releridas poderdo Ser consultadas, também, no EC3-1-1 Foi atras referido que a largura efectiva depende das caracteristicas geométricas e de apoio da placa bem como das acgées que Ihe sao aplicadas (a distribuigéo de tenses depende das condic6es de apoio e das acgdes aplicadas). Para a determinacdo da largura efectiva define-se uma grandeza adimensional, que se denomina factor de redugao, p, ¢ que exprime a razdo entre a rea efectiva e a area comprimida de um elemento (que para elementos de espessura constante € semelhante a ter a razéo entre a largura efectiva e a largura do elemento). Varias sao as propostas encontradas, na bibliografia, para a determinacao deste factor. Ven Karman propés um factor de reducdo inversamente proporcional as esbelteza normalizada, em que’ bur é a largura efectiva da placa em estudo ba largura real da mesma placa: 2 € a tensao critica para a qual a placa encurva lacaimente: ua @ a distribuigao real de tensdes na placa, INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 613 LAJES MISTAS no entanto Winter propos 0 mesmo factor com uma fungdo cujo andamento se ajusta melhor ao comportamento das placas, — iG [a —)1-0,22, |= en Fl len] O EC3-1-5 (clausula 4.4(2)) define um factor de redugao, p, simplificado e que nao obriga a determinacao da distribuigao reat de tensdes e que depende do racio entre as tens6es extremas, vy, @ da esbelteza normalizada, 2, . Este factor de redugao é definido, nesta clausula, para placas interas ¢ salientes (esta Ultima, obrigatoriamente, com um dos bordos livres). Apresenta-se em seguida a expressao apenas para placas internas pois é aquela que se aplica a chapas perfiladas. Ay =0,055(3 +) eens (4.2) EC3-1-8 oy ‘om que todas as grandezas intervenientes so ja conhecidas. Como se poderé observar no grafico abaixo, a expressao anterior (fornecida pelo EC3-1-5) coincide com os valores da férmula de Winter para tenséo constante ao longo da placa. A expresso proposta por Von Karman nao oferece a seguranca das outras duas (reserva de resisténcia pés critica superior). 614 MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. 120 : : _ 080 on Karman 040 —__ bet (14p)/b ; bob 020 0.00 —- 25 de Grafico 6.1 — Variacao da relagao do factor de redugao em fungéo da esbelteza normalizada, A definigao das larguras efectivas requer ainda a delerminagao do coeficiente de encurvadura, Ko, definido na tabela 4.1 do EC3-1-5: Racio de tensées extremas, | Coeficiente de Encurvadura, Y= 03/0, x, 1,00 4,00 1,00 > w > 0,00 yw =8.2/(05+y) 0,00 78 0,00> y > —1,00 7,81-6,29%y +9,78% =100 23.90 =1,00> y > -2,00 398x(l-v) ‘Tabela 6.2 - Variagao do cooTcionie de encurvadura am fungao do racio de fensbes exiremas (adaptado da tabola 4.1 60 EC3-1-5) INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 615 LAJES MISTAS y Grafico 6.2 - Variagao do coeficiente de encurvadura em fungdo do racio de tensées exiremas. A tabela que se apresenta em seguida é semelhante 4 4.1 do EC3-1-5 ¢ nela consta a informagao necessaria a definicdo das areas efectivas das chapas perfiladas. v=0,/o, v SE = tina ee Momento Flector aga — UN inci LN inicial LN final ——| -_ j EN tna Momento Flector | i L LIN inicial ‘Momento Flestar oo 35 efectivas definidas qualtalvamente, 618 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS EXEMPLO 6.2 Considere-se a chapa perfilada com o perfil abaixo representado e constituida por ago S320GD (fyp=320,0MPa, E,=210,0MPa). 56,00 60,00 60,00 60,00 # {mm} Pretende-se, neste exemplo, classificar a chapa perfilada e determinar a sua capacidade resistente a momentos flectores (positivo e negativo) e a esforco normal, Para se proceder a classificagao da sec¢ao conviré encontrar, em primeiro lugar, a linha neutra elastica: > Cen al y (y, ys XL, x10) 25 60,0%550-+ 2570x959 + 60.000 ; sey etree * A) 2 Vous *L X10) 2331 mm ee) ¥ (x10) 600+ 2*57,04 2 60,0 . Sabendo que todas as placas do perfil sao intemnas entdo poder-se-d recorrer apenas a tabela 6.1 deste manual (tabela 5.2 do EC3-1-1) para proceder @ classificacao de todas elas. Sabendo que a chapa perfilada tem o objectivo de suportar momentos em torno do eixo y ou esforgos INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ~ 618 LASES MISTAS normais conclui-se que os banzos terao sempre distribuigdes constantes de tensdes ao passo que as almas poderdo ter distribuigées constantes ou lineares (consoante 0 esforgo que Ihes seja aplicado). Quando a secgao é actuada por esforco normal todas as placas terao de respeitar a condigéo, YsRe para serem de classe 3, caso contrario sero da classe 4, 60. SA2xE cS Ax f- «9 60,05 36,0 falso, banzos da classe 4; © 57,0.< 36,0 falso, almas da classe 4; t Quando a secgao é actuada por momento flector 0s banzos possuem uma distribuigéo de tensdes constante, sendo entdo de classe 4, como é demonstrado abaixo. As almas terao, para actuagao de momentos flectores, distribuicbes lineares de tensées. mE ~ panzos: £< 42x62 900 <4yx [235 & 60,0< 36,0 false, banzos da classe 4; t 10 Y320 620 ~~ ISTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS = almas: ha a necessidade, na classificago das almas da chapa perfilada ou de qualquer outro perfil assimétrico, de dividir o momento flector actuante em positivo e negativo, 4,00 33,00 oe 55.00 ‘© momento positive: 331-05 © 7 57,0 ye Sign eS ceaxex(l-y)x Vey) oe 165) ¥*~350—10~(331-05) 7 (-w)vEy) 10 verdadeiro, classe 3 ou menor. * momento negativo: c 42x x £518 Rp {linha neutra na laje macica de betdo) O momento flector, neste caso, solicita apenas parte da zona maciga da laje mista. A posi¢ao da linha neutra plastica e, consequentemente, da altura de betdo utilizado para a resisténcia faz-se através do equilibrio de forgas horizontals na seco. \ | L Figura 6.23 — Esquema representative de Secgae de laje mista e distribuigao pidstica de tensées. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 6.39 LAJES MISTAS 4,22 a DF, =05 R= Fe xxx 08558 x=—e a ” r pxogsda, R re © momento flector plastico 6 obtido através do bindrio das duas forgas representadas na figura acima (a distancia d é obtida através da posigao do centro de massa da chapa perfilada); Caso 2: Momento positive; Re < Rp (linha neutra nas nerwuras| Na situagao em que a linha neutra plastica se encontra nas nervuras o betao nestas presente é desprezado. A posigao da linha neutra plastica, y, @ a grandeza ep definem-se em sequida de acordo com a figura abaixo, Figura 6.24 ~ Esquema representative de s80ya0 de laje mista © distibuigho plastica de tensbes. YF, HOR, +R, sup a dx yer Ze ee 42x (i, -21- yer Zhe Sw Ze Rye ~ Re +2x(h, - 2x0 y)xt Ne ax yar le 640 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS ip ep ttt Sep em que: @ corresponde & posigao do centro de massa da chapa perfilada, Na clausula 9,7.2(6) 0 EC4 apresenta expressées a utilizar para 0 brago, z (do binario de forgas axiais) e do momento produzido apenas pela chapa perfilada, mer Mog 1 Sp [79 88 esstncia, 20 momento fecor, da chapa perfiada Wer @ © médulo de flexdo relevante da chapa perflada, deverd ser tomado como plastico ou eldstico (em fungao da classe do perfil) © ser o menor dos vatares possiveis para esta grandeza; ‘Apés a definigo das grandezas anteriores a definicéo do momento plastico resistente & simples e consiste na soma de dois momentos resistente: © produzido pela chapa perfilada, Mer, & © produzido pelo binario das forgas axiais nos dois materiais, ¥R, + Mpg My es Caso 3: Momento negativo: Ren > Rs (linha neutra nas nervuras) Neste caso consideram-se as nervuras de espessura constante e igual média da sua espessura. As expressées seguintes servem apenas para nervuras constituidas por trogos Fectos, no caso de servem curvilineas poder-se-a realizar aproximagées destas a rectas ou utilizar métodos mais exactos. INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 641 LAJES MISTAS 5 fae 054 Figura 6.25 ~ Esquema represontalive de seegao de laje mista e distibulggo pldslica de tensbes, As expressdes que fornecem a posigéio da linha neutra e 0 momento plastico resistente negativo apresentam-se em seguida: eaa INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS Caso 4: Momento negativo; Ren < Rs (linha neutra na zona maciga da laie) Este caso € muito semelhante ao anterior, diferem apenas na posigdo da linha neutra que s6 “atravessa” betéo em ambos. Apresenta-se, entdo, este exemplo de modo a fornecer expressées de acordo com a geometria de secebes de lajes mistas. bon As Th ee s . LNplastica_ hp LY 2 ea eames | (hp-t)/2 \n ak ee _ (hp-ty2 br supl2 Figura 6.26 — Eaquema representative de secgao de laja mista © distibuigso plastica de tensoes As expressées que permitem a determinacao da posigao da linha neutra e do momento plastico resistente negativo apresentam-se abaixo: YF, <0 R= N, +R, 69 R = yxbx085xL24R, @ Ve eae es He oy y= Ria Red eh, bxogsxta R ve Myag = 7) xR, +29 Ry INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 643 _LAJES MISTAS EXEMPLO 6.3 Considere-se um painel de laje mista com vo de L=3,0m e com continuidade para os painéis adjacentes. E constituida por uma zona maciga de 7,0 cm de espessura de betao e uma zona nervurada constituida pela chapa utilizada no exemplo antetior (f,,=320 MPa). A armadura utiizada junto & face superior da laje consiste numa malha #10/0,15m de ABDONR (5,24 cm’/m ou 1,1 cm*/nervura) ¢ 0 betao é da classe €30/37 (f..=30,0MPa E-n=33,0GPa). 70,00 49 36.00 35,00 815,25" [mm] Figura €6.3/1 ~ Seogao de laje mista. — Pretende-se calcular a maxima carga uniformemente distribuida, p, com que é possivel carregar o painel de laje sem que este entre em colapso sob o efeito do momento flector. Utiliza-se uma andllise eldstica linear para calcular os seus esforcos. eae INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS L=3.0 Im) Figura E6.5/2 - Esquema representativo do painel de laje mista e da carga que ihe é aplicada: (Os esforcos obtides de uma andlise elastica linear, e em fungao da carga, p, sao: pe Figura £6,373 — Esquema representative do painel Ge laje mista @ dos esforgos oblides por uma andlise eistica linear. Os esforgos resistentes que se pretende determinar para a secco do painel sao 0s pldsticos, M,.ra. Para momentos positivos nao hé qualquer problema por se encontrar, a chapa perfilada, toda traccionada (suposi¢ao que se confirmara a posteriori). Para as seccdes sujeitas a momentos negativos nao se considerard a resisténcia da chapa a compressao. primeiro passo sera 0 de calcular as forcas a que resistem os materiais das secgdes de modo a fixar as linhas neutras plasticas. INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 645 LAJES MISTAS Para a sec¢ao sujeita a momentos positivos tém-se as forgas resistidas pelo betéo comprimide, Re, € pela chapa perflada, Rp: 30,0%10° 0,070,241 0,85 x 15 249,9 KN/nervura R, =249,9% is =1190,04N/m 320,0 [(60,0x3+57,0x2)x1,0]« To =94.) kN/nervura 94,1x Rs 448, KN/m 0,21 Pera a seccao sujeita a momentos negativos as forgas sdo: aquela que é resistida pelo betéo entre nervuras, Ren, € @ que é resistida pelas armaduras ordinarias, Re’ R,, =(h, ~1)b,, x085 55,0 x (60,0=1.0)+ (90,0-1.0) . g gs, 30,0%10" _ 2 15 = 69,9 kN/nervura Ry, = 69,9 x #80 332.9 W/m 021 4 500,0«10" x 1S 1,00 R, = 478x— = 0.21 = 11x10 = 47,8 kN/nervura 7,6 kN /im 646 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS As posig6es das linhas neutras plasticas obtém-se através da andlise das condigdes entre forgas resistidas pelos materiais: = seogao de momento maximo positive: Re > Rp, linha neutra na laje macic¢a de betéo (confirmada a hipstese de estar toda a chapa traccionada); = seogao de momento maximo negativo: Req > Ry, linha neutra nas nervuras. ‘A obtengdo da posigao da linha neutra plastica, x, e do momento plastico resistente, Mpiads Para a Seccdo sujeita ao maximo momento positive sao feitos de acordo com as expressées fornecidas atras (neste ponto do manual} para o caso 1 da andlise plastica de lajes mistas: DF, =05 Rp = N, => x= th, eal x 70,0 = 26,4 mm 249.9 L+190-764 x10*x94,1 = 10" x94,1 = 7,45 kNm/nervura Mya = HAS we 35,48 kNin/m = 210,00 ' 0,85 fk a No=Rp=94,1 KNinervura 12264 70,00 95,0-93,141,0/2) 57.00 om 5500 = Figura E6.3/4 ~ Disibulgao plastica de tenses para seagao Ge lo mista Sujata @ momento postive, ~) mpira=7,45 KNm/nervura 4,1 KN/nervura INSTITUTO SUPERIOR TEGNICO a7 LAJES MISTAS 7 Para a seccdo sujeita ao maximo momento negative a obtencéio da posi¢ao da linha neutra plastica, x, e do momento pidstico resistente, mpize, S40 feitos de acordo com as expresses fornecidas no caso 3 (neste ponto do manual) da andlise plastica de lajes mistas: R, 7, St x(h, -2x1)= a § (56,0 -2%1,0)= 38,3 mm R, of 69,9 DA, =05N, ( x) 383) 192 Myra R,x{ hth, = a 47 8x| 50,0+56,0-10-= )x107 = 41 kNm/nervura 2 \ i m, =H 9,52 kNm/m — Tsk - ys _Rs=47,8KN/nervura | 50,00 +\mpiag =4,1KNm/nervura 36.00, INplasfoa 2727 “Tag 39 | 4 Nom=Rs=47,8KNinervura [mm] Figura E6315 ~ DiciibulgSo plastica de tonsbes para Secgao dé laje mista Sujata 8 momento negalve, A ccondi¢ao, sy SMa tem que ser verificada tanto para momentos maximos positives como para negativos. A menor das cargas maximas que dal resultar sera a carga a determinar. 648 INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS xD { 2 Pam s 19,52 kNmjm Pu 51952035 Peg $26,0 KN) Mey 5 Mpg ° ° 2 XE 24 . ores $3548 ANm/m | Poy $3548%55 | pp, < 94,6 N/m? Prag = 15 p $260 N/m? DSITBEN|/ me? ° ° > pSmin{ 17,3563, }< psl73kN/m™ Peg = 15% p $946 KN/m* PS 63,1 KN/m? Flexo — Analise Elast a A andlise elastica de secgdes de lajes mistas no ¢ comum dado que, se realizada como explicado atras, a andlise plastica permite obter valores mais apropriados e superiores para a resisténcia das secgdes. O EC4 no estipula regras para andlise eldstica de lajes mistas, no las (em fungdo das caracteristicas das entanio deixam-se algumas ideias e expresses ol secgoes). iho) Figura 6.27 ~ Esquema fepresonialivo de secgao de laja mista, INSTITUTO SUPERIOR TECNIGO 6.49 LAJES MISTAS A anélise elastica de secgbes de lajes mistas, a semelhanca da que é realizada para as vigas, assenta na hipétese simplificativa de que o betdo resiste a tracgéo ‘Também para a andlise elastica de lajes mistas se tem de proceder a homogeneizacao do betdo em ago, recorrendo, para isso, aos coeficientes de homogeneizacdo, n, de betéo em ago (definidos no capitulo 2 deste manual). Convém chamar a atengao para a diferenga entre 0 “n” de nervuras presente nos indices de algumas grandezas e a grandeza n (coeficiente de homogeneizagao). Nao se considera, para andlise elastica de lajes, 0 betdo entre nervuras quer esteja comprimido ou traccionado. O betdo da zona maciga da laje nao se considera quando traccionado. igura 6.28 - Esquema representative da homogeneizagao de uma nervura de laje mista, A obtencao do momento de cedéncia de uma seceéo (limiar eldstico) é explicada no capitulo 4 deste manual e relembrada em seguida: My = Wes Gong em que cea 6 a tenso de cedéncia do material que constitui a seocao, W,, =1]v 6 ombduo etastico de flexdo; 1 6 o momenta de inércia em tomo do eixo de flexd0}, V 6 a distancia entre a tisha neutra e a fbra mais afastada de um dos materiais pertencentes & seco, 650 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO MANUAL DE ESTRUTURAS MISTAS. No estudo da andlise elastica de lajes mistas considera-se que duas fibras poderao condicionar a cedéncia da secco da laje mista: a fibra superior da zona macica de betdo e a fibra inferior do perfil metalico. E muito pouco provavel que a fibra superior da chapa perfilada ceda antes da inferior pois a linha neutra devera estar sempre mais perto da interface entre zona maciga e a nervurade. A figura seguinte mostra as distribuigdes de tensdes para os dois casos de cedéncia das fibras, da secgao. Nos diagramas (a) ilustra-se 0 caso em que cede a fibra inferior do perfil metalico enquanto que em (b) se mostra a distribuigdo de tenses quando cede primeiro a fibra superior do betao. bin f fe =H 0<0,85n kK —0,85n Ick i _ oe Ye he = = nf + Meira h| LNetastica =? z SS Zz _*) ? . £ ” ~~ 7 Saas Ap Yp (a) | bin. fx 4 wa mains | he ae J) Mara . : 4 CMp = : fp Ap Yp (a) Figura 6.29 — Eaquema reprosentallve de dstibulgao eldslica de tensbes em seogae de le mista INSTITUTO SUPERIOR TECNICO 651 LAJES MISTAS © momento de cedéncia (elastico), mers sera 0 menor dos obtidos para cada uma das duas fibras dadas como condicionantes: Mag = MID fon em que: fyp 6a lensdo de cedéncia da chapa perflada: for 62 tenso de cedéncia do clincto de betao I, 6 a inércia em tomo do eixo coincidente com a linha neutra eldstica; 6 o coefciente de homogeneizagao do belao em aco para os dois materials usados na secezo, Para o caso em que a linha neutra atravessa o perfil metalico a definigao da linha neutra, feita através da igualdade de momento estéticos em torno da mesma, resulta numa equacao de primeiro grau yw, -0=(4- X—Keayp Ay Quando a linha neutra se encontra na zona maciga de betao a definigo da secgao faz-se através da determinagao da linha neutra: = (eX) 4, Esta andlise fornece valores com um grau de preciséo bastante aceitavel por se estar a determinar inércia fendilhadas. A consideracdo do betéo nas nervuras da chapa permitiria encontrar valores mais precisos no entanto tal pode traduzir-se numa andlise de grau de complexidade elevado consoante a geometria das nervuras. 652 INSTITUTO SUPERIOR TECNICO

Vous aimerez peut-être aussi