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Sebastio I e o Sebastianismo
O mito de D. Sebastio foi a pequena esperana de todo um povo para continuar a existir.
Alm do territrio dividido e dos problemas todos pelos quais estavam a passar, os
portugueses tinham f no retorno do rei, a nica pessoa que com sua chegada traria a
grandeza do passado e tal vez essa pequena luz, foi o motivo principal para que continuasse
a existir Portugal.
Felipe I de Portugal em 1582 mandou trasladar o suposto corpo de D. Sebastio para o
Mosteiro dos Jernimos em Lisboa. Sua finalidade era acabar com o sebastianismo, mas
falhou porque nunca se comprovou se o corpo era em verdade de Sebastio I. O tmulo de
mrmore que repousa sobre dois elefantes, ainda esta na capital.
Ver um tmulo e no acreditar nele. Ver um passado e senti-lo perto. Como poderamos
experimentar esse sentimento? Se calhar um dia, o dia no esperado, o dia do desejado
podamos senti-lo. Ver o rei-jovem, o rei-menino aparecer num dia de bruma e nevoeiro o
que os sebastianistas esperam, mas pelo momento a esperana faz seu trabalho que com o
passo do tempo converte-nos em D. Sebastio I, rei de Portugal.
A alma imortal, e se desaparece, torna a aparecer onde evocada atravs da sua forma.
Assim, morto D. Sebastio, o corpo, se conseguirmos evocar qualquer coisa em ns que se
assemelha forma do esforo de D. Sebastio, ipso facto o teremos evocado e a alma dele
entrar para a forma que evocamos. Por isso, quando houverdes criado uma coisa cuja
forma seja idntica do pensamento de D. Sebastio, D. Sebastio ter regressado.
(Fernando Pessoa. Portugal, Sebastianismo e Quinto Imprio)