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FONTE: http://www.comitepaz.org.br/Morin6.htm
NAPOLEÃO SABÓIA
Correspondente
PARIS - Um dos últimos "monstros sagrados" em vida, e todo aceso, da belle époque
intelectual francesa - em que pontificaram Sartre, Camus, Foucault, Aron, Bourdieu -,
Edgar Morin, aos 81 anos, continua cultivando múltiplas curiosidades, produzindo
conhecimentos no campo das humanidades e pondo seu acervo de intuições e saberes a
serviço das causas inovadoras.
A busca de um novo humanismo com padrões éticos e estéticos que o proteja ou o
torne menos vulnerável ao rolo compressor da ciência "pura e dura", da tecnologia e da
economia se inscreve nesse espectro de interesses do sociólogo e filósofo francês, que
receberá, no correr do ano, o título de Doutor Honoris Causa de várias universidades
brasileiras.
Com uma obra diversa e de referência, já traduzida em mais de cem países, Edgar Morin
está enriquecendo-a agora, com o lançamento de novo livro sobre suas concepções no
terreno da ética. Nesta entrevista da Estado, o pensador fala sobre as perspectivas do
homem e da humanidade sob a ameaça do que chama, não de choque de civilizações,
mas de barbáries.
Estado - Quais?
Morin - A guerra provável no Oriente Médio. Sem dúvida, Saddam Hussein é um tirano
horroroso, mas o que acontecerá depois no Iraque, à luz do que já se passa hoje no
Afeganistão desintegrado, onde o novo poder controla apenas Cabul? Nem mesmo a Al-
Qaeda foi liquidada. Há o trauma do mundo muçulmano, mais de 1 bilhão de pessoas,
pela política de dois pesos e duas medidas com que o Ocidente trata a questão israel-
palestina. Enquanto não se instilar um mínimo de eqüidade nesse dossiê explosivo, um
acordo nas condições já conhecidas, ou seja, o retorno às fronteiras de 1967 com o
desmantelamento das colônias judaicas e a divisão de Jerusalém, o câncer que corrói o
Oriente Médio tende a afetar o resto do mundo.
Fim da entevista