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Introdução contornar, ao longo da história, são obser-


Boniek Venceslau da Cruz Silva
vados em nossas salas de aula. Existe um
E.E. Presidente Roosevelt, Natal, RN,

H
oje em dia, há um relativo reconhecido paralelismo entre alguns dos
Brasil
consenso entre professores e modelos históricos desenvolvidos pelos
E-mail: boniekvenc@yahoo.com.br
pesquisadores em ensino de física, cientistas e os elaborados pelos alunos em
no que diz respeito à importância do uso sala. Nesse sentido, autores como Ga-
André Ferrer Pinto Martins
da história e da filosofia da ciência (HFC) gliardi [1] apontam que o uso da HFC pode
Departamento de Educação,
em sala de aula. A literatura especializada contribuir na identificação e superação de
Universidade Federal do Rio Grande do
converge acerca dos benefícios que o uso obstáculos epistemológicos à apren-
Norte, Natal, RN, Brasil
dessa abordagem pode trazer para o dizagem.
E-mail: aferrer34@yahoo.com.br
ensino, em geral, e o de física, em parti- Uma pesquisa com professores, licen-
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cular [1-5]. ciandos e alunos de pós-graduação em en-
Vale destacar, porém, que, historica- sino de física evidenciou o interesse desses
mente, algumas críticas também foram sujeitos no que diz respeito ao uso da HFC,
endereçadas ao uso da HFC em sala de aula como já apontado em outras pesquisas
[2, 3, 6]. Apesar das críticas, o uso da HFC realizadas. Entretanto, verificou-se tam-
pode ser considerado um importante ins- bém que uma das principais preocupações
trumento para a melhoria do ensino de dos participantes residia em “como fazer”
ciências. Percebe-se duas grandes correntes atividades fundamentadas pela HFC no ní-
de abordagens históricas no ensino de vel médio. Um dos conteúdos considera-
ciências: a primeira entende a HFC como dos mais difíceis, quanto ao tratamento
um elemento auxiliar para a compreensão histórico-filosófico, foi a óptica [5].
de teorias físicas, enquanto a segunda a
enxerga como um elemento constituinte O ensino da óptica no nível
da própria ciência [7]. médio
O que se percebe, entretanto, nas au- Com respeito ao ensino dessa área da
las de ciências, não é uma coisa nem outra, física, percebe-se que a forma pela qual
mas um enfoque que representa uma ela é, geralmente, trabalhada em sala de
espécie de “reconstrução” racionalista do aula, tomando como base algoritmos
conhecimento cientí- ópticos para a explica-
fico. Essa visão mais Percebe-se duas grandes ção de fenômenos co-
tradicional ignora as- correntes de abordagens mo a reflexão e a re-
pectos relevantes (a históricas no ensino de ciên- fração, por exemplo,
relação ciência e socie- cias: uma entende a HFC como não garante uma
dade, a visão da ciên- elemento auxiliar para a aprendizagem de teo-
cia como atividade compreensão de teorias físicas; rias físicas.
humana, a falibilidade outra a enxerga como um Estudantes do ní-
dos cientistas), que elemento constituinte da vel médio apresentam
deveriam permear as própria ciência uma série de dificul-
aulas de ciências. Isto dades para interpretar
pode acarretar ao aluno uma visão total- fenômenos elementares da óptica. Pesa e
mente distorcida do que é o conhecimento Cudnami [8] evidenciam três grandes te-
Este trabalho descreve uma estratégia didática
científico, além de não garantir sucesso mas problemáticos. São eles:
realizada no nível médio de ensino e funda-
na aprendizagem de teorias físicas. • A natureza e propagação da luz mentada na história e na filosofia da ciência,
No campo da didática das ciências, • A formação das imagens que teve como objetivo tornar mais atrativo e
modelos desenvolvidos por cientistas, as- • As cores significativo o ensino da física e, em particu-
sim como obstáculos que eles tiveram que Geralmente, inicia-se o estudo da lar, o ensino da óptica: o júri simulado.

Física na Escola, v. 10, n. 1, 2009 Uso da história e filosofia da ciência no ensino da óptica 17
óptica com noções básicas sobre a luz e o Em nossa prática docente, também finalidade dar uma fundamentação teórica
processo da visão. Para isso, são usados desenvolvemos metodologias para a in- aos alunos. Durante todo um bimestre
algoritmos para representar os raios lu- serção da história da óptica no ensino mé- letivo, foram distribuídos e discutidos com
minosos que partem da fonte, refletem no dio. O objetivo deste trabalho, justamente, os alunos textos contendo discussões refe-
objeto a ser visto e chegam aos nossos é apresentar uma proposta de estratégia rentes ao episódio histórico debatido [tre-
olhos. Na prática mais tradicional são didática, fundamentada pela HFC, para ser chos selecionados de 14, 15 e 16].2
ignoradas noções do pensamento grego, trabalhada no nível médio. A idéia cen- Para promover uma maior compre-
os quais na Antigui- tral é apresentar aos ensão da leitura, foi solicitado aos alunos
Mas, enfim: como se estrutura
dade desenvolveram alunos as controvér- que elaborassem um fichamento dos tex-
a prática do júri simulado? Esta
modelos para explicar sias históricas acerca tos e, também, destacassem as suas dúvi-
dinâmica possui uma necessi-
como se dava a visão. da natureza da luz das sobre o material utilizado por eles. Por
dade intrínseca: a da escolha
Não se atenta para o (um tema não muito fim, foi solicitado aos alunos que respon-
de temas problematizadores
paralelismo existente abordado em livros dessem algumas questões elaboradas pelo
que envolvam polêmicas e
entre modelos desen- didáticos de física), professor, posteriormente discutidas em
divergências de opiniões
volvidos na Antigui- bem como, desenvol- sala de aula.
dade e aqueles elabo- ver neles a capacidade
rados por certos alunos [8, 9]. Por exem- argumentativa e uma melhor compreen- O júri simulado
plo, alguns estudantes dispõem de um são da linguagem científica, em particu- A prática simula um tribunal judi-
modelo de visão que concebe a emissão lar, a linguagem da física. ciário, onde os participantes têm funções
de “raios visuais” pelo olho, concepção de predeterminadas.
acordo com Pitágoras. Elaborando e discutindo o júri Os participantes da prática são divi-
Modelos inadequados podem-se per- simulado didos em três grupos: dois grupos de deba-
petuar em função das próprias práticas Vamos, aqui, relatar uma prática rea- tedores e uma equipe responsável pelo
escolares, muitas vezes fundamentadas na lizada por nós para trabalhar conteúdos veredicto (o júri popular).
necessidade de encontrar soluções a pro- da óptica: o “júri simulado”.1 Ela consiste, É aconselhável que cada grupo de
blemas-padrão [10]. Em geral, espera-se basicamente, de uma dinâmica de grupo debatedores possua a mesma quantidade
que os alunos, após o estudo dos conceitos a ser utilizada, preferencialmente, quando de pessoas. O grupo do júri popular deve
e das leis, possam resolver situações-pro- se pretende abordar temas potencialmente conter um número menor de componen-
blema que requerem estes conhecimentos. geradores de polêmi- tes (entre 3 e 6 alunos,
Contudo, a literatura especializada eviden- cas. Neste estudo, a Pensando e refletindo sobre a de uma sala com 30,
cia que os alunos, mesmo após um estudo prática do júri simu- ciência, os alunos podem por exemplo). O papel
de leis e conceitos da óptica, apresentam lado foi desenvolvida enfrentar futuros questio- do professor é o de
dificuldades, em muitos casos, de compre- no ensino médio, em namentos em relação a temas coordenar a prática,
ensão de conceitos básicos [9, 11, 12]. uma escola da Rede científicos, mesmo trabalhando delimitando o tempo
Esse tipo de ensino, além de não pro- Pública Estadual. En- em áreas distantes da científica para cada grupo de-
mover uma sólida aprendizagem concei- tretanto, ela pode ser fender sua tese e
tual, não estimula discussões relevantes realizada nos mais diversos graus de atacar a tese defendida pelo grupo opo-
sobre o “fazer ciência”, podendo gerar vi- ensino. nente.
sões distorcidas acerca do que é o pensa- Em particular, as controvérsias gera- O processo inicia-se com o lança-
mento científico [10]. das em torno da natureza da luz (onda mento do tema proposto pelo professor.
Para Guerra et al. [13], pensando e ou partícula?), na história da óptica, tor- No nosso caso: a luz é onda ou partícula?3
refletindo sobre a ciência, os alunos podem nam a elaboração do júri simulado uma A preparação prévia dos alunos deve
enfrentar futuros questionamentos em ótima estratégia didática para investigar propiciar que eles cheguem à atividade em
relação a temas científicos, mesmo tra- a pertinência e as contribuições de uma condições de desenvolver argumentos em
balhando em áreas distantes da científica. abordagem que priorize as dimensões his- favor das teses opostas. É preciso, no en-
Uma das soluções é problematizar a ciên- tóricas e filosóficas da ciência. Esta prática, tanto, dar um tempo inicial para que os
cia e a tecnologia a partir da discussão his- também, pretende ser de fundamental im- alunos socializem suas informações no
tórico-filosófica de sua construção. portância na construção de conceitos cien- grupo, antes do início do debate.
Também para tíficos da óptica (refle- A partir daí, cada grupo lança a sua
Vannucchi [3], a in- A inserção da história da xão, refração, difra- tese inicial, defendendo seu ponto de vista
serção da história da ciência pode dar um maior ção e interferência) à medida que surjam “réplicas” e “trépli-
ciência pode dar um significado ao estudo desse por parte dos alunos, cas”. O professor, como coordenador da
maior significado ao conteúdo, revelando aspectos em sala de aula. atividade, também pode lançar pergun-
estudo desse conteú- histórico-sociais importantes Mas, enfim: co- tas que motivem o debate, evitando for-
do, revelando aspectos para o desenvolvimento dos mo se estrutura a prá- necer respostas ou apoiar alguma das
histórico-sociais im- conceitos tica do júri simulado? posições.
portantes para o de- Esta dinâmica Por fim, cada grupo tem um tempo
senvolvimento dos conceitos. Outros tra- possui uma necessidade intrínseca: a da para suas considerações finais. O júri po-
balhos também apresentam propostas escolha de temas problematizadores que pular, então, reúne-se para socializar seus
orientadas a melhorar o ensino de temas envolvam polêmicas e divergências de apontamentos, feitos ao longo da ativi-
da óptica, em nível médio, baseadas em opiniões. dade, e decretar o veredicto. A Tabela 1
uma metodologia problematizadora e Antes da realização da atividade pro- sistematiza as etapas do júri simulado,
questionadora, que aponta a HFC como priamente dita, no nosso caso, foram tra- sugerindo a duração (aproximada) de cada
seu eixo norteador [9, 10]. balhados textos históricos que tinham por uma delas.

18 Uso da história e filosofia da ciência no ensino da óptica Física na Escola, v. 10, n. 1, 2009
habilidades importantes na defesa de cada
Tabela 1 - Etapas do júri simulado. uma das teses.
Etapas Tempo (aula de 60 min) Inserir os alunos na linguagem da
física, seja por meio da fala ou da escrita,
Socializar as idéias nos grupos 10 min é um dos objetivos das aulas dessa disci-
Defesa da tese inicial 10 min (5 min para cada grupo) plina. Afinal, a física tem uma linguagem
Debate entre grupos 20 min peculiar, que lhe fornece identidade pró-
pria. A linguagem e a comunicação fazem
Considerações finais 10 min (5 min para cada grupo)
parte das atividades científicas. Espera-se
Veredicto 5 min que, desenvolvendo a argumentação por
meio da prática do júri simulado, os alu-
nos (re)construam seus saberes acerca dos
B2: - Newton mostrou que com sua
Há, ainda, outra possibilidade: o pro- inteligência, a luz branca é a união de todas as conceitos da óptica, mobilizando uma ter-
fessor pode, antes do veredicto, solicitar cores pelos prismas. minologia adequada.4
que os grupos “troquem de tese”, ou seja, A3: - Newton era um louco! Portanto, o júri simulado, por suas
passem a defender o que eles anterior- Neste outro trecho, já no desfecho da características, pode contribuir para:
mente atacavam (aqueles que defendiam prática, os alunos chegam a uma impor- • Humanizar o ambiente escolar
a tese da luz como onda passam a defendê- tante conclusão que vale destacar: • Favorecer o trabalho em grupo e o
la como partícula, e vice-versa). A1: - Einstein falou que a luz era tanto diálogo entre os estudantes
onda como partícula... • Socializar as concepções apresenta-
Avaliando o júri simulado B3: - Eu também acho... das pelos estudantes, identificando seme-
Um primeiro momento de avaliação, A2: - Então vamos fazer as pazes... lhanças com visões históricas
antes da própria prática, consistia na pre- Vemos que o debate permite que surja • Problematizar questões relativas à
paração de fichamentos e relatórios sobre uma série de idéias e argumentos, tanto natureza da ciência
as leituras desenvolvidas pelos alunos referentes aos fenômenos ópticos em si (“A • Favorecer a argumentação, o traba-
(textos históricos). luz como partícula bate na parede e volta”; lho com hipóteses e a comunicação em
Estes relatórios e fichamentos ser- “A luz como onda pode ser construída e física
viam de base para que aflorassem nos alu- destruída e as partículas não”), quanto • Aprender conceitos e temas cientí-
nos controvérsias e indagações em relação referentes a questões que envolvem visões ficos
ao assunto estudado. Já no que tange ao de ciência e dos cientistas (“Todo mundo
professor, esta prática servia para uma sabe que Newton só falava o que era cer- Conclusões
avaliação não só das próprias teorias fí- to”; “Newton era um louco!”). Cabe ao A inserção da história e da filosofia
sicas desenvolvidas pelos alunos, mas da professor problematizar essas questões a da ciência no ensino de física, em geral, e
compreensão do “fazer ciência” apresen- partir do debate, esclarecendo-as e evi- no da óptica, em particular, possibilita
tada pelos aprendizes em sala de aula. tando as distorções muito comuns acerca uma abordagem diferente para as discus-
Abaixo, reproduzimos um pequeno na “natureza da ciência”. sões realizadas em sala de aula. Neste tra-
trecho do debate realizado pelos alunos na balho, entretanto, não defendemos a ideia
Implicações ao ensino de física
prática (os sujeitos indicados pela letra “A” de transformar as aulas de física em aulas
defendiam a luz como onda, enquanto os Na sua essência, a prática apresentada de história e filosofia da ciência. O docente
indicados por “B” argumentavam a favor objetiva a realização de reflexões em torno deve ter a liberdade e flexibilidade de desen-
do modelo corpuscular): do fazer científico, ao colocar em confron- volver, nas aulas de física, atividades das
A1: - Por que você acha que a propagação to distintas maneiras de conceber a natu- mais diversas naturezas, além da abor-
da luz acontece através reza da luz. Espera-se, dagem de cunho histórico-filosófico.
de partículas? Na sua essência, a prática assim, que os alunos Para uma aprendizagem mais signifi-
B1: - Achamos que possam perceber a
apresentada objetiva a cativa é necessário que busquemos estraté-
Newton já mostrou, e
realização de reflexões em torno pluralidade de idéias gias de ensino mais dinâmicas e interativas,
Einstein a usou para
explicar o efeito fotoelé- do fazer científico, ao colocar existentes na formação com as quais o aluno possa reconhecer-se
trico... Então por que em confronto distintas maneiras dos conceitos, descarac- como elemento ativo de sua formação.
no efeito fotoelétrico a de conceber a natureza de um terizando a visão de Acreditamos que a proposta sugerida
luz seria uma onda? fenômeno físico uma ciência “linear” e aqui unifica esses dois aspectos, sendo ade-
A1: - Você não ideia do “gênio”, muito quada e viável para se trabalhar elementos
percebeu que quando eu acendo a lanterna, a difundidas nas práticas mais tradicionais. da história da óptica de uma forma
luz se espalha como uma onda? Ainda nessa direção, o júri simulado diferente e, de certo modo, divertida para
A2: - A teoria da luz como partícula é
poderá dar um maior significado ao estu- os alunos. A estratégia do júri simulado
totalmente ultrapassada...
A1: - Como explicar a difração com uma do da física e, em particular, da óptica, permite que os alunos compartilhem, com
teoria corpuscular? pois os alunos terão a possibilidade de vi- os seus pares, conteúdos de física de uma
B1: - A luz como partícula bate na parede venciar as dificuldades encontradas pelos forma ativa, dinâmica e mais humanizada.
e volta. cientistas na formulação e defesa dos
B2: - Se Einstein ganhou o prêmio Nobel modelos, diante de colegas defensores de Agradecimentos
retomando as idéias de Newton, ele é “o cara”, outro ponto de vista. Neste cenário, a ca- Agradecemos à direção da escola pela
e disse que era partícula. Todo mundo sabe que pacidade de argumentação por parte dos colaboração e, também, aos alunos, pela
Newton só falava o que era certo. E ele disse
alunos torna-se fundamental, devido à dedicação e prazer mostrados no decorrer
que a luz era partícula.
A3: - A luz como onda pode ser construída própria natureza da atividade, em que o da prática. Agradecemos, ainda, a Letícia
e destruída e as partículas não. trabalho com hipóteses e a explicação são Carvalho pela filmagem.

Física na Escola, v. 10, n. 1, 2009 Uso da história e filosofia da ciência no ensino da óptica 19
2
Referências 277 (2007). Nas próximas oportunidades, serão trabalha-
[10] L.M. Iparraguirre, Enseñanza de las Ciencias dos textos produzidos por nós, a partir
[1] R. Gagliardi, Enseñanza de las Ciencias 6,
25
25, 423 (2007). dessas e de outras leituras no campo da
291 (1988).
[11] F.M. Goldberg and L.C. Mcdermot, The história da óptica.
[2] M.R. Matthews, Caderno Catarinense de
Physics Teacher 1, 472 (1986). 3
Vale salientar que a luz, de acordo com o
Ensino de Física 12
12, 164 (1995).
[12] J.P. Gircoreano e J.L.A. Pacca, Caderno conhecimento científico atual, apresen-
[3] A.I. Vannucchi, História e Filosofia da
Catarinense de Ensino de Física 18 18, 26 ta comportamento dual. Não é finali-
Ciência: Da Teoria Para a Sala de Aula.
(2001). dade dessa prática dar respostas “lim-
Dissertação de Mestrado, Instituto de
[13] A. Guerra, J.C. Reis e M. Braga, Física Na pas” e definitivas, mas, sim, desenvol-
Física/Faculdade de Educação,
Escola 3, 8 (2002). ver nos alunos a capacidade de argumen-
Universidade de São Paulo, 1996.
[4] J.M.Campanario, Revista de Enseñanza de [14] A. Einstein e L. Infeld, A Evolução da Física tação.
la Física 11
11, 5 (1998). (Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2008). 4
As palavras transmitem idéias. Pensar a luz
[5] A.F.P. Martins, Caderno Brasileiro de Ensino [15] A. Guerra, J.C. Reis e M. Braga, Breve como partícula (corpúsculo) pode trans-
de Física 24
24, 112 (2007). História da Ciência Moderna: Das Máquinas mitir ao aluno uma ideia de “bolinha
[6] R.A. Martins, in: Estudos de História e Filo- do Mundo ao Universo-Máquina (Jorge muito pequena”, o que difere do modelo
sofia das Ciências: Subsídios para Aplica- Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2004). aceito. Ou, então, imaginar a luz como
ção no Ensino, organizado por C.C. Silva [16] J.F.M. Rocha, in: Origens e Evolução das Ideias onda pode levar o aluno a pensar que as
(Livraria da Física, São Paulo, 2006). da Física, organizado por J.F.M. Rocha ideias desenvolvidas por Huygens, Hooke
[7] A.M.Barros e A.M.P. Carvalho, Revista (EDUFBA, Salvador, 2002). e Descartes eram dotadas de caracterís-
Ciência e Educação 5, 83 (1998). ticas ondulatórias, como período e com-
Notas
[8] M.D.Pesa e L.C.Cudmani, Caderno primento de onda, o que não ocorreu. A
1
Catarinenense de Ensino de Física 10
10, 128 A prática do júri simulado foi adaptada a par- inserção da HFC pode aproximar o aluno
(1993). tir de experiências de outras atividades da idéia original e, também, das dificul-
[9] L.O. García J.M. Torregrosa, J.C. Alís y R.V. vivenciadas pelo 1º autor desse trabalho dades enfrentadas pelos cientistas ao
Carbonell, Enseñanza de las Ciencias 2525, em sua trajetória como estudante. longo da história.

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e o papel de cientistas e suas relações com humano com marcantes características


a sociedade. No curto “A descoberta cien- interdisciplinares e já com profundo
tífica pode ser premeditada?”, o propalado impacto na economia dos países desen-
“método científico” é impiedosamente volvidos.
execrado. No principal ensaio que dá título Agora, em livro recente, Schulz re-
ao livro. Medawar discute a incapacidade toma o tema de forma mais abrangente,
da ciência de responder a algumas ques- discutindo o caráter de inovação em
Os Limites da Ciência tões essenciais e desafiadoras para a hu- nanociência, seus aspectos éticos e
Peter B. Madewar manidade. Essa autolimitação da ciência presumíveis riscos ao ser humano e ao
Tradução: Antonio Carlos Bandouk não a impede de que seja “o mais bem su- meio ambiente, e contribuindo para o
Editora Unesp, São Paulo, 2008, 111 p. cedido [empreendimento] no qual o ser engajamento público em ciência e
humano já se engajou.” tecnologia. O livro foi escrito para um
“Este é um livro sério Pela concisão e estilo do autor, o leitor público não especialista e parte de
escrito de forma bem desfrutará de uma leitura prazerosa, es- exemplos próximos ao cotidiano. Para
concisa. Decidi fazê-lo clarecedora e indispensável sobre questões introduzir a discussão sobre inovação, o
assim por duas sim- da natureza da ciência que permeiam a autor parte da história do telefone. Riscos
ples razões: em pri- mente de cientistas, professores e interes- em avanços tecnológicos? Uma história
meiro lugar, sempre sados. do século XIX sobre a segurança em
fui da opinião de que viagens em navios a vapor. Após essa
quase todos os livros, introdução à inovação, tecnologia e
sobretudo os relacio- A Encruzilhada da Nanotecnolo- riscos, o livro parte para a nanotecnologia
nados à filosofia, são gia: Inovação, Tecnologia e Riscos em si, atividade notadamente multi-
demasiadamente extensos [...] Outro in- Peter Schulz disciplinar e com várias vertentes. Peter
centivo à brevidade foi a descoberta recente Vieira & Lent, Rio de Janeiro, 2009, 125 p. Schulz escolhe a mais antiga e com larga
de que algumas obras filosóficas mais participação no mercado: as nanopar-
excitantes e reveladoras eram, por coinci- Em artigo de A Física tículas. A discussão em torno das nano-
dência, as mais breves.” na Escola [v. 6, n. 1, partículas tenta mostrar ciência e tecno-
Peter Medawar, famoso biólogo in- p. 58 (2005)], Peter logia como partes de um âmbito maior:
glês, nascido em Petrópolis no início do Schulz, professor de a sociedade.
século, laureado com o Prêmio Nobel de física da Unicamp, O livro tenta mostrar como a percep-
Medicina em 1960, debate em três ensaios nos ensinou o que ção pública pode inclusive determinar o
algumas questões profundas sobre a filo- são e para que ser- sucesso ou o fracasso de uma tecnologia
sofia da ciência. No primeiro “Um ensaio vem a nanociência e e que, portanto, o engajamento público
sobre scians”, Medawar discute, num esti- a nanotecnologia. nessa discussão é mais que desejável, é im-
lo aforístico, o significado de ciência e sua Constituem campos prescindível.
relação com cultura, política, instituições de pesquisa na fronteira do conhecimento

20 Uso da história e filosofia da ciência no ensino da óptica Física na Escola, v. 10, n. 1, 2009

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