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08/12/05
O problema mente-corpo é uma das questões mais antigas e fundamentais
em filosofia e psicologia. Muitos pensadores consideram este o mais importante
dos problemas filosóficos, enquanto outros, considerando a mente um domínio do
conhecimento que resiste inflexivelmente a uma abordagem científica, sugerem
esquecê-lo por ser um problema impossível ou mal-formulado. Grosso modo, o
problema mente-corpo consiste em estabelecer o local ocupado pela mente na
natureza. Para tal, existe uma classificação geral de teorias que divide a relação
mente-corpo em duas categorias mais amplas: o monismo e o dualismo.
Por outro lado, doutrinas monistas diferem entre si de forma mais radical. O
fisicalismo, por exemplo, é a doutrina segundo a qual tudo o que existe é físico,
que não só se opõe ao dualismo mente-corpo mas, também, a um monismo de
tipo idealista. Um idealismo é qualquer doutrina que postule a mente como
realidade fundamental.
“Uma inteligência que, para um instante dado, conhecesse todas as forças de que
está animada a natureza, e a situação respectiva dos seres que a compõem, e se
além disso essa inteligência fosse ampla o suficiente para submeter esses dados
à análise, ela abarcaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do
Universo e os do mais leve átomo: nada seria incerto para ela, e tanto o futuro
como o passado estariam presentes aos seus olhos. O espírito humano oferece,
na perfeição que foi capaz de dar à astronomia, um pequeno esboço dessa
inteligência.”
O termo holismo foi cunhado em 1926 por Jan Smuts, então governador
britânico de uma província ao sul da Índia. Um holismo é uma doutrina ou sistema
que privilegia o todo em detrimento de suas partes. O pressuposto de toda teoria
holística é a emergencialidade, ou o surgimento de propriedades de um sistema
integrado que não são partilhadas por seus componentes: “o todo é maior que a
soma das partes”. É por isso chamado às vezes de não-reducionismo.
É interessante notar que o termo foi criado por um ocidental num país de
cultura oriental. De fato, a proximidade de teorias holísticas com antigas tradições
orientais reflete a tendência moderna a importar idéias de um sistema de
pensamento e aplicá-lo indevidamente em uma área a que não diz respeito, tal
qual – mas de modo inverso – fizeram os positivistas com estudos sociais e
psicológicos no começo do século passado.
Além disso, algo ignorado pelos holistas é que a soma das partes também é
maior que o todo. Óbvio o suficiente, países não apresentam spin, carga elétrica,
personalidade e capacidade de auto-reprodução.
As Qualia
Conclusões
COSTA, C.: Filosofia da Mente (Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor., 2005)