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Investimento Sustentável no Brasil 2009
Relatório Final
Abril de 2009
www.terieurope.org
www.delsus.com
Relatórios
Nacionais
da
IFC
sobre
Investimento
Sustentável:
Investimento
Sustentável
no
Brasil
2009
RELATÓRIO
FINAL
ABRIL
DE
2009
Preparado
para
Corporação
Financeira
Internacional
(IFC).
Membro
do
Grupo
Banco
Mundial
www.ifc.org
Responsável
pela
IFC
Brunno
Maradei,
Coordenador
do
Projeto,
Departamento
de
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento
Social
Preparado
por:
TERI‐Europa
www.terieurope.org
Escrito
e
editado
por:
Ritu
Kumar
e
Dan
Siddy
Revisão
da
Traduçâo
por:
Gustavo
Pimentel
Direitos
autorais
©
2009
Corporação
Financeira
Internacional
2121
Pennsylvania
Avenue,
NW
Washington,
DC
20433
Todos
os
direitos
reservados.
As
constatações,
interpretações
e
conclusões
expressas
nesta
publicação
não
devem
ser
atribuídas
de
forma
alguma
à
Corporação
Financeira
Internacional,
às
suas
organizações
afiliadas
ou
aos
membros
da
sua
Diretoria
Executiva
nem
aos
países
que
representam.
Tampouco
a
Corporação
Financeira
Internacional
ou
a
TERI
Europe
garantem
a
exatidão
dos
dados
constantes
desta
publicação
nem
ainda
nenhuma
das
partes
aceita
qualquer
responsabilidade
por
consequências
do
seu
uso.
O
material
deste
trabalho
é
protegido
por
direitos
de
autor.
Sua
reprodução
e/ou
transmissão,
total
ou
parcial
pode
constituir
violação
das
leis
em
vigor.
A
Corporação
Financeira
Internacional
estimula
a
divulgação
do
seu
trabalho
e,
por
meio
deste
instrumento,
concede
permissão
ao
usuário
desta
publicação
para
a
reprodução
parcial,
para
seu
uso
pessoal
e
não‐comercial,
sem
qualquer
direito
de
revender,
redistribuir
ou
criar
trabalhos
derivados
deste.
Qualquer
outra
reprodução
ou
uso
deste
trabalho
exige
a
permissão
expressa
e
por
escrito
da
Corporação
Financeira
Internacional.
Para
obter
permissão
para
fazer
fotocópias
ou
reimprimir,
enviar
solicitação
com
informações
completas
a:
International
Finance
Corporation,
c/o
the
World
Bank
Permissions
Desk,
Office
of
the
Publisher,
1818
H
Street
NW,
Washington,
DC
20433
Todas
as
consultas
sobre
direitos
e
licenças,
inclusive
direitos
subsidiários,
devem
ser
endereçadas
a:
International
Finance
Corporation,
c/o
the
Office
of
the
Publisher,
World
Bank
,
1818
H
Street,
NW
,
Washington,
DC
20433,
Fax:
+1
202‐522‐2422
TERI‐Europe
TERI‐Europe
é
uma
organização
sem
fins
lucrativos
especializada
na
interface
entre
o
desenvolvimento
sustentável
nos
mercados
emergentes
e
o
papel
das
empresas
e
do
investimento.
Os
parceiros
e
patrocinadores
da
TERI‐Europe
são
a
IFC,
a
Comissão
Europeia,
o
Escritório
de
Relações
Exteriores
do
Reino
Unido
e
Commonwealth
(FCO),
Departamento
de
Desenvolvimento
Internacional
do
Reino
Unido
(DfID),
Unilever
e
a
Associação
Britânica
de
Companhias
de
Seguros.
A
TERI‐Europe
tem
sede
em
Londres.
www.terieurope.org
Os
autores
Ritu
Kumar
é
Diretora
da
TERI‐Europe
e
conselheira
em
investimento
sustentável
da
Actis,
uma
gestora
de
private
equity
em
mercados
emergentes:
rkumar@act.is
www.act.is
Dan
Siddy
é
membro
associado
da
TERI‐Europe
e
Diretor
da
Delsus
Limited,
uma
empresa
de
consultoria
especializada
em
investimento
sustentável
em
mercados
emergentes:
dsiddy@delsus.com
www.delsus.com
Sobre
a
IFC
A
IFC,
membro
do
Grupo
Banco
Mundial,
cria
oportunidades
para
as
pessoas
saírem
da
pobreza
e
melhorarem
sua
vida.
Promove
o
crescimento
econômico
sustentável
nos
países
em
desenvolvimento
por
meio
do
apoio
ao
desenvolvimento
do
setor
privado,
mobilização
de
capital
privado
e
prestação
de
serviços
de
consultoria
e
redução
de
riscos
para
empresas
e
governos.
Nossos
novos
investimentos
totalizaram
US$
16,2
bilhões
no
exercício
financeiro
de
2008,
um
aumento
de
34%
em
relação
ao
ano
anterior.
Para
obter
informações
mais
detalhadas,
favor
consultar
o
site
www.ifc.org
Equipe
de
investimento
sustentável
da
IFC
Nos
últimos
quatro
anos,
a
equipe
de
Investimento
Sustentável
da
IFC
prestou
apoio
financeiro
e
técnico
a
projetos
destinados
a
direcionar
fluxos
de
capital
sustentável
para
os
mercados
emergentes.
O
objetivo
é
aumentar
o
volume
do
investimento
principal
que
utiliza
análise
de
ESG
como
prática
comum
na
sua
decisão
sobre
investimento.
A
IFC
tem
uma
abordagem
dupla:
Para
estimular
os
fluxos
do
mercado
de
capitais
para
o
investimento
sustentável,
a
IFC
trabalha
para
(a)
promover
casos
de
sucesso
para
o
investimento
sustentável
retirando
lições
do
próprio
portfólio
da
IFC;
(b)
criar
estruturas
para
a
identificação
e
avaliação
de
novas
oportunidades
de
investimento
sustentável;
e
(c)
desenvolver
novos
produtos
financeiros
(por
exemplo,
índices
de
sustentabilidade);
e
Para
apoiar
os
gerentes
de
fundos
que
investem
em
empresas
sustentáveis,
a
IFC
trabalha
(a)
com
fundos
de
capital
empreendedor
no
portfólio
da
IFC
para
ajudá‐los
a
estabelecer
processos
analíticos
de
ESG;
e
(b)
com
atores
do
mercado
de
capitais
para
aprimorar
o
ambiente
propício
para
que
o
mercado
reconheça
e
valorize
a
sustentabilidade
na
avaliação
da
empresa.
A
IFC
está
comprometida
a
dar
continuidade
ao
seu
trabalho
em
parceria
com
os
principais
atores
do
mercado
a
fim
de
melhorar
o
ambiente
propício
e
enfrentar
os
obstáculos
ao
investimento
sustentável
nos
mercados
emergentes.
Para
tanto,
o
trabalho
da
IFC
concentra‐se
em
três
áreas:
políticas
e
padrões,
gestão
do
conhecimento
e
veículos
de
investimento.
A
equipe
de
Investimento
Sustentável
faz
parte
do
Departamento
de
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento
Social
da
IFC
e
beneficia‐se
do
generoso
apoio
financeiro
da
IFC
e
dos
governos
do
Japão,
Holanda,
Noruega,
Canadá,
África
do
Sul
e
Suíça.
Para
obter
informações
adicionais,
visite
o
website
sobre
Investimento
Sustentável
em
www.ifc.org/sustainableinvesting.
Índice
AGRADECIMENTOS..................................................................................................i
GLOSSÁRIO
E
ABREVIAÇÕES ...................................................................................ii
RESUMO
EXECUTIVO .............................................................................................iii
1.
INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
Objetivos................................................................................................................................... 1
Escopo....................................................................................................................................... 1
Um
retrato
em
meio
à
turbulência ........................................................................................... 2
Taxas
de
câmbio
utilizadas ....................................................................................................... 2
Estrutura
do
relatório ............................................................................................................... 2
2.
VISÃO
GERAL
DO
PAÍS........................................................................................3
Resumo ..................................................................................................................................... 3
Economia
do
Brasil.................................................................................................................... 3
O
mercado
acionário................................................................................................................. 3
Principais
setores
da
economia
e
empresas ............................................................................. 4
Principais
questões
socioambientais ........................................................................................ 4
3.
ÍNDICE
DE
SUSTENTABILIDADE
EMPRESARIAL ....................................................5
Histórico.................................................................................................................................... 5
Objetivo .................................................................................................................................... 5
Gestão
e
governança ................................................................................................................ 5
Elegibilidade.............................................................................................................................. 6
Critérios
de
sustentabilidade
e
metodologia ............................................................................ 6
Composição
do
portfólio .......................................................................................................... 7
Utilização
pelos
investidores .................................................................................................. 11
Pesquisa
sobre
um
‘ágio’
ISE................................................................................................... 11
Aceitação
pelas
empresas....................................................................................................... 12
Reação
e
uso
do
ISE............................................................................................................. 12
Não‐inclusão
da
Petrobras .................................................................................................. 12
Taxa
de
resposta
ao
questionário ....................................................................................... 12
Modelo
de
negócios
comercial ............................................................................................... 13
Direcionamento
futuro ........................................................................................................... 13
4.
GESTORES
DE
ATIVOS.......................................................................................15
Visão
geral
do
mercado .......................................................................................................... 15
Situação
do
investimento
sustentável .................................................................................... 18
5.
FUNDOS
DE
VAREJO.........................................................................................19
Visão
geral
do
mercado .......................................................................................................... 19
Situação
do
investimento
sustentável .................................................................................... 19
6.
FUNDOS
DE
PENSÃO ........................................................................................25
Visão
geral
do
mercado .......................................................................................................... 25
Situação
do
investimento
sustentável .................................................................................... 25
7.
INVESTIMENTO
ESTRANGEIRO .........................................................................29
Visão
geral
do
mercado .......................................................................................................... 29
Situação
do
investimento
sustentável .................................................................................... 29
8.
OUTROS
PARTICIPANTES
DO
MERCADO...........................................................33
Banco
Nacional
de
Desenvolvimento
Econômico
e
Social...................................................... 33
Visão
geral........................................................................................................................... 33
Situação
do
investimento
sustentável................................................................................. 33
Indivíduos
com
patrimônio
líquido
elevado ........................................................................... 35
Visão
geral........................................................................................................................... 35
Situação
do
investimento
sustentável................................................................................. 36
9.
AMBIENTE
DE
NEGÓCIOS .................................................................................38
Estrutura
legal
e
regulatória ................................................................................................... 38
Legislação
ambiental
e
fiscalização .................................................................................... 38
Transparência
dos
fundos
de
pensão .................................................................................. 39
Requisitos
para
divulgação
de
dados
não‐financeiros ........................................................ 39
Regras
e
diretrizes
de
listagem............................................................................................ 40
Relatórios
não‐financeiros
voluntários ................................................................................... 40
Relatórios
de
sustentabilidade ............................................................................................ 40
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP) .................................................... 44
Comunicações
de
progresso
do
Pacto
Global...................................................................... 45
Índices,
pesquisa
de
ações
e
rating......................................................................................... 45
Índices
especializados,
junto
ao
ISE..................................................................................... 45
Índice
de
sustentabilidade
Dow
Jones ................................................................................. 45
Pesquisa
independente
de
sustentabilidade
e
produtos
de
rating...................................... 46
Pesquisa
de
ações
do
sell‐side
(corretoras)
sobre
questões
de
sustentabilidade................ 46
Redes
e
associações................................................................................................................ 47
Entidades
setoriais .............................................................................................................. 47
UNEPFI................................................................................................................................. 47
LASFF ................................................................................................................................... 47
UNPRI .................................................................................................................................. 49
Bancos
de
Desenvolvimento................................................................................................... 49
Barreiras
de
idioma................................................................................................................. 49
Consumo
verde....................................................................................................................... 50
10.
UMA
NOVA
ETAPA .........................................................................................51
Tamanho
do
mercado............................................................................................................. 51
Estimativas
consolidadas
de
ativos
SRI ............................................................................... 51
SRIs
brasileiros
em
um
contexto
global............................................................................... 52
Forças
e
Fraquezas.................................................................................................................. 52
Sólido
compromisso ............................................................................................................ 52
Importante
”business
case”................................................................................................. 52
Contribuição
para
o
desenvolvimento
sustentável ............................................................. 52
Riscos
e
desafios
estratégicos ............................................................................................. 53
Questões
no
horizonte ........................................................................................................... 53
O
paradoxo
do
ISE ............................................................................................................... 53
Cobertura
limitada
de
pesquisa .......................................................................................... 55
Estagnação
no
setor
de
gestão
de
ativos ............................................................................ 55
Envolvimento
limitado
de
investidores
de
portfólio
estrangeiros ....................................... 56
Fragmentação
e
sobreposição
das
redes
SRI ...................................................................... 56
Recomendações...................................................................................................................... 56
Atualizar
o
modelo
comercial
de
negócios
do
ISE ............................................................... 56
Utilizar
melhor
os
dados
do
ISE ........................................................................................... 57
Criar
um
mercado
comercial
para
pesquisa
ESG................................................................. 58
Desenvolver
capital
humano ............................................................................................... 58
Implementar
uma
estratégia
internacional ........................................................................ 59
Investir
em
pesquisa
e
desenvolvimento ............................................................................. 60
Promover
a
concorrência
e
a
inovação ............................................................................... 61
Organizar
para
o
sucesso ........................................................................................................ 62
APÊNDICE
A:
PERFIL
DO
PAÍS ...............................................................................66
Perfil........................................................................................................................................ 67
Metas
de
Desenvolvimento
do
Milênio.................................................................................. 70
Economia ................................................................................................................................ 71
Crescimento
do
PIB.............................................................................................................. 71
Valor
agregado.................................................................................................................... 71
Comércio
exterior ................................................................................................................ 71
Fluxo
de
capital
privado.......................................................................................................... 72
Contexto
internacional ........................................................................................................ 72
Brasil.................................................................................................................................... 72
O
mercado
de
ações ............................................................................................................... 74
Tamanho
do
mercado ......................................................................................................... 74
Segmentos
de
governança
corporativa............................................................................... 76
Principais
empresas
e
setores ............................................................................................. 77
Captação
de
Recursos ......................................................................................................... 79
Desempenho........................................................................................................................ 81
Participantes
do
mercado ................................................................................................... 81
Importantes
questões
ambientais
e
sociais............................................................................ 82
Principais
questões .............................................................................................................. 82
Novo
plano
nacional
sobre
mudança
climática................................................................... 83
APÊNDICE
B:
EXEMPLOS
DE
QUESTÕES
AMBIENTAIS,
SOCIAIS
E
DE
GOVERNANÇA
NA
MÍDIA
INTERNACIONAL...................................................................................84
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
i
AGRADECIMENTOS
Nosso
agradecimento
especial
a
Brunno
Maradei
da
IFC
por
sua
paciência
e
pela
gestão
eficaz
deste
estudo
e
a
Bruno
Erbisti
(Votorantim),
Luiz
Maia
(TriPod)
e
Gladis
Ribeiro
(Pereni)
no
Brasil
que
forneceram
sábios
conselhos
e
abriram
muitas
portas.
Actis:
Beatriz
Amary
e
Donald
Peck
AIG
Capital:
Cristiano
Gioia
Amigos
da
Terra
–
Amazônia
Brasileira:
Gustavo
Pimentel
Santander
Asset
Management:
Pedro
Villani
e
Eugenia
dos
Santos
Buosi
BM&F
Bovespa:
Izalco
Sardenberg,
Murilo
Robotton
Filho,
Ivan
Wedekin,
Alvaro
Affonso
Mendonça
e
Rogério
Marques
CES‐FGV:
Mario
Monzoni
e
Patricia
Berardi
CVM:
Sergio
Weguelin
Delsus
Ltd:
Rachel
Mew,
Joe
Roland,
Colin
Hedges
e
Dougal
Benson
DGF
Investimentos:
Sidney
Chameh,
Antônio
José
Duarte,
Humberto
Casagrande
e
Frederico
Greve
Ecoinvest:
Carlos
Martins
EcoSecurities
Brasil:
Mauricio
de
Moura
Costa
Greenvest:
Marco
Galhardo
HSBC:
Paula
Peirão
de
Oliveira
IADB:
Luiz
Ros
IFC:
Euan
Marshall,
Brunno
Maradei,
Cecilia
Bjerborn,
Error!
Reference
source
not
found.,
Maria
Delores
Hermosillo
e
Miguel
Martins
Mercer
Limited:
Error!
Reference
source
not
found.
e
Helga
Birgden
New
Carbon
Finance:
Camilo
Terranova
Pereni
Soluções
Sustentáveis:
Gladis
Ribeiro
PREVI:
Sergio
Rosa,
Luiz
Carlos
Aguiar
e
Rafael
Soares
Ribeiro
de
Castro
Rio
Bravo:
Fabio
Ohara
Ishigami,
Diogo
Caiuby
Novaes,
Marcelo
Romeiro
e
Anton
Castanheira
Santa
Fé
Portfólios:
Paulo
Battistella
Bueno
Stratus:
Oren
Pinsky
e
Carlos
Kokron
Sustain
Capital:
Luzia
Hirata
TriPod
Investment:
Luiz
Maia
e
Elisabeth
Lerner
UNPRI:
James
Gifford,
Narina
Mnatsakanian
e
Marcela
Zonis
Votorantim
Asset
Management:
Bruno
Erbisti
World
Federation
of
Exchanges:
Thomas
Krantz,
Peter
Clifford
and
Sibel
Yilmaz
WRI:
Virginia
Barreiro
e
Ella
Delio
ii
SUSTAINABLE
INVESTMENT
IN
BRAZIL
2009
GLOSSÁRIO
E
ABREVIAÇÕES
ABRAPP
Associação
Brasileira
de
Fundos
de
Pensão
ABVCAP
Associação
Brasileira
de
Private
Equity
e
Venture
Capital
ADR
American
Depositary
Receipt
(Recibo
de
Depósito
Norte‐Americano)
ANBID
Associação
Nacional
de
Bancos
de
Investimento
APIMEC
Associação
dos
Analistas
e
Profissionais
de
Investimento
do
Mercado
de
Capitais
ASRIA
Associação
para
o
Investimento
Sustentável
e
Responsável
na
Ásia
AUM
Assets
under
Management
(Ativos
sob
gestão)
BNDES
Banco
Nacional
de
Desenvolvimento
Econômico
e
Social
CDP
Carbon
Disclosure
Project
(Projeto
de
Divulgação
das
Emissões
de
Carbono)
CES‐FGV
Centro
de
Estudos
em
Sustentabilidade
da
Fundação
Getúlio
Vargas,
São
Paulo
CVM
Comissão
Brasileira
de
Valores
Mobiliários
DJSI
Dow
Jones
Sustainability
Index
(Índice
de
Sustentabilidade
Dow
Jones)
EMDP
Emerging
Markets
Disclosure
Project
(Projeto
de
Divulgação
dos
Mercados
Emergentes)
EMPEA
Emerging
Market
Private
Equity
Association
ESG
Temas
ambientais,
sociais
e
de
governança
IED
Investimento
Estrangeiro
Direto
FBDS
Fundação
Brasileira
para
o
Desenvolvimento
Sustentável
FINEP
Financiadora
de
Estudos
e
Projetos
PIB
Produto
Interno
Bruto
GP
General
Partner
(sócio
administrador
de
fundo
de
capital
privado)
GRI
Global
Reporting
Initiative
HNWI
High
Net
Worth
Individual
(Indivíduo
com
Patrimônio
Líquido
Elevado:
cliente
private
bank)
BID
Banco
Interamericano
de
Desenvolvimento
IBAMA
Instituto
Brasileiro
do
Meio
Ambiente
e
dos
Recursos
Naturais
Renováveis
IBGC
Instituto
Brasileiro
de
Governança
Corporativa
ICGN
International
Corporate
Governance
Network
(Rede
Internacional
de
Governança
Corporativa)
IFC
Corporação
Financeira
Internacional
IGC
Índice
de
Ações
com
Governança
Corporativa
Diferenciada
FMI
Fundo
Monetário
Internacional
INOVAR
Programa
de
desenvolvimento
de
capital
de
risco
operado
pela
FINEP
IPO
Initial
Public
Offering
(Oferta
Pública
Inicial)
ISE
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial
da
Bovespa
LAVCA
Associação
Latino‐Americana
de
Capital
de
Risco
LASFF
Fórum
Latino‐Americano
sobre
Finanças
Sustentáveis
LP
Sócio
investidor
(investidor
em
fundo
de
capital
privado)
MDM
Metas
de
Desenvolvimento
do
Milênio
MIF
Fundo
Multilateral
de
Investimento
(parte
do
BID)
N1
Nível
1
dos
níveis
diferenciados
de
governança
corporativa
da
Bovespa
N2
Nível
2
dos
níveis
diferenciados
de
governança
corporativa
da
Bovespa
NAV
Net
Asset
Value
(Valor
líquido
do
ativo)
NM
Novo
Mercado
(segmento
de
listagem
na
BM&F
Bovespa)
OM
Oportunidades
para
a
Maioria
P/E
Relação
preço/lucro
de
uma
ação
PE
Private
Equity
(Investimento
em
empresa
de
capital
fechado)
PREVI
Fundo
de
pensão
do
Banco
do
Brasil
ROE
Rendimento
sobre
o
patrimônio
líquido
SEC
Comissão
de
Valores
Mobiliários
dos
Estados
Unidos
PME
Pequenas
e
Médias
Empresas
SRI
Investimento
Socialmente
Responsável
(ou
Investimento
Sustentável)
UKSIF
UK
Sustainable
Investment
and
Finance
Association
UNCTAD
Conferência
das
Nações
Unidas
sobre
Comércio
e
Desenvolvimento
UNEPFI
Iniciativa
Financeira
do
Programa
das
Nações
Unidas
para
o
Meio
Ambiente
UNPRI
Princípios
das
Nações
Unidas
para
o
Investimento
Responsável
VC
Venture
Capital
(Capital
de
Risco)
WRI
World
Resources
Institute
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
iii
RESUMO
EXECUTIVO
Este
relatório
foi
preparado
pela
TERI‐Europe
para
a
IFC
com
o
objetivo
de
(a)
fornecer
uma
avaliação
do
cenário
de
investimento
sustentável
no
Brasil
atualmente;
e
(b)
incentivar
a
discussão
sobre
a
evolução
futura
e
as
necessidades
deste
mercado.
“Investimento
sustentável”
refere‐se
ao
investimento
de
portifólio
em
ações
de
empresas
de
capital
aberto
usando
estratégias
que
levem
em
conta
as
questões
ambientais,
sociais
e
de
governança
(ESG)
e
seu
efeito
sobre
a
geração
de
valor
para
o
acionista.
O
Brasil
é
a
décima
maior
economia
do
mundo.
A
bolsa
de
valores
de
São
Paulo
(operada
pela
BM&F
Bovespa)
tem
uma
capitalização
bursátil
de
cerca
de
US$
585
bilhões,
tendo
caído
em
aproximadamente
50%
durante
o
ano
passado,
em
linha
com
a
maioria
dos
mercados
de
todo
o
mundo.
O
mercado
de
ações
é
dominado
pelo
setor
financeiro,
petróleo
e
gás,
mineração
e
aço.
Trinta
e
quatro
por
cento
do
Índice
BOVESPA
estão
concentrados
nas
ações
de
apenas
duas
empresas
–
a
petroleira
Petrobras
e
a
mineradora
Vale.
A
poupança
interna
aumentou
significativamente
nos
últimos
anos:
os
40
principais
gestores
de
ativos
no
Brasil
controlam
cerca
de
US$
500
bilhões
em
fundos
mútuos
e
outros
produtos,
enquanto
os
278
fundos
de
pensão
do
país
têm
ativos
combinados
no
valor
aproximado
de
US$
185
bilhões.
O
investimento
de
portifólio
estrangeiro
também
está
se
tornando
cada
vez
mais
importante
para
a
economia:
o
valor
total
da
carteira
ficou
na
casa
dos
US$
232
bilhões
no
final
de
agosto
de
2008.
Além
disso,
os
Recibos
de
Depósito
Norte‐Americanos
(ADRs)
emitidos
por
empresas
brasileiras
e
comercializados
na
Bolsa
de
Valores
de
Nova
Iorque
têm
um
valor
total
de
US$
110
bilhões.
Especificamente
entre
as
economias
emergentes,
as
questões
de
ESG
vêm
ocupando
lugar
de
destaque
na
comunidade
financeira
e
de
investimentos
brasileira
há
quase
uma
década.
A
Bovespa
lançou
em
2001
seu
segmento
de
listagem
Novo
Mercado
cujo
tema
é
a
governança
corporativa.
No
mesmo
ano
o
Banco
Real,
agora
parte
do
Grupo
Santander
Brasil,
lançou
o
primeiro
fundo
de
ações
SRI
no
Brasil,
o
Fundo
Ethical.
Uma
característica‐chave
do
cenário
de
investimento
sustentável
no
Brasil
é
o
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial
da
BM&F
Bovespa,
o
ISE.
Lançado
em
dezembro
de
2005,
o
ISE
foi
rapidamente
acompanhado
por
um
vertiginoso
aumento
do
número
e
da
dimensão
dos
fundos
de
Investimento
Socialmente
Responsável
(SRI)
de
varejo
do
Brasil
e
tem,
de
modo
geral,
correspondido
ao
padrão
de
referência
de
desempenho
do
IBOVESPA.
Hoje,
dez
gestores
de
ativos
oferecem
fundos
SRI
de
varejo
com
uma
combinação
de
ativos
sob
gestão
no
valor
aproximado
de
US$
315
milhões.
Vários
desses
gestores
de
ativos
reuniram‐se
em
2006
para
criar
o
Fórum
Latino‐
Americano
sobre
Finanças
Sustentáveis
(LASFF)
em
associação
com
a
CES‐FGV,
um
centro
de
excelência
especializado
em
estudos
sobre
sustentabilidade
na
maior
escola
de
administração
de
empresas
do
Brasil.
A
CES‐FGV
é
também
o
provedor
de
dados
para
o
ISE
e
desenvolveu
a
metodologia
ESG
do
índice.
O
capital‐semente
da
IFC
desempenhou
papel
fundamental
na
criação
do
LASFF
e
do
ISE.
Os
fundos
de
pensão
do
Brasil
adotaram
postura
proativa
nas
questões
de
ESG,
devido,
em
grande
parte,
à
liderança
de
seu
membro
mais
importante,
a
PREVI.
Dezoito
fundos
de
pensão
assinaram
os
Princípios
de
Investimento
Responsável
(PRI)
das
Nações
Unidas.
Juntos
eles
representam
ativos
da
ordem
de
US$
110
bilhões,
ou
cerca
de
60%
da
indústria
de
fundos
de
pensão
do
país.
Embora
a
implementação
ainda
esteja
em
um
estágio
bastante
inicial,
a
motivação
é
grande
e
conta
com
o
forte
apoio
da
Secretaria
do
UNPRI
que
ajudou
a
criar
uma
Rede
PRI
Brasil
auxiliada
por
um
coordenador
local
trabalhando
em
regime
de
meio
expediente.
A
Rede
PRI
Brasil
já
tem
hoje
um
programa
de
trabalho
bem
organizado
e
centrado
em
engajamento
de
acionistas,
integração
ESG
e
recrutamento
de
novos
signatários.
O
engajamento
dos
acionistas
nas
questões
ESG
ainda
é
incipiente
e
concentra‐se
atualmente
nas
práticas
trabalhistas
da
cadeia
brasileira
de
carvão,
siderurgia
e
metalurgia.
iv
SUSTAINABLE
INVESTMENT
IN
BRAZIL
2009
Essa
participação
envolve
a
cooperação
com
alguns
signatários
internacionais
do
PRI,
além
de
membros
do
LASFF
e
fundos
de
pensão
do
Brasil.
De
modo
geral,
entretanto,
até
o
momento
os
investidores
de
portifólio
estrangeiros
não
se
engajaram
ativamente
no
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil
e
têm
demonstrado
pouco
interesse
no
uso
do
índice
ISE,
por
exemplo.
Mas
os
dados
quantitativos
sobre
esse
ponto
são
extremamente
limitados;
na
ausência
de
fatos
comprovados,
a
TERI‐Europe
está
utilizando
uma
estimativa
preliminar
de
que
as
estratégias
de
investimento
ESG
são
responsáveis
por
1%
do
investimento
de
portifólio
estrangeiro
e
investimento
em
ADRs
brasileiros,
ou
seja,
aproximadamente
US$
2,2
bilhões.
Outros
atores
também
podem
ser
importantes
para
o
futuro
do
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil.
O
Banco
Nacional
de
Desenvolvimento
Econômico
e
Social
(BNDES),
por
exemplo,
tem
participação
em
mais
de
30
empresas
brasileiras
de
capital
aberto;
esse
portifólio
vale
aproximadamente
US$
16
bilhões.
O
BNDES
segue
políticas
socioambientais
em
suas
operações
de
financiamento
de
projetos,
mas
não
é
claro
se
ou
como
essas
políticas
são
aplicadas
em
suas
aquisições
de
participações.
O
mercado
de
administração
de
patrimônio
também
é
importante:
O
Brasil
tem
143.000
indivíduos
com
patrimônio
líquido
elevado
(HNWIs),
que
constituem
um
mercado
de
aproximadamente
US$
1,4
trilhão.
Cerca
de
16%
dos
HNWIs
da
América
Latina
destinam
alguma
parte
do
seu
portfólio
aos
“investimentos
verdes”,
tais
como
tecnologia
limpa
e
energia
alternativa.
Contudo,
não
se
dispõe
de
informações
mais
detalhadas
no
momento.
O
ambiente
propício
ao
investimento
sustentável
no
Brasil
é
relativamente
forte
quando
comparado
ao
de
grandes
economias
emergentes
como
a
Índia
ou
a
China,
particularmente
em
termos
da
divulgação
voluntária
de
relatórios
não‐financeiros
por
parte
das
empresas.
Cerca
de
60%
das
empresas
do
Índice
Bovespa
publicam
relatórios
sobre
sustentabilidade,
muitos
dos
quais
baseiam‐se
nas
diretrizes
internacionais
emitidas
pelo
GRI.
Estão
melhorando
também
o
número
e
a
qualidade
das
respostas
das
empresas
à
pesquisa
anual
internacional
do
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP).
Apesar
disso,
ainda
é
necessário
mais
progresso
na
transparência
e
divulgação
das
questões
relacionadas
a
ESG,
especialmente
no
que
tange
aos
registros
regulatórios
e
prospectos
de
IPO.
Além
disso,
o
mercado
acionário
brasileiro
não
recebe
muita
cobertura
de
ESG
por
parte
das
empresas
internacionais
de
pesquisa
sobre
sustentabilidade
ou
de
analistas
do
sell
side.
A
falta
de
demanda
comercial
no
próprio
país
também
significa
que
o
Brasil
ainda
não
desenvolveu
internamente
qualquer
infraestrutura
nesse
aspecto,
apesar
dos
esforços
de
capacitação
de
organizações
como
a
Associação
dos
Analistas
e
Profissionais
de
Investimento
do
Mercado
de
Capitais
(APIMEC).
Outras
associações
empresariais
brasileiras
que
estão
adotando
uma
posição
proativa
de
incentivo
ao
investimento
sustentável
incluem
a
Associação
Brasileira
de
Fundos
de
Pensão
(ABRAPP)
e
a
Associação
Nacional
de
Bancos
de
Investimento
(ANBID).
Pensando
no
futuro,
o
investimento
sustentável
no
Brasil
enfrenta
alguns
desafios
importantes.
Muitos
deles
estão
basicamente
relacionados
à
adaptação
ao
sucesso
mediante
uma
nova
fase
de
evolução
do
mercado.
As
questões
principais
incluem:
Atualização
do
modelo
de
negócios
comerciais
do
ISE.
Maior
utilização
dos
dados
que
servem
de
base
para
o
ISE
Criação
de
demanda
para
a
oferta
comercial
de
pesquisa
em
ESG
Desenvolvimento
de
capital
humano
Alcance
e
participação
mais
eficazes
com
investidores
internacionais
Investimento
em
pesquisa
e
desenvolvimento
Promoção
da
retomada
de
concorrência
e
inovação
no
setor
de
gerenciamento
de
ativos
Utilização
do
LASFF
e
da
Rede
PRI
Brasil
para
aumentar
a
eficácia
da
cooperação
nacional
na
comunidade
de
investimento
sustentável.
Este
relatório
oferece
análise
detalhada
e
recomendações
acerca
de
cada
uma
dessas
questões,
que
estão
interligadas
e
são
amplamente
interdependentes.
É,
portanto,
necessária
uma
visão
estratégica
que
combine
os
interesses
de
longo
prazo
de
todas
as
partes
interessadas.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
v
Um
veículo
possível
para
a
“organização
para
o
sucesso”
pode
ser
a
criação
de
um
Fórum
Brasileiro
sobre
Investimento
Sustentável
(BRASIF)
totalmente
equipado
como
evolução
do
LASFF.
Essa
nova
entidade
–
que
complementaria,
em
vez
de
duplicar
ou
competir
com
a
atual
Rede
PRI
Brasil
–
atenderia
às
necessidades
comuns
de
uma
série
de
organizações,
entre
elas
signatários
do
PRI,
não
signatários
do
PRI
e
outras
instituições
importantes
na
cadeia
de
valor,
tais
como
BM&F
Bovespa
e
APIMEC.
Atuaria
também
como
ponto
focal
nacional
para
o
investimento
sustentável
no
Brasil,
inclusive
atraindo
o
investimento
sustentável
externo
para
o
país.
Finalmente,
o
caminho
certo
a
ser
seguido
pelo
Brasil
deve
originar‐se
de
um
processo
de
baixo
para
cima,
impulsionado
pela
demanda,
e
não
por
intermédio
de
uma
fórmula
imposta
de
cima
para
baixo,
vinda
de
fora.
A
análise
e
as
recomendações
constantes
deste
relatório
são
apresentadas
para
consideração
e
discussão
por
todos
aqueles
que
participam
do
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil.
A
recomendação
final
deste
relatório
é,
portanto,
sugerir
que
os
principais
atores
interessados
reúnam‐se
em
algum
tipo
de
mesa
redonda
que
faça
um
balanço
do
progresso
alcançado
nos
últimos
anos
e
permita
o
debate
sobre
a
orientação
estratégica
e
as
necessidades
do
mercado
nos
próximos
cinco
anos,
aproximadamente.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
1
1.
INTRODUÇÃO
Objetivos
As
questões
ambientais,
sociais
e
de
governança
(ESG)
são
uma
preocupação
e
um
importante
diferencial
comercial
na
comunidade
financeira
e
de
investimentos
do
Brasil
há
quase
uma
década.
O
comprometimento,
a
profundidade
e
a
sofisticação
dessa
evolução
de
mercado
são
provavelmente
singulares
entre
as
economias
emergentes
do
mundo
e
nesse
aspecto
o
Brasil
estabeleceu
exemplos
e
foi
pioneiro
em
modelos
de
negócios
que
receberam
a
atenção
e
adaptação
internacionais.
Não
obstante
o
progresso
alcançado,
o
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil
ainda
está
dando
os
seus
primeiros
passos
e
enfrenta
desafios
contínuos,
novos
obstáculos,
mas
também
novas
oportunidades,
especialmente
levando‐se
em
conta
os
problemas
socioambientais
do
país
e
a
dimensão
dos
investimentos
internos
e
estrangeiros
naquela
que
é
hoje
a
décima
maior
economia
do
mundo.
Com
esse
pano
de
fundo,
este
relatório
tem
o
objetivo
de:
• Determinar
o
estado
atual
do
desenvolvimento
do
investimento
sustentável
no
Brasil
por
meio
da
medição
do
mercado
segundo
alguns
indicadores;
e
• Incentivar
o
debate
entre
todos
os
atores
e
grupos
interessados
sobre
a
evolução
e
as
necessidades
futuras
do
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil.
O
relatório
foi
preparado
pela
TERI‐Europe
com
base
em
ampla
pesquisa
secundária,
entrevistas
abrangentes
realizadas
em
São
Paulo
e
Rio
de
Janeiro
em
setembro
de
2008
e
debates
subsequentes
com
várias
organizações
e
indivíduos.
O
estudo
foi
patrocinado
pela
Corporação
Financeira
Internacional
(IFC)
por
intermédio
do
Programa
de
Investimento
Sustentável
de
seu
Laboratório
de
Sustentabilidade
nos
Negócios
(uma
divisão
do
Departamento
de
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento
Social
da
IFC)
como
parte
de
um
projeto
mais
amplo
da
IFC
que
também
abrange
os
mercados
da
Índia,
China
e
África
do
Sul.
Escopo
A
expressão
“investimento
sustentável”
pode
ter
diferentes
significados.
Para
fins
de
clareza,
o
escopo
de
“investimento
sustentável”
abordado
por
este
relatório
é
o
investimento
nacional
e
estrangeiro
nas
empresas
brasileiras
de
capital
aberto
utilizando
estratégias
que
levem
em
conta
as
questões
ambientais
e
sociais
(algumas
vezes
associadas
à
governança).
Isso
inclui
as
abordagens
de
filtro
negativo
e
positivo
(screening),
best‐in‐class,
ativismo
de
acionistas
e
estilos
de
SRI
similares,
junto
com
abordagens
“integradas”,
tais
como
engajamento
e
análise
de
risco
não‐financeiro.
Os
fundos
de
capital
privado
e
de
capital
de
risco
que
investem
no
Brasil
são
um
foco
secundário
deste
estudo.
Especificamente,
o
relatório
cobre
(a)
o
uso
de
políticas
e
procedimentos
de
diligência
socioambiental
por
parte
dos
fundos
de
capital
empreendedor
tradicionais;
(b)
fundos
de
capital
empreendedor
que
sejam
baseados
em
temas
de
sustentabilidade,
tais
como
tecnologia
limpa
e
mudança
climática.
O
relatório
não
aborda
outros
segmentos
do
mercado
de
finanças
e
investimentos
sustentáveis,
tais
como
os
Princípios
do
Equador,
produtos
bancários
ou
microfinanciamento
relacionados
a
ESG.
Como
contexto,
entretanto,
é
essencial
observar
que
(com
a
possível
exceção
do
microfinanciamento)
esses
temas
também
são
uma
característica
forte
do
mercado
de
capitais
brasileiro:
a
maioria
dos
principais
bancos
brasileiros
comprometeu‐se
a
implementar
os
Princípios
do
Equador
para
financiamento
de
projetos
e
muitos
deles
introduziram
com
êxito
inovadores
2
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
produtos
de
empréstimos
sustentáveis
e,
ao
mesmo
tempo,
foram
pioneiros
em
várias
iniciativas
de
investimento
sustentável
incluídas
neste
relatório,
as
vezes
como
parte
de
uma
ampla
estratégia
corporativa
em
sustentabilidade.
Um
retrato
em
meio
à
turbulência
Este
relatório
deve
ser
examinado
no
contexto
das
crises
financeiras
globais
que
ocorreram
ao
longo
de
2008
–
e
continuarão
evoluindo
no
futuro
previsível
–
após
o
surgimento
de
problemas
no
mercado
de
hipotecas
sub‐prime
dos
EUA
em
2007.
Os
autores
esforçaram‐se
ao
máximo
para
apresentar
um
“retrato”
fiel
e
equilibrado
do
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil
nesse
ambiente
turbulento
e
em
rápida
mudança,
além
de
tentar
estruturar
as
conclusões
e
recomendações
que
continuem
relevantes
nos
próximos
6‐12
meses.
Procuramos
utilizar
os
dados
mais
atualizados
quanto
possível,
mas
reconhecemos
que
algumas
informações
e
análises
contidas
neste
relatório
podem
ter
uma
vida
inevitavelmente
curta
nestas
circunstâncias
excepcionais.
Taxas
de
câmbio
utilizadas
Salvo
determinação
em
contrário,
a
taxa
de
câmbio
utilizada
neste
relatório
é
R$
2,315
para
cada
dólar
norte‐americano
(taxa
em
vigor
em
31
de
dezembro
de
2008).
Estrutura
do
relatório
Como
contexto
importante
para
o
restante
do
relatório,
o
Capítulo
2
começa
por
uma
breve
visão
geral
do
perfil
de
desenvolvimento,
economia
e
mercado
de
ações
(BM&F
Bovespa)
do
Brasil,
juntamente
com
um
resumo
dos
principais
setores
da
economia
e
empresas
negociadas
no
mercado
de
ações,
além
de
uma
breve
discussão
sobre
os
determinantes
de
valor
ESG
no
Brasil.
Informações
mais
detalhadas
sobre
essas
questões
podem
ser
encontradas
nos
Apêndices
A
e
B.
Um
dos
elementos
mais
importantes
do
cenário
de
investimento
sustentável
no
Brasil
é
o
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial
da
BM&F
Bovespa,
o
ISE.
O
Capítulo
3
apresenta
informações
detalhadas
sobre
a
metodologia
e
os
impactos
do
ISE.
O
Capítulo
4
fornece
uma
introdução
aos
principais
gestores
de
ativos
no
Brasil,
sua
participação
no
mercado
e
os
ativos
sob
gestão,
bem
como
sua
atual
participação
em
investimento
sustentável.
Os
Capítulos
5‐8
analisam
então
a
atividade
de
investimento
sustentável
entre
os
diferentes
tipos
de
participantes
do
mercado,
focando
principalmente
os
fundos
de
ações
e
fundos
de
pensão
brasileiros,
além
dos
investidores
institucionais
estrangeiros.
O
ambiente
de
negócios
para
o
investimento
sustentável
no
Brasil
é
analisado
no
Capítulo
9
e
inclui
políticas
públicas
e
regulamentação,
transparência
corporativa
e
práticas
de
divulgação,
índices
de
ações
e
cobertura
de
pesquisa
de
ações.
O
Capítulo
9
ressalta
ainda
as
associações
empresariais
e
redes
que
desempenham
um
papel
importante
na
criação
de
condições
para
o
investimento
sustentável
no
Brasil,
particularmente
os
Princípios
das
Nações
Unidas
para
o
Investimento
Responsável
(UNPRI)
e
o
Fórum
Latino‐Americano
sobre
Finanças
Sustentáveis
(LASFF).
Finalmente,
o
Capítulo
10
oferece
uma
discussão
prospectiva
acerca
da
situação
atual
do
investimento
sustentável
no
Brasil
e
das
futuras
oportunidades
e
riscos
que
este
mercado
enfrenta.
O
Apêndice
C
apresenta
também
uma
análise
“FOFA”.
O
Capítulo
10
encerra
com
várias
recomendações
que
os
grupos
interessados
no
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil
talvez
desejem
levar
adiante
para
considerações
adicionais.
As
informações
sobre
práticas
de
investimento
sustentável
no
mercado
de
capital
privado
e
capital
de
risco
no
Brasil
(um
foco
secundário
deste
relatório)
são
apresentadas
no
Apêndice
D.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
3
2.
VISÃO
GERAL
DO
PAÍS
Resumo
As
tendências
de
investimento
sustentável
no
Brasil
devem
ser
entendidas
no
contexto
mais
amplo
do
desenvolvimento
econômico
e
sustentável
do
país.
O
Apêndice
A
oferece
informações
detalhadas
sobre
o
perfil
de
desenvolvimento,
economia
e
mercado
de
ações
(BM&F
Bovespa)
do
Brasil,
juntamente
com
dados
sobre
os
principais
setores
da
economia
e
empresas
negociadas
no
mercado
de
ações,
além
de
uma
discussão
sobre
os
determinantes
de
valor
ESG
no
Brasil.
Os
pontos
principais
para
contexto
estão
resumidos
a
seguir.
Economia
do
Brasil
Com
base
nas
estimativas
de
2008
do
FMI
sobre
o
PIB
mundial,
o
Brasil
é
hoje
a
10ª
economia
do
mundo.
Caracterizada
por
grandes
e
bem
desenvolvidos
setores
da
agricultura,
mineração,
manufatura
e
serviços,
a
economia
do
Brasil
supera
a
de
todos
os
outros
países
da
América
do
Sul
e
está
ampliando
sua
presença
nos
mercados
mundiais.
O
Brasil
obteve
grau
de
investimento
no
final
de
abril
de
2008,
quando
a
Standard
&
Poor’s
elevou
a
classificação
da
dívida
soberana
do
Brasil
de
BB+
para
BBB.
O
crescimento
econômico
no
Brasil
passou
de
3,8%
em
2006
para
5,4%
em
2007,
superando
as
expectativas.
Essa
tendência
continuou
durante
os
sete
primeiros
meses
de
2008,
quando
o
PIB
cresceu
6,1%.
Assim
como
quase
todos
os
países,
o
Brasil
foi
em
seguida
afetado
pelos
choques
financeiros
que
dominaram
a
economia
global
a
partir
do
segundo
semestre
de
2008.
O
Brasil
tem
um
próspero
mercado
de
capitais,
reforçado
pela
importante
poupança
interna
e
pelos
ativos
de
fundos
de
pensão.
O
investimento
de
portifólio
estrangeiro
tornou‐se
também
cada
vez
mais
importante
para
a
economia
e
a
parcela
destinada
ao
Brasil
dos
fluxos
líquidos
de
portifólio
para
todos
os
países
em
desenvolvimento
elevou‐se
a
quase
25%
em
2007.
Os
fluxos
líquidos
de
investimento
de
portifólio
estrangeiro
aumentaram
vertiginosamente
nos
últimos
anos
e
em
2007
já
estavam
em
US$
34
bilhões,
quase
igual
ao
volume
do
investimento
estrangeiro
direto
(FDI).
O
valor
total
da
carteira
de
ações
em
posse
estrangeira
alcançou
um
volume
aproximado
de
US$
214
bilhões
no
final
de
2007
e
ficou
em
cerca
de
US$
232
bilhões
em
agosto
de
2008,
a
data
mais
recente
para
a
qual
existem
dados
confiáveis.
O
mercado
acionário
A
bolsa
de
valores
de
São
Paulo,
operada
pela
BM&F
Bovespa,
é
o
13º
maior
mercado
do
mundo
em
capitalização
de
mercado,
após
um
notável
crescimento
ao
longo
das
duas
últimas
décadas.
Assim
como
o
resto
do
mundo,
a
capitalização
de
mercado
no
Brasil
passou
por
uma
queda
acentuada
nos
12
últimos
meses
em
consequência
da
crise
econômica
global
e
da
queda
mundial
dos
preços
das
ações.
No
final
de
novembro
de
2008,
o
valor
de
mercado
das
empresas
com
registro
na
BM&F
Bovespa
alcançou
R$
1.355
bilhões
(US$
585
bilhões).
O
índice
de
referência
do
Brasil
é
o
IBOVESPA.
Uma
característica
vital
da
bolsa
de
valores
de
São
Paulo
é
que
ela
mantém
segmentos
de
listagem
diferentes
para
as
empresas
tomando
por
base
níveis
diferenciados
de
governança
corporativa.
Além
do
tradicional
Segmento
Bovespa,
eles
incluem
o
Novo
Mercado
(NM)
e
duas
outras
categorias
diferenciadas
de
governança
corporativa,
o
Nível
1
e
o
Nível
2.
As
empresas
do
Novo
Mercado
representam
cerca
de
33%
da
capitalização
de
mercado
total.
4
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
O
Brasil
vem
experimentando
uma
explosão
de
IPOs
e
de
ofertas
públicas
secundárias
nos
últimos
anos.
Novas
negociações
no
valor
aproximado
de
US$
35
bilhões
foram
realizadas
no
período
de
junho
de
2007
–
junho
de
2008.
A
maioria
dos
recentes
IPOs
foi
realizada
no
Novo
Mercado.
Figura
1:
Desdobramento
setorial
do
Índice
BOVESPA
FB1#'() !"#$%&'()*%+,+-"%#'()
9G/) ../)
@#,+(D'#1"()
E/)
@"3"-'AB+%-,&C"()
:/)
<'+-"((%'+5#%,()=")
"+"#4%,)"3>1#%-,) 0"1#23"')")45()
?/) .6/)
;&')
99/)
7%+"#,&8')
9:/)
Principais
setores
da
economia
e
empresas
No
final
de
novembro
de
2008,
393
empresas
estavam
registradas
na
bolsa
de
valores.
A
Figura
1
apresenta
o
desdobramento
por
setores
do
Índice
BOVESPA,
que
é
dominado
pelos
setores
financeiro,
de
petróleo
e
gás,
mineração
e
aço.
O
mercado
de
ações
brasileiro
é
altamente
concentrado:
as
dez
empresas
principais,
com
o
valor
de
mercado
mais
elevado,
representam
aproximadamente
50%
do
total
de
capitalização
de
mercado.
É
particularmente
importante
compreender
que
cerca
de
25%
do
valor
total
de
todo
o
mercado
está
concentrado
em
apenas
duas
empresas,
Petrobras
(petróleo
e
gás)
e
Vale
do
Rio
Doce
(mineração);
essas
duas
empresas
representam
também
34%
do
portifólio
nacional
do
Índice
Bovespa.
A
estrutura
de
capital
dessas
duas
empresas
inclui
ações
preferenciais
e
ordinárias
e,
por
isso,
nenhuma
das
duas
está
registrada
no
Novo
Mercado.
Principais
questões
socioambientais
As
empresas
e
seus
investidores
no
Brasil
enfrentam
uma
ampla
e
geralmente
complexa
série
de
questões
socioambientais
que
oferecem
riscos
e
oportunidades
potencialmente
significativos
tanto
para
o
acionista
quanto
para
a
reputação
da
empresa.
No
momento,
não
há
uma
fonte
que
sintetize
essa
informação
em
uma
análise
abrangente
e
amigável
ao
investidor,
ilustrando
os
principais
determinantes
de
sustentabilidade
nos
setores
que
compõem
o
mercado
acionário
do
Brasil.
O
escopo
deste
relatório
não
contempla
uma
avaliação
minuciosa,
mas
as
questões
principais
são
discutidas
mais
adiante
no
Apêndice
A
e
são
ilustradas
pelos
exemplos
de
recente
cobertura
da
mídia
fornecidos
no
Apêndice
B.
Um
importante
avanço
recente
é
o
Plano
Nacional
de
Mudança
Climática
do
governo
brasileiro,
publicado
em
dezembro
de
2008.
As
medidas
desse
plano
de
ação
podem
ter
implicações
significativas
(tanto
positivas
quanto
negativas)
para
vários
setores
importantes
da
economia
brasileira,
tais
como
petróleo
e
gás,
biocombustíveis,
mineração,
aço,
energia
e
papel
e
celulose.
Para
obter
informações
adicionais,
consulte
o
Apêndice
A.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
5
3.
ÍNDICE
DE
SUSTENTABILIDADE
EMPRESARIAL
Histórico
O
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial
(ISE)
do
Brasil
foi
criado
em
2005
pela
bolsa
de
valores
de
São
Paulo,
a
Bovespa
(hoje
BM&F
Bovespa),
em
resposta
ao
crescente
interesse
do
país
em
investimento
sustentável
e
finanças
sustentáveis.
O
índice
foi
desenvolvido
com
a
contribuição
técnica
da
CES‐FGV
e
com
financiamento
subsidiado
do
antigo
Sustainable
Financial
Markets
Facility
(Mecanismo
de
Mercados
Financeiros
Sustentáveis)
da
IFC.
O
índice
foi
lançado
em
dezembro
de
2005
em
uma
importante
conferência
internacional
acerca
do
tema
investimento
sustentável
nos
mercados
emergentes,
organizada
pela
CES‐FGV
e
patrocinada
mais
uma
vez
pela
IFC.
Naquela
ocasião,
era
apenas
o
segundo
índice
de
sustentabilidade
nos
mercados
emergentes
existente
no
mundo.
Ainda
é
o
único
índice
desse
tipo
na
América
Latina
e
vem
desempenhando
um
importante
papel
no
incentivo
ao
desenvolvimento
de
outros
índices
de
sustentabilidade
em
mercados
emergentes
como
o
da
Índia,
Oriente
Médio,
África
e
outros.
Objetivo
O
ISE
mede
o
retorno
total
sobre
um
portifólio
hipotético
composto
por
ações
emitidas
por
empresas
altamente
comprometidas
com
a
sustentabilidade
empresarial
e
a
responsabilidade
social.
O
número
máximo
de
empresas
que
podem
ser
admitidas
no
ISE
é
de
40.
Suas
ações
são
selecionadas
entre
os
títulos
mais
negociados
na
BM&F
Bovespa
em
termos
de
liquidez,
ponderados
de
acordo
com
o
valor
de
mercado
das
ações
em
circulação.
O
índice
oferece
aos
investidores
um
importante
padrão
de
referência
e
tem
também
o
objetivo
de
promover
boas
práticas
na
comunidade
empresarial
brasileira.
O
ISE
é
reajustado
anualmente
no
mês
de
dezembro.
Gestão
e
governança
O
ISE
é
operado
pela
BM&F
Bovespa,
que
é
responsável
pelo
cálculo
do
índice
e
pela
gestão
técnica.
A
BM&F
Bovespa
contratou
a
CES‐FGV
para
empreender
a
coleta
e
análise
dos
dados
necessários
sobre
sustentabilidade
empresarial.
O
ISE
é
presidido
por
Conselho
Deliberativo
Independente
composto
por
representantes
das
seguintes
organizações:
Associação
Brasileira
de
Fundos
de
Pensão
(ABRAPP)
Associação
Nacional
de
Bancos
de
Investimento
(ANBID)
Associação
dos
Analistas
e
Profissionais
de
Investimento
do
Mercado
de
Capitais
(APIMEC)
BM&F
BOVESPA
Instituto
Brasileiro
de
Governança
Corporativa
(IBGC)
IFC
Instituto
Ethos
de
Responsabilidade
Social
Ministério
do
Meio
Ambiente
do
Brasil
Programa
das
Nações
Unidas
para
o
Meio
Ambiente
(UNEPFI)
O
Instituto
Ethos
foi
suspenso
temporariamente
do
Conselho
pelo
vazamento
de
informações
para
a
mídia
sobre
a
exclusão
da
Petrobras
antes
do
anúncio
oficial
do
portifólio
2008/2009.
6
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Elegibilidade
As
ações
admitidas
no
ISE
devem:
estar
entre
as
150
ações
mais
bem
classificadas
no
índice
de
negociabilidade,
medidos
nos
doze
meses
que
precedem
o
início
do
processo
de
reavaliação;
ter
pelo
menos
50%
de
presença
nos
pregões,
medida
nos
doze
meses
que
precedem
o
início
do
processo
de
reavaliação;
e
atender
aos
critérios
de
sustentabilidade
aprovados
pelo
Conselho
do
ISE.
Critérios
de
sustentabilidade
e
metodologia
Os
critérios
de
sustentabilidade
e
a
metodologia
do
ISE
foram
desenvolvidos
pela
CES‐FGV
e
aprovados
pelo
Conselho
do
ISE.
Os
dados
para
o
ISE
são
coletados
por
meio
de
um
questionário
detalhado
(cerca
de
140
perguntas)
enviado
pela
CES‐FGV
todos
os
anos
para
até
150
das
maiores
e
mais
negociadas
empresas
de
capital
aberto
do
Brasil.
A
CES‐FGV
elaborou
um
conjunto
de
critérios
baseado
no
conceito
de
tripé
de
sustentabilidade
(triple
bottom
line),
ou
seja,
a
análise
integrada
dos
aspectos,
ambientais,
sociais
e
econômicos.
Além
disso,
a
metodologia
leva
em
conta
questões
gerais
como,
por
exemplo,
o
comprometimento
da
empresa
com
o
Pacto
Global
das
Nações
Unidas,
a
natureza
do
produto
ou
da
atividade
comercial
da
empresa
(como
o
risco
para
a
saúde
do
consumidor)
e
os
critérios
de
governança
corporativa.
Os
critérios
ambientais,
sociais
e
econômicos
estão
divididos
em
quatro
grupos:
políticas
(indicadores
do
comprometimento);
gestão
(indicadores
de
programa,
meta
e
monitoramento);
desempenho;
e
conformidade
com
a
legislação.
Critérios
ambientais
ligeiramente
diferentes
são
aplicados
a
empresas
do
setor
financeiro.
As
empresas
do
setor
produtivo
têm
peso
diferente
quanto
aos
critérios
ambientais,
dependendo
de
sua
classificação
como
de
“alto
impacto”
ou
“médio
impacto”.
A
CES‐FGV
realiza
análise
de
clusters
do
conjunto
de
dados
para
identificar
grupos
de
empresas
com
desempenho
semelhante
e
selecionar
um
grupo
com
desempenho
geral
melhor.
Se
forem
aprovadas
pelo
Conselho
do
ISE,
as
empresas
incluídas
nesse
último
grupo
serão
autorizadas
a
fazer
parte
do
portifólio
do
ISE.
Só
poderão
ser
incluídas
no
ISE
40
empresas,
no
máximo.
Esse
processo
é
realizado
anualmente
para
re‐equilibrar
o
portfólio.
Entretanto,
o
Conselho
do
ISE
tem
o
poder
de
excluir
a
qualquer
momento
uma
empresa
do
portfólio
se
“algum
evento
alterar
de
forma
significativa
o
nível
de
sustentabilidade
da
empresa”.
A
metodologia
do
ISE
não
utiliza
uma
lista
de
exclusão
de
“setores
malvistos”,
tais
como
defesa,
fumo,
bebidas
alcoólicas,
energia
nuclear
ou
jogos
de
azar.
No
primeiro
ano
de
operação
do
ISE,
as
empresas
não
precisavam
apresentar
documentos
para
comprovar
suas
políticas
de
sustentabilidade.
No
segundo
ano,
a
verificação
começou
a
ser
feita
somente
após
a
divulgação
do
portfólio.
Somente
as
empresas
que
apresentaram
comprovação
de
suas
práticas
foram
selecionadas
para
o
ISE
na
última
revisão.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
7
Composição
do
portfólio
O
atual
portfólio
do
ISE
entrou
em
vigor
em
1º
de
dezembro
de
2008
e
é
válido
até
30
de
novembro
de
2009
(Tabela
1).
As
empresas
que
foram
incluídas
no
ISE
são
Celesc,
Duratex,
Odontoprev,
TIM,
Telemar
e
Unibanco.
Aracruz,
CCR
Rodovias,
Copel,
Iochpe‐Maxion,
Petrobras
e
WEG
foram
excluídas
do
índice.
A
Figura
2
ilustra
as
novas
ponderações
do
portfólio
do
ISE
e
faz
uma
comparação
com
o
atual
universo
do
IBOVESPA
de
59
ações.
A
Figura
3
ilustra
as
alterações
feitas
no
novo
portfólio
do
ISE
que
–
com
o
ingresso
da
Telemar
e
TIM
–
inclui
agora
pela
primeira
vez
ações
de
empresas
de
telecomunicações.
As
Figuras
4
e
5
apresentam
o
desdobramento
da
indústria
do
ISE
para
os
períodos
2007/2008
e
2008/2009,
respectivamente.
O
ISE
está
agora
muito
concentrado
em
ações
do
setor
bancário,
particularmente
de
dois
bancos
(Bradesco
e
Itaú)
que
juntos
representam
mais
de
40%
do
portfólio
teórico
do
ISE.
Como
observado
na
página
4,
os
dois
“gigantes”
do
setor
empresarial
brasileiro
são
a
empresa
de
petróleo
e
gás
Petrobras
e
a
companhia
de
mineração
Vale.
A
Vale
nunca
fez
parte
do
ISE.
A
decisão
de
excluir
a
Petrobras
do
portfólio
2008/2009
do
ISE
significa
que,
atualmente,
o
índice
de
sustentabilidade
atual
difere
bastante
do
Índice
Bovespa.
Tabela
1:
Portfólio
ISE
para
2008/2009
(fonte:
BM&F
Bovespa)
Capitalização
de
Empresa
Setor
da
Indústria
IBovespa?
mercado
em
Peso
no
ISE
(%)
milhões
de
US$
AES
TIETE
Concessionária
de
energia
elétrica
2,236
0.703
BRADESCO
(N1)
Intermediário
financeiro
27,966
22.302
BRASIL
(NM)
Intermediário
financeiro
15,969
3.934
BRASKEM
(N1)
Petroquímico
1,207
0.504
CELESC
(N2)
Concessionária
de
energia
elétrica
663
0.415
CEMIG
(N1)
Concessionária
de
energia
elétrica
6,123
4.883
CESP
(N1)
Concessionária
de
energia
elétrica
1,908
1.339
COELCE
Concessionária
de
energia
elétrica
708
0.293
CPFL
ENERGIA
(NM)
Concessionária
de
energia
elétrica
6,191
2.047
DASA
(NM)
Produtos
médicos
552
0.640
DURATEX
(N1)
Madeira
773
0.470
ELETROBRAS
(N1)
Concessionária
de
energia
elétrica
12,379
4.847
ELETROPAULO
(N2)
Concessionária
de
energia
elétrica
1,704
1.204
EMBRAER
(NM)
Aeroespacial
2,791
3.215
ENERGIAS
BR
(NM)
Concessionária
de
energia
elétrica
1,536
0.635
GERDAU
(N1)
Aço
8,584
5.278
GERDAU
MET
(N1)
Aço
3,430
3.017
ITAUBANCO
(N1)
Intermediário
financeiro
30,708
20.330
LIGHT
S/A
(NM)
Concessionária
de
energia
elétrica
1,908
0.321
NATURA
(NM)
Cosméticos
3,486
1.035
ODONTOPREV
(NM)
Produtos
médicos
263
0.248
PERDIGAO
S/A
(NM)
Carne,
aves
e
outros
2,634
1.987
SABESP
(NM)
Empresa
de
abastecimento
de
água
2,706
1.614
SADIA
S/A
(N1)
Carne,
aves
e
outros
1,162
0.727
SUZANO
PAPEL
(N1)
Papel
e
celulose
1,627
0.894
TELEMAR
Telecomunicações
5,763
5.403
TIM
PART
S/A
Telecomunicações
3,628
1.227
TRACTABEL
(NM)
Concessionária
de
energia
elétrica
5,181
1.871
UNIBANCO
(N1)
Intermediário
financeiro
15,755
7.808
V
C
P
(N1)
Papel
e
celulose
1,545
0.810
8
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura
2:
Comparação
entre
os
atuais
componentes
do
ISE
e
do
Índice
Bovespa
(Fonte:
BM&F
Bovespa)
PETROBRAS
VALE R DOCE
BMF BOVESPA
ITAUSA
USIMINAS
SID NACIONAL
AMBEV
BRASIL TELEC
NET
BRADESPAR
REDECARD
LOJAS AMERIC
ALL AMER LAT
GOL
VIVO
COPEL
NOSSA CAIXA
P,ACUCAR-CBD
CYRELA REALT
CCR RODOVIAS
LOJAS RENNER
SOUZA CRUZ
TAM S/A
GAFISA
JBS
B2W VAREJO
ULTRAPAR
COSAN
TRAN PAULIST
KLABIN S/A
ROSSI RESID
ARACRUZ ISE
TELESP
COMGAS IBOV
ODONTOPREV
COELCE
LIGHT S/A
CELESC
DURATEX
BRASKEM
ENERGIAS BR
DASA
AES TIETE
SADIA S/A
VCP
SUZANO PAPEL
NATURA
ELETROPAULO
TIM PART S/A
CESP
SABESP
TRACTEBEL
PERDIGAO S/A
CPFL ENERGIA
EMBRAER
BRASIL
ELETROBRAS
CEMIG
TELEMAR
UNIBANCO
GERDAU
ITAUBANCO
BRADESCO
0 5 10 15 20 25 % of index
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
9
Figura
3:
Alterações
no
portfólio
do
ISE
para
2008/2009
em
comparação
com
2007/2008
(Fonte:
dados
do
BM&F
Bovespa)
PETROBRAS
ARACRUZ
WEG
CCR RODOVIAS
COPEL
VCP
AM INOX BR
EMBRAER
SADIA S/A
SUZANO PAPEL
IOCHP-MAXION
BRASKEM
SUZANO PETR
CELESC
LIGHT S/A
DASA
AES TIETE
ENERGIAS BR
ODONTOPREV
COELCE
SABESP
ELETROPAULO
GERDAU MET
DURATEX
NATURA
TRACTEBEL
CEMIG
CPFL ENERGIA
BRASIL
GERDAU
PERDIGAO S/A
CESP
TIM PART S/A
ELETROBRAS
BRADESCO
ITAUBANCO
TELEMAR
UNIBANCO
Produtos de consumo
Concessionárias de
não cíclicos
energia elétrica
3.1%
12.4%
Abastecimento de água
1.3%
Aço
7.7%
Petróleo e gás Máquinas e
25.0% Madeira e papel equipamentos
Other 4.4% 1.2%
15.8%
Petroquímicos
Serviçoes financeiros 0.8%
39.1%
Transportes
5.0%
10
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura 5: Desdobramento das indústrias do portfólio ISE para 2008/2009 (Fonte: BM&F Bovespa)
Telecomunicações
Aço 6.6% Madeira e papel
Concessionárias de 8.3% 2.2%
energia elétrica
18.6%
Abastecimento de água
Transportes 1.6%
Other 3.2%
12.1%
Petroquímicos
Serviçoes financeiros 0.5%
54.4%
Produtos de consumo
não cíclicos
4.6%
Desempenho
Ao
longo
dos
três
anos
que
sucederam
o
lançamento
do
ISE,
seu
desempenho
praticamente
acompanhou
o
do
índice
de
referência
do
Brasil,
o
IBOVESPA
(Figura
6).
Os
dois
índices
obtiveram
ganhos
significativos
em
2007
(em
parte
como
resultado
de
várias
IPOs
de
porte)
mas
apresentaram
queda
vertiginosa
(de
cerca
de
40%)
nos
últimos
6
meses
de
2008
devido
aos
efeitos
mais
amplos
da
instabilidade
econômica
global.
Consequentemente,
o
desempenho
cumulativo
nos
três
anos
desde
o
lançamento
do
ISE
é
relativamente
baixo,
em
torno
de
11%
para
o
período
de
dezembro
de
2005
a
dezembro
de
2008.
Figura
6:
Desempenho
do
ISE
comparado
ao
IBOVESPA,
dez
2005
–
dez
2008
(Fonte:
Bloomberg)
140%
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Dec-05 Mar-06 Jun-06 Sep-06 Dec-06 Mar-07 Jun-07 Sep-07 Dec-07 Mar-08 Jun-08 Sep-08 Dec-08
IBOVESPA ISE
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
11
Utilização
pelos
investidores
O
ISE
foi
bem
recebido
pelos
investidores
brasileiros
interessados
em
questões
de
sustentabilidade
e
provocou
diretamente
um
aumento
significativo
do
número
e
da
dimensão
dos
fundos
ação
com
estratégia
SRI
disponíveis
no
Brasil
(Consultar
Capítulo
5).
Os
gestores
desses
fundos
utilizam
hoje
o
ISE
gratuitamente.
O
ISE
é
atualmente
a
principal
ferramenta
utilizada
pela
PREVI
e
outros
fundos
de
pensão
que
estão
tentando
implementar
o
PRI
nos
seus
portfólios
de
ações.
A
PREVI
indicou
estar
interessada
no
desenvolvimento
de
uma
ferramenta
mais
sofisticada
do
que
o
ISE,
que
só
pode
ser
utilizado
para
fins
de
triagem
e
não
permite
a
comparação
nem
a
classificação
das
empresas
ou
de
setores.
Aparentemente,
o
ISE
não
é
bem
utilizado
ou
bem
conhecido
pelos
investidores
de
portifólio
estrangeiros.
Pesquisa
sobre
um
‘ágio’
ISE
Embora
o
ISE
seja
um
índice
relativamente
jovem,
já
existe
um
pequeno
porém
crescente
corpo
de
pesquisa
acadêmica
sobre
a
possibilidade
de
as
ações
aceitas
pelo
ISE
serem
negociadas
com
ágio
em
resultado
de
seu
desempenho
superior
em
termos
de
sustentabilidade
(ambiental,
social
e
de
governança).
O
Professor
José
Luiz
Rossi
Júnior
utilizou
o
ISE
para
avaliar
se
a
responsabilidade
social
corporativa
1
tem
impacto
sobre
o
valor
das
empresas
brasileiras.
O
Professor
Rossi
analisou
dados
de
2005
a
2007
de
uma
amostra
de
empresas
brasileiras
não‐financeiras
para
avaliar
se
a
responsabilidade
social
corporativa
(medida
mediante
a
inclusão
no
ISE
como
indicador)
afeta
o
valor
da
empresa.
Ele
concluiu
que
as
empresas
que
fazem
parte
do
ISE
têm
valor
de
mercado
superior
em
comparação
a
outras
empresas
de
capital
aberto,
sugerindo
(mas
não
comprovando)
que
a
sustentabilidade
é
o
fator
causador
desse
prêmio.
Bogéa
et
al
realizaram
um
estudo
de
eventos
para
detectar
alterações
incomuns
no
preço
das
ações
2
do
ISE
após
a
divulgação
anual
das
empresas
integrantes
do
índice
em
2005,
2006
e
2007.
Eles
não
encontraram
quaisquer
evidências
estatísticas
de
retornos
positivos
anormais
após
a
divulgação
das
empresas
que
fariam
parte
do
ISE.
Por
outro
lado,
também
não
houve
evidência
de
retornos
negativos
anormais.
A
falta
de
resultados
significativos
dessa
pesquisa
sobre
o
ISE
também
ocorreu
em
um
trabalho
anterior
acerca
de
índices
internacionais,
como
o
FTSE4Good,
e
não
significa
necessariamente
a
ausência
de
uma
relação
entre
boas
práticas
de
sustentabilidade
e
a
criação
de
valor
para
o
acionista.
Para
fins
de
contexto,
é
importante
registrar
diversos
estudos
sobre
questões
equivalentes
relativas
ao
assunto
mais
predominante
e
estabelecido
há
mais
tempo
no
Brasil:
a
governança
corporativa.
Um
estudo
de
2003
encomendado
pela
BOVESPA
constatou
que
as
empresas
que
passaram
para
níveis
mais
elevados
de
governança
corporativa
experimentaram
um
impacto
positivo
sobre
a
3
valorização
de
suas
ações
e
aumento
do
volume
de
negociação
e
da
liquidez.
Um
estudo
de
2005
realizado
por
Bruno
Erbisti
(um
dos
principais
profissionais
de
investimento
em
ESG
do
país)
demonstrou
que
as
empresas
baseadas
no
Brasil
com
as
melhores
classificações
de
governança
corporativa
acumularam
em
2004
relações
Preço/Lucro
20%
superiores
às
das
empresas
com
as
4
piores
classificações
de
governança.
O
estudo
constatou
também
que
as
empresas
com
classificações
melhores
tiveram
retornos
sobre
o
patrimônio
líquido
(ROEs)
45%
superiores
e
margens
líquidas
76%
maiores
do
que
as
empresas
com
práticas
de
governança
corporativa
abaixo
da
média.
1
Rossi
Júnior,
José
Luiz
‐
What
is
the
value
of
corporate
social
responsibility?
An
answer
from
the
Brazilian
Sustainability
Index
(Qual
é
o
valor
da
responsabilidade
social
corporative?
Uma
resposta
do
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial)
IBMEC
Working
Paper
WPE‐95‐2008
(2008)
2
Bogea,
Felipe,
Campos,
Anderson
LS
e
Camino
Blasco,
David
Did
the
creation
of
the
ISE
create
value
to
companies?
(A
criação
do
ISE
gerou
valor
para
as
empresas?)
(Setembro
de
2008)
3
Gledson
de
Carvalho,
Antonio
Efeitos
da
Migração
para
os
Níveis
de
Governança
da
Bovespa
‐
2003
4
Erbisti,
Bruno
Corporate
governance
in
Brazil:
is
there
a
link
between
corporate
governance
and
financial
performance
in
the
Brazilian
Market?
(Governança
corporativa
no
Brasil:
existe
uma
ligação
entre
governança
corporativa
e
desempenho
financeiro
no
mercado
brasileiro?)
ABN
AMRO
Asset
Management
(julho
de
2005)
12
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Santana
et
al
também
comentaram
o
impacto
das
regras
de
governança
sobre
os
preços
das
ações
no
5
Brasil
em
um
trabalho
de
2008
para
o
Fórum
Global
de
Governança
Corporativa
da
IFC.
Eles
observaram
que
o
índice
Bovespa
de
ações
com
governança
corporativa
diferenciada
(ICG)
subiu
237%
entre
junho
de
2001
e
junho
de
2006,
ao
passo
que
o
Índice
Bovespa
aumentou
168%
no
mesmo
período.
As
empresas
do
Novo
Mercado
e
Nível
2
também
obtiveram
múltiplos
mais
elevados
em
seus
IPOs
do
que
a
média
do
mercado.
Aceitação
pelas
empresas
Reação
e
uso
do
ISE
O
ISE
parece
ter
sido
bem
aceito
pelas
empresas
de
capital
aberto
do
Brasil.
A
maioria
das
empresas
que
faz
parte
do
ISE
utiliza
largamente
esse
fato
(além
da
logomarca
do
ISE)
em
seus
websites,
relatórios
anuais,
relatórios
sobre
sustentabilidade,
comunicados
à
imprensa
e
outras
comunicações
externas.
O
ISE
tem
destaque
relativamente
grande
na
Internet.
Inúmeras
referências
ao
ISE
e
à
inclusão
de
empresas
no
índice
também
podem
ser
encontradas
na
Bloomberg
e
na
PR
Newswire,
bem
como
na
mídia
brasileira.
Muitas
empresas
que
fazem
parte
do
ISE
utilizam
o
“valor
da
marca”
de
forma
proativa
em
seus
relatórios
normativos,
bem
como
em
suas
relações
públicas
e
relações
com
os
investidores.
A
Figura
7
oferece
um
exemplo
de
uma
das
várias
demonstrações
da
Petrobras
na
Comissão
de
Valores
Mobiliários
dos
EUA
que
mencionam
o
ISE;
é
possível
encontrar
menções
semelhantes
ao
índice
de
sustentabilidade
do
Brasil
nos
demonstrativos
apresentados
à
SEC
por
muitas
outras
empresas
que
fazem
parte
do
ISE.
Não‐inclusão
da
Petrobras
O
fato
de
a
Petrobras
ter
sido
excluída
do
portfólio
do
ISE
de
2008/2009
é
um
acontecimento
muito
significativo
e
representa
um
importante
marco
na
breve
existência
do
índice
até
o
momento.
A
exclusão
da
Petrobras
do
ISE
está
relacionada
a
questões
controversas
que
dizem
respeito
à
grave
poluição
do
ar
causada
pela
frota
movida
a
diesel
do
Brasil
e
aos
atrasos
no
lançamento
do
combustível
para
motores
a
diesel
com
baixo
teor
de
enxofre
necessário
para
os
veículos
de
baixa
emissão.
A
notícia
chamou
bastante
a
atenção
da
mídia
brasileira,
mas
teve
pouca
cobertura
internacional.
A
Petrobras
não
gostou
das
circunstâncias
que
cercaram
sua
exclusão
do
ISE
e
emitiu
uma
veemente
contestação
alegando
a
existência
de
uma
campanha
difamatória
contra
a
empresa
liderada
pelo
Instituto
Ethos,
membro
do
Conselho
do
ISE
(a
Petrobras
renunciou
também
à
sua
participação
no
Instituto
Ethos).
Ainda
é
muito
cedo
para
dizer
quais
serão
as
consequências
disso
no
longo
prazo
em
termos
de
apoio
ao
índice
por
parte
de
outras
empresas
brasileiras
e
importantes
grupos
interessados.
Taxa
de
resposta
ao
questionário
A
taxa
de
resposta
ao
questionário
anual
enviado
pela
FGV‐CES
vem
caindo
a
cada
ano
desde
o
lançamento
do
ISE
(Tabela
2).
Isso
representa
um
forte
contraste
ao
crescimento
contínuo
da
apresentação
de
relatórios
sobre
sustentabilidade
empresarial
por
parte
das
empresas
brasileiras,
o
que
sugere
o
mesmo
tipo
de
“fadiga
do
questionário”
ocorrida
em
um
estágio
semelhante
de
maturidade
dos
mercados
de
SRI
dos
Estados
Unidos
e
Europa.
É
importante
ressaltar
ainda
que
o
Grupo
de
Trabalho
de
integração
da
Rede
PRI
Brasil
está
examinando
os
indicadores
ambientais,
sociais
e
de
governança
mais
relevantes
para
os
investidores
no
Brasil
(página
48).
5
Santana,
Maria
Helena,
Ararat,
Melsa,
Aleandru,
Petra,
Yurtoglu,
B.
Burcin
Novo
Mercado
and
its
followers:
case
studies
in
corporate
governance
reform
(Novo
Mercado
e
seus
seguidores:
estudos
de
caso
sobre
reforma
da
governança
corporativa)
Fórum
Global
de
Governança
Corporativa
(fevereiro
2008)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
13
Essa
iniciativa
incluirá
uma
comparação
entre
os
indicadores
utilizados
com
mais
frequência
no
Brasil
e
aqueles
oferecidos
nas
diretrizes
do
GRI.
Com
base
nessa
seleção,
os
fundos
de
pensão
signatários
do
PRI
poderão
então
desenvolver
um
questionário
conjunto
que
enviarão
às
empresas
brasileiras.
A
relação
entre
essa
iniciativa
e
o
ISE
não
está
clara
atualmente.
Tabela
2:
Queda
da
taxa
de
resposta
das
empresas
ao
questionário
do
ISE
Nº
de
empresas
convidadas
a
responder
o
121
120
137
137
questionário
Fonte: CES‐FGV, BM&F Bovespa
Modelo
de
negócios
comercial
Todos
os
índices
da
BM&F
Bovespa,
inclusive
o
ISE,
são
disponibilizados
gratuitamente
para
os
investidores.
As
empresas
que
desejam
fazer
parte
do
ISE
pagam
uma
taxa
de
avaliação
de
US$
2.000;
as
companhias
que
são
aceitas
pelo
ISE
também
podem
adquirir
uma
licença
para
utilizar
a
marca
do
ISE
por
uma
taxa
de
US$
7.000
por
ano.
Esses
fluxos
de
recursos
são
a
única
fonte
de
renda
para
cobrir
os
custos
de
manutenção
do
ISE,
que
são,
em
grande
parte,
absorvidos
pelo
CES‐FGV.
Direcionamento
futuro
O
Conselho
do
ISE
está
considerando
a
possibilidade
de
alterar
a
metodologia
do
índice
de
modo
a
introduzir
um
sistema
em
dois
níveis.
O
objetivo
deste
conceito
é
incentivar
as
empresas
‘diferenciadas’
a
aprimorarem
seu
desempenho
ESG
(de
maneira
semelhante
aos
níveis
diferenciados
de
governança
corporativa
da
bolsa
de
valores)
e
aumentar
o
valor
do
índice
para
os
investidores.
A
BM&F
BOVESPA
e
a
CES‐FGV
também
estão
interessadas
na
criação
de
uma
versão
regional
Latino‐
Americana
do
ISE
que
incluiria
Chile,
Argentina
e
México
(e
talvez
também
o
Peru
e
a
Colômbia).
14
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura
7:
Exemplo
da
utilização
do
ISE
feita
por
uma
empresa
nas
relações
com
investidores
e
relatórios
normativos
(Fonte:
SEC)
Renovada a participação da Petrobras no
Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA
O novo portfólio do ISE entrará em vigor no dia 1º de dezembro de 2007 e permanecerá válido até 30 de novembro de
2008. Ele reúne 40 ações (ordinárias e preferenciais) emitidas por 32 empresas que atuam em 13 setores. Essas empresas
foram selecionadas por suas políticas, práticas de gestão, desempenho e cumprimento legal de obrigações no que diz
respeito a eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social, natureza do produto e governança corporativa. Em
conjunto, essas 32 empresas têm valor de mercado de R$ 927 bilhões, ou 39,6% da capitalização total da BOVESPA,
cujo valor é hoje de R$ 2,3 trilhões.
O ISE foi criado pela BOVESPA, ABRAPP, ANBID, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio
Ambiente, que compõem seu Conselho Deliberativo, para ser referencial para os investimentos socialmente responsáveis
no Brasil. Posteriormente, o PNUMA passou a fazer parte da composição do Conselho. A FGV-EAESP elaborou a
metodologia utilizada para avaliação das empresas. O questionário contendo 141 perguntas foi enviado às 137
companhias emissoras das 150 ações mais líquidas da BOVESPA e foi respondido por 62 empresas.
O ISE é uma iniciativa pioneira na América Latina que busca criar um ambiente de investimento compatível com as
demandas de desenvolvimento sustentável impostas pela sociedade contemporânea e estimular a responsabilidade ética
das corporações. O ISE está na sua terceira edição após passar por um processo de revisão com participação de diversos
grupos interessados.
A renovação da participação da Petrobras no ISE representa uma grande conquista para a companhia e é resultado do seu
empenho em alcançar seus objetivos estratégicos de crescer com rentabilidade e responsabilidade social e ambiental.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
15
4.
GESTORES
DE
ATIVOS
Visão
geral
do
mercado
O
Brasil
tem
cerca
de
8.300
fundos
de
investimentos
com
mais
de
11
milhões
de
cotistas
e
ativo
líquido
total
de
aproximadamente
US$
700
bilhões,
valores
do
segundo
trimestre
de
2008,
segundo
dados
da
Comissão
de
Valores
Mobiliários
(CVM)
do
Brasil.
O
mercado
cresceu
significativamente
na
última
década
(Figura
8).
No
final
de
2007,
cerca
de
48%
do
ativo
total
dos
fundos
de
investimento
brasileiros
eram
representados
por
ações.
Devido
a
fortes
quedas
do
mercado
de
ações
em
2008,
realocação
e
saídas
líquidas
de
capital,
em
outubro
de
2008
esse
número
havia
caído
para
15%,
sendo
o
saldo
representado
por
investimentos
em
títulos
de
renda
fixa.
A
Tabela
3
apresenta
a
lista
dos
40
principais
gestores
de
ativos
brasileiros
em
termos
de
ativos
globais
sob
gestão
em
outubro
de
2008.
Sua
base
de
clientes
é
diversificada
e
compreende
uma
grande
variedade
de
tipos
de
investidores
(Figura
9).
Os
ativos
de
fundos
de
pensão
representam
cerca
de
22%
dos
ativos
globais,
mas
é
preciso
ressaltar
que
esse
número
pode
estar
muito
distorcido
por
“mandatos
cativos”,
ou
seja,
gestão
dos
ativos
dos
fundos
de
pensão
de
instituições
financeiras
controladoras.
Ao
todo,
esses
40
gestores
de
ativos
têm
participação
acionária
de
aproximadamente
R$
178
bilhões
(US$
77
bilhões);
cerca
de
97%
desse
montante
principal
de
ações
são
gerenciados
por
20
empresas,
notadamente
o
Banco
do
Brasil
(Figura
10).
Figura
8:
Ativos
sob
gestão
(AUM)
dos
fundos
de
investimento
brasileiros
(em
milhões
de
US$)
(Fonte:
CVM)
800 743
704
700 633
600
AUM US$ million
500 434
400 326
300 247
176
200 149 148
118 97
100
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Jul Aug
2008 2008
16
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura 9: Ativos sob gestão de acordo com o tipo de investidor, outubro de 2008 )Fonte: ANBID)
Fundos de pensão de
empresas estatais 10%
Seguradoras 3%
Empresas 11% Varejo de alta renda 9%
Mercado intermediário
2%
Outros 2%
Planos de pensão
abertos 11% Fundos de
Outros 21% Estrangeiros 5%
investimento 1%
Empresas de
Capitalização 1%
Fundos de pensão de
empresas privadas 12%
Varejo 13%
Indivíduos de alto Autoridades públicas
patrimônio (HNWI) 13% 7%
Figura
10:
20
principais
gestores
de
ativos
segundo
os
ativos
sob
gestão
investidos
em
ações,
outubro
de
2008
(Fonte:
ANBID)
US$ million
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
17
Tabela 3: Classificação dos gestores de ativos brasileiros por ativos globais sob gestão
Produtos
Milhões
de
R$
milhões
de
US$
PRI
CDP
2008
SRI
1
BANCO
DO
BRASIL
237.441,90
102.566,70
2
ITAU
156.054,50
67.410,15
3
BRADESCO
146.539,50
63.300,00
4
CAIXA
69.270,20
29.922,33
5
SANTANDER
BRASIL
60.658,90
26.202,55
6
UBS
PACTUAL
59.436,80
25.674,64
7
UNIBANCO
58.792,00
25.396,11
8
HSBC
56.822,70
24.545,44
9
BNY
MELLON
51.643,90
22.308,38
10
BEM
34.445,20
14.879,14
11
BANCO
REAL
32.991,90
14.251,36
12
NOSSA
CAIXA
27.920,90
12.060,86
13
BANCO
SAFRA
21.174,00
9.146,44
14
INTRAG
20.195,80
8.723,89
15
CITIBANK
19.708,30
8.513,30
16
LEGG
MASON
18.208,10
7.865,27
17
BNP
PARIBAS
18.134,20
7.833,35
18
VOTORANTIM
ASSET
18.011,80
7.780,48
19
CREDIT
SUISSE
HEDGING
GRIFFO
17.337,40
7.489,16
20
SUL
AMERICAN
INVESTIMENTOS
11.408,10
4.927,90
21
OPPORTUNITY
9.108,30
3.934,47
22
CONCORDIA
4.059,50
1.753,56
23
ALFA
3.800,70
1.641,77
24
GERACAO
FUTURO
CORRETORA
3.705,40
1.600,60
25
CREDIT
AGRICOLE
BRASIL
3.332,50
1.439,52
26
BANCO
FATOR
3.153,20
1.362,07
27
BBM
1.868,90
807,30
28
DYNAMO
ADMINISTRACAO
DE
RECURSOS
1.043,60
450,80
29
BANESTES
979,20
422,98
30
FIBRA
976,70
421,90
31
BRB
816,20
352,57
32
MERCANTIL
DO
BRASIL
441,60
190,76
33
BANCO
DE
TOKYO
MITSUBISHI
UFJ
BRASIL
361,80
156,29
34
PAM
‐
PARANA
BANCO
ASSET
246,60
106,52
35
MAGLIANO
115,40
49,85
36
PROSPER
94,90
40,99
37
COINVALORES
92,40
39,91
38
TITULO
89,60
38,70
39
BANPARA
65,40
28,25
40
PILLA
14,30
6,18
TOTAL
1.170.562,30
505.642,46
Fonte:
ANBID
(dados
de
outubro
de
2008)
18
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Situação
do
investimento
sustentável
A
Associação
Nacional
de
Bancos
de
Investimento
(ANBID)
está
ativamente
comprometida
com
as
questões
de
investimento
sustentável
em
nome
dos
seus
membros.
Faz
parte
do
Conselho
Deliberativo
do
ISE
e
também
trabalhou
no
Projeto
de
Divulgação
de
Carbono
(CDP)
e
o
UN
PRI.
Conforme
demonstrado
na
Tabela
3,
quatro
das
40
principais
empresas
de
gerenciamento
de
ativos
são
signatárias
do
PRI:
Banco
Real
(hoje
parte
do
Grupo
Santander
Brasil),
BNP
Paribas,
HSBC
e
Unibanco.
Em
conjunto,
essas
empresas
administram
US$
73
bilhões,
ou
cerca
de
14,5%
do
total
dos
ativos
sob
a
gestão
de
todas
as
40
empresas.
Em
termos
de
participação
acionária,
os
quatro
signatários
do
PRI
administram
US$
8,2
bilhões,
o
que
é
quase
11%
do
montante
total
de
US$
77
bilhões.
Com
exceção
do
BNP
Paribas,
cada
uma
dessas
firmas
oferece
atualmente
fundos
de
Investimento
Socialmente
Responsável
(SRI)
de
varejo
(Capítulo
5).
Contudo,
existe
pouca
informação
acerca
do
grau
em
que
esses
quatro
signatários
do
PRI
estão
integrando
os
elementos
ESG
em
seus
produtos
tradicionais
(sem
o
selo
do
SRI)
e
suas
estratégias.
Os
fundos
de
ação
SRI
também
são
oferecidos
pelo
Banco
do
Brasil,
Bradesco,
Caixa,
Itaú,
Legg
Mason
Western
Asset
Management,
Safra
e
Votorantim
(Capítulo
5).
Nenhum
desses
gestores
de
ativos
assinou
o
UNPRI
até
o
momento.
Sete
dessas
40
empresas
principais
foram
signatárias
do
Projeto
de
Divulgação
do
Carbono
Brasil
(CDP)
2008.
Elas
representam
um
conjunto
de
ativos
no
valor
de
US$
326
bilhões,
ou
quase
65%
do
total
de
ativos
sob
a
gestão
de
todas
as
empresas
apresentadas
na
Tabela
3.
Em
termos
de
participação
acionária,
os
signatários
do
CDP
administram
US$
44
bilhões,
ou
57%
do
volume
total
de
ações.
Nenhuma
das
empresas
de
gestão
de
ativos
emprega
analistas
ESG
em
tempo
integral.
Santander,
HSBC,
Itaú,
Unibanco
e
Votorantim
têm,
cada
um,
um
analista
em
tempo
integral
que
dedica
parte
do
tempo
às
questões
de
ESG.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
19
5.
FUNDOS
DE
VAREJO
Visão
geral
do
mercado
Os
clientes
de
varejo
e
os
clientes
de
varejo
de
‘renda
elevada’
constituem
cerca
de
13%
e
9%,
respectivamente,
dos
ativos
globais
administrados
pelas
40
empresas
apresentadas
na
Tabela
3.
A
soma
dos
valores
desses
ativos
fica
em
torno
dos
US$
109,7
bilhões;
o
Banco
do
Brasil
e
a
Caixa
lideram
a
lista
de
gestores
de
ativos
de
varejo
enquanto
os
dois
gestores
principais
de
ativos
de
varejo
de
renda
elevada
são
o
Itaú
e
o
Banco
Real
(o
Bradesco
ocupa
a
terceira
posição
em
ambas
as
categorias)
(Tabela
4).
Tabela
4:
Ativos
sob
gestão
dos
investidores
de
varejo
e
varejo
de
renda
elevada
INVESTIDORES
DE
VAREJO
INVESTIDORES
DE
VAREJO
DE
RENDA
ELEVADA
Milhões
de
milhões
de
Milhões
de
milhões
de
10
gestores
principais
10
gestores
principais
R$
US$
R$
US$
1
BANCO
DO
BRASIL
45.928
19.840
1
ITAU
26.888
11.614
2
CAIXA
38.489
16.626
2
BANCO
REAL
12.431
5.370
3
BRADESCO
24.661
10.653
3
BRADESCO
9.737
4.206
4
ITAU
11.335
4.896
4
SANTANDER
BRASIL
8.749
3.779
5
SANTANDER
BRASIL
10.522
4.545
5
BANCO
DO
BRASIL
7.735
3.341
6
LEGG
MASON
8.249
3.564
6
HSBC
7.658
3.308
7
HSBC
5.473
2.364
7
UNIBANCO
5.833
2.520
8
UNIBANCO
5.129
2.216
8
CAIXA
4.284
1.851
9
BANCO
REAL
2.517
1.087
9
BANCO
SAFRA
3.440
1.486
10
NOSSA
CAIXA
2.437
1.053
10
BEM
2.276
983
Total
(40
gestores)
154.781,5
66.860
Total
(40
gestores)
99.229
42.863
Fonte:
ANBID
(dados
de
outubro
de
2008)
Situação
do
investimento
sustentável
Sem
contar
os
fundos
de
investimento
em
cotas
de
fundos
de
investimento
(FICFI),
existem
atualmente
10
fundos
SRI
disponíveis
para
investidores
de
varejo
no
Brasil,
com
ativos
combinados
perfazendo
um
total
aproximado
de
R$
730
milhões
(US$
315
milhões)
(Tabela
5).
Os
fundos
de
SRI
de
varejo,
portanto,
representam
menos
de
0,3%
do
mercado
total
de
investimentos
de
varejo/varejo
de
renda
elevada
de
US$
109,7
bilhões.
Para
fins
de
comparação,
existem
no
Reino
Unido
cerca
de
80
produtos
de
SRI
para
investidores
de
varejo,
que
respondem
por
quase
4%
(£
30
bilhões,
ou
US$
44
bilhões)
do
mercado
de
fundos
de
investimento
de
varejo
do
Reino
Unido
no
valor
de
£
770
bilhões
(US$
1,12
trilhão).
Nos
Estados
Unidos,
existem
cerca
de
180
fundos
de
SRI
de
varejo
que,
juntos,
representam
aproximadamente
1,8%
dos
US$
9,3
trilhões
que
formam
o
mercado
de
fundos
mútuos.
O
crescimento
dos
ativos
dos
fundos
de
SRI
de
varejo
é
apresentado
na
Figura
11.
O
primeiro
fundo
brasileiro
de
SRI
de
varejo
foi
o
Fundo
Ethical
do
Banco
Real,
lançado
em
2001,
hoje
pertencente
ao
Santander
Brasil.
Três
anos
mais
tarde,
um
segundo
gestor,
o
Itaú,
ingressou
neste
nicho
de
mercado.
Outros
produtos
de
investimento
socialmente
responsável
não
haviam
chegado
ao
mercado
até
o
lançamento
do
ISE
em
dezembro
de
2005,
o
que
chamou
a
atenção
dos
investidores
de
varejo
e
motivou
vários
outros
gestores
de
ativos
a
entrar
no
mercado.
20
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
No
momento
de
pico
do
mercado
(dezembro
de
2007),
o
valor
dos
ativos
líquidos
combinados
dos
produtos
de
SRI
disponíveis
no
mercado
era
de
cerca
de
R$
1,6
bilhão,
o
equivalente
a
US$
691
milhões
à
taxa
de
câmbio
atual.
A
drástica
retração
dos
últimos
12
meses
parece
ser
o
resultado
da
queda
do
mercado
de
ações,
ao
invés
dos
resgates.
Apesar
da
entrada
de
vários
atores
novos
no
mercado
desde
o
lançamento
do
ISE,
a
participação
no
nicho
de
mercado
SRI
continua
a
ser
dominada
pelos
pioneiros,
Santander
e
Itaú,
os
quais
controlam,
cada
um,
40%
do
total
dos
ativos
líquidos
de
SRI
(Figura
12).
Tabela
5:
Fundos
mútuos
de
SRI
do
Brasil
Figura
11:
Ativos
sob
gestão
dos
fundos
de
SRI
de
varejo
no
Brasil
(Fonte:
CVM)
1,800
1,600
1,400
LANÇAMENTO DO ISE
(Dec 05)
1,200
1,000
R$ million
800
600
400
200
0
Mar-02
Jun-02
Sep-02
Dec-02
Mar-03
Jun-03
Sep-03
Dec-03
Mar-04
Sep-04
Dec-04
Mar-05
Jun-05
Sep-05
Dec-05
Mar-06
Jun-06
Sep-06
Dec-06
Mar-07
Jun-07
Sep-07
Dec-07
Mar-08
Jun-08
Sep-08
Dec-08
Jun-04
Figura
12:
Participação
de
mercado
no
nicho
do
SRI
por
Valor
Patrimonial
Líquido
(VPL)
(Fonte:
CVM)
100%
90%
80%
70%
VOTORANTIM
CAIXA
60%
LEGG MASON
UNIBANCO
50% SAFRA
HSBC
40% BRADESCO
BANCO DO BRASIL
ITAÚ
30%
BANCO REAL
20%
10%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
22
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura 13: Desempenho cumulativo – 3 anos (Fonte: CVM)
BRADESCO
BANCO DO BRASIL
SAFRA
HSBC
BANCO REAL
ITAÚ
ISE
UNIBANCO
BRADESCO
BANCO REAL
BANCO DO BRASIL
ISE
CAIXA
SAFRA
LEGG MASON
ITAÚ
HSBC
-50% -45% -40% -35% -30% -25% -20% -15% -10% -5% 0%
Todos
os
seis
produtos
com
histórico
de
três
anos
demonstram
ter
superado
em
desempenho
o
ISE
no
mesmo
período
(Figura
13).
O
fundo
SRI
com
melhor
desempenho
durante
três
anos
é
administrado
pelo
Bradesco
e
superou
o
fundo
com
o
segundo
melhor
desempenho
em
750
pontos
base,
além
de
ter
tido
retorno
de
quase
o
dobro
do
fundo
de
pior
desempenho,
gerido
pelo
Itaú.
Todos
os
dez
fundos
registraram
desempenho
significativamente
negativo
nos
últimos
12
meses,
refletindo
a
queda
do
Índice
Bovespa
e
as
condições
do
mercado
brasileiro
como
um
todo,
bem
como
em
âmbito
global
(Figura
14).
O
fundo
SRI
do
Unibanco
mostra
o
desempenho
‘menos
pior’
do
período,
com
queda
de
35%
do
valor
em
comparação
com
uma
queda
de
40%
no
ISE
e
superando
o
desempenho
do
último
da
lista,
o
HSBC,
em
940
pontos
base.
O
Fundo
Ethical
do
Santander
baseia‐se
em
sua
própria
pesquisa
ESG
e
metodologia
sobre
sustentabilidade,
o
que
inclui
um
consultor
independente
de
ética
no
comitê
de
investimentos.
O
fundo
sempre
foi
muito
diferente
do
Índice
Bovespa
e
do
ISE
devido
à
ausência
(por
razões
de
sustentabilidade/ética)
da
Petrobras
em
seu
portfólio.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
23
Todos
os
outros
fundos
SRI
do
mercado
utilizam
o
ISE
para
orientar
a
construção
dos
seus
portfólios.
A
maior
parte
desses
fundos
é
gerida
passivamente
no
que
tange
às
questões
de
ESG:
somente
o
HSBC
tem
uma
estratégia
ativa,
com
pesquisa
interna
sobre
ESG.
O
engajamento
dos
acionistas
em
questões
de
ESG
não
tem
sido,
até
o
momento,
uma
característica
comum
dos
fundos
SRI
no
Brasil.
Entretanto,
diversos
gestores
de
fundos
uniram
forças
em
setembro
de
2008
para
lançar
uma
campanha
de
acionistas
sobre
práticas
trabalhistas
(especificamente
a
escravidão
moderna
em
setores
como
a
produção
de
carvão)
sob
os
auspícios
do
Fórum
Latino‐Americano
sobre
Finanças
Sustentáveis
(LASFF).
Com
relação
às
suas
estratégias
de
ESG
e
diferenciais
de
sustentabilidade,
os
dez
fundos
são
relativamente
semelhantes,
especialmente
agora
que
a
ausência
da
Petrobras
do
portfólio
do
ISE
para
2008/2009
elimina
um
dos
principais
diferenciais
históricos
entre
o
Fundo
Ethical
do
Santander
e
os
outros
nove
produtos.
Os
dez
fundos
representam
a
primeira
geração
de
produtos
SRI
no
Brasil.
Até
o
momento,
não
existe
uma
“segunda
geração”
de
produtos.
Tem
havido
pouca
ou
nenhuma
inovação
de
produtos
(tanto
em
relação
às
estratégias
de
alpha‐seeking
de
ESG
quanto
às
estratégias
de
grande
impacto
no
desenvolvimento
social/ambiental)
desde
que
o
Banco
Real
(hoje
Santander),
o
Itaú
e
o
ISE
forneceram
a
“receita”
para
os
outros
seguirem.
Da
mesma
forma,
o
apetite
do
varejo
pelos
produtos
de
SRI
existentes
parece
ter
começado
a
amainar
na
metade
de
2007,
embora
isso
obviamente
coincida
com
a
queda
da
sedução
do
varejo
pelos
produtos
de
renda
variável
de
modo
geral
após
o
início
da
atual
recessão
econômica
mundial.
A
Figura
15
oferece
uma
percepção
adicional
do
mercado
brasileiro
de
fundos
SRI
e
a
importância
desse
nicho
para
os
gestores
de
ativos
que
competem
por
negócios
no
Brasil.
Como
foi
ressaltado
anteriormente
neste
capítulo,
o
investimento
em
ações
representa
apenas
cerca
de
15%
do
total
dos
ativos
sob
gestão
no
momento.
A
Figura
10
apresentou
informações
sobre
os
20
gestores
de
ativos
que
dominam
este
segmento
do
mercado
em
termos
dos
maiores
portfólios
de
ações.
Para
cada
um
desses
gestores,
a
Figura
15
apresenta
os
ativos
investidos
em
ações
por
meio
de
estratégias
de
SRI
como
percentual
dos
ativos
investidos
em
ações
por
meio
de
todas
as
estratégias.
Embora
10
dos
20
maiores
gestores
de
patrimônio
ofereçam
produtos
SRI,
esses
produtos
constituem
uma
parcela
muito
pequena
(e
comercialmente
insignificante)
do
negócio
de
gestão
de
ativos
na
maior
parte
dessas
empresas.
Mesmo
no
Itaú,
que
detém
uma
participação
de
40%
do
mercado
de
fundos
SRI,
o
SRI
responde
por
menos
de
2%
do
total
de
ativos
representados
por
ações.
A
exceção
é
o
Banco
Real,
que
em
2001
liderou
o
movimento
de
investimento
sustentável
no
Brasil
e
que
hoje
também
detém
40%
de
participação
no
mercado.
A
análise
exibida
na
Figura
15
sugere
que
o
SRI
tenha
uma
importância
comercial
e
estratégica
muito
maior
para
o
Banco
Real
e
que
talvez
seja
uma
parte
mais
integral
do
negócio
de
gestão
de
ativos
do
mesmo.
No
entanto,
sua
absorção
pelo
Santander
levará
este
patamar
ao
nível
dos
outros
gestores.
24
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura 15: Fundos SRI como percentual dos ativos sob gestão (AUM) em ações (Fonte: ANBID, CVM)
0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10%
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
25
6.
FUNDOS
DE
PENSÃO
Visão
geral
do
mercado
Os
ativos
dos
fundos
de
pensão
tiveram
crescimento
significativo
nos
últimos
anos
(Figura
16)
e
hoje
representam
cerca
de
18%
do
PIB.
Em
setembro
de
2008,
o
total
de
ativos
dos
fundos
de
pensão
somavam
RS$
428
bilhões
(US$
185
bilhões)
com
cerca
de
32%
(R$
137
bilhões,
US$
59
bilhões)
investidos
em
ações
e
fundos
de
investimento
em
ações.
A
Tabela
6
apresenta
os
25
maiores
fundos
de
pensão
que,
reunidos,
representam
mais
de
75%
dos
ativos
totais
dos
fundos
de
pensão.
Os
três
maiores
fundos
são:
PREVI,
o
fundo
de
pensão
do
Banco
do
Brasil
no
valor
de
US$
55
bilhões;
PETROS,
o
fundo
de
pensão
da
Petrobras
no
valor
de
US$
17
bilhões;
e
FUNCEF,
o
fundo
de
pensão
da
Caixa
Econômica
Federal,
com
ativos
no
valor
de
US$
14
bilhões.
Muitos
fundos
de
pensão
–
inclusive
PREVI,
PETROS
e
FUNCEF
–
administram
seus
portfólios
de
ações
internamente
e
não
por
intermédio
de
gestores
externos.
A
PREVI,
o
maior
fundo
de
pensão
do
Brasil,
é
amplamente
reconhecida
na
região
como
criadora
de
padrões
de
melhores
práticas
em
uma
série
de
questões
fiduciárias,
de
administração
de
pensões,
gestão
de
investimentos
e
governança
corporativa.
Exerce
influência
considerável
sobre
outros
fundos
de
pensão
brasileiros
e
na
economia
do
país
em
geral.
Figura
16:
Ativos
dos
fundos
de
pensão
brasileiros,
2001‐2008
(Fonte:
ABRAPP)
500
400
R$ million
300
200
100
-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Situação
do
investimento
sustentável
Dezoito
fundos
de
pensão
–
inclusive
9
dos
25
principais
–
são
signatários
dos
Princípios
para
o
Investimento
Responsável
(PRI).
Em
conjunto,
eles
representam
ativos
no
valor
de
US$
110
milhões,
em
números
de
setembro
de
2008,
60%
do
total
de
ativos
dos
fundos
de
pensão.
Como
mencionado
anteriormente,
os
fundos
de
pensão
no
Brasil
alocam,
em
média,
cerca
de
32%
dos
ativos
em
ações
negociadas
em
bolsa.
O
valor
total
dos
investimentos
dos
fundos
de
pensão
em
PRI
no
mercado
de
ações
do
Brasil
pode,
portanto,
ser
estimado
em
cerca
de
US$
35
bilhões.
As
páginas
47‐48
oferecem
informações
adicionais
sobre
a
Rede
PRI
Brasil.
A
PREVI
foi
signatária
fundadora
do
UNPRI
e
seu
presidente,
Sérgio
Rosa,
é
um
dos
11
representantes
eleitos
que
fazem
parte
da
Diretoria
Internacional
do
PRI.
A
PREVI
está
no
centro
dos
esforços
que
estão
em
andamento
visando
a
implementação
do
PRI
na
comunidade
de
fundos
de
pensão
no
Brasil.
A
Figura
17
oferece
uma
visão
geral
da
implementação
do
UNPRI
na
PREVI.
26
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela 6: Os 25 maiores fundos de pensão do Brasil
É
importante
ressaltar
que
a
PREVI
e
a
maior
parte
dos
outros
fundos
de
pensão
utilizam
gestores
internos
para
seus
investimentos
em
ações.
Existe,
portanto,
pouca
ou
nenhuma
transferência
de
conhecimento
técnico
entre
os
fundos
de
pensão
e
os
gestores
de
ativos
como
o
Banco
Real
que
foram
pioneiros
em
SRI
no
Brasil
e
desenvolveram
internamente
sua
capacidade
de
pesquisa.
A
própria
PREVI
não
parece
ter
qualquer
analista
interno
de
ESG
nem
contrata
pesquisa
externa
sobre
ESG.
Embora
haja
forte
comprometimento
da
PREVI
e
de
outros
importantes
signatários
do
PRI
no
Brasil,
a
implementação
por
parte
desses
pioneiros
ainda
está
em
um
estágio
relativamente
incipiente.
Outros
fundos
de
pensão
que
seguiram
o
exemplo
da
PREVI
de
forma
mais
passiva
provavelmente
ainda
estão
no
estágio
de
conscientização
interna.
A
ABRAPP,
Associação
Brasileira
de
Fundos
de
Pensão,
está
participando
ativamente
das
questões
de
investimento
sustentável
em
nome
dos
seus
membros.
Além
de
fazer
parte
do
Conselho
Deliberativo
do
ISE,
ela
atua
como
um
dos
principais
parceiros
brasileiros
do
Projeto
de
Divulgação
do
Carbono
(CDP)
e
trabalha
em
estreita
colaboração
com
o
UNPRI.
28
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura 17: Investimento responsável em foco: PREVI
Após
a
assinatura
do
UNPRI
em
2006,
a
PREVI
está
em
Engajamento
processo
de
desenvolvimento
de
uma
política
de
responsabilidade
socioambiental
que,
juntamente
com
A
PREVI
frequentemente
designará
um
representante
para
sua
política
de
governança
corporativa,
se
aplicará
a
todas
comparecer
às
reuniões
de
conselho
das
empresas
nas
quais
as
atividades
de
investimento.
Os
principais
elementos
da
tenha
participação
significativa.
Essa
prática
é
motivada
por
estratégia
de
investimento
responsável
da
PREVI
são:
questões
relativas
a
desempenho,
estratégia
de
negócios,
retornos
e
dividendos,
valor
de
longo
prazo,
governança
Votação
corporativa
e,
mais
recentemente,
a
gestão
das
questões
de
ESG.
A
PREVI
reunir‐se‐á
com
os
representantes
da
diretoria
A
PREVI
vota
as
resoluções
dos
acionistas
de
acordo
com
para
discutir
quaisquer
preocupações
que
possa
ter
com
a
o
seu
código
de
governança
corporativa.
Considera
o
empresa
e
para
discutir
possíveis
riscos
e
áreas
de
melhoria.
O
código
um
instrumento
crucial
para
a
orientação
dos
papel
do
representante
é
transmitir
à
diretoria
a
opinião
da
relacionamentos
entre
os
agentes
que
operam
nas
PREVI
e,
consequentemente,
buscar
melhorias
no
empresas
nas
quais
tem
interesse.
O
código
determina
os
comportamento
da
empresa.
comportamentos
e
práticas
que
a
PREVI
espera
das
empresas
nas
quais
investe.
A
PREVI
adota
um
processo
para
avaliar
o
desempenho
dos
seus
representantes
nos
conselhos
das
empresas
e
emprega
Transparência,
divulgação
e
responsabilidade
atualmente
28
pessoas
para
desempenhar
essa
atividade
internamente.
Os
empregados
monitoram
e
avaliam
o
A
estrutura
de
governança
corporativa
de
uma
empresa
desempenho
de
177
representantes
em
90
empresas.
Todos
deve
promover
a
divulgação
oportuna
e
precisa
das
os
representantes
da
PREVI
reúnem‐se
uma
vez
por
ano
e
foi
informações
financeiras
e
não‐financeiras
a
fim
de
implementado
um
processo
de
treinamento
para
ajustá‐los
permitir
que
as
partes
interessadas
obtenham
uma
melhor
às
questões
de
ESG.
compreensão
totalmente
integrada
do
desempenho
da
empresa.
A
divulgação
deve
estar
em
conformidade
com
Desinvestimento
as
diretivas
apresentadas
na
Iniciativa
de
Relatórios
Globais
(GRI)
e
padrões
brasileiros
de
responsabilidade
Em
situações
nas
quais
se
preocupa
com
o
impacto
das
social
do
Instituto
Ethos
e
IBASE.
atividades
de
uma
empresa
sobre
a
sociedade,
a
PREVI
poderá
decidir
dissociar‐se
daquela
empresa,
adotando
uma
Além
dos
demonstrativos
financeiros,
a
PREVI
incentiva
as
abordagem
de
filtro
negativo.
empresas
a
apresentarem
anualmente:
Requisitos
para
o
gestor
externo
de
investimentos
Uma
declaração
que
indique
as
práticas
de
governança
corporativa
adotadas.
A
PREVI
está
em
processo
de
seleção
de
cinco
novos
gestores
As
políticas
aplicadas
à
gestão
de
contratos
de
seguro
externos
de
investimento
de
capital
empreendedor.
A
e
o
resultado
de
gestão
de
risco
sistemática,
preocupação
com
as
questões
de
ESG
é
uma
parte
obrigatória
incluindo,
entre
outros,
riscos
ao
patrimônio,
da
solicitação
de
propostas.
A
PREVI
monitorará
seus
gestores
ambientais,
tecnológicos
e
normativos.
externos
de
investimentos
com
base
na
implementação
por
Indicadores
de
desempenho
quanto
à
parte
desses
gestores
de
uma
estratégia
de
investimentos
que
responsabilidade
social
corporativa
seja
responsável.
A
PREVI
pretende
participar
do
processo
de
Política
e
montante
total
da
remuneração
paga
a
decisão
sobre
os
investimentos
fazendo
parte
dos
comitês
de
diretores
e
membros
do
comitê
executivo.
Incluindo
investimento
dos
gestores
de
seus
fundos.
remuneração
variável
e
planos
de
opção
de
ações.
Direitos
dos
acionistas.
Política
de
responsabilidade
socioambiental
A
estrutura
de
governança
corporativa
de
uma
empresa
A
PREVI
está
desenvolvendo
no
momento
uma
política
de
deve
assegurar
os
direitos
e
interesses
de
todos
os
responsabilidade
socioambiental
que
aplicará
em
todas
as
suas
acionistas
e
estar
em
conformidade
com
os
direitos
de
atividades.
O
Fundo
de
Pensão
pretende
implementar
a
clientes,
empregados,
fornecedores,
governo
e
a
política
em
2007.
Essa
política
incluirá
a
preocupação
com
as
comunidade
em
geral.
questões
ambientais
e
sociais
na
tomada
de
decisão
sobre
investimentos,
inclusive
o
comprometimento
e
as
atividades
Ética
corporativa
e
responsabilidade
social
de
governança
corporativa.
O
objetivo
da
PREVI
é
que
as
questões
de
ESG
sejam
totalmente
integradas
ao
seu
processo
A
PREVI
investe
em
empresas
lucrativas
e
socialmente
de
seleção
de
ações.
Além
disso,
o
Fundo
de
Pensão
está
responsáveis
que,
além
de
cumprirem
suas
obrigações
desenvolvendo
metodologias
e
ferramentas
para
medir
o
legais,
promovam
ações
que
beneficiem
as
comunidades
impacto
socioambiental
dos
seus
investimentos.
nas
quais
atuam,
ofereçam
aos
seus
empregados
condições
apropriadas
de
segurança,
saúde
e
Ademais,
a
PREVI
revisará
sua
política
de
investimentos
para
desenvolvimento
e
que
se
preocupem
com
a
preservação
tentar
alinhá‐la
ainda
mais
com
cada
um
dos
Princípios
do
ambiental
e
o
desenvolvimento
socioeconômico.
A
PREVI
UNPRI.
espera
que
as
diretorias
das
empresas
nas
quais
investe
unam‐se
aos
grupos
interessados
para
criar
uma
ética
www.previ.com.br
corporativa
e
padrões
de
comportamento
que
deverão
ser
então
aprovados
e
implementados.
Reproduzido
e
adaptado
do
relatório
de
2007
Investimento
Responsável
em
Foco
do
UNEPFI
&
UKSIF
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
29
7.
INVESTIMENTO
ESTRANGEIRO
Visão
geral
do
mercado
O
investimento
de
portfólio
estrangeiro
no
Brasil
cresceu
aproximadamente
dez
vezes
na
última
década.
No
final
de
agosto
de
2008,
o
valor
total
dos
investimentos
de
portfólio
estrangeiros
no
país
era
de
cerca
de
US$
232
bilhões.
Aproximadamente
dois
terços
desse
montante
(em
torno
de
US$
120
bilhões)
estavam
investidos
em
empresas
de
capital
aberto
(Tabela
7).
Um
número
significativo
de
empresas
brasileiras
emite
Recibos
de
Depósito
Norte‐Americanos
(ADRs)
que
são
negociados
na
bolsa
de
valores
de
Nova
Iorque
ou
em
outros
mercados
norte‐americanos.
Os
25
maiores
ADRs
são
apresentados
na
Tabela
8
e
têm
valor
total
de
US$
110
bilhões:
os
principais
emissores
de
ADRs
são
a
Petrobras,
Vale,
Unibanco,
Bradesco
e
Itaú.
Dez
empresas
dessa
lista
fazem
parte
do
atual
portfólio
do
ISE.
A
Tabela
9
identifica
alguns
dos
principais
investidores
dos
Estados
Unidos
e
de
fora
dos
Estados
Unidos
que
possuem
os
ADRs
de
empresas
brasileiras.
Os
investidores
são
JP
Morgan,
Fidelity,
BlackRock,
Templeton
e
AllianceBernstein
(sendo
este
último
um
dos
três
gestores
do
CaIPERS
em
mercados
emergentes).
Situação
do
investimento
sustentável
Provavelmente
o
mais
importante
acontecimento
dos
últimos
anos
tenha
sido
o
lançamento
em
abril
de
2006
do
fundo
ABN
AMRO
Asset
Management
Brazil
Equity,
incorporado
em
Luxemburgo
para
investimento
em
ações
brasileiras
por
investidores
europeus.
A
estratégia
de
investimentos
incluiu
um
amplo
conjunto
de
padrões
de
sustentabilidade
aplicado
a
empresas
individuais
com
o
objetivo
de
avaliar
suas
características
ESG
e
selecioná‐las
ou
excluí‐las
do
universo
de
investimentos.
Em
maio
de
2008,
os
ativos
do
Brasil
Equity
Fund
já
estavam
próximos
dos
US$
400
milhões.
Porém,
após
a
dissolução
do
Grupo
ABN
AMRO
e
a
aquisição
do
seu
negócio
de
gestão
de
investimentos
pelo
Fortis,
o
Brazil
Equity
Fund
foi
absorvido
pelo
Fortis
L
Fund
Equity
Brazil
em
novembro
de
2008.
O
prospecto
do
fundo
Fortis
sugere
que
os
critérios
de
sustentabilidade
já
não
fazem
parte
da
estratégia
de
investimentos
(embora
seja
importante
mencionar
que
o
Fortis
é
signatário
do
UNPRI).
Não
há
dados
suficientes
para
calcular
que
proporção
dos
ativos
de
portfólio
estrangeiros
no
Brasil
seja
gerenciada
atualmente
sob
mandatos
“sustentáveis”
ou
ESG.
Na
ausência
de
dados
concretos,
talvez
seja
legítimo
fazer
uma
suposição
conservadora
de
que
estratégias
ESG
representem
até
1%
do
montante
de
US$
120
bilhões,
ou
seja,
em
torno
de
US$
1,2
bilhão.
Há
indícios
de
que
a
maioria
dos
investidores
de
portfólio
estrangeiros
estão
focalizando
o
elemento
de
governança,
por
exemplo,
investindo
apenas
em
ações
listadas
no
Novo
Mercado
e/ou
por
meio
do
engajamento
de
acionistas
conforme
demonstra
o
envolvimento
de
F&C
em
um
caso
recente
que
envolveu
os
direitos
dos
proprietários
de
ações
preferenciais
com
relação
a
aquisição
da
Aracruz
pela
VCP.
Contudo,
alguns
investidores
estrangeiros
começaram
recentemente
a
unir
forças
acerca
das
questões
ambientais
e
sociais
no
Brasil
sob
os
auspícios
do
UNPRI.
Um
exemplo
é
o
recente
ativismo
liderado
pelo
Hermes
do
Reino
Unido
nas
práticas
trabalhistas
da
indústria
de
ferro
e
aço
(consultar
Box
na
página
32).
Quanto
aos
ADRs,
alguns
dos
gestores
de
fundos
apresentados
na
Tabela
19
são
signatários
do
UNPRI.
Entretanto,
na
ausência
de
fatos
concretos
acerca
das
verdadeiras
políticas
de
cada
fundo,
uma
suposição
razoável
é
que
as
estratégias
de
ESG
respondem
por
até
1%
do
total
do
portfólio,
ou
cerca
de
US$
1
bilhão.
30
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela 7: Investimento de portfólio estrangeiro no Brasil, 1999 a 2008 (fonte: CVM)
Valor
do
capital
(US$
ISE
ADR
milhões)
PETROBRAS
‐
PETRÓLEO
BRASILEIRO
SA
[PBR]
25.057,08
PETROBRAS
‐
PETRÓLEO
BRASILEIRO
SA
[PBR
A]
21.767,39
CIA
VALE
DO
RIO
DOCE
[RIO
PR]
13.917,62
CIA
VALE
DO
RIO
DOCE
[RIO]
10.938,46
UNIBANCO
‐
UNIÃO
DE
BANCOS
BRASILEIROS
SA
[UBB]
6.985,41
BANCO
BRADESCO
SA
[BBD]
5.154,56
BANCO
ITAÚ
HOLDING
FINANCEIRA
SA
[ITU]
4.473,93
EMPRESA
BRASILEIRA
DE
AERONÁUTICA
SA
[ERJ]
2.846,40
VIVO
PARTICIPAÇÕES
SA
[VIV]
2.362,24
TELE
NORTE
LESTE
PARTICIPAÇÕES
SA
[TNE]
2.248,32
CIA
DE
BEBIDAS
DAS
AMÉRICAS
[ABV]
2.244,69
CIA
SIDERÚRGICA
NACIONAL
SA
[SID]
1.864,28
GERDAU
SA
[GGB]
1.630,17
CIA
ENERGÉTICA
DE
MINAS
GERAIS
[CIG]
1.458,40
ARACRUZ
CELULOSE
SA
[ARA]
1.373,37
TAM
SA
[TAM]
938,73
BRASIL
TELECOM
PARTICIPAÇÕES
SA
[BRP]
874,06
TIM
PARTICIPAÇÕES
SA
[TSU]
737,31
GAFISA
S.A.
[GFA]
736,10
CIA
DE
SANEAMENTO
BÁSICO
DO
ESTADO
DE
SÃO
PAULO
[SBS]
709,92
VOTORANTIM
CELULOSE
E
PAPEL
SA
[VCP]
601,46
CIA
BRASILEIRA
DE
DISTRIBUICAO
GRUPO
PÃO
DE
AÇÚCAR
[CBD]
478,62
SADIA
SA
[SDA]
304,71
NET
SERVICOS
DE
COMUNICAÇÃO
SA
[NETC]
293,55
ULTRAPAR
PARTICIPAÇÕES
SA
[UGP]
255,09
TOTAL
(25
principais)
110.251,87
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
31
Tabela 9: Principais investidores em ADRs brasileiros (fonte: adr.com)
%
de
Data
do
10
PRINCIPAIS
PROPRIETÁRIOS
DE
ADRs
BRASILEIROS
Valor
(US$
m)
PRI
portfólio
registro
Fidelity
Management
&
Research
E.U.A.
6.253,92
1,21
31‐Out‐08
Barclays
Global
Investors,
N.A.
E.U.A.
5.079,43
0,86
31‐Out‐08
Capital
World
Investors
E.U.A.
4.097,64
1,16
30‐Set‐08
BlackRock
Investment
Management
(Reino
Unido)
Ltd.
Reino
Unido
3.544,87
4,31
30‐Set‐08
Baillie
Gifford
&
Co.
Reino
Unido
3.497,31
12,05
30‐Set‐08
AllianceBernstein
L.P.
E.U.A.
3.104,38
1,33
31‐Mar‐08
T.
Rowe
Price
Associates,
Inc.
E.U.A.
2.968,97
1,33
30‐Set‐08
Wellington
Management
Company,
LLP
E.U.A.
2.897,78
1,14
31‐Out‐08
J.P.
Morgan
Investment
Management
Inc.
(Nova
York)
E.U.A.
2.879,29
2,74
31‐Out‐08
Templeton
Asset
Management
(Cingapura)
Ltd.
Cingapura
2.397,09
10,54
30‐Set‐08
TOTAL
36.720,68
10
PRINCIPAIS
ACIONISTAS
AMERICANOS
DE
FUNDOS
MÚTUOS
DE
ADRs
%
de
Data
do
Valor
(US$
m)
PRI
BRASILEIROS
portfólio
registro
BGF
Latin
American
Fund
E.U.A.
2.809,84
45,26
29‐Fev‐08
iShares
MSCI
Emerging
Markets
Index
Fund
E.U.A.
2.338,97
13,86
31‐Out‐08
American
Funds
EuroPacific
Growth
Fund
E.U.A.
1.860,26
2,45
30‐Set‐08
Fidelity
Latin
America
Fund
E.U.A.
1.790,49
48,61
30‐Set‐08
American
Funds
Growth
Fund
of
America
E.U.A.
1.379,52
1,09
30‐Set‐08
CGM
Focus
Fund
E.U.A.
1.224,37
16,89
30‐Set‐08
Fidelity
Low‐Priced
Stock
Fund
E.U.A.
1.133,93
4,39
31‐Jul‐08
American
Funds
New
Perspective
Fund
E.U.A.
1.025,25
2,73
30‐Set‐08
Dodge
&
Cox
International
Stock
Fund
E.U.A.
772,11
2,09
30‐Set‐08
iShares
S&P
Latin
America
40
Index
Fund
E.U.A.
758,07
61,81
31‐Out‐08
TOTAL
15.092,81
10
PRINCIPAIS
ACIONISTAS
NÃO‐AMERICANOS
DE
FUNDOS
MÚTUOS
DE
ADRs
%
de
Data
do
Valor
(US$
m)
PRI
BRASILEIROS
portfólio
registro
BGF
World
Mining
Fund
Reino
Unido
1.381,70
8,52
29‐Fev‐08
JPMorgan
Funds
‐
Emerging
Markets
Equity
Fund
Reino
Unido
1.200,75
18,36
30‐Jun‐08
Templeton
Emerging
Markets
Investment
Trust
Cingapura
1.125,47
26,5
30‐Abr‐08
T.
Rowe
Price
Latin
America
Fund
Reino
Unido
906,40
40,64
30‐Set‐08
Templeton
BRIC
Fund
Cingapura
672,30
25,73
30‐Jun‐08
DWS
Invest
Bric
Plus
Alemanha
627,08
14,81
30‐Jun‐08
Schroder
Intl
Selection
Fd
Bric
Reino
Unido
584,93
23,63
30‐Jun‐08
Templeton
Latin
America
Fund
Cingapura
577,25
23,69
30‐Jun‐08
Harbor
International
Fund
Bermuda
568,88
2,54
30‐Set‐08
Vanguard
International
Growth
Fund
Reino
Unido
509,04
3,17
31‐Ago‐08
TOTAL
8.153.80
32
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
PARTICIPAÇÃO
CONJUNTA
DE
INVESTIDORES
EM
TRABALHO
ESCRAVO
NO
SETOR
BRASILEIRO
DE
FERRO
E
AÇO
No
final
de
2006,
surgiram
alegações
de
práticas
de
trabalho
escravo
no
setor
de
ferro
e
aço
no
Brasil.
As
operações
envolvidas
eram
potencialmente
parte
das
cadeias
de
suprimentos
dos
maiores
fabricantes
e
usuários
de
ferro
e
aço
no
mundo,
empresas
onde,
em
conjunto,
os
signatários
tinham
patrimônios
consideráveis.
As
alegações
eram
que
esses
grandes
usuários
globais
de
aço
estavam
inadvertidamente
apoiando
o
uso
de
trabalho
forçado
em
fábricas
de
carvão
no
Brasil.
O
carvão
é
uma
importante
matéria‐prima
usada
na
fabricação
de
ferro
fundido.
O
Hermes,
signatário
do
PRI,
utilizou
o
Clearinghouse
do
PRI
para
reunir
um
grupo
de
signatários
associados
(incluindo
PREVI
e
outros
fundos
de
pensão
brasileiros)
para
um
engajamento
colaborativo.
O
grupo
de
investidores
identificou
uma
lista
de
empresas
e
enviou
um
ofício
em
conjunto,
definindo
suas
preocupações,
focando
o
impacto
negativo
em
termos
de
reputação,
devido
a
qualquer
tipo
de
associação
com
práticas
trabalhistas
inadequadas.
Telefonemas
e
reuniões
de
acompanhamento
com
as
empresas
também
foram
realizados.
Houve
uma
grande
variedade
de
respostas.
Algumas
empresas
já
haviam
colocado
um
sistema
de
auditoria
para
garantir
que
não
estava
comprando
aço
dessas
operações.
Contudo,
também
havia
empresas
que
não
haviam
considerado
o
impacto
de
tais
alegações
em
seus
negócios
e
ficaram
surpresas
com
o
interesse
dos
acionistas
nessa
área.
Essas
empresas
encarregaram‐se
de
examinar
as
preocupações
dos
investidores
e
o
grupo
teve
outras
conversas
com
essas
empresas
para
garantir
que
haviam
tratado
da
questão.
Fonte:
UNPRI
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
33
8.
OUTROS
PARTICIPANTES
DO
MERCADO
Banco
Nacional
de
Desenvolvimento
Econômico
e
Social
Visão
geral
O
Banco
Nacional
de
Desenvolvimento
Econômico
e
Social
(BNDES)
desempenha
um
papel
importante
no
desenvolvimento
sustentável
do
país,
incluindo
apoio
ao
desenvolvimento
do
setor
privado
por
meio
do
seu
braço
de
participações
(BNDESPAR),
infraestrutura
e
financiamento
de
pequenas
e
médias
empresas,
além
da
gestão
do
recentemente
anunciado
Fundo
Brazil‐Amazônia
de
US$
21
bilhões.
O
BNDESPAR
detém
consideráveis
participações
acionárias
em
muitas
das
principais
empresas
brasileiras
em
setores
estratégicos
como
petróleo
e
gás,
ferrovias,
mineração,
energia
elétrica,
ferro
e
aço,
papel
e
celulose
e
agronegócio.
A
Tabela
10
lista
esses
títulos
e
ações
a
partir
de
30
de
junho
de
2008,
com
base
nos
demonstrativos
financeiros
publicados
pelo
BNDESPAR
para
os
seis
primeiros
meses
do
período
de
2008.
Usando
esses
dados
de
participação
acionária
de
30
de
junho
de
2008
e
a
cotação
média
por
ação
para
a
sessão
de
negociação
de
23
de
janeiro
de
2009
da
Bolsa
de
Valores
de
São
Paulo,
o
valor
de
mercado
da
carteira
BNDESPAR
em
ações
listadas
pode
ser
estimado
em
R$
37,4
bilhões
(US$
16,2
bilhões).
Para
fins
de
comparação,
isso
é
50
vezes
o
valor
líquido
dos
ativos
combinados
dos
fundos
SRI
do
Brasil
e
está
na
mesma
ordem
de
grandeza
do
portfólio
de
ações
da
PREVI,
ilustrando
a
importância
relativa
do
papel
do
banco
de
desenvolvimento
como
um
participante
do
mercado
e
sua
possível
influência
na
alta
cúpula
das
empresas.
Situação
do
investimento
sustentável
O
BNDES
não
adotou
os
Princípios
do
Equador
(como
os
principais
bancos
comerciais
do
país
fizeram),
embora
os
projetos
financiados
pelo
BNDES
estejam
sujeitos
a
políticas
e
procedimentos
ambientais
e
sociais,
incluindo
a
avaliação
de
impacto
ambiental
e
a
verificação
de
conformidade
com
a
legislação
nacional.
O
BNDES
é
um
membro
de
longa
data
da
UNEPFI
e
um
participante
ativo
da
Força‐Tarefa
da
América
Latina
na
UNEPFI.
Não
está
exatamente
claro
como
as
políticas
e
procedimentos
ambientais
e
sociais
do
BNDES
são
aplicados
ao
portfólio
ilustrado
na
Tabela
10.
Por
exemplo,
existem
poucos
dados
ou
nenhuma
informação
prontamente
disponível
sobre
como
o
BNDESPAR
integra
as
considerações
de
ESG
ao
direito
a
voto
e
à
participação
ativa
no
capital.
O
BNDES
não
é
um
membro
do
Conselho
Deliberativo
do
ISE
e,
diferentemente
da
UNEPFI,
não
parece
estar
diretamente
envolvido
nas
principais
iniciativas
de
investimento
sustentável
no
Brasil
como
UNPRI,
CDP
e
LASFF.
Algumas
empresas
listadas
na
Tabela
10
são
componentes
do
ISE.
Juntas,
elas
representam
25%
do
valor
total
estimado
da
carteira
BNDESPAR.
34
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela
10:
Participação
do
BNDESPAR
em
empresas
listadas
Participação
do
Valor
estimado
de
mercado,
baseado
no
preço
médio
BNDESPAR
no
das
ações
para
a
sessão
de
negociação
de
23
de
janeiro
de
2009
2
Empresa
ISE
capital
social
da
empresa
em
30
de
junho
de
2008
R$
milhões
US$
milhões
(%)
1
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
35
Indivíduos
com
patrimônio
líquido
elevado
Visão
geral
Os
Indivíduos
com
Patrimônio
Líquido
Elevado
(HNWIs)
são
definidos
como
aqueles
que
possuem
pelo
menos
US$
1
milhão
em
ativos
financeiros,
excluindo
recebíveis,
bens
de
consumo,
bens
duráveis
e
residências
primárias.
Uma
outra
distinção
é
geralmente
feita
na
ponta
superior
desse
mercado,
onde
os
Indivíduos
com
Patrimônio
Líquido
Extremamente
Elevado
(Ultra‐HNWIs)
são
aqueles
que
possuem
pelo
menos
US$
30
milhões
em
ativos
financeiros.
O
World
Wealth
Report
2008
(Relatório
de
2008
da
Riqueza
Mundial)
da
Cap
Gemini/Merrill
Lynch
destaca
os
seguintes
pontos:
Principais
empresas
de
gestão
de
riqueza
que
operam
no
mercado
10,1
milhões
de
indivíduos
em
todo
o
mundo
brasileiro
detinham
pelo
menos
US$
1
milhão
em
ativos
Amicorp
do
Brasil
financeiros,
um
aumento
de
6,0%
sobre
2006.
Banco
Alfa
de
Investimento
A
riqueza
global
dos
HNWIs
totalizou
US$
40,7
Banco
Banif
Primus
trilhões,
um
ganho
de
9,4%
sobre
2006,
com
uma
Banco
BNP
Paribas
Brasil
riqueza
média
dos
HNWIs
ultrapassando
US$
4
Banco
Bradesco
milhões
pela
primeira
vez.
Banco
Citibank
A
riqueza
dos
Ultra‐HNWIs
foi
a
que
mais
cresceu,
Banco
de
Investimentos
Credit
Suisse
aumentando
8,8%
em
número
de
indivíduos
e
Banco
do
Brasil
14,5%
em
riqueza
acumulada.
Banco
do
Estado
do
Rio
Grande
do
Sul
Os
mercados
emergentes,
principalmente
os
Banco
Fator
Banco
Itaú
Europa
International
mercados
do
Oriente
Médio
e
da
América
Latina,
Banco
Itaú
obtiveram
os
maiores
ganhos
regionais
em
Banco
J
Safra
termos
de
população
de
HNWIs.
Banco
J
P
Morgan
Índia,
China
e
Brasil
tiveram
o
maior
crescimento
Banco
Safra
populacional
de
HNWIs
em
âmbito
nacional
em
Banco
Santander
Banespa
2007.
Banco
UBS
Pactual
A
riqueza
financeira
dos
HNWIs
está
projetada
BBM
Gestao
de
Recursos
para
atingir
US$
59,1
trilhões
até
2012,
Ciano
Investimentos
Gestão
de
Recursos
avançando
a
uma
taxa
anual
de
crescimento
de
Credit
Agricole
Brasil
Deutsche
Bank
‐
Banco
Alemão
7,7%.
Fabiano
Calil
‐
Gestão
Financeira
de
Pessoal
No
entanto,
o
mercado
em
2008
e
um
panorama
para
os
Gavea
Gestão
de
Investimentos
próximos
1
a
2
anos
podem
não
ser
tão
robustos,
GWI
Consultoria
Participações
e
Serviços
conforme
sugeridos
pelas
observações
e
previsões
Hedging‐Griffo
Corretora
de
Valores
acima,
levando‐se
em
consideração
a
crise
financeira
HSBC
Bank
Brasil
–
Banco
Múltiplo
global,
a
incerteza
do
mercado
e
a
mudança
dos
Itaú
Private
Bank
investidores
para
portfólios
de
baixo
risco.
Mauá
Investimentos
Merrill
Lynch
Representações
Opus
Gestão
de
Recursos
Entre
esses
pontos
globais,
encontram‐se
alguns
dados
Rio
Bravo
Investimentos
interessantes
na
América
Latina
e
no
Brasil.
A
população
Safdie
Dristribuidora
de
Títulos
e
Valores
de
HNWIs
no
Brasil
cresceu
a
uma
impressionante
taxa
Votorantim
Asset
Management
de
19,1%
em
2007,
apesar
do
já
expressivo
crescimento
de
10,1%
em
2006.
Existem
agora
cerca
de
143.000
HNWIs
no
Brasil.
Previsões
no
Relatório
de
2008
da
Riqueza
Mundial
foram
feitas
antes
do
início
do
atual
declínio
econômico
e
financeiro
global,
embora
ainda
possa
ser
útil
observar
que
a
previsão
de
HNWIs
para
a
América
Latina
até
o
ano
de
2012
foi
de
US$10,3
trilhões,
comparados
aos
US$
6,2
trilhões
em
2007.
Informações
do
Private
Banking
World
Brasil
2009
sugerem
que
o
mercado
de
HNWIs
no
Brasil
vale
atualmente
cerca
de
US$
1,4
trilhão.
36
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela
11:
Ativos
privados
(gestão
de
riqueza)
sob
gestão
Fonte:
ANBID
(dados
a
partir
de
outubro
de
2008)
Entre
eles,
as
40
empresas
de
gestão
de
ativos
listadas
na
Tabela
3
gerem
ativos
de
R$
152
bilhões
(US$
66
bilhões)
em
nome
de
clientes
(HNWIs)
privados.
As
dez
principais
empresas
(por
volume
de
ativos)
são
mostradas
na
Tabela
11
e
representam
mais
de
80%
desse
montante
de
US$
66
bilhões.
Situação
do
investimento
sustentável
Não
existem
dados
prontamente
disponíveis
para
o
segmento
de
sustentabilidade
do
setor
brasileiro
de
gestão
de
riqueza.
O
levantamento
da
Merrill
Lynch/Cap
Gemini
identificou
que,
em
nível
global,
os
HNWIs
e
os
Ultra‐
HNWIs
possuem
um
grande
e
crescente
interesse
em
“investimento
verde”.
Quase
12%
dos
HNWIs
e
14%
dos
Ultra‐HNWIs
em
todo
o
mundo
alocam
parte
de
seu
portfólio
de
investimentos
em
tecnologias
verdes
e
fontes
alternativas
de
energia
elétrica
(Figura
18).
Regionalmente,
as
populações
de
HNWIs
e
Ultra‐HNWIs
mais
ambientalmente
sintonizadas,
conforme
mensurado
pela
percentagem
de
investidores
afluentes
que
fazem
alocações
em
investimento
verde,
foram
encontradas
no
Oriente
Médio
e
na
Europa,
com
taxas
de
participação
variando
entre
17%
a
21%
em
2007,
todas
ultrapassando
as
médias
globais.
As
taxas
de
participação
dos
latino‐americanos
também
foram
relativamente
altas,
de
15
a
17%
(o
relatório
não
fornece
mais
dados
detalhados
especificamente
no
Brasil).
Por
comparação,
apenas
5%
dos
HNWIs
e
7%
dos
Ultra‐HNWIs
na
América
do
Norte
alocaram
parte
de
seus
portfólios
em
investimento
verde.
Outras
estimativas
podem
ser
indiretamente
extraídas
do
relatório
de
2008
da
Eurosif,
High
Net
Worth
Individuals
and
Sustainable
Investment.
A
Eurosif
estima
que
os
investimentos
sustentáveis
representam
cerca
de
8%
dos
portfólios
dos
HNWIs
europeus
a
partir
de
dezembro
de
2007.
A
riqueza
financeira
global
dos
HNWIs
europeus
em
2007
foi
calculada
em
€
6,7
trilhões
(US$
8,6
trilhões
em
taxas
de
câmbio
atuais),
o
que
significa
um
mercado
sustentável
de
investimentos
dos
HNWIs
da
União
Europeia
de
€
540
bilhões
(US$
690
bilhões).
Em
termos
de
contexto,
o
segmento
de
investimento
sustentável
por
parte
dos
HNWIs
corresponde
a
cerca
de
20
a
30%
do
mercado
institucional
europeu
de
SRI.
A
Eurosif
prevê
que
até
2012,
a
parcela
dos
investimentos
sustentáveis
nos
portfólios
dos
HNWIs
terá
aumentado
para
12%.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
37
Com
base
nas
considerações
acima,
pode
ser
razoável
estimar
que
o
valor
potencial
das
ações
de
investimento
sustentável
(em
uma
variedade
de
classes
de
ativos)
por
parte
dos
HNWIs
brasileiros
seja
de
cerca
de
5%
do
mercado
total
de
HNWIs
do
país;
isto
é,
na
ordem
de
US$
70
bilhões.
Figura
18:
Investimento
dos
HNWIs
em
tecnologias
verdes
e
energia
alternativa
Percentagem de HNWIs que alocam parte do portfólio em tecnologias verdes e em fontes alternativas de
energia elétrica
Percentagem de Ultra-HNWIs que alocam parte do portfólio em tecnologias verdes e em fontes alternativas
de energia elétrica
21%
20% 20%
17% 17%
15%
14% 14%
13%
12%
7%
5%
9.
AMBIENTE
DE
NEGÓCIOS
Estrutura
legal
e
regulatória
Legislação
ambiental
e
fiscalização
O
Brasil
tem
um
padrão
avançado
de
legislação
e
inspeção
ambiental
nos
níveis
federal
e
estadual
(consultar
box).
Contudo,
os
padrões
de
execução
e
fiscalização
variam
entre
os
estados
e
entre
os
órgãos
federais
e
estaduais
por
motivos
que
vão
desde
a
falta
de
recursos
até
a
influência
da
corrupção.
Além
dos
órgãos
de
proteção
ambiental
federais
e
estaduais,
os
promotores
públicos
federais
e
estaduais
podem
propor
ações
judiciais
independentes
para
lidar
com
problemas
ambientais,
e
o
fazem
com
frequência
e
de
modo
eficaz.
LEGISLAÇÂO
AMBIENTAL
NO
BRASIL
Segundo
a
Constituição
Federal,
o
governo
federal
e
os
estados
têm
o
poder
de
legislar
concorrentemente
sobre
(i)
a
proteção
do
ambiente
natural,
que
inclui
florestas,
caça,
pesca,
animais
selvagens,
conservação
da
natureza,
proteção
do
solo
e
dos
recursos
naturais
e
controle
da
poluição;
(ii)
a
proteção
do
ambiente
cultural,
envolvendo
a
proteção
da
herança
histórica,
artística,
turística
e
paisagística;
e
(iii)
responsabilidades
pelos
danos
ao
meio
ambiente.
Essas
instituições
e
órgãos
públicos
responsáveis
por
proteger
e
melhorar
a
qualidade
do
meio
ambiente
formam
o
Sistema
Nacional
do
Meio
Ambiente
(SISNAMA).
Alguns
dos
componentes
mais
importantes
do
SISNAMA
são:
(i)
o
Conselho
Nacional
do
Meio
Ambiente
(CONAMA),
um
órgão
consultivo
e
de
tomada
de
decisões
com
poderes
para
estabelecer
resoluções
e
padrões
ambientais;
(ii)
o
Instituto
Brasileiro
do
Meio
Ambiente
e
dos
Recursos
Naturais
Renováveis
(IBAMA),
cuja
finalidade
é
executar
a
política
governamental
e
as
diretivas
voltadas
para
o
meio
ambiente,
impor
as
penalidades
definidas
pela
lei
a
quem
violar
a
legislação
ambiental
federal
e
licenciar
atividades
que
possam
causar
danos
ambientais
em
um
nível
regional
ou
nacional
ou
em
áreas
sob
domínio
federal;
(iii)
órgãos
ambientais
estaduais;
e
(iv)
órgãos
de
controle
e
inspeção
ambiental
locais.
Embora
não
sejam
parte
do
SISNAMA,
os
Ministérios
Públicos
Federal
e
Estadual
têm
poderes
institucionais
atribuídos
pela
Constituição
Federal
para
instaurar
inquéritos
civis
e
para
impetrar
ações
civis
públicas
referentes
aos
danos
ao
meio
ambiente,
além
de
ações
penais
pelos
crimes
contra
o
meio
ambiente.
Os
promotores
públicos
(Ministério
Público)
ingressam
em
juízo
com
ações
de
cumprimento
da
legislação,
independentemente
dos
órgãos
ambientais,
com
base
nas
investigações
civis
e
criminais
dos
danos
ao
meio
ambiente.
Além
de
fazerem
cumprir
as
leis
ambientais,
os
promotores
públicos
tornaram‐se
personagens
importantes
no
cumprimento
das
leis
em
outras
áreas
de
interesse
público
como
direitos
aos
portadores
de
deficiência,
proteção
ao
consumidor
e
anticorrupção.
Segundo
a
Constituição
Federal,
as
responsabilidades
legais
ambientais
podem
ocorrer
nos
níveis
civil,
administrativo
e
criminal.
A
responsabilidade
civil
para
os
danos
ambientais
é
estrita
(isto
é,
ocorre
independentemente
da
culpa
ou
da
intenção
por
parte
das
pessoas
que
causaram
o
dano)
e
a
lei
também
considera
a
responsabilidade
conjunta
e
solidária.
As
penalidades
para
violações
administrativas
podem
incluir
multas
de
até
R$
50
milhões
(cerca
de
US$
20
milhões).
A
responsabilidade
criminal
estende‐se
a
indivíduos
e
pessoas
jurídicas
com
penalidades
que
incluem
multas,
prisão
e
penas
alternativas.
Os
requisitos
e
procedimentos
para
o
licenciamento
ambiental
incluem
Estudos
de
Impacto
Ambiental
(EIA)
para
os
grandes
empreendimentos,
condições
e
restrições
para
a
instalação
e
operação
de
plantas
e
outras
atividades
industriais.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
39
Transparência
dos
fundos
de
pensão
Internacionalmente,
alguns
países
adotaram
políticas
públicas
para
promover
o
investimento
sustentável
por
meio
de
regulação
na
transparência
dos
fundos
de
pensão.
Por
exemplo,
uma
emenda
de
julho
de
2000
na
Lei
de
Pensões
do
Reino
Unido
agora
exige
que
os
fundos
de
pensão
divulguem
incorporam
ESG
em
suas
decisões
sobre
investimentos.
Muitos
outros
países
da
Europa
e
da
região
Ásia‐Pacífico
têm
seguido
o
exemplo
definido
pelo
Reino
Unido.
O
Brasil
não
tomou
medidas
nesse
sentido.
Contudo,
deve‐se
observar
que
60%
dos
ativos
de
fundos
de
pensão
do
país
já
são
geridos
pelos
signatários
do
UNPRI.
Requisitos
para
divulgação
de
dados
não‐financeiros
Em
nível
internacional,
os
formuladores
de
políticas,
investidores
institucionais
e
outros
importantes
acionistas
em
muitos
países
estão
enfatizando
cada
vez
mais
informações
não‐financeiras
em
relatórios
gerenciais
(incluindo,
onde
relevante,
questões
ambientais
como
a
mudança
climática).
Em
dezembro
de
2008,
por
exemplo,
a
Rede
Internacional
de
Governança
Corporativa
(ICGN)
ratificou
a
ICGN
Statement
and
Guidance
on
Non‐financial
Business
Reporting,
que
incentiva
as
empresas
a
divulgarem
informações
sobre
questões
potencialmente
materiais
como
mudança
climática;
questões
que
afetem
empregados,
clientes,
fornecedores
e
comunidades
locais;
além
da
ética.
Em
alguns
casos,
a
abordagem
tem
incluído
medidas
legislativas,
além
de
impulsos
voluntários.
A
Dinamarca,
por
exemplo,
recentemente
emendou
a
Lei
de
Demonstrativos
Financeiros
para
obrigar
um
número
estimado
de
1.100
das
maiores
empresas
dinamarquesas,
listadas
e
estatais,
a
incluir
informações
em
suas
políticas
e
práticas
de
responsabilidade
corporativa
em
seus
relatórios
financeiros
anuais.
A
Suécia,
China,
Malásia
e
África
do
Sul
estão
entre
os
outros
países
que
adotaram
regulamentações
e
diretivas
semelhantes,
geralmente
referenciando
as
diretrizes
do
GRI.
As
empresas
brasileiras
têm
uma
tradição
relativamente
de
longa
data
de
divulgar
dados
não
financeiros.
A
ênfase
atual
no
Brasil
é
nos
relatórios
voluntários
do
GRI
(consulte
no
verso).
Relatórios
obrigatórios
de
sustentabilidade
não
fazem
parte
da
agenda
legislativa
ou
política.
Atualmente,
o
Brasil
não
tem
nenhuma
legislação
especificamente
preocupada
com
relatórios
não‐
financeiros
e
garantias
associadas
a
questões
sociais
e
ambientais
potencialmente
materiais.
Comprovadamente,
uma
estrutura
sólida
de
investimento
sustentável
inclui
a
divulgação
e
a
discussão
de
questões
de
sustentabilidade
potencialmente
materiais
nos
prospectos
de
ofertas
públicas
iniciais.
Não
existem
pesquisas
publicadas
sobre
a
extensão
e
a
qualidade
desse
tipo
de
divulgação
nas
recentes
ofertas
públicas
iniciais
brasileiras.
Contudo,
é
provável
que,
junto
com
o
resto
do
mundo,
essa
seja
uma
lacuna
importante
no
Brasil.
Cerca
de
35
das
maiores
empresas
do
Brasil,
incluindo
Vale
e
Petrobras,
encontram‐se
listadas
em
Nova
York
e
estão
sujeitas
às
regras
de
divulgação
e
transparência
da
SEC.
Os
itens
101
e
103
da
Regulamentação
da
SEC
exigem
a
divulgação
das
questões
ambientais
relevantes.
Novamente,
não
existem
pesquisas
publicadas
sobre
a
extensão
e
a
qualidade
desse
tipo
de
divulgação
por
parte
das
empresas
brasileiras.
Contudo,
uma
amostragem
seletiva
das
declarações
do
Formulário
6‐K
sugere
que
as
empresas
brasileiras
são
proativas
na
divulgação
de
notícias
ambientais
positivas
(como
recebimento
de
prêmios
ou
inclusão
nos
índices
de
sustentabilidade);
mas
um
pouco
menos
acessíveis
a
informações
sobre
questões
como
ações
judiciais
sobre
questões
ambientais,
importantes
incidentes
de
poluição,
fechamento
de
fábricas
ou
atrasos
em
projetos
devido
a
protestos
de
comunidades,
e
vultosas
despesas
de
capital
para
atender
padrões
ambientais
em
termos
de
instalações
produtivas
e
produtos
finais.
Os
últimos
acontecimentos
nos
Estados
Unidos
estão
aumentando
a
pressão
para
a
inclusão
da
mudança
climática
sob
as
regulamentações
da
SEC.
Ações
nos
últimos
anos
por
parte
do
Procurador
Público
do
Estado
de
Nova
York
e
por
coalizões
de
investidores
institucionais,
grupos
ambientais
e
órgãos
do
governo
estadual
com
relação
à
divulgação
da
mudança
climática
têm
recebido
uma
considerável
cobertura
por
parte
da
mídia.
Outros
avanços
recentes
nos
Estados
Unidos
incluem
a
emissão
de
padrões
preliminares
referentes
à
divulgação
da
mudança
climática
pela
ASTM
40
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
International
e
revisões
propostas
pela
Financial
Accounting
Standards
Board
‐
FASB,
em
relação
à
o
sua
Norma
n
5,
Responsabilidade
por
Contingências.
As
mudanças
na
interpretação
ou
na
letra
das
regulamentações
da
SEC
e/ou
nos
padrões
contábeis
financeiros
nos
Estados
Unidos
podem,
portanto,
ter
implicações
importantes
para
as
empresas
brasileiras
listadas
em
Nova
York;
por
outro
lado,
isso
também
pode
ter
implicações
na
divulgação
da
sustentabilidade
em
geral
no
Brasil.
Regras
e
diretrizes
de
listagem
É
importante
observar
que,
como
a
maioria
das
bolsas
de
valores
do
mundo,
a
BM&F
Bovespa
não
é
uma
agência
reguladora.
A
agência
reguladora
no
Brasil
é
a
CVM,
junto
com
outras
agências
e
departamentos
do
governo
que
tratam
de
assuntos
como
legislação
empresarial.
Todavia,
as
bolsas
de
valores
podem
desempenhar
e
de
fato
desempenham
um
papel
importante
na
melhoria
dos
padrões
das
empresas
e
no
aumento
do
acesso
a
informações,
seja
publicando
diretrizes
para
empresas
e/ou
definindo
regras
de
listagem
que
ultrapassem
a
linha
de
base
normativa.
Um
excelente
exemplo
desse
último
caso
no
Brasil
é
fornecido
pela
adoção
em
2001
do
Novo
Mercado,
que
tem
sido
bastante
bem‐sucedido
na
promoção
de
padrões
de
governança
corporativa
e
confiança
dos
investidores.
Internacionalmente,
um
pequeno
mas
crescente
número
de
bolsas
de
valores
estão
adotando
medidas
para
melhorar
a
divulgação
de
dados
não‐financeiros,
incluindo
a
divulgação
de
questões
sobre
temas
ambientais
e
sociais
como
mudança
climática
e
relações
comunitárias.
Em
casos
raros,
como
o
da
Bolsa
de
Valores
de
Joanesburgo
(JSE),
isso
está
sendo
feito
por
meio
de
regras
de
listagem.
A
maioria
das
bolsas
que
estão
liderando
tais
melhorias
o
fazem
via
diretrizes
de
governança
corporativa,
que
são
fortemente
promovidas
e
monitoradas,
geralmente
em
uma
base
“cumprir
ou
explicar”
como
no
caso
da
Bolsa
de
Valores
da
Austrália
(ASX).
As
regras
de
listagem
da
BM&F
Bovespa
não
mencionam
expressamente
relatórios
não‐financeiros
ou
questões
de
sustentabilidade,
e
a
Bolsa
de
Valores
não
tem
atualmente
publicado
uma
orientação
formal
sobre
esses
assuntos.
Relatórios
não‐financeiros
voluntários
Relatórios
de
sustentabilidade
Um
número
crescente
de
empresas
brasileiras
estão
produzindo
relatórios
anuais
de
sustentabilidade,
muitas
delas
utilizando
as
diretrizes
do
GRI
(Figura
19).
As
empresas
listadas
respondem
por
cerca
de
metade
dos
relatórios
de
sustentabilidade
publicados
no
Brasil
em
2007
(o
ano
mais
recente
para
o
qual
encontra‐se
disponível
um
considerável
conjunto
de
dados
completos).
Esse
aumento
nos
relatórios
de
sustentabilidade
nos
últimos
anos
coincide
com
o
lançamento
em
2005
do
Índice
de
Sustentabilidade
Empresarial
da
Bovespa
(ISE);
a
adoção
dos
Princípios
do
Equador
pelos
bancos
brasileiros
e
dos
Princípios
para
o
Investimento
Responsável
(PRI)
por
parte
dos
fundos
de
pensão
do
Brasil;
a
extensão
do
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP)
ao
Brasil;
e
os
contínuos
esforços
de
inúmeras
organizações
não‐governamentais
e
outros
defensores,
incluindo
o
GRI,
o
Instituto
Ethos,
a
FGV‐CES
e
diversas
empresas
de
consultoria.
Cerca
de
60%
das
59
empresas
no
atual
Índice
IBovespa
publicam
relatórios
de
sustentabilidade
(Tabela
12).
Quase
todos
esses
relatórios
encontram‐se
disponíveis
em
inglês
e
em
português.
A
maioria
das
empresas
produz
relatórios
de
sustentabilidade
independentes,
embora
uma
minoria
relativamente
razoável
esteja
integrando
essas
informações
em
seus
relatórios
anuais.
18
empresas
utilizam
as
diretrizes
do
GRI
(incluindo
as
diretrizes
mais
recentes
do
G3).
Sete
empresas
do
IBovespa
publicam
relatórios
de
sustentabilidade
que
estão
sujeitos
a
algum
tipo
de
verificação
externa.
Fora
do
índice
IBovespa,
algumas
empresas
listadas
publicam
atualmente
relatórios
de
sustentabilidade.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
41
Tabela 12: Relatórios de sustentabilidade por parte das empresas do IBOVESPA
A
empresa
de
consultoria
SustainAbility
recentemente
publicou
uma
pesquisa
independente
sobre
6
relatórios
de
sustentabilidade
por
parte
das
empresas
brasileiras .
Isso
incluiu
uma
avaliação
dos
dez
principais
relatórios,
que
utilizou
uma
metodologia
de
pontuação
padronizada
cujos
resultados
são
reproduzidos
na
Tabela
13.
Eles
identificaram
diversas
áreas
passíveis
de
melhoria.
Em
particular,
o
relatório
concluiu
que
as
empresas
brasileiras
precisam
aprofundar
o
valor
estratégico
dos
relatórios
e
demonstrar
como
a
sustentabilidade
está
sendo
incorporada
do
começo
ao
fim
do
negócio.
As
deficiências
nos
relatórios
incluem
uma
falta
de
informações
sobre:
Governança:
Liderança
a
nível
de
diretoria
e
estruturas
de
governança
a
serem
consideradas
em
aspirações
de
sustentabilidade
Materialidade:
Métodos
para
identificar
e
priorizar
questões
materiais
que
estão
sendo
usadas
para
ajudar
a
focar
relatórios
nos
temas
prioritários
Metas:
Metas
específicas,
mensuráveis
e
comparáveis
(em
vez
de
declarações
qualitativas
de
intenção).
©
Figura
19:
Relatórios
de
sustentabilidade
corporativa
no
Brasil
(fonte:
CorporateRegister.com)
100
90
Número de empresas com relatórios
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
6
The
Road
to
Credibility:
a
survey
of
sustainability
reporting
in
Brazil
(O
Caminho
para
a
Credibilidade:
um
levantamento
dos
relatórios
de
sustentabilidade
no
Brasil),
SustainAbility
(2008)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
43
Tabela
14:
Divulgação
do
CDP6
pelas
empresas
do
IBOVESPA
(omite
as
empresas
não
incluídas
no
CDP6)
Emissões
Empresa
Setor
ISE
Resposta
divulgadas
ALL
AMER
LAT
(N2)
Ferrovias
AQ
AMBEV
Cerveja
e
refrigerantes
AQ
ARACRUZ
(N1)
Polpa
e
papel
AQ
B2W
VAREJO
(NM)
Varejo
AQ
BRADESCO
(N1)
Intermediários
financeiros
AQ
BRADESPAR
(N1)
Títulos
e
ações
–
diversificados
(consulte
CPFL
ENERGIA)
BRASIL
(NM)
Intermediários
financeiros
AQ
BRASIL
T
PAR
(N1)
Telecomunicações
(consulte
BRASIL
TELEC)
BRASIL
TELEC
(N1)
Telecomunicações
AQ
BRASKEM
(N1)
Petroquímicos
AQ
CCR
RODOVIAS
(NM)
Rodovias
com
pedágio
e
estradas
AQ
CELESC
(N2)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
CEMIG
(N1)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
CESP
(N1)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
COMGAS
Serviços
de
utilidade
pública
–
gás
AQ
COPEL
(N1)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
COSAN
(NM)
Açúcar
–
álcool
NP
CPFL
ENERGIA
(NM)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
CYRELA
REALT
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
AQ
DURATEX
(N1)
Madeira
AQ
ELETROBRAS
(N1)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
AQ
ELETROPAULO
(N2)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
(consulte
AES)
EMBRAER
(NM)
Aeroespaço
NP
GAFISA
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
DP
GERDAU
(N1)
Aço
AQ
GERDAU
MET
(N1)
Aço
(consulte
GERDAU)
GOL
(N2)
Linhas
aéreas
NP
ITAUBANCO
(N1)
Intermediários
financeiros
AQ
ITAUSA
(N1)
Intermediários
financeiros
(consulte
ITAUBANCO)
KLABIN
S/A
(N1)
Polpa
e
papel
NP
LIGHT
S/A
(NM)
Serviços
de
utilidade
pública
–
energia
NR
LOJAS
AMERIC
Varejo
AQ
LOJAS
RENNER
(NM)
Varejo
DP
NATURA
(NM)
Cosméticos
AQ
NET
(N2)
TV
a
cabo
AQ
PERDIGAO
S/A
(NM)
Carne,
aves
e
outros
NP
PETROBRAS
Petróleo,
gás
e
biocombustíveis
NP
ROSSI
RESID
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
DP
SABESP
(NM)
Serviços
de
utilidade
pública
‐
água
AQ
SADIA
S/A
(N1)
Carne,
aves
e
outros
AQ
SID
NACIONAL
Aço
DP
SOUZA
CRUZ
Tabaco
AQ
TAM
S/A
(N2)
Linhas
aéreas
NP
TELEMAR
Telecomunicações
AQ
TELEMAR
N
L
Telecomunicações
AQ
TELESP
Telecomunicações
NP
TIM
PART
S/A
Telecomunicações
AQ
TRAN
PAULIST
(N1)
Serviços
de
utilidade
pública
‐
energia
AQ
ULTRAPAR
(N1)
Títulos
e
ações
–
diversificados
NP
UNIBANCO
(N1)
Intermediários
financeiros
AQ
USIMINAS
(N1)
Aço
DP
V
C
P
(N1)
Polpa
e
papel
AQ
VALE
R
DOCE
(N1)
Mineração
AQ
VIVO
Telecomunicações
AQ
AQ
–
questionário
respondido;
NP
–
questionário
respondido,
mas
respostas
não
divulgadas
em
público;
DP
–
recusou‐se
a
participar;
NR
–
nenhuma
resposta
44
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP)
O
Projeto
Internacional
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP)
tem
aumentado
seu
foco
no
Brasil
nos
últimos
anos
com
o
apoio
de
seus
parceiros
locais,
ABRAPP
e
Banco
Real
(parte
do
Grupo
7,8
Santander
Brasil) .
O
questionário
do
CDP
foi
enviado
para
as
50
maiores
empresas
listadas
no
Brasil
em
2006
(CDP4).
Em
2007
(CDP5),
aumentou
para
60
empresas
e
75
empresas
foram
pesquisadas
em
2008
(CDP6).
A
taxa
de
resposta
das
empresas
brasileiras
é
alta
(Figura
20).
Todavia,
27%
das
empresas
no
índice
atual
do
IBovespa
que
foram
pesquisadas
pelo
CDP
2008
não
responderam,
se
recusaram
a
participar
ou
responderam
ao
questionário
mas
retiraram
a
autorização
para
as
respostas
serem
divulgadas
em
público.
Em
termos
de
ponderação
do
índice,
essa
lacuna
na
divulgação
em
público
representa
cerca
de
33%
do
portfólio
nocional
atual
do
IBovespa
e
notavelmente
inclui
empresas
como
Petrobras,
Klabin
e
Usiminas,
onde
questões
sobre
o
tema
de
mudança
climática
podem
ser
consideradas
fatores
importantes.
Uma
divisão
detalhada
é
fornecida
na
Tabela
14.
A
Figura
21
resume
algumas
das
principais
tendências
selecionadas
pela
análise
do
CDP
do
levantamento
de
2008.
De
modo
geral,
os
resultados
mostram
um
quadro
bastante
animador
em
termos
de
atividades
corporativas
e
qualidade
de
gestão
em
relação
à
mudança
climática,
apesar
de
um
progresso
ainda
maior
ser
necessário.
As
áreas
identificadas
pelo
CDP
para
fins
de
melhoria
e
desenvolvimento
em
2009
incluem:
Melhoria
da
extensão
das
informações
qualitativas
nas
respostas
das
empresas,
principalmente
em
relação
a
cadeias
de
suprimentos
Formulação
das
metas
de
redução
das
emissões
de
carbono
Maturação
da
governança
da
mudança
climática
entre
as
empresas
brasileiras
Inclusão
da
política
de
mudança
climática
em
estratégias
de
sustentabilidade
de
curto,
médio
e
longo
prazos.
Figura
20:
Taxas
de
resposta
do
CDP
100%
90%
80%
70%
60%
CDP4 (2006)
50%
CDP5 (2007)
40% CDP6 (2008)
30%
20%
10%
0%
Brazil India China Global
7
Carbon
Disclosure
Project
Report
2008
(Relatório
do
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
de
2008)
–
Brasil
CDP
(2008)
8
Carbon
Disclosure
Project
Report
2008
(Relatório
do
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
de
2008)
–
Brasil
CDP
(2008)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
45
Figura 21: Tendências reveladas pelas respostas das empresas ao CDP6 (Brasil)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Comunicações
de
progresso
do
Pacto
Global
Muitos
fundos
de
pensão
e
gestores
de
ativos
que
são
membros
do
PRI
estão
agora
comunicando
suas
expectativas
de
que
as
empresas
onde
investem
devem
estar
comprometidas
com
os
princípios
do
Pacto
Global.
Um
dos
compromissos
explícitos
que
uma
empresa
assume
quando
participa
do
Pacto
Global
é
apresentar
uma
Comunicação
Anual
de
Progresso
(COP).
Em
2000,
o
ano
em
que
o
Pacto
Global
das
Nações
Unidas
foi
lançado,
mais
de
600
empresas
brasileiras
se
inscreveram
na
iniciativa.
Hoje,
o
Pacto
Global
registra
110
signatários
no
Brasil
(excluindo
as
pequenas
e
médias
empresas);
apenas
seis
empresas
enviaram
COPs
em
2008,
de
acordo
com
o
banco
de
dados
on‐line
do
Pacto
Global.
Índices,
pesquisa
de
ações
e
rating
Índices
especializados,
junto
ao
ISE
Além
do
ISE
e
do
índice
de
governança
corporativa
(o
IGC)
da
BM&F
Bovespa,
não
existem
outros
índices
semelhantes
ou
de
sustentabilidade
que
enfoquem
especificamente
as
ações
brasileiras
ou
latino‐americanas.
Conforme
observado
na
página
13ƒ,
a
BM&F
Bovespa
está
considerando
a
possibilidade
de
mudar
o
ISE,
adotando
um
sistema
de
dois
níveis
que
inclua
mais
empresas
brasileiras
no
escopo
do
índice.
Também
está
sendo
considerado
o
conceito
de
um
índice
regional
de
sustentabilidade
modelado
no
ISE,
mas
abrangendo
países
como
o
Chile
e
o
México
também.
Esses
dois
conceitos
estão
em
fase
inicial
de
discussão.
Índice
de
sustentabilidade
Dow
Jones
Um
pequeno
número
de
empresas
brasileiras
encontram‐se
incluídas
no
Índice
internacional
de
Sustentabilidade
Dow
Jones
(DJSI).
No
período
2007/2008,
essas
empresas
foram
Aracruz
Celulose;
Banco
Bradesco;
Banco
Itaú;
Itausa;
CEMIG;
e
Petrobras.
46
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
O
DJSI
foi
re‐equilibrado
no
quarto
trimestre
de
2008
para
o
período
2008/2009.
Nenhuma
empresa
brasileira
foi
retirada
do
índice;
Usiminas
e
VCP
foram
aceitas
pela
primeira
vez.
É
digno
de
nota
o
fato
de
a
Petrobras
ter
mantido
a
sua
posição
no
DJSI,
apesar
de
ter
sido
retirada
do
ISE.
Pesquisa
independente
de
sustentabilidade
e
produtos
de
rating
Nenhuma
das
empresas
americanas
ou
europeias
de
pesquisa
de
investimento
sustentável
têm
uma
presença
permanente
ou
uma
capacidade
de
pesquisa
em
tempo
integral
no
Brasil.
Apesar
de
a
cobertura
das
ações
brasileiras
ser
relativamente
limitada,
empresas
como
a
Innovest
Strategic
Value
Advisors
e
a
KLD
Research
&
Analytics
Inc.
(entre
outras)
realizam
pesquisas
em
cerca
de
25
das
principais
empresas
do
Brasil.
A
Innovest
também
tem
realizado
pesquisas
para
o
BID
sobre
as
empresas
latino‐americanas
selecionadas
que
participam
de
mercados
na
“base
da
pirâmide”,
também
denominadas
Oportunidades
para
a
Maioria
(OM).
Esse
estudo
incluiu
26
empresas
brasileiras,
desde
Banco
9
Bradesco
e
Unibanco
até
Natura,
CEMIG
e
GOL
.
O
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil
ainda
não
resultou
na
criação
de
capacidade
local
em
pesquisa
e
rating
ESG.
O
conhecimento
especializado
existe
no
Brasil,
mas
ainda
não
foi
transformado
em
negócio
devido
à
falta
de
demanda
comercial
do
buy‐side
(fundos
de
pensão
e
gestores
de
ativos),
que
até
então
tem
se
limitado
a
utilizar
o
ISE,
complementado
em
alguns
casos
por
um
ou
dois
analistas
de
sustentabilidade
internos
e
em
regime
de
meio
expediente.
Do
mesmo
modo,
não
existem
serviços
solicitados
de
rating
de
‘sustentabilidade’
no
Brasil,
sugerindo
que
existe
pouca
ou
nenhuma
demanda
para
tais
soluções
na
comunidade
corporativa
brasileira.
Uma
exceção
a
isso
pode
ser
a
empresa
brasileira
Serasa,
uma
empresa
de
informações
comerciais
e
de
classificação
de
crédito
recentemente
adquirida
pela
Experian.
A
Serasa
tem
oferecido
um
produto
denominado
“Relatório
de
Responsabilidade
Ambiental”
em
empresas
brasileiras
desde
2007
e,
em
2008,
lançou
um
produto
denominado
“Relatório
de
Responsabilidade
Social”.
Contudo,
além
disso,
o
website
da
empresa
não
fornece
quaisquer
outras
informações
sobre
esses
produtos.
Os
produtos
da
Serasa
não
parecem
ter
um
grande
destaque
com
os
gestores
de
ativos,
fundos
de
pensão
e
outros
acionistas
contatados
durante
este
projeto.
Pesquisa
de
ações
do
sell‐side
(corretoras)
sobre
questões
de
sustentabilidade
As
corretoras
e
bancos
de
investimento
brasileiros
do
sell‐side
não
produzem
nenhuma
pesquisa
de
ações
que
enfoque
as
questões
de
sustentabilidade
ambiental
e
social.
Isso
ocorre
apesar
dos
esforços
do
LASFF,
que
desenvolveu
metodologias
analíticas
para
três
setores
em
2007/2008
e
as
disseminou
via
APIMEC,
a
Associação
Brasileira
de
Analistas
e
Profissionais
de
Investimento
do
Mercado
de
Capitais.
Novamente,
a
principal
barreira
não
é
a
falta
de
conhecimento
especializado,
mas
a
falta
de
demanda
comercial
por
parte
do
buy‐side.
Embora
algumas
corretoras
internacionais
como
o
HSBC
tenham
recentemente
começado
a
produzir
pesquisa
de
sustentabilidade
nos
mercados
emergentes
como
a
Índia,
mercados
emergentes
como
o
Brasil
ainda
estão
aquém
em
nível
de
pesquisa
e
certamente
não
receberam
qualquer
cobertura
do
tipo
que
está
sendo
promovido
na
Europa
e
nos
Estados
Unidos,
sob
programas
como
a
Enhanced
Analytics
Initiative
‐
EAI.
Algumas
empresas
brasileiras
são
cobertas
por
pesquisa
setorial
global:
por
exemplo,
a
Petrobras
é
mencionada
na
recente
pesquisa
da
Goldman
Sachs
sobre
questões
de
sustentabilidade
no
setor
de
energia.
9
Innovest
Strategic
Value
Advisors
Opportunities
for
the
Majority
Index:
Analysis
of
Corporate
Performance
in
Latin
America
and
the
Caribbean
Inter‐American
Development
Bank
(Índice
Oportunidades
para
a
Maioria
da
Innovest
Strategic
Value
Advisors:
Análise
de
Desempenho
Corporativo
na
América
Latina
e
no
Banco
Interamericano
de
Desenvolvimento
do
Caribe)(Dezembro
de
2007)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
47
Redes
e
associações
Entidades
setoriais
Conforme
observado
em
todo
este
relatório,
muitas
das
associações
do
setor
de
investimentos
e
das
entidades
profissionais
do
Brasil
estão
envolvidas
em
questões
de
investimento
sustentável
em
nome
de
seus
membros.
Isso
inclui
a
participação
no
Conselho
Deliberativo
do
ISE,
atividades
de
sensibilização
e
envolvimento
em
iniciativas
como
o
CDP.
As
principais
organizações
que
são
ativas
nesse
aspecto
são:
a
Associação
Brasileira
de
Fundos
de
Pensão
(ABRAPP);
a
Associação
Nacional
de
Bancos
de
Investimento
(ANBID);
e
a
Associação
dos
Analistas
e
Profissionais
de
Investimento
do
Mercado
de
Capitais
(APIMEC).
UNEPFI
As
instituições
financeiras
brasileiras
são
membros
bastante
ativos
da
Força‐Tarefa
da
América
Latina
da
UNEPFI.
A
Força‐Tarefa
focaliza
principalmente
o
setor
bancário,
a
sensibilização
e
a
capacitação
de
um
sistema
bancário
sustentável
fora
do
Brasil
e,
por
isso,
não
será
considerada
mais
adiante
neste
capítulo.
Deve‐se
observar
que
o
Projeto
para
o
Investimento
Responsável
em
Mercados
Emergentes,
sediado
em
Genebra,
da
UNEPFI
está
bastante
envolvido
na
Rede
PRI
Brasil
(consulte
abaixo)
e
que
a
própria
UNEPFI
é
um
membro
do
Conselho
Deliberativo
do
ISE.
LASFF
O
LASFF
(www.lasff.org)
foi
formado
em
2006
pela
CES‐FGV
com
o
capital
semente
do
IFC
e
é
atualmente
apoiado
pela
FEBRABAN
(Federação
Brasileira
de
Bancos).
Os
membros
participantes
são
BM&F
Bovespa,
APIMEC,
Santander,
Banco
Itaú,
Banco
Bradesco,
Unibanco,
Citi
e
HSBC.
O
Fórum
foi
criado
para:
Apoiar
estratégias
de
investimentos
e
detecção
de
oportunidades
em
nível
regional;
Influenciar
a
formulação
de
políticas
e
a
conscientização
do
setor
público
sobre
o
possível
papel
do
setor
financeiro
na
promoção
de
desenvolvimento
sustentável;
Criar
um
sistema
on‐line
(ou
uma
câmara
de
compensação),
contendo
um
banco
de
dados
completo
sobre
financiamento
sustentável
para
ser
usado
para
fins
de
pesquisa,
educação
profissional
e
intercâmbio;
Fomentar
o
desenvolvimento
de
produtos
e
serviços
de
alta
qualidade,
além
de
treinamento
e
pesquisa;
Promover
oportunidades
de
carreira
em
finanças
sustentáveis
como
um
campo
para
desenvolvimento
profissional
por
meio
de
treinamento,
comunicação
e
formação
de
redes;
Coordenar
esforços
para
ampliar
mercados
financeiros
sustentáveis
regionalmente,
por
meio
da
criação
de
redes
globais,
com
os
principais
atores
dos
mercados
globais.
O
Grupo
de
Trabalho
de
Mercados
de
Capitais
do
LASFF
é
composto
pelos
principais
gestores
de
ativos
que
atualmente
trabalham
com
os
fundos
de
SRI
de
varejo
(Capítulo
5)
e
lida
com
o
tipo
de
questões
abordadas
por
este
relatório.
Existem
outros
grupos
de
trabalho
para
temas
como
os
Princípios
do
Equador,
microfinanciamento
e
relatórios.
As
atividades
do
Grupo
de
Trabalho
incluem
a
colaboração
com
a
APIMEC
para
fornecer
treinamento
de
sustentabilidade
para
analistas
(consulte
a
página
anterior)
e
uma
recente
campanha
de
engajamento
que
insta
as
empresas
listadas
a
acabarem
com
o
trabalho
forçado
em
suas
cadeias
de
suprimentos.
A
CES‐FGV
possui
um
website
do
LASFF
que
encontra‐se
disponível
em
inglês
e
português,
apesar
de
a
maioria
dos
materiais
e
downloads
estarem
em
português
apenas.
O
Fórum
é
basicamente
um
projeto
da
CES‐FGV
e
não
é
constituído
como
uma
empresa
jurídica
separada
com
sua
própria
equipe,
estrutura
de
filiação
ou
orçamento.
O
LASFF
não
possui
um
coordenador
ou
um
diretor
em
tempo
integral.
O
Fórum
não
pode
ser
considerado
uma
entidade
análoga
às
entidades
de
filiação
profissional
de
investimento
sustentável
como
o
Fórum
de
Investimento
Social
dos
Estados
Unidos
(SIF),
o
Fórum
de
Investimento
Sustentável
do
Reino
Unido
(UKSIF)
ou
a
Associação
para
o
Investimento
Sustentável
e
Responsável
na
Ásia
(ASRIA).
48
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
REDE
PRI‐BRASIL
Histórico
A
Rede
PRI‐Brasil
foi
lançada
em
novembro
de
2008
em
resposta
a
uma
forte
demanda
dos
signatários
por
uma
plataforma
local
em
português.
A
PREVI,
o
maior
fundo
de
pensão
no
Brasil,
estava
liderando
essa
demanda
com
o
apoio
da
Secretaria
do
PRI.
A
finalidade
da
Rede
PRI‐Brasil
é
facilitar
a
implementação
dos
Princípios
no
Brasil
e
promover
a
colaboração
entre
os
signatários
em
uma
variedade
de
questões
materiais
de
ESG
no
contexto
local
brasileiro.
A
Secretaria
do
PRI
utiliza
um
coordenador
em
tempo
parcial
em
São
Paulo
que
apoia
as
principais
atividades
da
rede
e
traduz
os
materiais
do
PRI
para
português.
A
Rede
possui
convocações
mensais
presididas
pela
PREVI.
Durante
a
primeira
convocação,
os
signatários
definiram
três
grupos
de
trabalho:
Engajamento,
Recrutamento
e
Integração,
com
todos
tendo
atualmente
convocações
mensais.
Engajamento
Em
2009,
o
foco
do
Grupo
Engajamento
é
promover
a
divulgação
e
melhorar
a
qualidade
dos
relatórios
de
sustentabilidade
no
Brasil.
Isso
é
feito
no
contexto
do
Projeto
de
Divulgação
em
Mercados
Emergentes
e
o
grupo
está
trabalhando
em
estreita
colaboração
com
o
GRI
no
Brasil.
Para
selecionar
empresas
com
as
quais
deve
se
engajar,
o
grupo
está
planejando
analisar
os
relatórios
de
sustentabilidade
corporativa
do
exercício
financeiro
de
2008
e
identificar
as
empresas
que
precisam
melhorar
a
qualidade
dos
relatórios
e
as
empresas
que
não
geram
relatórios.
Os
signatários
participarão
em
conjunto
de
diálogos
com
essas
empresas
para
melhorar
a
qualidade
da
divulgação.
Além
do
foco
na
divulgação,
existem
vários
outros
possíveis
engajamentos
sendo
considerados,
incluindo
a
eliminação
do
trabalho
escravo
da
cadeia
de
suprimentos,
e
ações
junto
aos
setores
da
construção
e
do
agronegócio.
O
Santander
Asset
Management
coordena
o
grupo
Engajamento.
Os
participantes
ativos
são
Luz
Engenharia,
Funcef,
Unibanco
Asset
Management,
Astra
Investimentos,
HSBC
Asset
Management,
Valia,
Sustain
Capital,
PREVI,
ARUS,
Santa
Fé
Portfólios
e
NSG
Capital.
Integração
das
questões
de
ESG
em
análise
de
investimento
Membros
do
grupo
Integração
planejam
compartilhar
metodologias
para
a
integração
das
questões
de
ESG
em
análise
de
investimento.
O
objetivo
é
comparar
diferentes
metodologias
e
criar
um
arcabouço
comum
para
integração
das
questões
de
ESG
em
valorações,
que
podem
ser
usadas
por
todos
os
signatários
do
PRI
no
Brasil.
O
grupo
também
gostaria
de
identificar
e
selecionar
os
indicadores
de
ESG
mais
relevantes
e
materiais
para
investidores
no
Brasil.
Baseado
nessa
seleção,
o
grupo
planeja
criar
um
questionário
para
ser
enviado
às
empresas.
O
grupo
também
fará
uma
comparação
dos
indicadores
mais
usados
no
Brasil
com
os
indicadores
do
GRI.
O
grupo
é
coordenado
pela
Astra
Investimentos
e
seus
participantes
incluem
Funcef,
Infraprev,
Unibanco
Asset
Management,
Santander
Asset
Management,
Valia,
Sustain
Capital,
Centrus,
PREVI,
Santa
Fé
Portfólios
e
NSG
Capital.
Recrutamento
Este
grupo
de
trabalho
tem
por
objetivo
promover
o
PRI
entre
os
investidores
que
ainda
não
são
signatários.
Para
facilitar
o
recrutamento
e
a
implementação,
a
Secretaria
do
PRI
está
trabalhando
na
superação
da
barreira
do
idioma,
disponibilizando
os
principais
materiais
em
português.
Por
exemplo,
um
‘kit
de
inscrição’
foi
desenvolvido,
com
todas
as
principais
informações
sobre
o
PRI
e
uma
descrição
do
processo
de
inscrição
em
português.
O
grupo
Recrutamento
é
coordenado
pela
Infraprev
e
tem
como
participantes
Luz
Engenharia,
Santander
Asset
Management,
Funcef,
Unibanco
Asset
Management,
PREVI,
Mauá
Investimentos,
Santa
Fé
Portfólios
e
NSG
Capital.
Fonte:
UNPRI
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
49
UNPRI
A
Rede
PRI‐Brasil
foi
lançada
no
final
de
2008
e
está
surgindo
como
uma
força
importante
em
termos
de
investimento
sustentável
no
Brasil.
A
Rede
se
beneficia
de
um
coordenador
em
regime
de
meio
expediente,
sediado
em
São
Paulo,
e
de
um
sólido
apoio
da
Secretaria
do
PRI
e
do
Projeto
para
o
Investimento
Responsável
em
Mercados
Emergentes
da
UNEPFI.
Um
resumo
da
organização
e
do
programa
de
trabalho
da
Rede
PRI‐Brasil
é
fornecido
no
quadro
no
verso.
Os
esforços
iniciais
concentraram‐se
em
conseguir
mais
signatários
brasileiros
nas
categorias
de
proprietários
de
ativos
e
de
gestores
de
ativos.
A
ênfase
está
agora
no
apoio
à
implementação.
A
PREVI
e
outros
signatários
brasileiros
do
UNPRI
também
são
capazes
de
se
beneficiarem
com
os
serviços
centralizados
do
PRI,
incluindo
o
Engagement
Clearinghouse
e
o
Portal
de
Pesquisa
Avançada..
Bancos
de
Desenvolvimento
O
IFC
tem
ajudado
a
desenvolver
o
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil
desde
2002.
Além
do
relatório
atual,
a
assistência
técnica
e
os
serviços
de
consultoria
da
IFC
têm
incluído
apoio
para:
uma
sessão
informativa
sobre
inteligência
de
mercado
por
parte
da
CES‐FGV
(2003)
uma
importante
conferência
em
São
Paulo
sobre
investimento
sustentável
em
mercados
emergentes
(2004)
o
desenvolvimento
do
ISE
(2005)
a
criação
do
LASFF
(2006)
Relatórios
GRI
por
parte
das
empresas
(2008)
Além
disso,
o
IFC
tem
fornecido
cursos
eventuais
de
treinamento
sobre
investimento
sustentável
para
fundos
de
capital
empreendedor
na
América
Latina,
desde
o
final
da
década
de
1990.
O
BID
também
ministra
treinamentos
sobre
investimento
sustentável
para
fundos
de
capital
empreendedor
e
desempenha
um
importante
papel
no
programa
INOVAR
abordado
no
Apêndice
D.
O
papel
do
BNDES
na
criação
do
setor
de
capital
de
risco
do
Brasil
(incluindo
os
fundos
de
tecnologia
limpa
lançados
recentemente
por
Stratus
e
Sustain
Capital)
é
também
discutido
no
Apêndice
D.
O
BNDES
tem
US$
16
bilhões
de
investimentos
em
empresas
listadas,
mas
não
está
envolvido
no
movimento
de
investimento
sustentável
do
Brasil
(consulte
a
página
33).
Barreiras
de
idioma
A
disponibilidade
de
informações,
relatórios,
materiais
de
conferência
e
programas
de
treinamento
em
português
e
inglês
(e,
teoricamente,
espanhol)
é
um
fator
importante
na
operação
e
no
desenvolvimento
ainda
maior
do
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil
e
de
sua
interação
com
investidores
estrangeiros.
Em
geral,
a
barreira
do
idioma
pode
ser
um
problema
significativo.
Existe
um
grande
volume
de
material
de
investimento
sustentável
em
inglês
que
é
relevante
para
os
profissionais
brasileiros.
Grande
parte
desse
volume
está
agora
sendo
traduzida
pela
Rede
PRI‐Brasil.
Do
mesmo
modo,
existe
um
conjunto
substancial
de
material
brasileiro
relevante
para
investidores
e
analistas
internacionais.
Apesar
de
a
maioria
dos
relatórios
de
sustentabilidade
corporativos
estar
disponível
em
inglês
e
também
em
português,
outros
materiais
importantes
(como
dados
estatísticos
e
informações
sobre
legislação)
são
difíceis
de
acessar
para
estrangeiros
que
não
dominam
o
idioma
.
Esse
é
um
impedimento
desnecessário
no
engajamento
com
investidores
de
portfólio
estrangeiros
em
questões
de
sustentabilidade
no
mercado
de
capitais
do
Brasil.
50
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Consumo
verde
De
acordo
com
a
pesquisa
conduzida
pela
National
Geographic
Society
e
pela
GlobeScan,
firma
internacional
de
pesquisa,
os
consumidores
no
Brasil
estão
entre
os
“mais
verdes”
no
mundo
em
10
termos
de
consumo
sustentável
e
escolhas
éticas
dos
consumidores
.
A
GlobeScan
realizou
levantamentos
na
Internet
com
consumidores
em
14
países
para
comparar
os
comportamentos
de
indivíduos
em
quatro
áreas
principais:
moradia,
transporte,
alimentação
e
bens
de
consumo.
O
índice
mede
o
consumo
discricionário
e
o
consumo
essencial.
Os
consumidores
no
Brasil
e
na
Índia
são
considerados
os
mais
"verdes",
com
cada
país
pontuando
60
na
escala
de
consumo
sustentável
de
100
pontos.
Os
consumidores
nos
Estados
Unidos
tiveram
a
pontuação
mais
baixa,
ou
são
considerados
os
que
mais
desperdiçam
(Figura
22).
Embora
o
levantamento
não
inclua
as
atitudes
e
os
comportamentos
dos
consumidores
com
relação
a
produtos
financeiros
e
de
investimentos,
os
resultados
sugerem
um
ambiente
de
varejo
favorável
para
investimentos
sustentáveis
no
Brasil.
Figura
22:
Green
consumerism
in
Brazil
(Consumidorismo
verde
no
Brasil)
(fonte:
National
Geographic/GlobeScan)
10
Greendex
2008:
Consumer
Choice
and
the
Environment
‐
A
Worldwide
Tracking
Survey
(Greendex
2008:
Escolha
dos
Consumidores
e
o
Meio
Ambiente
–
Um
Levantamento
Mundial
de
Acompanhamento),
National
Geographic/GlobeScan
(Maio
de
2008)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
51
10.
UMA
NOVA
ETAPA
Tamanho
do
mercado
Estimativas
consolidadas
de
ativos
SRI
A
Tabela
15
agrega
os
diversos
dados,
estimativas
e
suposições
baseados
em
fatos
e
informações
dos
Capítulos
4
a
9
sobre
o
valor
do
investimento
sustentável
em
ações
brasileiras.
Deve‐se
enfatizar
que
esse
exercício
é
baseado
em
inúmeras
suposições
e
estimativas,
conforme
definidas
no
relatório,
além
de
dados
de
diferentes
fontes
e
períodos
de
tempo:
fornece
apenas
uma
aproximação
preliminar,
mas
que
pode
todavia
ser
útil.
Tabela
15:
Estimativas
da
TERI‐Europe
do
valor
do
investimento
sustentável
em
ações
no
Brasil
Valor
estimado
do
Percentual
do
Segmento
investimento
sustentável
total
do
Base
para
comparação
percentual
em
ações
(US$
bilhões)
segmento
Gestpr
de
ativos
signatário
do
Dados
da
ANBID
(Out
2008);
UNPRI
(excluindo
valor
do
ativo
estimando
15%
de
alocação
a
ações;
US$
7,9
11%
líquido
dos
fundos
SRI
de
varejo,
considerando
implementação
do
abaixo)
UNPRI
Dados
da
ANBID
(Out
2008)
e
dados
da
CVM
(Jan
2009);
considerando
que
Fundos
SRI
de
varejo
US$
0,3
2%
15%
do
total
de
ativos
sob
gestão
de
varejo
sejam
alocados
a
ações
Dados
da
ABRAPP
(Set
2008);
Fundos
de
pensão
signatários
do
considerando
32%
de
alocação
a
US$
35,0
60%
UNPRI
ações;
considerando
implementação
do
UNPRI
Títulos
e
ações
do
BNDESPAR
em
30
BNDES
de
junho
de
2008;
dados
de
(US$
16
bilhões
em
ações
Desconhecido
Desconhecido
negociação
da
Bovespa
a
partir
de
23
listadas)
de
janeiro
de
2009
Dados
da
CVM
(Ago
2008);
Investimento
estrangeiro
sob
US$
1,2
<1%
considerando
que
1%
do
fundo
total
gestão
sustentável
seja
de
investimento
sustentável
Dados
de
ADR
em
janeiro
de
2009;
Investimento
em
ADR
sob
US$
1,0
<1%
considerando
que
1%
do
fundo
total
gestão
sustentável
seja
de
investimento
sustentável
Estimativas
independentes
da
riqueza
de
HNWIs;
considerando
que
a
Ativos
de
HNWIs
disponíveis
US$
24,5
<5%
alocação
a
ações
seja
de
35%
e
o
para
investimento
sustentável
investimento
sustentável
possa
ser
5%
disso
52
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Em
geral,
o
valor
total
do
investimento
em
ações
que
pode
ser
classificado
como
“sustentável”
fica
na
ordem
de
US$
75
bilhões.
A
capitalização
total
de
mercado
na
bolsa
de
valores
de
São
Paulo
no
final
de
outubro
de
2008
era
de
US$
585
bilhões.
O
investimento
“sustentável”
pode
ser
portanto
de
pelo
menos
10%
da
capitalização
de
mercado.
Ao
considerar
uma
abordagem
conservadora,
a
TERI‐
Europe
acredita
que
uma
estimativa
de
US$
40
bilhões
(<7%
da
capitalização
total
do
mercado)
pode
ser
mais
útil
para
fins
de
comparação
e
de
tomada
de
decisões.
SRIs
brasileiros
em
um
contexto
global
A
Europa
e
os
Estados
Unidos
fornecem
padrões
de
referência
internacionais
úteis.
O
Eurosif
calcula
11
que
os
ativos
SRI
representem
cerca
de
17%
do
setor
de
gestão
de
ativos
na
Europa .
De
acordo
com
o
Fórum
de
Investimento
Social
dos
Estados
Unidos,
preliminarmente
11%
dos
ativos
sob
gestão
12
profissional
nos
Estados
Unidos
encontram‐se
agora
envolvidos
no
SRI .
Forças
e
Fraquezas
O
Apêndice
B
fornece
uma
análise
detalhada
dos
pontos
fortes
e
fracos
identificados
pela
TERI‐
Europe
em
todo
o
“ecossistema”
de
investimento
sustentável
no
Brasil.
Sólido
compromisso
O
Brasil
tem
feito
um
significativo
progresso
no
desenvolvimento
de
um
mercado
de
investimento
sustentável
durante
a
última
década
e
verdadeiramente
merece
a
sua
reputação
como
o
líder
entre
as
economias
emergentes
nesse
aspecto.
Essas
conquistas
são
atribuídas
à
visão
e
ao
compromisso
de
longo
prazo
de
um
número
relativamente
pequeno
de
indivíduos
e
organizações
no
Brasil
(principalmente,
BM&F
Bovespa,
Banco
Real
(hoje
Santander),
PREVI,
CES‐FGV
e
o
Instituto
Ethos),
apoiados
nos
momentos
cruciais
por
agentes
externos
de
mudança
como
IFC,
CDP,
GRI
e
UNPRI.
Além
do
que
foi
conquistado
para
o
próprio
país,
a
evolução
de
um
mercado
de
investimento
sustentável
no
Brasil
tem
levado
outros
mercados
emergentes
a
focarem
as
mesmas
questões
e
metas.
Importante
”business
case”
Quando
combinadas,
as
inúmeras
tendências
positivas
descritas
neste
relatório
apontam
para
um
caso
robusto,
em
termos
da
importância
da
sustentabilidade
em
negócios
e
investimentos
no
Brasil
de
hoje,
ainda
que
os
dados
empíricos
atuais
não
permitam
a
comprovação
do
”business
case”
através
de
evidência
quantitativa
irrepreensível.
Contribuição
para
o
desenvolvimento
sustentável
Os
movimentos
de
investimento
sustentável
no
Brasil
estão
agora
começando
a
passar
para
a
fase
evolucionária,
onde
seu
impacto
começa
a
se
aprofundar
como
resultado
da
alocação
eficiente
de
capital
nas
empresas
privadas,
criando
benefícios
reais
as
pessoas
e
o
meio
ambiente.
Por
exemplo:
o
ISE
está
gradualmente
se
tornando
mais
rigoroso
e
assertivo,
forçando
as
empresas
a
prestarem
contas
de
seus
impactos;
o
engajamento
de
acionistas
está
(lentamente)
começando
a
evoluir
de
uma
ênfase
em
relatórios
de
sustentabilidade
para
uma
pressão
direta
em
questões
como
trabalho
forçado
na
cadeia
de
suprimentos;
11
2008
European
SRI
Study
(2008
‐
Estudo
Europeu
do
SRI)
(Eurosif,
2008)
12
2007
Report
on
Socially
Responsible
investing
trends
in
the
United
States
(2007
‐
Relatório
de
Tendências
de
Investimentos
Socialmente
Responsáveis
nos
Estados
Unidos)
(Social
Investment
Forum,
2007)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
53
existem
oportunidades
para
criar
novos
produtos
de
investimento
com
temas
de
desenvolvimento
de
grande
impacto
como
mudança
climática,
financiamento
das
pequenas
e
médias
empresas,
fundos
com
adicionalidades
socioambientais,
biodiversidade
e
povos
indígenas.
Riscos
e
desafios
estratégicos
Apesar
dos
muitos
pontos
positivos
que
podem
ser
identificados
no
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil,
o
movimento
ainda
é
relativamente
pequeno
e
um
tanto
frágil,
principalmente,
se
considerarmos
as
atuais
condições
de
mercado.
Crise
econômica
à
parte,
os
principais
desafios
ainda
a
serem
enfrentados
pelo
Brasil,
com
relação
a
investimento
sustentável
nos
próximos
dois
a
três
anos,
são:
Estagnação
(especialmente
relevante
para
os
gestores
de
ativos
competindo
no
mercado
não‐institucional
de
investidores)
Fragmentação
(principalmente
entre
os
“cliques”
de
LASFF/ANBID
e
UNPRI/ABRAPP)
Possível
resistência
das
empresas
(principalmente
em
relação
a
um
ISE
mais
assertivo
e
esforços
iniciais
de
engajamento
de
acionistas)
Aversão
a
riscos
excessivos,
relutância
em
se
desviar
do
padrão
de
referência
do
IBovespa
e
resistência
interna
a
novos
conceitos
e
práticas
Internalização
dos
custos
da
pesquisa
de
sustentabilidade
e
seus
benefícios
Atendimento
das
expectativas
criadas
(especialmente
relevante
aos
fundos
de
pensão
da
UNPRI)
Planejamento
e
adaptação
da
arquitetura
do
mercado
para
atender
às
necessidades
futuras,
incluindo
investimento
em
capital
humano
Questões
no
horizonte
O
paradoxo
do
ISE
O
ISE
tem
sido
bastante
bem‐sucedido.
Entre
outras
coisas,
o
índice:
significativamente
aumentou
o
montante
de
ativos
sob
gestão
SRI;
aumentou
as
opções
de
escolha
para
os
investidores
de
varejo;
estimulou
a
competição
entre
as
empresas
de
gestão
de
ativos;
aumentou
a
conscientização
das
empresas
e
influenciou
seus
comportamentos;
mostrou
que
estratégias
de
investimento
sustentável
podem
corresponder
ao
desempenho
de
padrões
de
referência
convencionais;
incentivou
a
BM&F
Bovespa
a
adotar
outros
serviços
de
sustentabilidade;
e
motivou
a
criação
de
índices
semelhantes
em
outros
países.
No
futuro,
porém,
o
ISE
também
apresenta
alguns
desafios
complexos
com
implicações
críticas.
Se
essas
questões
não
forem
resolvidas,
o
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil
pode
potencialmente
terminar
em
um
beco
sem
saída.
Elas
basicamente
se
resumem
ao
modelo
comercial
de
negócios
adotado
para
o
índice.
Conforme
abordado
no
Capítulo
3,
todos
os
índices
da
BM&F
Bovespa,
incluindo
o
ISE,
são
disponibilizados
aos
investidores
gratuitamente.
As
empresas
que
desejam
ser
incluídas
no
ISE
pagam
uma
taxa
de
avaliação
de
US$
2.000;
empresas
admitidas
no
ISE
podem
também
comprar
uma
licença
para
uso
da
marca
ISE
por
uma
taxa
de
US$
7.000
por
ano.
Esses
fluxos
são
a
única
fonte
de
receita
para
cobrir
os
custos
de
manutenção
do
ISE,
que
são
incorridos
pela
CES‐FGV.
Considerando
que
a
CES‐FGV
analisa
50
empresas
por
ano
(consulte
a
Tabela
2,
página
13)
e
que
todas
as
40
empresas
admitidas
no
ISE
pagam
por
uma
licença
de
uso
da
imagem
da
marca,
a
renda
bruta
anual
deve
girar
provavelmente
em
torno
de
US$
300.000.
Por
comparação,
considerando
que
as
taxas
de
gestão
nos
dez
fundos
SRI
listados
na
Tabela
5
(página
20)
sejam
taxas
conservadoras
de
54
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
1%,
a
renda
bruta
desses
fundos
baseados
no
ISE
pode
ser
de
cerca
de
US$
3
milhões
por
ano
na
posição
mais
baixa
do
mercado.
No
auge
do
mercado
em
dezembro
de
2007,
esse
valor
pode
ter
ficado
mais
próximo
de
US$
7
milhões
por
ano.
Embora
esses
sejam
cálculos
preliminares,
deve‐se
observar
que
eles
não
consideram
o
valor
econômico
do
ISE
para
beneficiários
como
PREVI
e
outros
fundos
brasileiros
de
pensão,
para
os
quais
o
ISE
é
atualmente
uma
das
principais
ferramentas
disponíveis
para
implementação
do
PRI
em
um
portfólio
de
ações
de
cerca
de
US$
35
bilhões
(página
25).
A
durabilidade
e
equidade
do
modelo
de
negócio
do
ISE
merece,
portanto,
atenção
especial,
principalmente
considerando‐se
a
necessidade
de
apoiar
a
capacitação
e
inovações
nesse
campo.
Os
principais
pontos
a
serem
considerados
são
os
seguintes:
As
entidades
que
mais
se
beneficiam
do
índice
(os
gestores
de
fundos
SRI
e,
em
nível
menor,
os
fundos
de
pensão
signatários
do
UNPRI)
não
remuneram
os
que
fornecem
o
serviço
e
correm
os
risco
(BM&F
Bovespa
e,
principalmente,
CES‐FGV).
As
entidades
que
pagam
pelo
índice
são
as
empresas
que
solicitam
adesão
a
ele
e
as
empresas
que
são
enfim
admitidas.
Isso
poderia
causar
um
conflito
real
ou
potencial
de
interesses.
A
renda
bruta
obtida
pelo
índice
(isto
é,
pela
CES‐FGV)
é
efetivamente
estabelecida
pelas
regulamentações
do
ISE
quanto
ao
número
de
empresas
que
podem
ser
incluídas
no
portfólio
nocional,
independentemente
do
quão
bem‐sucedido
o
índice
for
em
termos
de
agregação
de
valor
a
seus
clientes
(os
fundos
de
pensão
e
gestores
de
fundos
SRI).
Não
só
isso
é
basicamente
injusto
e
comercialmente
irracional,
como
também
cria
o
risco
teórico
de
que
as
regulamentações
possam
ser
alteradas
para
expandir
o
portfólio
simplesmente
para
aumentar
a
receita
às
custas
de
qualidade
e
rigor
técnico.
Os
custos
indiretos
da
CES‐FGV
como
provedora
de
dados
para
o
ISE
não
são
um
tema
para
este
estudo,
mas
pode
ser
razoável
considerar
que
a
renda
líquida
não
é
grande
e
deixa
pouco
escopo
para
desenvolvimento
de
capital
humano,
educação
de
investidores,
apoio
corporativo,
marketing
ou
pesquisa
e
desenvolvimento.
Os
dados
subjacentes
coletados
e
atualizados
pela
CES‐FGV
são
potencialmente
bastante
úteis
para
investidores,
analistas
e
outras
organizações
e
podem
gerar
receitas
adicionais
que
podem
ser
usadas
para
desenvolvimento
estratégico.
Contudo,
não
existe
um
canal
comercial
ou
até
mesmo
sem
fins
lucrativos
para
esses
dados.
Isso
pode
ser
parcialmente
atribuído
a
termos
de
confidencialidade
entre
a
CES‐FGV
e
as
empresas
que
respondem
ao
questionário
do
ISE.
Os
investidores
podem
usar
o
ISE
gratuitamente
dado
que
o
mesmo
atende
às
necessidades
básicas
no
momento
atual.
Isso
pode
criar
um
desincentivo
ao
pagamento
pelo
desenvolvimento
ou
pela
compra
de
ferramentas
de
investimento
sustentável
mais
avançadas.
Teoricamente,
isso
também
distorce
gravemente
o
mercado
potencial
para
a
oferta
comercial
de
ferramentas
mais
avançadas.
Em
um
cenário
pessimista,
desenvolve‐se
uma
situação
de
monopólio,
drenando
os
incentivos
ou
recursos
financeiros
para
inovação
em
um
mercado
que
se
acostumou
à
externalização
subsidiada
dos
custos
de
investir
de
modo
responsável.
Uma
questão
associada
é
o
fato
de
a
metodologia
do
ISE
(e
da
estrutura
de
custo/receita)
depender
da
coleta
de
dados
por
meio
de
um
questionário
e
de
a
taxa
de
resposta
desse
questionário
ter
diminuído
a
cada
ano,
desde
o
lançamento
do
ISE
em
2005
(Tabela
2,
página
13).
Considerando
o
sucesso
do
índice
e
o
aumento
do
número
de
relatórios
de
sustentabilidade
(Figura
19,
página
42),
a
tendência
da
taxa
de
resposta
deveria
ser
positiva.
A
“fadiga
do
questionário”
é
um
aspecto
bem
conhecido
do
setor
de
investimento
sustentável
em
todo
o
mundo
e
requer
mitigação
ou
adaptação
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
55
imediata.
Uma
redução
no
interesse
das
empresas
no
ISE
ou
na
cooperação
com
o
ISE
é
um
ponto
de
preocupação
que
deve
ser
tratado
com
atenção
prioritária,
assim
que
possível.
A
questão
é
ainda
mais
complicada
pela
possibilidade
de
os
fundos
de
pensão
signatários
do
PRI
no
Brasil
poderem
desenvolver
o
seu
próprio
questionário
ESG
que
eles
enviariam
em
conjunto
às
empresas
brasileiras
(consulte
as
páginas
12
e
48).
Cobertura
limitada
de
pesquisa
Conforme
abordado
na
página
47,
a
pesquisa
ESG
sobre
ações
brasileiras
é
relativamente
limitada
no
momento.
Particularmente,
os
analistas
brasileiros
do
sell‐side
não
produzem
pesquisa
ESG
(apesar
das
iniciativas
de
LASFF
e
APIMEC)
e
o
Brasil
não
tem
empresas
locais
de
pesquisa
de
investimento
sustentável.
O
Brasil
tem
demonstrado
que
possui
conhecimento
especializado
para
produzir
tais
ferramentas
‘avançadas’
de
investimento
sustentável
ou,
pelo
menos,
a
capacidade
de
criar
ou
adquirir
tal
conhecimento.
Embora
os
relatórios
de
sustentabilidade
corporativa
ainda
estejam
longe
da
perfeição,
eles
fornecem
um
conjunto
de
dados
razoáveis
para
tal
pesquisa
e
seguem
melhorando.
Além
disso,
a
CES‐FGV
coleta
e
atualiza
um
extensivo
banco
de
dados
de
informações
relevantes,
como
resultado
de
seu
trabalho
no
ISE:
esse
banco
de
conhecimento
poderia
ser
disponibilizado
para
provedores
de
pesquisa
comercial,
por
exemplo,
por
meio
de
acordos
de
licenciamento
ou
de
alguma
forma
de
parceria
comercial.
O
conhecimento
especializado
e
as
informações
existem
no
Brasil,
mas
não
foram
organizados
em
uma
oferta
comercial
por
um
simples
motivo:
existe
pouca
ou
nenhuma
demanda
comercial
do
buy‐
side.
Por
sua
vez,
isso
pode
ser
atribuído
a
quatro
fatores:
O
desincentivo
criado
por
um
índice
“gratuito”
como
o
ISE,
conforme
descrito
acima.
Investidores
como
a
PREVI
estão
apenas
começando
a
planejar
as
suas
necessidades
para
o
tipo
de
ferramenta
analítica
“avançadas”
que
exige
uma
pesquisa
ESG
de
boa
qualidade.
Além
disso,
os
fundos
de
pensão
e
os
gestores
de
ativos
no
Brasil
têm
um
ethos
relativamente
forte
para
o
desenvolvimento
e
uso
de
expertise
interno,
sendo
a
gestão
e
uso
de
pesquisa
externa
algo
estranho
a
essa
cultura.
A
comunidade
brasileira
de
investimento
sustentável
como
um
todo
não
alavancou
o
poder
de
compra
dos
investidores
estrangeiros
por
meio
da
sensibilização
destes
frente
às
vantagens
de
(e
possível
disponibilidade
de)
pesquisa
ESG
de
boa
qualidade
fornecida
pelos
especialistas
nacionais
com
profundo
conhecimento
local.
Estagnação
no
setor
de
gestão
de
ativos
O
Capítulo
5
descreve
o
extraordinário
surgimento
dos
fundos
SRI
no
Brasil,
começando
com
o
Fundo
Ethical
do
Banco
Real
em
2001
e
expandindo‐se
principalmente
nos
anos
de
2005
a
2007,
quando
foi
observado
um
rápido
crescimento.
Várias
questões
sugerem
que
existe
um
risco
de
estagnação
nesse
pequeno,
mas
importante
segmento
do
mercado
de
investimento
sustentável
brasileiro.
Com
US$
315
milhões,
os
dez
fundos
SRI
ainda
representam
uma
pequena
proporção
do
total
de
ativos
sob
gestão.
Por
exemplo,
o
Banco
do
Brasil
domina
o
mercado
em
termos
de
ativos
sob
gestão
que
são
investidos
em
ações,
com
mais
do
dobro
do
negócio
de
seus
dois
concorrentes
mais
próximos
juntos
(consulte
a
Figura
10,
página
16):
O
SRI
representa
apenas
0,05%
desse
negócio
(Figura
15,
página
24).
Entre
as
empresas
de
gestão
de
ativos
com
fundos
SRI,
a
“tendência
atual”
de
práticas
de
investimento
sustentável
através
das
estratégias
e
produtos
“convencionais”
parece
ser
um
tanto
limitada
(página
18).
Diversas
empresas
que
gerem
fundos
SRI
ainda
não
são
signatárias
do
UNPRI.
56
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Nenhuma
das
empresas
de
gestão
de
ativos
utiliza
analistas
ESG
em
tempo
integral,
e
cinco
delas
não
possuem
analistas
ESG
sequer
em
regime
de
meio
expediente.
Apesar
dos
diversos
novos
estreantes
no
mercado
desde
o
lançamento
do
ISE,
a
participação
de
mercado
no
nicho
SRI
continua
a
ser
dominada
pelos
antigos
pioneiros,
Banco
Real
(hoje
Santander)
e
Banco
Itaú,
cada
um
controlando
cerca
de
40%
do
total
de
ativos
líquidos
SRI
(Figura
12,
página
21).
Os
dez
fundos
SRI
são
todos
produtos
de
“primeira
geração”
que
são
semelhantes
entre
si
em
termos
de
caracter[isticas
de
sustentabilidade
(página
23)
e
desempenho
financeiro
(Figuras
13
e
14).
Quase
não
tem
havido
inovação
de
produtos
(tanto
em
relação
às
estratégias
de
alpha‐seeking
de
ESG
quanto
às
estratégias
de
grande
impacto
no
desenvolvimento
social/ambiental),
desde
que
o
Banco
Real,
Banco
Itaú
e
o
ISE
forneceram
a
“receita”
a
ser
seguida
por
outros.
O
apetite
do
varejo
por
esses
produtos
de
sustentabilidade
um
tanto
homogêneos
parece
ter
começado
a
se
arrefecer
na
metade
de
2007,
embora
isso
obviamente
coincida
com
o
recente
declínio
no
apetite
de
varejo
para
produtos
de
renda
variável
em
geral.
Essa
possível
estagnação
é
exacerbada
pelo
isolamento
relativo
dos
gestores
de
ativos
da
principal
força
motriz
de
investimento
sustentável
no
Brasil
hoje;
isto
é,
a
PREVI
e
os
outros
fundos
de
pensão
signatários
do
UNPRI.
Os
fundos
de
pensão
gestionam
suas
carteiras
internamente
e,
até
recentemente,
tem
havido
pouca
ou
nenhuma
transferência
de
know‐how
ou
intercâmbio
de
ideias
entre
os
fundos
de
pensão
e
os
gestores
de
ativos,
como
o
Banco
Real
(hoje
Santander
Asset
Management)
que
foi
o
pioneiro
do
SRI
no
Brasil
e
desenvolveu
capacidade
de
pesquisa
interna.
Envolvimento
limitado
de
investidores
de
portfólio
estrangeiros
O
ISE
e
o
movimento
de
investimento
sustentável
do
Brasil
em
geral
parecem
ainda
não
ter
atraído
a
atenção
dos
investidores
estrangeiros
ou
dos
investidores
em
ADRs
brasileiros
(página
11).
Com
algumas
exceções
(como
a
participação
colaborativa
na
questão
do
trabalho
forçado)
(página
32),
os
investidores
estrangeiros
têm
tido
relativamente
pouco
envolvimento
ativo
nas
atividades
de
investimento
sustentável
do
Brasil,
principalmente
desde
a
“perda”
do
Brazil
Equity
Fund
do
Banco
ABN
AMRO,
registrado
em
Luxemburgo
(página
29).
Em
parte,
isso
reflete
o
fato
de
o
investimento
sustentável
estar
apenas
agora
começando
a
amadurecer
no
Brasil
e
ainda
ser
um
conceito
relativamente
novo
para
a
maioria
dos
investidores
estrangeiros
em
mercados
emergentes.
Contudo,
também
se
destaca
a
ausência
de
uma
estratégia
coordenada
de
marketing
internacional
por
parte
de
todos
os
envolvidos
na
comunidade
brasileira
de
investimento
sustentável.
Fragmentação
e
sobreposição
das
redes
SRI
O
Unibanco,
o
Santander
e
o
HSBC
são
membros
do
LASFF
e
da
Rede
PRI‐Brasil,
com
as
duas
últimas
empresas
desempenhando
um
papel
particularmente
ativo.
Por
outro
lado,
existe
pouca
ou
nenhuma
interação
ou
sobreposição
de
filiação
entre
o
LASFF
e
a
rede
UNPRI
no
Brasil.
Até
há
bem
pouco
tempo,
as
duas
redes
pareciam
ter
tido
relativamente
pouco
em
comum
e,
de
certo
modo,
elas
são
concorrentes
em
termos
de
número
de
membros
e
influência.
No
momento,
a
Rede
PRI‐Brasil
parece
ter
significativamente
mais
impulso
do
que
o
LASFF.
Recomendações
Atualizar
o
modelo
comercial
de
negócios
do
ISE
A
BM&F
Bovespa
e
a
CES‐FGV
devem
considerar
mudanças
no
modelo
comercial
de
negócios
do
ISE
que:
incentivem
os
investidores
(gestores
de
ativos
e
fundos
de
pensão)
a
começarem
a
internalizar
os
custos
do
investimento
sustentável;
e
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
57
forneçam
estrutura
para
a
melhoria
contínua
da
metodologia
do
ISE,
para
promoção
e
marketing
internacional,
e
para
o
possível
desenvolvimento
de
novos
produtos
como
a
ideia
de
um
índice
regional.
A
fundamentação
lógica
para
a
mudança
do
modelo
comercial
de
negócios
do
ISE
seria
a
seguinte:
Redução
da
dependência
financeira
do
índice
por
parte
das
empresas,
para
eliminar
o
risco
de
conflitos
de
interesse.
Criação
de
renda
vinculada
ao
valor
fornecido
pelo
índice
aos
investidores,
e
não
ao
número
de
empresas
existentes
no
índice.
Alocação
de
mais
recursos
para
fins
de
marketing
e
promoção,
principalmente
em
nível
internacional
(aumentando
assim
o
valor
da
marca
do
ISE
para
empresas).
Criação
de
incentivos
para
encontrar
canais
comerciais
para
o
banco
de
dados
subjacente
e
o
banco
de
conhecimento
mantido
pelo
CES‐FGV.
Remoção
do
risco
que
o
índice
poderia
estar,
involunatariamente,
impedindo
o
progresso
ao
distorcer
o
mercado
comercial
para
produtos
de
pesquisa
complementares
e
serviços
de
rating.
A
taxa
de
avaliação
atualmente
paga
pelas
empresas
‘que
solicitam’
o
ingresso
no
índice
poderia
ser
reduzida
ou
removida
por
completo
(a
taxa
de
licenciamento
paga
pelas
empresas
do
ISE
pelo
direito
de
uso
do
logotipo
deveria
provavelmente
ser
mantida).
Os
nomes
e
os
pesos
de
cada
empresa
no
portfólio
do
ISE
têm
sempre
sido
divulgados
no
domínio
público,
do
mesmo
modo
que
todos
os
índices
da
BM&F
Bovespa.
Uma
mudança
disso
agora
pode
ser
contraproducente,
além
de
nada
prático.
Contudo,
alguns
tipos
de
estruturas
de
taxas
poderiam
ser
organizados
em
fases
para
os
gestores
de
ativos
que
atualmente
utilizam
o
ISE,
para
fins
de
gestão
e
comercialização
dos
produtos
SRI
existentes
.No
nível
mais
básico,
poderia
ser
uma
taxa
de
licenciamento
referente
ao
direito
de
uso
do
nome
e
do
logotipo
do
ISE
em
prospectos
dos
fundos,
fichas
descritivas
e
materiais
referentes
a
marketing,
talvez
com
uma
simples
escala
baseada
no
valor
do
ativo
líquido
(NAV).
Para
os
fundos
existentes
baseados
no
ISE
(e
considerando
as
condições
do
mercado
atual),
pode
ser
apropriado
promover
um
ajuste
voluntário
em
2009
e
2010,
quanto
ao
entendimento
de
que
as
contribuições
serão
repassadas
ao
BRASIF
(consulte
as
páginas
61
a
64).
Ajustes
mais
robustos
poderiam
ser
desenvolvidos,
assim
que
os
gestores
de
ativos
começarem
a
desenvolver
novos
fundos
SRI,
sob
condições
econômicas
mais
favoráveis.
Utilizar
melhor
os
dados
do
ISE
Existem
provavelmente
diversas
maneiras
de
se
criar
canais
comerciais
para
o
banco
de
dados
do
ISE
mantido
pela
CES‐FGV,
assim
como
possíveis
barreiras
a
entrada
nesse
mercado.
A
melhor
maneira
de
explorar
essas
possibilidades
é
deixar
que
empreendedores
a
testem,
ao
mesmo
tempo
em
que
também
se
observam
as
lições
que
podem
ser
aprendidas
de
outros
mercados.
As
opções
podem
incluir:
Um
produto
de
classificação
solicitada
de
ESG
ou
RSE;
isto
é,
empresas
pagam
para
serem
classificadas
por
uma
empresa
independente
e
conseguem
depois
usar
essa
classificação/relatório
em
suas
relações
com
investidores
e
nas
relações
públicas
em
geral.
Exemplos
incluem
o
recente
trabalho
da
Reputex
na
China,
e
o
negócio
europeu
de
classificações
solicitadas
da
firma
francesa
Vigeo.
Um
banco
de
dados
on‐line
com
séries
históricas
de
indicadores
GRI.
Teoricamente,
as
empresas
pagariam
para
ter
suas
informações
nesse
banco
de
dados
(como
uma
maneira
de
58
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
lidar
com
a
fadiga
do
questionário)
e
os
analistas
de
investimentos
pagariam
para
acessá‐lo.
A
Bolsa
de
Valores
de
Londres
desenvolveu
um
produto
semelhante
(Corporate
Responsibility
Exchange)
há
muitos
anos.
Apesar
de
o
formato
particular
do
negócio
não
ter
tido
sucesso
comercial
naquele
momento,
ele
pode
fornecer
lições
e
ideias
úteis.
Um
empreendimento
conjunto
ou
um
arranjo
semelhante
entre
o
CES‐FGV
e
um
centro
de
pesquisa
ESG
na
Europa
ou
América
do
Norte.
O
CES‐FGV
poderia
licenciar
seu
banco
de
dados
para
o
centro
de
pesquisa,
que
conseguiria
então
oferecer
uma
cobertura
bem
melhor
das
ações
brasileiras
para
seus
produtos
padronizados
e
para
a
pesquisa
personalizada.
O
Índice
SRI
da
Bolsa
de
Valores
de
Joanesburgo,
onde
o
provedor
de
dados
é
a
firma
EIRIS,
com
sede
no
Reino
Unido,
pode
fornecer
algumas
lições
e
ideias
úteis
nesse
aspecto.
A
PREVI
comentou
que
precisa
de
ferramentas
que
ultrapassem
a
triagem
de
entrada/saída
representada
pelo
ISE
(página
11
e
26).
Ela
precisa
conseguir
visualizar
em
detalhes
as
empresas
baseadas
em
questões
de
ESG
e
realizar
comparações
horizontais
entre
empresas
e
setores.
Nesse
sentido,
os
fundos
de
pensão
do
UNPRI
podem
ser
o
principal
público
inicial
para
novos
produtos
de
informação,
com
base
no
banco
de
dados
subjacente
e
no
banco
de
conhecimento
que
o
CES‐FGV
criou,
por
ser
o
provedor
de
dados
do
ISE
desde
2005.
Conforme
abordado
na
página
12,
o
Grupo
de
Trabalho
de
Integração
da
Rede
PRI‐Brasil
está
examinando
os
indicadores
de
ESG
mais
relevantes
e
materiais
para
investidores
no
Brasil,
e
está
sendo
considerada
a
elaboração
de
um
questionário
conjunto
que
os
fundos
de
pensão
do
PRI
enviarão
às
empresas
brasileiras.
A
relação
entre
essa
iniciativa
e
o
ISE
não
está
clara
no
momento.
O
esclarecimento
dessa
questão
também
será
importante
para
passar
adiante
a
ideia
de
que
uma
melhor
utilização
do
banco
de
dados
do
ISE
pode
ser
possível.
Criar
um
mercado
comercial
para
pesquisa
ESG
O
principal
mecanismo
para
criação
de
um
ambiente
de
negócios
que
favoreça
os
provedores
comerciais
de
pesquisa
ESG
e
SRI
consiste
na
atualização
do
modelo
comercial
de
negócios
do
ISE
e
na
exploração
do
valor
latente
do
banco
de
dados
subjacente
do
mesmo,
conforme
acima
abordado.
Isso
envolve
uma
grande,
mas
necessária
mudança
de
mentalidade:
os
custos
de
investir
de
modo
sustentável
devem
ser
internalizados
para
impulsionar
a
próxima
fase
de
progresso.
Esses
custos
devem
ser
considerados
um
investimento
no
futuro
e
não
apenas
um
custo
indireto.
A
disposição
de
realizar
essa
mudança
na
forma
de
pensar
e
na
prática
é
um
teste
importante
do
compromisso
do
Brasil
com
o
investimento
sustentável,
principalmente
em
relação
à
possibilidade
de
um
novo
apoio
por
parte
das
DFIs.
Também
devem
ser
consideradas
as
iniciativas
complementares
que
ajudariam
a
incentivar
a
pesquisa
ESG
e
agências
de
rating.
Por
exemplo,
competitições
empresariais
poderiam
ser
criadas
para
estimular
o
surgimento
de
boa
pesquisa.
A
Enhanced
Analytics
Initiative
(recentemente
absorvida
pelo
UNPRI)
e
o
projeto
“Materialidade”
de
2004‐2005
da
UNEPFI
fornecem
os
modelos
que
podem
ser
adaptados
nesse
aspecto.
Desenvolver
capital
humano
Existe
provavelmente
menos
de
uma
dúzia
de
indivíduos
no
Brasil
no
momento
com
experiência
prática
substancial
em
análise
ESG
e
gestão
de
portfólio
SRI.
Esses
especialistas
encontram‐se
localizados
principalmente
nos
ramos
de
gestão
de
ativos
de
organizações
como
Santander,
Votorantim
e
HSBC.
Essas
organizações
também
possuem
conhecimento
especializado
relevante
em
suas
unidades
de
banco
de
atacado
e
financiamento
de
projetos,
como
resultado
de
iniciativas
como
os
Princípios
do
Equador.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
59
Existe,
portanto,
bastante
assimetria
entre
o
capital
humano
e
o
capital
financeiro
em
termos
de
investimento
sustentável.
O
capital
humano
encontra‐se
localizado
principalmente
em
gestores
de
ativos,
enquanto
o
capital
financeiro
encontra‐se
localizado
principalmente
em
fundos
de
pensão;
não
existe
muita
interação
e
o
capital
humano
está.
Este
relatório
já
enfatizou
a
necessidade
de
uma
maior
cooperação
em
termos
de
investimento
sustentável
entre
os
fundos
de
pensão
do
Brasil
e
os
principais
gestores
de
ativos.
O
desenvolvimento
do
capital
humano
pode
ser
parte
disso;
por
exemplo,
por
meio
de
workshops
conjuntos
ou
até
de
cessão
de
equipes.
Isso
poderia
ser
feito
em
uma
base
nacional
apenas
(entre
organizações
brasileiras)
ou
em
uma
base
internacional
mutuamente
benéfica
(por
exemplo,
com
as
contrapartes
europeia
e
norte‐americana
e/ou
com
DFIs
como
o
IFC).
Pode
ser
útil
preparar
um
inventário
do
capital
humano
existente
e
fazer
um
levantamento
das
principais
organizações
sobre
suas
necessidades
atuais
e
futuras.
Oportunidades
de
treinamento
e
emprego
podem
ser
anunciadas
em
websites
relevantes,
e
planos
apropriados
para
treinamento
e
qualificações
podem
ser
desenvolvidos
com
organizações
como
a
Escola
de
Administração
da
FGV,
a
APIMEC
e
outras
instituições.
O
desenvolvimento
do
capital
humano
com
outros
atores
do
mercado
também
pode
ser
útil.
Por
exemplo,
pode
ser
interessante
realizar
workshops
ou
seminários
com
representantes
da
CVM,
com
o
Instituto
Brasileiro
de
Relações
com
Investidores
(IBRI)
e
stakeholders
similares.
Implementar
uma
estratégia
internacional
A
comunidade
de
investimento
sustentável
do
Brasil
deve
desenvolver
uma
estratégia
de
cooperação
técnica
e
de
comunicação
internacional
com
os
seguintes
objetivos:
Aumentar
o
perfil
internacional
do
ISE
e
das
empresas
do
ISE
(em
cooperação
com
a
BM&F
Bovespa)
Ajudar
os
investidores
internacionais
tradicionais
a
entender
a
importância
das
questões
ESG
no
Brasil
e
mostrar
os
recursos
que
encontram‐se
disponíveis
para
ajudá‐los.
Incentivar
os
investidores
internacionais
de
sustentabilidade
a
investirem
no
Brasil
e
a
desenvolverem
produtos
semelhantes
ao
antigo
Brazil
Equity
Fund
do
ABN
AMRO,
abordado
na
página
29.
Intercambiar
notícias,
informações,
novas
pesquisas
e
inteligência
de
mercado.
Tal
estratégia
deve
focar
uma
variedade
selecionada
de
atores
estrangeiros,
incluindo
investidores
institucionais,
consultores
de
investimentos,
gestores
de
ativos
e
provedores
de
pesquisa
SRI.
A
estratégia
deve
tratar
das
barreiras
do
idioma
abordadas
na
página
49
e
ajudar
a
fornecer
um
único
ponto
focal
para
acesso
internacional
a
informações
relevantes
de
inúmeras
fontes
e
organizações
brasileiras.
Além
de
um
website
de
boa
qualidade
e
um
representante
bilíngue,
essa
estratégia
poderia
incluir:
Uso
de
blogs.
Boletins
informativos
mensais
ou
trimestrais/boletins
eletrônicos.
Relatórios
anuais
ou
bienais
sobre
o
estado
do
investimento
sustentável
no
Brasil
(semelhante
aos
relatórios
anuais
do
Eurosif
sobre
SRI
na
Europa,
e
talvez
considerando
este
relatório
da
TERI‐Europe
como
um
ponto
de
partida
para
atualizações
futuras).
Participação
em
redes
internacionais
relevantes
e
também
no
UNPRI,
além
do
comparecimento
regular
em
conferências
no
exterior.
Eventos
do
mercado
de
capitais/apresentações
de
analistas
sobre
investimento
sustentável
no
Brasil.
Levantamentos
anuais
ou
bienais
de
opinião
e/ou
atividades
de
investidores
institucionais
estrangeiros,
em
relação
ao
investimento
sustentável
no
Brasil.
60
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Investir
em
pesquisa
e
desenvolvimento
Este
relatório
identifica
diversas
áreas
onde
existem
significativas
e
importantes
lacunas
de
informação.
Em
ordem
de
(provável)
prioridade,
os
quatro
principais
temas
que
merecem
investigação
mais
detalhada
são:
1.
Mapeamento
das
questões
ESG
No
momento,
não
existe
uma
única
fonte
que
forneça
(e
atualize)
uma
síntese
amigável
aos
investidores
das
principais
questões
ESG
relevantes
na
geração
de
valor
ao
acionista
nos
principais
setores
econômicos
do
Brasil
(página
4).
Esses
setores
são
serviços
financeiros;
petróleo
e
gás;
mineração;
aço;
serviços
de
utilidade
pública;
telecomunicações
e
transporte
(consulte
a
Figura
1).
Papel
&
Celulose,
junto
com
biocombustíveis,
devem
provavelmente
também
ser
adicionados
à
lista.
O
IFC
está
atualmente
patrocinando
um
exercício
de
mapeamento
semelhante
sobre
o
mercado
indiano
por
parte
do
Instituto
de
Recursos
Mundiais
(WRI),
e
isso
pode
fornecer
um
modelo
ao
tipo
de
pesquisa
aqui
sugerido.
LASFF
e
APIMEC
já
desenvolveram
materiais
relevantes
em
três
setores
(página
46),
que
também
podem
fornecer
um
valioso
fundamento
básico
para
essa
atividade.
Entre
outras
coisas,
tal
exercício
de
mapeamento
de
ESG
deve
prestar
atenção
especial
à
mudança
climática,
principalmente
às
implicações
econômicas
e
comerciais
do
Plano
Nacional
do
Brasil
sobre
Mudança
Climática
recentemente
publicado
(consulte
o
Apêndice
A).
2.
Uso
de
ESG
por
investidores
institucionais
estrangeiros
Atualmente,
é
difícil
formar
um
quadro
preciso
dos
estrangeiros
que
sejam
os
principais
investidores
em
ações
brasileiras,
apesar
de
dados
sólidos
estarem
disponibilizados
publicamente
em
relação
aos
ADRs.
Nos
dois
casos,
informações
sobre
a
extensão
até
onde
tais
investidores
levam
em
conta
as
considerações
de
ESG
de
um
modo
ou
de
outro
são
bastante
aleatórias
(Capítulo
7).
Outros
estudos
para
responder
esse
tipo
de
questão
teriam
provavelmente
sinergia
com
o
trabalho
do
UNPRI,
assim
como
o
Relatório
da
Mercer
Investment
Consultants
(encomendado
pelo
IFC)
sobre
práticas
de
ESG
dos
principais
gestores
de
ativos
do
mundo
em
mercados
emergentes.
Juntamente
com
o
projeto
sugerido
de
“Mapeamento
de
ESG”,
essa
pesquisa
seria
bastante
importante
para
a
estratégia
internacional
descrita
anteriormente.
3.
Práticas
de
divulgação
de
dados
não‐financeiros
Conforme
abordado
no
Capítulo
9,
as
empresas
brasileiras
possuem
boa
e
cada
vez
melhor
divulgação
voluntária
de
dados
não‐financeiros,
sob
a
forma
de
relatórios
anuais
de
sustentabilidade
(seguindo
basicamente
as
diretrizes
do
GRI)
e
do
número
(se
não
necessariamente
da
qualidade)
de
respostas
ao
Projeto
de
Divulgação
sobre
Emissão
de
Carbono
(CDP).
Por
outro
lado,
essas
atividades
ainda
parecem
ser
deturpadas
pelos
objetivos
de
relações
públicas
e
não
pela
governança
dos
riscos
materiais
relacionados
aos
fatores
ESG
(por
exemplo,
consulte
as
observações
sobre
Sustentabilidade
na
página
43).
Esta
impressão
é
reforçada
por
uma
revisão
rápida
dos
prospectos
de
IPO
e
apresentações
de
demonstrativos
do
Formulário
6‐K
junto
a
SEC
(páginas
39‐40).
Comprovadamente,
o
recomendável
agora
seria
tirar
proveito
dos
pontos
fortes
da
prática
atual
e
fazer
progresso
nas
lacunas
restantes
ao
institucionalizar
a
divulgação
não‐financeira
por
meio
de
algum
tipo
de
código
formal.
Isso
reforçaria
o
tipo
de
liderança
de
governança
corporativa
representada
pelo
Novo
Mercado,
e
seria
necessário
levar
em
conta:
as
melhores
práticas
emergentes
como
ilustrado
pela
recente
declaração
da
ICGN
(página
39)
e
medidas
relacionadas
tomadas
pelas
bolsas
de
valores
em
outros
mercados
como
a
Austrália
(página
40);
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
61
o
possível
arcabouço
com
relação
à
divulgação
da
mudança
climática
de
acordo
com
as
normas
da
CVM
dos
EUA
(página
39);
as
expectativas
para
uma
eventual
recuperação
na
atividade
de
IPO
(ver
Apêndice
A
para
informações
sobre
obtenção
de
capital
antes
da
crise
econômica
global
atual).
Contudo,
são
necessárias
novas
pesquisas
sobre
a
linha
de
base
atual
para
avaliar
o
potencial
de
tal
tipo
de
iniciativa.
O
ponto
inicial
deve
ser
provavelmente
uma
revisão
detalhada
do
tratamento
dos
riscos
ESG
nas
apresentações
de
demonstrativos
obrigatórios
e
nos
prospectos
recentes
de
IPO,
talvez
em
conjunto
com
uma
pesquisa
sobre
as
visões
do
buy
side
internacional
e
brasileiro
sobre
esse
assunto.
4.
Oportunidades
de
HNWI
A
crescente
população
brasileira
com
patrimônio
líquido
elevado
forma
um
mercado
de
gestão
de
fortunas
superior
a
US$
1
trilhão.
Embora
as
tendências
de
“investimento
verde”
no
mercado
de
HNWI
tenham
sido
pesquisadas
em
um
nível
global
(pela
CapGemini
e
Merrill
Lynch),
não
há
informações
detalhadas
sobre
esse
nicho
de
mercado
no
Brasil
(página
36).
Uma
suposição
fundamentada
é
de
que
o
investimento
sustentável
de
HNW
em
ações
no
Brasil
pode
ser
de
cerca
de
US$
70
bilhões.
Para
fins
de
comparação,
o
valor
total
das
ações
em
posse
do
varejo
é
de
cerca
de
US$
110
bilhões
(página
19),
e
seu
componente
de
sustentabilidade
é
de
apenas
US$
315
milhões
e
parece
estar
estagnando
(página
23).
Como
os
fundos
de
pensão
brasileiros
com
mais
interesse
em
investimento
sustentável
tendem
a
usar
gestão
interna
(página
25),
o
mercado
de
HNWI
provavelmente
representa
a
melhor
oportunidade
para
os
gestores
de
ativos
do
Brasil
expandirem
seu
leque
de
produtos
de
investimento
sustentável
e
consequente
participação
de
mercado.
Para
estimular
o
pensamento
competitivo
com
relação
a
este
tema,
pode
ser
útil
realizar
uma
pesquisa
de
mercado
nessa
área
na
linha
do
realizado
no
mercado
europeu
pelo
EUROSIF
(página
36).
Essa
pesquisa
pode
ser
combinada
a
uma
pesquisa
de
opinião
pública
direcionada
sobre
“consumismo
financeiro
verde”,
com
base
na
pesquisa
da
National
Geographic/GlobeScan
(página
49).
Promover
a
concorrência
e
a
inovação
Além
da
pesquisa
de
mercado
descrita
acima,
podem
ser
tomadas
outras
medidas
para
estimular
a
concorrência
e
inovação
entre
os
gestores
de
ativos
SRI
do
Brasil
assim
que
melhorarem
as
condições
econômicas.
Uma
das
possibilidades
mais
óbvias
é
encorajar
uma
melhor
diferenciação
entre
produtos
rivais
com
relação
às
suas
credenciais
de
sustentabilidade
bem
como
seu
desempenho
financeiro.
Por
exemplo,
a
Trucost,
organização
de
pesquisa
ambiental
internacional
sediada
em
Londres,
realiza
uma
classificação
anual
de
fundos
de
investimento
do
Reino
Unido
com
base
em
suas
emissões
de
carbono,
permitindo
que
investidores
e
outros
atores
comparem
investimentos
com
base
na
questão
13
ambiental .
A
firma
também
estendeu
recentemente
esse
tipo
de
análise
aos
fundos
australianos
e,
com
o
suporte
do
IFC,
aos
fundos
emergentes
asiáticos.
Pesquisas
desse
tipo
no
Brasil
podem
produzir
resultados
muito
úteis.
Outro
caminho
possivelmente
adequado
ao
Brasil
no
médio
prazo
é
ilustrado
pelas
Diretrizes
de
Transparência
do
Eurosif.
As
diretrizes
focam
os
fundos
SRI
de
forma
a
aumentar
a
prestação
de
contas
aos
consumidores.
Lançadas
em
novembro
de
2004
com
o
apoio
da
Comissão
Europeia,
em
abril
de
2008
já
havia
cerca
de
50
signatários,
representando
mais
de
140
fundos
SRI.
13
Contagens
de
carbono
2007:
A
Classificação
de
Pegadas
de
Carbono
dos
Fundos
de
Investimento
do
Reino
Unido
(Trucost,
2007)
62
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
O
Eurosif
criou
um
logotipo
específico
para
as
Diretrizes
de
Transparência
que
pode
ser
usado
pelos
signatários,
desde
que
suas
respostas
às
Diretrizes
tenham
sido
atualizadas
e
revisadas
pelo
Fórum
de
Investimentos
Sociais.
Os
signatários
devem
divulgar
informações
sobre
várias
perguntas,
incluindo:
Como
o
fundo
define
o
Investimento
Socialmente
Responsável
(SRI)?
Quais
são
os
critérios
SRI
do
fundo?
Qual
é
a
metodologia
e
o
processo
de
pesquisa
SRI?
Como
são
os
resultados
da
pesquisa
integrados
no
processo
de
investimento?
Qual
é
a
política
e
o
procedimento
de
desinvestimento
no
que
se
refere
ao
SRI?
Quais
são
os
métodos
de
engajamento
empregados?
Qual
atividade
de
engajamento
foi
realizada
em
nome
do
fundo
no
ano
passado?
O
fundo
tem
uma
política
de
votação?
E
essas
práticas
de
votação
são
divulgadas?
Quais
das
ações
de
votação
ocorridas
estavam
relacionadas
aos
critérios
de
fundos
SRI?
Promover
produtos
e
estratégias
de
sustentabilidade
de
“segunda
geração”
por
meio
de
competição
e
inovação
entre
os
gestores
de
ativos
do
Brasil
também
traria
comprovadamente
benefícios
significativos
para
os
fundos
de
pensão
signatários
do
PRI.
Conforme
observado
anteriormente,
a
PREVI
e
outros
signatários
líderes
do
UNPRI
têm
dependido
historicamente
de
analistas
internos
e
gestores
de
portfólio,
e
tem
havido
poucas
oportunidades
de
aproveitar
a
experiência
de
SRI
dos
gestores
de
ativos
externos.
Ao
trabalharmos
juntos
em
um
contexto
mais
cooperativo,
contudo,
podemos
desenvolver
parcerias
criativas.
Por
exemplo,
um
fundo
de
pensão
(ou
consórcio
de
fundos
de
pensão)
pode
considerar
a
opção
de
colocar
um
mandato
relativamente
pequeno
(digamos,
US$
100
milhões)
nas
mãos
de
um
gestor
externo
como
um
exercício
piloto
de
aprendizagem
estratégica
.
O
edital
convidaria
os
gestores
de
ativos
a
apresentarem
estratégias
inovadoras
de
“segunda
geração”
(por
exemplo,
com
base
na
engajamento,
otimização
de
emissões
de
carbono
ou
líderes
de
sustentabilidade).
Esse
tipo
de
mandato
pode
estimular
um
alto
nível
de
concorrência
e
inovação,
tanto
entre
as
firmas
de
gestão
de
ativos
quanto
internamente
entre
os
gestores
de
portfólio
internos.
Organizar
para
o
sucesso
Por
vários
motivos,
2009
é
um
ano
importante
na
história
do
desenvolvimento
e
evolução
do
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil.
Nos
últimos
dez
anos
ou
mais,
temos
visto
vários
elementos
fundamentais
se
encaixando
e
o
mercado
atingiu
um
novo
nível
de
maturidade
e
aceitação
geral.
Novos
riscos
e
oportunidades
estão
por
vir.
A
forma
como
a
comunidade
de
investimento
sustentável
se
adapta
a
esses
riscos
e
oportunidades
em
2009‐2010,
em
meio
a
condições
econômicas
difíceis,
provavelmente
moldarão
seu
mercado
no
mínimo
pelos
próximos
cinco
anos.
As
questões
que
precisam
ser
tratadas
(e
suas
soluções
potenciais)
estão
inter‐relacionadas
e,
em
grande
parte,
interdependentes.
Uma
visão
estratégica
é
portanto
necessária.
O
caminho
ideal
envolve
uma
série
de
ações
associadas
e
mutuamente
sinérgicas
que,
combinadas,
irão:
ajudar
os
fundos
de
pensão
do
Brasil
a
cumprir
seus
objetivos
com
o
UNPRI
de
uma
forma
custo‐eficiente;
encorajar
e
capacitar
os
gestores
de
ativos
do
Brasil
a
desenvolver
produtos
de
investimento
sustentável
de
“segunda
geração”
para
seus
clientes,
especialmente
no
mercado
de
varejo
e
de
HNWI;
destravar
o
potencial
latente
de
investimento
estrangeiro
sustentável.
As
recomendações
deste
relatório
formam
os
principais
elementos
desse
conceito
de
desenvolvimento
estratégico.
Essa
visão
estratégica
destaca
a
necessidade
da
comunidade
de
investimento
sustentável
do
Brasil
de
melhorar
sua
organização.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
63
O
Fórum
Latino‐Americano
de
Finanças
Sustentáveis
(LASFF)
tem
tido
um
papel
importante
desde
sua
criação
em
2006
e
sua
contribuição
significativa
merece
reconhecimento.
Contudo,
o
LASFF
não
foi
criado
como
entidade
análoga
a
organizações
como
o
Fórum
de
Investimento
Social
do
Reino
Unido
(UKSIF)
ou
Eurosif,
vitais
para
o
amadurecimento
dos
mercados
de
investimento
sustentável
em
outras
partes
do
mundo.
O
momento
agora
pode
ser
o
ideal
para
criar
uma
organização
desse
tipo
para
representar
e
apoiar
o
setor
multimilionário
de
investimentos
sustentáveis
do
Brasil.
Uma
opção
pode
ser
criar
um
Fórum
Brasileiro
de
Investimento
Sustentável
(BRASIF).
Esse
conceito
é
descrito
no
Quadro
abaixo
e
precisaria
unificar
os
interesses
da
Rede
PRI‐BRASIL,
dos
gestores
de
fundos
SRI
e
do
ISE.
Possível
conceito
de
um
Fórum
Brasileiro
de
Investimento
Sustentável
(BRASIF)
O
foco
geográfico
deve
ser
exatamente
no
Brasil,
não
na
região.
Outras
economias
na
região
estão
muito
atrás
do
Brasil
com
relação
a
investimento
sustentável;
dadas
as
importantes
necessidades
do
próprio
Brasil,
outras
organizações
como
UNEPFI
e
IFC
devem
assumir
a
liderança
e
estimular
o
investimento
sustentável
nesses
países.
O
Brasil
deve,
é
claro,
continuar
a
apoiar
a
conscientização
regional
e
a
capacitação
nesse
assunto
na
medida
do
possível,
especialmente
com
relação
a
fatores
de
investimento
sustentável
que
tenham
relevância
internacional
como
mudança
climática,
desenvolvimento
de
infraestrutura
regional
e
multinacionais
brasileiras.
Os
segmentos
foco
devem
ser
o
investimento
institucional,
de
varejo
HNWI
nas
empresas
negociadas
em
bolsa,
expandindo
como
e
quando
apropriado
para
incluir
outras
classes
de
ativos
que
sejam
importantes
para
investidores
institucionais
(como
investimentos
em
capital
empreendedor,
imóveis
e
títulos
privados).
Finanças
Sustentáveis
e
os
Princípios
do
Equador
já
são
bem
servidos
por
organizações
como
FEBRABAN,
UNEPFI
e
IFC.
O
BRASIF
poderia
ser
uma
entidade
legal
separadamente
constituída
como
uma
associação
sem
fins
lucrativos,
com
um
corpo
de
conselheiros
eleito
e
um
diretor
executivo
em
tempo
integral;
idealmente,
o
fórum
teria
sede
própria
e
uma
pequena
equipe
lidando
com
assuntos
administrativos
e
de
comunicação.
O
Fórum
de
Investimento
Social
dos
EUA,
UKSIF
e
ASrIA,
todos
fornecem
bons
modelos
que
podem
ser
adaptados
pelo
BRASIF.
A
“geminação”
com
uma
organização
como
o
UKSIF
ou
o
Fórum
de
Investimento
Social
dos
EUA
pode
ser
muito
valiosa.
Essa
abordagem
ajudaria
o
BRASIF
a
aprender
com
os
sucessos
(e
erros)
de
outras
organizações
afiliativas
de
investimento
sustentável.
Além
disso,
forneceria
um
excelente
mecanismo
para
elevar
o
perfil
do
Brasil
com
investidores
estrangeiros
em
sustentabilidade.
O
BRASIF
precisaria
ser
um
agente
de
cooperação
entre
os
fundos
de
pensão
do
Brasil
e
os
principais
gestores
de
ativos,
que
até
o
momento
atuaram
principalmente
em
círculos
separados
no
que
diz
respeito
a
investimento
sustentável.
O
PRI
seria
uma
parte
muito
importante
da
agenda
do
BRASIF
e
deveria
haver
um
relacionamento
de
trabalho
próximo
com
a
Rede
PRI‐Brasil.
UNPRI
e
UNEPFI
recrutaram
um
coordenador
PRI
em
regime
de
meio
expediente,
sediado
no
Brasil,
e
poderia
ser
levado
em
conta
um
compartilhamento
de
local.
O
BRASIF
continuaria
com
as
metas
definidas
no
LASFF
e
seria
a
principal
força
motora
e
monitor
da
visão
de
desenvolvimento
estratégico
que
é
resultado
das
propostas
neste
relatório.
Entre
as
prioridades
específicas
e
os
possíveis
projetos
estão:
Promover
um
mercado
comercial
de
pesquisa
das
questões
de
ESG;
Desenvolvimento
de
capital
humano;
Estratégia
de
participação
internacional
e
marketing
do
Brasil
no
exterior;
Pesquisa
e
desenvolvimento
sobre
questões
de
interesse
comum
dos
membros;
e
Promover
produtos
e
estratégias
de
sustentabilidade
de
“segunda
geração”
por
meio
de
competição
e
inovação
entre
os
gestores
de
ativos
do
Brasil.
O
apoio
moral
(e
possivelmente
também
financeiro)
de
DFIs
como
IFC,
BID
e
BNDES
ajudariam
a
refinar
e
implementar
essa
visão
de
desenvolvimento
estratégico.
No
caso
do
BNDES,
a
participação
também
é
relevante
na
visão
dos
próprios
investimentos
significativos
da
BNDESPAR
em
empresas
com
ações
em
bolsa.
Uma
opção
podia
ser
a
BRASIF
ter
algum
tipo
de
Grupo
de
Interface
com
DFIs,
composto
de
bancos
de
desenvolvimento
e
membros‐chave
do
BRASIF,
para
fornecer
uma
infraestrutura
informal
para
esse
tipo
de
interação
e
apoio
potencial.
64
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura
23:
Possível
esquema
de
financiamento
do
BRASIF
OF*P.J'-'
&6567,?-&'
*#A-&@$%?-&'#<%'
)-$-'F)*'M?,&67' &6C#,>Q?6%&'$%'
.5;?-&,&'*(.' 0RF)*'
/>,N,'$-'76I-#G,'
;,?,'"&%'$%'
7%C%@;%:'
!"#$%&'()*'
+,&-,$%&'#%'*(.' Taxas Receita Doação
/0(1234' MPS!'
!"#$%&'
56789-&:'' MTL.(FO'
intelectual
Propriedade
Potencial
Receita
doação
!"#$%&'$-'
;-#&<%'
/0(1'24'+6789-&:'
F?%$">%&'-'
&-?A6G%&' F?%A-$%?'$-' M,#I%&'$-'
=-&>%?-&'$-' Taxas Receita
+,&-,$%&' $,$%&' $-&-#A%7A65-#>%'-'
,@A%&'
#%&'$,$%&' %">?%&';,?I-6?%&'
/0(1'B'+6789-&:'
.(=' /J.(K!=L:' ;%>-#I6,6&'
&"+H,I-#>-&'
*#A-&@$%?-&'
-&>?,#C-6?%&'
/0(1'DED'+6789-&:'
Uma
possível
desvantagem
do
conceito
BRASIF
é
que
pode
diluir
o
impulso
da
Rede
PRI‐Brasil
e,
em
especial,
levar
à
concorrência
por
taxas
de
filiação.
O
que
pesa
contra
isso,
contudo,
são
os
benefícios
significativos
de
se
ter
uma
organização
como
o
BRASIF
que
combina
a
Rede
PRI
Brasil
com
outras
organizações
brasileiras
que
não
são
signatárias
do
PRI
atualmente
(ou,
no
caso
de
associações
como
a
APIMEC,
não
estão
elegíveis
a
se
tornar
signatárias)
para
ter
um
órgão
representando
os
interesses
nacionais
do
Brasil
no
investimento
sustentável.
Soluções
improvisadas
podem
ser
possíveis
para
evitar
a
competição
por
taxas
de
filiação
de
um
modo
que
também
forneça
clareza
organizacional
e
benefícios
para
todos
os
grupos
interessados.
Uma
solução
possível
aparece
ilustrada
na
Figura
23.
São
levadas
em
conta
várias
recomendações
relacionadas
feitas
no
início
deste
capítulo,
incluindo
a
atualização
do
modelo
de
negócios
do
ISE
e
explorando
oportunidades
do
CES‐FGV
fazer
maior
uso
comercial
dos
dados
.
Esse
conceito
envolve
o
aumento
das
receitas
geradas
pelas
taxas
do
ISE
para
a
BM&F
Bovespa;
a
bolsa
de
valores
poderia
então
usar
a
renda
líquida
das
taxas
do
ISE
para
patrocinar
o
BRASIF.
Embora
ainda
seja
recomendável
que
os
membros
do
BRASIF
paguem
uma
taxa
de
filiação
(para
desencorajar
os
free
riders),
esta
taxa
pode
ser
relativamente
baixa.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
65
Finalmente,
a
maneira
correta
de
agir
do
Brasil
deve
ser
por
um
processo
de
baixo
para
cima,
orientado
pela
demanda,
em
vez
de
ser
por
meio
de
um
plano
de
cima
para
baixo
imposto
por
quem
está
de
fora.
A
análise
e
as
recomendações
deste
relatório
foram
feitas
para
serem
avaliadas
e
discutidas
por
todos
os
participantes
no
mercado
de
investimento
sustentável
do
Brasil.
A
recomendação
final
deste
relatório
é,
portanto,
sugerir
que
os
atores
relevantes
se
reúnam
em
algum
tipo
de
mesa‐redonda
para
examinar
o
progresso
feito
nos
últimos
cinco
anos
e
debater
sobre
a
direção
estratégica
e
as
necessidades
do
mercado
nos
próximos
cinco
anos
ou
mais.
Esperamos
que
este
relatório
agregue
valor
a
esse
processo.
Se
isso
vai
acontecer
e
como
vai
acontecer
dependerá
das
pessoas
certas
tomarem
a
iniciativa
de
convocarem
e
formularem
a
discussão
em
andamento.
Considerando
a
qualidade
da
liderança
do
investimento
sustentável
no
Brasil,
há
um
número
encorajador
de
candidatos
para
esse
papel.
TERI‐Europe
e
os
autores
do
relatório
estão
ansiosos
para
dar
um
feedback
e
terão
prazer
em
prestar
apoio
contínuo.
66
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
APÊNDICE A:
PERFIL
DO
PAÍS
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
67
Perfil
A
Tabela
16
fornece
informações
sobre
alguns
indicadores
de
desenvolvimento
do
Brasil.
De
acordo
com
as
estimativas
do
PIB
mundial
em
2008
feitas
pelo
FMI,
o
Brasil
é
hoje
a
décima
maior
economia
do
mundo
(Figura
24).
Caracterizada
por
amplos
e
bem
desenvolvidos
setores
agrícolas,
de
mineração,
de
produção
e
serviços,
a
economia
do
Brasil
supera
a
de
todos
os
países
da
América
do
Sul
juntos
e
está
expandindo
sua
presença
nos
mercados
mundiais.
O
Brasil
se
tornou
grau
de
investimento
no
final
de
abril
de
2008,
quando
a
Standard
&
Poor’s
atualizou
a
classificação
da
dívida
soberana
de
BB+
para
BBB‐.
A
pesquisa
Doing
Business
(Fazendo
Negócios)
anual
de
181
países
no
mundo
inteiro
do
Banco
Mundial/IFC
fornece
uma
medida
quantitativa
de
regulamentos
para
iniciar
um
negócio,
lidar
com
alvarás
de
construção,
empregar
trabalhadores,
registrar
a
propriedade,
obter
crédito,
proteger
investidores,
pagar
impostos,
realizar
comércio
internacional,
cumprir
contratos
e
encerrar
um
negócio.
O
Brasil
ficou
classificado
em
124º
lugar
entre
181
economias
na
pesquisa
de
2008
(Tabela
17).
Por
comparação,
os
outros
países
das
economias
BRIC,
Rússia,
Índia
e
China,
ficaram
classificadas
em
120º,
122º
e
83º,
respectivamente.
(Os
três
principais
países
classificados
globalmente
foram
Cingapura,
Nova
Zelândia
e
EUA).
A
Figura
25
ilustra
a
classificação
do
Brasil
na
pesquisa
Doing
Business
(Fazendo
Negócios)
e
em
vários
outros
padrões
de
referência
internacional
comumente
usados
abrangendo
fatores
como
corrupção,
desenvolvimento
humano
e
competitividade.
Figura
24:
As
20
maiores
economias
do
mundo
(fonte:
FMI)
Estados Unidos
Japão
China
Alemanha
França
Reino Unido
Itália
Rússia
Espanha
Brasil !"#$$%&$$'
Canadá
Índia
México
Austrália
Coréia
Holanda
Turquia
Polônia
Bélgica
Arábia Saudita
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
16,000
Tabela
16:
Brasil
‐
indicadores
selecionados
de
desenvolvimento;
VISÃO
MUNDIAL
População,
total
(milhões)
2007
191.60
Crescimento
da
população
(anual
%)
2007
1.2
Área
da
superfície
(km²)
(milhares)
2007
8,514.9
Taxa
de
pobreza
de
acordo
com
linha
de
pobreza
nacional
(%
da
população)
2006
25.6
PNB,
método
Atlas
(US$
atual)
(bilhões)
2007
1,133.03
PNB
per
capita,
método
Atlas
(US$
atual)
2007
5,910
PNB,
PPP
($
internacional
atual)
(bilhões)
2007
1,795.65
PNB
per
capita,
PPP
($
internacional
atual)
2007
9,370
PESSOAS
Participação
na
renda
nacional
dos
20%
mais
pobres
2005
2.9
Expectativa
de
vida
ao
nascer,
total
(anos)
2006
72
Taxa
de
mortalidade
até
os
5
anos
(a
cada
1000)
2006
20
Imunização,
sarampo
(%
de
crianças
de
12
a
23
meses)
2006
99
Matrícula
escolar,
primário
(%
líquido)
2005
94
Prevalência
de
HIV,
total
(%
de
população
de
15
a
49
anos)
2007
0.6
AMBIENTE
Área
florestal
(km²)
(milhares)
2005
4,777.0
Terra
agrícola
(%
de
área)
2005
31.2
Acesso
a
água
tratada
(%
de
população
com
acesso)
2006
91
Tratamento
de
esgoto
urbano
(%
da
população
urbana
com
acesso)
2006
84
Uso
de
energia
(kg
de
óleo
equivalente
per
capita)
2005
1,122
Emissões
de
CO2
(toneladas
métricas
per
capita)
2005
1.8001
Consumo
de
energia
elétrica
(kWh
per
capita)
2005
2,008
ECONOMIA
PIB,
(US$
atual)
(bilhões)
2007
1,314.17
Aumento
do
PIB
(%
anual)
2007
5.4
Inflação,
deflator
do
PIB
(%
anual)
2007
4.5
Agricultura,
valor
adicionado
(%
do
PIB)
2007
5
Indústria,
valor
adicionado
(%
do
PIB)
2007
31
Serviços,
etc.,
valor
adicionado
(%
do
PIB)
2007
64
Exportação
de
bens
e
serviços
(%
do
PIB)
2007
13
Importação
de
bens
e
serviços
(%
do
PIB)
2007
11
Formação
bruta
de
capital
fixo
(%
do
PIB)
2007
22
ESTADOS
E
MERCADOS
Tempo
necessário
para
abrir
uma
empresa
(dias)
2007
152
Capitalização
de
mercado
de
empresas
listadas
(%
do
PIB)
2007
104.3
Despesas
militares
(%
do
PIB)
2007
1.6
Assinantes
de
linha
fixa
e
de
celulares
(a
cada
100
pessoas)
2007
84
Usuários
de
internet
(a
cada
100
pessoas)
2007
26.1
Exportações
de
produtos
de
alta
tecnologia
(%
exportações
de
bens)
2006
12.0
VÍNCULOS
GLOBAIS
Comércio
de
bens
(%
do
PIB)
2007
22.0
Termos
de
troca
(2000
=
100)
2006
104
Dívida
externa,
total
(DOD,
US$
atual)
(milhões)
2006
194,150
Dívida
de
curto
prazo
(DOD,
US$
atual)
(milhões)
2006
20,325
Serviço
total
da
dívida
(%
de
exportações
de
produtos,
serviços
e
renda)
2006
37.3
Investimento
estrangeiro
direto,
fluxos
líquidos
(BoP,
US$
atual)
(milhões)
2006
18,782
Remessas
de
trabalhadores
e
remuneração
de
funcionários
internacionais,
2007
4,382
recebidas
(US$)
(milhões)
Assistência
oficial
para
o
desenvolvimento
e
ajuda
oficial
(US$
atual)
2006
82
(milhões)
Fonte:
Banco
Mundial
–
Banco
de
dados
dos
indicadores
de
desenvolvimento
mundiais
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
69
Tabela 17: Doing Business (Fazendo negócios) de 2009 – Perfil do Brasil
Classificação
da
Doing
Business
(Fazendo
Negócios)
(de
181
países)
Mudança
na
Facilidade
para
classificação
2009
2008
UNDP:
!"#$%&'#&'=&6&"9-;9$7&">-'?07."-'
Human Development Report 2007/08
Classificação do Brasil: 70/177
Transparency International:
!"#$%&'#&'(&)%&*+,-'#.'/-))0*+,-'
Corruption Perception Index 2008
Classificação do Brasil: 80/180
World Bank:
!"#$%&'1.2&"#-'3&45%$-6'
Doing Business 2009
Classificação do Brasil: 125/181
!"#$%&' -%.,#$%&'
(%&%)*%+,#&' (%&%)*%+,#&'
70
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Metas
de
Desenvolvimento
do
Milênio
O
progresso
do
Brasil
para
o
alcance
das
Metas
de
Desenvolvimento
do
Milênio
(MDM)
está
resumido
na
Tabela
18.
O
Governo
do
Brasil
atribuiu
grande
importância
ao
cumprimento
das
MDM
e
produziu
três
Relatórios
de
Monitoramento
Nacional
(2004,
2005
e
2007),
com
base
em
dados
oficiais
detalhados.
Além
da
avaliação
dos
indicadores,
esses
relatórios
também
incluem
uma
apresentação
das
políticas
públicas
mais
relevantes
e
da
perspectiva
de
alcance
das
metas.
Durante
a
década
passada,
os
resultados
mostram
melhoria
significativa
na
maioria
dos
indicadores
e
mostram
claramente
que
o
Brasil
já
atingiu
algumas
metas
e
está
próximo
de
atingir
outras.
Contudo,
ainda
existem
desafios
importantes
principalmente
devido
aos
grandes
níveis
de
desigualdade
e
disparidade
na
sociedade
brasileira
e
entre
as
regiões
geográficas.
A
desigualdade
de
renda
vem
diminuindo
desde
2001
e
atingiu
seu
nível
mais
baixo
em
2005.
Tabela
18:
Metas
de
Desenvolvimento
do
Milênio
–
resumo
do
perfil
do
Brasil
MDM
1:
Erradicar
a
extrema
pobreza
O
Brasil
já
cumpriu
seu
compromisso
com
esta
Meta.
e
a
fome
Foram
registradas
melhorias
significativas
no
acesso
à
educação,
resultando
em
uma
MDM
2:
Prover
educação
básica
abrangência
quase
universal
da
escola
fundamental.
Mas
a
qualidade
da
educação
universal
básica
ainda
é
fraca,
uma
vez
que
várias
crianças
concluem
a
quarta
série
sem
os
conhecimentos
adequados
de
leitura
e
escrita.
As
mulheres
atingiram
um
nível
de
escolaridade
mais
alto
do
que
os
homens
no
Brasil.
MDM
3:
Promover
a
igualdade
de
Contudo,
a
discriminação
se
revela
em
altos
níveis
de
violência
doméstica,
participação
gênero
e
o
empoderamento
da
das
mulheres
no
mercado
de
trabalho
e
sua
presença
entre
líderes
políticos.
Os
mulher.
indicadores
mostram
uma
leve
melhora,
mas
os
desafios
permanecem.
A
taxa
de
mortalidade
infantil
tem
diminuído
em
ritmo
intensificado.
No
âmbito
MDM
4:
Reduzir
a
mortalidade
infantil
nacional,
o
Brasil
tem
chances
de
atingir
a
Meta
se
permanecer
a
tendência
atual.
A
taxa
de
mortalidade
materna
caiu
de
61,2
para
53,4
para
cada
10.000
bebês
nascidos
entre
1997
e
2005,
o
que
indica
que
o
Brasil
está
no
caminho
de
alcançar
esta
Meta.
MDM
5:
Melhorar
a
saúde
materna
Porém,
um
rigoroso
monitoramento
da
mortalidade
materna
ainda
é
difícil
porque
as
informações
são
fracas
e
insuficientes.
A
quantidade
de
pessoas
portadoras
do
HIV/AIDS
permaneceu
estável
desde
2000
e
o
número
de
mortes
causadas
pela
AIDS
caiu
entre
homens
e
mulheres.
Isso
indica
um
MDM
6:
Deter
a
disseminação
do
reverso
da
tendência
de
taxa
de
morte
crescente,
resultando
no
cumprimento
desta
HIV/AIDS,
da
malária
e
outras
doenças
Meta.
Do
mesmo
modo,
após
3
anos
de
aumento,
a
taxa
de
incidência
de
malária
caiu
em
2006.
O
Brasil
reduziu
seu
índice
de
desflorestamento,
reduziu
o
consumo
de
CFC
e
aumentou
sua
eficiência
energética
contando
com
fontes
de
energia
renováveis.
A
expansão
do
abastecimento
de
água
indica
que
o
Brasil
alcançará
esse
indicador
até
2015.
Contudo,
a
melhoria
do
saneamento
urbano
e
rural
depende
de
critérios
usados
para
sua
medição
e
MDM
7:
Assegurar
a
sustentabilidade
do
volume
de
investimentos.
Os
dados
mostram
que
várias
cidades
brasileiras
já
fizeram
ambiental
progresso
–
a
proporção
de
domicílios
urbanos
com
condições
adequadas
de
moradia
aumentou
de
49,4%
em
1992
para
61,5%
em
2005.
Para
melhorar
rapidamente
a
situação,
o
Governo
apresentou
essa
questão
como
prioridade
nacional
em
seu
Plano
de
Aceleração
do
Crescimento
recentemente
aprovado
pelos
próximos
quatro
anos.
O
Brasil
teve
um
papel
de
liderança
ao
se
empenhar
para
obter
regras
comerciais
mais
justas
e
está
fazendo
esforços
consideráveis
no
sentido
de
obter
acesso
universal
aos
MDM
8:
Desenvolver
uma
parceria
remédios
para
tratamento
da
AIDS.
O
Governo
do
Brasil
foi
muito
proativo
e
inovador
ao
global
para
o
desenvolvimento
promover
parcerias
globais
usando
a
Cooperação
Sul‐Sul
como
veículo.
Portanto,
o
Brasil
tem
muitas
chances
de
alcançar
esta
Meta.
Fonte:
UN
MDG
Monitor
(Monitor
das
MDM
das
Nações
Unidas)
(Perfil
do
Brasil
atualizado
recentemente
em
janeiro
de
2008)
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
71
Economia
Crescimento
do
PIB
O
crescimento
econômico
no
Brasil
aumentou
de
3,8%
em
2006
para
5,4%
em
2007,
superando
as
expectativas
(Figura
26).
Essa
tendência
continuou
nos
primeiros
sete
meses
de
2008
quando
o
PIB
aumentou
cerca
de
6,1%.
O
crescimento
foi
impactado
posteriormente
pelos
choques
financeiros
globais
que
dominaram
a
segunda
metade
do
ano,
e
o
índice
final
de
2008
deve
ser
de
5,2%.
A
perspectiva
para
2009
é
um
pouco
mais
pessimista,
com
as
estimativas
mais
recentes
do
FMI
sugerindo
que
o
crescimento
do
PIB
declinará
até
3,0%
em
2009,
refletindo
as
condições
econômicas
globais.
A
economia
do
Brasil
deve,
portanto,
estar
relativamente
forte
em
comparação
com
as
economias
avançadas
do
mundo:
por
exemplo,
a
taxa
de
crescimento
dos
EUA
deve
ser
de
‐0,7%
em
2009,
ao
passo
que
a
previsão
para
o
Reino
Unido
deve
ser
ainda
pior,
ficando
em
‐1,3%.
Figura
26:
Tendências
de
crescimento
do
PIB
do
Brasil
(fonte:
FMI)
5
Crescimento do PIB %
0
e
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
e
11
08
09
10
12
13
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Valor
agregado
O
setor
de
serviços
contribui
com
cerca
de
dois
terços
do
valor
agregado
para
o
PIB
do
Brasil.
O
setor
responde
por
31%;
as
principais
indústrias
do
Brasil
incluem
produtos
têxteis,
calçados,
produtos
químicos,
cimento,
madeira,
minério
de
ferro,
estanho,
aeronaves,
veículos
motorizados
e
peças
e
outras
máquinas
e
equipamentos.
A
produção
agrícola
–
que
consiste
de
café,
soja,
trigo,
arroz,
milho,
cana‐de‐açúcar,
cacau,
frutas
cítricas
e
carne
–
responde
por
cerca
de
5%
do
PIB.
Comércio
exterior
Os
principais
parceiros
comerciais
do
Brasil
são
os
EUA,
Argentina,
China,
Alemanha,
Holanda
e
Nigéria
(Tabela
19).
A
forte
demanda
externa,
os
altos
preços
das
mercadorias
e
uma
política
de
exportação
mais
ativa
contribuíram
para
a
rápida
expansão
dos
ganhos
com
exportações
desde
2003,
levando
o
superávit
comercial
a
crescer
e
transformando
a
conta
atual
com
déficit
de
4,6%
do
PIB
em
2001
em
uma
conta
com
superávit
há
vários
anos.
Contudo,
esse
superávit
vem
declinando
constantemente
e
a
conta
corrente
deve
ficar
em
déficit
em
2008.
72
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela
19:
Brasil
–
principais
mercados
de
importação
e
exportação
(dados
de
2007)
Principais
exportações
%
do
total
Principais
importações
%
do
total
Equipamento
e
peças
de
transporte
12.5
Equipamento
elétrico
e
maquinaria
26.1
Produtos
metalúrgicos
11.6
Produtos
químicos
15.4
Soja,
carne
e
petróleo
8.2
Petróleo
e
derivados
16.6
Produtos
químicos
1.9
Equipamento
e
peças
de
transporte
12.0
Mercados
líderes
%
do
total
Fornecedores
líderes
%
do
total
EUA
16.1
EUA
15.7
Argentina
9.2
China
10.5
China
6.8
Argentina
8.6
Holanda
5.6
Nigéria
4.4
Alemanha
4.6
Holanda
0.9
Ganhos
com
exportações
(est)
US$
161
bilhões
Gastos
com
importações
(est)
US$
121
bilhões
Fontes: Economist Intelligence Unit, CIA World Factbook
Fluxo
de
capital
privado
Contexto
internacional
A
dívida
líquida
e
as
entradas
de
capital
nos
países
em
desenvolvimento
aumentaram
até
US$
269
bilhões
em
2007
para
atingir
um
montante
de
US$
1,03
trilhão,
de
acordo
com
o
relatório
Finanças
para
o
Desenvolvimento
Global
de
2008
do
Banco
Mundial.
Isso
marca
cinco
anos
consecutivos
de
fortes
ganhos
em
fluxos
privados
líquidos,
que
foram
em
média
mais
de
44%
ao
ano
(contudo,
boa
parte
do
aumento
em
valores
medidos
em
dólares
reflete
a
depreciação
do
dólar
diante
da
maioria
das
outras
moedas).
A
rápida
expansão
em
fluxos
privados
reflete
os
fortes
ganhos
em
componentes
de
capital
e
dívida.
As
entradas
de
capital
líquido
(capital
de
portfólio
e
estrangeiro
direto)
atingiram
uma
estimativa
de
US$
616
bilhões
em
2007
(Figura
27),
um
valor
recórde
situado
em
4,5%
do
PIB,
superior
aos
4,1%
em
2006.
A
Figura
27
também
ilustra
como
as
entradas
de
capital
de
portifólio
se
tornaram
cada
vez
mais
importante
desde
a
virada
do
milênio.
Brasil
O
investimento
estrangeiro
direto
(IED)
no
Brasil
atingiu
em
média
pouco
mais
de
US$
22
bilhões
ao
ano
na
última
década
e
atingiu
um
máximo
de
US$
35,5
bilhões
no
final
de
2007.
Os
fluxos
de
investimento
de
portfólio
estrangeiro
aumentaram
dramaticamente
nos
últimos
anos
e
até
2007
atingiram
US$
34
bilhões,
quase
correspondendo
ao
volume
de
IED
(Figura
28).
Os
dados
da
CVM
indicam
que
o
estoque
total
de
investimento
de
portfólio
estrangeiro
somou
cerca
de
US$
214
bilhões
no
final
de
2007
e
ao
final
de
agosto
de
2008
foi
de
US$
232
bilhões
(Figura
29).
A
participação
brasileira
no
investimento
estrangeiro
direto
para
os
mercados
emergentes
tem
reduzido
desde
1998
e
está
estimada
em
pouco
menos
de
6%
para
2007
(Figura
30).
Nos
últimos
três
a
quatro
anos,
o
investimento
de
portfólio
estrangeiro
se
tornou
cada
vez
mais
importante
para
a
economia
do
Brasil;
a
parcela
de
fluxos
líquidos
de
portfólio
com
relação
a
todos
os
países
em
desenvolvimento
atingiu
quase
25%
em
2007
(Figura
31).
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
73
Figura
27:
Fluxos
de
capital
líquido
dos
países
em
desenvolvimento
(fonte:
Finanças
para
o
Desenvolvimento
Global
de
2008
do
Banco
Mundial)
500
450
400
350
Bilhões em US$
300
150
100
50
-
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Figura 28: IED e investimento de portfólio estrangeiro no Brasil: fluxos (fontes: CVM, UNCTAD)
40,000
35,000
30,000
25,000
Milhões em US$
IED
20,000
5,000
-
1997 1999 2001 2003 2005 2007
(5,000)
Figura 29: IED e investimento de portfólio estrangeiro no Brasil: ações (fontes: CVM, UNCTAD)
350,000
300,000
250,000
Milhões em US$
200,000
IED
150,000
Investimento de portfólio estrangeiro
100,000
50,000
0
1997 1999 2001 2003 2005 2007
74
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura
30:
Ações
dos
fluxos
totais
de
FDI
do
Brasil
para
mercados
emergentes
(fonte:
UNCTAD)
35%
30%
25%
20% Brasil
Rússia
15%
Índia
10% China
5%
0%
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
Figura
31:
Participação
brasileira
nos
fluxos
líquidos
de
portifólio
aos
países
em
desenvolvimento
(fonte:
CVM;
Finanças
para
o
Desenvolvimento
Global
de
2008
do
Banco
Mundial)
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
-5%
-10%
-15%
-20%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
O
mercado
de
ações
Tamanho
do
mercado
A
Bolsa
de
Valores
de
São
Paulo,
operada
pela
BM&F
Bovespa,
é
o
13º
maior
mercado
do
mundo
por
capitalização
de
mercado
(Figura
32),
após
uma
extraordinária
expansão
nas
duas
últimas
décadas
(Figura
33).
Em
comum
com
quase
todos
os
outros
mercados,
a
capitalização
de
mercado
do
Brasil
experimentou
uma
redução
acentuada
nos
últimos
12
meses
como
resultado
da
crise
econômica
global
e
da
queda
mundial
dos
preços
das
ações.
No
final
de
novembro
de
2008,
o
valor
de
mercado
das
empresas
listadas
na
BM&F
Bovespa
chegou
a
R$
1.355
bilhões
(US$
585
bilhões).
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
75
Figura
32:
A
capitalização
de
mercado
doméstico
das
20
maiores
bolsas
do
mundo
(US$
milhões)
(fonte:
Federação
Mundial
de
Bolsas)
NYSE Group
Tokyo SE
Nasdaq
Euronext
London SE
Shanghai SE
Hong Kong Exchanges
TSX Group
Deutsche Börse
BME Spanish Exchanges
Swiss Exchange
Australian SE
BM&FBOVESPA
Bombay SE
OMX Nordic Exchange
National Stock Exchange India
Borsa Italiana
Korea Exchange
JSE
Taiwan SE Corp.
1,600,000
Capitalização de mercado nacional (milhões em US$)
1,400,000
1,200,000
1,000,000
800,000
600,000
400,000
200,000
0
En 990
En 991
En 992
En 993
En 995
En 996
En 997
En 998
En 999
En 000
En 001
En 002
En 003
En 005
En 006
er 7
08
En 994
En 004
tob 00
20
d1
d1
d1
d1
d1
d1
d1
d1
d1
d2
d2
d2
d2
d2
d2
Oc d 2
d1
d2
En
76
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
A
Tabela
20
mostra
o
peso
do
Brasil
nos
três
principais
índices
dos
mercados
emergentes
publicados
pela
FTSE,
MSCI
e
Standard
&
Poor’s.
A
tabela
inclui
dados
da
Índia
para
comparação.
Tabela
20:
Ponderação
nacional
nos
principais
índices
dos
mercados
emergentes
Índice
BRASIL
ÍNDIA
Data
dos
relatórios
Segmentos
de
governança
corporativa
Há
diferentes
segmentos
de
listagem
de
empresas
negociadas
na
bolsa
de
valores.
Além
do
segmento
tradicional
Bovespa,
são
incluídos
o
Novo
Mercado
e
duas
outras
categorias
diferenciadas
de
governança
corporativa,
Nível
1
e
Nível
2.
As
principais
características
desses
segmentos
de
governança
corporativa
estão
resumidos
na
Tabela
21.
Tabela
21:
Novo
Mercado
e
níveis
de
governança
corporativa
Principais
empresas
e
setores
No
final
de
novembro
de
2008,
393
empresas
estavam
listadas
na
bolsa
com
uma
capitalização
de
mercado
combinada
de
R$
1.355
bilhões
(US$
570
bilhões).
A
Figura
34
mostra
a
participação
da
capitalização
de
mercado
entre
os
diferentes
segmentos
de
listagens:
As
empresas
do
Novo
Mercado
representam
cerca
de
33%
da
capitalização
total
do
mercado.
A
Tabela
22
lista
as
empresas
no
IBovespa,
o
principal
índice
de
referência
do
mercado.
Os
cinco
setores
industriais
com
maior
participação
no
índice
são:
instituições
financeiras
(22%);
petróleo,
gás
e
biocombustível
(20%);
mineração
(15%);
aço
e
metalúrgica
(11%);
e
energia
elétrica
(7%)
(Figura
35).
O
mercado
é
altamente
concentrado:
as
dez
principais
empresas
com
o
valor
de
mercado
mais
alto
correspondem
a
cerca
de
50%
da
capitalização
total
do
mercado.
Aproximadamente
25%
do
valor
total
do
mercado
está
concentrado
em
apenas
duas
empresas,
Petrobras
e
Vale
do
Rio
Doce;
essas
duas
empresas
representam
34%
do
portfólio
nacional
IBovespa.
A
estrutura
de
capital
da
Petrobras
e
da
Vale
do
Rio
Doce
inclui
ações
preferenciais
e
ordinárias;
nenhuma
dessas
empresas
está
listada
no
Novo
Mercado.
Figura
34:
Capitalização
de
mercado
por
segmento
de
listagem
NOVO MERCADO
(32.6%)
TRADITIONAL
BOVESPA
(32.6%) NIVEL 2 (2.1%)
NIVEL 1 (47.2%)
Figura
35:
Distribuição
setorial
das
ações
que
constituem
o
índice
IBovespa
FB1#'() !"#$%&'()*%+,+-"%#'()
9G/) ../)
@#,+(D'#1"()
E/)
@"3"-'AB+%-,&C"()
:/)
<'+-"((%'+5#%,()=")
"+"#4%,)"3>1#%-,) 0"1#23"')")45()
?/) .6/)
;&')
99/)
7%+"#,&8')
9:/)
78
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela 22: Empresas no índice IBovespa
Cap.
de
mercado
(em
Ponderação
IBovespa
Empresa
Setor
ISE
?
US$
milhões)
(%)
ALL
AMER
LAT
(N2)
Rodovias
2,868
1.415
AMBEV
Cerveja
e
Refrigerantes
24,219
1.122
ARACRUZ
(N1)
Papel
e
Celulose
1,409
0.777
B2W
VAREJO
(NM)
Varejo
1,156
0.904
BMF
BOVESPA
(NM)
Serviços
financeiros
diversificados
5,265
4.360
BRADESCO
(N1)
Intermediários
Financeiros
27,966
3.700
BRADESPAR
(N1)
Holdings
‐diversificada
2,834
1.199
BRASIL
(NM)
Intermediários
Financeiros
15,969
2.404
BRASIL
T
PAR
(N1)
Telecomunicações
5,091
0.721
BRASIL
TELEC
(N1)
Telecomunicações
7,745
0.420
BRASKEM
(N1)
Petroquímicos
1,207
0.545
CCR
RODOVIAS
(NM)
Rodovias
e
estradas
com
pedágio
4,076
0.611
CELESC
(N2)
Serviços
de
energia
elétrica
663
0.121
CEMIG
(N1)
Serviços
de
energia
elétrica
6,123
1.642
CESP
(N1)
Serviços
de
energia
elétrica
1,908
1.215
COMGAS
Serviços
de
gás
1,652
0.114
COPEL
(N1)
Serviços
de
energia
elétrica
2,686
0.651
COSAN
(NM)
Açúcar
‐
Álcool
1,575
0.603
CPFL
ENERGIA
(NM)
Serviços
de
energia
elétrica
6,191
0.522
CYRELA
REALT
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
1,400
1.257
DURATEX
(N1)
Madeira
773
0.551
ELETROBRAS
(N1)
Serviços
de
energia
elétrica
12,379
1.903
ELETROPAULO
(N2)
Serviços
de
energia
elétrica
1,704
0.691
EMBRAER
(NM)
Aeronaves
2,791
0.656
GAFISA
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
597
0.930
GERDAU
(N1)
Aço
8,584
3.100
GERDAU
MET
(N1)
Aço
3,430
0.916
GOL
(N2)
Companhias
aéreas
858
0.737
ITAUBANCO
(N1)
Intermediários
Financeiros
30,708
3.471
ITAUSA
(N1)
Intermediários
Financeiros
15,437
2.238
JBS
(NM)
Carne,
aves
e
outros
3,034
0.658
KLABIN
S/A
(N1)
Papel
e
Celulose
1,530
0.355
LIGHT
S/A
(NM)
Serviços
de
energia
elétrica
1,908
0.203
LOJAS
AMERIC
Varejo
1,915
1.200
LOJAS
RENNER
(NM)
Varejo
815
0.858
NATURA
(NM)
Cosméticos
3,486
0.638
NET
(N2)
TV
a
cabo
2,372
0.946
NOSSA
CAIXA
(NM)
Intermediários
Financeiros
3,124
0.397
P.ACUCAR‐CBD
(N1)
Varejo
3,249
0.553
PERDIGAO
S/A
(NM)
Carne,
aves
e
outros
2,634
0.887
PETROBRAS
Petróleo,
gás
e
biocombustíveis
95,846
19.776
REDECARD
(NM)
Serviços
financeiros
diversificados
7,401
0.933
ROSSI
RESID
(NM)
Construção
de
prédios
residenciais
311
0.569
SABESP
(NM)
Serviços
de
água
2,706
0.403
SADIA
S/A
(N1)
Carne,
aves
e
outros
1,162
1.139
SID
NACIONAL
Aço
9,845
3.454
SOUZA
CRUZ
Tabaco
5,768
0.487
TAM
S/A
(N2)
Companhias
aéreas
1,145
0.711
TELEMAR
Telecomunicações
5,763
1.511
TELEMAR
N
L
Telecomunicações
5,773
0.296
TELESP
Telecomunicações
9,272
0.191
TIM
PART
S/A
Telecomunicações
3,628
0.955
TRAN
PAULIST
(N1)
Serviços
de
energia
elétrica
2,766
0.371
ULTRAPAR
(N1)
Holdings
‐
diversificado
3,103
0.437
UNIBANCO
(N1)
Intermediários
Financeiros
15,755
2.417
USIMINAS
(N1)
Aço
5,677
3.667
V
C
P
(N1)
Papel
e
Celulose
1,545
0.618
VALE
R
DOCE
(N1)
Mineração
60,142
15.154
VIVO
Telecomunicações
4,457
0.722
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
79
Captação
de
Recursos
O
montante
de
capital
levantado
na
bolsa
de
valores
pelas
empresas
brasileiras
por
meio
de
emissões
primárias
e
secundárias
aumentou
significativamente
nos
últimos
três
a
quatro
anos
(Figuras
36
e
37).
Embora
o
número
de
IPOs
tenha
aumentado
desde
2005
e
alcançando
um
recórde
em
2007,
a
tendência
de
longo
prazo
é
dominada
pelas
ofertas
públicas
secundárias.
A
Tabela
23
fornece
detalhes
dos
IPO
brasileiros
e
das
ofertas
públicas
secundárias
de
junho
de
2007
a
junho
de
2008
(novas
negociações
desde
junho
de
2008
esgotaram‐se
como
consequência
de
condições
econômicas
mais
amplas).
Cerca
de
US$
35
bilhões
em
novas
operações
foram
concluídas
durante
este
período.
IPOs
importantes
incluíram
a
Bovespa
(US$
3,7
bilhões
em
outubro
de
2007);
a
bolsa
de
mercadorias
BM&F
(US$
3,3
bilhões
em
novembro
de
2007);
a
companhia
distribuidora
e
geradora
de
eletricidade
MPX
Energia
(US$1,3
bilhões
em
dezembro
de
2007);
e
a
empresa
de
petróleo
e
gás
OGX
(US$
4,1
bilhões
em
junho
de
2008).
A
maioria
dos
IPOs
nos
últimos
anos
aconteceram
no
Novo
Mercado.
Figura
36:
Capital
levantado
por
emissões
de
ações
em
milhões
de
US$
na
BM&F
BOVESPA
(fonte:
Federação
Mundial
de
Bolsas)
$45,000
$40,000
$35,000
$30,000
Milhões em US$
$25,000
Ofertas públicas secundárias
$20,000
Ofertas públicas iniciais
$15,000
$10,000
$5,000
$0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Figura
37:
Número
de
IPOs
na
BM&FBOVESPA
(fonte:
Federação
Mundial
de
Bolsas)
80
70
Number of newly listed companies
60
50
40
30
20
10
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
80
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Tabela
23:
Principais
operações
concluídas
no
Brasil
desde
junho
de
2007
Tamanho
(US$
milhões)
Empresa
Setor
Data
Primário
Secundário
Total
OGX
PETRÓLEO
Petróleo
e
Gás
Jun
08
4,100.0
‐
4,100.0
GERDAU
Materiais
Abr
08
600.3
‐
600.3
LE
LIS
BLANC
Consumo
Básico
Abr
08
76.9
‐
76.9
COPASA
Serviços
Públicos
Abr
08
239.8
36.0
275.8
METALURGICA
GERDAU
Materiais
Abr
08
601.0
‐
601.0
ANHANGUERA
EDUC
Consumo
Cíclico
Abr
08
266.6
39.2
305.8
HYPERMARCAS
Consumo
Básico
Abr
08
367.0
55.0
422.0
GLOBAL
VILLAGE
Telecomunicações
Fev
08
156.8
11.7
168.4
GP
INVESTMENTS
Financeiro
Fev
08
186.5
557.2
743.7
NUTRIPLANT
Materiais
Fev
08
11.8
1.8
13.5
TEMPO
Financeiro
Dez
07
217.7
47.1
264.8
PERDIGAO
Consumo
Básico
Dez
07
507.3
94.9
602.1
MPX
ENERGIA
Serviços
Públicos
Dez
07
1,080.3
215.6
1,295.9
BOLSA
BM&F
Financeiro
Nov
07
2,890.7
433.6
3,324.2
BANCO
PANAMERICANO
Financeiro
Nov
07
391.3
55.9
447.2
LAEP
INVESTMENTS
Financeiro
Out
07
286.8
42.9
329.7
AMIL
Financeiro
Out
07
457.5
331.7
789.2
BRASIL
BROKERS
Imobiliário/Construção
Out
07
171.3
224.8
396.1
BOVESPA
HOLDINGS
Financeiro
Out
07
3,218.6
482.9
3,701.5
HELBOR
Imobiliário/Construção
Out
07
129.9
30.3
160.2
AGRENCO
Industrial
Out
07
370.0
55.5
425.6
PDG
REALTY
Imobiliário/Construção
Out
07
277.7
41.7
319.4
MARISA
Consumo
Cíclico
Out
07
245.0
‐
245.0
BR
MALLS
PARTIC
Imobiliário/Construção
Out
07
332.1
‐
332.1
SEB
EDUCAC
Consumo
Cíclico
Out
07
159.2
68.2
227.5
TRISUL
Imobiliário/Construção
Out
07
176.5
‐
176.5
CONSTRUTORA
TENDA
Imobiliário/Construção
Out
07
333.6
‐
336.6
BANCO
INDUSTRIAL
E
COMER
Financeiro
Out
07
310.6
139.7
450.2
SATIPEL
INDUSTRIAL
Imobiliário/Construção
Set
07
114.4
99.1
213.5
GENERAL
SHOPPING
BRASIL
Imobiliário/Construção
Jul
07
143.2
7.2
150.4
SPRINGS
GLOBAL
PARTIC
Industrial
Jul
07
189.5
109.7
299.2
MULTIPLAN
EMP
IMOBIL
Imobiliário/Construção
Jul
07
360.8
124.7
485.4
COMPANHIA
PROVIDENCIA
Industrial
Jul
07
246.1
‐
246.1
BANCO
DO
RIO
GRANDE
SUL
Financeiro
Jul
07
428.8
690.5
1,119.2
BANCO
ABC
BRASIL
Financeiro
Jul
07
328.7
5.1
333.8
AÇUCAR
GUARANI
Consumo
Básico
Jul
07
357.8
‐
357.8
MRV
ENGENHARIA
E
PARTIC
Imobiliário/Construção
Jul
07
540.2
30.1
570.3
CIA
HERING
Consumo
Básico
Jul
07
123.2
44.4
167.5
TRIUNFO
PARTIC
E
INVEST
Industrial
Jul
07
163.7
112.1
275.8
KROTON
EDUC
Consumo
Cíclico
Jul
07
191.7
65.0
256.7
MINERVA
S/A
Consumo
Básico
Jul
07
199.7
39.9
239.6
INVEST
TUR
BRASIL
Imobiliário/Construção
Jul
07
450.6
59.0
509.6
BANCO
INDUSVAL
Financeiro
Jul
07
120.4
17.2
137.6
DROGASIL
Saúde/Farmacêutico
Jul
07
106.8
97.8
204.6
BANCO
DAYCOVAL
Financeiro
Jun
07
486.4
81.2
567.6
MARFRIG
FRIGORIFICOS
Financeiro
Jun
07
305.2
218.3
523.5
BANCO
CRUZEIRO
DO
SUL
Financeiro
Jun
07
222.1
67.6
289.7
EZ
TEC
Imobiliário/Construção
Jun
07
245.9
36.9
282.7
TOTAL
27,845
7,216
35,061
CONTAGEM
79%
21%
100%
Fonte:
Pesquisa
do
Citigroup
sobre
o
Capital
Social
dos
Mercados
Globais;
BM&F
Bovespa
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
81
Desempenho
A
Figura
38
compara
o
desempenho
do
índice
de
referência
do
Brasil,
o
IBOVESPA
,
com
o
Índice
de
Mercados
Emergentes
MSCI
(MSCI
EM)
nos
últimos
cinco
anos.
O
IBOVESPA
teve
ganhos
consistentes
no
período
de
2005‐2007
e
começou
a
superar
em
desempenho
o
MSCI
EM
no
terceiro
trimestre
de
2007
quando
o
problema
do
“sub‐prime”
começou
a
surtir
efeitos
em
outros
lugares
além
dos
EUA.
Tanto
o
MSCI
EM
quanto
o
IBOVESPA
caíram
drasticamente
desde
o
segundo
trimestre
de
2008,
quando
a
crise
de
crédito
internacional
evoluiu
para
um
grave
desaquecimento
econômico
e
financeiro
global.
O
IBOVESPA
,
embora
tenha
caído
drasticamente,
continua
mais
alto
que
o
MSCI
EM.
Figura
38:
Desempenho
do
IBOVESPA
comparado
ao
Índice
de
Mercado
Emergente
MSCI,
5
anos
(fonte:
Bloomberg)
250%
200%
150%
100%
50%
0%
-50%
Jan-04
May-04
Jul-04
Sep-04
Nov-04
Jan-05
Mar-05
May-05
Jul-05
Sep-05
Nov-05
Jan-06
Mar-06
May-06
Jul-06
Sep-06
Nov-06
Jan-07
Mar-07
May-07
Jul-07
Sep-07
Nov-07
Jan-08
Mar-08
May-08
Jul-08
Sep-08
Nov-08
Mar-04
IBOVESPA MSCI EM
Participantes
do
mercado
A
Figura
39
ilustra
a
negociação
na
BM&F
Bovespa
de
acordo
com
diferentes
classes
de
participantes
do
mercado:
individuais
(incluindo
clubes
de
investimento),
investidores
institucionais,
investidores
internacionais,
empresas
e
instituições
financeiras.
A
negociação
feita
pelas
empresas
reduziu
com
o
decorrer
do
tempo
em
relação
aos
outros
tipos
de
participantes
do
mercado,
embora
a
negociação
feita
por
investidores
institucionais
brasileiros
e
investidores
internacionais
tenha
aumentado,
refletindo
o
aumento
na
poupança
nacional
e
o
investimento
de
portfólio
estrangeiro.
A
Figura
39
também
mostra
como
os
investidores
individuais
e
os
clubes
de
investimento
têm
sido
constantemente
um
importante
componente
do
buy‐side
no
Brasil.
82
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
Figura
39:
A
evolução
da
participação
dos
investidores
sobre
o
Valor
Total
Negociado
da
BOVESPA
(%)
(fonte:
BM&F
Bovespa)
Importantes
questões
ambientais
e
sociais
As
corporações
e
seus
investidores
no
Brasil
enfrentam
uma
série
de
problemas
ambientais
e
sociais
amplos
e
geralmente
complexos
que
apresentam
riscos
e
oportunidades
potencialmente
significativos
à
reputação
corporativa
e
à
criação
de
valor
ao
acionista.
Atualmente,
não
parece
haver
uma
única
fonte
que
resuma
essas
informações
em
uma
análise
abrangente
e
amigável
ao
investidor
sobre
os
principais
determinantes
de
negócios
relacionados
à
sustentabilidade
nos
setores
que
formam
o
mercado
de
ações
do
Brasil.
Uma
avaliação
detalhada
está
além
do
escopo
atual
deste
relatório.
Principais
questões
As
principais
questões
ambientais
e
sociais
que
geram
riscos
para
a
empresa
e
para
o
investidor
no
Brasil
incluem:
Pobreza
e
desigualdade
Acesso
a
financiamento
na
‘base
da
pirâmide’
Distribuição
de
terras
e
trabalhadores
sem
terra
Insegurança
alimentícia
Trabalho
infantil
Trabalho
forçado
Povos
indígenas
e
direitos
associados
à
terra
Poluição
aérea
urbana
Proteção
da
biodiversidade
Desmatamento
e
mudança
no
uso
da
terra
Emissões
de
gases
de
efeito
estufa
Água
e
saneamento
Energia
(incluindo
petróleo
e
gás,
hidroeletricidade
e
biocombustíveis)
Adaptação
à
mudança
climática
Desenvolvimento
da
infraestrutura
regional
(internacional)
O
Apêndice
B
fornece
uma
seleção
de
artigos
jornalísticos
recentes
que
ilustram
a
relevância
dessas
questões
para
os
principais
setores
e
corporações
do
Brasil.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
83
Novo
plano
nacional
sobre
mudança
climática
Um
recente
e
importante
desenvolvimento
foi
o
Plano
Nacional
sobre
Mudança
Climática
do
Governo
Federal,
publicado
em
dezembro
de
2008.
As
medidas
deste
plano
de
ação
podem
ter
implicações
potencialmente
significativas
(tanto
positivas
quanto
negativas)
em
vários
setores
importantes
da
indústria
brasileira,
incluindo
petróleo
e
gás,
biocombustíveis,
mineração,
aço,
energia,
e
papel
e
celulose.
Alguns
dos
princípios
e
ações
mais
importantes
do
Plano
Nacional
sobre
Mudança
Climática
estão
resumidos
no
quadro
abaixo.
NOVO
PLANO
NACIONAL
SOBRE
MUDANÇA
CLIMÁTICA
(DEZEMBRO
DE
2008)
MEDIDAS
SELECIONADAS
AUMENTAR
A
EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA
E
DE
CARBONO
NO
SETOR
PRODUTIVO:
Fazer
economia
gradual
de
energia
de
até
106
TWh/ano
até
2030,
evitando
emissões
de
cerca
de
30
milhões
de
toneladas
de
CO2
neste
ano.
Aumentar
o
uso
de
carvão
vegetal
sustentável
para
substituir
o
carvão
mineral
nas
usinas
de
aço,
principalmente
incentivando
o
reflorestamento
em
áreas
degradadas.
Encorajar
o
uso
de
sistemas
de
aquecimento
de
água
por
energia
solar,
reduzindo
o
consumo
de
eletricidade
em
2.200
GWh
ao
ano
até
2015.
Abandonar
gradualmente
o
uso
do
fogo
para
a
preparação
e
corte
de
cana‐de‐açúcar
em
áreas
onde
pode
ser
realizada
a
mecanização
da
colheita.
Sistemas
agrícolas
e
pecuários
integrados
incluindo
captura
de
carbono
via
integração
entre
o
cultivo
agrícola
e
a
pecuária
e
a
agrossilvicultura.
MANTER
UMA
ALTA
PARCELA
DA
ENERGIA
RENOVÁVEL
NA
MATRIZ
ELÉTRICA:
Aumentar
o
fornecimento
de
energia
elétrica
via
cogeração,
principalmente
do
bagaço
da
cana‐de‐açúcar,
para
11,4%
do
suprimento
total
do
país,
em
2030,
correspondendo
a
136
TWh.
Reduzir
as
perdas
não
técnicas
na
distribuição
de
energia
elétrica
a
uma
taxa
de
1.000
GWh
ao
ano
nos
próximos
dez
anos.
34.460
MW
das
novas
usinas
hidrelétricas
a
serem
acrescentados
ao
sistema
de
acordo
com
o
programa
de
trabalho
do
Plano
Decenal
de
Expansão
de
Energia
Elétrica
(2007‐2016).
Aumentar
a
parcela
da
matriz
energética
de
energia
renovável
eólica
e
do
bagaço
da
cana‐de‐açúcar
por
meio
de
leilões
específicos
de
energia
renovável.
Mais
de
7.000
MW
de
fontes
renováveis
serão
implementados
até
2010.
Expandir o setor solar fotovoltaico e o uso dessa fonte de energia nos sistemas que são isolados e conectados à rede.
AUMENTAR
O
USO
DE
BIOCOMBUSTÍVEL
E
TRABALHAR
VOLTADO
A
UM
MERCADO
INTERNACIONAL
DE
BIOCOMBUSTÍVEIS
SUSTENTÁVEIS:
Estimular o setor a obter um aumento de consumo de etanol anual médio de 11% nos próximos dez anos.
Estimular
o
mercado
internacional
de
etanol
por
meio
da
cooperação
técnica
com
outros
países
com
um
alto
potencial
para
cultivo
de
cana‐de‐açúcar.
ATINGIR TAXA ZERO DE DESMATAMENTO ILEGAL:
Fundo
para
a
Amazônia:
criado
em
2008,
o
Fundo
Amazônia
ajuda
a
levantar
recursos
financeiros
nacionais
e
internacionais
de
governos
e
do
setor
privado
para
a
redução
do
desmatamento,
uso
e
conservação
de
florestas
sustentáveis.
Fundo
Climático:
encaminhado
para
o
Congresso
Nacional,
entre
outros
fins,
ajuda
a
financiar
ações
relacionadas
à
prevenção
do
desmatamento.
Políticas
de
preços
mínimos
para
produtos
florestais
não‐madereiros
(vinculadas
a
comunidades
e
povos
tradicionais).
ELIMINAR
PERDA
LÍQUIDA
DE
COBERTURA
FLORESTAL
ATÉ
2015:
Revisão
dos
requisitos
bancários
atuais
para
tornar
as
atividades
de
florestamento
e
reflorestamento
mais
atraentes,
incluindo
áreas
para
a
produção
de
carvão
vegetal.
Desenvolvimento de produtos florestais para aplicações de combustíveis.
Prevenção
do
uso
de
madeira
ilegal
no
setor
de
construção
–
começando
em
janeiro
de
2009,
a
origem
legal
da
madeira
terá
de
ser
comprovada
pelas
empresas
de
construção
civil
e
empresas
do
setor
imobiliário.
84
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
APÊNDICE B:
EXEMPLOS
DE
QUESTÕES
AMBIENTAIS,
SOCIAIS
E
DE
GOVERNANÇA
NA
MÍDIA
INTERNACIONAL
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
85
MOVIMENTO
BRASILEIRO
DOS
SEM‐TERRA
BLOQUEIA
FERROVIA
11
de
março
de
2008
(BBC)
Centenas
de
agricultores
sem‐terra
no
Brasil
bloquearam
uma
ferrovia
operada
pela
gigante
da
mineração
Vale
por
várias
horas.
Os
manifestantes
ocuparam
a
linha
no
estado
de
Minas
Gerais
para
protestar
contra
a
construção
de
uma
barragem
pela
Vale
e
uma
empresa
parceira.
Eles
se
retiraram
depois
que
a
Vale
obteve
uma
ordem
judicial
de
remoção
dos
manifestantes.
Essa
ação
ocorreu
em
meio
a
uma
ampla
campanha
de
grupos
de
sem‐terra
para
priorizar
a
grande
questão
de
empresas
e
multinacionais
agrícolas,
sobre
uma
variedade
de
problemas.
Centenas
de
protestantes,
liderados
pelos
grupos
ativistas
Via
Campesina
e
MST,
ocuparam
a
ferrovia
na
cidade
de
Resplendor
na
última
segunda‐feira.
Os
manifestantes
afirmaram
que
estavam
protestando
contra
uma
usina
hidrelétrica
construída
pela
Vale
e
por
uma
empresa
de
energia
que,
segundo
eles,
desapropriou
mais
de
duas
mil
pessoas.
A
Vale,
maior
exportadora
de
minério
de
ferro
do
mundo,
afirmou
que
o
bloqueio
impediu
o
transporte
de
cerca
de
300.000
toneladas
de
minério
de
ferro
para
o
porto.
TRABALHO
FORÇADO
IMPULSIONA
O
DESENVOLVIMENTO,
SEGUNDO
RELATÓRIO
DOS
E.U.A
4
de
junho
de
2008
(CNN)
O
trabalho
forçado
nos
países
em
desenvolvimento
como
Brasil,
Índia
e
China
tem
incentivado
parte
do
imenso
crescimento
econômico,
de
acordo
com
um
relatório
do
Departamento
de
Estado
divulgado
na
quarta‐feira.
O
“Relatório
de
Tráfico
de
Pessoas”
anual
do
departamento
relatou
alegações
crescentes
de
trabalho
forçado
realizado
nas
cadeias
de
produção
de
uma
variedade
de
produtos
agrícolas
e
manufaturados
nos
países
em
desenvolvimento.
No
Brasil,
o
relatório
detectou
o
“fenômeno
do
tráfico”.
Ele
afirma
que
milhares
de
vítimas
do
tráfico
e
trabalho
forçado
tinham
sido
encontradas
em
plantações
de
cana‐de‐açúcar
para
a
crescente
produção
e
exportação
de
etanol.
BRASIL
ASSINA
ACORDO
PARA
EXPORTAR
ETANOL
SUSTENTÁVEL
25
de
junho
de
2008
(Reuters)
Um
grupo
de
empresas
brasileiras
de
biocombustíveis
assinou
um
acordo
para
exportar
etanol
sustentável
certificado
para
a
Suécia,
no
primeiro
acordo
mundial
desse
tipo,
segundo
afirmaram
na
quarta‐feira.
Os
grupos
brasileiros
Cosan,
Guarani,
NovAmerica
e
Alcoeste
concordaram
em
vender
para
a
empresa
Sekab
da
Suécia
115
milhões
de
litros
de
etanol
anidro
que
obedecerá
a
certos
padrões
sociais
e
ambientais.
“Essa
iniciativa
se
destina
a
atender
às
preocupações
dos
consumidores
europeus
relacionadas
à
sustentabilidade
do
etanol”,
afirmou
Martinho
Seliti
Ono,
diretor
da
trading
SCA
que
administrará
as
exportações.
“Essa
é
a
primeira
aplicação
prática
do
etanol
sustentável
certificado
e
é
um
passo
fundamental
para
a
criação
de
um
padrão
internacional”,
disse
Ono
aos
repórteres.
As
usinas
receberão
de
5
a
10%
a
mais
para
o
produto
certificado
do
que
para
um
etanol
similar
sem
possibilidade
de
rastreamento,
afirmou,
evitando
fornecer
outros
detalhes.
O
acordo
será
válido
por,
pelo
menos,
nove
meses
e
a
primeira
remessa
foi
feita
no
início
de
junho.
Dentre
os
padrões
definidos,
está
a
tolerância
zero
para
o
trabalho
infantil
ou
escravo.
As
usinas
devem
usar,
pelo
menos,
30%
da
colheita
mecanizada
e
atingir
a
marca
dos
100%
até
o
ano
de
2014.
Uma
empresa
internacional
independente
fará
a
auditoria
de
todas
as
unidades
de
produção
dos
grupos
duas
vezes
ao
ano.
86
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
BRASIL
CRITICADO
POR
PLANO
DE
ONGs
7
de
julho
de
2008
(FT)
As
organizações
não
governamentais
atuantes
no
Brasil
terão
que
se
registrar
novamente
junto
ao
governo,
em
conformidade
com
nova
regulamentação
que
provocou
críticas
da
sociedade
civil.
Essas
organizações
precisarão
descrever
com
detalhes
suas
fontes
de
financiamento,
fazer
uma
listagem
dos
executivos
e
fornecer
um
detalhamento
de
seus
planos
e
locais
de
operação,
assim
como
um
meio
de
armazenamento
da
documentação
comprobatória.
As
organizações
que
não
cumprirem
a
determinação
poderão
ser
banidas
do
país.
A
medida,
anunciada
no
final
da
semana
passada,
permitirá
que
o
governo
e
outras
entidades
públicas
identifiquem
as
ONGs,
sua
área
de
atuação
e
seus
recursos,
de
acordo
com
Romeu
Tuma
Júnior,
secretário
de
justiça.
Brasília
afirma
que
a
medida
é
necessária
para
impor
a
ordem
num
setor
em
que
as
organizações
se
proliferaram.
O
presidente
Luiz
Inácio
Lula
da
Silva
deverá
assinar
o
decreto
esse
mês.
Os
relatórios
do
governo
afirmaram
recentemente
que
as
ONGs
se
envolveram
com
a
biopirataria,
ou
seja,
a
obtenção
de
patentes
para
drogas
baseadas
em
conhecimentos
tradicionais,
e
que
algumas
atuam
como
fachadas
para
outras
atividades
ilegais.
Elas
também
teriam
se
apoderado
de
terras
em
áreas
sensíveis
da
Amazônia.
Paulo
Prado,
diretor
de
política
ambiental
da
filial
da
Conservation
International
em
São
Paulo,
uma
ONG
ambiental,
afirma
que
a
medida
submeterá
as
organizações
como
a
dele
a
uma
quantidade
ainda
maior
de
burocracia.
Ele
acredita
que
essa
medida
é
motivada,
em
grande
parte,
pelo
entusiasmo
do
governo
em
reduzir
a
publicidade
negativa
criada
pelo
escrutínio
de
ONGs
sobre
os
problemas
na
Amazônia,
principalmente,
o
desmatamento
e
os
direitos
dos
indígenas.
FERRO
DE
RESERVA
INDÍGENA
NA
AMAZÔNIA
E
DIAMANTES
DO
BRASIL
PODEM
SE
TORNAR
LEGAIS
PARA
MINERAÇÃO
21
de
agosto
de
2008
(Bloomberg)
Por
décadas,
Valéria
Paye
Pereira
e
sua
tribo
de
índios
Tiriyo
no
estado
brasileiro
do
Pará
lutaram
contra
mineradores
pioneiros
que
escapam
pela
fronteira
a
nordeste
do
Suriname
e
da
Guiana
Francesa
para
extrair
ouro
ilegalmente.
Os
mineradores,
conhecidos
como
garimpeiros,
cortaram
árvores,
poluíram
as
águas
e
atacaram
as
casas
da
tribo,
feitas
de
madeira
e
palha.
Atualmente,
a
tribo
de
1.100
membros
está
levando
sua
causa
para
a
capital
da
nação,
a
fim
de
revogar
a
legislação
que
permite
mais
garimpo
em
suas
terras.
“Os
garimpeiros
trazem
violência,
doenças,
álcool
e
prostituição”,
afirma
Paye
Pereira,
34
anos.
Ela
tem
buscado
apoio
contra
essa
legislação
em
Brasília.
A
abertura
dos
territórios
indígenas
“levaria
à
exploração,
não
apenas
das
terras
e
do
ambiente,
mas
também
dos
indígenas.”
Os
legisladores
estão
debatendo
a
questão
de
permitir
ou
não
que
empresas
como
a
Vale
e
a
Anglo
American
Plc
façam
um
trabalho
em
equipe
com
os
400.000
indígenas
do
Brasil
para
extrações
na
terra
inexplorada
depois
de
a
crescente
demanda
global
ter
causado
a
elevação
repentina
dos
preços
de
minerais
e
a
extinção
dos
depósitos
existentes.
Enquanto
os
defensores
afirmam
que
isso
aumentaria
a
violência
e
os
danos
ao
ambiente
causados
por
extrações
ilegais,
os
grupos
indígenas
dizem
que
isso
ameaça
seu
modo
de
vida.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
87
BRASIL:
MULTINACIONAL
SUÍÇA
ENTREGA
TERRA
CONTESTADA
ÀS
AUTORIDADES
ESTATAIS
21
de
outubro
de
2008
(Anistia
Internacional)
A
decisão
da
Syngenta
Seeds,
multinacional
suíça,
de
entregar
sua
fazenda
experimental
de
127
hectares
de
terra
ao
governo
do
estado
do
Paraná,
no
último
dia
14
de
outubro,
marca
o
fim
esperado
de
um
conflito
violento
sobre
o
local.
O
governo
do
estado
prometeu,
desde
então,
usar
a
terra
para
a
produção
de
sementes
nativas
para
posterior
distribuição
aos
pequenos
agricultores
e
às
aldeias
carentes
da
região
que
sofreram
com
a
devastação
causada
pelas
fortes
chuvas.
Após
vários
meses
de
pressão
por
parte
de
ativistas,
grupos
de
direitos
humanos
e
do
governo
estadual,
a
decisão
da
Syngenta
de
abrir
mão
da
terra
consiste
num
passo
importante
para
a
defesa
dos
direitos
humanos
daqueles
que
lutam
por
seu
direito
à
terra
e
à
sobrevivência
em
todo
o
estado.
A
cessão
da
terra
ocorre
no
primeiro
aniversário
das
mortes
de
Valmir
Mota
de
Oliveira
(conhecido
como
Keno),
líder
do
movimento
dos
trabalhadores
sem‐terra
(MST)
e
de
Fábio
Ferreira,
um
dos
seguranças
da
Syngenta.
Um
ano
depois,
a
NF
Segurança,
empresa
que
fornece
serviços
de
segurança
à
Syngenta,
ainda
fornece
esses
serviços
aos
proprietários
de
terra
locais,
mesmo
com
a
revogação
de
sua
licença
em
setembro.
Ao
mesmo
tempo
que
as
investigações
oficiais
e
o
inquérito
do
assassinato
de
Keno
detectaram
evidências
extensas
de
atividades
irregulares
ou
criminosas,
a
empresa
continua
a
funcionar
enquanto
recorre
do
processo.
EQUADOR
AFIRMA
QUE
A
PETROBRAS
DEVOLVERÁ
CAMPO
DE
EXPLORAÇÃO
DE
PETRÓLEO
20
de
setembro
de
2008
(Reuters)
A
empresa
de
produção
de
petróleo
brasileira,
Petrobras,
concordou
em
devolver
ao
Equador
um
campo
petrolífero
controverso
no
coração
da
Floresta
Amazônica,
afirmou
o
presidente
Rafael
Correa
no
último
sábado.
Correa,
um
esquerdista,
antigo
ministro
da
justiça
e
aliado
do
presidente
do
Brasil
Luiz
Inácio
Lula
da
Silva,
deu
permissão
à
Petrobras
para
explorar
o
Bloco
31,
localizado
no
parque
nacional
Yasuni,
no
ano
passado.
No
entanto,
o
projeto
está
em
espera
porque
a
empresa
discordou
do
Equador
no
tocante
aos
impostos
e
os
ambientalistas
se
opuseram
ferozmente
à
realização
de
qualquer
atividade
petrolífera
dentro
do
parque,
que
abriga
espécies
tropicais
raras
de
jaguares
e
botos‐rosa.
“Mesmo
depois
deles
(a
Petrobras)
terem
investido
duzentos
milhões
de
dólares,
conseguimos
que
eles
transferissem
o
Bloco
31
para
a
Petroecuador
(companhia
estatal
de
petróleo)”,
disse
Correa
durante
seu
programa
de
rádio
semanal.
88
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
O
DESMATAMENTO
NA
AMAZÔNIA
BRASILEIRA
AUMENTA
PELA
PRIMEIRA
VEZ
EM
QUATRO
ANOS
28
de
novembro
de
2008
(Bloomberg)
O
desmatamento
da
região
amazônica
brasileira
aumentou
esse
ano
pela
primeira
vez
desde
2004,
uma
vez
que
os
preços
crescentes
do
gado
e
da
soja
levaram
os
fazendeiros
a
buscar
novas
terras
para
criações
na
floresta.
A
maior
floresta
tropical
perdeu
11.968
quilômetros
quadrados
de
terra,
uma
área
cerca
de
dez
vezes
maior
do
que
a
cidade
de
Nova
Iorque,
nos
doze
meses
que
antecedem
julho
de
2008,
afirmou
hoje
o
Instituto
Nacional
de
Pesquisa
Espacial
no
site
da
entidade.
Essa
perda
foi
maior
se
comparada
aos
11.532
quilômetros
quadrados
perdidos
no
mesmo
período
do
ano
anterior.
A
destruição
da
floresta
foi
menor
do
que
a
previsão
do
governo
no
início
do
segundo
trimestre.
O
presidente
Luiz
Inácio
Lula
da
Silva
ampliou
as
regras
contra
a
ocupação
ilegal
desde
dezembro,
em
resposta
aos
índices
preliminares
que
sinalizaram
que
o
desmatamento
poderia
atingir
a
marca
de
15.000
quilômetros
quadrados,
afirmou
o
ministro
do
Meio
Ambiente,
Carlos
Minc.
“Voltamos
à
tendência
de
queda
do
desmatamento”,
Minc
informou
aos
repórteres
em
Brasília.
“Eu
espero
que
essa
taxa
seja
reduzida
além
da
marca
de
10.000
quilômetros
quadrados
no
próximo
ano.”
O
ritmo
do
desmatamento
tem
caído
desde
que
alcançou
a
alta
em
nove
anos
de
27.379
quilômetros
quadrados
em
2004.
Houve
uma
aceleração
desse
ritmo
no
final
do
ano
passado
e
início
de
2008
à
medida
que
os
preços
de
commodities
aumentaram,
disse
Minc.
Isso
ocorreu
em
27
de
maio
com
o
desafio
de
limitar
o
desmatamento
sem
obstruir
o
Programa
de
Aceleração
do
Crescimento
do
Presidente
Luiz
Inácio
Lula
da
Silva,
que
inclui
a
construção
de
pelo
menos
duas
barragens
na
Bacia
Amazônica
e
de
uma
usina
de
energia
nuclear
próxima
a
duas
cidades
históricas
litorâneas
no
Estado
do
Rio
de
Janeiro.
O
governo
cortou
empréstimos
bancários
para
os
fazendeiros
da
Bacia
Amazônica
que
não
atendam
aos
requisitos
ambientais,
confiscou
as
criações
de
gado
em
áreas
ilegais
e
anunciou
planos
para
criar
três
novas
reservas
naturais
na
tentativa
de
interromper
o
desmatamento.
No
dia
primeiro
de
agosto
passado,
Lula
criou
um
fundo
internacional
que
buscará
levantar
21
bilhões
em
doações
nos
próximos
treze
anos
para
financiar
projetos
de
conservação
e
desenvolvimento
sustentável
na
Amazônia.
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
89
CENTENAS
DE
ECO‐GUERREIROS
DO
BRASIL
CORREM
RISCO
DE
ASSASSINATO
22
de
dezembro
de
2008
(Guardian)
Vinte
anos
depois
do
assassinato
de
Chico
Mendes,
um
dos
defensores
da
floresta
tropical
mais
conhecidos
do
mundo,
centenas
de
ativistas
ambientais
e
de
direitos
humanos
ainda
enfrentam
ameaças
de
morte
no
Brasil,
segundo
um
novo
estudo.
O
relatório,
compilado
pela
Comissão
Pastoral
da
Terra
(CPT)
e
que
deverá
ser
publicado
por
completo
no
início
do
ano
que
vem,
revela
que
pelo
menos
260
pessoas,
dentre
elas
um
bispo
católico,
vivem
sob
a
ameaça
de
assassinato
por
causa
de
sua
luta
contra
uma
coalizão
de
madeireiros,
fazendeiros
e
criadores
de
gado.
Em
fevereiro
desse
ano,
Francisco
da
Silva,
um
líder
de
51
anos
do
movimento
dos
sem‐terra
na
Amazônia,
foi
morto
com
um
único
tiro
na
cabeça.
Ele
havia
sido
apontado
num
relatório
anterior
da
CPT
como
um
dos
líderes
rurais
que
foram
ameaçados
de
morte.
Em
setembro
desse
ano,
os
índices
do
governo
mostraram
que
o
desmatamento
na
Amazônia
havia
aumentado
em
64%
nos
12
meses
anteriores.
No
início
desse
mês,
os
membros
do
IBAMA,
a
agência
de
fiscalização
ambiental
do
Brasil,
descobriram
que
quase
3.000
hectares
(7.410
acres)
de
terra
tinham
sido
devastados,
a
maior
parte
dessa
área
ilegalmente,
dentro
de
uma
reserva
que
foi
batizada
com
o
nome
de
Mendes.
“No
dia
22
de
dezembro
de
cada
ano,
eu
me
pergunto
se
ele
morreu
em
vão
ou
não.
Hoje
em
dia,
depois
de
todos
esses
anos,
a
resposta
ainda
não
está
clara
para
mim”,
disse
Alfredo
Sirkis,
um
membro
renomado
do
Partido
Verde
do
Brasil
e
amigo
pessoal
de
Chico
Mendes.
PETROBRAS
DEVERÁ
GASTAR
QUATRO
BILHÕES
DE
DÓLARES
ATÉ
2012
PARA
REDUZIR
ENXOFRE
13
de
janeiro
de
2009
(Bloomberg)
A
Petróleo
Brasileiro
SA,
a
companhia
estatal
brasileira
de
petróleo,
gastará
4
bilhões
de
dólares
até
o
final
de
2012
para
reduzir
o
enxofre
no
diesel,
o
combustível
mais
usado
no
país.
O
enxofre
será
limitado
a
1.800
partes
por
milhão
no
diesel
vendido
em
áreas
rurais
a
partir
desse
mês,
a
empresa
com
sede
no
Rio
de
Janeiro
afirmou
hoje
numa
declaração.
A
Petrobras,
como
é
conhecida,
planeja
fornecer
90.000
metros
cúbicos
(23,8
milhões
de
galões)
de
diesel
por
mês,
com
50
partes
por
milhão
de
enxofre,
conhecido
como
S‐50,
a
frotas
de
ônibus
nas
cidades
de
São
Paulo
e
Rio
de
Janeiro.
O
enxofre
no
diesel
pode
contribuir
para
as
mortes
de
25.000
pessoas
em
São
Paulo,
a
maior
cidade
do
Brasil,
até
2040,
de
acordo
com
Paulo
Saldiva,
coordenador
do
Laboratório
de
Poluição
Atmosférica
da
Faculdade
de
Medicina
da
Universidade
de
São
Paulo.
Das
110
mortes
registradas
diariamente
na
região
metropolitana
de
São
Paulo,
de
12
a
14
resultam
de
doenças
causadas
pela
combustão
do
diesel,
disse
ele.
Os
níveis
de
enxofre
são
limitados
a
menos
de
50
partes
por
milhão
na
América
do
Norte
e
Europa,
enquanto
a
maior
parte
do
diesel
brasileiro
possui,
pelo
menos,
dez
vezes
esse
montante.
A
Petrobras
poderá
investir
um
montante
adicional
de
2
bilhões
a
partir
de
2013
para
produzir
diesel
com
apenas
10
partes
por
milhão.
A
Petrobras
também
começará
a
fornecer
o
diesel
S‐50
às
frotas
de
ônibus
nas
cidades
de
Fortaleza,
Recife,
Curitiba,
Porto
Alegre,
Belo
Horizonte,
Salvador
e
Vitória,
posteriormente,
até
o
final
desse
ano.
A
medida
aumentará
as
vendas
da
empresa
com
o
combustível
mais
limpo
para
242.000
metros
cúbicos
por
mês
até
o
início
de
2010.
A
Petrobras
começará
a
produzir
o
diesel
S‐50
no
Brasil
ainda
esse
ano,
apostando
na
redução
da
dependência
de
importações
e
expandirá
a
produção
para
11
refinarias
até
2011,
Paulo
Roberto
da
Costa,
diretor
de
refino
da
Petrobras,
disse
aos
repórteres
hoje,
em
São
Paulo.
90
INVESTIMENTO
SUSTENTÁVEL
NO
BRASIL
2009
AGRICULTORES
SEM‐TERRA
DO
BRASIL
VISAM
A
ESTENDER
A
LUTA
PARA
O
PETRÓLEO
19
de
janeiro
de
2009
(Reuters)
o
O
Movimento
dos
Trabalhadores
Sem‐terra
do
Brasil
celebrou
seu
25
aniversário
na
segunda‐feira,
com
a
promessa
de
ampliação
de
sua
luta
contra
o
capitalismo,
para
garantir
que
as
novas
riquezas
petrolíferas
do
país
permaneçam
nas
mãos
do
estado.
Desde
a
divulgação
em
2007
de
que
a
Petrobras
(PETR4.SA)
(PBR.N),
a
empresa
estatal
de
energia,
havia
descoberto
enormes
reservas
de
petróleo
leve
na
costa
sudeste
do
Brasil,
há
rumores
de
que
o
governo
assumiria
um
controle
maior
das
riquezas
de
petróleo.
O
presidente
Luiz
Inácio
Lula
da
Silva
está
considerando
a
possibilidade
de
criar
uma
nova
empresa
petrolífera
gerida
pelo
Estado
para
administrar
a
produção
de
petróleo
das
novas
reservas
no
"pré‐sal”,
mas
empresas
estrangeiras
de
petróleo
como
a
Royal
Dutch
Shell
Plc
(RDSa.L)
ainda
terão
um
papel
importante
na
produção.
“O
MST
está
pronto
para
fazer
o
que
for
necessário
para
garantir
que
o
petróleo
do
Brasil,
principalmente
no
tocante
a
descoberta
da
camada
pré‐sal,
não
seja
privatizado.
Isso
significa
que
haverá
passeatas,
manifestações,
ocupações,
campanhas
públicas,
uma
série
de
ações,”
disse
João
Paulo
Rodrigues,
um
dos
líderes
do
movimento,
numa
conferência
à
imprensa
em
São
Paulo.
O
movimento,
provavelmente
o
maior
grupo
de
reforma
agrária
do
mundo,
é
conhecido
como
MST.