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http://jn.sapo.pt/2008/04/17/opiniao/avaliar_domesticar_liberdades.html
Avaliar ou domesticar liberdades?

António Mendes, Professor

A senhora ministra da Educação sentou-se, pela


primeira vez, com os sindicatos, mas isso não traz
ainda a paz às escolas a alma dos docentes
(professores e educadores) continua trespassada por
tristeza, inquietação, medo mas também pela
esperança.

Tristeza grande, pelos conselhos executivos e


pedagógicos vergados e prontos a ferir com a espada
do processo disciplinar os colegas que sonhem resistir
a quem berra "A lei é a lei!".

É que eles sabem bem da natureza economicista


deste modelo de avaliação, da ausência nele de um
artigo que seja sobre o aproveitamento das avaliações
para melhorar o quotidiano escolar ou a formação dos
docentes?

Tristeza magoada também não querem os sindicatos


complicar uma avaliação simplex, que finge e não
dignifica, em vez de propor um modelo alternativo?

Inquietação é o que nasce destas tristezas que


ingenuidade ter permitido este ECD (Estatuto da
Carreira Docente)! Não define ele os docentes como
"um corpo especial da administração pública",
esvaziado de autonomia intelectual e sobrecarregado
(Artigo 35.º) com funções de administração das
"orientações de política educativa", sob pena de
punição disciplinar (Artigo 114.º)?

Inquietos, admiram-se da anestesia da alma colectiva


face ao divórcio entre legalidade e legitimidade
democrática, por um lado, e cuidado ético na acção do
Estado, por outro.

Delírio? Não, o próprio Diário da Assembleia da


República (03-04-08) abafa com reticências uma
confissão terrível do senhor ministro das Finanças, em
plena sessão plenária no Parlamento e audível nos
media "deixo o juízo moral a quem o quiser fazer" ?

Sabendo que a isto acresceu o dito de que ao Estado


cabe apenas zelar pela legalidade das suas acções, é
de pensar ou não numa anestesia moral do Estado?

Titulares da memória colectiva, os docentes


pressentem aqui o silêncio do medo e interrogam-se
não é a prudência ética que distingue o Estado de
Direito do Autoritário? Não bastou a Hitler a
legitimidade democrática e legal?

Mais, se os responsáveis pelo ECD e pela avaliação


na Função Pública são assim, quem arrisca falar
publicamente, dar motivos para alguém lançar as
garras hierárquicas sobre o seu salário, o seu
bem-estar pessoal e familiar?

Porém, os intervalos, cafés ou Internet acolhem


murmúrios contra o ECD e esta avaliação,
testemunham brindes ao fim desta engenharia que
veio para domesticar a autonomia intelectual, a
cidadania dos docentes e das gerações futuras, em
vez de melhorar o ensino, as aprendizagens, a escola

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pública.

Abril está aí, cravo de esperança na memória da


liberdade. De pé, os docentes contam agora os dias
dessa esperança será precisa a desobediência civil a
estas leis para o país perceber que esta avaliação é a
ponta visível de uma engenharia social que ignora as
liberdades, que crava nos poderes e funções do
Estado receptores específicos para a libido dominandi,
essa vontade de domínio, mãe de todos os
totalitarismos, que tanto sofrimento espalhou pelo
século XX?

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