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Guilherme Ribeiro
INTRODUO
"S as obras bem escritas ho-de passar posteridade".
Essas palavras foram escritas por um naturalista, o Conde de
Buffon, ao tomar posse na Academia Francesa, em 1753. Mais
conhecido por uma frase que se tornou famosa (le style c'est
l'homme mme) do que talvez pelos 36 volumes da sua
Histria Natural, o dito buffoniano, pesando embora as
interpretaes divergentes que tem suscitado, continua na
ordem do dia.
Muitas foram e sero as definies de estilo. Algumas
marcadas por um certo radicalismo: "ter estilo no ter
estilo". Mas, no nosso propsito percorrer o universo de
teorias que, ao longo das pocas, se foram formando em
torno deste assunto. Aqui, tentaremos apenas fazer um
levantamento dos principais recursos de que os prosadores,
oradores e poetas se servem para tornarem mais sugestivas,
expressivas e duradouras a suas ideias, os seus pensamentos,
as suas mensagens... ou, porque no diz-lo, a sua Arte. E,
neste sentido, o estilo o que os particuliza e os eleva
condio de verdadeiros artistas.
A propsito, deixemos aqui as palavras de Aquilino
Ribeiro, para que o leitor possa reflectir sobre o valor do estilo
e, ao mesmo tempo, perspectivar uma definio possvel:
Em literatura o estilo como o lcool para os corpos
embalsamados: conserva-a. Toda a literatura que resiste
corroso do tempo deve-o ao estilo. Homero, Ccero,
Shakespeare, Cames, Voltaire, Tolstoi foram grandes
estilistas. Quer isto dizer que o estilo seja uma arte? De modo
algum. Mas sem estilo nenhuma obra se salva.
Acresce que a nossa lngua est to pouco clarificada que
apenas pensa com preciso e justeza quem escreve