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Cardoso de Miranda
O Ciclo das
Gerações
1939
Nota
de
Edição
Eletrônica
O autor deste livro era primo de meu avô, Henrique
Miranda Sá. Com meu pai e com ele, aprendi a me
interessar, amar e respeitar meus antepassados. O
interesse de outros parentes, dos quais alguns nem
conheço, me fizeram mandar fazer uma cópia
eletrônica deste livro depois de quase destruir o livro
xerocopiando-o. Creio que se trata do trabalho mais
completo sobre os descendentes do Sargento-Mor
Gregório Francisco de Miranda e seu filho, nossos
antepassados comuns. Por isto, resolvi colocá-lo à
disposição de quem quiser.
2
Notas
na
folha
de
rosto:
Francisco Matheus Rondon 361
Ignes de Castro 30
D. João III – p. 32
Diogo Ramalho – 221
Luiza Grinaldi – 223
Marcus de Azeredo Continho 259
Pinto Coelho 312
Aura Vaz p. 234
João Ramalho p. 285
Jorge Morgan 324
Grinaldi 336
Nota – Duque Estrada – ver nob. Fluminense
Crispin ...reiro – 257 256
Antonio de Mariz – O velho – p. 257 – 261 272
José Joanes Teixeira de Gouvêa 325
João Ramalho – p. 285
Bento do Amaral Coutinho 31
3
Do autor: (trabalhos históricos)
“A Questão do Chaco” – Petrópolis, 1932
“Le Chaco Boreal” – Paris, 1932
“Joaquim Nabuco” – Petrópolis, 1933
“Dantzig” – Rio, 1936
“Palavras ephemeras” – Rio, 1937
“O cyclo das gerações”, 1939
A meu Pai
e ao meu Filho
“A Genealogia investiga o passado, identifica o presente e resguarda o futuro”.
GUMBLETON DAUNT
4
“Não
vás.
Aqui
serão
teus
dias
mais
serenos,
que
na
terra
natal
a
própria
dor
doe
menos...
E
fica,
porque
é
melhor
morrer
(ai,
bem
sei
eu!)
no
pedaço
da
terra
em
que
agente
nasceu!”
Menotti del Pichia
A Raça não tem morte que não seja
A dum corpo cansado que tombou.
Mas, sobre o corpo, intensamente adeja
A força original que se despeja
Nas vidas novas que ele, em si criou.
Bendita maravilha e encantamento
De longe eras, sempre em movimento,
Sempre igual, sempre velho e sempre novo.
Herculano Bebordão
5
Genealogia
6
Florescem os seus ramos, enfeitam-se de cor
e de som, animam-se, enchem-se de vida,
esmaltam-se de glória sentida e
compreendida, quando investigamos
nos alfarrábios e tiramos do pó o espírito
dos antepassados, para viver suas
existências, comungar suas dores, beber
suas lições, impregnar-nos de suas virtudes
e do heroísmo de seus martírios.
Se o brasileiro se apaixonasse pela sua
Terra e pela sua Gente, pela comuna cuja
gleba seus avós lavoraram, essa paixão
longe de desenvolver qualquer regionalismo,
lhe daria uma alta e humana compreensão
da Vida, da verdade da História e do sentido
cristão da Pátria – pátria admirável e bela,
que é a mesma paisagem conhecida e amiga
que nos habituamos a contemplar da janela
da casa paterna e que nossos mortos
levaram na retina para o seio da terra
abençoada, pátria que é ossuário de nossos
heróis e relicário de nossos santos,
prolongamento glorioso da célula municipal
que nossos avós criaram e que nós ajudamos
a fazer grande, pátria que, em séculos de
lutas e de bravura, os que vieram antes de
nós construíram, pátria bendita, pátria
santa, que temos que legar engrandecida
aos que vierem depois de nós.
7
Que no dia em que fecharmos os olhos para
sempre, seja nosso último pensamento para
os Antepassados, cujo sangue herdamos e
soubemos honrar, para a Terra, que eles nos
deixaram e que amanhamos com carinho,
em suma para a Pátria, cuja eternidade será
o consolo do nosso próprio fim e cuja
imortalidade colocaremos na última prece,
sob a benção do nosso Deus, do Deus de
nossos Maiores...
8
e a outra oitava parte os outros
ascendentes.
E se o mendelismo é hoje uma doutrina que
domina na genética, podemos com
segurança afirmar que, afastadas as
hipóteses transformistas, sobraram da obra
de Carlos Darwin quatro teses que hão de
influir poderosamente no problema da
transmissão hereditária que há quarenta
anos preocupa a biologia.
9
isso, a família é uma instituição natural que
o cristianismo ungiu, erigindo em
sacramento o matrimônio que a inicia.
Triste engano de Platão pretender que a
família se opõe à organização nacional.
Triste concepção esta de sua filosofia pagã,
de que é corollaria a doutrina perniciosa
dos que pretendem fazer do Estado tutor dos
indivíduos, roubando da família o direito
sagrado e inalienável da educação.
10
Institutos
e
Obras
A heráldica, como diz Arnaldo de Mattos
(“Brasonário de Portugal” vol. 1, intr., Gaia
– MCMXXXIV) “... faz parte integrante da
história pátria, pois nasceram quase a par,
razão porque é um dos seus melhores
intérpretes”. É este o motivo pelo qual
vicejam nos mais adiantados países,
notáveis institutos de heráldica e
genealogia: “Academia Portuguesa de
Heráldica e Genealogia”, “Instituto
11
Português de Heráldica”, “Instituto de
Estudos Genealógicos”, no Brasil; “College
of Arms of the Noblesse”, no
Canadá;”American Heraldy Society”, “The
New York Genealogical and
Bibiliographycal Society”, “Institute of
American Genealogy”, “New England
Historic Genealogical Society”,
“Genealogical Society of Utah”, todos nos
Estados Unidos; “The Society of
Genealogists”, College of Arms”,
“International College of Heraldy”, todos na
Inglaterra; “Societé Suisse d’Heradique”,
“Societé Vaudoise de Genealogie”, “Real
Sociedad Hispano-Americana de Genealogia
y Heráldica”, no México; “Colégio Araldico”,
“Reale Commissione Araldica Lombar-
da”, “Consulta Araldica del Regno”, na
Itália; “Polskie Towarzystwo Heraldyezne” e
“Kolegium Heraldycznego”, na Polônia;
“Institut Historique et Héraldique”, na
França; “Verein Herold”, na Alemanha;
“Heraldische Gessenllschaft Alder”, na
Áustria, etc. etc.
Numerosas publicações de valor são
editados por essas instituições, cumprindo
citar como as mais importantes o Almanack
de Gotha e o Annuaire de la Noblesse de
France.
12
No Brasil, já possuímos a Revista do
Instituto de Estudos Genealógicos e o
Anuário Genealógico Brasileiro, ambos de
São Paulo.
Os que se interessam pelos estudos
genealógicos podem consultar, no que se
refere a origens portuguesas, as seguintes
obras, além das que vão citadas neste
trabalho: “Nobiliário”, de Manso de Lima;
“Brazões”, de Braancamp Freire;
“Nobiliário”, de Rangel Macedo; “Thesouro
da Nobreza de Portugal”, de Frei Manoel de
Sto. Antonio; “História de Portugal
Restaurado”, pelo Conde da Ericeira;
“Nobiliário”, por Damião de Goes;
“Chorographia Portugueza”, pelo Padre A.
C. Costa; “Nobiliário”, por Manoel de
Souza; “Nobiliário”, por Joseph de Caledo;
“Theatro Genealógico”, de Haro; e os
Nobiliários de D. Antonio de Lima, de
Gomes de Mello, de Christovão Alão de
Moraes, etc., etc.
13
Árvores
Dinásticas
Os lusitanos príncipes e reis,
Dos da guerreira casa primitiva,
Que com o voto e o querer da gente altiva,
O solo consagrou, a língua e as leis,
Aquela de alma grave e aventurosa,
Que de áurea fama orna o brasão de Aviz,
Dinastia prolífica e ditosa,
Que Aljubarrota, a Ceuta e Arzila esposa,
E em Sagres a Índia e a América prediz!
Magalhães de Azeredo
14
E’ praxe fazer perceber às notas
genealógicas dos nobiliários a árvore da
Dinastia Nacional. Mas como o leitor
facilmente sobre o assunto poderá
consultar o Almanak de Gotha deste ano
ou o “Nobiliário Sul-Riograndense”, de
Teixeira de Carvalho (e. de 1937, Porto
Alegre, p. 11), lembrei-me que seria talvez
interessante iniciar este trabalho com um
estudo cronológico dos soberanos
portugueses e brasileiros, valendo-me do
curioso quadro, que comprovei e
completei e anotei, de Antonio Joaquim
Alves, publicado em 1878, em Vianna de
Castello:
Reis de Portugal
1
Seu
pai,
o
Conde
Dom
Henriques,
de
Borgonha,
nasceu
em
1035,
casou
com
D.
Tareija
e
morreu
aos
77
anos,
no
cerco
de
Astorga,
a
1
de
Novembro
de
1112.
Seu
corpo
foi
trasladado
para
a
Sé
de
Braga
em
1513,
pelo
Arcebispo
Dom
Diogo
de
Souza.
15
DOM SANCHO I, o Povoador. Nasceu em
Coimbra, no ano de 1154. Casou com Dona
Dulce, reinou 26 anos, viveu 57, faleceu
em 1211, em Coimbra e jaz em Sta. Cruz de
Coimbra.
16
DOM AFFONSO IV, o Bravo. Nasceu em
Coimbra, em 1290. Casou com Dona
Brittes, reinou 32 anos, viveu 67, morreu
em 1357, em Lisboa e jaz na Sé dessa
cidade.
2
Com
Dom
João
I,
inicia‐se
em
Portugal
o
reinado
da
Casa
de
Aviz
(assim
chamada
por
ser
Dom
João
I
Mestre
de
Aviz).
Não
houve
interrupção
de
Dinastia
por
ser
D.
João
I
filho
de
Dom
Pedro
I
17
DOM AFFONSO V, o Africano, Nasceu em
Cintra, em 1432. Casou com Dona Isabel,
reinou 43 anos, viveu 49, morreu em 1481,
em Cintra e jaz na Batalha.
18
DOM HENRIQUE I, o Casto. Nasceu em
Lisboa, em 1512. Reinou 1 ano e meio,
viveu 68 anos, morreu em 1580, em
Almeirim e jaz em Belém. 3
3
Após
sua
morte,
tentou
apoderar‐se
do
trono
Dom
Antonio,
Priror
do
Crato,
filho
do
Infante
Dom
Luiz
e
neto
de
Dom
Manoel
I.
Nascera
Dom
Antonio
em
1531
e
veio
a
falecer
no
desterro,
em
França,
no
ano
de
1593,
com
a
idade
de
64
anos.
Jaz
em
Paris.
4
Com
Dom
João
IV
inicia‐se
em
Portugal
o
reinado
da
Casa
de
Bragança
(assim
chamada
por
ser
Dom
João
IV,
Duque
de
Bragança).
Mas
ainda
aí
não
houve
solução
de
continuidade
na
Dinastia,
pois
Dom
João
IV,
8º
Duque
de
Bragança,
descendia
em
linha
direta
e
varonil
do
I
Duque
de
Bragança,
Dom
Affonso,
filho
de
Dom
João
I.
19
DOM PEDRO II, o Pacífico. Nasceu em
Lisboa, em 1648. Casou em primeiras
núpcias com Dona Maria e em segundas
com Dona Maria Sofia. Reinou 23 anos,
viveu 58, morreu em 1706, em Lisboa e jaz
em São Vicente de Fora.
5
Com
a
ascensão
ao
trono
de
Dona
Maria
I,
não
se
quebrou
a
linha
varonil
na
dinastia,
pois
Dona
Maria
I
casou
com
seu
tio
o
Infante
Dom
Pedro
(que
assumiu
o
título
de
Dom
Pedro
III),
filho
de
Dom
João
V.
20
DOM JOÃO VI, o Clemente. Nasceu em
Lisboa, em 1767. Casou com Dona Carlota
Joaquina. Reinou 19 anos, viveu 59,
faleceu em 1826, em Lisboa e jaz em São
Vicente de Fora.
6
Com
Dom
Pedro
IV
(Dom
Pedro
I
no
Brasil)
extingue‐se
a
linha
varonil
no
trono
português.
Aliás,
a
descendência
portuguesa
de
Dom
Pedro
extinguiu‐se
por
completo
com
o
falecimento
de
Dom
Manoel
II.
Sua
descendência
varonil
no
Brasil
extingue‐se
com
Dom
Pedro
II,
continuando
a
família
com
a
descendência
da
Princesa
Dona
Isabel.
A
linha
varonil
da
dinastia
portuguesa
foi
mantida
pelos
descendentes
de
Dom
Miguel.
7
Dom
Fernando
que,
consoante
às
leis
do
Reino,
assumiu
o
título
de
Dom
Fernando
II,
nasceu
em
29
de
outubro
de
1816.
Foi
regente
na
menoridade
de
seu
filho,
durante
dois
anos.
Viveu
69
anos,
morreu
em
Lisboa
em
1885
e
jaz
em
São
Vicente
de
Fora.
21
DOM PEDRO V, o Esperançoso. Nasceu em
Lisboa, em 1837. Casou com Dona
Estephania. Reinou 8 anos, viveu 24,
morreu em 1861, em Lisboa e jaz em São
Vicente de Fora.
22
Imperadores
do
Brasil
23
Ribeyrolles, no seu “Brasil Pitoresco”, 8
atribui aos Puris e Coroados a origem do
nome Campos dos Goytacazes, que
significaria (Goaitacomopi) Campos das
Delícias.
8
Tomo
I,
Rio
–
1859.
9
“Memória
topographica
e
histórica
sobre
os
Campos
dos
Goytacazes”
p.
25,
Lisboa
–
1819.
“A
história
econômica
do
Império
é
o
Parahyba.........................................
Ainda
10
permanecem
no
fim
do
século
passado
e
na
alvorada
deste
século
os
vestígios
da
grandeza
do
vale
que
se
estende
desde
as
planícies
de
Campos
até
as
montanhas
da
divisa
Minas‐S.
Paulo..............................
A
riqueza
do
Império
é
Campos”.
–
Manoel
Filho
“O
caminho
da
penetração”.
24
A
Gleba
A quem não impressiona, por exemplo, a
fisionomia lírica e graciosa dessa Villa
Rica fluminense? Tem um sabor
quinhentista as tradições de sua cultura, e
os templos vetustos que nossos
antepassados ali levantaram espelham, na
opulência manuelina de suas linhas
coloniais, a crença revolta e a mística
inquieta desse povo de bandeirantes
audazes.
25
O ar singelo e romântico das hortas
familiares; o suave colorido de que se
reveste o descampado dos arredores
bucólicos; a sugestão das sacadas antigas,
debruçadas para ruas históricas, em cujo
lagedo trepidava, pelas manhãs
ensolaradas de outros tempos, a
cadeirinha domingueira da Senhor que ia
à missa...
26
dia suas tendas de emigrantes idealistas,
torturados pelo sonho ecumênico da raça,
e confundiram sua vida com a do novo
Império e doaram capelas, erigiram
igrejas, fortes magníficos, perpetuando
uma grei e continuando um reino.
Nacional
(Arquitetura
Civil
–
Campos
–
E.
do
Rio)
os
últimos
solares
dos
Miranda:
o
Solar
de
Sto.
Antônio,
propriedade
de
Tarcísio
de
Miranda,
filho
do
Major
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
e
o
Solar
do
Visconde
(bem
como
a
sua
Capela
de
N.
Sra.
do
Rosário),
propriedade
de
Francisco
Pereira
de
Miranda
Pinto
filho
de
D.
Anna
Gregória
de
Miranda
Pinto,
casada
com
Domingos
Pereira
Pinto.
O
primeiro
é
a
Casa
Grande
da
Usina
de
Sto.
Antônio
e
o
segundo
a
sede
da
Fazenda
dos
Visconde.
A
Usina
de
Sto.
Antônio
começou
a
funcionar
a
17
de
Agosto
de
1884,
quando
era
propriedade
do
Comendador
Antônio
Manoel
da
Costa,
tio‐avô
do
atual
dono,
Sr.
Tarcisio
de
Miranda,
e
tio‐bisavô
do
autor.
Faleceu
o
Comendador
em
1902,
deixando
a
Usina
e
a
Fazenda
Grande
a
seus
sobrinhos,
filhos
de
sua
sobrinha
D.
Luiza
de
Almeida
Costa
de
Miranda,
casada
com
o
Major
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
e
à
sua
irmã,
Dona
Luiza
Maria
do
Nascimento
Costa,
falecida
a
13
de
Agosto
de
1913.
27
do primeiro reinado, vítima de um
acidente inexplicável e pavoroso, que
confusamente se disse então ter tido
origem no oratório, quando, é hora das
rezas, velas acesas tombaram sobre flores
rústicas de papel...
28
Apertou-me o coração lembrar que tudo
aquilo significava na minha gente uma
grande incompreensão do passado, desse
passado que ali pairava pelos desvãos e
que ali acumulara os sonhos, as ilusões, os
sofrimentos, as alegrias de gerações
inteiras do meu sangue...
29
impressionando ainda pelo seu significado
arquitetônico...
30
A
Unidade
do
Sangue
Naquelas planícies poéticas e heróicas,
vivera o indígena mais bravo do litoral e
ali os jesuítas foram erguer os muros de
suas reducções e de suas escolas,
disseminando a Fé enquanto, à sombra
dos solares rudes, fidalgos emigrados
espalhavam o Império. Dessa junção
admirável de ideais n’alma portuguesa,
brotou a glória das estripes, amparadas na
probidade dos varões, envoltas no halo
feminino da impoluta dignidade das
matronas, iluminadas pela graça das
donzelas.
31
Foi recordando o clarear de um dia de
antanho, a entrada da primavera, numa
manhã quente de roça e julgando ver o sol
penetrar pelas venezianas antigas, ouvir o
canto plangente do carro de bois ecoando
em accentos vários pelos campinaveis
afora e perceber, no beiral do quarto onde
nasci, molhos de cactos vivos, sedosos no
veludo de sua floração, álacres no seu
colorido abundante, eriçados nas hastes
espalmadas de recortes bizarros – que me
lembrei de escrever estas linhas,
convocando para o culto da família, na
sua expressão histórica e cristã mais
ampla e mais significativa, para o culto
das gerações passadas cujo sangue
herdamos, cujas tradições nos cumpre
manter e cujas virtudes devem ser o
apanágio dos descendentes, todos aqueles
que sentem no fundo d’alma a saudade
das lagoas onde se espelha o perfil esguio
dos coqueiros, todos que trazem nas
pupilas deslumbradas a nostalgia da
planície, todos aqueles que compreendem
a poesia rural da gleba, rolando em ritmos
bárbaros, através das madrugadas claras,
pelas almas da Gente e pelos caminhos da
Terra, cantando a paz virgiliana dos
sonhos bons, na época do trabalho e da
força, da Tradição e do Sangue.
32
Nós não somos um povo em formação. A
predominância do elemento português
não só nos deu a unidade territorial,
religiosa, moral, intelectual, cívica e
sentimental, como imprimiu um caráter
psicológico definitivo à família humana
brasileira, criando o nosso tronco racial,
cuja defesa o Presidente Getúlio Vargas
encareceu recentemente, quando,
recebendo os membros do Conselho de
Imigração e Colonização, disse que,
embora necessitando aumentar sua
densidade demográfica, o Brasil deveria
reservar-se o direito de escolher as
correntes migratórias e seguir nessa
escolha o critério histórico que é o da
formação luso-brasileira.
33
Nacionalidade formada, consciente dos
seus foros individuais, já o éramos em
pleno século XVII, capazes de reagir
contra a ameaça de absorção estrangeira e
repelir do nosso solo, sem auxílio da
metrópole, o invasor que aqui pretendia
iniciar, como em terra abandonada, uma
nova colonização, alheia ao sangue e às
tradições do povo.
34
Erro seria negar aos que partilham dessa
raça que é o próprio cerne do país o
direito de se considerarem diferentes
daqueles cujos antepassados não
cooperaram na obra secular de
sedimentação da nacionalidade, cujos
avós não partilharam dos sofrimentos
comuns da nossa História, cujos
ascendentes não ajudaram a adquirir as
nossas glórias e não se misturaram às
dores anônimas e às conquistas penosas
das gerações que se sucederam no afan de
construir uma Pátria.
35
Comte, em Le Play, afinal de contas, em
quantos não se limitaram a fantasiar sobre
a vida social”. 12
12
–
J.
de
Figueiredo,
“Affirmações”
p.
p.
279
e
seg.,
Rio
–
192
13
“A
grandeza
das
nações
funda‐se
sobre
a
grandeza
e
a
moralidade
das
famílias,
as
quais
são
os
viveiros
dos
bons
cidadãos
e
dos
soldados
fortes,
A
história
ensina
que
a
corrupção
dos
costumes
no
seio
das
famílias
foi
o
indício
de
uma
decadência
pública,
e
que
a
força
passada
e
ainda
presente
dos
povos
nortistas
derivou
em
grande
parte
da
compacidade,
fecundidade
e
saúde
de
suas
famílias”.
–
Cogliolo,
apud
Spinola
“Anotações
ao
Código
Civil
Brasileiro”
v.
III,
p.
18,
São
Paulo.
36
mesmas aspirações, pelos mesmos
sofrimentos suportados em comum e pelas
mesmas glórias conquistadas pelo comum
esforço.
37
A genealogia é uma das grandes ciências 14
auxiliares da História. Estudá-la e
conhecê-la é estudar e conhecer a Pátria
da qual a Família é a célula.
14
“...
ciência
cuja
importância
ninguém
contesta,
e
todos
consideram
como
auxiliar
precioso
da
história
e
até
da
biologia
(encarada
pelo
lado
psicológico)...”
Eugênio
de
Castro,
no
Prefácio
da
“Dependência
dos
Ios.
Marqueses
de
Pombal”,
por
Sá
e
Costa,
XII,
Porto
–
1937.
(O
P.
Luiz
Moreira
de
Sá
e
Costa,
da
Companhia
de
Jesus,
revelou‐se
nessa
valiosíssima
obra
um
dos
mais
notáveis
genealogistas
modernos
e
a
paciência
deixou,
com
ele,
de
chamar‐se
benedictina
para
ser
jesuítica.
Seu
trabalho
de
grande
investigação
coloca‐o
no
mesmo
plano
dos
grandes
genealogistas
portugueses
da
atualidade,
como
o
Sr.
Dr.
Affonso
de
Ornellas,
o
Sr.
Conde
de
São
Paio
(Dom
Antônio),
os
Srs.
Drs.
Mancelos
Sampaio,
Oliveira
Rodrigues
e
Rodrigo
Rodrigues,
e
outros
ilustres
valores).
38
A
Nobreza
Mas não só a genealogia não tem por fim
enumerar aristocratas, como a fidalguia
não é o corolário político de sistemas de
governo, mas uma simples questão de
origem, que independe da apreciação do
filho das ervas e desdenha o ridículo
despeito do mal nascido.
39
Estaremos prontos a comparecer, lado a
lado com o nosso semelhante que praticou
igual delito, diante de idêntico tribunal. É
a contribuição cívica a que nos obriga o
equilíbrio do regime.
40
“Privilegiado ou rico te poderei eu fazer,
mas nobre não, porque a nobreza é
herança dos antepassados”. 15
“Nobiliarquia
Portuguesa”,
por
Antônio
de
Villas
Boas,
p.
29,
Lisboa
–
1717,
15
“Divitem
aut
exemptum
te
facere
possum,
nobilem
vero
minime”.
Na
Espanha,
todavia,
há
títulos
vinculados
à
gleba
e
que
passam
ao
novo
16
dono
quando
as
terras
são
vendidas.
Como,
porém,
a
autorização
do
Rei
é
necessária,
o
novo
titular
é
considerado
como
portador
de
uma
mercê
nova.
41
No Brasil Império numerosos títulos não
hereditários foram concedidos, por justa
recompensa, a homens insignes ou varões
probos de modesta origem.
17
Embora
transformações
semânticas
tenham
igualado
no
léxico
nobreza
e
fidalguia,
há
de
fato
real
diferença,
como
se
entendia
em
linguagem
vernácula
de
armaria,
e
que
é
bom
lembrar:
nobres
são
os
recentemente
agraciados
ou
introduzidos
na
aristocracia;
fidalgos
os
de
antiga
linhagem.
O
Rei
faz
os
nobres,
os
fidalgos
fizeram
o
Rei.
18
Idem,
idem.
42
embuste. E só por uma ascendência
fidalga comprovada, que penetre na noite
dos tempos, para mostrar como descende
de homens ilustres que foram coetaneos
das nações no seu nascedouro heróico, é
que alguém, independentemente do
assentimento dos potentados efêmeros ou
das formas de governo, se pode ter por
fidalgo de linhagem. 19
A
Ordenação
(lib.
I,
tit.
65,
par.
26)
distingue
os
fidalgos
de
Cota
da
armas
19
dos
fidalgos
de
linhagem.
Aqueles
são
os
que
fundam
a
nobreza
só
no
escudo
ou
no
brasão
de
armas;
estes
os
de
nobreza
antiga,
que
procede
de
antepassados
fidalgos
e
são
chamados
também
fidalgos
de
solar.
20
Eccles.
з
21
“Glória
filiorum
parentes
eorum”
Prov.
18
22
“Quaedam
maiorum
claritas”,
Aristóteles
“Virtude
dos
passados
já
quase
feito
natureza
nos
descendentes”,
Villas
23
Boas, p. 16
43
no acrescentamento da Pátria e na boa
administração da República”. 24
24
Villas
Boas,
idem,
p.
351.
25
“É
grande
motivo
para
o
bom
procedimento
a
memória
da
nobreza
e
ações
gloriosas
dos
antepassados”
Idem,
idem
p.
346
26
Idem,
idem
p.
346
27
“Quando
exumamos
antepassados
é
para
dos
seus
sarcófagos
tirar
insígnias
e
veneras
com
que
nos
adornemos”,
Laet
“Discurso”
–
p.
24,
Rio
1920.
44
Como sob o ponto de vista de monarquia
americana, de regime monárquico que se
consolidava na América, marchávamos no
século XIX, paradoxalmente, da
monarquia para a aristocracia, quando a
inversão desses fatores foi sempre na
evolução dos povos a razão de ser da
ordem tradicional, e como vulgarmente
interpretam por ahi a aristocracia rural
observada por economistas na nossa
formação como sinônimo de nobreza
improvisada e fidalguia efêmera,
deduzindo disso os sociólogos indígenas
que não possuímos verdadeira
aristocracia, é justo esclarecer que se, de
fato, não temos aristocracia hoje,
nunca deixamos de possuir aristocratas,
no sentido de que a exclusão da nobreza,
como classe à parte e coesa, na
história nacional, não impediu até hoje,
entre nós, de legitimas e velhas famílias
fidalgas. 28
45
na vida política do país, prolongando no
tempo a influência da velha fidalguia que
fez Portugal e construiu o Brasil.
“Esta
nobreza
da
terra,
numerosa
e
ilustrada,
com
as
idéias
renovadas
nos
grandes
centros
de
cultura
européia,
quando
a
corte
portuguesa
se
transmigra,
e
aqui
se
instala,
acorre
para
junto
do
rei,
domina
no
paço
e
consegue,
afinal,
preponderar,
mesmo
sobre
a
chusma
dos
emigrados,
vindos
em
tropel,
na
comitiva
real”.
–
Idem,
p.
371.
“Ou
se
governa
com
eles
(os
nobres),
ou
sem
eles
não
se
governa”.
Idem
p.
372.
46
Disso deveremos ter consciente orgulho.
Orgulho de arayano-mediterraneo, tipo
radical português, argamassa humana
magnífica que caldeou o luso, o celtibero,
o visigodo, e formou essa gente forte e
esplêndida que, quer queiram ou quer não
queiram seus despeitados demolidores,
constitui, em linhagem filosófica, um
suppositum admirável, conjunto psico-
fisiológico extraordinário, esclarecido e
capaz, dotado das melhores qualidades
dos mais belos atributos.
47
aristocracia portuguesa do princípio do
século XVI”. 29
29 História da Colonização Portuguesa do Brasil – Vol. I p. 10, Porto – 1921
48
revoluções, e mesmo todos os atos
legislativos, têm sido e são impotentes”. 30
30 João Mendes de Almeida, “Notas genealógicas”, V, São Paulo – 1886.
49
impondo a necessidade de imediatas
medidas do governo na defesa das
legítima propriedade do nome civil, cuja
defesa precisa ser regulamentada como a
de nome comercial, consoante se faz em
outras nações.O legislador português
(ord. lib. 5 tit. 92) cominava penas aos que
usassem sobrenomes que não lhes
pertencessem. Mas já do abuso se
queixava Villas Boas em 1727. E mesmo
Garcia de Rezende, insurgindo-se contra o
abuso das armas.
31
“...
universalmente
os
nossos
fazem
fundador
da
Casa
de
Bragança
ao
Santo
Condestavel,
o
que
é
absurdo...”
(Dom
Antonio
Caetano
de
Souza,
tomo
I,
C
CVI).
Note‐se,
de
passagem,
que
as
três
Casas
que
reinaram
em
Portugal
constituem
uma
mesma
Dinastia,
provindo
a
Casa
de
Bragança
da
de
Aviz
e
a
de
Aviz
da
de
Borgonha.
O
atual
Duque
de
Bragança,
Príncipe
Dom
Duarte
Nuno,
é
descendente,
em
linha
direta
e
varonil,
de
Dom
Affonso
Henriques
(Vide
“Almanach
de
Gotha”
a.
1830
e
1848
p.
p.
42
e
62).
“Escreveu
o
Conde
D.
Pedro
este
seu
Nobiliário
tão
desordenada
e
32
confusamente,
como
da
superficial
lição
dele
se
collige,
que
parece
procurou,
com
cuidado,
não
ser
de
todos
entendido.
Para
este
intento,
usou
de
grande
artifício,
intrincando
a
continuação
das
famílias
e
as
pessoas
delas,
com
tão
50
Origem
dos
Sobrenomes
Os Miranda, segundo Villas Boas,
tomaram o sobrenome da cidade de
Miranda onde tiveram a Alcaidaria-mór. 33
acertada
correspondência,
na
mesma
desordem
e
confusão,
que
admira
o
engenho
com
que
o
traçou,
e
a
maioria,
que
para
tal
maranha
lhe
foi
necessária.Conseguiu
o
Conde
por
este
meio
a
sua
pretensão:
resultarem
dela
grandes
erros
nas
Árvores
de
Nobreza,
que
os
genealogistas
até
agora
ordenaram;
porque
não
atinando
a
desmaranhar
o
artificioso
enredo
deste
livro,
os
cometeram
notáveis,
faltando
nas
genealogias,
ou
sobejando
ou
trocando
os
progenitores”.
–
Lavana,
prefácio
no
“Nobiliário
de
D.
Pedro,
Conde
de
Barcellos”,
Roma
–
1662.
Vide
também
“Nobiliarchia
Portugueza
–
Tratado
de
Nobreza
Hereditária
e
Política”,
Villas
Boas,
edição
correta
de
Antonio
Monteiro
de
Campos,
Lisboa
1754
33
A
Casa
de
Bragança,
quando
ducal,
tinha
“...
dezoito
Alcaidarias
mores,
a
saber:
de
Villa
Viçosa,
Monçarás,
Arrayolos,
Monforte,
Souzel,
Altes
do
Chão,
Borba,
Évora
Monte,
Ourem,
Porto
de
Moz,
Barcellos,
Villa
do
Conde,
Melgaço,
Bragança,
Monte
Alegre,
Piçonha
e
Outeiro”.
–
D.
Antonio
Caetano
de
Souza
“História
Genealógica
da
Casa
Real
Portuguesa”,
tomo
6,
p.
648.
51
fez frade franciscano, desgostoso por ter
entregue a cidade sob sua guarda aos
castelhanos, incluindo na boa fé com uma
mensagem falsa do seu Rei.
34
Os
Miranda
são
Gregorios
entre
os
homens
e
Gregorias
entre
as
mulheres.
A
persistência
do
nome
na
linha
direta
e
nas
colaterais
é
uma
tradição
fidalga
e
cristã.
Ainda
na
atual
geração:
Dr.
Gregório
Pereira
de
Miranda
Pinto,
José
Gregório
de
Miranda,
Dr.
Gregório
de
Miranda
Pinto.
52
Acha Pinho Leal 35 a origem do nome da
localidade em Mir-andul, por ocasião da
invasão árabe de 716, de que Miranda
seria uma corruptela, mas nos parece
muito mais lógico o particípio latino
aplicado anteriormente pelos romanos
àquela zona poética, que deveria ser
admirada, pelo esplendor da sua natureza
abrupta e grandiosa. 36
35
“Portugal
antigo
e
moderno”
–
v.
5,
p.
p.
328
e
329
–
Lisboa
–
1875
36
Entre
os
escudos
dos
doze
pares
a
que
se
refere
Camões,
os
heróis
das
canções
de
gesta,
palatinos
de
Carlos
Magno,
encontramos
um
escudo
com
a
exata
disposição
heráldica
do
escudo
português
dos
Miranda.
Virá,
com
o
escudo,
o
nome
de
fora,
para
a
vila
portuguesa?
A
fonte
de
consultar:
D.
António
Caetano
de
Souza
(História
Genealógica
da
Casa
Real
Portuguesa
como
página
CXCIV,
Lisboa,
1737)
informa
que
o
rei
D
Manual
Mandou
fazer
um
armorial
para
por
da
Torre
do
Tombo
(Livro
da
Nobreza,
por
Fernão
das
Minas,
dos
reis
cristãos
e
nobre
de
linhagem
do
reio,
e
senhoris
de
Portugal),
o
qual
se
encontraria
na
gaveta
15
da
Casa
da
Coroa
do
dito
arquivo,
encadernado
em
veludo
com
as
chapas
douradas...
53
Teoria
da
Heráldica
Os Miranda, de Campos, E. do Rio (São
Salvador dos Campos dos Goytacazes,
antiga Província do Rio de Janeiro) são
originários de Braga (Freguesia de São
Salvador de Joannes) e possuem as
seguintes armas, 37 registradas nos livros
VI e VII, fls. 206 e 160 respectivamente, do
Cartório da Nobreza: de ouro, com aspa
de vermelho, carregada ou acompanhada
37
As
armas
primitivas
dos
Miranda
constam
do
Celebre
teto
do
palácio
de
Cintra,
porem
desfalcadas
das
flores
de
lis
verdes,
embora
na
História
da
Colonização
Portuguesa
no
Brasil
(Porto,
1921),
comentando
os
brasões
das
72
estirpes
que
ali
figuram,
haja
referencia
às
flores
de
lis
verdes
dos
Miranda.
As
armas
de
Simão
de
Miranda,
capitão
da
armada
de
Pedro
Álvares
Cabral,
ou
dos
Mirada,
são
as
acima
descritas..
Pinho
Leal
(Portugal
Antigo
e
Moderno
v.
5
p.
328,
Lisboa,
1875)
diz
o
seguinte:
“Miranda
é
também
um
apelido
nobre
em
Portugal
tomado
ou
dessa
vila
(Miranda
do
Corvo
u
de
Pedentes)
ou
da
cidade
do
meso
nome
em
Trás
os
Montes.
O
primeiro
que
com
ele
se
acha
é
Gonçalo
Paes
de
Miranda.
Têm
os
Miranda
brasão
darmas
completo,
que
é
–
em
campo
d’ouro,
aspas
de
púrpura,
firmada
entre
quatro
flores
de
lis,
de
verde.
Elmo
d’aço
aberto
por
timbre
de
lis
das
armas.
Outros
do
mesmo
apelido
usam
das
mesmas
armas,
mas
o
timbre
é
uma
aspa
d’ouro,
carregada
das
quatro
flores
de
lis
das
armas,
uma
em
cada
ponta.
Outros,
trazem
em
campo
d’ouro
duas
haspas
de
púrpura
em
banda””.
Santos
Ferreira
(Armorial
Português,
v
I,
p
219,
Lisboa,
1920)
descreve:
“Miranda
–
de
ouro,
com
aspas
de
vermelho,
com
quatro
flores
de
lis
verdes.
Timbre:
uma
flor
de
li
do
escudo,
ladeada
de
seis
plumas
de
ouro,três
a
cada
parte,
lias
uma
aspa
de
ouro
Carregada
de
quatro
flores
de
lis
verdes.
D’or,
au
sautoir
de
geules,
acompagné
de
quatre
fleurs
de
lis
de
sinople.
Cimié
un
fleu
de
lis
de
l’écu
accostee
de
six
plumets
d’or;
“alias”,
unsautoir
d’or
chargé
de
catre
fleur
de
lis
de
l’ecu.
54
em orla por quatro flores de lis verdes.
Timbre: 38 uma flor-de-lis do escudo,
ladeada de seis plumas de ouro, três a
cada parte.
“...
o
timbre
(ou
tymbre)
é
de
maior
estima
que
as
armas:
porque
podendo
38
os
homens
de
geração
humilde
ter
escudos,
hão
de
ter
rasos,
e
sem
timbre,
porque
este
concede
somente
a
pessoas
principais”.
–
Villas
Boas
“Nobiliarchia
Portuguesa”
–
p.
226,
Lisboa
–
1717.
“O
timbre
deve
assentar
sobre
o
elmo...
como
que
constituindo
com
ele
um
corpo
único,
e
tendo
a
mesma
frente”.
–
Santos
Ferreira,
idem,
p.
154.
A
coroa
que,
no
escudo
das
famílias
titulares,
assenta
sobre
o
elmo,
é
39
chamada
em
heráldica
de
“coronel”.
40
“Armas
plenas,
puras,
legítimas
e
verdadeiras
são
as
armas
de
domínio
e
de
família,
sem
quebra
ou
diferença,
e
só
pertencem
aos
chefes
dos
Estados
ou
das
casas
nobres”.
–
Santos
Ferreira,
idem,
p.
16,
Vol.
III.
“O
chefe
de
linhagem
é
obrigado
a
trazer
as
Armas
direitas,
sem
diferença,
ou
mistura
de
outras
algumas
Armas”
–
Villas
Boas,
idem,
p.
223.
“Chefe
de
linhagem
quer
dizer
cabeça
da
família
e
geração
de
onde
vem
os
mais
daquele
apelido...”
Idem,
idem
41
A
diferença
nas
armas
do
Sargento‐Mor
era
uma
brica
de
prata
com
um
trifolio
verde
e
nas
do
Barão
um
brica
de
ouro
com
uma
banda
verde
(Certidões
passadas,
a
requerimento
do
Autor,
pelo
Arquivo
Nacional
da
Torre
do
Tombo,
a
5
de
Setembro
de
1938).
42
O
posto
de
Major
é
o
que
corresponde,
na
atual
hierarquia
do
Exército,
ao
antigo
de
Sargento‐Mor
de
Ordenanças
ou
de
Milícias.
A
denominação
primitiva
era
Sargento‐Maior
ou
Sargento‐Major,
tendo
sido
posteriormente
simplificada
com
a
queda
do
primeiro
vocábulo.
–
(vide
Gustavo
Barroso,
“História
Militar
do
Brasil”,
p.
100).
55
de Abbadia, Tte. Cel. Gregório Francisco
de Miranda, por que ambos as requereram
em vida dos respectivos pais e a diferença
figura no escudo justamente para
distinguir as armas do filho das do pai ou
a dos filhos segundos das do primogênito.
56
e a asna. Aliás, destas peças, o chefe, a
cruz e a aspa são as únicas que não podem
ser desdobradas em peças de menor
largura ou multiplicadas em figuras
pequenas.
“As
aspas
que
se
adquiriram
por
sucessos
ou
batalhas
que
aconteceram
no
43
dia
de
santo
André
e,
por
esta
razão
as
puseram
em
suas
armasos
que
se
achavam
na
tomada
de
Baeça”
Villas
Boas
,
idem
p
221.
57
algumas vezes, principalmente quando
assentam sobre campo azul, mas em geral
não há tradição francesa no uso da flores-
de-lis 44 que não sejam de ouro.
44
“...
os
franceses
chamam
liz
à
açucena,
isto
é,
ao
lilium
candidum,
gênero
lilium;
enquanto
que
a
flor
heráldica
é
a
representação
da
Sprekelia
formosíssima,
gênero
amaryllis,
bem
vulgar
nos
jardins
de
Portugal
e
da
Espanha...”
Santos
Ferreira,
idem,
p.
86.
58
Completam o elmo, além do timbre a que
já nos referimos, o virol e o paquife.
45 – p. 163.
59
As duas peças de baixo serão
inversamente coloridas, isto é, terão o
transverso amarelo ou branco; e o reverso
ou forro da cor já referida”. 46
46
p.
123.
47
“...
cor
vermelha
que
se
chama
goles
e
corresponde
ao
fogo...
verde
se
nomeia
Sable,
corresponde
à
água.
Dos
metais,
o
Ouro
significa
a
nobreza,
a
fé,
sabedoria,
fidelidade,
constância,
poder
e
liberdade”.
–
Villas
Boas,
idem,
p.
219.
48
p.
119,
vol.
III.
49
p.
161.
60
na gravura por traços verticais. Alguns
autores portugueses têm pretendido
estabelecer distinção entre esta cor e o
que eles chamam sanguinho. 50 Tal
distinção não tem porém fundamento
algum. Sinonymia: de goles, de sangue, de
rubi”. 51
50
A
aspa
é
indicada,
indistintamente,
nas
armas
dos
Miranda
como
de
púrpura,
de
vermelho
ou
de
sanguinho.
Como
de
sanguinho
figura
nas
cartas
de
Brasão
atuais
da
família.
51
Pág.
162.
52
“...
ca
mais
nobre
cousa
he,
a
mais
santa
ama
o
homê
a
seu
parente
alonguado:
por
divido,
se
bom
he,
que
amar
ao
mais
chegado,
se
faleçudo
he”.
–
Conde
D.
Pedro,
“filho
do
muy
nobre
Rey
Dom
Dionis”,
“Nobiliário”,
no
Prólogo.
Ed.
de
Lavaña,
em
Roma
–
MDCXL,
por
Estevan
Paolinio.
53
E
isto,
entre
outros
motivos
porque
“pelas
armas
se
prova
o
domínio
da
capela,
sepultura,
ou
edifício
em
que
estão
fixas”
(Ricius
in
Colect.
Decif.,
pág.
5
Colect.
1608;
Pereira
decif.
24
n.
7;
Them.
3
p.
decif.
282
n.
56).
“Pela
Ordenação,
do
lib.
5
d.
tit.
92,
se
manda
que
toda
a
pessoa
de
qualquer
qualidade
e
condição
que
seja
novamente
tomar
Armas
que
de
direito
lhe
não
pertençam,
pêra
sua
fazenda,
a
metade
para
quem
o
acusar
e
a
outra
metade
para
os
cativos.
E
mais
perderá
toda
honra,
e
privilégio
de
Fidalguia,
linhagem
e
pessoa
que
tiver,
e
será
havido
por
plebeu,
assim
nas
penas
como
nos
tributos
e
peitas,
sem
nunca
poder
gozar
de
privilégio
algum,
nem
honra
que
61
tão ridículo e teria por corretivo, em
certos países, medidas policiais tão
simples, como se alguém entre nós
entendesse de repente de iniciar sua
correspondência em papel timbrado com a
firma comercial de outrem.
por
razão
de
sua
linhagem,
pessoa
ou
de
direito
lhe
pertença”.
–
Villas
Boas,
idem,
224.
62
Filhos
d’Algo
Fidalgos de solar, fidalgos de linhagem,
fidalgos de geração – assim eram
designados pelas Ordenações, pelos Reis
de Armas, pelos linhagistas aqueles
portugueses nos quais se reconhecia
verdadeira e antiga nobreza.
63
Castelo Branco 54 (intr. ao v. II) esclarece
que na sua obra “... vão designados com o
título de Fidalgos de Geração os que
consta descenderem por varonia de
Fidalgos de antigo solar, e os que
procedem igualmente por varonia de Avós
que foram fidalgos da Casa d’El-Rei”.
54
José
Barbosa
Canaes
de
Figueiredo
Castello
Branco,
“Costados
das
Famílias
Ilustres
de
Portugal”,
Lisboa
–
1829
Sanches
de
Baena
“Archivo
Heráldico‐Genealógico”
Vol.
I
p.
246,
Lisboa
–
55
1872
64
Era o Sargento-Mor Gregório Francisco de
Miranda Cavalheiro Fidalgo da Casa Real
por sucessão aos seus maiores, título dos
mais antigos da nobreza da Península 56 e
que até o ano de 1572 designa os
verdadeiros fidalgos de Portugal, com
acrescentamento nos livros d’El-Rey.
56
Ord.
lib.
2
tit.
60
e
lib.
5
tit.
120
“Os
advogados
gozam
de
nobreza
adquirida
ainda
que
lhes
falte
a
57
hereditária”.
–
Villas
Boas.
Sanches
de
Baena
–
“Archivo
Heráldico‐Genealógico”
vol.
I
p.
246,
Lisboa
–
58
1872;
Barão
Smith
de
Vasconcellos
“Archivo
Nobiliarchico
Brasileiro”,
p.
23,
Lausanne,
MLCCCCXVIII
65
Cristo, militar, fazendeiro e político,
homem de grande visão administrativa, de
grande tino econômico e de grandes
qualidades morais. Nele, o primeiro
brasileiro da família, recebem os Miranda,
pela primeira vez no Brasil, um dom da
Coroa do novo Império; foi agraciado com
o título de Barão de Abbadia a 15 de Abril
de 1847 e recebe também a Imperial
Ordem de Cristo. 59
Distingue‐se
a
fita
vermelha
da
de
Portugal
pela
orla
verde.
Aliás,
a
orla
de
59
outra
cor
e
a
coroa
imperial
diferenciaram
na
monarquia
as
ordens
herdadas
de
Portugal
e
que
eram
Christo,
Aviz
e
Santiago
B.
S.
de
Vasconcellos,
“Archivo
Nobiliarchico”,
pág.
250.
–
Uma
rua
ao
lado
do
60
Fórum,
em
Campos,
é
chamada
rua
da
Baronesa
em
sua
homenagem
(Horácio
Souza
“Cyclo
Áureo”
p.
144,
Campos
–
1935).
A
rua
foi
traçada
em
1879
e
aberta
em
terrenos
na
sua
maioria
doados
pelo
Barão
da
Lagoa
Dourada.
61
B.
S.
de
Vasconcellos,
“Archivo
Nobiliarchico”
p.
469
66
de Miranda, que a piedade popular
chamou a Bemaventurada. No solar do
Visconde, na localidade do seu nome, 62
em Campos, vive seu filho, Francisco
Pereira de Miranda Pinto.
A Bemaventurada!
Estação
de
Don’Anna,
3º
distrito
de
Campos.
D.
Anna
Gregória
de
Miranda
62
Pinto deu as terras para o leito da linha férrea, inaugurada em 21‐12‐1873.
67
uma tela ascética das Senhoras Infantas...
Foi sob a sua benção que floresceu entre
nós a tradição das mulheres dignas,
tradição nunca desmentida, que faz com
que nas épocas de maior decadência das
últimas gerações paire imaculada, acima
das misérias do tempo, a santa resignação
das mulheres. Sim, porque se alguma vez
os Miranda não têm mantido à altura dos
antepassados e o sangue se diluiu por aí,
fraco, seguindo a linha descendente da
Província que ajudaram a fazer grande, no
entretanto firmes, integérrimas, fortes
como as santas mulheres do Evangelho,
nossas avós, nossas mães, nossas esposas,
nossas irmãs, nossas filhas têm preservado
a honra da raça e o nome da
Bemaventurada.
68
O
Testamento
do
Sargento
Mor
Na véspera de sua morte, com letra ainda
firme, como firme se mantivera pela vida
afora o seu caráter inquebrantável,
assinava o Sargento-Mor o seu
testamento, que assim começava:
69
Primeiramente, encomendo minha alma a
Deus Nosso Senhor, que a criou, e remiu
com o preciosíssimo sangue de Seu
unigênito Filho Nosso Senhor Jesus
Christo, para que pelo valor infinito dele e
por Sua Sacratíssima Paixão e Morte me
perdoe meus pecados...”
70
Dr. Juiz de Fora José de Azevedo Cabral o
abria e mandava cumprir.
Uma
“capela”
constava
de
cinqüenta
missas.
Como
o
preço
uniforme
por
63
missa
é
em
todas
as
certidões
de
320
réis;
como
nos
recibos
de
cinqüenta
missas
o
preço
global
é
de
16$000;
e
como
nesse
recibo
de
“capela”
esta
ficou
por
16$000,
deduzi
o
cálculo
acima,
fiado
na
uniformidade
dos
preços.
71
das Neves; uma “capela” de missas, por
Frei Luiz de Sta. Clara.
72
declarando: “Importou o funeral do
Sargento-Mor Gregório Francisco de
Miranda em setecentos e setenta e dois
mil duzentos e setenta réis, a saber cera,
armação, Música, Irmandades que
acompanharam, da Igreja do Rosário, do
Terço e Boa Morte – Missas de corpo
presente – off. e acompanhamento para a
Ordem Ven. Do Carmo, onde foi
sepultado, envolto no hábito dos
cavalheiros de Cisto; Pároco, fábrica e
sacristão...”
73
o Sargento-Mor Gregório Francisco de
Miranda, que haviam sido começadas a
prestar pela dita sua falecida Mãe,
Testamenteira de seu defunto marido...”
74
falecida. E porque o suplicante tem noticia
de que nas contas do Testamento do dito
seu falecido Sogro, o Promotor pusera
dúvida no cumprimento de várias verbas,
exigindo documentos para mostrar que
elas foram bem cumpridas além daqueles
fá juntos pela Testamenteira, como por
exemplo quitação em lugar de recibos e
certidões de batismo de alguns legatários,
a quem o Testador beneficiou como seus
afilhados, para se mostrar que o eram, e
que por outra parte estas exigências são
principalmente em benefício dos
herdeiros do remanescente, para se
acautelar que não se gaste mais do que
aquilo de que o Testador dispôs, quer o
suplicante assinar Termo de que por sua
parte, em nome de sua mulher, aprova e
há por bem feitas e por bem provadas com
os documentos juntos nos autos, todas as
despesas que dos mesmos autos
constam...”
75
A 13 de Maio de 1850, o Escrivão José
Diogo de Freitas comparecia à residência
da Baronesa d’Abbadia, Dona Maria Isabel
de Aguiar Cardoso Gusmão de Miranda,
nora do Sargento-Mor, viúva do Tte-
Coronel Gregório Francisco de Miranda, 1º
Barão d’Abbadia, e tomava por termo as
primeiras declarações da Baronesa, como
inventariante dos bens com que, ab
intestato, falecera seu marido a 25 de
Fevereiro daquele ano.
76
Deixara o Barão d’Abbadia uma fortuna
imensa em fazendas, sítios, casas,
escravos, jóias, prataria e móveis, que
atingiria em moeda de hoje, num cálculo
bastante exato, a soma de quarenta mil
contos. Era a herança do Sargento-Mor
bem gerida e melhor aumentada, herança
que se originara dos avultados bens
trazidos de Portugal na transmigração
política do século XVIII e fora protegida
pelo êxito dos empreendimentos
econômicos em Campos, apesar do fausto
de que sempre apreciaram cercar o
Sargento-Mor, o Barão e seus
descendentes, até com certa
perdulariedade, um pouco característica
da família. 64
64
A
typographia
em
que
se
imprimiu
essa
primeira
folha
campista
(O
Correio
Constitucional)
foi
trazida
da
Fraca
por
um
professor
que
os
ilustres
fazendeiros
campistas
Manoel
Pinto
Netto
da
Cruz
(depois
barão
de
Muriahé)
e
Gregório
Francisco
de
Miranda
(depois
barão
de
Abbadia)
mandaram
contratar
na
Europa
para
o
fim
de
ensinar
a
língua
francesa
às
suas
filhas.
–
Mucio
da
Paixão,
“Movimento
Literário
em
Campos”
pag.
Ii,
1924.
77
A
Baronesa
d’Abbadia
Sobreviveu a Baronesa a dois de seus
filhos, João Gregório, o único varão, e
Gregória, uma das mais moças das filhas,
e a três de seus genros, Domingos Pereira
Pinto e Joaquim Manhães Barreto, que
indicara para testamenteiros, e
Constantino Martins Guimarães.
78
Seu testamento, datado de 11 de Abril de
1860, rezava assim: “Em nome de Deus,
Amen. Eu a Baronesa d’Abbadia, nascida,
criada e educada na Religião Católica
Apostólica Romana, em cuja fé me tenho
conservado, e espero morrer, tendo-me
deliberado fazer o meu testamento como
faço da minha livre vontade, e em meu
perfeito juízo, declaro as disposições de
minha última vontade pela forma
seguinte...” “... declaro que quando venha
a falecer quero que meu Corpo seja
vestido com o habito de minha Ordem
Terceira de Nossa Senhora do Carmo, e
conduzido de casa por quatro pobres à
escolha de meu testamenteiro para o meu
calexe, sendo depois da encomendação de
costume levado para o cemitério da dita
minha Ordem Terceira de Nossa Senhora
do Carmo, devendo o meu enterro ser
feito sem pompa alguma, e com a maior
simplicidade possível, e em hora noturna.
Aos quatro pobres que me conduzirem
como fica dito, meu testamenteiro dará
imediatamente a cada um deles a quantia
de doze mil réis livres de décima...”
79
também com donativos pecuniários
muitos escravos e a outros deixava “livres
como se de ventre livre nascessem”.
80
Vasconcellos, o termo de aprovação do
testamento.
81
- a viúva de João Gregório Francisco de
Miranda, D. Maria Antonia de Carvalho de
Miranda, e seus filhos: Gregório
Francisco, solteiro, de 22 anos, acadêmico
de Direito em São Paulo; D. Marianna de
Miranda Menezes, casada com o Cap.
Antonio de Souza Menezes, lavrador em
São João da Barra; João Gregório
Francisco de Miranda, de 14 anos,
estudante no Rio de Janeiro, e Maria
Antonia Cecília de Miranda, de onze anos.
82
presente carta de emancipação virem, que
João Gregório Francisco de Miranda, filho
legítimo do falecido João Gregório
Francisco de Miranda e Dona Maria
Antonia de Miranda me enviou a dizer por
sua petição que tendo atingido a idade de
vinte anos tinha além disso o necessário
juízo e capacidade para bem reger e
administrar sua pessoa e bens e ser
considerado apto para todos os atos da
vida civil, pedindo-me lhe houvesse de
mandar passar sua carta de emancipação
para com ela ser como tal havido e
considerado.
83
dos Órfãos da cidade de Campos dos
Goytacazes.
84
para participar, como seus avoengos, da
vida política da Província.
85
O
Sarg.
Mor
Gregório
Fr.
de
Miranda
Dos retratos que existem, a litogravura
colorida do Sargento-Mor, curioso
65
camafeu do século XVIII que usou a
Baronesa da Lagoa Dourada, revela, no
fundador do ramo brasileiro da família,
uma fisionomia enérgica de fidalgo
ousado e temerário, rompante no seu
fardão bordado de Cavalheiro da Casa
Real, com a comenda de Christo
fulgurando de vermelho-sangue; o grande
quadro a óleo do Barão, em trajo de Corte,
indica, na atitude ereta e no olhar sereno,
o soldado que percorreu todos os postos
da carreira militar e ali está, de pé, ao
lado do seu solar, no descanso civil da
refrega. 66
65
De
que
é
depositário
o
autor.
66
No
arquivo
da
Santa
Casa
da
Misericórdia
de
Campos
consta
o
termo
da
Mesa
de
10
de
Novembro
de
1850,
que
mandava
fazer
o
retrato
do
Barão,
“para
ser
colocado
no
lugar
competente”.
Aparece
aí
a
Casa
Grande
da
Fazenda
da
Abbadia,
imponente
construção
portuguesa
de
linhas
conventuais.
Do
Cônsul
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
único
filho
varão
do
Tte.‐Cel.
Gregório
Francisco
de
Miranda
e
pai
do
Major
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
não
há
retrato.
86
A fotografia do Major João Gregório
Francisco de Miranda estampa a última
geração do século e do regime, ingênua e
displicente, ostentando galões gritantes
mas pacíficos.
Trabalho
publicado
em
Campos,
em
1932,
pelo
ilustre
historiador
patrício,
67
Dr.
Alberto
Lamego,
sob
o
título
“O
Sargento‐Mor
Gregório
Francisco
de
Miranda,
Tronco
de
Campistas
Ilustres”.
87
No regresso, a embarcação em que vinha e
que trazia avultado carregamento que
comprara deu à costa perto de S. João da
Barra, tudo perdendo-se, só salvando a
vida. A este tempo, era falecido seu
futuro sogro e esse sucesso inesperado foi
a causa do rompimento com a sua sogra,
que não esteve mais pelo consorcio, por
instigações de um irmão da sua noiva.
88
Com poucos haveres, pois perdera quase
toda sua fortuna no naufrágio referido,
teria, certamente, passado privações, se
não viessem em seu auxílio, o seu parente
desembargador Salazar e o seu amigo
João da Costa Luiz.
89
Logo após a sua chegada, tomou para seus
primeiros amigos: o capitão Francisco
Henrique de Miranda e o Dr. Pedro
Rodrigues Ferrão (além de outras pessoas
de péssimo caráter), conhecidos aquele
por indigno, falta de honra e ladrão, como
o mostraram seus os seus procedimentos
nos ofícios de escrivão da câmara,
partidor de órfãos e escrivão eclesiástico,
e este de não melhor reputação, celebre
pelas façanhas e crimes praticados no Rio
de Janeiro e Cabo-frio, de onde fugira
aceleradamente, quando teve notícias da
chegada do ouvidor do distrito.
90
Publicado o resultado da eleição, que
produziu a pior impressão entre os
assistentes, o sargento-mor Gregório
Francisco de Miranda, que tomara parte
na votação, levantou-se indignado e
lavrou o seu protesto contra a farsa
representada na velha casa da câmara:
“Francisco de Miranda, o filho do ex-
carcereiro Joaquim Henrique Leitão, era
inelegível juiz; além de ser mulato sem
honra, lisura e consciência, tinha já sido
expulso dos cargos de escrivão do
auditório eclesiástico e partidor, por
ladrão e inepto”. A afronta lançada ao
novo juiz tinha de ser castigada e na casa
do ouvidor discutiram-se os meios que
deviam ser empregados para a
perseguição do sargento-mor, firmando-se
para esse fim um pacto entre o mesmo
ministro, escrivão da câmara José Bayam
da Motta e Dr. Ferrão Branco Miranda,
deixando a cada um a escolha das armas
de combate, as mais pérfidas, embora.
91
Logo a seguir, o Dr. Ferrão, nomeado
promotor do juízo de Ausentes, requereu
uma devassa para provar que o dito
sargento-mor havia desencaminhado, de
sociedade com o ex-ouvidor Dr. Manoel
Carlos da Silva Gusmão a quantia de
3:144$089 rs. Ainda desta feita, não surtiu
efeito a calúnia, porque o suplicado
apresentou o conhecimento da entrega do
dinheiro feito à boca do cofre, no Rio de
Janeiro. Vencidos na peleja contra a honra
do Sargento-Mor, não desanimaram.
Possuía ele uma fazenda com engenho
real de fabricar açúcar, em terras
pertencentes aos índios Guarulhos e,
como o seu vizinho Mathias de Souza
Sobreira invadira os rumos dessa
propriedade, requereu ao ouvidor “a
retificação do foro de aforamente ao
primeiro emphyteuta, padre Antonio
Ramos de Macedo”. Este padre vendera a
fazenda a Caetano José Cardoso, de quem
foi adquirida pelo requerente. Tinha as
seguintes confrontações, determinadas na
escritura de aforamento: “Principia em
uma cerca que fica abaixo da Igreja matriz
da Aldeia de Guarulhos e corre rio acima
até o sítio que foi de Ignácio Ferreira, com
uma laguna de fundos, correndo aquela
dita cerca pelo brejo que olha para o sítio
92
de Luiz Antonio Pinto e daí pela beira da
estrada da Frexeira, até onde se acha uma
picada, rumo do norte, quarta de
nordeste, que vai sair a outra estrada
também da Frexeira, dividindo-se sempre
até preencher a mencionada laguna de
fundos, com a mesma estrada, correndo
para a lagoa das Pedras e continuando a
dita testada beira rio, até junto à barra do
Muriaé, dividindo-se com o sítio que foi
do casal do falecido José de Souza, com os
fundos que direitamente lhe pertencem”.
93
documento oficial, 68 que descrevia muitos
atentados cometidos por aquele ouvidor
“imprudente, precipitado, perturbador da
administração da justiça e subornador de
eleições”, se referia às violências contra o
Sargento-Mor: “Todo intento do ouvidor
era macular o crédito do Sargento-mor
Gregório Francisco de Miranda e de seu
antecessor Dr. Manoel Carlos da Silva
Gusmão (de quem havia acabado de
sindicar) sobre a quantia de três contos e
tantos mil réis, que, tendo sido entregues
ao Sargento-mor para remeter para esta
cidade e entrar no Cofre do Juízo dos
Ausentes de lá, se pretendia figurar
distraída, ao mesmo tempo em que esta
quantia tinha sido entregue sem demora
culpável na Tesouraria Geral dos Ausentes
desta cidade, quando se removeram
alguns embaraços que ocorreram no
provimento do novo tesoureiro, por se
achar seqüestrado e fugido o antigo”.
Carta
do
Vice‐Rei
Luiz
de
Vasconcellos
e
Souza
ao
Secretário
d’Estado
Dom
68
Martinho
de
Mello
e
Castro,
datada
do
Rio
de
Janeiro
22
de
Dezembro
de
1784.
Alberto
Lamego
“Terra
Goytacá”
IV
vol.
p.
120
Na
devassa
aberta
pelo
Vice‐Rei,
a
3
de
Abril
de
1784,
consta
a
seguinte
informação
do
Desembargador
Antonio
José
Cabral
de
Almeida,
datada
de
17
de
Maio
de
1784:
“...
sendo
Campos
uma
terra
que
está
principiando
a
civilizar‐
se,
com
grande
utilidade
deste
Estado,
se
não
deve
praticar
com
ela
summum
jus
que
o
ouvidor
faz
degenerar
em
injustiças,
como
as
praticadas
com
o
Sargento‐Mor
Gregório
Francisco
de
Miranda”.
–
Idem,
p.
139.
94
A decisão do Vice-Rei mais exacerbou a
cólera do implacável e rancoroso
corregedor; ele havia proclamado por
todos os cantos da vila que o Sargento-
Mor seria preso, acorrentado e enviado
para a fortaleza da Ilha das Cobras.
95
Ainda uma vez falharam os planos do
temível ouvidor; a ambicionada presa
fugiu para o Rio de Janeiro e procurou
amparo do Vice-Rei, apresentando a sua
queixa a ele, não tendo poderes para
suspender aquele magistrado, limitou-se a
ordenar que regressasse imediatamente
para a sede da ouvidoria, único meio de
trazer a concórdia à terra goytacá.
96
julgado. O suplicante acha-se estabelecido
com uma fábrica de engenho e com
negócio dos mais avultados de terras e
tem duas embarcações no mar; deve-se-
lhe bastante dinheiro e todo este fundo
está a ponto de se perder ou arruinar-se.
V. Ex. que foi providencialmente desti-
nado para fazer a fortuna e a felicidade
que logram os fiéis vassalos de S.
Majestade em todo o continente do seu
governo; V. Ex. cuja poderosa mão corta
os despotismos e castiga as insolências,
digne-se suspender um ministro suspeito e
capital inimigo do suplicante, desarman-
do-o da autoridade com que sustenta a sua
vingança, ministro que não conhece
superior nem igual, que publica que na
sua comarca só ele manda e pode. E por
tudo se prostra aos pés de V. Ex. para o
valer e livrar da opressão, rogando que,
sendo servido informar-se desta verdade,
à custa do suplicante, está pronto com a
sua fazenda e toda despesa, desde que
seja cometida a diligência para esse fim a
qualquer pessoa de maior confiança”.
97
O Sargento-Mor faleceu em 19 de Março
de 1808 69 e foi sepultado na Igreja do
Carmo desta cidade. A sua esposa, que
vira a luz do dia em 15 de Agosto de 1753,
baixou ao túmulo na mesma igreja, em 5
de Dezembro de 1833, com cheiro de
santidade.
Aliás,
29
de
Março.
O
seu
testamento
está
do
próprio
punho
datado
de
28
de
69
Março
de
1808.
Estudo,
também
de
1932,
do
mesmo
eminente
conterrâneo,
sob
o
título
“O
70
Barão da Abbadia, Gregório Francisco de Miranda”.
98
O
1º
Barão
d’Abbadia
Um dos campistas mais proeminentes do
último século, que bem merece ser
lembrado, foi Gregório Francisco de
Miranda, o Barão da Abbadia. Genito do
Sargento-Mor de igual nome e de D. Maria
Francisca da Assumpção, nasceu em
Campos, aos 27 de Setembro de 1794 e
faleceu em 25 de Fevereiro de 1850 sendo,
como seus pais, sepultado na Igreja do
Carmo, desta cidade.
99
Em 1816 foi elevado ao posto de tenente
do esquadrão de cavalaria da milícia e
promovido, em 1820, a capitão; em 1826, a
coronel agregado do 20º batalhão de
milícias e em 1828 a comandante do 18º
batalhão. Criada a Guarda Nacional, foi
em 1832, nomeado o primeiro capitão da
sua Companhia e depois tenente-coronel,
comandante.
100
A segunda vez, em 1833, quando o povo
brasileiro, sem governo, se insurgia em
todos os pontos do país. Campos não ficou
indemne do contágio da febre
revolucionária. Mais de 400 pessoas
amotinadas se reuniram na praça de S.
Salvador; mas ali comparecendo Gregório
de Miranda, conseguiu, pelo seu prestígio,
acalmar os ânimos, persuadindo a todos
de que o jovem imperador tudo havia de
fazer pelo bem de seu povo.
101
Velasco da Câmara, que abrangia bens em
Campos e em S. João da Barra, arrematou-
os de sociedade com José Martins Pinheiro
(Barão da Lagoa Dourada), Joaquim
Manhães de Barreto e Domingos Pereira
Pinto. Esse morgadio constava de
fazendas, estabelecimentos de criação,
terras aforadas perpetuamente e
arrendadas temporariamente, matas, gado
vacum, muar e cavalar, escravos, móveis e
semoventes. Incorporada ao mesmo
morgadio se achavam as fazendas do
Cupim e do Visconde e os campos de
criação denominados de S. Luiz, Antunes,
VALÉRIO, Cerco da Vermelha, Coqueiros,
Campo Novo, Cotia, Boa Vista, Cruzes e
Mulaco.
102
depósito de... 400$000 rs. Indagado do
motivo da prisão, voltou a Macaé,
providenciou quanto ao pagamento do
mandado, sendo o nobre homem
restituído à liberdade. Um moço seu
parente, guiado pelos conselhos de certo
padre, escreveu um artigo insultuoso
contra o Barão. Sendo demitido do lugar
que ocupava, por intercessão de amigos,
empenhou-se ele para que o seu
desafeiçoado fosse reintegrado no lugar
103
- João Francisco de Miranda; 71
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
casado
com
D.
Maria
Antonia
de
71
Carvalho
de
Miranda.
72
–
D.
Gregória
Francisca
e
não
Maria
Gregória.
Esta
filha
do
Barão
era
solteira
e
tinha
24
anos
quando
o
pai
morreu.
Já
era,
porém,
falecida
quando
a
Baronesa
d’Abbadia
fez
o
seu
testamento,
a
11
de
Abril
de
1860.
A
Baronesa
recomenda
expressamente
aí
que
o
seu
testamenteiro
faça
rezar
duas
missas
pela
alma
de
sua
falecida
filha
Gregória.
Casou
D.
Gregória
Francisca
na
família
Baglione.
104
- D. Brasileira Campista de Miranda Pinto,
casada com José Pereira Pinto.
105
Carta
de
Brasão
- Selo com as armas da República
Portuguesa. 73 – Antonio Oscar de Fragoso
Carmona, Presidente da República
Portuguesa, faço saber, que havendo-me
requerido o Excelentíssimo Senhor Dr.
Mario Aloysio Cardoso de Miranda
(Petrópolis, Brasil) que no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo se lhe
passasse por certidão o teor da carta de
brasão, passada a dez de Agosto de mil
oitocentos e sete a Gregório Francisco de
Miranda e registrada no Cartório da
Nobreza a folhas cento e sessenta do livro
sétimo, e obtendo despacho do Diretor do
dito Arquivo, o Doutor Antonio Eduardo
Simões Baião, na data do dia vinte e nove
–
Certidão
da
Carta
de
Brazão,
Nobreza
e
Fidalguia,
passada
a
10
de
agosto
73
de 1807 ao primeiro barão de Abadia.
106
do mês de Agosto de mil novecentos e
trinta e oito, em seu cumprimento se
procedeu à competente busca e no livro
acima citado foi achado o documento
pedido, que é do teor seguinte:
107
Capitania do Rio de Janeiro, a quem se
passou Brasão de Armas aos dezenove de
junho de mil oitocentos e dois, e de sua
mulher Dona Maria Francisca da
Assumpção. Neto, por parte paterna, de
João Francisco de Miranda, e de sua
mulher Dona Maria Lopes. Neto, por parte
materna, do Alferes Agostinho Francisco
da Cruz e de sua mulher Dona Maria das
Neves Pinto, e que os ditos seus Pais e
Avós são pessoas nobres da ilustre família
de Miranda, que neste reino são Fidalgos
de linhagem, cotta de Armas e de solar
conhecido, e como tais se trataram com
cavalos e criados, e toda a mais ostentação
própria da Nobreza, sem que em tempo
algum cometessem crime de leza
Majestade Divina ou Humana; pelo que
me pedia ele Suplicante, por Mercê, que,
para a memória de seus Progenitores não
se perder, e clareza da sua Antiga
Nobreza, lhe mandasse dar minha Carta
de Brasão de Armas da dita Família, para
delas tão bem usar na forma que as
trouxeram e foram concedidas aos ditos
seus Progenitores, e vista por mim a dita
sua petição e sentença, e constar de todo o
referido, e que a ele, como descende da
mencionada família lhe pertence usar e
gozar de suas Armas, segundo o meu
108
Regimento, e Ordenação da Armaria, lhe
mandei passar esta minha Carta de
Brasão, delas na forma que aqui vão
Brazonadas, Devizadas e Eluminadas, com
cores e metais segundo se acham
registradas no Livro do Registro das
Armas da Nobreza e Fidalguia destes meus
Reinos, que tem Portugal meu principal
Rei de Armas: a saber um Escudo e nele as
Armas dos Mirandas, que são em campo
de ouro uma aspas sanguínea, entre
quatro flores de lis de verde; elmo de
prata aberto guarnecido de ouro; paquife
dos metais e cores das Armas; timbre uns
penachos de ouro, e entre eles uma flor de
lis do Escudo, e por diferença uma brica
de ouro com uma banda verde; o qual
Escudo e Armas poderá trazer e usar tão e
somente 74 o dito Gregório Francisco de
74
A
pessoa
aqui
se
confunde
com
a
sua
ascendência
e
descendência
direta.
Somente
os
antepassados
de
Gregório
Francisco
de
Miranda
tinham
o
direito
a
essas
armas,
que
aí
se
reconhece
competirem
somente
a
ele
e
“...
seus
filhos
e
descendentes
que
descenderem
por
legítimo
matrimônio”,
conforme
o
que
estabelecia
D.
Affonso
V,
em
1471.
A
legítima
propriedade
do
brasão
de
armas
dos
Miranda
é
dessa
família,
tronco
dos
demais
do
nome,
que,
dela
advindo,
as
terão
esquarteladas
com
outras
e
não
puras.
“...
pelas
demonstrações
e
sinais
das
Armas
são
os
Louvores
e
seus
serviços,
e
trabalho
perpetuados
não
somente
a
eles
mas
aos
que
deles
descendem...”
estabelecia
Dom
Manoel,
em
1512.
E
já
antes,
Dom
Duarte,
em
1438,
dizia
que
o
brasão
de
armas
das
famílias
fidalgas,
quando
adjudicado
a
“...
homens
fidalgos
muito
honrados,
cristãos
velhos
legítimos,
sem
raça
alguma
de
judeu,
mouro,
gentio
ou
outra
infecta
nação...”
o
era
“...
para
eles
e
todos
de
sua
linhagem
que
deles
vierem
e
descenderem...”
Não
é
difícil
averiguar
a
linha
autêntica
dos
sobrenomes,
pois
só
a
esta
compete,
na
sua
simplicidade
hierárquica
e
nobilíssima,
as
velhas
armas
da
linhagem
primitiva,
sem
mistura
ou
composição.
A
Martim
Affonso
de
Miranda,
por
exemplo,
que
não
era
ascendente
de
Gregório
Francisco
de
Miranda,
foram
concedidas,
em
1629,
por
Felipe
III,
durante
a
dominação
109
Miranda, assim como as trouxeram e
usaram os ditos Nobres e antigos Fidalgos
seus Antepassados, em tempo dos
Senhores meus Antecessores, e com elas
poderá entrar em Batalhas, Campos,
Rettos, Escaramuças e exercitar todos os
mais atos lícitos da Guerra e da Paz, e
assim mesmo as poderá trazer em seus
Firmais, Anéis, Sinetes, e Divisas, pô-las
em suas Casas, Capelas e mais Edifícios, e
deixá-las sobre sua própria sepultura, e
finalmente se poderá servir, honrar,
gozar, aproveitar deles em tudo, e por
tudo como à sua Nobreza convém, com o
que quero, e me apraz que haja ele todas
as Honras, Privilégios, Liberdades, Graças,
Mercês, Isenções e Franquezas que hão e
devem haver os Fidalgos e Nobres de
antiga linhagem, e como sempre de tudo
usaram e gozaram os ditos seus
antepassados: pelo que mando aos meus
Desembargadores, Corregedores,
Provedores, Ouvidores, Juízes, e mais
Justiças de meus Reinos e em especial aos
meus Reis de Armas, Arautos e
Passavantes, e a quaisquer outros oficiais,
e pessoas a quem esta minha carta for
espanhola,
as
armas
soi‐disant
dos
Miranda,
com
as
flores
de
lis
de
vermelho
e
aspa
por
timbre,
quando
as
armas
verdadeiras
dos
Miranda
têm
flores
de
lis
de
verde
e
flor
de
lis
entre
as
plumas
por
timbre.
110
mostrada, e o conhecimento dela
pertencer, que em tudo lha cumpram e
guardem, e façam cumprir e guardar como
nela se contem, sem dúvida nem embargo
algum que nela seja posto, porque assim é
minha mercê: O Príncipe Regente Nosso
Senhor o mandou por Antonio da Silva
Rodrigues, Escudeiro cavalheiro de sua
Casa Real, e seu Rei de Armas Portugal
Francisco de Paulla Campos, Escrivão da
Nobreza destes Reinos e suas conquistas, a
fez em Lisboa aos dez dias do Mês de
Agosto do Ano do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e
seis e Eu Francisco de Paulla Campos a fiz
e subscrevi – Rei de Armas Portugal – e eu
Francisco de Paulla Campos a fiz Registrar
e assinei. Francisco de Paulla Campos”. –
111
Antonio Eduardo Simões Baião, que nela
mandou pôr o selo branco e a assinou e
rubricou em todas as suas páginas, como
manda o número quatro do artigo vinte e
quatro do Regulamento deste Arquivo
aprovado por Decreto de quatorze de
Julho de mil novecentos e dois e tabela
primeira a ele anexa. Esta vai escrita em
sete laudas de papel. Emilia da Piedade
Carvalho Felix, terceiro conservador do
Arquivo Nacional da Torre do Tombo a
fez.
112
Os
Miranda
(Miranda Pinto, Martins Pinheiro,
Gusmão Miranda,Cardoso de Miranda,
Miranda Menezes, Pache de Faria,
Almeida Miranda, Menezes Povoa, Pereira
Pinto, Miranda Sá Sobral, Manhães
Barreto, Rodrigues Peixoto, Coelho de
Almeida, Sá Barroso, Cavalcanti de
Albuquerque).
113
Casou-se com D. Marianna Francisca da
Assumpção Cruz Pinto de Miranda (15-08-
1753, 5-12-1833), filha do Alferes Agostinho
Francisco da Cruz e de D. Maria das Neves
Pinto Cruz.
75
Sua
caridade,
virtude
extremada
de
todas
as
mulheres
da
família,
deixou
uma
prova
tocante
na
carta
que
antes
de
suicidar‐se
escreveu
o
Barão
seu
esposo.
Entre
as
angústias
morais
que
lhe
precederam
a
morte,
não
esquecia
de
dizer:
“Deixo
inclusos
25$000
para
me
fazer
o
obséquio
de
entregar
cinco
mil
réis
a
cada
um
dos
seguintes...
que
é
um
donativo
de
um
mês
que
se
vence
no
dia
31
do
corrente
,
determinado
por
minha
mulher,
porque
eu
lhes
paguei
até
o
fim
de
Junho
próximo
passado...”
76
Inúmeras
iniciativas
úteis
lhe
deve
Campos,
quando
da
sua
gestão
na
Presidência
da
Câmara
Municipal.
Por
ocasião
da
primeira
visita
do
Imperador
a
Campos,
em
25
de
Março
de
1847
(voltou
depois
a
13
de
Junho
de
1875,
a
22
de
Novembro
de
1878
e
a
24
de
Junho
de
1883),
o
Barão
da
Lagoa
Dourada
solenemente
lhe
entregou
a
chave
da
cidade,
de
ouro,
“...
feita
às
expressas
próprias
e
disse
as
seguintes
palavras:
“Senhor!
A
Câmara
Municipal
tem
a
subida
honra
de
apresentar
a
V.
M.
a
chave
da
Cidade,
com
a
segurança
da
fidelidade,
amor
e
respeito
que
os
campistas
consagram
à
Augusta
Pessoa
de
V.
M.
I.
...”,
ao
que
o
Imperador
respondeu
com
o
seu
natural
laconismo:
“Com
muito
prazer
a
recebo”,
‐
Horácio
Souza
“O
Cyclo
Áureo”
p.
364
–
Campos
–
1935.
114
filha do Desembargador Carlos da Silva
Gusmão e de D. Anna Rosa Aguiar
Cardoso Gusmão.
Senhora
de
extraordinária
beleza
e
grades
dotes
artísticos.
Numa
das
visitas
77
do
Imperador
a
Campos,
D.
Maria
Antonia
cantou
para
S.
M.
trechos
da
“Norma”,
de
Bellini,
no
sarau
dos
primos
Carapebús.
Filhos:
Aracy,
Raul
(oficial
do
exército),
Mary,
Helion
(professor
da
78
Faculdade de Medicina), Sylvia e Octavio (oficial do exército).
115
- D. Maria da Assumpção de Miranda
Menezes Salles, 79 casada com Francisco
Salles;
79
Filhos:
Nilton
(médico)
e
Osvaldo.
Filhos:
Lucy,
casada
com
Feliciano
Motta;
Nelson,
casado
com
D.
Maria
80
Carlota
de
Moraes
Barreto
Povoa;
Inah;
Nelly,
casada
com
Gastão
Graça;
Genaro
(engenheiro);
Nair;
Oswaldo
(médico),
casado
com
D.
Gersonita
de
Miranda
Povoa;
Maria
José;
Arlette,
casada
com
o
Dr.
Francisco
da
Costa
Nunes.
81
Filhos:
Odette,
Gilda,
Clélia,
Carmen
e
Mário
(oficial
do
exército).
82
Filhos:
Nelson,
Donato,
Chrysanto,
Manoel,
Josephino
e
Adahyl.
83
Foi
esforçado
vereador
à
Câmara
Municipal
de
Campos.
116
- Dr. Felix de Miranda; 84
84
Foi
deputado
federal
pelo
Estado
do
Rio.
85
Filhos:
Antonio,
Maria
Luiza
e
Benedicto.
86
Filhos:
Olavo,
Annita,
Suzette,
Emiliano,
Feliciano,
Paulo
e
Floriano.
Filhos:
Gerson,
casado
com
D.
Maria
Figueira
de
Mello
de
Miranda;
87
Gersonita,
casada
com
o
Dr.
Oswaldo
Povoa;
Oswaldo,
casado
com
D.
Vera
Alves
Manhães
de
Miranda;
Tarcisio;
Fernando.
Filho:
Mário
(advogado),
casado
com
D.
Arlette
de
Toledo
Rezende
Cardoso
88
de
Miranda
89
F
117
- Paschoal de Almeida Miranda, casado
com D. Lilia de Azevedo Miranda. 90
ilhos:
Hélvia
e
Carlos.
90
Filhos:
José
e
Diva.
91
Muito
fez,
quando
vereador,
pela
iluminação
a
gás
em
Campos
e
vários
outros
melhoramentos.
Conjuntamente
com
diversos
membros
de
sua
família,
auxiliou
seu
tio
o
Barão
da
Lagoa
Dourada
nos
grandes
serviços
prestados
ao
exército
por
ocasião
da
Guerra
do
Paraguai.
Remeteu,
com
seu
tio
Lagoa
Dourada
e
outros
vereadores,
o
seguinte
despacho
telegráfico
dirigido
a
D.
Pedro
II,
por
ocasião
da
inauguração
do
telégrafo
em
Campos,
a
2
de
Dezembro
de
1869
e
que
foi
o
primeiro
telegrama
partido
de
Campos:
“A
Câmara
Municipal
de
Campos,
por
si
e
em
nome
de
seus
munícipes,
cumprimenta
respeitosamente
a
V.
M.
Imperial
e
sua
Augusta
Família,
por
cuja
saúde
e
prosperidade
faz
os
mais
ardentes
votos.
Senhor!
É
sumamente
grato
à
população
de
Campos
ver
inaugurada
a
linha
telegráfica
desta
cidade,
no
dia
em
que
todo
país,
transportado
de
júbilo,
festeja
o
aniversário
natalício
do
seu
excelso
Imperador.
Digne‐se,
pois,
V.
M.
I.
aceitar
esta
saudação
como
a
expressão
da
veneração
e
firme
adesão
que
os
habitantes
deste
município
consagram
ao
trono
de
V.
M.
I.”
Foi,
com
sua
tia
a
Baronesa
da
Lagoa
Dourada,
grande
benfeitoria
do
Asilo
92
da
Lapa.
Promoveu
a
fundação
da
Associação
das
Protetoras
do
Asilo,
com
a
presença
e
sob
a
presidência
da
Princesa
Izabel.
118
II) José Pereira de Miranda Pinto, de cujo
casamento com D. Francisca de Miranda
Pinto, nasceu Domingos Pereira de
Miranda Pinto, casado com D. Anna Rosa
de Miranda Pinto; 93
93
Filhos:
José,
Ignácio,
Gregório,
Ignácia,
Francisca
(casada
com
Ary
Meirelles)
e
Maria
do
Rosário
(casada
na
família
Padilha).
94
Filho:
Paulo
119
d) – D. Marianna Francisca de Gusmão
Miranda Sá, casada com o Dr. Chrysanto
Leite Pereira de Sá. 95
95
Foi
ativo
vereador
à
2ª
Câmara
Municipal
de
Campos.
96
Muito
fez
pelo
fornecimento
de
água
potável
a
Campos.
120
III) D. Anna de Miranda Sá Pinto, casada
com Jeronymo Pereira de Miranda Pinto;
Eminente
político
e
homem
de
letras.
Nasceu
em
Campos
a
1
de
Agosto
de
97
1843
e
aí
também
faleceu
a
29
de
Setembro
de
1919.
Foi
o
primeiro
Prefeito
de
Campos
“...
de
volta
à
Pátria,
nesse
mesmo
ano
de
1868,
contraiu
matrimônio
com
a
Exma.
Sra.
D.
Maria
Isabel
de
Miranda
Manhães,
senhora
de
peregrinos
dotes
de
beleza
e
coração,
filha
do
Dr.
Joaquim
Manhães
Barretto
e
da
Exma.
Sra.
D.
Antonia
Gregória
de
Miranda
Manhães,
e
neta
dos
Barões
da
121
f) D. Rita de Gusmão Miranda Martins
Guimarães, casada com Constantino
Martins Guimarães. Desse consorcio
nasceu D. Maria Isabel de Miranda
Martins Coelho de Almeida, casada com
Antonio Coelho de Almeida.
Abbadia”.
–
Múcio
da
Paixão
“Movimento
Literário
em
Campos”
p.
69,
Rio
–
1924.
A
Usina
São
João
foi
de
sua
propriedade
e
por
ele
inaugurada
a
24
de
Julho
98
de
1884.
Fazendeiro
e
agricultor,
foi
vice‐cônsul
da
França
em
Campos
até
Abril
de
99
1850.
100
Foi
um
dos
últimos
irmãos
da
antiqüíssima
Real
e
Imperial
Irmandade
de
N.
S.
dos
Passos,
que,
no
Brasil
‐
Colônia,
no
Brasil
‐
Reino
e
no
Brasil
‐
Império,
era
em
Campos
o
reduto
da
velha
nobreza.
122
ADDENDA:
123
Do casamento do Dr. Protogeneo de
Miranda Sá Sobral (irmão do precedente)
com D. Sebastiana de Castro Barcellos
Sobral nasceram os seguintes filhos: José
e Maria da Conceição.
124
Do casamento de D. Marianna de Miranda
Sá Barroso (sexta filha de D. Marianna
Francisca de Gusmão Miranda Sá) com
Joaquim Gomes Barroso nasceram os
seguintes filhos:
125
O Dr. Carlos de Miranda Sá Amberger
casou-se com D. Maria do Carmo Neves
Amberger, nascendo desse consorcio os
filhos Carlos e Luiz Carlos.
126
b) D. Rosa Martins de Almeida Manhães,
de cujo casamento com José Martins
Manhães descendem: Maria da Penha de
Almeida Manhães Barroso, de cujo
casamento com Francisco Octaviano de
Almeida Barroso nasceram Wanda e
Francisco; Anna Maria de Almeida
Manhães; Maria Stella de Almeida
Manhães.
127
e) Constantino Coelho de Almeida, de
cujo casamento com D. Albertina Bezamat
Coelho de Almeida descendem: Mara
Isabel, de cujo casamento com o Dr.
Gastão Pache de Faria nasceram Fúlvia,
Eziodo, Thais e Laizil; Albertina Dulce,
casada com o Dr. Arnaldo Branco.
128
Dos filhos do casamento de Jeronymo
Pereira de Miranda Pinto (quarto filho da
Baronesa de São Vicente de Paulo) com D.
Anna Sá de Miranda Faria, o Dr.
Crysantho Sá de Miranda Pinto casou-se
com D. Maria Rita Sobral Marehand
Bittencourt de Miranda Pinto, nascendo
desse consorcio duas filhas, Clotilde e
Rosaria; Jeronymo Sá de Miranda Pinto
casou-se, em núpcias sucessivas, com duas
filhas do Dr. Crysantho Leite de Miranda
Sá, Ottilia e Marianna.
129
Os
Cardoso
Moreira
(Araújo Silva, Araújo Cardoso, Nabuco de
Araújo, Cardoso de Miranda, Motta Maia,
Machado Cardoso, Magarinos Torres,
Pereira Porto, Domingues Tinoco, Martins
Júnior, Aguiar Cardoso)
101
Solar
de
Sta.
Helena,
situado
na
localidade
denominada
Cardoso
Moreira,
em
Campos
(Lamego
Filho,
“A
Planície
do
Solar
e
da
Senzala”
p.
135,
Rio
–
1934)
Outra
casa
tradicional
dos
Cardoso
Moreira
é
aquela
onde
funcionou
até
há
pouco
tempo
o
Palace
Hotel,
em
Campos,
e
cujo
magnífico
parque
foi
infelizmente
mutilado.
130
O Comendador José Cardoso Moreira, a
quem Campos e o Estado do Rio devem
inúmeros benefícios, como a Estrada de
Ferro de Carangola, a intensificação da
navegação fluvial, do serviço de bondes,
etc., casou-se com Dona Maria da
Conceição Machado Cardoso, 102 desse
consorcio nasceram os seguintes filhos:
Filhos:
O
Comendador
Cardoso
Moreira
era
português
de
nascimento,
possuía
várias
condecorações
brasileiras
e
faleceu
a
20
de
Outubro
de
1889.
Seu
bisneto
Carlos
Bastos
Magarinos
Torres
possui
esplêndido
retrato
a
óleo
que
dele
a
de
sua
mulher
tirou
em
fins
do
século
passado,
pintor
de
grande
nomeada.
102
Falecida
a
16
de
Fevereiro
de
1900.
Irmã
de
Manoel,
Amélia,
Emilia,
Francisca,
José
e
Eugênio
de
Araújo,
e
de
103
Maria,
casada
com
Antonio
Martins
da
Silva
Júnior
D.
Francisca
e
D.
Marianna
da
Motta
Maia
Fernandes
eram
irmãs
do
Conde
104
da
Motta
Maia.
Do
consorcio
da
primeira,
nasceu
D.
Maria
do
Carmo,
que
casou
com
o
Dr.
Eduardo
de
Menezes.
131
a) - Antonio Cardoso Moreira, que casou
com D. Carmem Araújo Cardoso Moreira,
filha do Dr. Ernesto Basílio de Araújo. 105
Filhos:
Antonio
Araújo
Cardoso
Moreira
Júnior,
Lourdes,
Carmem,
Laura,
105
Fernando,
Aloysio,
Roberto,
Dulce,
Sérgio
e
Paulo.
106
Filhos:
Mario
Aloysio
Cardoso
de
Miranda
e
Maria
Isabel
(falecida).
107
–
Filhos:
Arthur
Cardoso
Filho,
Dulce,
Elvia
e
Emma.
132
III) D. Helena Cardoso Bastos, casada com
o Desembargador Carlos Bastos. Filhos: a)
Ophelia, casada com José Carlos Souto
Costa; b) – Orminda; c) Alice, casada com
o Dr. Francisco Eugenio Magarinos Torres.
Filhos: Francisco Eugênio e Carlos Bastos
Magarinos Torres.
133
Das famílias neste trabalho citadas, sobre
uma linha segunda dos Miranda
(Monteiro Teixeira de), sobre os Araújo e
os Pereira Pinto nos é possível publicar
curiosos dados genealógicos inéditos,
coligidos pelo Conde de Sarapuhy e pelo
Marques de Itanhaem e completados pelo
Conde de Iguassú, cujo manuscrito
pudemos copiar graças à nímia gentileza
do Comte. Candido Torres de Guimarães.
134
O
Conde
de
Iguassú
Foi o Conde de Iguassú, J. Pedro Caldeira
Brant, casado, em primeiras núpcias, com
D. Cecília Rosa de Araújo Vahia, filha
única do Conde de Sarapuhy, Bento
Antonio Vahia e sua mulher a Condessa D.
Rita Clara de Araújo.
135
estudo que nos veio às mãos e que nos dá
oportunidade de ampliar as origens dos
Araújos, ligados aos Cardoso Moreira, e
aos Azeredo Coutinho, dos Pereira Pinto,
ligados aos Miranda (Miranda Pinto) e de
um ramo colateral desses mesmos
Miranda (os Monteiro Teixeira de
Miranda).
136
da Marquesa de Santos e do Imperador D.
Pedro I.
137
Família Monteiro Teixeira de Miranda
CAPÍTULO I
§ 1.
138
§ 2.
§ 3.
§ 4.
139
§ 5.
§ 6.
§ 7.
140
§ 8.
§ 9.
§ 10.
141
§ 11.
§ 12.
§ 13.
142
Fernão Martins de Souza, de Riba
Farnego. Tiveram a
§ 14.
§ 15.
§ 16.
143
§ 17.
§ 18.
144
Mesquita, filha de Jacome Teixeira Vahya
de Mesquita, e de sua mulher D. Izabel
Teixeira de Araújo. Era D. Izabel Teixeira
Vahya de Mesquita parenta em oitavo
grau de seu marido, por descender
igualmente de João Teixeira de Macedo
por D. Francisca Teixeira. Era Bento
Teixeira de Miranda Cavalheiro professo
na Ordem de Cristo, Juiz de Órfãos,
proprietário da Vila de Lamas, Capitão de
Infantaria, Senhor da Quinta chamada dos
Paços de Bom Regalo, e Fidalgo de antiga
linhagem. Tiveram três filhos, a saber:
§ 19.
145
Vahya Monteiro, na qualidade de seu
ajudante de Ordens, com patente de
Capitão de Infantaria. Chegou a ser
Tenente General, Comendador da Ordem
de Cristo, e Fidalgo da Casa Real, como
seus antepassados. Faleceu na cidade do
Rio de Janeiro, com mais de 85 anos de
idade. Casado com D. Roza da Motta
Leite, natural da cidade do Rio de Janeiro,
filha de D. João da Motta Leite, natural de
Portugal, e sua mulher D. Sebastianna da
Silva Pereira, filha de Francisco d’Oliveira
Leitão, natural de S. Porto, e Fidalgo da
Casa Real, que se estabelecendo na cidade
do Rio de Janeiro tomou em foro perpétuo
uns terrenos, edificou o Trapiche da
Cidade, e Casas, e instituiu o prazo
chamado dos Trapixeiros. Tiveram 6
filhos, a saber:
2. D. LUIZA. Freira.
3. D. ROZA. Freira.
4. FREI FRANCISCO.
5. FREI LUIZ.
146
6. D. SEBASTIANNA, casada com Nuno
Henrique, cavalheiro muito distinto da
Província de Beira, que veio para o Rio de
Janeiro com patente de capitão de
cavalaria. Tiveram dois filhos, Luis e
Sebastianna, que, depois da morte de seus
Pais, foram chamados para Portugal por
seus parentes.
§ 20.
147
de seu Tio Dr. Ignácio José da Motta Leite.
Não teve filhos deste casamento. Teve de
D. Francisca Josefa de Azeredo Coutinho,
filha de D. Luisa Sebastianna de Azeredo
Coutinho, e de seu marido Manuel de
Souza de Andrade, três filhos naturais que
abaixo transcrevo, que foram legitimados
por carta régia da Rainha D. Maria I,
concedendo-lhes o direito de herdarem
bens, e honras, como se fossem de
legítimo matrimônio. Casou em segundas
núpcias com D. Leonarda Mathilde
Furtado de Mendonça. Sem descendência.
148
2. D. MARIA casou com Bento Garcia do
Amaral. Faleceram sem descendência.
149
3. D. ANNA. Faleceu a 18 de Dezembro de
1858. Casou a 5 de Agosto de 1857 com seu
primo, o Dr. João Pedro Carvalho de
Moraes.
§ 21.
§ 22.
150
a 9 de Fevereiro de 1846. Dama da
Imperatriz. Casou a 21 de Agosto de 1838
com Pedro Caldeira Brant, Conde de
Iguassú, filho do Marques de Barbacena, e
de sua mulher D. Anna Constança
Guilhermina de Castro Cardoso. Tiveram
um único filho.
CAPÍTULO II
§ 1.
151
os Montes, e Fidalgo da Casa de Bragança,
e de sua mulher D. Anna Mendes filha de
Antonio Mendes, Moço Fidalgo.
Filha do 1º Matrimônio.
Filhos do 2º Matrimônio.
152
§ 2.
2. D. SEBASTIANNA JOAQUINA
EUFRAZIA MACEDO VAHYA DE
MIRANDA. Vide § 4.
§ 3.
153
§ 4.
154
§ 5.
155
Régia datada em Santarém no ano de
1442, a qual se conserva, e se acha
registrada na Torre do Tombo, no Livro
das Mercês das Províncias de Traz os
Montes, e Beira; onde também consta que
o filho do dito Gonsalo Vaz, o Moço, de
quem foi sucessor João Gonsalves de
Carvalho, foi cavaleiro votado del Rei D.
Duarte, e Meirinho Mor da Província de
Traz os Montes. Tiveram a:
156
§ 6.
§ 7.
§ 8.
157
Felipa Mendes de Oliveira. Casada com
Francisco José de Souza Rabello,
Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo.
Capitão Mor de Soutelo, na Província de
Beira. Tiveram a:
3. D. JOAQUINNA ANGELICA
GERTRUDES VAHYA TEIXEIRA DE
MIRANDA E SOUZA. Casada com
Francisco Antonio Álvares de Araújo
Borges, Capitão Mor de Abreiro.
158
CAPÍTULO
III
§ 1.
§ 2.
159
por D. Gonsalo de Moraes, Bispo que foi
do Porto.
§ 3.
1. LEONOR
2. D. MARIANNA
160
§ 4.
161
Os
Araújo
(onde aparecem os Pereira Pinto)
CAPÍTULO I
§ 1.
162
do Tenente General, Governador de
Benguella, Francisco Xavier de Macedo
Pereira, igualmente natural de
Pernambuco, que faleceu na cidade do Rio
de Janeiro em Agosto de 1798.
Acompanhou ao seu cunhado Tenente
General para Benguella, e toda a família
com grande riqueza voltou de Benguella
para se estabelecer na cidade do Rio de
Janeiro no ano de 1763. Tiveram a
§ 2.
163
Agosto de 1810, na cidade do Rio de
Janeiro. Tiveram a:
164
Janeiro de 1867. Foi herdeira principal de
seu irmão Francisco Xavier de Araújo.
Casada com seu primo Bento Antonio
Vahya, sendo o casamento celebrado a 22
de Janeiro de 1809. Com sucessão.
CAPÍTULO II
§ 1.
165
1. D. MARIA JOSEFINA DA MOTTA LEITE.
§ 2.
166
Tiveram um filho: Alberto Pereira Pinto de
Andrade.
5. BERNARDO.
167
III. JOÃO CARLOS PEREIRA PINTO.
Natural do Rio de Janeiro, casado com D.
Carolina Luisa Ferreira de Oliveira, filha
do Chefe da Esquadra Pedro Ferreira de
Oliveira, e de sua mulher D. Carolina
Cecília de Campos e Oliveira. Tiveram 3
filhos, a saber:
168
Figueirôa Nabuco de Araújo, e de sua
mulher, D. Maria Emilia Contreiras; neto
paterno do Barão de Itapoan (José
Joaquim Nabuco de Araújo), Senador do
Império, etc. etc., e de sua mulher, a
Baronesa do mesmo título (D. Ismeria de
Figueirôa Barbuda).
1. D. MARIA EUGÊNIA.
3. D. CECÍLIA.
4. D. ANNA RITA.
5. CARLOS EUGÊNIO.
§ 3.
169
Ordens. Casado com D. Maria Amália
Nascentes de Azambuja, filha de Manuel
Theodoro de Azambuja, e de sua mulher
D. Maria Rita Nascentes Pinto, naturais do
Rio de Janeiro.
1. PEDRO
2. LUIS
3. JOÃO
4. THEREZA
170
II. D. ANNA, natural de Paris, faleceu em
Paris em 1858, com 19 anos de idade.
CAPÍTULO III
§ 1.
ARAÚJO
171
2. JOSÉ CAETANO DE ARAÚJO. Nasceu a
7 de Janeiro. Bacharel da Academia de S.
Paulo. Endoideceu a 15 de Março de 1845,
falecendo a 11 de Outubro de 1855.
§ 2.
Tiveram 2 filhos.
172
2. JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO. Nasceu
na cidade do Rio de Janeiro a 18 de Abril
de 1830, e faleceu a 26 de Maio de 1866.
Moço Fidalgo, e Bacharel da Academia de
Olinda. Casou em 1852 com D. Maria
Adelaide Pereira Pinto Furtado de
Mendonça, natural do Rio de Janeiro,
filha de Francisco Samuel da Paz Furtado
de Mendonça, natural do Algarve, e de sua
mulher D. Anna Josefina Pereira Pinto,
filha do Chefe de Esquadra José Pereira
Pinto, e de sua mulher D. Maria Genoveva
Souto Maior. Tiveram a
1. D. MARIA DA GRAÇA
173
D. Maria Caetana d’Almeida, filha do
Visconde de Macaé (José Carlos Pereira
d’Almeida Torres), e de sua mulher a
Viscondessa do mesmo título.
Tiveram a
2. JOSÉ CARLOS
4. SEBASTIÃO
174
1 de Agosto de 1850. Casou a 16 de
Outubro de 1843 com Luis da Motta Leite e
Araújo.
§ 3.
175
Os
Azeredo
Coutinho
do
Rio
de
Janeiro
(Annes de Araújo, Alz, Azevedo, Sodré,
Grimaldi, Rangel, Coutinho e Mello,
Tavares da Silva, Barcellos)
§ 1.
176
2. FOANNE ANIS. Casou com D.
Hermenengarda Gonsalves, filha de D.
Gonsalo Mendes da Maya, chamado o
Bom, lidador que foi adiantado do Rei D.
Affonso Henriques e um dos maiores
Senhores e melhores generais daquele
tempo, o qual descendia de varão em
varão do Infante D. Antonio Ramires, a
quem comumente chamam D. Alboazat,
filho do Rei D. Ramiro 2º de Leão. Nasceu
desta aliança:
177
Moinha Rodriguez, filha do Conde D.
Rodrigo Vela Ozório, e de sua mulher a
Condessa D. Alamberte, que dizem quase
todas as Crônicas da Espanha, e o mesmo
Conde D. Pedro, ser Irmã de um Rei da
França; neta pela parte paterna do Conde
D. Vela Ozório, e da Condessa D. Moinha
Forjas, que descendia do Conde D. Mendo,
que era irmão de Dezidério, Rei dos
Longobardos, e bisneta de D. Ozório,
chamado o Santo, e da Condessa D.
Urraca Nunes, sua mulher e prima, que
era bisneta do Rei D. Ramiro 2º de Leão, e
da Rainha D. Paterna. Foi filho deste
matrimônio:
178
Portugal com outro irmão seu, e casou
neste Reino com D. Leonor Pires Velho,
sobrinha do dito seu irmão, e filha de
Pedro Annes Velho, o qual era filho de
João Velho, Embaixador do Rei D. Diniz
ao Rei D. Pedro de Aragão, para lhe pedir
por mulher a Rainha Santa Isabel.
Nasceram deste matrimônio vários filhos e
filhas que seguiram o sobrenome de
Araújo, como se vê no título destes, e nas
notas do Marques de Monte Belo, no
nobiliário do Conde D. Pedro. Entre eles
houve:
179
Mordomo Mor do Rei D. Fernando, e por
sua mulher Sra. dos Coutos de Villar de
Yaras Cidraes, casal de Donnas, terras de
Lindozo, e das Jogadas e Portejos de
Castro Savoeiro, e de sua mulher D. Maria
de Ribeira. Tiveram a
180
Marialva, Condes de Borba, Condes de
Redondo, Marechais do Reino e Senhores
de Alriouval. Houve os filhos seguintes:
181
11. LANSAROTE DE AZEVEDO.
182
XII. MIGUEL DE AZEVEDO. Passou ao
estado do Brasil em que serviu 22 anos, foi
Capitão e Governador da Capitania do
Espírito Santo, por nomeação de Vasco
Fernandes Coutinho, o Moço, segundo
Senhor e Capitão Donatário da mesma
Capitania. Esteve em muitas batalhas com
os Gentios, sobre os quais alcançou muitas
vitórias, e favorecendo-lhe da mesma
sorte a fortuna contra os holandeses, que
naqueles tempos infestavam o Estado do
Brasil. Foi senhor de um engenho na
mesma Capitania, célebre pelos milagres
que nele obrou o venerável Padre
Anchieta, como escreveu o Padre Simão
de Vasconcellos na sua vida, Liv. 5, Cap. II,
§ 1 e 3, o qual também em outros lugares
da mesma obra torna a repetir o seu
nome. Tirou brasão com as armas dos
Azevedos no ano de 1604, provando ser
descendente de João Rodriguez de
Azevedo, Capitão em Guimaraens, de
quem dissemos no N° 8, que deu princípio
a esta família. Casou com D. Luiza Correa,
filha bastarda de Pedro Alz Correa (Irmão
inteiro de D. Luiza * Grimaldi, mulher de
Vasco Fernandes Coutinho, o Moço, 2º
Senhor donatário da Capitania do Espírito
Santo) que a houve em D. Antonia de
Abreu, que não chegou a receber, neta de
183
outro Pedro Alz Corrêa, que tio do
Príncipe Felisberto de Sabóia, de d’onde
passou com seu Pai a Portugal, foi Capitão
em Arzilla, e de Tanger, e de sua mulher
D. Catharina Grimaldi, fidalga saboiana
da ilustríssima família de Grimaldi de
Genova, que foram Príncipes de Mônaco, e
bisneta de Simão Corrêa que foi valido do
Rei D. Manuel, Capitão de Arzilla e teve a
honra de armar cavaleiro ao Rei D. João
3º, e foi Mordomo da Infanta D. Brites, a
quem acompanhou a Sabóia, e de sua
mulher D. Thereza. Tiveram a
13. D. BRITES.
184
13. D. CANDIDA. (Religiosa no Convento
do Paraíso em Évora)
185
filha de Manuel de Faria da Costa, e de D.
Catharina de Landim. Tiveram a:
15. D. BRITES.
186
de José Chaves de Abreu, Cavaleiro da
Ordem de Cristo, e de D. Francisca
Antonia Henrique Corte Real, filha de
Christovão Borges Corte Real, e de sua D.
Isabel Henriques, naturais de Lisboa.
Tiveram a:
187
herdeira do Dr. João Mendes da Costa,
Corregedor de Évora, e de sua mulher D.
Francisca Pestana d’Affonseca, filha de
Rui Pires Pestana, natural de Almendral, e
de D. Antonia Pestana d’Affonseca.
Tiveram a:
188
Fazenda, do Conselho da Rainha, e
Chanceler Mor do Reino; o qual Gaspar de
Abreu Freitas, foi filho de Luiz de Abreu
Freitas, fidalgo da Casa Real, Comendador
da Ordem de Cristo, e irmão inteiro de D.
Áquila de Alves Freitas, mãe de José
Chaves de Abreu, por cuja linha ficava
sendo D. Francisca de Azevedo Corte Real
prima de 3º grau de seu marido Antonio
de Saldanha. Tiveram a:
189
XVIII. D. MARIANNA DE SALDANHA DE
AZEVEDO E TAVORA. Nasceu a 11 de
Julho de 1731, e como herdeira da casa de
seus Pais, casou em 1751 com D. José Paulo
de Câmara, filho de D. Francisco Estevão
Xavier da Câmara, e de sua mulher, D.
Francisca Xavier de Castro, neto por parte
paterna de D. José Rodrigo da Câmara,
segundo Conde de Ribeira, e da sua
mulher a Condessa Constância Emilia de
Rohan, de Francisco Rohan, Príncipe de
Soubise na França, e da Princesa Anna
Chabot de Rohan, D. Francisco Estevão foi
pensionista do Colégio de S. Paulo.
Cônego do Patriarcal, depois deixado a
vida eclesiástica foi Coronel de Cavalaria
no Alentejo. D. Francisca Xavier de Castro,
sua mulher, foi irmã inteira de D. Isabel
de Castro, mulher de D. Rodrigo de
Alemcastro, gentil Homem da Câmara do
Infante D. Manuel, e filha de João Corrêa
de Lacerda, Capitão de Cavalaria na corte,
Mestre de Campo, e Governador do
Castelo de Outas, e Setubal, e de sua
mulher, D. Luiza Fontoura Carneiro. Com
poucos anos de casada faleceu D.
Marianna, deixando as filhas seguintes:
190
XIX. D. MARIA ROSA DE ROHAN DA
CAMARA E SALDANHA, que nasceu a 28
de Janeiro de 1753, e depois teve outra
irmã de quem não sabemos o nome.
§ 2.
191
Janeiro de 1608 na Chancelaria, a fl. 244.
Provedor da Fazenda dos defuntos e
ausentes por provisão do Rei D. Felippe de
Portugal, passada por Francisco de
Alvarenga a 20 de Julho de 1598, nas quais
provisões o declara o mesmo Monarca **
fidalgo de Geração, e de Cota d’Armas,
Ouvidor Geral e Capitão Governador da
mesma Capitania, por nomeação de
Francisco de Aguiar Coutinho, 3º Senhor e
Capitão Donatário dela, passada em
Lisboa a 12 de Julho * de 1605. Havia
nascido em Guimaraens *, testou na Vila
de Vitória (Uma das três que naquela
Capitania fundou o seu sogro) a 19 de
Maio de 1618, e o seu testamento se
conserva com o Inventário dos seus bens
no cartório de Henrique Miguel Esquites
de Portes, escrivão dos Órfãos da mesma
Capitania. Casou com D. Maria Coutinho
de Mello (a quem alguns chamam D.
Maria de Mello Coutinho *, e assim se
escreve na justificação que no ano de 1683
fez seu bisneto Diogo de Azeredo
Coutinho. Temos, porém, por certo, que
seu primeiro sobrenome foi o de
Coutinho, porque deste modo está escrito
no testamento de seu marido), a qual era
natural da mesma Capitania, irmã inteira
de Vasco Fernandes Coutinho, ♣ o Moço,
192
segundo Sr. Donatário, por cujo
falecimento, sem sucessão de sua mulher,
D. Luisa Grimaldi, passou este senhorio ao
seu sobrinho Francisco de Aguiar
Coutinho, filho de Ambrozio de Aguiar
Coutinho, Governador das Ilhas dos
Açores, e neto de Pedro Affonso de Aguiar,
e de D. Antonia de Vilhena Coutinho.
Deste, pela mesma causa de falta de
descendência, passou a sua Irmã D.
Joanna de Castro, que se achava casada
com Antonio Gonsalves da Câmara,
Comendador da Ordem de Cristo, que se
verificou em seu filho Ambrozio de Aguiar
Coutinho, que foi o 4º Senhor Donatário, e
deste passou a seu filho Antonio Luiz
Gonsalves da Câmara Coutinho, Almotacé
Mor do Reino, Vice Rei da Índia, o qual
veio a ser o 5º e último Senhor Donatário
desta família de Coutinho, não passando o
mesmo Senhorio a seus filhos por havê-lo
vendido a um particular da Bahia, como
escreve o autor da América Portuguesa.
Ambos filhos de Vasco Fernandes
Coutinho, o grande fundador, e primeiro
Senhor Donatário da referida Capitania
em 50 léguas de terra pela costa, e direito
de Saga e Castella, por mercê do Rei D.
João 3, feito de Jaro e Herdade para ele, e
seus descendentes ao ano de 1525,
193
.................... havidos em Anna Vaz de
Almada, como consta dos testamentos de
seu filho Vasco Fernandes Coutinho Moço,
e o de seu genro Marcos de Azevedo,
Netos pela parte paterna de Jorge de
Mello, por alcunha, O Lages, Copeiro Mor
do Reino e Alcaide Mor de Paiva Redondo,
e de sua mulher, D. Branca Coutinho, filha
de Vasco Fernandes Coutinho, Senhor de
Bastos e Monte Longo, e de sua mulher, D.
Maria de Lima, filha dos primeiros
Viscondes da Vila da Cerveira; neta de
Irmão Coutinho, Senhor de Armar e
Penagião (o qual era irmão de D. Vasco
Fernandes Coutinho, 1º Conde de
Marialva, de quem foi bisneta e herdeira
da sua casa D. Guiomar Coutinho, que
veio a ser Infanta deste Reino, por haver
casado com o Infante D. Fernando, filho
legítimo do Rei D. Manuel) e foi também
Senhor de Bastos e Monte Longo, por
haver casado com D. Maria Coutinho, filha
herdeira de Ruy Vaz Coutinho, Senhor de
Bastos, e de Monte Longo, e de sua
mulher, D. Branca Vilhena, filha de
Henrique Manuel, Conde de Cea e Cintra,
que era bisneto de S. Fernando, o 3º de
Castella, e de sua mulher D. Brites de
Souza. Sendo esta D. Brites de Souza
mulher do Conde de Cea, bisneta do Rei
194
D. Affonso 3 de Portugal; e em D. Branca
Coutinho, mulher de Jorge de Mello, de
quem se trata mais acima, bisneta por
varonia de Gonsalo Vasques Coutinho,
segundo Marechal do Reino, e sétimo
Senhor do Couto de Leomil, e de sua
mulher D. Leonar de Azevedo, filha de
Gonsalo Vasques de Azevedo, 1º Marechal
do Reino, e de D. Ignez Affonso de
Albuquerque, filha de D. João Affonso de
Albuquerque, descendente por varonia do
Rei D. Diniz, de Portugal. Bisnetos de
Martinho Affonso de Mello, Copeiro Mor
do Reino, Alcaide Mor de Paiva e Redondo
(Irmão inteiro de Garcia de Mello, Alcaide
Mor de Serpa, de quem descendem o
Monteiro Mor e Porteiro Mor do Reino, e
de sua mulher, D. Guiomar de Menezes,
filha de Gonsalo Nunes Barreto, Alcaide
Mor de Faro, ascendente dos Conde do Val
dos Reis, Duque de Gandia, Príncipe de
Osquibeca, e outras casas ilustres.
195
Felipa de Mello, casou com o Sr. D.
Álvaro, da Casa de Bragança, e são
ascendentes dos Duques de Cadaval) e de
sua mulher, D. Isabel da Silveira, filha de
Nuno Miz da Silveira, Senhor de Friena,
Coudel Mor do Reino, escrivão das
Raridades, e ascendente dos Condes
Sortella, Oriola, Sargedas. E, finalmente,
quartos netos de Martim Affonso de Mello,
o Velho, Guarda Mor do Rei D. João 1º,
Alcaide Mor de Évora, e Olivença, Senhor
de Barbacena, o qual era sexto neto, por
varonia, de D. Pedro Prasseires,
contemporâneo do Conde D. Henrique,
pai do nosso primeiro Rei, D. Affonso
Henriques, em quem o Conde D. Pedro dá
princípio a família de Mello, e de sua
mulher D. Briolonja de Souza, filha de
Martinho Affonso de Souza, Senhor de
Mortagoa, bisneta, por varonia, do Rei
Affonso 3º, de Portugal. Consta do brasão
d’armas de Carlos Manuel Tavares da
Silva, e o trazem todas os genealogistas do
Reino em título de Mello e Coutinho.
Nasceram deste matrimônio os filhos
seguintes, cujos nomes se escrevem aqui
pela mesma ordem que seu Pai os
declarou no seu testamento, que são sete:
196
13. JOÃO DE AZEREDO COUTINHO DE
MELLO, que casou com a sua parenta D.
Maria de Azeredo, filha de
.......................... , e teve geração que se
acha quase extinta.
197
Gouvêa, neta de Rui Dias Brabo, e de sua
mulher D. Antonia Rodriguez, bisneta de
Miguel Gomes Brabo, Escudeiro Fidalgo,
terceira neta de Fernão Gomes Brabo, que
teve o mesmo foro, e quarta neta de
Martim Gomes Brabo, fidalgo galego.
Tiveram os seguintes filhos, são três:
198
15. PANTALIÃO DUARTE VELHO, que
faleceu sem geração.
199
Lisboa, Vedor das obras desta cidade.
Filho de Manuel Nuno da Silva, Cavaleiro
da Ordem de Cristo, que recebeu em
Novembro de 1647, Vedor das obras da
cidade de Lisboa, o qual entregou a
bandeira da Câmara de Lisboa a D. Álvaro
de Abranches, no dia feliz da aclamação
do Rei D. João 4º, e a Sua Majestade as
chaves da mesma cidade, e de sua mulher,
D. Maria Garcez; neto de Francisco da
Silva Tavares. Vedor das obras públicas,
morreu degolado por matar
inocentemente a sua mulher, D. Brites de
Gouvêa; bisneto de outro Lucas da Silva
Tavares, Vedor das obras da cidade de
Lisboa, e de sua mulher D. Catharina
Tavares. Tiveram dois filhos.
200
com D. Maria da Gama Lobo, filha de
...................... Tiveram uma filha.
201
17. MIGUEL NUNO SILVA, que passou ao
Brasil, e havendo casado nas Minas,
morreu sem geração. Casou a terceira vez
com D. Thereza Gabriella do Amaral,
natural de Leira, onde se recebeu na
freguesia de Monte Redondo a 29 de
Outubro de 1705; e ela foi batizada na Sé,
a 18 de Março de 1688, filha de Antonio
Castes, e de sua mulher, D. Thedia
Pereira; neta por seu Pai de João Cortes, e
de sua mulher, Andreza Vieira, pela parte
materna neta de Manuel de Almeida
Falcão, superintendente que foi das
participações de Beja, Tenente de Mestre
de Campo General, e Governador de
Serpa, Aranches, e Saramenha, e sua
mulher, D. Maria do Amaral. Tiveram dois
filhos.
202
prova toda a ascendência que lhe damos
neste título.
203
Sebastião Semedo, e de sua mulher, D.
Brites Trigueiros, dos verdadeiros
Trigueiros e Pereiras deste Reino, como
consta no brasão de seu neto Sebastião
Semedo, de Torres Vedras, e moço da
Câmara do Rei D. Sebastião, passado no
ano 1577. Tiveram dois filhos.
§ 3.
204
testamento por f. .................... do Couto.
Casada com Manuel de Gouveia, natural
da Vila de Obidos, e Senhor de Engenho
no Rio de Janeiro, como consta do
testamento de sua mulher, filho de João
Gouvêa, e de sua mulher D. Maria de
Obidos, como se prova das inquisições do
seu filho Frei Ignácio de Gusmão. Tiveram
3 filhos.
205
§ 4.
206
cidadão principal daquela cidade, e
dissuadindo-o da viagem que empreendia,
lhe ofereceu para esposa uma filha,
grandemente dotada. Aceitou Domingos
de Azeredo a oferta, movido das
conveniências do dote, e da qualidade da
esposa, e desembarcou o seu fato,
assentou a sua casa no Rio de Janeiro,
onde se achava vivendo pelos anos de
1645, em que lembrou ao Rei D. João 4º
para o ocupar no descobrimento das
Minas de esmeraldas, que seu Pai
descobrira, mandando o mesmo Senhor a
Duarte Corrêa Vasques Annes, que então
governara o Rio de Janeiro, cuidasse com
a maior diligência no estabelecimento das
ditas Minas, coisa tão importante ao
serviço da Casa e bem dos seus Vassalos, e
ordenando-lhe expressamente que para o
dito efeitos tratasse com os filhos de
Marcos de Azeredo. Em conseqüência
desta ordem, mandada a Duarte Corrêa,
em Carta de 7 de Dezembro de 1644,
tratou este Governador do dito
estabelecimento com Domingos de
Azeredo Coutinho, e o seu irmão Antonio
de Azeredo Coutinho, os quais, vendo que
aquilo era agrado de S. Majestade, se lhe
ofereceram não só para ir ao dito
descobrimento, mas para o fazerem à sua
207
custa, esperando que o mesmo Senhor
lhes faria ao depois mercês
correspondentes ao seu trabalho e
despesas. Não era para rejeitar esta oferta.
O Governador a aceitou, nomeando o
Capitão descobridor e administrador das
ditas Minas das esmeraldas, e de todas as
mais que pudesse descobrir, e o poder de
levar, às suas ordens, o gentio das Aldeias
que quisessem, e uma companhia de 50
portugueses, e com todos os mais poderes
que S. Majestade havia sido servido
conceder-lhe, com a Administração das
Minas do Estado do Brasil, o que tudo se
prova da Provisão que lhe passou para o
mesmo efeito, dada no Rio de Janeiro a 12
de Agosto de 1645, e registrada nos Livros
da Câmara da Vila da Vitória, a fl. 34, cujo
teor, tirando algumas palavras menos
substanciais, é o seguinte:
208
estabelecimento das Minas de Esmeraldas
que diz haver no Sertão da Capitania do
Espírito Santo já descobertas, por Marcos
de Azeredo e que também foram alguns
religiosos da Companhia de Jesus, e
particularmente o Padre Ignácio de
Siqueira, ordenando-me que trate com os
ditos Religiosos, e com os ditos filhos de
Marcos de Azeredo, a saber Domingos de
Azeredo Coutinho, e Antonio de Azeredo
Coutinho se ofereceram para ir a suas
custas por serviço de Sua Majestade
esperando de Sua Real Grandeza mercês
iguais ao serviço que nisso fizeram,
ajustando me com a dita Carta e Ordem
que o dito Senhor nela me dá, e como
Administrador das Minas deste Estado,
Hey por bem e serviço do dito Senhor de
nomear para o dito descobrimento,
emtabulamento das ditas Minas das
Esmeraldas do Sertão da dita Capitania do
Espírito Santo aos ditos Domingos de
Azeredo Coutinho e Antonio de Azeredo
Coutinho para que em companhia dos
ditos religiosos vão tratar delas; e sendo
caso que para algum impedimento ou falta
de licença não possam ir os ditos
Religiosos, que vão os ditos Domingos de
Azeredo Coutinho e Antonio de Azeredo
Coutinho, a quem em nome de Sua
209
Majestade concedo faculdade que possam
levar 50 portugueses homens brancos, e os
Gentios das Aldeias que para isso
houverem de mister na forma da dita
Carta de Sua Majestade, e lhes encarrego
da dita diligência com ação em que o
Serviço do dito Senhor vai tão
interessado, de cuja parte lhes manifesto,
que o dito Senhor lhes manda fazer as
mercês que for servir descobrindo a Serra
como na dita Carta declara. Pelo que
ordeno ao Capitão Mor da dita Capitania
do Espírito Santo, e a todos os oficiais de
Justiça, Fazenda e Guerra dêem aos ditos
Domingos de Azeredo Coutinho, e
Antonio de Azeredo Coutinho a ajuda e
favor que lhes seja necessário. Com
combinação e para melhor efeito do dito
entabulamento concedo por esta maneira
que passo aos ditos Domingos de Azeredo
Coutinho, e Antonio de Azeredo Coutinho,
e a cada um em particular, e a ambos
juntos todos os poderes que com
administração das Minas deste Estado Sua
Majestade há servido conceder-me
......................... e as pessoas que forem
ao dito descobrimento, e Índios que os
acompanharem vejam e obedeçam as suas
ordens, e mandados como se fossem, por
mim dadas, e tudo isto assim se entenderá
210
no descobrimento das ditas Minas de
Esmeraldas, como nas mais da que
tenham notícia de ouro, prata e outros
gêneros, em que também lhes encarrego
façam diligência ........................
211
Casou Domingos de Azeredo Coutinho
com D. Antonia Tenreiro da Cunha,
natural do Rio de Janeiro, filha de *
Chrispim da Cunha Tenreiro, da mais *
nobre família da mesma cidade, como
consta do instrumento de justificação de
Diogo de Azeredo Coutinho o qual
Chrispim da Cunha foi natural de Évora, e Guarani
p.
99
das famílias dos seus sobrenomes,
aparentado também com as de Souza,
Carvalhos, Paes, Ferreiras Falcões,
Vidigaes, os quais eram fidalgos e
comendadores da Ordem de Cristo, como
consta de um brasão que a 8 de Janeiro de
1643 tirou o seu Pai Dr. Francisco Paes
Ferreira, e se conserva no poder de seu
descendente Sebastião da Cunha
Coutinho Rangel, e de sua mulher, D.
Isabel * Velho de Martins, irmã inteira de
Diogo de Maris, 2º Provedor da Fazenda
Famílias‐19
janeiro
vol.
II
p.
519.”.
Real da mesma cidade, ambos filhos * de
Antonio Maris, o Velho, e de D. Isabel
Velho. Tiveram os filhos seguintes, que
são 3. *
212
14. CHRISPIM DA CUNHA TENREIRO, que
foi Coronel no Rio de Janeiro, e onde
casou com D. Bárbara da Silva, filha de
.........................
213
15. D. CLARA DE AZEREDO COUTINHO,
mulher de João de Castro Pinto.
214
Diogo Maris Loureiro,* segundo Provedor
da Fazenda Real do Rio de Janeiro, (irmão
inteiro de Antonio de Maris Loureiro,
Prelado Administrador daquela diocese,
antes de sua erecção em Bisbado) e de sua
mulher D. Paula Rangel de Macedo (irmã
inteira de Belchior Rangel, que pelos anos
de 1614 era um dos Capitães da Conquista
do Maranhão, debaixo das ordens de seu
Capitão Mor Jerônimo de Albuquerque, e
dele faz menção o Autor dos Anais
Históricos do Estado do Maranhão, desde
o N° 248 até 318, onde se achará um
testemunho de sua qualidade, e também
irmã inteira de Balthazar Rangel de
Macedo, que, casando com D. Joanna de
Souza, filha de Ambrósio de Souza, e de
D. Jarta de Azevedo, e neta de D. Jorge de
Souza, Comendador de Azambuja, e 3º
Avô por varonia de Julião Rangel Souza
Coutinho e seus Irmãos; filha de Julião
Rangel de Macedo, O Velho, Fidalgo da
Casa Real, e Capitão da Conquista do Rio
de Janeiro, em que serviu com muito valor
contra o gentio que naqueles tempos nos
traziam inquietos em repetidos ataques, e
onde vivia pelos anos de 1583, em que por
ausência do Governador e Ouvidor Geral
Salvador Corrêa de Sá, lhe ordenou o Rei
d. Felipe I, de Portugal, que servisse no
215
lugar do Ouvidor Geral da mesma cidade,
e o que ele obedeceu tomando posse do
dito emprego a 28 de Junho do mesmo
ano, e de sua mulher D. Brites Sardinha,
irmã de D. Pedro Fernandes Sardinha,
primeiro Bispo de todo Estado do Brasil;
bisneta a dita Paula Rangel de Macedo,
por parte de seu Avô, Diogo de Maris, de *
Antonio de Maris, O Velho, primeiro
Procurador da Fazenda Real na mesma
cidade, e de sua mulher Isabel Velho
natural da Capitania de S. Vicente. João
Gomes da Silva tinha passado a militar no
Brasil, era filho de Braz Gomes de
Sandoval, e de sua mulher, D. Helena da
Silva, filha de João Gomes da Silva, valido
del Rei D. Sebastião, e ascendente das
ilustres Casas de Marquez de Alegrete, e
Conde de Tarouca. Nasceram deste
matrimônio os seguintes filhos, que são 6.
216
15. D. LUISA GRIMALDI COUTINHO. * 309
217
Homem, natural do Rio de Janeiro, neto,
por parte paterna, de Francisca da
Affonseca, natural de Aveiro, e de sua
mulher, D. Juliana Nunes, natural de
Lisboa, e, pela parte materna, neta de
Aleixo Manuel, natural da Ilha do Fayal, e
de sua mulher, Francisca da Costa
Homem, natural da Ilha da Terceira. Não
teve descendência do primeiro casamento.
Casou segunda vez com Victória Maciel
Tourinho, filha de .............................
Tiveram 4 filhos, a saber:
218
Cunha. Deste casamento não teve
descendência
17. JOSÉ.
219
§ 5.
220
Rio de Janeiro a 12 de Dezembro de 1714,
pelo Frei Antonio de Madureira de Jesus,
Religioso Carmelita Calçado, o qual era
irmão inteiro de João de Madureira
Machado, Senhor de Engenho de
Madureira no Riachão, e filhos ambos de
Ignácio de Madureira, irmão inteiro de
Luis de Barcellos Machado, marido de D.
Catharina Coutinho de Mello.
221
Thereza Maciel, filha de João Velho
Barreto, Senhor de Engenho da Pavuna, e
de sua mulher, D. Maria Tourinho; de cujo
matrimônio sabemos só que teve dois
filhos.
222
XVII. CAETANO DE BARCELLOS
MACHADO, que sucedeu na casa, e
morgado e casou com D. Luisa Pinto de
Sampaio, filha de ............ Tiveram a:
223
§ 6.
224
17. D. ISABEL DE AZEREDO COUTINHO,
mulher de seu parente Sebastião Martins an.
G
Latino
vol.
.ano
7
p.
169
Coutinho Rangel, irmão de seu cunhado
José Azeredo Coutinho de Macedo,
Senhor de Engenho e Capitão da Nobreza an.
Gen.
antes do dito seu Irmão. Tiveram 4 filhos, Latino
vol.
7
p.
168”
a saber:
225
17. D. CATHARINA COUTINHO DE
MELLO, mulher de Egas Moniz da Silva,
fidalgo da Casa Real, Senhor de um
morgado em Torres Vedras, dos quais foi
filho João Muniz da Silva, que sucedeu no
mesmo foro e morgado de seu Pai, e casou
com a sua Prima Irmã D. Brites Isabel de
Maris.
§ 7.
226
16. FR. MANUEL DA VISITAÇÃO, religioso
Carmelita Calçado e Prior do seu
Convento no Rio de Janeiro.
§ 8.
227
da Silva, natural de Lisboa, onde foi
batizado na Freguesia de Madalena, o
qual passou àquela cidade com patente de
Capitão de Infantaria de sua guarnição.
Foi Senhor de Engenho de Itauna, e teve
boa casa, tratando-se com luzimento, e
como qualquer dos cavaleiros principais
daquela cidade, e serviu nos empregos
civis de república, o que tudo provou seu
filho nos anos de 1703, de que se lhe
passou instrumento que se acha no
Cartório da Nobreza, onde ele o meteu por
ocasião do Brasão que tirou. Era filho de
Paulo Fernando Pereira, e de sua mulher,
D. Maria Francisca da Silva. Faleceu no
Rio de Janeiro a 22 de Maio de 1698, e jaz
sepultado no Colégio da Companhia de
Jesus da mesma cidade, como Irmão que
era dela, em cuja sepultura se sepultou
também sua mulher, D. Paula Rangel de
Macedo, que faleceu a 16 de Agosto de
1680. Tiveram a:
228
de Outubro de 1700, o qual era filho de
Estevão de Oliveira Vargas, pessoa muito
principal daquela terra, e havendo as
Minas, tiveram descendência de quem nos
falta notícias.
229
Engenho de Itaúna. Casou a 16 * de Abril
de 1698, dias antes do falecimento de seu
Pai, na Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda,
com D. Helena de Andrade de Souto
Maior, irmã inteira de José de Andrade,
Senhora da Casa, e Engenho de Gericinó,
sendo seus Padrinhos seu meio irmão
Ignácio de Souza Pereira, e D. Francisca
da Ponte Maciel, e D. Ignez de Andrade de
Souto Maior, irmãs inteiras de seu sogro.
Os Pais de D. Helena foram Ignácio de
Andrade de Souto Maior, e D. Anna de
Alanção e Luna, natural de S. Paulo. Era
ela filha de Ignácio de Andrade de Souto
Maior, Senhor da mesma Casa, e Senhor
do Engenho de Gericinó, Pedra d’Água,
Novo, Meriti e outros, em que completava
o número de sete, que fazia de sua casa
uma das de mais opulência daquela
Capitania, o qual houve a sua filha D.
Helena de Andrade, de sua mulher, D.
Anna de Alanção e Luna, natural da
cidade de S. Paulo. Foram Avós paternos
de D. Helena, Ignácio de Andrade
Machado, natural da Vila de Praia, na Ilha
Terceira, e das famílias dos seus apelidos
da mesma Ilha; o qual passou ao Rio de
Janeiro onde foi Capitão, Senhor do
Engenho da Pedra, e teve boa casa, e de
sua mulher, D. Helena de Souto Maior
230
Cardoso, natural do Rio de Janeiro, a qual
sobreviveu o seu marido, e por assistir no
seu Engenho da Pedra foi muito conhecida
pela circunstância de a chamarem de
Viúva da Pedra. Por parte de seu Avô
paterno, Ignácio de Andrade Machado,
era D. Helena bisneta de Antonio
Fernandes Botelho, natural da dita Vila da
Praia, morador no lugar das Fontainhas,
onde tinha as suas fazendas, e de sua
mulher, Francisca de Ponte Maciel, pela
qual foi terceira neta de Diogo da Ponte
Maciel, e de sua segunda mulher,
Catharina Gaspar Machado, por quem
vinha a ser quarta neta de Gaspar
Gonsalves Machado, Senhor do lugar
Ribeira Seca, na mesma Ilha, e da sua
segunda mulher, Clara Gil Fagundes, filha
de Gil de Borba, e de sua mulher, Beatriz
Rodriguez Fagundes, quinta neta, pelo
dito Gaspar Gonsalves Machado, de
Gonsalo Annes de Affonseca, natural de
cidade de Lages, no Reino de Algarve,
fidalgo da Casa do Infante D. Henrique, e
de geração e varonia de Affonseca, o qual
passou a Ilha Terceira, no ano de 1450,
com seu primeiro donatário, Jacome de
Borges, que o havia convidado àquela
povoação com promessa de uma grande
data de terra, a qual fielmente satisfez
231
naquela parte da Ilha que hoje chamam
Paul das Barcas, de que ele tomou posse, e
ficando na mesma Ilha fundou o lugar de
Ribeira Seca, de que alguns a apelidaram,
chamando-o Gonsalves Annes de Ribeira
Seca, e outros apelidaram chamando-o
Gonsalo Annes de Lagos, da Pátria em que
nasceu, foi Governador da Capitania da
Praia, por ausência do seu donatário. Foi
um dos mais nobres povoadores que
entraram naquela Ilha, sendo naqueles
tempos tão qualificados os que concorriam
a povoar países que se descobriram de
novo. Depois de ter tomado posse das suas
terras, voltou Gonsalo Annes a Lisboa,
para conduzir a aquela Ilha a sua mulher,
Maria Annes de Andrade Machado. Gaspar
Gonsalves nasceu pouco depois de chegar
com a circunstância de ser o primeiro
homem que nasceu em toda Ilha. Mecia
Annes de Andrade Machado foi filha de
Dr. João Machado, natural de Lisboa, o
qual também passou a mesma Ilha, de que
teve o Governo político e civil por espaço
de 47 anos; neta de Pedro Machado, do
Conselho do Rei, e seu Desembargador do
Paço, o qual foi filho de João Esteves da
Vila Nova, Alferes Mor do Rei D. João, de
boa memória, e de sua mulher, Leonor
Gonsalves Machado, Irmã inteira de D.
232
João Machado, Bispo de Coimbra, que
trasladou os ossos da mãe de Santo
Antonio, de quem era parente, por ela
proceder também dos Machados, da parte
de fora, em que estavam, para dentro da
Igreja de S. Vicente de Fora, filhos de
Álvaro Gonsalves Machado, Governador
das Justiças do Reino, e com a mesma
ascendência dos Machados, Senhores de
Entre Homem e Cavallo, que depois foram
Marqueses de Monte Belo, o que assim
justificou Diogo de Barcellos Machado no
ano de 1533, para tirar o seu Brasão. Por
parte de sua avó paterna, D. Helena de
Souto Maior, era D. Helena de Andrade
bisneta de Belchior da Ponte Maciel,
natural da Ilha Terceira, e Senhor de uma
quinta no lugar do Porto Martim, o qual
também passou ao Rio de Janeiro, e de
sua mulher, Ignez Gonsalves Serra, filha
de Pedro Affonso e de sua mulher, Maria
Serra de Pedro Martins, morador da Ilha
da Madeira, e de sua mulher, a terceira
neta de Roque da Ponte Maciel, e de sua
mulher, Maria Álvares Cardoso Gonsalves
de Souto Maior, a quem chamaram o
Cavaleiro, por sua qualidade, e de sua
mulher, Margarida Cardoso, filha de
Henrique Cardoso, natural de Lamego, o
qual passou a Ilha Terceira
233
acompanhando a sua irmã, Ignez Martins
Cardoso, mulher de Álvaro Martins
Homem, primeiro Senhor e Capitão da
Praia, onde casou com Beatriz Affonso
Homem, e eram filhos de Martim Annes
Cardoso, fidalgo da Casa dos Infantes, da
antiga Casa dos Senhores da Honra de
Cardoso, em Lamego; quarta neta do
mesmo Diogo de Ponte Maciel, de quem já
acima falamos, o qual viveu no lugar de
Beljardim de S. Caetano, saindo da Vila da
Praia, onde teve as suas fazendas, e de sua
primeira mulher, Margarida Coelho.
Finalmente, quinta neta de João da Ponte,
Senador de Angra, assim chamado por ser
um dos três Senadores que levou consigo
para a dita Ilha, Jacome de Bruges, para
que com o seu Conselho de dirigisse o
Governo dela.
234
do General d. Fradique de Toledo, que
saiu do porto de Cádiz para o da Bahia no
ano de 1625, com a praça de soldado raso,
em que vencia mais de três escudos por
mês, além do soldo ordinário, em atenção
à sua qualidade. Retomada a Bahia,
passou à cidade de S. Paulo, em serviço da
coroa, e depois de se achar casado nela
serviu na restauração de Pernambuco
contra os mesmos holandeses, com uma
companhia à sua custa. Foi sua mulher D.
Maria Bueno da Ribeira, *natural da
cidade de S. Paulo, pela qual vinha a ser
D. Helena de Andrade Souto Maior
bisneta de Amador Bueno da Ribeira,
natural da mesma Capitania, Capitão Mor,
Governador, Provedor da Fazenda Real,
Administrador Geral das Aldeias do
Padroado, e Ouvidor Geral da mesma
Capitania, de que tomou posse a 11 de
Fevereiro de 1627, vassalo tão fiel que,
havendo sido aclamado Rei, pelo povo
daquela Capitania, ele não consentiu,
gritando, a evidente perigo de sua vida,
que só vivesse o Senhor D. João IV, seu
Rei e Senhor, e que pela fidelidade de
vassalo queria morrer na sua defesa, de
que tudo se fez assento que se conserva no
Livro da Câmara da Vila de S. Vicente,
cabeça de toda a Capitania; e de sua
235
mulher, D. Bernarda Luiz Camacho, pela
qual era D. Helena de Andrade Souto
Maior terceira neta de Domingos Luis,
Cavaleiro da Ordem de Cristo, Fundador e
Padroeiro da Igreja da Nossa Senhora da
Luz, da mesma cidade de S. Paulo,
chamado vulgarmente o Carvoeiro, por
haver nascido em Santa Maria do
Carvoeiro de Portugal, de onde passou ao
Brasil, e de sua mulher, Anna Camacho,
pela qual era quarta neta de Gonsalo
Camacho, natural de Portugal, e de sua
mulher, Catharina Ramalho, filha de João
Ramalho, natural de Boazelas, Comarca
de Vizeu, * Capitão Mor, e Alcaide Mor da
Vila de Santo André, primeira povoação
de Serra acima, o qual testou em 1580, e
faleceu em S. Paulo, com mais de 120 anos
de idade. Por parte de seu Bisavô, Amadeo
Bueno da Ribeira, foi 3º neto de
Bartholomeo Bueno da Ribeira, natural de
Sevilha, de onde passou a São Paulo em
que se acha, no ano de 1599, com o seu Pai
Francisco Ramires de Torre, *e de sua
mulher, Mecia Pires, filha de Salvador
Pires, e de sua mulher, Mecia Fernandes,
chamada pelos Índios da Terra, Messiuça,
que quer dizer Mecia, A Grande, e neta de
Salvador Pires, natural da cidade do
Porto, em Portugal, e de Maria Rodriguez,
236
natural da mesma cidade do Porto, filha
de Garcia Rodriguez e de Isabel Velho;
bisneta de João Pires, o Gago, natural da
mesma cidade, em Portugal, que passou
deste Reino a São Paulo, já viúvo, levando
consigo seus filhos Manuel Pires, e
Salvador Pires, e na cidade de São Paulo
fundou a Casa de Misericórdia, e o altar
de Santo Cristo no Colégio dos Padres da
Companhia, e foi progenitor da família
Pires em São Paulo, tão distinta naquela
cidade que alcançou um Alvará de S.
Majestade de para que só ela e a dos
Camargos pudessem servir na Câmara da
mesma cidade, para melhor dizer que um
membro de cada uma destas duas famílias
fizesse parte da Câmara. Por seu Avô D.
João Matheos Rondon e Sra. Era D.
Helena de Andrade Souto Maior bisneta
de D. Pedro Metheos *Rondom, Regedor e
Alcaide Mor da Vila de Olanha pelo estado
de fidalgo, e de sua mulher D. Magdalena
Clemente de Alanção Cabeça de Vaca, os
quais eram fidalgos notórios de vingar 500
soldos segundo os foros da Espanha, e as
famílias de Rondom, que não cede, a de
Luna, Alanção e Cabeça de Vaca tão
ilustres na Espanha como é notório, o que
tudo consta de uma justificação feita em
Madrid no ano de 1639 perante o Alcaide
237
D. Gregório Lopes de Mendicadal, sendo
escrivão Eugênio Lopes a requerimento de
D. José Rondom de Luna e Quevedo, outro
filho seu que estava para passar esse ano
ao Brasil, ao qual se passou Instrumento
de lá que se conserva o original em poder
de José de Andrade de Souto Maior pelo
ano de 1746. Nasceram deste matrimônio:
238
17. CARLOS DE AZEREDO COUTINHO,
que nasceu às 7 horas da manhã do dia 17
de Fevereiro de 1705, foi batizado na casa
dos Pais, na sua Capela, pelo Padre
Gregório Caldeira de Mello; Padrinho
Constantino de Paiva Pereira, marido de
sua Tia, D. Andreza de Grimaldi, e sua
Irmã, D. Antonia de Alanção e Luna.
Faleceu ainda solteiro, e sem geração, no
ano de 1739, quinze dias depois de ter
falecido seu Pai.
239
Magé, pelo Vigário Antonio Gomes
Homem, sendo seu padrinho Paulo
Martins da Gama, e as sua Tia D. Andreza
de Grimaldi. Casou no Rio * de Janeiro.
Casou com Manuel Pereira Ramos, cujo
recebimento se fez na casa deste a 16 de
Agosto de 1721, sendo padrinhos Ayres
Saldanha de Albuquerque, Governador
atual da mesma cidade, e Manuel Corrêa
Vasques. Nasceu Pereira *Ramos no Rio
de Janeiro, em que foi batizado na
Freguesia da Sé, a 5 de Abril de 1682. Seus
Pais o fizeram aplicar aos estudos que ele
seguiu com aproveitamento, e teria feito
aos maiores progressos pelo excelente
talento de que a natureza o dotou, se os
continuasse a seguir até ciências maiores.
Porém as riquezas das Minas, que naquele
tempo atraiam não só aos que viviam a
muita distância das Minas, não podiam
deixar de produzir nele muito efeito.
Deixou os estudos, e passou a Minas
Gerais, onde viveu muitos anos, possuindo
muitas horas, e fazendas rendosas, foi
Capitão de Infantaria, e com esta patente
serviu onze anos, baixando com ela das
Minas em que se achava em socorro da
cidade do Rio de Janeiro, invadida por
franceses no ano de 1713, acompanhando-
o Antonio de Albuquerque Coelho,
240
Governador das Minas e General do
mesmo socorro. Foi Capitão Mor da Vila
do Ribeirão do Carmo, hoje cidade de
Mariana, instituído no lugar do seu
nascimento, fechou o seu assento nos seus
engenhos de Marapicú e Cabuxú, havendo
conservado o que possuía em Minas, o do
Garma, que depois alienou pela
dificuldade da administração. Ali todo o
seu cuidado foi aumentar as suas fazendas
para deixar um bom patrimônio a seus
filhos, obrigando o Governador do Rio de
Janeiro, na ocasião das últimas guerras
da Colônia, e todos os paisanos a
aparecerem na cidade, e passarem mostra
nos seus regimentos, e causando-lhe esta
ordem detrimento por haver de tirar do
seu serviço durante o tempo das mostras
muitos homens que ele trazia ocupados no
serviço e na administração de suas
fazendas, requereu ao Governador
referido, pedindo que lhe fizesse isentá-
los e dispensá-los da execução de sua
ordem. Concedendo-lhe o Governador o
que pediu como condição que eles se
encarregariam de arregimentar todos os
moradores da Freguesia da Nossa Senhora
da Conceição de Marapicú e Juari, e
faculdade de formar companhias e
nomear-lhes os capitães, para estarem
241
prontos à servir na defesa daquela cidade
se ocasião se pedisse, para cujo efeito lhe
passou patente de Capitão Mor daquele
distrito, que se compreendia nos limites
das duas referidas Paróquias. Aceito o
encargo para seguir a isenção que
pediram, e passando mostra em suas
milícias achou muitos daqueles moradores
sem armas. Não pode sofrer o seu coração
que se conservassem assim. Mandou
comprar espingardas, que o mesmo
Governador depois ajustou a instância
sua, e distribuiu-as gratuitamente pelos
que achou desarmados. Fundou a
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição
de Marapicú, em benefício de todos que
habitavam nas suas terras, olhando mais
para o bem comum daquele povo que para
as comodidades de sua família; pois
podendo edificar a Freguesia que fundou
contigua à sua cãs, para lhe servir ao
mesmo tempo de Capela, pelo contrário, a
erigiu em distância dela, que ao depois lhe
foi necessário fundar uma Capela para a
sua família, que consagrou a Nossa
Senhora de Guadalupe. Não satisfeito de
haver edificado a Freguesia à sua custa,
passou a constituir-lhe seu dote, dando-
lhe com este título 50 braças de terra
vizinha à mesma Igreja e obrigando-se a
242
dar o azeite necessário para a sua lâmpada
por um contrato feito com o Bispo daquela
diocese, ficando ele com o padroado e
sepulturas, e tribuna da mesma Freguesia
para si e seus descendentes. Tem uma
grande instrução de história sagrada, que
deve a uma continuada lição da Bíblia, da
qual se diverte de quando em quando a
sua lição para os poetas latinos,
principalmente Virgílio com quem gasta
alguma parte do tempo ocioso.
Familiarizou-se bastante com as Musas,
das quais é favorecido quando se lhe faz
necessário o seu influxo. A sua
conversação é agradável pelas notícias
com que sabe adorná-la, o ânimo tão
sincero e tão revestido de tanta bondade
como o experimentam todos os moradores
da Freguesia em que vive, entre os quais
ele conserva a boa harmonia, e a paz,
acomodando com a sua autoridade as
dissenções que se excitam entre eles, e
expulsando daquele distrito os que
perturbam o sossego com que ele quer que
todos vivam nas suas terras, por cujo
motivo o chamam ali seu Juiz
Conservador. É * filho de Thomé Álvares
do Couto Moreira, e de sua mulher D.
Michaela Pereira de Faria e Lemos. Neto
pela parte paterna de outro Thomé
243
Álvares de Couto Moreira, e de sua
mulher, D. Maria de Araújo. Este Thomé
Álvares do Couto Moreira nasceu na
quinta do Zenha, de que seus Pais eram
Senhores, na Freguesia de S. Salvador de
Moreira do Conselho de Maia, Bispado do
Porto e foi Senhor das Quintas de Eirado,
Realheiros, e do Praso de Nicontes, do que
se lhe fez empregamento no ano de 1688,
por escritura que fez João de Brito,
Tabelião daquela Comarca, no dito ano, e
por uma morte que fez, se retirou para o
Rio de Janeiro, onde depois faleceu,
havendo mandar vender tudo que possuía
em Portugal, e feito passar àquela cidade
a sua mulher, e alguns filhos que tinha
dela antes de se haver passado à América.
De sua descendência se acharam as
memórias em título de Couto Moreiras, do
Porto. Por parte de sua Mãe é neto de
Francisco de Lemos de Faria, natural da
Ilha do Fayal, e de sua mulher, D. Isabel
Pereira de Carvalho, filha de Gaspar de
Carvalho, Senhor de Engenho de
Pendotiba no Rio de Janeiro, e de sua
mulher Margarida Gomes de Oliveira, de
Capitania do Espírito Santo, e filha de
Antonio de Carvalho, e de sua mulher
Camila Jorge, dos primeiros povoadores
da mesma Capitania. Bisneto de Gaspar de
244
Abreu Lima, e de sua mulher, D. Maria
Faria e Lemos, pela qual é 4º neto de
Manuel de Lemos e Faria, irmão inteiro de
Gaspar de Lemos e Faria, Capitão de
Infantaria da Ilha do Fayal, o qual testou
na Vila de Horta, da mesma Ilha, no ano
de 1587 (dispondo que o enterrassem na
cova de seu bisavô Pedro de Lemos e
Faria, o Velho, o qual foi um dos primeiros
povoadores que passaram à Ilha do Fayal,
não só pela antiguidade de seu transito,
mas também pela qualidade de seu
sangue, porque do brasão de seu neto
Pedro de Lemos e Faria, tirado no ano de
1575, se declara que era homem fidalgo, e
o seu filho Pedro de Lemos e Faria se acha
filiado e matriculado entre os fidalgos da
Casa de Sua Majestade, como sobrinho de
D. Álvaro da Costa, de quem são
descendentes por varonia os Condes de
Sousel, e os Armeiros Moraes do Reino, e
por fêmea todas as Casas e Mestres, e da
primeira grandeza do Reino. Era o dito
Pedro de Lemos e Faria, o Velho, filho de
Luiz Annes de Faria, 5º neto por varonia
legítima do famoso Nuno Gonsalves de
Faria, progenitor dos Farias, e bem
conhecido nas Histórias e Nobiliários do
Reino, pela famosa defesa do Castelo de
Barcellos, e de sua mulher, D. Brites de
245
Lemos e Siqueira, filha de João Gomes de
Lemos, 2º Senhor de Frota, e ascendência
dos que hoje possuem a mesma casa. A
descendência que Pedro de Lemos de
Faria, O Velho, deixou no Fayal, difundiu-
se depois para outras ilhas, nas quais se
aliaram nos filhos e netos com a primeira
nobreza delas, como se pode ver no Padre
Cordeiro, Livro 6, página 326, N° 224, e
Livro 7, página 439, N° 43, e Livro 8,
página 462, N° 31. O mesmo atesta
Jeronymo de Brum e Silveira, Capitão Mor
atual da Ilha do Fayal, o qual havendo se
lhe pedido notícias desta família, deu o
seguinte: Os Lemos e Farias são dos
primeiros povoadores da Ilha do Fayal e
da Governança dela, e como tais
estimados dos seus primeiros donatários
como se vê do testamento de D. Francisca
Côrte Real, filha de Jorge da Orta,
segundo donatário, e de sua mulher, D.
Isabel da Côrte Real, a qual D. Francisca
diz no seu testamento feito no 1 de
Dezembro de 1538 – por conhecer Jorge
Peixoto, e Christovão de Lemos são
homens de boa consciência e bom viver,
confio eu minha alma, e os faço meus
herdeiros e testamenteiros – o qual
testamento se encontra nos Resíduos,
Tomo da Prsor. Fl. 259, e o mesmo Jorge
246
de Orta, segundo donatário, testou em
1549 (dito Tomo fl. 273) a favor do dito Pe.
de Lira de Mendonça, varão desta família,
a quem deixou a sua terça, que corre em
um dos ramos de Lemos. Destes Lemos,
aliados com outras famílias nobres, têm
saído pessoas ilustres em Armas e em
Letras, como foi o Arcebispo de Goa, D. Fr.
Christovão de Lemos, de quem faz menção
o Padre Cordeiro, página 412, N° 429. O
Pr. Francisco Furtado, religioso da
Companhia, que vem no Synoptico da
Companhia, e na biblioteca lusitana Verbo
Francisco, e outros mais que na ilha
ocuparam os primeiros postos e cargos da
república, e deixaram instituições de
capela e outras obras pias entre as quais é
boa testemunha a fundação do Convento
de Religiosos de Nossa Senhora do Carmo,
que fez Helena de Aboim da Silveira (e
filha do referido Gaspar de Lemos e Faria)
mulher do Capitão Mor desta ilha,
Francisco Gil da Silveira. Desta antiga e
ilustre família foi ramo Manuel de Lemos
e Faria, até que o Capitão Mor Jeronymo
de Brum nos relata ser do número dos
sujeitos mais distintos que produziu esta
família Jorge de Lemos de Bitancourt, que
no ano de 1618 povoou o Maranhão à sua
custa, e por este serviço foi Comendador
247
da Ilha de S. Maria, na Ordem de Cristo,
em que teve mais duas Comendas, uma
das quais deixou ao seu Irmão D.
Francisco de Bitancourt Avilla Lemos
Vasconcellos, cujos descendentes se
conservam ainda hoje na Terceira. Acham-
se Memórias do referido Jorge de Lemos,
nos Anais Históricos do Maranhão.
Nasceram deste matrimônio 12 filhos, a
saber:
§ 9 * 303
248
18. D. HELENA DE ANDRADE DE SOUTO
MAIOR COUTINHO DE AZEREDO.
Religiosa do mesmo Convento da
Conceição, tendo o nome de Sóror Helena
José Angélica da Glória.
249
título de Conde de Arganil. Exerceu estes
lugares até á sua morte, que teve lugar em
22 de Abril de 1822.
§ 9. * 301
250
da mesma Universidade, Desembargador
do Paço, Procurador da Coroa, e Ministro
da Junta de Exame do Estado e
Melhoramentos temporal das ordens
regulares no Reino del Rei D. José de
Portugal. Gozou de toda a estima do Rei
D. José e da Rainha D. Maria I. Serviu com
o Ministro Marques de Pombal,
merecendo toda a sua confiança, e foi sem
dúvida uma das maiores notabilidades de
seu tempo. Casou em Lisboa com D. Maria
do Cordal Ramalho da Fonseca Arnaut do
Rivo, filha única de José Ramalho de
Oliveira, * 308 e de sua mulher, D. Anna
Thereza Arnaut do Rivo. Tiveram 4 filhos
nascidos em Portugal.
251
19. FRANCISCO DE LEMOS PEREIRA DE
FARIA COUTINHO. Moço Fidalgo e
Desembargador, Senhor do Morgado de
Marapicú perto da cidade do Rio de
Janeiro. Veio para o Brasil, e casou com a
sua Prima D. Maria Carolina Pinto Coelho
da Cunha, filha de Antonio Caetano Pinto
Coelho, e de sua mulher, D. Anna
Casemira Furtado Leite, Vide § 14 Nº 20.
Tiveram 3 filhos nascidos no Rio de
Janeiro, a saber: an.
G.
13.vol.
anos
p
93
252
19. D. THEODORA ARNAUT DO RIVO,
casou com seu Primo Manuel Ignácio de
Andrade Souto Maior Pinto Coelho § 10 Nº
19.
§ 10. * “302”
289 p
253
Itanhaém”Nasceu a 5 de Maio de 1782,
batizado a 5 de Junho de 1782, na Capela
do Morgado de Marapicú, e faleceu nesta
corte a 17 de Agosto de 1867. Senhor do
Morgado de Mato Grosso. O Imperador D.
Pedro I lhe concedeu as seguintes graças:
de Marques de Itanhaém, Gentil Homem
da Câmara, e a Comenda de Cristo; o
Imperador D. Pedro II, as seguintes de
Estribeiro Mor, e a Grã Cruz da Ordem de
Cristo. Foi Tutor do Imperador D. Pedro II
desde 1833 até 1840. Era demais
condecorado com várias gran cruzes
estrangeiras. Casou em primeiras núpcias
com a sua Prima D. Theodora Arnaut do
Rivo, filha de seu Tio João Pereira Ramos
de Azeredo Coutinho, e de sua mulher D.
Maria Pardal Ramalho da Fonseca Arnaut
do Rivo, do § 9, Nº 18. Casou em segundas
núpcias com D. Francisca Pinto Ribeiro,
falecida sem sucessão. Casou em terceiras
núpcias com D. Joanna Pinto, irmã da sua
segunda mulher, faleceu sem sucessão.
Casou de quartas núpcias com D. Maria
Angelina Beltrão da Silva, que faleceu a 16
de Setembro de 1867, um mês depois do
seu marido. As suas esposas de 1 a 4 foram
Damas de honra das Imperatrizes D.
Leopoldina e D. Thereza. *
254
an.
G.
Bras.
vol.
III
p.
52
FILHO DO 1º MATRIMÔNIO
FILHO DO 4º MATRIMÔNIO
255
19. IGNÁCIO DE ANDRADE SOUTO
MAIOR. Gentil Homem da Câmara. Casou
com D. Roza Moreira da Costa. Faleceu
em Abril de 1843 sem sucessão. Tendo
falecido poucos dias antes da mulher.
§ 11.
§ 12. )
“1ª
Família
Vol.
I,
p.
150”2
256
Paulo, faleceu em Goiás, e não sabemos da
sua descendência.
257
filhos de D. Antonio de Almeida, e de D.
Magdalena de Ataíde, filha de Manuel
Mascarenhas, Senhor da Torre. Segundo
neto de Francisco Pinto da Cunha, e de D.
Francisca de Noronha. Terceiro neto de
Gonsalo Pinto e de Beatriz da Cunha.
Quarto neto de Francisco Vaz Pinto e de
D. Maria de Valença. Quinto neto de
Gonsalo Vasques Guedes, e de D. Maria
Pereira Pinto, filha de Nuno Álvares Pinto.
Sexto neto de Álvaro Vasques Guedes e de
D. Anna Isabel de Mesquita. Sétimo neto
de Gonsalo Vaz Guedes, Senhor de Murça.
Tiveram 4 filhos, a saber:
314
18. LUIZ JOSÉ PINTO COELHO do § 13.*
258
18. BENTO FIGUEIRA DA ROCHA, casado
com D. Josefa da Cruz Lemos (Vide Árvore
dos Duques Estradas Capítulo 30), filha de
Pedro Zina Ribeiro, e de D. Helena da
Cruz e Lemos, filha de Paulo da Matta; e
.an.
G.
Latino
vol.
I
p.
D. Jeronyma de Lemos. Neta paterna de 208
Pedro Freire Ribeiro, O Velho, e de Anna
de Duque Estrada, que serviu na
restauração de Pernambuco, e de D.
Theodosia da Rosa e Aguiar, filha de Nuno
Fernandes de Aguiar e de D. Magdalena
da Roza; e neta de João Duque Estrada,
natural de Anvers, de onde passou ao
Reino de Portugal, e de sua mulher D.
Anna de Paraty, filha de Henrique Paraty
de Souza e de D. Maria Rosa. Tiveram
uma única filha, a saber:
259
§ 13
260
§ 14.
261
20. JOSÉ FELICIANO PINTO COELHO DA
CUNHA, Coronel Barão de Cocais, e Vedor
de Sua Majestade a Imperatriz, casado
com D. Antonia Thornazia de Figueiredo
Neves. Tiveram 4 filhos, a saber:
262
20. LUIZ JOSÉ PINTO COELHO DA
CUNHA. Faleceu solteiro.
21. D. ELIZA.
21. FRANCISCO.
21. D. FRANCISCA.
21. CARLOS.
21. D. ELOISA.
263
Prima Irmã D. Anna Carolina de Lemos de
Azeredo Coutinho. Vide § 9. Nº 20. * 305
21. JOSÉ.
an.
G.
Latino
vol.
ano
7
p.
148”.
Rev.
G.
B.
vol.
ano
4
p.
452‐árvore
20. D. ANNA AMALIA PINTO COELHO DA
CUNHA, casada com Joaquim Roberto de a.g.
ano
5
p.
229
264
Carvalho Macedo, natural de São Paulo.
Tiveram 10 filhos, a saber:
265
21. D. ELISA PINTO COELHO DA CUNHA,
casada com seu Tio Francisco d’Assiz Pinto
Coelho da Cunha.
§ 15.
266
20. MANUEL FURTADO LEITE PINTO
M.
Cocais
p.
69
COELHO, casado com D. Cândida de
Souza Coutinho. Tiveram dois filhos.
267
21. LUIS, dito.
21. D. BARBOSA.
21. D. ANTONIA.
21. D. MARIA.
268
20. D. MARIANNA FLORINDA, casada com
o Senador, Dr. em Medicina Antonio M.
Cocais
69
e
F.
L.
vol.
4‐p
33
Gonsalves Gomide, natural de Minas.
Tiveram 7 filhos, a saber:
269
D. Emília Rosa de Oliveira, natural de
Minas. Com descendência. * F. L. vol. 4 p. 334.
270
20. D. EMERENCIANNA CLAUDOMILLA,
casada com o seu Primo, o Capitão José de
Aguiar Vasconcellos de Mendonça, natural
da Ilha de S. Miguel. Tiveram 11 filhos, a
saber.
271
21. D. EMMERENCIANA AUGUSTA DE
AGUIAR LEITE, casada com Antonio de
Abreu Leite. Com descendência.
272
§ 16.
273
21. FRANCISCO MARIA
Cunha. Vide
274
21. JOSÉ MARIA PINTO COELHO DA
CUNHA, casado com D. Maria Claudia Art.
Resende
2º
vol.
p.
310
CUNHA.
21. D. REGINA
nana
vol
I
p.
111‐118
F.
L.
vol.
4‐p.
347
21. LUIZ
21. JOSÉ
275
de Miranda e de D. Maria José de Athaíde
e Mello. Vide Nº 20. Teve do 1º
matrimônio duas filhas.
21. D. MARIA.
276
20. GENEROSA JOSÉ PINTO COELHO DA
CUNHA, casada com D. Felipe .................
naturais de Minas. Sem descendência.
Tiveram 6 filhos:
an.
G.
B.
vol.
ano
2
p.
106
21. D. GENEROSA SERAFINA –
Silva
Leme
vol.
4
p.
348
21. D. FRANCISCA
21. MANUEL
Rev.
Arq.
P.
M.
p.
304
309
21. JOÃO
§ 17.
p.
258”
277
Azeredo Coutinho e de D. Antonia
Ferreira da Cunha do § 4 N° 13, foi
chamado e conhecido pela circunstância
do Porto para diferença de um Tio do
mesmo nome. Casou 3 vezes. A 1ª vez com
D. Isabel de Borges. Tiveram a:
278
§ 18.
279
16. D. ISABEL DE AZEREDO COUTINHO,
casou com Bernardo Soares Proença,
Mestre de Campo de um regimento do Rio
de Janeiro, e senhor de uma boa fazenda
no caminho de Minas Gerais. Tiveram um
único filho, a saber:
§ 19.
280
corpulento. Foi Senhor de Engenho em
Itapacará, e Capitão Mor da Vila de S.
Antonio de Sá, que chamam vulgarmente
de Macacu. Casou com a sua Parenta D.
Maria Josefa Grimaldi Coutinho, do § 11.
Tiveram um único filho, a saber:
281
18. MANUEL ANTUNES DE AZEREDO
COUTINHO, casado com a sua Prima D.
Joaquina Custódia da Cruz Freire Duque
Estrada (Vide Título de Duque Estradas,
Capítulo 40), filha do Sargento Mor
Ambrosio Dias Raposo e de D. Anna Josefa
da Cruz Duque Estrada (Vide o mesmo
Título Capítulo 32). Tiveram filhos, a
saber:
19. D. JOAQUINA
19. D. CATHARINA
19. D. MARIANNA
282
19. AMBRÓSIO JOSÉ DE AZEREDO
COUTINHO.
§ 20.
283
§ 21.
§ 22.
284
15. SEBASTIÃO MARTINS COUTINHO, do
§ 23.
§ 23
285
Coutinho, onde também escrevemos os
Pais do Dr. Jorge Fernandes de Affonseca.
O Dr. Francisco d’Affonseca Deniz acima
mencionado era sobrinho de Pedro
Homem de Albernaz aclamador do Rei D.
João 4º no Rio de Janeiro, e por este
serviço nomeado Prelado Administrador
daquela diocese, e irmão inteiro de
Manuel d’Affonseca Homem, e de Mathias
da Costa Homem, Presbítero do hábito de
São Pedro. Tiveram 13 filhos, a saber:
286
16. D. IZABEL DE AZEREDO COUTINHO,
casada com o seu parente Antonio de Sá
Barboza, pessoa muito principal. Sem
sucessão.
287
16. FR. BOAVENTURA DO MONTE
CARMELLO. Religioso Carmelita Calçado.
288
17. BELCHIOR DE AZEREDO COUTINHO
§ 24.
289
Capitão da Companhia da Nobreza,
Padroeiro da Capela de Nossa Senhora do
Pilar e S. José no Engenho do Rio Grande,
sito no distrito da Freguesia de S.
Gonçalo. Instituiu um morgado de seus
bens a 8 de Outubro de 1753, vinculando
com consentimento de seu filho único o
seu Engenho do Rio Grande com mais de
duas datas de terra de 128 braças de
testada, e outra na restinga de Araruama,
e com mais uma fazenda de gado nos
Campos dos Goitacazes com 4 currais, e
capacidade para mais, começando do
primeiro Monte da Piedade, e beirando o
Rio Macaé, e assim mais uma de
......................... casas na Rua Direita da
cidade do Rio de Janeiro, com a obrigação
dos sobrenomes de Azeredo Coutinho três
capelas de missas em cada um ano pela
alma dele instituidor, do seu filho, e de
sua mulher, e mais uma missa na primeira
segunda-feira do ano, dita na Capela do
Senhor dos Passos do Convento do Carmo,
pela alma do seu Sogro José Barreto de
Faria, Padroeiro dela, e ali sepultado,
assistindo à mesma missa dois pobres a
quem manda dar uma pataca de esmola a
cada um. Para administração do morgado
chamou em primeiro lugar o seu filho
único, como instituidor deste vínculo,
290
José de Azeredo Coutinho, e seus
descendentes, preferindo sempre os filhos
varões às fêmeas, e por falta desta linha se
chamaria a de seu Irmão Sebastião
Martins Coutinho Rangel, e seus
descendentes, e na falta destes às suas
Irmãs. Na falta de todos estes Irmãos e
descendentes se chamaria para herdar o
morgado as irmãs de sua mulher D.
Ignácia, e sua descendência, e faltando
mesmo esta linha, concede-se a faculdade
ao último administrador para poder
nomear um sucessor ao mesmo vínculo,
contanto que seja parente dos sobrenome
dos Azeredos Coutinhos, e no caso deste
último administrador não nomear
sucessor ao morgado, se chamará então
para herdar o morgado as parentas dos
mesmos sobrenomes que conservar mais
esplendor naquela época futura. Casou
com a sua parenta D. Ignácia de Azeredo
Coutinho, filha de José Barreto de Faria, e
de D. Paula Rangel de Macedo. Vide § 6,
Nº 17. Tiveram um único filho, a saber:
291
que ele tinha das legítimas de sua Mãe e
Avô. Casou em 1753 com a sua Prima D.
Anna Ferreira da Cunha, filha de sua Tia
D. Antonia Sebastianna de Macedo, e de
seu segundo marido o Dr. Eusébio Álvares
Ribeiro. Vide § 23, Nº 17. Com sucessão.
18. D.
18. D.
§ 25
292
17. SEBASTIÃO DA CUNHA COUTINHO
RANGEL. Vide § 26.
293
§ 26.
294
soube representar tão vivamente as
injustiças e as extorsões que o povo do
Brasil padeciam vivendo nas Capitanias
que se conservavam em poder dos
Donatários, especialmente as que se
haviam praticado com o referido povo por
ocasião do requerimento que se intentou,
que Sua Majestade foi servido mandar que
se incorporassem à Coroa não só a
referida Capitania da Paraíba do Sul,
dando-se por ela um equivalente ao
Visconde de Asseca neste Reino, mas
também todas as mais Capitanias que
ainda hoje tivessem Senhor Particular,
compensando-se estes com os seus
equivalentes respectivos. Conseguindo o
negócio que deu ocasião ao seu embarque,
restituiu-se a sua casa na frota que se fez a
vela do porto de Lisboa para o Rio de
Janeiro no ano de 1753. Havendo chegado
a esta cidade no dia de S. Bartholomeu do
mesmo ano, e recebendo-o aqueles povos
como o seu libertador, pois o
apresentando as ordens que levava da
Corte, se tomou posse da dita Capitania
pela coroa pelo Ouvidor Geral da
Capitania do Espírito Santo, Francisco
Salles Ribeiro, a 30 de Novembro do
mesmo ano, a qual posse foi tão agradável
ao mesmo povo que a festejou com três
295
dias de luminárias, cavalhadas, e no
terceiro dia expondo o Senhor na Matriz
da Vila de S. Salvador de Campos, capital
da mesma Capitania, e oficiando-se
solenemente, recitando um sermão de
ação de graças o Padre Fr. Jerônimo
Seixas, Religioso Carmelita Calçado, e
cantando-se solenemente um Te Deum.
Não satisfeitos os povos com estas
demonstrações de alegria, passaram ao de
agradecimento, publicando as vezes, não
queriam outro Capitão Mor e Governador,
e que ele devia ser eleito para este
emprego em conformidade das ordens de
Sua Majestade, que havia mandado ao
Senado da Câmara procedesse a esta
eleição com o Ouvidor Geral da Câmara,
em cujo estado nos representam este
negócio as últimas notícias recebidas pela
Frota de 1758. Nos seus primeiros anos se
aplicou as letras, e desta aplicação é parte
uma carta que escreveu em Lisboa em
defesa das Conquistas e Estados do Brasil,
e em que dá bastante a conhecer que
entende de política, e tem boa inspecção
da história portuguesa. Na Corte adquiriu
o conhecimento do idioma Francês, em
algumas composições que traduziu na
nossa língua, assim na Corte, como na
pátria tem mostrado que o escuta
296
benignamente Apolo. Casou com D. Isabel
Sebastianna Pedrozo de Moraes, que
nasceu a 19 de Julho de 1720, e foi
batizada na Matriz da mesma Vila de S.
Salvador de Campos, onde também fez o
seu recebimento a 13 de Abril de 1759,
filha do Dr. Álvaro Pessanha, Capitão Mor,
e Governador da mesma Capitania
andando na coroa por um seqüestro feito
ao Visconde, e de sua mulher D. Anna
Pedroso de Moraes. Neta por seu Pai de
Domingos Álvares Pessanha, natural da
Capitania do Espírito Santo, e de D. Isabel
Roza, natural da cidade de Assumpção de
Cabo Frio, e viúva de Pedro Manhães
Barreto do Cham. Neta por parte materna
do Capitão Domingos de Souza Barros,
natural de S. Paulo, e de sua mulher D.
Isabel Bicudo, natural da mesma cidade,
filha de Antonio Bicudo Leme, e de D.
Francisca Romeiro * Velho Cabral, filha de
Manuel da Costa Cabral, natural da Ilha
de São Miguel, e de D. Francisca Cardoso,
filha de Gaspar Vaz Guedes, e de sua
mulher D. Francisca Cardoso. Antonio
Bicudo Leme, já referido, era filho de Braz
Esteves Leme e de Margarida Bicudo de
Brito, neto de Pedro Leme e de Helena do
Prado; bisneto de Leonor Leme, e de Braz
Esteves, naturais * da Ilha da Madeira.
297
Leonor Leme era filha de Pedro Leme, e
este passou a Capitania de S. Vicente, hoje
Capitania de S. Paulo, logo que se fundou,
em 2 de Outubro de 1564 justificou
perante o Dr. Braz Fragoso, Ouvidor Geral
do Brasil, que era filha de Antão Leme, da
Ilha da Madeira, irmão maior de Aleixo
Leme e Pedro Leme, Fidalgos todos nos
livros do Rei, e de Antonia Leme, mulher
de Pedro Affonso de Aguiar, e de Leonor
Leme, mulher de André de Aguiar, os
quais eram fidalgos e primos do Capitão
da Ilha da Madeira, e parentes em grau
próximo de D. Deniz de Almeida ,
Contador Mor, e de Diogo de Almeida,
Armador Mor, e de Diogo de Cabreira,
filho de D. Henrique de Souza, e de
Tristão Gomes da Meira, etc. etc. Tiveram
6 filhos, a saber:
298
morgado da casa, em favor de seu Irmão
imediato Sebastião da Cunha Azeredo
Coutinho. Foi Bispo de Pernambuco em
1794. Bispo d’Elvas em Portugal em 1806.
Recusou ser Bispo de Beja em 1818, por ele
dizer que não ambicionava aumento de
rendas. Foi nomeado Inquisidor Geral,
assim como Presidente da Junta do Exame
do Estado atual, e melhoramento
temporal das Ordens Religiosas em 1818.
Foi eleito deputado às Cortes de Lisboa em
1820 pela Província do Rio de Janeiro e
tomou assento a 10 de Setembro de 1820.
Faleceu em Lisboa a 12 de Setembro de
1831. Para mais esclarecimentos vide a sua
biografia na Revista do Instituto Histórico
do Rio de Janeiro, Tomo 7, página 106.
299
Exércitos. Faleceu no Rio de Janeiro a 14
de Março de 1814 com 65 anos. Casou com
D. Maria Isabel de Azeredo Coutinho, que
faleceu a 21 de Outubro de 1779 com 22
anos. Tiveram um único filho, a saber:
300
18. D. LUISA DE AZEREDO COUTINHO,
casada com o Coronel Cláudio José
Pereira da Silva.
§ 27.
301
§ 28.
302
seguintes irmão, a saber: um Religioso
Heremita Calçado de Santo Agostinho, em
Lisboa, Luiz da Costa Cabral, e Estevão
Gomes Cabral, e estes dois últimos
também passaram ao Brasil onde casaram.
Luiz da Costa Cabral foi Avô de D.
Francisco Matheus Rondon, como se vê no
Brasão d’Armas do Tenente General José
Arouche de Toledo Rondon. este Francisco
Matheus Rondon casou com D. Maria de
Araújo, irmã inteira de José de Góes de
Moraes, Capitão Mor, Governador e
Alcaide Mor, Provedor da Fazenda Real
em S. Paulo, ambos filhos de Pedro
Taques de Almeida, conforme se vê no
Brasão d’Armas dos Taques. Tiveram 4
filhos, a saber:
303
ascendência conforme vem declarado
neste Título dos Azeredos Coutinhos
perante André da Costa Moreira, Ouvidor
Geral do Rio de Janeiro, a 14 de Maio de
1683, e sendo escrivão João Álvares de
Souza, incorporado na dita justificação as
provisões de Provedor da Fazenda Real
dos defuntos e ausentes, de Ouvidor
Geral, e de Capitão Governador da
Capitania do Espírito Santo, pelos quais
foi provido nos ditos ofícios que
pertenciam ao seu Bisavô Marcos de
Azeredo Coutinho do § 14 e cuja
justificação se passou instrumento que
conserva com seu poder Miguel Rangel de
Souza Coutinho.
§ 29.
304
de Azeredo, e de D. Maria Coutinho de
Mello do § 2, Nº. 12. Nasceu na Capitania
de seu Avô, da qual passou ao Rio de
Janeiro, onde vivia pelos anos de 1645,
com que foi nomeado Capitão
descobridor, e administrador das Minas de
Esmeraldas com seu Irmão Domingos de
Azeredo Coutinho do § 4, Nº. 13; onde
falamos nesta nomeação com mais
largueza, e acham-se Memórias dele na
Vida do Padre João de Almeida, escritas
pelo Padre Simão de Vasconcellos, a
página 252 Nº. 7. Casou com a sua parenta
D. Maria de Spinola. Tiveram 2 filhos, a
saber?
NOTA
233
305
Irmão Coutinho, irmão de 1º Conde de
Marialva, de que trata no § 2 e Nº. 12, para
a sua ascendência veja História
Genealógica da Casa Real Portuguesa, por
D. Antonio Caetano de Souza, Tomo 3,
página 415, Tomo 12, Parte 2ª , página 893.
306
página...., veja a mesma História
Genealógica, Tomo 12, Parte 2ª , página
893. Para a ascendência ainda mais
remota, veja a mesma História
Genealógica, Provas, Tomo I, página 149,
tratando de Men Soares de Mello, pai de
Affonso Mendes de Mello, de quem se
trata na mesma História Genealógica,
Tomo 12, Parte 2ª , página 893. Para
ascendência de D. Briolonja de Souza,
mulher de Martim Affonso de Mello, veja
a mesma História Genealógica, Tomo 3,
página 415. Para a ascendência de Martim
Affonso de Souza, Senhor de Mortagoa, e
pai de D. Briolonja de Souza, veja a
mesma História Genealógica, Tomo 3,
página 415; Tomo 12, Parte 2ª , página 701
e 874; assim como aí verá como D.
Briolonja de Souza descende do Rei D.
Affonso 3º , como diz no § 2, Nº. 12. Para a
ascendência dos Briteiros, veja a mesma
História Genealógica, Tomo 12, Parte 2ª ,
página 705, e nos Provas Tomos, páginas
157, 159 e 161.
307
de Souza, mulher de D. Martim Affonso
Chicosso, e filha de Lourenço Soares
Valladares, veja a mesma História
Genealógica, Tomo 12, Parte 1ª , página
245, e as Provas da mesma História
Genealógica, Tomo 1, páginas 158, 159 e
183.
308
Notas
Complementares
“O quam pulchra est casta generatio cum claritate...”
Ex libro Sapientae
309
A incoerência ortográfica, resultante da
falta de unidade da revisão, aderiram
dezenas de descuidos de outra natureza.
310
obrigação de não poder, levar avante a
empresa sonhada.
Já
não
existe.
No
local
foi
levantada
a
atual
Usina.
Da
casa
privativa,
o
Barão
108
d’Abbadia,
havia
feito
retirar
o
brasão
d’Armas,
por
ocasião
do
casamento
de
uma
de
suas
filhas.
109
Onde
hoje
funciona
o
antigo
Liceu
de
Humanidades.
Num
dos
salões
dessa
casa
esteve
a
célebre
mobília
dourada
dos
Barões
da
Lagoa,
que
depois
passou
para
o
Solar
de
Sto.
Antonio,
onde
viveu
e
morreu
seu
sobrinho‐neto
João
Gregório
Francisco
de
Miranda.
A
sala
principal
se
conserva
intacta,
na
sua
suntuosa
decoração
primitiva:
de
uma
festa
principesca
aí
realizada,
guardou‐
se
até
hoje
inestimável
relíquia
–
um
vestido
da
Baronesa
da
Lagoa
Dourada,
bordado
a
ouro
pelas
mãos
seráficas
da
Bemaventurada.
Também
um
dos
carros
fechados
da
Fazenda
Grande
de
Sto.
Antonio
do
Becco
fora
do
serviço
desse
solar.
Em
Traz
os
Montes,
Portugal:
passou
a
mãos
estranhas
em
fins
do
século
110
passado
(XIX).
111
A
D.
Maria
Luiza
de
Almeida
Costa
Miranda,
casada
com
João
Gregório
Francisco
de
Miranda,
era
filha
de
Geraldo
Martins
de
Almeida
e
D.
Anna
Bernardina
do
Nascimento
Martins
de
Almeida,
avós
maternos
do
Dr.
Nilo
de
Alvarenga
(que
já
representou
Campos
na
Câmara
Federal),
de
cujo
casamento
com
D.
Anna
de
Alvarenga
nasceram
dois
filhos,
Fernando,
que
seguiu
a
carreira
diplomática,
e
Vera;
b)
D.
Eufemia
Fernandes
Souto
Ribeiro
do
Rosário,
sobrinha
de
D.
Josepha
do
Espírito
Santo
Fernandes
de
Araújo
Silva,
casou‐se
com
o
Dr.
Antonio
Ribeiro
do
Rosário
e
desse
matrimônio
nasceram
Antonio,
que
seguiu
a
carreira
eclesiástica,
Graziella
e
Sylvia;
c)
Um
irmão
de
D.
Maria
Machado
Cardoso
(mulher
do
Com.
Cardoso
Moreira)
João
Machado,
de
seu
casamento
com
D.
Quitéria
Machado,
teve
as
filhas
Maria,
Úrsula
e
Sebastiana.
311
Os Miranda estão ligados aos Azeredo
Coutinho e a muitas outras famílias
fluminenses e não fluminenses. E a várias
casas de Portugal, a que aqui não me
aportei, por ter deixado para
empreendimento maior da parte referente
à península, que vai do século XVII aos
veneráveis tombos onde as linhas
legítimas de sucessão das famílias de
origem lusa se batizam e que são a galilé
de Pombeiro e a tapeçaria de Dom
Fernando.
312
estenderam pelo casamento, a outras
famílias e a outras províncias.
FIM
313
Índice
Genealogia.................................. XI (6)
A gleba......................................39 (25)
Nobreza.....................................55 (39)
314
Pereira Pinto, Miranda Sá Sobral,
Manhães Barreto, Rodrigues Peixoto,
Coelho de Almeida, Sá Barroso,
Cavalcanti de Albuquerque,
etc.)........................................147 (113)
315