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1 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009

EDITORIAL
Com relativo atraso, chegamos ao número
3 de nossa Revista Cultural. Nova edição em um ano
Revista novo e cheio de expectativas, em vários segmentos da
Cultural sociedade.
Novitas
Ano I Número III Este ano começa bem: temos o carnaval logo

Janeiro de 2010
em fevereiro, o que nos proporciona um “restinho” de
ano para trabalhar e cumprir as promessas feitas aos 15
estertores finais de 2009.
poetas
Esta é uma
publicação da Editora
Novitas em periodicidade Entramos em ano eleitoral. Sendo você politizado
bimestral, distribuída ou não, convém que nos estendamos por esse assunto até
em forma eletrônica
e gratuita.
a votação que elegerá nosso novo presidente. Comente
com seus amigos, sejam eles reais ou virtuais, usando
para
Todos os

todas as
textos, imagens ou de todos os meios disponíveis para se informar sobre
qualquer outra forma quem é quem no cenário político nacional. Estude cada
de manifestação aqui candidato para criar um conceito crítico, assim como
deve-se estudar tanto seu plano para o futuro quanto
crianças
publicados foram
devidamente solicitados
seu passado. Política é História. História modifica-se
a seus autores, que
autorizaram sua pela Política. Vote de maneira correta, para que nosso
utilização por meio de país tenha um futuro sem tantas desigualdades e que
mensagem eletrônica. a Cultura, de um modo geral, seja presente na vida de Uma nova
todos os brasileirinhos que hoje correm de calças curtas
Editores:
por nossas ruas. Coletânea,
Letícia Losekann Coelho
David Fordiani Nóbrega totalmente
Revisora (contos): Nesta edição temos pessoas ilustres e/ou
Carolina Machado iluminadas escrevendo, contando histórias, poetizando a direcionada ao
vida... Gente que não só faz, como É Cultura. Merecem
Isento de registro
nossos respeito e nossos aplausos, pela desavergonhada público infantil
ISBN, conforme instrução
da Biblioteca Nacional. vontade em acontecer e disseminar conhecimento, cada (faixa entre
um sob sua forma própria.
Nesta Edição: 7 e 9 anos),
Mais uma novidade inicial:
EDITORIAL 02
Através do Twitter, fomos indicados para o realizada em
ENTREVISTA 03 Shorty Awards, como Instituição Cultural. Somos os parceria com o
únicos brasileiros classificados nessa categoria, por
OS MULLETS 05 conta dos votos daqueles que ali nos seguem (ou que ilustrador
nós perseguimos). Isso nos torna finalistas do prêmio,
NA TELA 06
considerado pelo The New York Times como o Oscar do Danilo Marques.
RADIONOVELA 07 Twitter. Gostaria de agradecer por esses votos e contar Para maiores
com vocês para a próxima fase.
CONTOS 08 informações
Dois mil e dez tem tudo para ser um ano de
POESIA 12
mudanças. Façamos cada um nossa parte. [acesse]
TWITTER 14
Boa leitura!
MEIOAMBIENTE 15
David Nobrega
CLASSIFICADOS 16

OPINIÃO 17

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3 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009

Entrevista
José Luiz leitura realizado pela Fundação Victor Civita, patrocinado
Goldfarb é pelo Instituto Energias de Portugal – EDP, com incentivo da
o que poderíamos Lei Rouanet, em Tocantins, Mato Grosso do Sul, Espirito
chamar de homem Santo e Interior de São Paulo;
de ação. Como 3.Programa Rio Uma cidade de Leitores: conjunto de
você poderá ler ações pró leitura realizado junto à Secretaria de Educação da
nas perguntas ao Prefeitura do Rio de Janeiro.
estilo “vamos que Além disso, ainda sou assessor da Vice-Presidência
vamos” (segundo Social e Cultural da Associação Brasileira “A Hebraica” de São
o próprio) que Paulo, atividade voluntária dedicada à minha comunidade
tivemos a honra judaica.
de ver respondidas
para esta edição da N - Em meio a tantas atividades, a literatura é
Revista Cultural prazer ou trabalho?
Novitas, têm-se a JLG - Prazer e trabalho. Tenho contratos de
impressão que não há movimento cultural concreto no país consultoria de minha empresa JLGoldfarb Eventos
que não tenha seu dedo, seja através de sua empresa – a Culturais, responsável pelas atividades de incentivo à
JLGoldfarb Eventos Culturais – ou por meio do cidadão leitura, mas a cada realização (e são centenas ao logo do ano)
José Luiz. tenho muito muito prazer, alegria, satisfação.

Novitas - O José Luiz Goldfarb do meio literário N - A produção literária no Brasil é enorme, se
é o curador do Prêmio Jabuti. Quais as outras faces do formos levar em conta a quantidade de obras que vão
José Luiz? ao prelo todos os dias, o que

“...todas as artes,
José Luiz Goldfarb - Sempre chega a ser um contra senso
uma pergunta difícil pois acabei se formos avaliar a média de

no mundo moderno,
envolvendo-me com tantas atividades leitura anual do brasileiro.
que eu mesmo posso esquecer de Como fazer chegar o novo leitor

exigem muita muita


citar alguma (risos). Sou professor às mãos do leitor comum?
da PUC-SP desde 2001, doutor em JLG - Tornar a leitura

leitura. Ninguém é
História da Ciência pela USP, Mestre um hábito do brasileiro. É
em História e Filosofia da Ciência pela dizer disseminar o hábito da

um grande ator sem


McGill University, Montreal. Minha leitura por prazer. Como? Creio
formação inicial é bacharel em Física q todas as minhas ações e de

leitura, por exemplo.


pela USP. outras centenas de pessoas.
Na PUC dou aulas de pós em Uma mobilização da sociedade

A leitura é requisito
História da Ciência, nas disciplinas em prol da leitura. Batalhando
História da Física, História da Lógica, principalmente pela criação de

para todas as
Epistemologia, Ciência e Religião, uma rede de boas bibliotecas
entre outras. Oriento estudantes públicas no país. Enfim criando

ações na sociedade
no Mestrado e Doutorado. Realizo um Brasil de Leitores. Na prática,
pesquisas sobre a História da pela nossa história, trabalho para

moderna.”
Física no Brasil e as influências da a vida inteira. Mas pelo Jabuti
Hermética no pensamento de Isaac eu sei que temos literatura de
Newton. Atualmente sou vice-diretor primeiríssima qualidade... Claro,
de nosso Programa de Estudos Pós- José Luiz Goldfarb faltam os leitores.
graduados em História da Ciência
na PUC-SP. Mantenho na TVPUC N - São Paulo tem projetos
o programa Nova Stella Ciência em Debate, onde a cada de incentivo à leitura que incluem o livre acesso aos
semana entrevisto um professor sobre temas relacionados à livros. Esse tipo de atitude pode ser disseminada por
ciência numa perspectiva histórica, que em 2010 completa todo território brasileiro?
seu 3º ano ininterrupto de produção. JLG - Sim e os projetos em que trabalho são exemplos.
Na área literária, além de ser curador do Jabuti há Sou otimista pois vejo crescer o interesse nacional pelo
20 anos, coordeno vários projetos de incentivo à leitura em incentivo a leitura. A JLGoldfarb vive recebendo proposta e
cinco Estados: nem sei como dar conta (risos).
1. Programa São Paulo Um Estado de Leitores :
conjunto de ações pró leitura do Governo do Estado de N - Para que possamos fazer com que um outro
São Paulo – Secretaria de Estado da Cultura – através da alguém entenda do que falamos, deve-se dominar o assunto
Organização Social (OS) de Cultura POIESIS; a que se refere, ou acabamos causando mais confusão que
2. Programa Letras de Luz: conjunto de ações pró realmente elucidando esse alguém. Isso se aplica à Literatura
de maneira geral? Ou seja, um aspirante a escritor deve Ricardo
recorrer a clássicos como base de sua escrita ou é desejável
que tente criar seu próprio estilo? Silvestrin,
JLG - Sim, sim, sim todas as artes, no mundo é autor de diversos
moderno, exigem muita muita leitura. Ninguém é um grande títulos, músico e editor.
ator sem leitura, por exemplo. A leitura é requisito para todas Já recebeu diversos
as ações na sociedade moderna. prêmios, e são eles:

N - Para finalizar, o toma-lá-dá-cá que toda • Prêmio do Encontro


entrevista de formadores de opinião deve ter: Brasileiro de Haicai, 2°
lugar, São Paulo, 1987.
N - O livro da vez? • Prêmio Açorianos,
JLG - Sempre Fernando Pessoa e Álvaro de Campos melhor livro de poesia
editado no RS em 1995 - livro Palavra mágica.
N - Um novo autor que ainda dará o que falar? • Prêmio Açorianos, melhor livro infantil editado no RS
JLG - Muitos, muitos anônimos que escrevem em em 1998 - livro Pequenas observações sobre a vida em
blogs e twitter irão se revelar brevemente. outros planetas.
• Prêmio Açorianos 2005, Destaque de Editora, editora
N - Um projeto a ser lapidado e levado adiante? AMEOPOEMA
JLG - Projetos de incentivo a leitura pelo Brasil a • Prêmio Açorianos, melhor livro de poesia editado no RS
fora. em 2007 - livro O Menos Vendido.
• Prêmio Açorianos 2008, Destaque de Mídia - Rádio,
N - Uma mensagem ao novo autor? Programa Transmissão de Pensamento.
JLG - Escreva, blogue, twitter, que hoje a comunicação Conheça mais sobre o autor em seu site: http://www.
garantirá leitores no futuro. ricardosilvestrin.com.br/index2.php

Novitas - É muito difícil categorizar o período


histórico atual de nossa literatura, pois
Para conhecer mais e se inteirar de projetos que - e estamos vivendo esse momento. Mesmo assim,
por quê não? - você mesmo pode tocar em sua cidade, leia quais as características mais marcantes, da
mais sobre o José Luiz, em endereços por ele sugeridos: literatura hoje? Que papel faz a poesia?

Ricardo Silvestrim - Posso fazer um recorte


TWITTER: pessoal dessa questão. Creio que viemos de um
http://twitter.com/jlgoldfarb período da modernidade, que tem como centro a
FESTIVAL CINEMA JUDAICO SP: busca do novo, e passamos à pós-modernidade,
http://www.fcjsp.com.br que dialogo com o velho e o novo, sem hierarquia
ADOTE BIBLIOTECA: de um sobre o outro. Nunca fui adepto do re,
http://www.adotebiblioteca.com.br que caracteriza a pós-modernidade: o remake, a
CRIANÇA QUE LÊ: releitura. No entanto, estou (re)descobrindo coisas
http://migre.me/ePv0 de séculos passados, como a poesia romana de
PROGRAMA NOVA STELLA TVPUC: Marcial, Catulo, Horácio, a prosa de Voltaire,
http://migre.me/ePuW Sêneca, Erasmo de Roterdã, entre outros. Neles,
LETRAS E LEITURAS: estou gostando dessa verticalidade, do ir fundo no
http://migre.me/ePur ser humano e no seu tempo. Tento buscar isso na
CV: minha produção de hoje. Como disse o peta japonês
http://lattes.cnpq.br/1023793876897710 Bashô: não procure imitar os antepassados, e
LETRA DE LUZ: sim procure o que eles procuravam. Ou seja, não
http://migre.me/ePuA escrevo, na forma, como os antigos, mas busco essa
SÃO PAULO UM ESTADO DE LEITORES: disposição de ir fundo. Isso, na verdade, é algo que
http://migre.me/ePuG sempre foi meu e que encontrei companheiros de
ARTIGO SOBRE SCHENBERG: séculos anteriores para seguir o caminho comigo.
http://migre.me/ePuO
A HEBRAICA: N - Tu achas que poesia não vende, ou tu achas
http://www.hebraica.org.br que as editoras não publicam poesia por que
PRÊMIO JABUTI: se acostumaram a produzir leituras de “fácil”
http://www.premiojabuti.org.br entendimento para pessoas?
FOTOS TWITTADAS:
http://bit.ly/3yEX2O RS - A minha poesia vende. Já vendi mais de 50
mil livros de poesia. É claro que grande parte dessa
venda se deve os livros de poesia para crianças que
publiquei. São 6 para adultos e 6 para crianças até
o momento. E por que os para crianças vendem
bastante? Porque há uma equipe de vendas indo
às escolas para vender. É o que fazem a Ática e a
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Salamandra. Coca-cola vende? Não. A equipe de


vendas é que vende. Vender é uma profissão. Há RS - Os direitos autorais na internet ainda são
muito mais comunidades no orkut dedicadas aos um desafio. Na música, por exemplo, a venda
poetas. E muito mais gente nessas comunidades massificada de cds, feita pelas grandes gravadoras,
do que nas de prosa. Há muito mais sites e blogs dançou. O que não quer dizer que ninguém compre
de poesia do que de prosa. Se somarmos essa gente mais cds. Vendemos a cada show, os poETs,
toda, dá cerca de 1 milhão de pessoas. Todos com vários cds. Tanto na música quanto na literatura,
e-mail ou alguma forma de contato disponível na a internet é legal para divulgar o trabalho, para
internet. Isso significa que há um grande público conhecer pessoas, para interagir com leitores e
interessado de alguma forma em poesia. gente que gosta do nosso trabalho.
Tem que vender para essa gente.
Os livros bons de poesia estão N - Acredita que o livro impresso vai sumir no
todos esgotados. Procure Brasil, ou a mídia digital só vai ser mais uma
Galáxias, do Haroldo de via de acesso a literatura?
Campos. Não tem. Está à
venda na Estante Virtual RS - Isso é algo que teremos que viver para saber
por 300 reais! como vai ser. Não dá pra achar nada antes. Mas,
hoje, um dos mais bem sucedidos negócios na
N - Começastes a escrever com internet brasileira é o Estante Virtual. Um site de
que idade? venda de livros que está colocando o estoque de
todos os sebos do Brasil. É tecnologia nova para
RS - Poesia, com 15 anos. Queria fazer uma banda vender livro velho.
de rock pesado, como o Deep Purple. Não tocava
nada, então comecei a escrever letras de música N - Quais teus autores prediletos da literatura
caso surgisse a oportunidade de fazer a banda. Eu Brasileira e Estrangeira?
teria as letras e poderia cantar. Fui ler poetas para
me aprimorar como letrista. Quando li o Manuel RS - Brasileira:
Bandeira, vi que a poesia dele era heavy metal no Machado de Assis, Manuel Bandeira, Paulo
papel. E passe a escrever poesia. Leminski, Alice Ruiz, João Angelo Salvadori,
Alexandre Brito, Ronald Augusto, Caio Fernando
N - Como o Ricardo Silvestrin, encontra tempo Abreu.
para escrever, compor, cantar, fazer show e Estangeira:
editar? Marcial, Borges, Cortázzar, Kafka, Tolstói, Erasmo
de Roterdã, Issa, Verlaine.
RS - Tempo para fazer coisas legais sempre acho.
Esse é o tempo mais importante. Meu horário de N - És um escritor premiado, qual prêmio teve
produção escrita é da meia-noite às 2h. mais significado e por qual motivo?

N - No Brasil, é possível viver da escrita? RS - O prêmio do Encontro Brasileiro de Haicai.


Quando recebi, tive que ler para o público o
RS - É. Há escritores que vivem da escrita e meu haicai premiado. Leminski, que era jurado,
das atividades relacionadas a ela, como oficinas, levantou e aplaudiu de pé falando “gênio, gênio!”.
palestras, participação em feiras, aulas em
universidades. Ainda não é um grupo grande de N - O que tu gostarias de falar para os novos
escritores, não é fácil. Mas já não é impossível. autores?

N - Qual tua opinião sobre internet, literatura RS - Leiam e escrevam. Escrevam e leiam.
e direitos autorais?
Fotos: Divulgação
osmullets.blogspot.com
Os Mullets
2012 Atividades Paranormais
por Beto Canales
- faturar mais de 107 milhões nas primeiras dez semanas de
exibição, somente nas salas norte-americanas. E a grande

2012 Atividades Paranormais


sacada para tanto sucesso é estrondosamente simples:
o filme se parece com um documentário. O protagonista
recebe, já na primeira cena, a namorada (atordoada pelo
demônio) mostrando a câmara nova, comprada para filmar
Não sou muito simpático a transformar tudo em os diabinhos. Sensacional! Daí em diante, todas as
números. Acho isso uma atitude enfadonha, desnecessária tomadas são feitas (ou pelo menos dão a impressão)
e, pior, simplista demais. Algumas vezes, porém, é com o mesmo equipamento e pelo próprio ator,
vantajoso. Pois, então, vamos lá: 2012 (já no título que deixa a filmadora várias vezes em cima de
começam os algarismos) custou cerca de 260 uma mesa ou em um tripé, permitindo que
milhões de dólares para 158 minutos de ele próprio apareça.
exibição. É, sem dúvida, o maior - em Essa sensação de documentário
vários sentidos - de todos os filmes- (gênero que traz consigo a fama de
catástrofe já lançados nesses últimos representar a verdade) fragiliza o
tempos. A obra traz nomes para lá de espectador. Deixa-o suscetível ao medo.
interessantes, como Roland Emmerich Torna-o refém. Aquele acordo que se tem
na direção (bastante experiente, tendo ao comprar o bilhete vai para o espaço, desde o
assinado obras como 10.000 AC - eles primeiro minuto.
novamente - e Um Dia Depois de Amanhã), Na verdade, este não é um
Danny Glover (veterano que participou de artifício novo e, inclusive aqui na
mais de trinta filmes) e John Cusack (Shanghai e nossa querida terra brasilis, foi
1408 - mais uma vez) e em cinco semanas faturou 155 usado no excelente policial Tropa
milhões, somente nas salas do Tio Sam. de Elite. A inovação acontece
Esquecendo por principalmente nos ares de
um momento os números, amadorismo na construção do filme
o filme é uma sequência e, claro, no gênero de terror.
assustadora de mentiras Enfim, os números servem
bem-feitas. Se existisse o para mostrar várias coisas, entre elas, que cinema (como
prêmio Maior Atochada de quase tudo nesse lado ocidental do planeta) é um negócio.
Hollywood, certamente ele E pode ser excepcionalmente lucrativo. Merecidamente, eu
seria vencedor. Disparado. diria. Mostram, também, que vale a pena ser coadjuvante
Algumas cenas lembram as desse mundo maluco em eterna transformação, onde dois
histórias em quadrinhos de anos atrás, não só filmes com orçamentos tão desnivelados,
pela coisa do fantástico e do improvável, mas gêneros tão diferentes e recursos
também pela plasticidade. Mas, enfim, para que técnicos absolutamente distintos,
vamos ao cinema? Quando compramos ingresso - “exigem” uma só coisa: que se vá ao
principalmente para este gênero, considerado por cinema. Preferencialmente de cabeça
muitos um sub-cinema - firmamos um pacto, um aberta, para permitir que a magia desta
acordo invisível e sem assinaturas, que permite arte tão nobre participe do próprio
que carros atravessem prédios envidraçados, cotidiano, pincelando a realidade com
enquanto esses desabam como legos mal boas doses de ficção. O resultado disso
colocados, ou corridas malucas entre crateras e pode ser um só: diversão!
fendas gigantescas, salvando todos aqueles que Então, ao escurinho!
são interessantes para a história. Enfim, pagamos
para ver o “fantástico” e os maravilhosos efeitos especiais nos
trazem isso com esmero. Eu diria que beirando a perfeição, Beto Canales é um eterno
sem medo de ser piegas ou exagerado. 2012 tem os melhores estudante de literatura e produz
efeitos já vistos. Acredito que o fraco enredo e os diálogos principalmente contos, apesar de
cheios de patetices não chegam a atrapalhar, porque o que atrever-se “cometer” crônicas, em
buscamos neste caso específico é exatamente aquilo que seu blog cinemaebobagens.blogspot.
nos venderam: adrenalina e cenas de tirar o fôlego. Um com. A universalidade de seus
detalhe que não pode passar desapercebido é a “bondade” e personagens e os lugares onde
o altruísmo do presidente negro dos gringos. Não é a primeira ocorrem suas histórias são marcas
vez (e nem será a última) que fazem, ou tentam fazer, do registradas, permitindo que aconteçam
senhor das armas da vez um verdadeiro heroi. Não acredito com qualquer um em qualquer parte. Cinéfilo apaixonado e
que cinema seja o melhor lugar para panfletos. assumido aprendiz de crítico de cinema, é também editor
Voltando aos números: Atividade Paranormal, da Esquina do Escritor e do 3AM Brasil.
com a produção, direção, montagem e roteiro assinado pelo
desconhecido Oren Peli (4 x 1) e elenco sem nenhum ator É autor de A Vida Que Não Vivi, pela Multifoco,
famoso, conseguiu, em 99 minutos - contando uma história lançado na Bienal do Livro do Rio / 2009.
mais do que batida, um verdadeiro clichê do terror (gênero
nada bem-visto pelos críticos) e gastando apenas 25 mil dólares

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Eles Fazem!
Texto Ouvido e Liberdade de Imaginação
Caio d´Arcanchy e Odete Rocha

Por que não transformar poesias, interpretação belíssima por um grupo de teatro
prosas, contos e outras obras literárias em de mamulengos de Minas Gerais. Ouvido
radionovelas? primeiro, lido depois, mostrou novas nuanças,
Esse questionamento do poeta Cristiano novas riquezas.
Melo, que conheceu nosso trabalho feito Por fim, o som da voz de outra pessoa
na Rádio Justiça, provocou a realização de pode nos despertar uma adormecida lembrança
uma experiência até agora bem sucedida: ancestral antiquíssima como a transmissão
a dramatização de prosas e poemas do da história oral à beira da fogueira ou os
blog “Braços Abertos”, do autor. Tudo é contos infantis ouvidos antes de dormir na
publicado no Youtube, com links no Blog infância. Mesmo quem não teve na infância
(cristianooliveirademelo.blogspot.com). quem lhe contasse histórias antes de dormir,
Profissionalmente temos um programa pode resgatar essa prática que faz parte do
de entrevista na emissora que relata causos nosso inconsciente coletivo. E eis aqui outra
vividos por juízes de Direito. Em 2008 particularidade de um texto ouvido: é muito
conhecemos um juiz baiano que mantém gostoso.
um blog de crônicas sobre o cotidiano dele.
Pensamos: vamos entrevistá-lo e, no meio do
programa, dramatizar essas crônicas. Foi um ***
sucesso! Por um desses programas recebemos
o 8º Prêmio Arco Íris de Direitos Humanos.
Ao conhecerem a experiência com Sobre os autores:
o blog “Braços Abertos” alguns poetas se
entusiasmaram com o projeto. Os termos
elogiosos nos enchem também de entusiasmo, Odete Rocha é
mas não podemos deixar escapar a autocrítica. coordenadora do portal da Rádio
Será que ao tirar um texto do papel, que aceita Justiça na web, interpreta a vovó
Graúda no programa infantil da
qualquer interpretação do leitor, e imprimir
emissora, Aprendendo Direitinho,
a ele características de rádio, não tolhemos junto com o Ministro do STF Eros
a liberdade que só o papel proporciona? Grau, o vovô Grau. Entre 2002 e
Concluímos que não. 2008 foi Consultora jurídica da TV
Quando lemos, as imagens e os sons são Justiça, onde tamb ém atuou como
unicamente nossos. A voz do personagem, a comentarista e cronista d o universo
roupa, a cadeira, a árvore e o céu são criação jurídico nos telejornais. É poeta e atriz.
nossa. Quando assistimos a um audiovisual,
as imagens e sons são criação de outrem. E Caio d´Arcanchy é jornalista.
quando ouvimos? Há 12 anos no veículo rádio,
Ao ouvir embrenhamo-nos num espaço conquistou O V Prêmio AMB
intermediário entre a leitura e o audiovisual. (Associação dos Magistrados
Brasileiros) de Jornalismo por
Que lugar é esse?
reportagens sobre crimes de trânsito
Uma obra literária tem a capacidade e novas conseqüências jurídicas,
de inspirar várias leituras e interpretações, e o 8º Prêmio Arco Íris de Direitos
qualidade aliás que caracteriza qualquer Humanos por um programa sobre
obra de arte. A cada vez que lemos uma obra direitos de transexuais. Repórter
literária algo de novo se nos descortina. Então, da Rádio Justiça desde 2007 atua
se a cada leitura a liberdade de imaginação se na cobertura jornalística do Supremo
amplia e as imagens mentais se enriquecem, Tribunal Federal e demais órgãos do judiciário e da
ouvir o texto seria como ler de novo, com justiça. Também produz e edita boletim informativo
um novo som, que vai trazer novas imagens, mensal impresso e de áudio do Unicef para radialistas
dilatando a imaginação. da Amazônia Legal e Semi-Árido.
Difícil esquecer o primeiro contato com
o poema de Raul Bopp, Cobra Norato, numa
contos & cia. mesmo tomava conta de tudo lá, mas a coluna não
Como se fosse da família deixa né? E ele é muito bom de serviço, faz tudo
direitinho do jeito que eu gosto, mas seu pudesse
Marcos Vinícius Almeida eu mesmo que pegava na lida.
— Sei... Mas o senhor tem mais empregado
quebracorpo.com.br aqui, seu João? - inquiriu o delegado.
— Não, senhor... Só o Toinho... Uma mão
na roda. O terreno meu já foi maior, já fui rico
O fusca perdeu o controle no meio da curva. seu delegado, rico de esbanjar dinheiro, meu pai
Foi deslizando sobre a lama, a traseira escapando, foi mais, esse terreno meu, dobrava essa serra
e quase se se chocou contra o barranco à beira da inteirinha, o senhor deve de lembrar-se desse
estrada, não fosse pelo hábito do velho em guiar tempo...
nessas condições. Ainda chovia bastante –, mas ele — Já ouvi falar, seu João.
não poderia esperar. “O rapaz apareceu morto no — Depois eu fui vendendo as terra pra um,
meio do retiro, seu delegado. Uma desgraça, uma pra outro, os filhos foram indo embora, nenhum
tragédia... Moço novo, bão de serviço... Cuidava quis seguir nessa vida, então fui vendendo e dando
de tudo aqui pra mim” — disse o fazendeiro João o dinheiro pra eles... Ficou só a sede, e um pastinho
Andrade, que era um dos poucos a ter telefone miúdo, onde mexo com essa meia dúzia de vaca
em casa, naquele tempo. “Mas como é que o moço que o Toinho toma conta pra mim... Toma não né,
morreu seu João?” —perguntou o delegado. “Aí é coitado, tomava... Tomava... Como se fosse filho...
que tá, seu delegado... Aí é que tá...” — e ficou — O senhor ouviu alguma coisa? Quer dizer,
aquele chiado silencioso no aparelho. “Aí que tá o teve algum barulho ou coisa assim?
que, seu João?” — insistiu. “Riscaram o bucho do — Não ouvi nada, seu delegado... Cheguei
homem, seu delegado...” lá, ele tava durinho...
Não poderia esperar. Um dia antes recebera — E a sua mulher?
um aviso do batalhão: dois sujeitos perigosos — Ouviu nada não, né bem? — perguntou,
haviam escapado da cadeia de Lavras, cidade o fazendeiro.
vizinha. Tentou contatar o batalhão, para avisar — Nem nada seu delegado – disse a mulher
do crime na propriedade de João Andrade, mas no rabo do fogão em voz trêmula. -–, o João me
ninguém atendeu. Acordou o Dr. Tavares, recém acordou pra contar, não quis nem ir lá no retiro
formado, e único médico do pequeno povoado de pra ver... Coitado do Toinho... Ô meu Deus do
Luminárias; e também o soldado Barreto, que vinha céu...
no banco de trás do fusca, com sono no rosto –. E — Coisa muito estranha – comentou o
Seguiram para a cena do crime. médico.
João Andrade, magrelo e barba branca na — Bom, mas o rapaz tinha algum inimigo
cara, esperava na varanda da sede, no meio da declarado?
fumaça do cigarro de palha, quando o fusca parou — Que inimigo que nada, seu delegado...
e os três homens desceram no meio da chuva. Toinho era um santo... E só tem nós três aqui...
Barreto deu de querer escorregar, mas apoiou- — E os vizinhos, as fazendas vizinhas?...
se rapidamente em uma das colunas, antes de — Vizinho que nada, seu delegado... A
adentrar a varanda. fazenda mais próxima aqui só dobrando a serra...
Os homens trocaram cumprimentos em — É verdade...
tom de velório. João Andrade, disse que a estrada — A única pessoa que passa por aqui é o
estava péssima, mas que era culpa do tempo, compadre Tião.
enquanto levava os sujeitos para tomar um café — Compadre Tião? Da de linha de leite?
na imensa cozinha da fazenda. Sua mulher, D. — Ele mesmo... Passa aqui só lá pelas dez,
Rosalva, remexia lenha no fogão quando entraram; sempre me traz uns mantimento, carta dos meu
e. Fez questão de que se sentassem à mesa, toda menino...
servida: café fresco, pão de queijo, broa de fubá, — Então ele nem sabe ainda... —e coçou o
pamonha e alguns biscoitos de polvilho em latas queixo.
de alumínio areado — Daqui a pouco ele passa aí.
— Coitado do Toinho, gente... Uma E ficaram em silêncio. Veio então o barulho da
barbaridade – comentou D. Rosalva. chuva no telhado colonial, e da lenha crepitando.
— Homem bão demais... Nunca tive problema — Mas o senhor sentiu falta de alguma
com ele, seu delegado – reforçou seu João. coisa? — prosseguiu o delegado. – Pode ter sido um
— E como é que o encontraram? latrocínio... Digo, roubo seguido de assassinato...
— Mortinho! Um horror... fFoi pouco antes — explicou enquanto a mulher fez o nome do pai,
de ligar pro senhor, seu delegado... Eu acordo muito talvez por causa do pecado daquela palavra.
cedo, bem cedinho mesmo. Cinco horas já estou — Olha, na hora do apavoramento, eu nem
andando por aí. Eu não agüento mais serviço, por pensei nisso... Larguei até a porteira do curral
causa da coluna. Mas também já trabalhei muito aberta... Mas tenho que olhar... Só que não tenho
nessa vida... E não tenho preguiça não, sabe? Pulo nada de muito valor aqui... Quando muito o
da cama cedinho todo dia... Aí troco de roupa, lavo telefone... Meu pai quem comprou, foi o primeiro
a cara e vou lá no retiro pra proseá com Toinho, pra dessas bandas... O povo vinha de longe pra usar.
ver como é que tá indo a lida. Se eu pudesse, eu
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9 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009
Hoje não, né? ratos fugiram rapidamente com o barulho.
— Dinheiro? Cofre? Algum objeto valioso? — Vamos voltar pra casa, doutor. A coisa
— Nem um, nem outro... Passei tudo pros está pior do que eu imaginava.
meus menino... Eu já fui rico, teve tempo que eu Voltaram pelo mesmo caminho. A mulher
nem dormia direito, com medo de algum malandro continuava no rabo do fogão. Barreto tomava café
entrar aqui. Agora nem me preocupo... com um dos braços apoiados na mesa.
— Há uma grande possibilidade, seu João... — O que foi, João? —indagou a esposa ao ver
A vítima tinha algum dinheiro? na cara do marido incompreensão e perplexidade.
— Coitado do Toinho... Muito menos, era — Sumiu, Rosa... O Toinho sumiu...
um santo. Teve mês de ele trabalhar a troco de E mulher também se agitou. Depois seu
comida. Se ele tivesse aqui na época que eu era João. Houve um falatório danado. Barreto que foi
rico... —e suspirou. tentar conter a agitação da mulher acabou deixando
— Ele trabalhava há muito tempo para o o copo cair e espatifar-se no chão. O pandemônio
senhor? durou cerca de uns cinco minutos. Então estavam
— Desde moleque... No começo ele me sentados e quietos de novo. O delegado fez uma
ajudava, e aos poucos foi aprendendo a mexer com breve pausa, respirou fundo e disse:
criação. Quando a coluna enguiçou, ele já fazia — Não podemos perder a cabeça agora. Eu
tudo sozinho... sei que é difícil pra vocês, mas precisam manter
— E quantos anos ele tinha quando chegou a calma. Vamos fazer o seguinte: Eu vou precisar
aqui? usar seu telefone, seu João. Vou ligar no batalhão
— Quinze anos, bem? e avisar do ocorrido. Quando muito, até na parte
— Quatorze, João... da tarde eles estarão aqui. Quem fez isso não tem
— Quatorze, bem? como estar muito longe, ainda mais com esse
— Quatorze... tempo. Enquanto isso, eu e o Barreto ficamos aqui
— E hoje? pra garantir a segurança de vocês.
— Vinte e nove, bem? Seu João mostrou ao delegado onde
— Vinte e oito, João. estava o telefone, depois voltou pra cozinha onde
— Vinte e oito, seu delegado... permaneceu em silêncio. Barreto andava de um
E ficaram em silêncio. lado pro outro. O médico, com cotovelo na mesa e
— Mas enfim, vamos ver o corpo... — e se mão no queixo, parecia tentar resolver a questão.
levantou. A mulher fuçava na lenha cantarolando num tom
Eles seguiram o velho João Andrade, e sua de sussurro uma canção desconhecida.
botina surrada, batendo no assoalho de tábuas — Talvez ele ainda esteja vivo... —disse o
velhas. Frestas escuras, algumas com remendos médico.
de ripa e pregos bambos; as paredes soltando tinta, — Vivo, doutor? —disse Barreto parando de
uma camada amarela por baixo de uma camada andar.
azul. A casa transpirava ausência de força. E seu — Vivo sim...
João disse que o rapaz era sozinho no mundo. Não — Ah, trem... To falando que eu vi o bucho
tinha parentes, nem nada. Apareceu na fazenda do homem furado. Como é que homem anda aí com
a procurar trabalho. Com os filhos longe, achou bucho furado, doutor?
bom ter um ajudante. Apontou, pela porta aberta, — Bom, seu João... Em primeiro lugar o
o quarto onde o rapaz dormia. Com a permissão senhor não é médico, talvez o senhor não tenha
de seu João, o delegado deu uma rápida espiada e reparado direito. Talvez o sujeito estivesse apenas
sentiu um ar de abandono naquele leito. desacordado.
Na varanda, enquanto seu João vestia uma — Tava não seu doutor... Quem dera
capa de chuva, o delegado solicitou ao soldado estivesse... Durinho, com o bucho esturricado.
Barreto, que ficasse na cozinha com a D. Rosalva. — Bom, é preciso ser um profissional pra
— Eu tenho alguns calmantes na minha saber.
maleta, talvez fosse melhor sedá-la – disse o — Se ele tivesse só desmaiado, e acordasse,
médico. tinha vindo pra casa, gritado. Num ia sumir pro
— Minha preocupação não é essa, doutor. mato...
— Você acha que quem fez isso ainda pode — Talvez estivesse desorientado, seu João...
estar por aí? Acho que devemos procurar nos arredores...
— Talvez sim, talvez não. Melhor não — Não sei, não... Ninguém viu esse corpo
arriscar. além do senhor, seu João. Na hora do susto o senhor
Barreto voltou pra cozinha. Os três homens pode muito bem ter se confundido. O senhor não
puseram-se a caminhar num ladrilhado de pedras olhou os batimentos do rapaz... Não tem como ter
de quartzito até o retiro. A porteira do curral certeza se ele estava morto ou não.
estava aberta, nenhuma vaca, nenhum bezerro. — Eu já acho outra coisa – disse Barreto.
Atravessaram o curral. E dentro do retiro, com Quem fez isso carregou o corpo e escondeu no mato.
aspecto de desleixo e cochos vazios, olharam com Pra confundir a gente. Enquanto a gente procura o
espanto a ausência do cadáver. corpo, o caboclo vaza. Isso parece vingança;. Talvez,
antes de chegar aqui, esse rapaz tenha feito alguma
— Santa Mãe de Deus... —disse seu João, coisa de muito ruim pra alguém. Descobriram onde
antes de perder um pouco o controle e apontar, ele estava e vieram acertar as contas. Tem gente
repetidamente, o local exato onde Toinho estava. muito ruim nesse mundo. Talvez nem tenha sido
E os outros dois não entenderam. O médico ele, talvez o pai dele... Lembra do caso da Fazenda
dispos-se a acalmá-lo. O delegado procurou Tira-Couro, seu João?
alguma pista, mas só via sujeira e teias de aranha. — Lembro sim... Meu pai me contava essa
“As goteiras e a leve enxurrada que corria no chão, história, diz ele que o avô dele, meu bis-avô, era
lavaram o sangue”, ele pensou. Depois correu o olho vivo quando aconteceu. Onde arrancaram o couro
ao redor, foi até o fim do retiro, abriu uma porta do homem...
toda bamba, ali dentro alguns sacos de farelo. Dois — Que história é essa? — indagou o
médico. ali, todo dia no mesmo horário. Mesmo de porteira
— Mataram um homem a troco de nada na aberta eles permanecem no curral no horário da
fazenda. Sete homens o amarraram sem roupa num ordenha, porque é a hora que eles comem. O senhor
tronco, e arrancaram o coro dele que nem bicho. não entende de gado não é? Os animais não saíram.
Ah, mas aí os três irmãos dele ficaram sabendo, e Não existem. O retiro está aos pedaços, à porta
se juntaram pra vingar o crime. Saíram caçando os onde está guardado o farelo não é aberta há anos,
culpados, não tinha muita lei naquele tempo... Era não tem silagem, nem bosta de vaca tem doutor.
olho por olho, não tinha moleza não. Quando eles Onde já se viu curral sem bosta de vaca? Não faz
achavam, matavam mesmo. E depois arrancavam sentido... Então liguei na casa do Compadre Tião,
a orelha... E foram juntando, formando um colar falei com esposa dele. Ela me disse que ele não
com elas. Pegaram todos os sete que tinham passa aqui na fazenda do seu João pra pegar leite,
escalpelado o coitado. só pra deixar uns mantimentos, que uns amigos
— Não conhecia não, Barreto. doam. Não tem vacas, não tem Toinho... O quarto
— O famoso “Sete Orelhas”, doutor. Caso onde o suposto rapaz dorme, está abandonado.
real, mesmo. Eu acho que esse rapaz, o Toinho, Veja esse assoalho, doutor. Se tivesse um homem
morreu de vingança. Esconderam o corpo pra jovem e bom de serviço aqui, essas coisas não
fugir. Vai saber lá o que esse menino fez antes de estariam assim.
aparecer aqui sozinho, sem família, sem passado, — O senhor não está dizendo que...
seu João? E só pode ter sido vingança. Senão — Sim...Os filhos os abandonaram.
teriam matado o senhor, a sua esposa, se fosse Contagiaram-se com a alucinação, doutor. Isolados
caso de latrocínio... Isolados aqui, demoraria muito aqui esses anos todos, convivendo apenas com a
pra alguém dar notícia... loucura do outro...
— Tanto tempo aqui comigo... Muito boa
gente... Como se fosse da família.
— Mas e antes? Não tem como o senhor
saber...
Estranho seria se eu não me
— Muito menos o senhor. O senhor nem o apaixonasse por você
conheceu.
— Acho mais provável que esteja vivo,
agoniando, desorientado em algum canto. Tatiana Cavalcanti
A mulher cantarolava, em tom quase coffeeandhistory.blogspot.com
inaudível. O delegado entrou na cozinha, andou
devagar até a mesa parando próximo do seu João.
Deu-lhe dois tapinhas nas costas e disse:
— Fique tranqüilo, meu amigo. Vai dar tudo Na escola ele era da turma que
certo. entregava os trabalhos em dia, tirava boas
— Acho que esse homem pode estar vivo, notas porque tem uma inteligência irritante e
delegado – advertiu o médico. todos os professores, coordenadores e bedéis
— Foi vingança. Certeza.
— Eu pensei que eram os dois elementos adoravam ele. Porque ele gente, vocês não
que tinham escapado da cadeia, em Lavras, há sabem. Ele tem um olho azul e uma gentileza
dois dias. Mas liguei no batalhão e me disseram que só vendo. E a alma dele cintila fazendo
que prenderam os sujeitos num boteco, ontem de dele o cara mais incrível do mundo. Eu era
madrugada. Bom, mas isso não importa mais... O da turma do fundão, que de vez em quando
importante agora é que o seu João e D. Rosalva entregava os trabalhos e tirava notas ruins
fiquem bem...
— Mas e o Toinho... Nem enterro vai ter... mesmo estudando porque as coisas da vida
Tragédia... eram muitas e enfim não dava para prestar
— Tudo vai ficar bem, seu João. O senhor atenção em tudo. E os dois únicos professores
tem que confiar em mim. O senhor confia em mim, que gostavam de mim eram aqueles que
seu João? achavam minha enrolação charmosa e
— Confio sim, seu delegado.
— Então vamos ficar calmos e esperar. minhas ameaças de revolução uma coisa meio
— Esperar? — interveio Barreto. Che. Um deles era o professor de História. O
E o delegado fez um sinal com os olhos para outro era o de educação física. E achavam
o soldado antes de dizer: mais charmosa ainda uma bermuda sexy
— Sim, esperar. que de vez em quando eu usava porque eu
O médico não se conteve. E depois de tinha a bundinha que dava gosto. E os bedéis
um minuto de silêncio, chamou o delegado para
conversar em particular. bom... os bedéis me manjavam muito porque
— O que está havendo? era sempre eles que me recolhiam tentando
— O senhor que é o médico e não fugir da aula em busca de coisas mais
percebeu? emocionantes do que a tal da Inconfidência
— Foram eles? Mineira.
E o delegado riu.
— Não existe nenhum Toinho, doutor. Eu cabulava aula. Ele jamais fez isso.
— Como assim, eles inventaram essa Alguns membros da minha turma já rolavam
história? seus baseados. A turma dele enrolava, no
— Mais complicado... O senhor viu alguma máximo, a pipa. Eu era o mano, ele a mina.
vaca por aqui? O homem foi morto no retiro, ou Eles se encontravam na casa de um deles
seja, estava tirando leite e mesmo que o seu João sábados e seus pais todos se conheciam.
tenha esquecido a porteira aberta, quando correu
pra dentro, os animais são acostumados a ficar Nós íamos ver o pôr do Sol na praça sei lá o

10 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009


11 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009
quê depois de sair da balada. Ele passou no
FCE e eu tomei pau no T4 daquela maldita Casa
Cultura Inglesa. Nunca esqueço que nesse
dia minha mãe me chamou de vagabunda. Guile
Mas eu realmente não consegui acompanhar.
Ele foi morar na Austrália. Eu saí de casa A casa estava vazia. Entrava nela pela
para ir da Rua Tupi para Rua Turiaçu. Ele primeira vez após seu casamento. Aquela
fala um inglês absoluto. Eu peço dog hot ao sensação de que algo não estava exatamente
invés de hot dog. Ele me explica coisas sobre em harmonia carcomia seu cérebro, deixando
o PIB e outro dia esclareci para ele o que era seus neurônios em estado de emergência,
coxia. Ele ouvia Pearl Jam. Eu ouvia Chico aà espera da próxima tsunami de idéias
mas venerava mesmo desde meu primeiro drásticas do que ocorreria naquele lugar.
segundo de vida era Tom e Vinicius. Eles Como se entrasse numa igreja, ficou
tinham onde ficar no Guarujá porque tinha por alguns segundos de cabeça baixa e em
uns playboys na turma deles. Eu quando sileêncio, como se rezasse. Pensou nas coisas
ia para o Jogos Jurídicos dormia no carro que haviam realizados juntos, nos momentos
com três amigas estranhas como eu para que passaram um ao lado do outro, tristezas,
não gastar no hotel e sobrar para cachaça alegrias. Perdia as contas de tantos erros que
e talvez para balada que rolaria na outra cometera.
semana. Ele super apaixonado e romântico. Levantou a cabeça e andou devagar até
Eu super corna e achando que abafava na o meio da sala. A vista através da grande porta
companhia dos piores elementos do colégio. de vidro da varanda era linda. Era um dia
Aqueles desgraçados que acham que abafam de sol quente, com um vento refrescante que
e abafam? E fica a ala feminina inteira da felizmente não parava. Viu algumas nuvens
escola morrendo por eles com seus cabelinhos formadas no horizonte. Talvez chovesse nao
repicados para cima e suas poses de pseudo final da tarde.
comedores de coxinhas de cantina. Por um momento sentiu que alguém
Ele de camiseta hering embaixo da a abraçava. Então soube que ele estava
camisa de listrinhas azuis e eu de all star ali. Ela sorriu e acariciou o próprio corpo,
sem a palmilha porque eu odeio palmilha. onde sentia as mãos dele aquecerem sua
Ele dançava com a menina mais bonita da pele; mesmo não as vendo, mesmo ele não
escola no bailinho. Eu não era tirada para estando ali fisicamente. Ouviu-o suspirar
dançar porque acho que era debochada e cochichar algo em seus ouvidos. Não
demais. Aliás, acho que fui convidada para entendeu suas palavras. Apenas sentiu que
uns três ou quatro bailinhos da turma dele, ele a confortava.
no máximo. Eu piscava para peão de obra e Tentou falar, mas não conseguiau.
ria de chorar quando eles achavam que aquilo Ao invés disso, seus olhos marearam-se
era sério. Minha mãe morria de vergonha. e algumas lágrimas lhe escorreram pelas
Ele não piscava assim como um cafajeste bochechas. Foi quando ouviu claramente a
arreganhado qualquer. As meninas com quem voz de seu marido atrás dela.
ele andava usavam roupas com ombreiras e — Querida?
o sapato de bico fino sempre combinava com Assustou-se e virou-se rapidamente,
a bolsa pink. Elas dançavam em rodinha e vendo que ele entrava na casa, carregando
cochichavam para falar do menino bonito. uma grande caixa de papelão, com várias de
Ele sempre discreto e com pessoas discretas. suas coisas dentro.
Eu sempre esse furacão que vive ameaçando — Vamos?
mas não tem coragem de carregar tudo para Ela respondeu apenas num gesto
me obrigar a começar de novo e quem sabe positivo com a cabeça. Olhou novamente para
talvez, sem traumas. Ele sempre pensando no a frente, enxugou mais algumas lágrimas que
futuro quando fez suas escolhas. Eu sempre teimavam em cair. Sentiu que as mãos dele
pensando que futuro era longe demais e que já haviam soltado de seu corpo. Ele já tinha
até chegar eu já tinha caído nas graças de ido embora, agora de uma vez por todas.
alguma figura que publicasse meus livros e Ergueu a cabeça, decidida em não
minhas histórias mal resolvidas. Ele sempre chorar mais.
tão contido e eu sempre tão maritaca com a — Adeus, papai.
voz aguda. Certeza que foi por isso que me Virou-se e deixou a casa. Ela foi vendida
apaixonei por ele. no dia seguinte. Nunca mais voltou lá.
Ele é tudo que eu nunca quis ser mas
que eu sempre quis no homem que ia me
salvar de mim.
***
A Gente
Giselle
Ama Zamboni
Denison SeresColetivos.com
Mendes
bahrboletras.blogspot.com Poros abertos na disponibilidade infinda da interação de almas
Peitos abertos no colostro primevo da entrega sem ressalvas
Braços abertos ao colo coletivo dos rebentos da alma
E quando encontrares aquilo que busca, Ventre aberto pelo nascimento certo do coletivo feto da vontade
No batismo do encontro, um silêncio vivo Nasce, levanta, anda, faz, queira, ouse, cante, diga,
Te levará distante, e tão de perto sentirás significante signo letra, seja por nós!!!!!
O aroma colorido do amor.

Não haverá vozes a angustiar esperas


Nem ruídos a estragar prazeres. Catorze/Desejos
Nada te alcançará, não estarás fugindo A Corredeira Giselle
Nem perdida em vãos pensamentos. Marcelo Zamboni
Melo Soriano SeresColetivos.com
És a perfeição! Um sereno oceano yohoy.blogspot.com
Sem realidades ilusórias nem veneno Queria soletrar o amor, engasguei
Em cálices de cristal dourado. Ama! O caminho é reto, queria descrever a flor, gaguejei
É tua única e prometida verdade. íngeme, minha boca no teu beijo, calei
pedregoso, No teu caminho curvilíneo, viajei
estreito... nos teus olhos farolentos, me ceguei
Um destino de pó. no teu caminho ereto, pousei
Tua porção menino, recolhi
Misturado No começo, o colo. tua porção homem feito, aceitei
Nanda Um pedaço de gente, tua porção bicho, cruzei
Botelho Ressonando no peito, tua porção anjo, nem sequer arranhei...
multiplasrealidades.blogspot.com Com cara de gente. Minha porção menina, brinquei
minha porção mulher feita, mostrei
Assista Na metade, minha porção fêmea, te dei
Ao desfile de desejos o entremeio. minha porção anjo, sublimei.
E vá derrubando-os Nem velho, nem moço,
Um a um. inquieto sujeito,
Sentindo Errante buscando
Que no viver o compasso acertar.
Você não quer o que
O outro quer Lá em cima da lomba, Ritual
Não vê o que na virada da curva, Paulo
O outro vê um caco de gente, Fodra
Não sabe olhar nu, quase ausente, aredknight.blogspot.com
O que o outro sabe prosseguindo em frente,
Não sente mas cabeça pra trás... Profano teu templo branco
O que o outro sente Com minha loucura lasciva
E tudo volta para si. O caminho é incerto, Furtado às pressas de tua fonte,
Mas ao mesmo tempo é leve, Teu desejo arde em minha língua
Tudo é espelho e labirinto é torto,
Onde você se perde é amplo... Incenso meu corpo com teu cheiro
Sem saber onde termina você Em meio às sombras dos altares
E começa o outro. Não é estrada; é rio... Devoção proibida à luz da lua
E o único desejo que sobra Retornando à nascente; Oferta febril aos teus poderes
É o de desaparecer. Afastando da foz...
destino Em tua face rubra me desfaço
Lábios em êxtase contra a pedra fria
já traçado. Em tuas cortinas me oculto
Nos teus ossos me aninho

À espera de um novo amanhecer

12 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009


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Ode ao Triste Palhaço É o destino (para quem acredita nele)


Eduardo Paulo
Bisotto R. Diesel
edubisotto.blogspot.com movidoavapor.com
Os medos
O que será Pra fora colocar se alternam e se
Se é que será Termina a noite encontram no final das frases.
Do palhaço triste Pro triste palhaço As culpas percorrem a consciência e se
Perdido Começa o açoite alojam onde podem.
Na imensidão da noite De mais uma noite Chove
Sozinho Solitário acabar e
Tão somente a chorar Ele sabe que é seu destino os olhos vão junto,
Ele sabe que é a irônia lágrimas molham o rosto
O que será do palhaço A ironia do caminho e as histórias contadas
O triste Do mar que ele em prosa e verso
Debaixo da máscara decidiu navegar neste livro reescrito
Sem nada sinalizam
Sem fada Enquanto dos outros o final num
Que insiste Busca o triste destino
Do lado de fora da máscara palhaço o gozo já traçado.
O seu show continuar De si só resta lamentar
Esta triste sina
O que será do palhaço triste Do show continuar
Quando um dia aviste Mesmo que seu mais profundo
A imensidão dos risos O seu mais profundo mar
A imensidão dos delírios Clame
Que na platéia provoca Reclame
Enquanto sozinho Insista em lhe falar A Casa Da Morte
Somente para si invoca Que a tristeza Adriana
O direito solitário de chorar Esta triste dama Costa
É sua única ama versosbarbaros.blogspot.com
O palhaço triste que mancha E pela eternidade
Qua a máscara evita Como uma vela Do outro lado da rua
Não desmancha Que alumia Uma casa abandonada
Mas que pelo canto Só ela Do outra da vida o que haverá?
Vê a lágrima deslizar A tristeza Morrer não deve ser diferente de fechar os olhos
Sua guia e abrí-los para um cômodo qualquer abandonado
O palhaço triste Irá lhe acompanhar no qual, nós mesmos
Que sabe da sina poremos a mobília de sonhos, de amor ou de dor
Que sabe como termina Dormirá o triste palhaço como nos aprouver.
O triste show Perdido no tempo Minha casa da morte
Aquele caminhar No espaço tem uma estante de livros de poesias
O show tem de continuar E pela manhã irá levantar uma “long chaise”
Mas quando termina Pois sabe o triste palhaço e “Soleil levant” de Monet
Ele sabe com pesar Que esse é seu caminho no lugar de uma janela.
Vai vagando Que esse é seu destino Uma concha para ouvir o mar
Pro seu camarim Porque afinal uma velha foto de família
Rastejando O show tem de continuar e memórias
Pra máscara que ora choram, ora riem.
Pra lágrima A morte é só
Os seus devaneios mais uma casa abandonada
esperando.
Difícil
Letícia
Losekann Coelho
editoranovitas.com.br

Segue fingindo me representar!


É difícil andar com a cabeça ereta... É inviável ficar sentado reclamando...
Em um País que financia a invasão de terra Todos seguem seus deveres a risca
Dá esmola para a educação Mas é improvável que um dia...
Se lixa para o povo, de forma clara e aberta! Tenhamos um pouco de justiça.

É impossível não sentir vergonha... O povo tem contas...


Dos 81 senhores discutindo funcionários inexistentes Calcula juros... E se não paga vê o serviço cortado
Veja! Naquela casa não se tem controle de nada O bolo aumenta...
No Brasil existe até estrada fantasma. E o governo tem com a prole uma conta impagável!

É complicado não se revoltar... É certo que sou minoria...


O povo trabalha e nos bancos continua a mendigar Não vejo mudanças, e aumenta o descaso
Por no mínimo um empréstimo... São projetos e mais projetos que nem começaram
E os juízes e Deputados, seus saláros seguem a aumentar. Mas tu vais lá e inaugura como se
faltasse somente um pedaço.
É cada vez mais triste ver o rumo do País...
Antes existia a classe média, mas por causa dos impostos Nelson Rodrigues fez profecia...
Eu vejo a queda Pena que poucos o escutaram
E o resultado: é encostar na miséria. ... Hoje o comunismo virou moda...
Logo veremos Stalin "endeusado" pela patota!
É difícil escutar do Presidente...
Que o Brasil, vive um momento mágico, Diante disso penso:
Estaria correto se fosse um momento trágico... Seria distração? Falta de informação?
Sim presidente, nos pagamos as contas com um mês de atraso. Falta de leitura...
Pois o livro na vida daquele que tem
É impossível se sentir confortável... tanta aprovação virou piada?
Em um País que uma estatal gera lucro
Mas o brasileiro angustiado... Presidente, seu momento mágico não existe...
Continua pagando a gasolina com um preço desagradável! Volte para o Brasil e reviva um pouco da revolução
Essa que hoje se faz sem o apoio
É complicado manter o sorriso no rosto... partidário ou de instuição
Escutando as mentiras em série Somente o cidadão!
Os interesses de campanha se aproveitando da miséria...
Um dia senhores, vocês terão o troco na mesma moeda!

É impossível não questionar o motivo do voto obrigatório...


Quando vejo o povo ter liberdade para falar mal e argumentar
Mas e o Governo?

Enquanto isso, no Twitter da @Editoranovitas...

@CalazansLuciano “Mas a maioria das emoções vem depois dos tímpanos. O beijo vem depois dos tímpanos, o abraço idem. Um encontro vem depois

dos tímpanos...”

@EuHoje Eu preparo uma canção em que minha mãe “não me reconheça”... #YoHoy

@angelcabeza Nunca perguntes o que um escritor quis dizer com seu texto. O encanto do mistério pode desaparecer.

@ColunaFantasma Andava vazio: de amor. De paixão. De ambição. De sofreguidão. De destino. Já a saudade, bom, esta ia até a tampa.

#curtaconto

@gloriadioge “ amar é arriscar. eu acredito em asas. tenho penas leves “

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15 - REVISTA CULTURAL NOVITAS Nº3 - Dezembro 2009

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA O CONSUMO
CONSCIENTE
Ângela M. Brighenti

E quem pode dizer que Meio Ambiente não tem nada a ver com Cultura? Aqueles que fazem parte do universo
cultural são os mesmos que, pela troca de saberes, entendem a necessidade em respeitar tanto o mundo onde vivemos, quanto a
individualidade daqueles com que convivem em seu dia a dia.
Assim, a Novitas agrega mais uma pequena peça neste quebra-cabeça, com projetos sociais que tenham relevância,
como este que divulgamos nesta edição:

trazem diversão com a vantagem de que não


Descrição há limite etário para quem gosta de cantar.
Conteúdos: Histórias De Fazer O Meio
Anda Ambiente baseia-se em temas Ambiente Andar...
relativos ao consumo consciente, reciclagem
e coleta seletiva vistos como práticas
sustentáveis de consumo e boas práticas de
cidadania como oportunidades para ações de • “Lixo espalhado e jogado”: encenação e
comunicação visando a atuar em favor da canções sobre lixo pós-consumo e poluição
educação ambiental formal ou informal para ambiental: “O rap do planeta cansado”,
todos aqueles que têm mais de sete anos. “Vamos reciclar”, “Criança ativa”,
“A coleta seletiva”, “Os 4 Rs, “A Vila
Paplás”.
Ações De Comunicação E Educação
• “Tetralogia da
reciclagem”: caracterização
Incluem ferramentas lúdica de personagens e cores
variadas, tais como criação da coleta seletiva: O menino
de vídeos curtos, pintura, azul; A raposa vermelha; A
desenhos animados, encenações girafa verde; O sapo amarelo e
de peças musicais por grupos de Zuleica, 5º Elemento: um texto,
estudantes, poemas e canções um poema, uma canção e um plano
para ilustrar aulas clássicas de pedagógico.
educação ambiental, apresentações culturais
e animação profissional. • “O Livro das Bruxas” : as histórias das
“bruxas ambientais”- A Bruxa Brúvia;
A Bruxa Brúvia e o Manual de Feitiços
Força Do Argumento Ambientais; A Bruxa Bruviela ; Bruviela
e a Maldição de Zyria : tramas entre
gerações de bruxas boas e más que
Favorecimento de sua adoção para desejam salvar o planeta; outras bruxas
programas de responsabilidade socioambiental são caracterizadas por sutilezas do
sob a perspectiva corporativa, da EA formal e comportamento humano.
informal.
Os temas se apóiam nas Ciências e a
transversalidade ocorre por conta do
consumo, cidadania, ética e comportamento.
Sobre a Autora:
Perspectivas Engenharia de Materiais &
Especialista Ambiental
Corporativa: andaambiente.blogspot.com
Empresas que prestigiam a educação e a
leitura, podendo a interação com a comunidade cantaambiente.blogspot.com
lhes trazer o benefício do desenvolvimento de
produtos mais benéficos do ponto de vista de linkedin.com/in/angelabrighenti
sustentabilidade.
Educação Ambiental formal: twitter.com/Polychem33
Conteúdos inspiram à capacitação
profissional de professores, elaboração de facebook.com/angelabrighenti
planos pedagógicos, internet ou pesquisa.
Educação Ambiental informal:
Canções temáticas e livros de histórias sempre
CLASSIFICADOS
Quer vender, trocar, procurar emprego ou simplesmente oferecer uma poesia a alguém
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próxima edição)**.

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Capital e procura freelancer para trabalho a distância.
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Opinião por Letícia L. Coelho


Livro digital, no Brasil? sumir com os livros. Lamentável é que utilizar papel
reciclável no Brasil ainda é mais caro que usar o papel
Apesar de ter 28 anos e minha geração ter virgem. E aproveito para perguntar? Onde está escrito
contribuído e muito com o “sumiço” do livro, eu ainda que computadores são benéficos com a natureza? É de se
sou do tempo que um bom livro é diferente de ler links ou pensar...
mesmo de escrever em blog. Sim, eu escrevo em blogs e Pensando comigo mesma, fico satisfeita por
leio links, mas sei a diferença entre um e outro. países que conseguiram quebrar a barreira tecnológica
Muito me espanta quando vejo pessoas e todos possuem ou dispõem de recursos para usufruir
comemorando sobre o surgimento do livro digital, uma de tecnologia de ponta. Mas aqui no Brasil, primeiro
vez que moramos no Brasil, onde ainda hoje existem precisamos “arrumar” velhos problemas como saúde,
milhares de pessoas que não tem acesso ao computador educação, segurança e modo de vida descente para todos,
doméstico. antes de fazermos campanha para popularizar o livro
Pois é, o meu Brasil provavelmente não é igual ao digital. Vamos tornar popular o livro impresso? É mais
Brasil dos outros; alguns Estados são super desenvolvidos, realista, é mais o Brasil atual!
já outros vivem na miséria. Em muitas cidades existem
localidades que a internet não chega, logo não comemoro
o livro digital, pois penso que o livro seja ainda a leitura ***
mais democrática.
Letícia Losekann Coelho é pedagoga, escritora e editora.
Se baixo um E-book tenho dois trabalhos: o
de baixar e o de imprimir. Prefiro ir em uma livraria
ou mesmo comprar pela internet o livro pronto. Uma
outra coisa que faço é procurar o número de ISBN, que
infelizmente em vários e-book’s não existe. Meu lado
editorial se mistura com o de leitora e penso que se o
livro é bom, precisa existir um registro que comprove
que o autor está recebendo seus direitos autorais. Se
para existirmos no Brasil como pessoas precisamos
ter a certidão de nascimento, porque com o livro seria
diferente? Existem regras que devemos cumprir.

!
Não considero o blog um livro: blogs são feitos
para ensaios. Blogs são uma amostra do que somos

e u
s
capazes, e quando aconselho as pessoas a guardarem

o
alguns escritos sem publicar na internet, é para voltar a
“máxima” do original. O original não tem esse nome a
toa.
j á
Faço parte da geração que assumiu que o mundo
tem muita pressa, e na pressa acabamos não lendo até o
i r a
final, não voltando ao início se não entendeu e o principal:
q u
d
perguntando muito pouco. O livro pode “acabar” no

A
Japão, nos EUA mas até acabar no Brasil existe um grande
abismo. O “sumiço” do livro é preocupante uma vez que
somem os livros, somem os leitores. Eu queria acreditar
que o “sumiço “ do livro indique que as pessoas estão
lendo mais no computador, mas não é o que acontece.
Ninguém consegue ler e entender, com o msn ligado,
a página do orkut e do twitter aberta e conversando ao
mesmo tempo. Todos tem direito a fazer o seu lazer na
internet, mas na real quantos adolescentes sentam na
frente do computador, para realmente estudar?
Alguns ainda investem na história ecológica para

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