Vous êtes sur la page 1sur 3

Eduardo Victor Viga Beniacar

Universidade Federal Fluminense


Ciências Sociais – Política I – Primeiro Período
Prof. Carlos Henrique Aguiar Serra

Nicolau Maquiavel e José Luís Fiori; Aparência e Essência.

Em 1513, Nicolau Maquiavel escreveu seu mais famosos livro; “O Príncipe”. A


obra, que foi endereçada ao príncipe italiano Lourenço de Médici, era um manual teórico da
política da Idade Média, contendo uma brilhante análise sobre a questão do poder e das
formas de dominação para o príncipe conquistar e manter o Estado.

A análise política de Maquiavel é inteiramente lógica e temporal, sem dogmas.


Maquiavel vê a política como ela é, e não como ela deveria ser. Partindo disso, através de
uma extensa observação histórica dos períodos medieval e antigo, Maquiavel entende que a
política é uma arte e não uma missão. Por política enquanto arte, Maquiavel entende que o
jogo do poder é independente da moral e da religião. Logo, é preciso dessacralizar e
secularizar a política.

Para poder ser um bom artista da política, o príncipe, segundo Maquiavel, deve ter
“virtú” – sabedoria – para pensar as coisas certas em seu tempo certo. Segundo Maquiavel,
a “virtú”, a sabedoria humana, governa 50% ações, enquanto a fortuna, a sorte, o destino,
comanda a outra metade. Portanto é necessário, para obter e manter o poder, além de muita
sabedoria, que o príncipe possa contar com a sorte.

Da metade que cabe a “virtú”, Maquiavel elenca uma série de iniciativas que o
príncipe deve ter para que a fortuna não o atrapalhe. É necessário, segundo o autor, que o
príncipe tenha características de raposa e de leão – que seja astuto, mas que demonstre
força sempre que necessário. É necessário, também, que o príncipe não seja, sob nenhuma
hipótese, odiado pelo povo. Entre ser temido e amado, só é preciso não ser odiado. Entre ter
parcimônia ou ser generoso, para Maquiavel, o príncipe deve ser parcimonioso, para que
não seja chamado de miserável quando não tiver mais recursos para manter as regalias. O
príncipe deve sempre contar com um exército próprio e nunca contar com mercenários ou
com as armas de outros senhores, pois não são confiáveis.

Segundo Maquiavel, entre ser bom ou ruim, religioso ou crédulo, fiel ou traidor, é
sempre melhor ser a primeira opção, mas, como a natureza humana é má, o príncipe não
sobreviveria sendo sempre bom (o que também não é possível) entre tantos maus. Logo,
mesmo sendo bom, é sábio que o príncipe esteja sempre alerta para que possa quebrar
qualquer um de seus valores, a qualquer momento, para manter o poder.

Sendo impossível que um príncipe, como qualquer homem, seja bom o tempo todo,
e sabendo que é necessário para a manutenção do poder, afastar-se de seus princípios, o
príncipe deve sempre estar sempre atento para que sua aparência seja a melhor possível.
Todas as palavras do príncipe devem estar cheias de fé, religião, caridade, humanidade e
integridade, mesmo sabendo que é preciso ir contra tudo isso, por vezes, para manter o
Estado. Mesmo que a essência do príncipe não seja das melhores, para manter o poder, sua
aparência deve ser a de um homem inteiramente santo e bom.

É exatamente neste ponto que a obra de Maquiavel encontra o texto de José Luís
Fiori. Em “60 lições dos 90”, Fiori demonstra, a todo momento, a aparência que o neo-
liberalismo tem, contrapondo-a à sua verdadeira essência. Da mesma forma que Maquiavel
dizia ao príncipe, o “novo liberalismo” faz-se aparentar excelente, quando na verdade não o
é, para conquistar e manter o poder.

Mantendo a diferença entre essência e aparência, os próprios neo-liberais criaram


quatro conotações para o processo de globalização, ditas reais, mas verdadeiramente utópicas.
1. Globalização como processo natural e irrecusável das forças do mercado; 2. Processo
universal, inclusivo e homogeneizador; 3. Processo de redução pacífica e positiva da soberania
dos Estados Nacionais e; 4. A alta produtividade da “Nova Economia” terminaria com os ciclos
e crises do capitalismo.

Sabe-se, de fato, que o aumento do processo de globalização a partir dos anos 70


não surgiu naturalmente, mas sim da pressão do mundo anglo-saxão sobre os outros países.
Para manter uma aparência tão boa, de ser, universal, inclusivo e homogeneizador
diversos mitos foram criados e reavivados. Assim como Montesqueie, Adam Smith e David
Ricardo, os neoliberais dizem que o fim das fronteiras econômicas permitiria o aumento do
comércio e uma melhor distribuição dos investimentos e riquezas mundial, favorecendo os
países mais pobres, o que, após mais de trinta anos de “novo liberalismo” vem se provando
inteiramente falso. O crescimento é menor do que de 45 a 70, e está extremamente concentrado
nos países desenvolvidos. Os “investimentos diretos estrangeiros”, por exemplo: 70% partem
do e vão para EUA, Inglaterra, Alemanha, França e Japão. O restante vai para os países
emergentes. Quase nada chegas aos subdesenvolvidos: 100 dos 180 países do planeta recebem
apenas 1% dos IDE. E o que se vislumbra para o futuro é uma diferença ainda maior.

Quanto à existência de uma “Nova Economia”, onde o advento da internet


revolucionaria o sistema, já que, segundo os novos liberais, bastaria expandir-se na rede para
aumentar a lucratividade. Mas isso não modifica muito, já que a produção e o transporte ainda
são reais e é necessário, como antes, possuí-los para vender algo.

Vous aimerez peut-être aussi