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1. Desabafo
No consigo deixar de iniciar um texto sobre a
aprovao de um projeto de lei que amplia a terceirizao no pas
sem fazer um desabafo, afinal tentei, insistentemente, conforme
expresso em vrias manifestaes e artigos escritos desde meados
da dcada de 90, quando a Smula 331 foi adotada, a qual tantos
defendiam por constituir um limitador da terceirizao, alertar que
sem uma resistncia efetiva terceirizao como um todo a presente
situao acabaria ocorrendo.
Ora, a Smula 331 apesar de limitar a terceirizao
a admitia, constituindo, pois, o fundamento de legitimidade para
manter em situao de extrema precariedade e de discriminao (e
mesmo de invisibilidade) milhes de trabalhadores brasileiros,
abrindo, inclusive, a porta para a superao da conquista
constitucional da exigncia do concurso na administrao pblica, do
que se valeu, inicialmente, o governo FHC e, posteriormente, os de
Lula e Dilma, sem falar, claro, de todos os governos nos mbitos
estaduais e municipais, em todas as esferas de Poder (Executivo,
Legislativo e Judicirio). Assistia-se, assim, em silncio,
institucionalizao de agresso frontal Constituio Federal e
explorao desumana dos terceirizados.
Era por demais evidente que, sobretudo diante da
prpria fragilidade do critrio diferenciador entre terceirizao lcita
e terceirizao ilcita, pautada pela natureza da atividade exercida
pelo trabalhador, se atividade-meio ou atividade-fim, cedo ou tarde
adviria uma reivindicao empresarial pela ampliao da
terceirizao. Os argumentos ponderados, pautados, inclusive pelas
lgicas do mal menor e da inevitabilidade, que dominaram o
Judicirio e mesmo o movimento sindical, o qual, inclusive, chegou a
visualizar a terceirizao como uma forma de auferir maiores ganhos
para os trabalhadores efetivos (no terceirizados), recusaram
qualquer posio de resistncia terceirizao, acusando-a de
radical ou de inexequvel.
e,