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A intolerância religiosa no Brasil não dá trégua

Autor: Gabriel Mallet Meissner ©Todos os direitos reservados.

Publicado originalmente no blog Entremundos.

Visite: HTTP://entremundos.com.br

Tempos atrás, estava conversando com uma colega de trabalho sobre


os crimes de intolerância religiosa que nós, praticantes de religiões
afro-brasileiras (como a umbandae o candomblé), costumamos
sofrer. E ela se espantou de ainda haver crimes assim e perguntou:
“mas não existe aquela lei que proíbe isso?” Sim, claro que existe.
Mas de que adianta se nem as autoridades a cumprem? E os casos
criminosos de intolerância religiosa continuam a acontecer no nosso
país. Alguns já foram abordados neste blog, em posts passados
(aqui, aqui, aqui eaqui). Hoje vou comentar mais alguns casos de
intolerância que acontecem.

Como de costume, crime de intolerância acaba em pizza

Em junho de 2008, quatro evangélicos da Igreja Geração Jesus Cristo


invadiram um terreiro no Rio de Janeiro (Centro Espírita Cruz de
Oxalá), quebraram todas as imagens do altar, insultaram
verbalmente os presentes (a maioria, idosos) e foram PRESOS EM
FLAGRANTE pela polícia. A pena prevista para um crime de
intolerância religiosa, previsto no artigo 20 da Lei 7.716, a chamada
Lei Caó, varia de um a três anos de prisão, sem direito a fiança.

E adivinhe qual foi a resolução do Ministério Público Estadual neste


caso? Enquadrar os meliantes na lei de “perturbação de culto”, sendo
condenados a prestar 4 horas de serviços comunitários durantes 4
meses ou pagar uma multa de míseros R$450,00…

Como INVADIR e DEPREDAR um templo religioso pode ser


considerado apenas como uma “perturbação de culto” eu realmente
não entendo. O que entendo é que penas leves como essa fazem
membros de outras religiões acreditarem que “vale o risco” cometer
um crime de intolerância contra as religiões afro-brasileiras, que já
contam com um longo histórico de perseguição.
Em nome de Jesus!

Em dezembro passado, eu estava me preparando para ir à festa de


Iemanjá, na Praia Grande. Um ônibus fretado por nós estava
estaciona estacionado em frente ao nosso terreiro e nós estávamos
na calçada, carregando o que iríamos levar (atabaques, imagens etc),
todos já vestidos com suas roupas-de-santo. Neste momento, uma
mulher queria passar pela calçada e pediu licença. Educadamente
abrimos espaço e, quando passou por nós, o fez gritando: “Em nome
de Jesus!”

O que ela achou? Que se não invocasse a proteção de Jesus, ao


passar por nós sairia de lá com um “encosto”? Que sua vida seria
arruinada? Que iria para o inferno?

Vai entender…

“Exu picareta, exu do demônio!”

Uns três meses atrás eu estava no terreiro conversando com minha


mãe-de-santo. Estávamos em uma sacada com vista para a rua,
quando uma vizinha começou a gritar: “Exu picareta! Exu do
demônio!”

Minha mãe deu as costas e entrou no terreiro, deixando a vizinha


falar sozinha.

Quando voltei lá em outro dia, estava na mesma sacada quando


outro vizinho começou a nos agredir verbalmente mais uma vez.
Entendi então que receber ofensas dos vizinhos por lá, devido à
nossa prática religiosa, é uma rotina.

Será que realmente precisamos disso?

E o quebra-quebra em Duque de Caxias? No que vai dar?

Em fevereiro deste ano, soube um acontecimento muito parecido com


o que relatei no começo deste post. O episódio foi amplamente
noticiado e pode ser lido no jornal online O Dia.
Resumidamente, o terreiro de umbanda Vovô Cipriano de Aruanda foi
invadido pelo pedreiro Luciano da Silva Claudino que, portando uma
marreta, quebrou o altar e muitos outros objetos religiosos do local,
gritando que tinha que quebrar tudo, pois eram objetos pertencentes
ao demônio.

O pai-de-santo do terreiro, Jorge Anderson Reis de Souza, precisou


se trancar em um quarto e escorar a porta com um sofá, pois o
agressor queria atingi-los. Jorge Anderson, que neste dia não estava
sozinho e ainda teve que proteger sua esposa, tia, uma filha de santo
e seu filho de apenas oito meses, diz já vir sofrente vários atos de
preconceito nos últimos anos, como ter as janelas de seu templo
religioso atingidas por pedras atiradas por crianças na rua.

E agora? Qual será o rumo disso? Espero que não dê em pizza como
o caso da depredação do Centro Espírita Cruz de Oxalá.

Chuta que é macumba, Padre Quevedo!

Meses atrás, rolou muita discussão no orkut sobre um vídeo no


Youtube, com parte de um programa da Luciana Gimenes. No vídeo,
o Padre Quevedo era desafiado a ter coragem para “chutar
macumba” na rua. O que ele fez diante das câmeras, com o
programa tratando isso como uma cena muito engraçada.

Agora eu pergunto: qual é a diferença disso para o caso do pastor


Sérgio Von Helde, da Igreja Universal do Reino de Deus, que chutou
a santa em rede nacional? Por que este caso foi tratado como um
grande escândalo, mas “chutar macumba” é uma “brincadeira” que
todos aceitam e riem? Ora, o ato é fundamentalmente o mesmo.
Em ambos os casos, está-se desrespeitando o símbolo da religião
alheia. Porém, nunca vi alguém ser autuado por chutar
uma oferenda de umbanda ou candomblé.

O vídeo em que o Padre Quevedo comete publicamente o seu ato


criminoso de intolerância religiosa, obviamente, foi retirado do
Youtube após ter gerado polêmica e indignação no orkut.
Emprega evangélica tenta botar fogo em patroa umbandista

Em abril, uma emprega doméstica evangélica agride e tenta


queimar sua patroa, umbandista.

Precisa dizer mais?

O matéria do portal de notícias G1 sobre o fato pode ser lida aqui.

Depois disso tudo, ainda resta dúvida de que estamos longe de


erradicar o fanatismo religioso e os crimes de intolerância religiosa?

Fonte: HTTP://entremundos.com.br

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