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PALMAS - TO
2014
Rafael Silvestre de Souza Vilela
PALMAS - TO
2014
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This work presents an exploratory case study to answer the proposed questions of
technical feasibility as the inclusion of sludge from the City of Palms Water Treatment Station
006 - TO in the manufacture of ceramic bricks. To determine the percentage of sludge to be
applied to bodies - in - proof seal, a range of from 2 to 12% ranging from 2 % between samples,
tests for water absorption ratio and compression strength were carried out from bodies - of
cylindrical specimens, in whom it was possible to verify that the incorporation of 2 % sludge
would be the most viable technical option. With the placement of 2 % sludge in ceramic blocks
is attested that indeed with this percentage, blocks meet ABNT (Brazilian Association of
Technical Standards) as the physical and mechanical characteristics, but the results were
rejected as the characteristics geometric, with these results in three features, equal to those
presented by rebuttal, which consisted of blocks containing 100 % clay. The fact that the results
have been unsatisfactory in geometric for both types of samples characteristics, with 2% silt
and the other with 100 % clay, is due to lack of control in their equipment and processes, and
possibly also the lack of knowledge of characteristics of the clay. On the proposed questions of
economic viability is noticeable that the allocation of sludge along the landfill disposal at
landfills and industrial landfills is more expensive compared to offer compensation to industrial
ceramist for the same vest, transport and enter the mud in the ceramic mass. Among the factors
studied, the noblest factor is sustainability, because with the addition of this residue near the
ceramic blocks , there will be an increase in the useful life of clay deposits and thus spare the
waste disposal in landfill and also in landfill industrial .
Figura 2 - Classificação geral das tecnologias de tratamento de água bruta e suas etapas ...... 27
Figura 13 - Esquema de uma planta de ETA de ciclo completo e os pontos de geração dos
RETAs ...................................................................................................................................... 40
Figura 14 - Lançamentos de forma indevida dos RETAs sem tratamento nos corpos receptores
.................................................................................................................................................. 41
Figura 16 - Rede de causa e efeito do lançamento in natura dos RETAs em corpos d'água .... 43
Figura 18 - Bloco cerâmico estrutural com paredes maciças (com paredes internas maciças) 53
Figura 19 - Bloco cerâmico estrutural com paredes maciças (com paredes internas vazadas) 53
Figura 42 - Porta fechada do forno para realizar a queima dos blocos cerâmicos ................... 76
Figura 46 - Medidas dos septos e das paredes externas dos blocos cerâmicos ........................ 80
Figura 56 – Gráfico da largura dos CPs de vedação com 2% de lodo ................................... 106
Figura 57 – Gráfico da altura dos CPs de vedação com 2% de lodo ...................................... 106
Figura 58 – Gráfico do comprimento dos CPs de vedação com 2% de lodo ......................... 107
Figura 59 - Gráfico da largura dos CPs de vedação com 100% argila ................................... 109
Figura 60 - Gráfico da altura dos CPs de vedação com 100% argila ..................................... 109
Figura 61 - Gráfico do comprimento dos CPs de vedação com 100% argila ......................... 110
Figura 62 – Gráfico da espessura das paredes externas dos CPs de vedação com 2% de lodo
................................................................................................................................................ 112
Figura 63 - Gráfico da espessura dos septos dos CPs de vedação com 2% de lodo .............. 112
Figura 64 - Gráfico da espessura das paredes externas dos CPs de vedação com 100% argila
................................................................................................................................................ 114
Figura 65 - Gráfico da espessura dos septos dos CPs de vedação com 100% argila ............. 114
Figura 66 – Gráfico do desvio em relação ao esquadro dos CPs de vedação com 2% de lodo
................................................................................................................................................ 116
Figura 67 - Gráfico da flecha na planeza das faces dos CPs de vedação com 2% de lodo .... 116
Figura 68 - Gráfico do desvio em relação ao esquadro dos CPs de vedação com 100% de
argila ....................................................................................................................................... 118
Figura 69 - Gráfico da flecha na planeza das faces dos CPs de vedação com 100% de argila
................................................................................................................................................ 119
Figura 70 - Gráfico do índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 2% de lodo ...... 121
Figura 71 - Gráfico do índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 100% de argila 123
Figura 72 - Gráfico da resistência a compressão dos CPs de vedação com 2% de lodo ........ 125
Figura 73 - Gráfico da resistência a compressão dos CPs de vedação com 100% de argila .. 127
LISTA DE TABELAS
Tabela 9 - Estimativa da massa seca crítica diária de lodo (turbidez em torno de 450 uT) ..... 95
Tabela 14 - Estimativa da massa seca total gerada na ETA no período de um ano ................. 99
Tabela 18 - Levantamento do volume do Bloco 11,5 X 19 X 29 (cm), por unidade ............. 103
Tabela 20 - Determinação das medidas das faces dos CPs de vedação com 2% de lodo ...... 105
Tabela 21 - Determinação das medidas das faces dos CPs de vedação com 100% argila ..... 108
Tabela 22 - Determinação da espessura das paredes externas e septos dos CPs de vedação com
2% de lodo .............................................................................................................................. 111
Tabela 23 - Determinação da espessura das paredes externas e septos dos CPs de vedação com
100% argila ............................................................................................................................. 113
Tabela 24 - Determinação do desvio em relação ao esquadro e da planeza das faces dos CPs
de vedação com 2% de lodo ................................................................................................... 115
Tabela 25 - Determinação do desvio em relação ao esquadro e da planeza das faces dos CPs
de vedação com 100% de argila ............................................................................................. 117
Tabela 26 - Índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 2% de lodo ........................ 120
Tabela 27 - Índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 100% de argila .................. 122
Tabela 28 - Resistência a compressão dos CPs de vedação com 2% de lodo ........................ 124
Tabela 29 - Resistência a compressão dos CPs de vedação com 100% de argila .................. 126
Tabela 30 - Resumo das características geométricas, físicas e mecânicas dos CPs de vedação
................................................................................................................................................ 128
Tabela 31 - Custo de extração de argila por tonelada para a indústria cerâmica ................... 129
Ab Área Bruta
C Comprimento
CP Corpo-de-prova
DP Dosagem de polímero
H Altura
LP Limite de Plasticidade
LL Limite de Liquidez
ms Massa Seca
mu Massa Úmida
PF Perda ao Fogo
pH Potencial Hidrogeniônico
uT Unidade de Turbidez
LISTA DE SÍMBOLOS
R$ Moeda Real
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 19
2.3.3. Confecção de bloco cerâmico como forma de distribuição final do lodo de ETA .... 46
3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 56
3.6. Aplicação dos ensaios laboratoriais junto aos CPs cilíndricos .................................... 70
3.9. Aplicação dos ensaios laboratoriais junto aos CPs de vedação ................................... 76
3.9.1.1. Determinação das medidas das faces dos CPs de vedação – Dimensões efetivas 77
3.9.1.2. Determinação da espessura das paredes externas e septos dos CPs de vedação . 80
3.9.1.6. Inspeção dos lotes pelas características geométricas dos CPs de vedação .......... 83
3.9.2.3. Determinação do índice de absorção d’água (AA) dos CPs de vedação .............. 86
3.9.2.4. Inspeção dos lotes pelas características físicas dos CPs de vedação.................... 86
3.9.3.2. Inspeção dos lotes pelas características mecânicas dos CPs de vedação ............. 89
4.3. Definição da proporção ideal de lodo por meio de ensaios nos CPs cilíndricos ...... 101
4.4.1. Proporção de massa de lodo e argila nos CPs de vedação ....................................... 102
4.4.2. Análise das características geométricas dos CPs de vedação .................................. 104
4.4.2.1. Análise das medidas das faces dos CPs de vedação – Dimensões efetivas ......... 104
4.4.2.2. Análise das espessuras das paredes externas e septos dos blocos ...................... 110
4.4.2.3. Análise do desvio em relação ao esquadro e da planeza das faces ..................... 115
ANEXO A – Resultado do ensaio de resistência a compressão dos CPs cilíndricos ...... 139
1. INTRODUÇÃO
sólidos. Tal equilíbrio depende da viabilidade técnica e econômica junto aos atuais modelos de
sustentabilidade ambiental, propondo um direcionamento de novos procedimentos na
sociedade, no que tange ao reuso e a reciclagem.
Nos dias atuais, na área da construção civil, a reciclagem de resíduos é uma prática
costumeira e crescente. Tornando possível o reaproveitamento e utilização de resíduos sólidos
oriundos da construção civil e também de outras atividades, como a de saneamento. Esta prática
– ambientalmente adequada – arrefece o consumo de matérias-primas e energia, transformando
o que antes era descartado em recurso e também reduz os impactos ambientais ocasionados das
práticas inadequadas de descarte final.
Usufruir resíduos tem se demonstrado promissor na produção de novos materiais no
setor da engenharia civil, porém, para ocorrer à sustentação econômica deste novo negócio,
deve haver um valor de mercado atrativo aos consumidores e também aos empresários; quanto
aos produtos oriundos deste reuso, devem-se levantar os gastos do processo em si da reciclagem
e também dos impactos ambientais futuros.
Nesse sentido, o presente trabalho avaliará a substituição parcial da argila por uma
proporção de lodo produzido na ETA 006 da cidade de Palmas no Estado de Tocantins, na
composição de blocos cerâmicos de vedação.
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1.1. Objetivos
1.1.1.Objetivo Geral
1.1.2.Objetivos Específicos
poluição e outros crimes ambientais, conforme está previsto na Lei Federal 9.605/1998, no
artigo 54°, do parágrafo 2°, do inciso V, na qual cita que incide em crime no caso de “ocorrer
por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias
oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos”, com pena de
reclusão, de um a cinco anos.
Ainda na Lei Federal 9.605/1998, no artigo 70°, “considera-se infração administrativa
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção
e recuperação do meio ambiente”, sendo que, tal infração pode acarretar em uma multa de até
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
Em virtude dos fatos supracitados e amparados pela legislação, este trabalho visa aplicar
e analisar o lodo produzido na ETA 006 da cidade de Palmas no Estado de Tocantins na
fabricação de blocos cerâmicos de vedação, com o intuito de no futuro esta ser uma prática
corriqueira de fornecimento deste resíduo produzido pelas companhias detentoras da concessão
de saneamento nos municípios junto à indústria ceramista, e permitindo que tal prática no futuro
acarrete numa redução no impacto ambiental gerado atualmente pelos resíduos das ETAs e
também gere um impacto positivo ao meio-ambiente em virtude de redução da extração de
argila nas jazidas.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem o intuito de abranger as metodologias e as técnicas que serão utilizadas
na obtenção do bloco cerâmico contendo em sua composição lodo provindo da ETA 006 da
cidade de Palmas no Estado de Tocantins.
Os métodos para angariar uma água própria para o consumo humano são diversos.
Todavia, o tratamento a ser aplicado depende da água bruta captada, ou seja, água bruta com
características piores demandará tratamentos mais elaborados, enquanto que, ocorre o contrário
quanto à água de qualidade superior.
Através de inspeções sanitárias e de resultados de análises físico-químicas e
bacteriológicas – representativas do manancial utilizado – é que haverá o alinhamento para
realizar o tratamento adequado e os processos exigidos para tal.
Os sistemas de abastecimento de água para a população do meio urbano compreende
uma série de subsistemas, dos quais a estação de tratamento de água – quando se utiliza
manancial superficial – é a parte principal (REALI, 1999, p.2).
Os principais tipos de tratamento de água nas estações são: Filtração Lenta, Filtração
Direta, Filtração Direta Descendente e Tratamento Completo, conforme abordado na figura 2,
juntamente com as etapas abrangentes de tratamento (FRANCO, 2009, p.8). E nesta mesma
ilustração é possível identificar o resumo em dois grupos de tecnologia de tratamento de água,
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sem coagulação e com coagulação, os quais atuam em função exclusiva da qualidade da água
bruta.
Figura 2 - Classificação geral das tecnologias de tratamento de água bruta e suas etapas
Grande parte dos flocos formados não decanta com facilidade, situação esta, em que há
a necessidade de aplicação de coagulantes. Pelo fato das impurezas se encontrarem no estado
coloidal, a força gravitacional tem pouca influencia na decantabilidade (FRANCO, 2009, p.7).
Reali (1999, p.3) relata que, com a remoção dos flocos é possível clarificar a água. E
após a decantação, a água é encaminhada aos filtros para clarificação final, na qual também
parte dos flocos que não foram retidos anteriormente fica retida. Por meio dessas operações no
tratamento completo, a ETA produz água para abastecimento e gera resíduo, o qual é o objeto
principal de estudo deste trabalho.
Para escolher dentre as diversas possibilidades de tratamento da água bruta é necessário
conhecer as características da água captada, além de conhecer o ponto de coleta e o custo deste
empreendimento, para com isso, viabilizar o atendimento às exigências previstas na portaria n°
2.914 do Ministério da Saúde (2011).
2.2.1.Pré-tratamento
Esta etapa complementa a remoção preliminar de material flutuante, areia fina, argila,
silte, matéria orgânica natural e algas (COSTA, 2011, p.20), sendo tais materiais representados
na figura 3.
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2.2.2.Coagulação
Além do objetivo de alterar a propriedade da matéria para promover sua suspensão, este
processo tem a finalidade de (COSTA, 2011, p.21):
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2.2.3.Floculação
É um processo cujas partículas são transportadas dentro do líquido para fazer contato
com o objetivo de estabelecer pontes entre si e para formar malhas tridimensionais de coágulos
porosos (COSTA, 2011, p.22).
Para ocorrer a melhor ação do coagulante, deve se prover uma grande agitação da água
denominada de fase da mistura rápida. Concluída esta etapa, para que os flocos sejam formados
corretamente, a velocidade da água deverá ser controlada para não ser muito lenta para evitar a
não formação dos flocos e nem tão rápida para evitar choques com força e evitar que sejam
quebrados (COSTA, 2011, p.22).
Na figura 6 demonstra-se o processo de funcionamento de floculadores mecânicos.
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2.2.4.Sedimentação ou Decantação
2.2.5.Filtração
Por fim, a filtração é o processo final de remoção de impurezas numa ETA (DI
BERNARDO e DANTAS apud SILVEIRA; 2012, p.25).
2.2.6.Desaguamento
Segundo Silveira (2012, p.43) o desaguamento de lodo de ETA tem por objetivo
aumentar o teor de sólidos totais o que acarreta numa redução de volume do lodo, esse processo
pode ser realizado através do uso de sistemas naturais e/ou mecânicos de remoção de água.
Nos sistemas naturais existem as tecnologias de lagoas de lodo, leitos de secagem, leitos
de drenagem e bag de geotêxtil, conforme exemplificado por meio das figuras 10 e 11, as quais
mostram dois tipos de bags de geotecido (SILVEIRA, 2012, p.43).
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De acordo com Silveira (2012, p.44) este sistema envolve altos custos de aquisição e
manutenção, além de consumir energia e produtos químicos e depende de um
acondicionamento prévio ao desaguamento.
Segundo Silveira (2012, p.44) os sistemas mecânicos são mais adequados para estações
com áreas disponíveis reduzidas e nas quais há intenção de se obter uma maior concentração
de sólidos.
Na tabela 1 é realizada uma comparação entre os desempenhos das operações de
desaguamento dos lodos em decorrência do teor de sólidos suspensos totais (SST).
2.2.7.Desinfecção
2.2.8.Alcalinização
2.2.9.Fluoretação
permitindo com que água se apresente pronta ao consumo humano e também para que não
ocorra corrosão da tubulação devido a correção de pH aplicada.
Tal qual em uma indústria, na ETA também existe uma matéria-prima, no caso a água
bruta, sendo esta trabalhada através de diversos processos e operações para se chegar ao produto
acabado, neste caso a água potável, acompanhada da geração de resíduos.
De acordo com Cordeiro apud Silveira (2012, p.26) no Brasil os sistemas de tratamento
de água sempre foram destinados para produzir água com qualidade necessária para
atendimento aos padrões do Ministério da Saúde, e praticamente inexistindo o foco em
averiguar características qualitativas e quantitativas, bem como os possíveis impactos
ambientais e a forma como devem ser tratados e disponibilizados os RETAs.
Na ETA de ciclo completo, a geração de resíduos ocorre principalmente pelas limpezas
ou descargas dos decantadores e da lavagem dos filtros, conforme abordado na figura 13.
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Figura 13 - Esquema de uma planta de ETA de ciclo completo e os pontos de geração dos
RETAs
Figura 14 - Lançamentos de forma indevida dos RETAs sem tratamento nos corpos
receptores
De acordo com um estudo elaborado por Achon, Megda e Soares apud Silveira (2012,
p.37) foi possível montar uma rede de causa e efeito a partir do levantamento dos impactos
oriundos do lançamento in natura dos RETAs nos corpos receptores, conforme demonstrado na
figura 16.
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Figura 16 - Rede de causa e efeito do lançamento in natura dos RETAs em corpos d'água
Segundo Achon, Megda e Soares e Barbosa apud Silveira (2012, p.37) os impactos do
lançamento indiscriminado do lodo sem tratamento está associado principalmente à grande
concentração de metais, com mais relevância Alumínio e Ferro, os quais no momento da
exposição ao corpo d’água com baixa velocidade de escoamento afeta a camada bentônica dos
rios, assoreia o corpo receptor, e acarreta em alterações da cor, da composição química e da
biota envolvida.
quantidade, modifica a granulometria das massas, podendo incorrer em alterações durante a sua
produção. Esta situação ocorre porque a areia e o pó-de-carvão possuem partículas de tamanhos
maiores do que os da argila (CORNWELL et al. apud JUNIOR, 2009, p.28).
Ainda segundo Cornwell et al. apud Junior (2009, p.28) a umidade inserida no lodo é
muito importante para o seu manuseio e incorporação no processo fabril de peças cerâmicas.
Corroborando esta citação, conforme Andreoli (2006, p.324), uma das grandes vantagens na
incorporação do lodo à argila é a possibilidade de correção de umidade da argila.
Em estudos realizados por Teixeira apud Junior (2009, p.28) com a adição de 0, 10, 20
e 30% do lodo em massa cerâmica, foi constatado que a resistência mecânica à flexão reduz em
decorrência do aumento de concentração do lodo como matéria-prima.
Também desenvolveu um estudo sobre o tema, David et al. apud Junior (2009, p.28),
no qual foi adicionado lodo junto a argila, em diferentes proporções, e por meio deste, foi
constatado que a incorporação deve ser analisada caso a caso para verificar a compatibilidade
entre os materiais e o processo fabril.
Uma opção pouco estudada é a incorporação do resíduo da ETA com características
pastosas diretamente no equipamento de mistura e destorroamento. Este tipo de incorporação
tem a vantagem de facilitar a homogeneização da massa cerâmica, permitindo uma distribuição
mais uniforme. Ou seja, o lodo pode ser direcionado para correção da umidade na massa
cerâmica, procedimento este que já é comum nas indústrias ceramistas (ANDREOLI, 2006,
p.324-325).
Este procedimento facilita a estocagem do RETA na indústria de cerâmica, cujo
armazenamento se dá através de tanques e, além disso, dosado por gravidade. Em contrapartida,
como o lodo possui alta umidade, a proporção do lodo na massa será menor para não
desestabilizar o produto em produção, e por fim, não é recomendada a sua estocagem por
períodos longos devido ao odor exalado (ANDREOLI, 2006, p.325).
A caracterização do RETA possibilita a incorporação destes resíduos a massa cerâmica,
apresentando tanto componentes importantes (argilo-minerais) como prejudiciais à massa
cerâmica em quantidades excessivas (material orgânico e umidade elevada). Portanto, é
necessário compreender que a adição do lodo na massa cerâmica demandará um ajuste na
formação da massa cerâmica e no processo de produção.
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2.4.2.1. Plasticidade
2.4.2.2. Porosidade
Caso haja tempo suficiente, o volume absorvido de água é praticamente igual ao volume
de poros abertos do corpo. Certos materiais cerâmicos estão em constante contato com a água,
como vaso sanitário e manilhas, e nestes casos devem se ter a menor quantidade possível de
poros abertos. Uma quantidade excessiva de poros indica que o produto acabado não sofreu o
processo correto de queima, devido a quantidade mínimas de poros que surgem quando o
material é bem sintetizado (RÊGO, 2008, p.27).
Segundo a NBR 15270-1 (2005) o índice de absorção d’água não deve ser inferior a 8%
e nem superior a 22%. Caso estes valores sejam ultrapassados, então, o produto poderá estar
comprometido para determinados fins. Uma absorção muito baixa compromete a aderência com
a argamassa, enquanto que, uma absorção muito alta reduz a resistência do bloco, quando usado
aparente.
2.4.2.5. Umidade
Figura 18 - Bloco cerâmico estrutural com Figura 19 - Bloco cerâmico estrutural com
paredes maciças (com paredes internas paredes maciças (com paredes internas
maciças) vazadas)
3. METODOLOGIA
Este trabalho realizou um estudo de caso para responder aos questionamentos propostos
de viabilidade técnica e econômica da fabricação de blocos cerâmicos com lodo de ETA. Ou
seja, este estudo é uma estratégia de pesquisa para compreender o método que abrange as
abordagens específicas de coletas e análise de dados.
Classifica-se este trabalho como uma pesquisa exploratória ou estudo de caso
exploratório, pois tem como finalidade básica o desenvolvimento, o esclarecimento e a busca
de conceitos para formulação de abordagens posteriores.
Neste tópico são abordados o local, a forma de coleta, secagem e determinação da massa
específica do lodo extraído da ETA 006, abrangendo assim, as etapas de preparação do material.
Os resíduos de estação de tratamento de água que neste trabalho foram utilizados como
uma das matérias-primas na fabricação de cerâmica vermelha foram fornecidos pela
Foz|Saneatins do grupo Odebrecht Ambiental, mais especificamente da ETA 006 da cidade de
Palmas no Estado de Tocantins.
Esta estação de tratamento de água se encontra localizada à margem esquerda da rodovia
TO-050, km 13, sentido Palmas-Taquaralto, conforme demonstrado na figura 23. A captação
ocorre no Ribeirão Taquarussu Grande, com capacidade de produção de 2,5 mil m³/h.
A água passa pelas seguintes tratativas: captação, adução, coagulação, floculação,
decantação, filtração, desinfecção, fluoretação, alcalinização, reservação e distribuição.
Contribuindo com aproximados 67,5% do total de abastecimento de água ao município de
Palmas, sendo a maior e mais moderna unidade de tratamento do Tocantins.
58
No momento atual, o sistema de tratamento dos resíduos sólidos ainda não está em
operação, devido aos bags de geotêxtil ainda não terem sido instalados, todavia, para realizar a
coleta foi necessário utilizar toda a estrutura do sistema, com exceção somente dos bags de
grandes dimensões.
Este sistema é composto pelas seguintes unidades (HIDROSAN ENGENHARIA, 2011,
p. 62):
a) TCALF – tanque de clarificação da água de lavagem dos filtros;
b) TRDD/SALF – tanque de recepção das descargas dos decantadores e sólidos da
água de lavagem de filtros;
c) TAR – tanque de água recuperada;
d) quatro bags de geotêxtil para desaguamento do lodo;
e) uma unidade de apoio, o qual contém laboratório, casa de química e casa de
bomba.
59
Tal sistema viabilizará a recuperação de água, a qual retornará para o início da ETA
para ser tratada.
No esquema da figura 24, são apresentados o sistema de tratamento projetado e o
encaminhamento dos resíduos e da água recuperada.
Antes de realizar a coleta em si, foi necessário dar a descarga do lodo proveniente dos
decantadores da ETA 006 na unidade de TRDD/SALF, conforme apresentado na figura 25.
Sendo que, a mesma já possuía sedimento proveniente do TCALF, sendo assim, não foi
necessário dar uma nova descarga da lavagem dos filtros.
60
Para este ensaio, foi possível realizar por dez vezes o preenchimento supracitado dos
bags, tendo em vista, que não foi possível realizar mais coletas, pois para cada operação eram
despendidos 30 minutos da equipe de químicos da Foz|Saneatins.
Após esta seca inicial, o material fora acondicionado em duas bombonas com
capacidade de 50 L, cada, e verificado que no final dera aproximadamente 100 kg de lodo.
Na segunda etapa de secagem, cuja duração foi de 7 dias, o material coletado foi
destinado ao laboratório do CEULP/Ulbra, no qual uma parte fora seca em estufa a 105 °C e
outra, devido à demora de secagem na estufa, fora seca ao ar livre em cima de uma lona plástica,
conforme representado nas figuras 32, 33 e 34.
Para determinar a massa específica dos grãos do lodo foi utilizado como referência a
NBR 6508 (1984).
A aparelhagem ou dispositivo com o qual executou-se o ensaio foi a seguinte (NBR
6508, 1984):
a) estufa para manter a temperatura entre 105 e 110°C;
b) aparelho de dispersão, com hélices metálicas substituíveis e copo munido de
chicanas metálicas;
65
100
𝑀1 ×
(100+ℎ)
𝛿= 100 (1)
[𝑀1 × ]+𝑀3 −𝑀2
100+ℎ
Onde:
δ = massa específica dos grãos do solo, em g/cm³
M1 = massa do solo úmido
M2 = massa do picnômetro + solo + água, na temperatura T de ensaio
M3 = massa do picnômetro cheio de água até a marca de referência, na temperatura T
de ensaio
h = umidade inicial da amostra
δT = massa específica da água, na temperatura T de ensaio
Os resultados são considerados satisfatórios quando não diferirem mais que 0,02 g/cm³.
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Quanto ao resultado final, média obtida foi de pelo menos dois ensaios considerados
satisfatórios, sendo expressos com três algarismos significativos, em g/cm³.
Neste tópico são abordados o local, a forma de coleta, secagem e determinação da massa
específica da argila.
A argila foi o único componente natural contido nos blocos cerâmicos produzidos, a
qual foi utilizada em pequenas proporções provindas de uma jazida da cidade de Palmas no
Estado de Tocantins distante aproximadamente 10 km da indústria cerâmica.
Conforme informado pela indústria ceramista, não será necessário realizar a coleta da
argila, pois já existia material disponível.
A coleta da argila na jazida foi realizada anteriormente por um profissional da indústria.
Conforme informado pela indústria ceramista, não foi necessário realizar a secagem da
argila no laboratório do CEULP/Ulbra, pois já existia material seco disponível para formação
da mistura.
A amostra utilizada foi seca a temperatura ambiente por uma semana, e logo após, foi
submetida à estufa (100°C) durante 48 horas para eliminação de umidade residual.
Após esta secagem, os torrões de argila foram desagregados, pulverizados e submetidos
à peneira com abertura de 500µm, e por fim, acondicionados em recipiente plástico com
identificação.
68
Segundo informado pela indústria ceramista, a mesma não disponibilizará a argila para
este experimento, pois o laboratório deles já havia feito a determinação da massa específica.
Figura 38 – ‘
Para garantir uma certa precisão das amostras, é necessário considerar erros amostrais e
ter um nível de confiança, e como pôde se observar, devido a amostra única por composição
não é possível aferir de forma precisa os resultados. Ainda assim, estes CPs serão determinantes
para os objetivos do trabalho, servindo para corroborar – mesmo sem uma base estatística –
qual é o mais adequado para substituir a matéria-prima principal.
Além disso, o responsável técnico não permitiu a fabricação dos blocos cerâmicos
enquanto os CPs cilíndricos não tivessem sido avaliados a nível de absorção d’água e também
quanto a resistência a compressão.
Os ensaios laboratoriais dos corpos-de-prova cilíndricos foram baseados na NBR
15270-3 (2005) e realizados no laboratório do CEULP/Ulbra avaliando as caraterísticas físicas
e mecânicas.
Baseado na NBR 15270-3 (2005), para determinar o índice de absorção d’água do bloco
de vedação necessitou aplicar a seguinte fórmula:
72
𝑚𝑢 −𝑚𝑠
𝐴𝐴 (%) = 𝑋 100 (2)
𝑚𝑠
Conforme NBR 15270-3 (2005), para executar este ensaio, foram feitos os seguintes
procedimentos:
Antes de abrir a porta do forno esperou-se um tempo de 12 horas para esfriar o bloco
para não trincá-lo devido a um possível choque térmico.
Largura (L)
Altura (H) ±5
Comprimento (C)
Largura (L)
Altura (H) ±3
Comprimento (C)
Figura 46 - Medidas dos septos e das paredes externas dos blocos cerâmicos
De acordo com a NBR 15270-1 (2005), a espessura dos septos dos blocos cerâmicos de
vedação será de no mínimo 6 mm, enquanto que, das paredes externas será de no mínimo 7
mm.
Figura 48 - Planeza das faces (convexa) Figura 49 - Planeza das faces (côncava)
Para determinar a área bruta para o bloco de vedação foi necessário realizar as seguintes
atividades (NBR 15270-3, 2005):
a) medida a largura (L), a altura (H) e o comprimento (C) dos corpos-de-prova,
conforme figuras 18, 19 e 20;
83
Baseado na NBR 15270-1 (2005), para determinar a rejeição ou aceitação dos lotes dos
corpos-de-prova de vedação, na inspeção por ensaios, à dimensão efetiva, a planeza das faces,
o desvio em relação ao esquadro e a espessura das paredes externas e dos septos, devem atender
ao disposto na tabela 5.
Além disso, o lote deve ser rejeitado caso a média obtida das dimensões efetivas
individuais ultrapasse o limite estabelecido de ± 3 mm.
Conforme NBR 15270-3 (2005) para determinar as características físicas foi necessário
realizar as seguintes avaliações:
a) determinação da massa seca (ms);
84
Para determinar a massa seca do bloco de vedação foi necessário realizar as seguintes
atividades (NBR 15270-3, 2005):
a) retirado do corpo-de-prova, pó e demais partículas soltas;
b) submetidos os corpos-de-prova à secagem em estufa a (105 ± 5)°C;
c) determinada a massa individual, em intervalos de 1 h, até que duas pesagens
consecutivas de cada um deles diferiram em no máximo 0,25%, pesando-os logo
em seguida a retirada da estufa;
d) medir a massa seca (ms) dos blocos após a estabilização das pesagens, nas
condições supracitadas, expressando através da unidade gramas.
Para determinar a massa úmida do bloco de vedação foi necessário realizar as seguintes
atividades (NBR 15270-3, 2005):
a) com a determinação da massa seca (ms), os corpos-de-prova foram colocados
em um recipiente de dimensões apropriadas, preenchido com água à temperatura
ambiente, em volume suficiente para os manter submersos, demonstrado na
figura 50;
85
Baseado na NBR 15270-3 (2005), para determinar o índice de absorção d’água do bloco
de vedação foi necessário aplicar a seguinte fórmula:
𝑚𝑢 −𝑚𝑠
𝐴𝐴 (%) = 𝑋 100 (2)
𝑚𝑠
Baseado na NBR 15270-1 (2005), para determinar a rejeição ou aceitação dos lotes dos
corpos-de-prova de vedação, na inspeção por ensaios, o índice de absorção d’água deve atender
ao disposto na tabela 6.
A preparação dos blocos foi feita da seguinte forma (NBR 15270-3, 2005):
a) coberto com pasta de cimento, uma placa plana indeformável recoberta com uma
folha de papel umedecida;
b) aplicada a face destinada ao assentamento sobre esta pasta aplicando sobre o
bloco uma pressão manual suficiente para refluir a pasta ou argamassa
interposta, reduzindo a espessura no máximo a 3 mm;
c) tão logo a pasta endureceu, retirado com espátula o excesso;
d) regularizada a face oposta, conforme abordado nas alíneas a) e b);
89
Baseado na NBR 15270-1 (2005), para determinar a rejeição ou aceitação dos lotes dos
corpos-de-prova de vedação, na inspeção por ensaios, a resistência a compressão deve atender
ao disposto na tabela 7.
90
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo serão apresentados os resultados de análise do lodo da ETA 006 e dos
ensaios geométricos, ensaios físicos e ensaios mecânicos baseados na metodologia do trabalho,
em forma de tabelas e gráficos, para permitir um avanço na análise e explicação dos resultados.
Além disso, será apresentado o estudo de viabilidade econômica da incorporação do
lodo como matéria-prima na indústria de cerâmica.
No estudo de determinação da massa seca de lodo gerado na ETA 006, efetuado por
meio de equações empíricas, adotou-se um valor médio de sólidos em suspensão totais (SST)
da água bruta em um dia de chuvas intensas. Neste tipo de situação, gera-se o máximo de
resíduos, cujo resultado permitirá o dimensionamento do sistema de tratamento de resíduos
sólidos (HIDROSAN ENGENHARIA, 2011, p.5).
Para estimar a concentração de SST na água bruta, foram utilizados dados operacionais
de turbidez da água bruta referente ao ano de 2010, sendo que, a estimativa ocorreu pois não é
monitorada a concentração de SST da água bruta afluente da ETA. Tal estimativa fora feita por
92
Onde:
SST = concentração de sólidos suspensos totais na água a ser tratada (mg/L)
a = coeficiente que varia de 0,5 a 2,0
Turbidez = característica que mede o grau de transparência da água (uT)
Em 2010, foram identificados três dias de chuvas intensas, 08 de abril, 18 de novembro
e 25 de dezembro. E de acordo com tais dias foram desenvolvidos gráficos com a variação
horária da turbidez, conforme demonstrado nas figuras 53, 54 e 55.
valor médio máximo diário apresentado dentre estes três dias, o qual fora no dia 08/04/2010,
com resultado de 438,67 uT.
Tal valor médio máximo diário de turbidez correspondeu a um valor médio diário de
SST de 350 mg/L, no qual fora considerado o coeficiente a igual a 0,8, sendo que, tal coeficiente
fora adotado empiricamente pela empresa Hidrosan, com base na experiência adquirida em
outros trabalhos que demonstram que o a diminui com o aumento da turbidez (HIDROSAN
ENGENHARIA, 2011, p.6).
Com base em uma turbidez em torno de 450 uT (arredondado para cima o índice
supracitado), a Hidrosan Engenharia determinou as dosagens de produtos químicos para o
tratamento desta água, conforme apresentado na tabela 8.
54
𝑃𝑆𝑆 = 𝑄(4,89 × 𝐷𝐴𝐿 × 0,07 × (102) + 𝑆𝑆𝑇 + 𝐷𝑃 + 𝐷𝐶𝐴𝑃 + 0,1 × 𝐷𝐶𝐴𝐿 ) × 10−3 (4)
Onde:
95
Desta forma, na tabela 9 é apresentada a estimativa de massa seca crítica diária de lodo.
Tabela 9 - Estimativa da massa seca crítica diária de lodo (turbidez em torno de 450 uT)
Tendo como base, o período de junho de 2008 a junho de 2009, a Hidrosan Engenharia
(2011, p.7) gerou as informações dos valores máximos e mínimos diários de turbidez da água
bruta na Estação. Estas informações são apresentadas na tabela 10 de frequência de ocorrência.
96
21 a 30 59 87,1 50 47,1
31 a 50 34 96,4 53 61,6
51 a 75 9 98,9 38 72,1
Por meio dos resultados apresentados na tabela 10, a Hidrosan Engenharia (2011, p.10)
conseguiu definir as frequências médias de ocorrência dos intervalos de turbidez utilizadas na
estimativa da produção anual de massa seca de lodo e para embasar o dimensionamento do
sistema de tratamento de resíduos sólidos gerados na ETA 006, de acordo com o demonstrado
na tabela 11.
97
< 20 180
21 a 75 110
76 a 150 50
150 a 250 15
251 a 500 10
Frequência de
Faixa de turbidez Turbidez média
SST bruta (mg/L) ocorrência no ano
(uT) adotada (uT)
(d)
até 20 20 20 180
21 a 75 50 50 110
Dosagem de
Dosagem de Dosagem de cal
Faixa de sulfato de Dosagem de
carvão ativado hidratada
turbidez (uT) alumínio polímero (DP)
(DCAP) (DCAL)
(DAL)*
até 20 25 - - 10
21 a 75 35 - - 15
76 a 150 45 - - 20
151 a 250 60 - - 30
251 a 500 50 - - 15
Os resultados foram considerados satisfatórios, porque não diferiram mais que 0,02
g/cm³.
Quanto ao resultado final, foi obtida a média de 1,84 g/cm³ de massa específica do lodo.
Segundo informado pela indústria ceramista, a mesma não disponibilizará a argila para
este experimento, pois o laboratório deles já havia feito esta determinação a qual apresentou
resultado de 1,80 g/cm3.
101
Índice de Índice
Massa absorção de
Corpo- Incremento Massa Fator de
úmida d’água absorção
de-prova lodo (%) seca (g) correção
(g) sem ajuste d’água
(%) (%) *
II 2 83,2 74,0 12,40 1 18,00
III 4 83,6 74,0 13,00 1,048387097 18,87
IV 6 83,1 73,4 13,20 1,064516129 19,16
V 8 82,4 72,3 14,00 1,129032258 20,32
VI 10 82,2 72,1 14,00 1,129032258 20,32
VII 12 81,7 71,3 14,60 1,177419355 21,19
VIII 0 84,0 74,7 12,40 1 18,00
*Resultado ajustado, levando em consideração como base o CP cilíndrico VIII, pois devido ao
processo de queima não ter ocorrido por mais tempo, então o índice de vazios permaneceu baixo
Fonte: Autor, 2014
Portanto, com ou sem ajuste, todos os CPs estão dentro dos limites estipulados pela
NBR 15270-1 (2005).
Quanto ao ensaio de resistência a compressão, os resultados deste experimento estão
expressados na tabela 17.
102
Ao analisar o resultado da tabela 17, percebe-se que somente o CP II, com incremento
de 2% de lodo, obteve resultado recomendado pela NBR 15270-1 (2005), na qual preconiza
como resistência a compressão aceitável para blocos cerâmicos de vedação usados com furos
na horizontal, uma fb maior ou igual a 1,5 Mpa.
Portanto, após compilação dos resultados de AA e da fb, mesmo possuindo um tamanho
de amostra impróprio, confere que o incremento de lodo no índice de 2% é o mais adequado
para utilização como matéria-prima na produção dos CPs de vedação, pois atendeu de forma
satisfatória a dois requisitos de Norma.
Com a determinação da massa específica do lodo – 1,84 g/cm3 – e da argila – 1,80 g/cm3
–, foi realizado um cálculo de massa necessária das matérias-primas envolvidas, levando em
consideração que o produto acabado será um bloco cerâmico com dimensões 11,5 cm (L) x 19
cm (H) x 29 cm (C), conforme apresentado nas tabelas 18 e 19.
103
Massa
Argila Quantidade Massa Massa
Amostra Lodo (%) argila
(%) de blocos lodo (kg) total (kg)
(kg)
A 98 2 12 43,19 0,90 44,09
B 100 0 13 47,75 0,00 47,75
Total 25 90,94 0,90 91,84
Fonte: Autor, 2014
Como pôde se observar na tabela 16, a massa de lodo necessária para a fabricação de 12
corpos-de-prova é da ordem de 0,90 kg, e como fora informado no item 3.3.3, foi possível obter
13 kg de lodo após secagem, todavia é necessário entender que esta quantidade de lodo é ainda
insuficiente.
Em uma análise superficial, pode levar o entendimento de que poderiam ter sido
trabalhados mais percentuais no referido trabalho, porém, conforme informação do responsável
104
técnico da indústria de cerâmica, pelo fato de utilizarem uma extrusora monobloc da marca
Verdés, quando se colocam 1.000 kg de material, 500 kg ficam retidos no equipamento.
Ou seja, se colocar desde o início da extrusora os 43,19 kg necessários para a produção
dos 12 corpos-de-prova com 2% de lodo, certamente ficariam retidos no decorrer do processo
no maquinário, e não seria obtido nenhum bloco.
E para se obter os almejados 12 blocos, então os 13 kg de massa de lodo serão utilizados.
Desta maneira, serão necessários 528,88 kg de argila (para se chegar a este valor foi utilizado
uma regra de três simples com o resultado da tabela 19), totalizando uma massa de 540,88 kg a
serem dispostos na extrusora.
Sendo assim, para este trabalho somente foi possível fabricar 12 blocos cerâmicos com
2% de lodo de ETA. Quanto aos blocos cerâmicos com 100% de argila, neste caso, obteve-se
os 13 corpos-de-prova almejados.
Portanto, quando a Foz|Saneatins colocar em operação o sistema de tratamento de
resíduos sólidos da ETA 006 será possível efetuar um experimento com mais variações de
percentuais, pois o volume de lodo a gerar é extremamente significativo, conforme abordado
no item 4.1.1 e subitens.
Na tabela 20 constam os resultados obtidos na determinação das medidas das faces para
obtenção das dimensões efetivas, quanto aos CPs com incorporação de 2% de lodo.
105
Tabela 20 - Determinação das medidas das faces dos CPs de vedação com 2% de lodo
LA LB HA HB CA CB
Dimensões
Efetivas 118,8 187,5 290,4
(mm)
Nas figuras 56, 57 e 58 são apresentados os resultados já expostos na tabela 18, agora
por meio de gráficos, dos valores pertinentes a largura, a altura e o comprimento dos corpos-
de-prova contendo 2% de lodo em vossa composição. As linhas vermelhas referenciam as
tolerâncias dimensionais individuais expressas na NBR 15270-1 (2005).
106
117,0
116,0
115,0
114,0
113,0
112,0
111,0
110,0
109,0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
LA (mm) LB (mm)
192
191
190
189
188
187
186
185
184
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
HA (mm) HB (mm)
293
292
291
290
289
288
287
286
285
284
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpo-de-prova
CA (mm) CB (mm)
Conforme exposto na tabela 20 e nas figuras 56, 57 e 58, os blocos cerâmicos contendo
2% de lodo estão em conformidade com a NBR 15270-1 (2005), no que diz respeito às
tolerâncias dimensionais individuais e também em relação à média efetiva, porém neste último,
somente na altura e no comprimento, pois na largura excedeu mais de 3 mm.
Na tabela 21 constam os resultados obtidos na determinação das medidas das faces para
obtenção das dimensões efetivas, quanto aos CPs de composição de 100% argila.
108
Tabela 21 - Determinação das medidas das faces dos CPs de vedação com 100% argila
LA LB HA HB CA CB
Dimensões
Efetivas 118,2 186,9 290,0
(mm)
Nas figuras 59, 60 e 61 são apresentados os resultados já expostos na tabela 21, agora
por meio de gráfico dos valores pertinentes a largura, a altura e o comprimento dos corpos-de-
prova contendo 100% de argila em vossa composição. As linhas vermelhas referenciam as
tolerâncias dimensionais individuais expressas na NBR 15270-1 (2005).
109
117,0
116,0
115,0
114,0
113,0
112,0
111,0
110,0
109,0
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
LA (mm) LB (mm)
192
191
190
189
188
187
186
185
184
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
HA (mm) HB (mm)
294
293
292
291
290
289
288
287
286
285
284
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
CA (mm) CB (mm)
Conforme exposto na tabela 21 e nas figuras 59, 60 e 61, os blocos cerâmicos contendo
2% de lodo estão em conformidade com a NBR 15270-1 (2005) no que diz respeito às
tolerâncias dimensionais individuais, com exceção somente no CP B11 no quesito altura média,
pois ficou abaixo dos 5 mm de tolerância individual, porém o número é aceito para aprovação
do lote, pois ficou abaixo de 3 unidades não-conformes.
Quanto à média efetiva, somente o comprimento atendeu à solicitação da Norma,
enquanto que a largura ficou acima de 3 mm da tolerância e a altura ficou abaixo dos mesmos
3 mm de tolerância.
Tabela 22 - Determinação da espessura das paredes externas e septos dos CPs de vedação
com 2% de lodo
E1 E2 E3 E4 S1 S2 S3 S4
Figura 62 – Gráfico da espessura das paredes externas dos CPs de vedação com 2% de lodo
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
E1 E2 E3 E4
Figura 63 - Gráfico da espessura dos septos dos CPs de vedação com 2% de lodo
8
7
6
5
4
3
2
1
0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpo-de-prova
S1 S2 S3 S4
Na análise da tabela 23 e do gráfico 63 é possível abstrair que nenhum bloco ficou com
espessura nos septos menor do que 6 mm, ou seja, neste quesito os blocos atendem a Norma
vigente.
Tabela 23 - Determinação da espessura das paredes externas e septos dos CPs de vedação
com 100% argila
E1 E2 E3 E4 S1 S2 S3 S4
Figura 64 - Gráfico da espessura das paredes externas dos CPs de vedação com 100% argila
11,00
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
E1 E2 E3 E4
Figura 65 - Gráfico da espessura dos septos dos CPs de vedação com 100% argila
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
S1 S2 S3 S4
Na análise da tabela 23 e do gráfico 65 é possível abstrair que nenhum bloco ficou com
espessura nos septos menor do que 6 mm, ou seja, neste quesito os blocos atendem a Norma
vigente.
Tabela 24 - Determinação do desvio em relação ao esquadro e da planeza das faces dos CPs
de vedação com 2% de lodo
Desvio
Planeza das faces (mm)
CP N° esquadro (mm)
Face D1 FC F1 F2
Figura 66 – Gráfico do desvio em relação ao esquadro dos CPs de vedação com 2% de lodo
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
Figura 67 - Gráfico da flecha na planeza das faces dos CPs de vedação com 2% de lodo
8
7
6
5
4
3
2
1
0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
FC F1 F2
Quanto a flecha nas faces côncavas, somente um bloco apresentou resultado acima de 3
mm, no caso o CP A4, ou seja, só este foi reprovado neste quesito. Com relação a flecha nas
faces convexas, somente três CPs atenderam a exigência da NBR 15270-1 (2005), desta forma,
o lote é rejeitado, tendo em vista, que o número de unidades não-conformes ficou maior ou
igual a 3.
A determinação do desvio em relação ao esquadro e também quanto a determinação da
planeza das faces, nos corpos-de-prova com 100% de argila, são expressados na tabela 25.
Tabela 25 - Determinação do desvio em relação ao esquadro e da planeza das faces dos CPs
de vedação com 100% de argila
Desvio
Planeza das faces (mm)
CP N° esquadro (mm)
Face D1 FC F1 F2
Figura 68 - Gráfico do desvio em relação ao esquadro dos CPs de vedação com 100% de
argila
6
5
4
3
2
1
0
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
Figura 69 - Gráfico da flecha na planeza das faces dos CPs de vedação com 100% de argila
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpos-de-prova
FC F1 F2
Quanto a flecha nas faces côncavas, somente um bloco apresentou resultado acima de 3
mm, no caso o CP B9. Com relação a flecha nas faces convexas, seis CPs atenderam a exigência
da NBR 15270-1 (2005), ou seja, um resultado melhor do que os de bloco com 2% de lodo,
contudo este lote também é rejeitado, pois o número de unidades não-conformes ficou maior
ou igual a 3.
Nesta seção são apresentados os resultados e discussões das características físicas dos
ensaios realizados nos blocos cerâmicos de vedação.
Sendo assim, na tabela 26 é demonstrado o índice de absorção d’agua pelos blocos com
lodo em sua composição.
120
Índice de absorção
CP N° Massa Seca (kg) Massa Úmida (kg)
d'água
Figura 70 - Gráfico do índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 2% de lodo
19,00%
18,00%
17,00%
16,00%
15,00%
14,00%
13,00%
12,00%
11,00%
10,00%
9,00%
8,00%
7,00%
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
De acordo com a tabela 26 e com a figura 70, é possível verificar que todos os blocos
cerâmicos atenderam a NBR 15270-1 (2005), pois o AA permaneceu entre 8 e 22%.
Na tabela 27 são demonstrados os valores obtidos quanto ao índice de absorção d’água
nos corpos-de-prova com 100% de argila.
122
Tabela 27 - Índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 100% de argila
Índice de absorção
CP N° Massa Seca (kg) Massa Úmida (kg)
d'água
Figura 71 - Gráfico do índice de absorção d'água dos CPs de vedação com 100% de argila
19,00%
18,00%
17,00%
16,00%
15,00%
14,00%
13,00%
12,00%
11,00%
10,00%
9,00%
8,00%
7,00%
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpo-de-prova
Conforme índices apresentados na tabela 27 e com a figura 71, é possível constatar que
nenhum bloco contendo 100% de argila, foi reprovado por não ter se encontrado no intervalo
preconizado pela Norma vigente. Ou seja, todos se encontraram dentro 8 a 22% de índice de
absorção d’água.
Portanto, todos os 25 blocos ensaiados, estão dentro do estipulado pela NBR 15270-1
(2005).
Resistência
Largura Altura Força
Comprimento a
CP N° Média Média Ruptura
Médio (mm) Compressão
(mm) (mm) (kgf)
(Mpa)
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
Corpos-de-prova
Resistência
Largura Altura Força
Comprimento a
CP N° Média Média Ruptura
Médio (mm) Compressão
(mm) (mm) (kgf)
(Mpa)
Figura 73 - Gráfico da resistência a compressão dos CPs de vedação com 100% de argila
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13
Corpo-de-prova
Tabela 30 - Resumo das características geométricas, físicas e mecânicas dos CPs de vedação
Onde:
Destinação Desvantagens
A estação de tratamento dos resíduos da ETA necessita de
adensamento e desaguamento para obter a concentração de sólidos
necessária para a disposição.
Os custos de transporte e disposição em aterro sanitário podem ser
Aterro sanitário
elevados.
O lodo pode ocasionar em graves impactos ambientais, como a
contaminação do lençol freático e do solo, devido a lixiviação de
substâncias orgânicas e inorgânicas de interesse à saúde pública.
Pode ocasionar em graves impactos ambientais, por causa da
Disposição no solo
contaminação do lençol freático, do solo e do ar (pó muito leve).
A primeira desvantagem do aterro sanitário também aplica-se
Aterro industrial classe neste caso.
II exclusivo da ETA A administração da ETA será também a responsável pelo
gerenciamento dos resíduos.
Aterro industrial classe As duas primeiras desvantagens do aterro sanitário também são
II fora da área da ETA aplicadas neste caso.
Fonte: DI BERNARDO et al. apud DI BERNARDO; DANTAS; VOLTAN, 2012, p. 386-397
para reajuste de alguns contratos), cujo resultado é de 98,56%. Por meio deste reajuste de preço
do referido contrato, passaria a ser de atuais R$ 69,50 por tonelada.
E, por exemplo, ao adaptar o valor deste caso para a indústria e para a concessionária
relatadas neste trabalho, levando em consideração a utilização de 50 toneladas de lodo por mês
pela cerâmica, então o ceramista partiria de um custo de R$ 7,50 para uma receita de R$ 69,50
por tonelada, um lucro operacional de R$ 62,00 por tonelada, o que totalizaria num lucro mensal
de R$ 3.100,00, somente com o transporte e incorporação do lodo, sem levar em consideração
a venda de blocos.
Levando em consideração a quantidade de massa seca de lodo a gerar ao ano no sistema
de tratamento de resíduos da ETA 006, cuja apresentação fora feita na tabela 14, então percebe-
se que a quantidade a produzir atende sem maiores sobressaltos a demanda da cerâmica que
apoia este trabalho.
Além deste fator econômico, da utilização do lodo produzido na ETA 006 na fabricação
de blocos cerâmicos, um outro mais nobre também há de ser salientado, no caso a
sustentabilidade, tendo em vista que, haverá uma diminuição na extração de recursos minerais
não renováveis e haverá uma absorção de 600 toneladas de lodo por ano (somente para esta
indústria cerâmica) os quais poderiam ter destinação inadequada pela concessionária.
132
e calcular a massa seca da argila no caso das amostras B (100% argila). Nas
amostras A, contendo 12 blocos, foram necessários 43,19 kg de massa de argila
e 0,90 kg de massa de lodo, totalizando 44,09 kg. Quanto as amostras B,
contendo 13 blocos, foram necessários 47,75 kg de massa de argila. No total,
foram utilizados 91,84 kg, sendo 90,94 kg de argila e 0,90 kg de lodo;
f) na análise das medidas das faces dos corpos-de-prova para determinação das
dimensões efetivas, constata-se que no caso dos CPs das amostras A (com 2%
de lodo) as tolerâncias individuais atendem a NBR 15270-1 (2005), no caso das
tolerâncias em relação à média efetiva, verifica-se que a altura e o comprimento
atendem a Norma, contudo no quesito largura excedeu mais de 3 mm, sendo
assim, o lote das amostras A está reprovado. Sobre as amostras B, as contras-
prova (com 100% de argila), não atenderam à média efetiva de largura e altura,
desta forma, o lote das amostras B também está reprovado. Portanto, verifica-se
que as amostras A, contendo lodo, apresentaram um resultado mais satisfatório
do que as amostras B, porém ambas não estão em conformidade com a Norma,
sendo que, alguns fatores podem contribuir para esta situação, como: a indústria
talvez não faça o controle diário do resíduo da massa ou não conhece as suas
características e propriedades; talvez a boquilha pode não estar com as
dimensões estabelecidas pela Norma; ou pode ser que o cortador esteja
dimensionado fora dos padrões da Norma;
g) sobre a análise das espessuras das paredes externas dos blocos para avaliação
das dimensões efetivas, nas amostras A (com 2% de lodo) em 4 dos 12 blocos a
espessura ficou abaixo de 7 mm, portanto, o lote das amostras A está reprovado,
pois ficou acima de 3 unidades não-conformes que são aceitas pela Norma. Nas
amostras B (com 100% de argila), 6 dos 13 blocos apresentaram espessura
inferior a 7 mm, ou seja, também está reprovado este lote. Este problema pode
ser decorrente da falta de manutenção das boquilhas;
h) sobre a análise das espessuras dos septos dos blocos para avaliação das
dimensões efetivas, tanto as amostras A quanto as B atenderam a NBR 15270-1
(2005);
i) no quesito desvio em relação ao esquadro, somente o lote das amostras B (com
100% de argila) foi rejeitado, pois o número de unidades não-conformes ficou
maior ou igual 3. Neste caso, as amostras A (com 2% de lodo) também se
mostraram mais eficazes do que as amostras B;
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j) nas dimensões individuais da planeza das faces, o lote das amostras A (com 2%
de lodo) foi reprovado, pois o número de unidades não-conformes ficou maior
ou igual a 3, e nas amostras B (com 100% de argila) o lote também foi rejeitado
pelo mesmo motivo;
k) constatou-se que todos os blocos cerâmicos produzidos para este trabalho, para
os 2 tipos de amostras, atenderam a Norma no que se refere ao índice de absorção
d’água, pois permaneceram entre 8 a 22%;
l) no ensaio de resistência a compressão, todos os corpos-de-prova dos 2 tipos de
amostras, ficaram maiores ou iguais a 1,5 Mpa, portanto estão em conformidade
com a Norma vigente;
m) ainda no ensaio de resistência a compressão, nos indicadores de força de ruptura
(kgf) e resistência a compressão (Mpa), o coeficiente de variação dos CPs de
amostra A (com 2% de lodo) ficou inferior ao coeficiente de variação das
amostras B (com 100% de argila), isso indica que as amostras A são mais
homogêneas do que as amostras B. Também, ao analisar o desvio padrão
constata-se que há mais regularidade das amostras A do que as B, pois o desvio
padrão de A fora menor do que a de B;
n) em suma, com os resultados da análise das características geométricas, físicas e
mecânicas percebe-se que nenhuma amostra atendeu por completo a NBR
15270-1 (2005). Todavia, verifica-se que dos sete ensaios realizados, as
amostras A (com 2% de lodo) foram aceitas em quatro, já as amostras B (com
100% de lodo) foram aceitas em somente três. Ou seja, as amostras com
incorporação de lodo tiveram um melhor resultado;
o) ao conseguir implantar esta destinação de lodo de ETA na composição da massa
dos blocos cerâmicos, isso acarretará em um aumento da vida útil das jazidas de
argila e, consequentemente, poupará os já escassos espaços para disposição de
resíduos em aterro sanitário e também em aterro industrial;
p) por fim, para algumas indústrias ceramistas da cidade de Palmas – TO, o fato
dos ensaios terem sido satisfatórios nos quesitos índice de absorção d’água e
resistência a compressão já atesta que é válida a incorporação do lodo junto aos
blocos, além disso, caso haja interesse da concessionária em pagar ao industrial,
então o cenário se torna ainda mais satisfatório. Há de salientar que para a NBR
15270-1, nenhuma amostra estudada foi aceita, porém se houverem correções no
maquinário ou um aprofundamento no conhecimento das características da
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argila, então nas demais características que foram rejeitadas neste estudo, então
no futuro poderá haver atendimento completo as regras estabelecidas pela
Norma.
Para trabalhos futuros são sugeridos os seguintes estudos:
a) verificar se com a incorporação do lodo junto a massa cerâmica haverá uma
redução na temperatura de queima dos blocos nos fornos das indústrias
ceramistas, acarretando em uma possível economia de energia;
b) quando a estação de tratamento de resíduos sólidos da ETA 006 entrar em
operação, então verificar a possibilidade de substituir os ensaios realizados nos
corpos-de-prova cilíndricos por ensaios nos corpos-de-prova de vedação;
c) levantar os custos operacionais e os possíveis impactos ambientas se por ventura
o lodo da ETA 006 tivesse como destinação a rede coletora de esgoto;
d) realizar ensaios de incorporação do lodo de ETA, com diferentes percentuais,
junto ao concreto;
e) realizar a caracterização mineralógica e a distribuição granulométrica do lodo da
ETA 006 para servir de anteparo na correta destinação do lodo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2004.
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Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Disponível
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Resíduos Sólidos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
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