Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
a
27 Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) – Belém
Brasil Plural: Conhecimentos, Saberes Tradicionais e Direitos à Diversidade
01 a 04 de agosto de 2010, Belém - PA
Grupos de Trabalho
Título/Coordenadores/Debatedor
1. Instituições estatais e "famílias": práticas de gestão, moralidades e estratégias
Coordenadores: Adriana de Resende Barreto Vianna (UFRJ) e Maria Gabriela Lugones (Universidad Nacional de Cordoba - Argentina)
Resumo:
A proposta desse GT é discutir pesquisas que abordem a interface entre instituições estatais, em sentido amplo, e configurações “familiares”. Sem
naturalizar, porém, nenhum desses dois pólos – as instituições ou as “famílias” – pretende agregar trabalhos que venham lidando com as formas variadas
de ordenação de relações sociais a partir do eixo moral da “família” e seus correlatos (“crianças”, “maternidade” etc).
O complexo cenário contemporâneo dos “direitos”, em especial dos “Direitos Humanos” e suas especificações é tomado, nesse cenário, como
especialmente importante, na medida em que produz um horizonte normativo e de constrangimentos que modula as possibilidades dessas gestões.
Atuações judiciais, serviços de assistência, políticas públicas e ações administrativas apresentam-se como focos produtivos, embora não exclusivos, para
pensar as práticas de gestão dessas relações, levantando questões que consideramos relevantes para discussão: que configurações podem ser tomadas
como especialmente “problemáticas” e objeto, portanto, de tais intervenções? Como se negociam e se elaboram estratégias de comprometimento entre os
sujeitos implicados? Quais os limites sociais reconhecidos como legítimos para que uma dada rede de pessoas possa ser tomada como “família”? De que
modo a unidade moral da “família” em suas variações e composições é acionada por atores sociais em situações de reivindicação de seus “direitos” e de
suas pretensões de reconhecimento social?
7. Licenciamento ambiental de grandes obras como objeto de análise e lugar do ofício antropológico: etnografia reflexiva de poderes e engajamentos
Coordenadores: Ana Maria Daou (UFRJ) e Henyo Trindade Barretto Filho (IIEB)
Debatedor: Maristela de Paula Andrade (UFMA)
Resumo:
A Constituição Federal exige estudos prévios de impacto ambiental para instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de degradação
ambiental. O impulso dado ao Programa de Aceleração do Crescimento, que corresponde a certa inserção do Brasil na ordem econômica internacional
(produtor de commodities de baixo input tecnológico), e a orientação nacional desenvolvimentista do atual governo, em que o Estado atua como indutor
(entre outras formas, por meio da viabilização de infraestrutura à escala continental, via IIRSA), se por um lado ameaça territórios étnicos e recursos
sobre os quais temos direitos coletivos difusos (ar, água, florestas, processos ecossistêmicos), por outro tem levado à crescente participação de
antropólogos em equipes multidisciplinares que realizam tais estudos de impactos, com a tarefa de dar conta da "dimensão socioeconômica" destes.
Considerando, ademais, a contribuição analítica da antropologia brasileira sobre esse tema (os estudos de Sigaud sobre efeitos sociais de projetos
hidrelétricos e de Lopes sobe a ambientalização de conflitos sociais),o GT acolherá trabalhos que etnografem e analisem, de modo reflexivo, a
participação de antropólogos em procedimentos de licenciamento ambiental de grandes empreendimentos, seja na realização de estudos de impacto
ambiental, seja em outras funções regulamentadas ou não do licenciamento (mediação de conflito, negociação com grupos afetados, implementação de
programas sociais e ambientais etc).
8. Imagens e sociabilidades
Coordenadores: Andréa Claudia Miguel Marques Barbosa (UNIFESP) e Clarice Ehlers Peixoto (UERJ)
Resumo:
Sociabilidade, inspirada em Simmel, é um tipo de interação na qual a forma desempenha um papel mais importante que seu conteúdo, sendo assim
fundamental para entendermos as possibilidades concretas das relações sociais. Apesar de destituída de racionalidade, ela é significativa pois se
desenvolve na experiência cotidiana dos indivíduos, incorporando as possibilidades oferecidas na prática social e operando na composição das redes de
relação. Haverá sempre, em algum lugar, uma interseção das mais diversas situações sociais ainda que encontremos uma diversidade das relações
sociais, uma segmentação das redes e uma segregação dos papéis. Pensando as imagens e os discursos imagéticos, produzidos ou analisados pelo
antropólogo, como artefatos culturais capazes de ajudar a compreender como os homens constroem sua relação com o mundo, este GT pretende ser um
forum importante para o debate de trabalhos que tenham no horizonte a utilização das imagens e suas linguagens como provocadoras de questões para
lidar com estratégias e práticas de sociabilidade construídas por indivíduos e grupos. As imagens e suas linguagens são, assim, entendidas na sua
dimensão relacional tanto no que se referem à sua inserção na esfera da experiência cotidiana quanto na esfera reflexiva como construtoras de sentido.
As pesquisas com imagens indicam uma reflexão sobre a realidade, mas sobretudo, uma possibilidade de expressão do lugar do indivíduo construído a
partir delas. Imagens que nutrem a imaginação
9. Parentesco, processos políticos e ecologia doméstica: etnografia dos povos indígenas em contextos coloniais, neocoloniais e pós-coloniais
Coordenadores: Fabio Mura (UFPB) e Andrey Cordeiro Ferreira (LACED-MN)
Resumo:
Historicamente a antropologia tem dado grande destaque ao estudo do parentesco, com predomínio de uma óptica normativa. O parentesco foi visto
especialmente como um fator a partir do qual a estrutura social se ordena, expressando o predomínio seja das regras sobre a escolha individual, seja do
pensamento e das representações sobre a ação social. Desta forma, foram apresentadas imagens do mundo social baseadas no equilíbrio, na ordem e nas
simetrias relacionais.
Sob outra perspectiva, pretendemos focalizar o parentesco a partir de condições sociais e materiais historicamente definidas. Centrar-nos-emos sobre os
processos gerativos das normas, bem como sobre suas variações, decorrentes da própria interação social, inclusive em situações de dominação. O
parentesco aparece, assim, como um fator fundamental para a organização e a articulação política dos grupos domésticos, em virtude da combinação de
múltiplas variáveis: técnico-econômicas, ecológicas, cosmológicas, políticas, territoriais etc.
Privilegiando-se uma leitura processualista , objetiva-se incentivar o debate sobre como essas relações de parentesco e configurações de grupos
domésticos podem ser operacionalizadas em contextos urbanos e rurais, sobre seu papel nas atividades rituais, políticas e técnico-econômicas, e no
desenvolvimento das tradições de conhecimento. Assim, busca-se compreender como os povos indígenas se constroem em diferentes contextos
coloniais, neocoloniais e pós-coloniais.
12. Relações de alteridade e a produção das desigualdades: uma perspectiva sul sul
Coordenadores: Wilson Trajano Filho (UnB) e Antonio Motta (UFPE)
Debatedor: Livio Sansone (UFBA)
Resumo:
Partimos da idéia de que há uma relação de mútua constituição entre lugares, histórias, pessoas e grupos. Um lugar não é um ponto localizável
objetivamente numa grade espacial abstrata. É uma âncora que sustenta, dá sentido e emoldura as interações concretas que se desdobram num fluxo
temporal entre pessoas e grupos. O lugar é uma construção social que resulta na fixação de um ou mais sujeitos sociais nos eixos do espaço e do tempo.
A constituição dos lugares é uma atividade central na construção das narrativas que enquadram o passado, o presente e o futuro. Nosso mundo do aqui e
agora e o devir que projetamos para nós e para os outros estão irremediavelmente associados aos lugares que criamos, muito do que somos são os
lugares que imaginamos. O laço entre os sentimentos de pertencimento, que se cristalizam em identidades sociais, e os lugares, que assumem formas
diferenciadas como territórios concretos ou imaginados, centros de convergência regular de pessoas e grupos, portais de passagem, ou pontos ansiados
de partida ou de chegada, é obrigatório e, na sua generalidade, imperioso. Esperamos por contribuições que analisem os laços entre pessoas, grupos e
lugares ou entre territórios e identidades em contextos sociais, culturais e históricos diferenciados. Trabalhos com boa fundamentação etnográfica sobre
as realidades pós-coloniais africanas e de outras partes do mundo e sobre a relação de mútua constituição entre lugares, pessoas e grupos no mundo pós-
colonial.
14. Entre a informalidade e a legitimidade: abordagens etnográficas de mercados ilegais, práticas comerciais e transformações urbanas
Coordenadores: Brigida Renoldi (Universidad Nacional de Misiones - Argentina) e Lenin dos Santos Pires (UFF)
Resumo:
Estaremos recebendo propostas de comunicações sobre práticas ilegais, cuja analise se focalize nas formas de produção, circulação e consumo de
mercadorias (lícitas ou não), assim como nas ações institucionalizadas que as controlam. A partir de abordagens etnográficas, interessa-nos pôr em
discussão o conceito de “informalidade” e avaliar sua pertinência analítica para a estreita relação entre regras, práticas econômicas e instituições de
controle, ampliando as leituras centradas nas categorias de “legalidade” e “ilegalidade”. Nosso objetivo é apresentar e discutir aqueles aspectos que a
rubrica “informal” torna visíveis: as formas em que se desenvolvem essas atividades e seus processos de institucionalização, os mecanismos de
circulação e comercialização de mercadorias e serviços, os conceitos de Estado presentes nesses contextos, as lógicas de espacialização das atividades, a
sociabilidade baseada em relações de confiança e de favores, os múltiplos discursos morais predominantes, os processos de legitimação e impugnação
das atividades realizadas, entre outros aspectos.
23. Conhecimento, criatividade e os efeitos dos direitos culturais e intelectuais entre povos amazônicos
Coordenadores: Edilene Coffaci de Lima (UFPR) e Marcela Stockler Coelho de Souza (UnB)
Debatedor: Manuela Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago e CEBRAP)
Resumo:
Nas últimas décadas, diversas práticas e conhecimentos de povos e comunidades ditos "tradicionais" – indígenas, seringueiros, ribeirinhos etc. – vêm se
tornando objeto de interesse e adquirindo projeção extra-local, emergindo ao mesmo tempo como “emblemas” de identidades específicas, de um ponto
de vista tanto externo quanto interno. Por meio da proliferação de materiais audiovisuais, da performação de rituais, da divulgação de padrões gráficos,
do reconhecimento e marketing da origem de seus produtos, essas "culturas" vêm adquirindo uma visibilidade que, inseparável das políticas identitárias
e dos contextos interétnicos de sua afirmação, incide sobre o entendimento de suas formas de conhecimento e criatividade. Em tal contexto, não faltam
controvérsias sobre a natureza dos conhecimentos tradicionais e sobre como (e se) os instrumentos jurídicos de reconhecimento de propriedade cultural e
intelectual poderiam protegê-los. Seriam, por exemplo, esses conhecimentos, por definição, coletivos, ainda que, freqüentemente, sejam de fato
especializados? Como equacionar as compreensões nativas quanto à autoria de (e autoridade sobre) práticas e conhecimentos, e a compreensão jurídica
dos direitos culturais e intelectuais? A partir da discussão de casos etnográficos específicos, interessa-nos pensar os efeitos sociais e políticos dos
arranjos em andamento, procurando entender como esses novos processos sociais afetam os regimes de conhecimento e criatividade nativos.
35. Repensando a antropologia da arte: imagens, objetos, técnicas e apropriações simbólicas em contextos de transformação
Coordenadores: Sergio Baptista da Silva (UFRGS) e Guillermo Wilde (UNSAM)
Debatedor: Els Lagrou (UFRJ)
Resumo:
A Antropologia da arte, tanto por meio da análise de elementos formais como através da reconstrução do contexto cultural, procurou tornar inteligível a
produção e circulação dos objetos visuais e sonoros, a partir de uma indagação sobre sua natureza e as características de sua eficácia simbólica e ritual.
No contexto atual do conhecimento, colocam-se novos desafios, como os relacionados aos limites da categoria estética para a abordagem destas
manifestações ou às modalidades nativas de construção e apropriação de conhecimentos e objetos. Neste quadro, a Antropologia da imagem vem
desempenhando um importante papel na compreensão dos variados tipos de imagens (materiais, visuais, poéticas, narrativas, virtuais, rituais, mito-
cosmológicas) associadas entre si.
A partir da discussão de casos específicos, este GT propõe-se a: identificar problemas conceituais que busquem a compreensão das produções estéticas
indígenas e tradicionais; introduzir a discussão sobre as produções visuais e sonoras indígenas e tradicionais no marco de sistemas de transmissão de
conhecimento; discutir problemáticas vinculadas com a lógica de produção, circulação e apropriação de objetos em contextos globalizados,
especialmente os relacionados ao turismo étnico; refletir sobre disputas em torno da “autenticidade” e dos espaços de exposição; sobre compreensões
nativas da materialidade e uso de tecnologias; e sobre relações entre artistas, antropólogos e membros de coletivos indígenas e tradicionais.
40. Sensibilidades jurídicas e sentidos de justiça na contemporaneidade: interlocução entre antropologia e direito
Coordenadores: Kátia Sento Sé Mello (UFRJ) e Jacqueline Sinhoretto (UFSCAR)
Debatedor: Fabio Reis Mota (UFF)
Resumo:
Este Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisas etnográficas que analisem os repertórios discursivos e práticas sociais de grupos que buscam acesso a
direitos, seja do ponto de vista institucional ou por meio de instâncias não propriamente formais. Serão aceitas comunicações que abordem temas como:
sensibilidades jurídicas; sentidos de justiça; demandas por direitos diferenciados; administração de conflitos; gramáticas, regras e teses morais que
informam o Direito em sociedades complexas; efeitos e ambigüidades de reformas legais e institucionais; profissionalização de agentes e operadores do
sistema de justiça, etc. A partir da década de 1990, a interface entre Antropologia e Direito se consolidou como espaço acadêmico e, no Brasil,
antropólogos têm tanto pesquisado temas antes considerados exclusivos do Direito, quanto atuado como peritos, em órgãos Estatais ou organizações
não-governamentais. Diante das distinções entre o fazer antropológico e o saber jurídico, no entanto, essa interlocução ainda desafia a produção
acadêmico-científica. A interface entre estes campos de saber tem contribuído para explicitar as diferenças entre sistemas de valores e significação
plurais, e como instrumento para elaboração de políticas públicas ou reformas legais e institucionais no campo da justiça. Nossa intenção é ampliar esse
debate e permitir interlocução também entre antropólogos que trabalham com questões empíricas distintas que tangenciam a antropologia jurídica.