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Grupos de Trabalho aprovados para

a
27 Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) – Belém
Brasil Plural: Conhecimentos, Saberes Tradicionais e Direitos à Diversidade
01 a 04 de agosto de 2010, Belém - PA

Grupos de Trabalho

Título/Coordenadores/Debatedor
1. Instituições estatais e "famílias": práticas de gestão, moralidades e estratégias
Coordenadores: Adriana de Resende Barreto Vianna (UFRJ) e Maria Gabriela Lugones (Universidad Nacional de Cordoba - Argentina)
Resumo:
A proposta desse GT é discutir pesquisas que abordem a interface entre instituições estatais, em sentido amplo, e configurações “familiares”. Sem
naturalizar, porém, nenhum desses dois pólos – as instituições ou as “famílias” – pretende agregar trabalhos que venham lidando com as formas variadas
de ordenação de relações sociais a partir do eixo moral da “família” e seus correlatos (“crianças”, “maternidade” etc).
O complexo cenário contemporâneo dos “direitos”, em especial dos “Direitos Humanos” e suas especificações é tomado, nesse cenário, como
especialmente importante, na medida em que produz um horizonte normativo e de constrangimentos que modula as possibilidades dessas gestões.
Atuações judiciais, serviços de assistência, políticas públicas e ações administrativas apresentam-se como focos produtivos, embora não exclusivos, para
pensar as práticas de gestão dessas relações, levantando questões que consideramos relevantes para discussão: que configurações podem ser tomadas
como especialmente “problemáticas” e objeto, portanto, de tais intervenções? Como se negociam e se elaboram estratégias de comprometimento entre os
sujeitos implicados? Quais os limites sociais reconhecidos como legítimos para que uma dada rede de pessoas possa ser tomada como “família”? De que
modo a unidade moral da “família” em suas variações e composições é acionada por atores sociais em situações de reivindicação de seus “direitos” e de
suas pretensões de reconhecimento social?

2. A transnacionalização dos vínculos amoroso/sexuais e familiares


Coordenadores: Adriana Piscitelli (UNICAMP) e Sidney Antonio da Silva (UFAM)
Debatedor: Parry Scott (UFPE)
Resumo:
A produção antropológica vem prestando atenção aos efeitos dos deslocamentos através das fronteiras nas dinâmicas das relações sociais e na produção
de subjetividades. Esse interesse se expressa nos trabalhos que contemplam questões vinculadas a etnicidade, cosmopolitismo, transnacionalização e
gênero. A proposta deste GT é avançar nessas discussões considerando movimentos de população no sentido Sul-Sul e também entre países do Norte e
do Sul, abarcando diversas modalidades de turismo e de migração regular e irregular para trabalhar em diferentes setores de atividade, inclusive a
indústria do sexo. Nosso interesse é centrar-nos em um aspecto particular: os efeitos (materiais e simbólicos) desses deslocamentos nos relacionamentos
amoroso/sexuais e nas configurações de parentalidade e parentesco, através da discussão de pesquisas que respondam alguma das seguintes questões:
Qual é a relação entre essas circulações e as alterações nas conformações dos mercados sexuais e matrimoniais? Como gênero permeia essas dinâmicas?
Quais são as implicações desses movimentos de população na conformação de “famílias transnacionais”, nas relações de parentalidade e nas relações de
parentesco acionadas nos países de destino e nos locais emissores? Como esses deslocamentos afetam as diferentes gerações envolvidas? Como essas
implicações afetam a produção de subjetividades e re-configurações identitarias?

3. Etnografias do capitalismo contemporâneo


Coordenadores: Guilhermo Raul ruben (UNICAMP) e Alicia Ferreira Gonçalves (UFPB)
Debatedor: Alcides Fernando Gussi (UFC)
Resumo:
O Grupo de Trabalho Etnografias do Capitalismo Contemporâneo propõe congregar etnografias que revelam as diversas facetas do capitalismo
contemporâneo, que se enraízam historicamente nos estilos de gestão e estratégias políticas delineadas nas organizações públicas, privadas e
transnacionais. O Grupo tem sua gênese do Programa Estilos de Antropologia, da UNICAMP, coordenado pelos professores Cardoso de Oliveira e
Guilhermo Ruben na década de 80 que, inspirados em Granger, resgatam a noção de estilo. Esta noção transplantada ao universo das organizações seria
a idéia matriz para a constituição do Grupo coordenado por Ruben desde o final dos anos 1980. A princípio restritos ao Grupo na Unicamp, os objetos e
os conceitos teóricos replicam-se hoje em diversas instituições de ensino e pesquisa tanto no Brasil (UFF, PUC- RS, USP, UFC, UFPB) como fora das
fronteiras nacionais (Sevilla, Argentina e Canadá), o que mostra o aumento exponencial desse campo de estudos. Ressalta-se também que, com isso,
novos focos empíricos foram agregados, como as organizações em economia solidária e microfinanças. Neste sentido, o presente GT propõe aglutinar
pesquisas empíricas realizadas em organizações públicas, privadas, transnacionais, empreendimentos econômicos solidários, cooperativas, sindicatos,
ong´s e instituições de microfinanças, que revelam diversas facetas, contradições, e dilemas do capitalismo contemporâneo, mediado, historicamente,
pela cultura e enraizado na tradição local.

4. Turismo, cultura e sociedade- tradição e modernidade


Coordenadores: Margarita Barretto (FURB) e Alvaro Banducci Júnior (UFMS)
Resumo:
O turismo é atualmente um dos principais agentes de mobilidade humana, tanto em âmbito regional quanto internacional, tendo-se constituído num
poderoso mecanismo promotor de interação e de mudanças sociais e culturais. No Brasil, os estudos antropológicos sobre o tema da viagem e do turismo
têm se intensificado e, com isso, consolidado um aporte original nos estudos sobre deslocamentos e contato cultural. A ênfase nas pesquisas deu-se,
sobretudo, em relação a temas como a identidade, o patrimônio, o ambiente, o diálogo intercultural e a etnicidade. Superando as discussões sobre
autenticidade, que nortearam os debates sobre o tema até a década de 1990, muitas pesquisas têm se direcionado para análise da relação dialógica entre
tradição e modernidade, em que a primeira, comumente reinventada no contexto do turismo, ganha legitimidade e é valorizada por visitantes ávidos por
referências locais. Do mesmo modo, a teoria dos impactos começa a dar lugar a análises centradas nos conceitos de hibridismo cultural e reflexividade,
no intuito de melhor compreender a relação dos visitantes com os moradores do lugar visitado. Desta forma, o objetivo do grupo é reunir pesquisadores e
pesquisadoras para aprofundar a reflexão, a partir dos estudos sobre viagem e turismo, acerca de temas como mudança cultural, patrimônio, tradição e
modernidade, etnicidade, além das interfaces do turismo com fenômenos sociais tais como migração, peregrinação, comunicação, educação, entre
outros.

5. Dinâmicas criminais e dispositivos de controle


Coordenadores: Antonio Carlos Rafael Barbosa (UFF) e Ana Cláudia marques (USP)
Debatedor: jorge mattar villela (UFSCAR)
Resumo:
Este grupo de trabalho busca promover a articulação de pesquisas que abordem o tema da criminalidade em suas diversas manifestações, assim como as
diferentes formas de controle social e político de grupos e coletivos a partir da criminalização de suas práticas. Nosso objetivo é estimular a discussão
sobre o conceito de “crime” a partir do cruzamento de duas linhas de argumentação. A primeira diz respeito às estratégias dos atores que praticam tais
atividades, bem como as formas de organização voltadas a sua realização (partidos, facções, quadrilhas e comandos). A segunda linha de pesquisa diz
respeito aos mecanismos de controle das práticas criminais e abrange não somente suas formas institucionais (prisões, instituições de internação de
jovens, entre outras), como também as práticas de controle não institucionalizadas ou mesmo que extrapolam a área das políticas de segurança. Neste
caso, trata-se da intersecção de ações consideradas criminosas com questões de saúde pública (no caso de consumo de drogas), de políticas sociais
(relacionadas à população em situação de risco), de práticas pedagógicas (no tocante às escolas penitenciárias), de políticas eleitorais (nas discussões
acerca da corrupção, nepotismo), entre outras. Privilegiaremos, sobretudo, trabalhos resultantes de pesquisa de campo, que considerem o ponto de vista
dos interlocutores. Igualmente, buscaremos contribuir para a reflexão acerca dos dilemas éticos, morais e políticos envolvidos nas pesquisas sobre o
tema.

6. Direitos humanos, práticas de justiça e diversidade cultural


Coordenadores: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP) e Claudia Lee Williams Fonseca (UFRGS)
Resumo:
A retórica dos "direitos humanos" constitui um dos discursos políticos mais importantes de nosso cenário contemporâneo, ensejando projetos e frentes
de transformação social e suscitando o engajamento acadêmico, moral e político de vários agentes e agências. Muitos trabalhos antropológicos têm
discutido as inter-relações entre direitos humanos, práticas de justiça e diversidade cultural. Esses trabalhos têm destacado a atuação de instituições de
proteção e promoção dos direitos humanos, seus projetos e efeitos, assim como a multiplicidade de práticas, sentidos de justiça e de dignidade humana
elaborados à luz de experiências sociais particulares de agentes diversos. Este GT pretende reunir trabalhos dessa natureza, com vistas a criar um fórum
de debates voltado para a interface entre direitos humanos, práticas de justiça e diversidade cultural, dando especial atenção às relações entre projetos de
promoção e proteção dos direitos humanos e sensibilidades jurídicas particulares.

7. Licenciamento ambiental de grandes obras como objeto de análise e lugar do ofício antropológico: etnografia reflexiva de poderes e engajamentos
Coordenadores: Ana Maria Daou (UFRJ) e Henyo Trindade Barretto Filho (IIEB)
Debatedor: Maristela de Paula Andrade (UFMA)
Resumo:
A Constituição Federal exige estudos prévios de impacto ambiental para instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de degradação
ambiental. O impulso dado ao Programa de Aceleração do Crescimento, que corresponde a certa inserção do Brasil na ordem econômica internacional
(produtor de commodities de baixo input tecnológico), e a orientação nacional desenvolvimentista do atual governo, em que o Estado atua como indutor
(entre outras formas, por meio da viabilização de infraestrutura à escala continental, via IIRSA), se por um lado ameaça territórios étnicos e recursos
sobre os quais temos direitos coletivos difusos (ar, água, florestas, processos ecossistêmicos), por outro tem levado à crescente participação de
antropólogos em equipes multidisciplinares que realizam tais estudos de impactos, com a tarefa de dar conta da "dimensão socioeconômica" destes.
Considerando, ademais, a contribuição analítica da antropologia brasileira sobre esse tema (os estudos de Sigaud sobre efeitos sociais de projetos
hidrelétricos e de Lopes sobe a ambientalização de conflitos sociais),o GT acolherá trabalhos que etnografem e analisem, de modo reflexivo, a
participação de antropólogos em procedimentos de licenciamento ambiental de grandes empreendimentos, seja na realização de estudos de impacto
ambiental, seja em outras funções regulamentadas ou não do licenciamento (mediação de conflito, negociação com grupos afetados, implementação de
programas sociais e ambientais etc).

8. Imagens e sociabilidades
Coordenadores: Andréa Claudia Miguel Marques Barbosa (UNIFESP) e Clarice Ehlers Peixoto (UERJ)
Resumo:
Sociabilidade, inspirada em Simmel, é um tipo de interação na qual a forma desempenha um papel mais importante que seu conteúdo, sendo assim
fundamental para entendermos as possibilidades concretas das relações sociais. Apesar de destituída de racionalidade, ela é significativa pois se
desenvolve na experiência cotidiana dos indivíduos, incorporando as possibilidades oferecidas na prática social e operando na composição das redes de
relação. Haverá sempre, em algum lugar, uma interseção das mais diversas situações sociais ainda que encontremos uma diversidade das relações
sociais, uma segmentação das redes e uma segregação dos papéis. Pensando as imagens e os discursos imagéticos, produzidos ou analisados pelo
antropólogo, como artefatos culturais capazes de ajudar a compreender como os homens constroem sua relação com o mundo, este GT pretende ser um
forum importante para o debate de trabalhos que tenham no horizonte a utilização das imagens e suas linguagens como provocadoras de questões para
lidar com estratégias e práticas de sociabilidade construídas por indivíduos e grupos. As imagens e suas linguagens são, assim, entendidas na sua
dimensão relacional tanto no que se referem à sua inserção na esfera da experiência cotidiana quanto na esfera reflexiva como construtoras de sentido.
As pesquisas com imagens indicam uma reflexão sobre a realidade, mas sobretudo, uma possibilidade de expressão do lugar do indivíduo construído a
partir delas. Imagens que nutrem a imaginação

9. Parentesco, processos políticos e ecologia doméstica: etnografia dos povos indígenas em contextos coloniais, neocoloniais e pós-coloniais
Coordenadores: Fabio Mura (UFPB) e Andrey Cordeiro Ferreira (LACED-MN)
Resumo:
Historicamente a antropologia tem dado grande destaque ao estudo do parentesco, com predomínio de uma óptica normativa. O parentesco foi visto
especialmente como um fator a partir do qual a estrutura social se ordena, expressando o predomínio seja das regras sobre a escolha individual, seja do
pensamento e das representações sobre a ação social. Desta forma, foram apresentadas imagens do mundo social baseadas no equilíbrio, na ordem e nas
simetrias relacionais.
Sob outra perspectiva, pretendemos focalizar o parentesco a partir de condições sociais e materiais historicamente definidas. Centrar-nos-emos sobre os
processos gerativos das normas, bem como sobre suas variações, decorrentes da própria interação social, inclusive em situações de dominação. O
parentesco aparece, assim, como um fator fundamental para a organização e a articulação política dos grupos domésticos, em virtude da combinação de
múltiplas variáveis: técnico-econômicas, ecológicas, cosmológicas, políticas, territoriais etc.
Privilegiando-se uma leitura processualista , objetiva-se incentivar o debate sobre como essas relações de parentesco e configurações de grupos
domésticos podem ser operacionalizadas em contextos urbanos e rurais, sobre seu papel nas atividades rituais, políticas e técnico-econômicas, e no
desenvolvimento das tradições de conhecimento. Assim, busca-se compreender como os povos indígenas se constroem em diferentes contextos
coloniais, neocoloniais e pós-coloniais.

10. Centralidade de gênero em povos indígenas


Coordenadores: Angela sacchi (FUNAI) e Maria Helena Ortolan Matos (UFAM)
Debadotor: Márcia Gramkow (GTZ/UnB)
Resumo:
Em determinados povos indígenas há uma diferenciação de gênero bastante marcada nos distintos âmbitos de suas agências, em outros se modificam em
decorrência de transformações das próprias culturas e do maior ou menor contato com a sociedade nacional. Tais mudanças interferem nos papéis
atribuídos tradicionalmente a homens e mulheres, como também em muitos aspectos da organização social indígena.
O GT pretende ser um espaço de análise da centralidade de gênero no universo indígena, refletindo sobre o (re)posicionamento do masculino e feminino
decorrente da promoção dos direitos indígenas, do acesso à educação formal, de práticas econômicas, de relações matrimoniais interétnicas, das
experiências das mulheres no espaço público político e no movimento indígena, da participação em projetos de políticas públicas, da ocorrência de novas
formas de violências, da migração aos centros urbanos, entre outras.
A dinâmica do GT integra a reflexão das mulheres indígenas, participantes do GT, no enfrentamento dessas questões, em diálogo com a antropologia de
gênero e a etnologia indígena, tendo como debatedoras antropólogas de campos e lugares diversos - Márcia Gramkow/GTZ, Rita Segato/UnB e Patrícia
Rodrigues

11. Antropologia da criança: reconhecendo conhecimentos e saberes infantis


Coordenadores: Antonella Maria Imperatriz Tassinari (UFSC) e Clarice Cohn e (UFSCAR)
Debatedora: Angela Nunes (Universidade de Minho - Portugal)
Resumo:
Nas últimas décadas, vem ganhando corpo a perspectiva da Antropologia da Criança que propõe reconhecer as crianças como agentes e produtores de
culturas, tanto na construção e consolidação de relações sociais, como na sua contínua produção de sentidos e significados, em contraposição ao
tratamento da criança como ser incompleto, a ser “socializado” ou “enculturado”. Com o pressuposto de que as crianças são interlocutoras privilegiadas
para a compreensão de certos aspectos da sociedade e da cultura, os quais são obliterados pelas concepções adultas, pesquisas com crianças têm
aumentado tanto em número como em relevância etnográfica e analítica. Diversos contextos têm sido analisados: crianças indígenas, camponesas,
urbanas, de classes médias ou populares, abrigadas, em situação de risco, em situação de rua, crianças que reagem às políticas públicas que lhe são
endereçadas, crianças escolarizadas, crianças trabalhadoras.
A proposta deste GT é congregar pesquisas recentes com esta perspectiva, abarcando: estudos atentos à agência e à produção de sentidos e concepções
das crianças; análises que discutem noções sociais de infância; ou que exercitem reflexões metodológicas e teórico-analíticas sobre a pesquisa com
crianças. Considerando o tema particular desta RBA, pretende-se dar destaque ao tema dos conhecimentos, saberes e processos de aprendizagem
articulados por crianças.

12. Relações de alteridade e a produção das desigualdades: uma perspectiva sul sul
Coordenadores: Wilson Trajano Filho (UnB) e Antonio Motta (UFPE)
Debatedor: Livio Sansone (UFBA)
Resumo:
Partimos da idéia de que há uma relação de mútua constituição entre lugares, histórias, pessoas e grupos. Um lugar não é um ponto localizável
objetivamente numa grade espacial abstrata. É uma âncora que sustenta, dá sentido e emoldura as interações concretas que se desdobram num fluxo
temporal entre pessoas e grupos. O lugar é uma construção social que resulta na fixação de um ou mais sujeitos sociais nos eixos do espaço e do tempo.
A constituição dos lugares é uma atividade central na construção das narrativas que enquadram o passado, o presente e o futuro. Nosso mundo do aqui e
agora e o devir que projetamos para nós e para os outros estão irremediavelmente associados aos lugares que criamos, muito do que somos são os
lugares que imaginamos. O laço entre os sentimentos de pertencimento, que se cristalizam em identidades sociais, e os lugares, que assumem formas
diferenciadas como territórios concretos ou imaginados, centros de convergência regular de pessoas e grupos, portais de passagem, ou pontos ansiados
de partida ou de chegada, é obrigatório e, na sua generalidade, imperioso. Esperamos por contribuições que analisem os laços entre pessoas, grupos e
lugares ou entre territórios e identidades em contextos sociais, culturais e históricos diferenciados. Trabalhos com boa fundamentação etnográfica sobre
as realidades pós-coloniais africanas e de outras partes do mundo e sobre a relação de mútua constituição entre lugares, pessoas e grupos no mundo pós-
colonial.

13. Antropologia do esporte: abordagens teórico-metodológicas do estudo das práticas esportivas


Coordenadores: Arlei Sander Damo (UFRGS) e Luiz Fernando Rojo Mattos (UFF)
Debatedor: Simoni Lahud Guedes (UFF)
Resumo:
Desde o ensaio seminal de Marcel Mauss, publicado na década de 1930, as práticas corporais têm sido objeto de interesse antropológico. Parte
importante destas práticas estão relacionadas aos jogos em sociedades tradicionais e aos esportes nas sociedades modernas. Ao longo do século XX, as
práticas esportivas tiveram expressivo desenvolvimento, em número de praticantes, extensão geográfica e na diversificação das modalidades. A partir da
década de 1980, os estudos até então esporádicos tornaram-se mais sistemáticos, com a incorporação da contribuição advinda do campo dos rituais e da
performance, mas também da política, da economia e da religião. Isto possibilitou o desenvolvimento de uma reflexão pautada por pesquisas com ênfase
na etnografia das práticas e dos espetáculos esportivos. A antropologia brasileira e sulamericana têm levado a sério o desafio de compreender a
especificidade esportiva, oportunizando a realização de GTs em eventos tais como a ABA (2000, 2002, 2004 e 2006) e RAM (2001, 2003, 2005, 2007 e
2009). Nestes espaços temos refinado o diálogo, permitindo a renovação de algumas temáticas antropológicas clássicas (construção de identidades
sociais, etnicidade, nacionalismo, estudos de gênero, por exemplo) e estimulado o debate interdisciplinar, dentro do próprio campo antropológico e para
além de suas fronteiras. A proposta deste GT, portanto, é a de possibilitar a manutenção e ampliação deste processo, servindo de suporte às pesquisas em
curso.

14. Entre a informalidade e a legitimidade: abordagens etnográficas de mercados ilegais, práticas comerciais e transformações urbanas
Coordenadores: Brigida Renoldi (Universidad Nacional de Misiones - Argentina) e Lenin dos Santos Pires (UFF)
Resumo:
Estaremos recebendo propostas de comunicações sobre práticas ilegais, cuja analise se focalize nas formas de produção, circulação e consumo de
mercadorias (lícitas ou não), assim como nas ações institucionalizadas que as controlam. A partir de abordagens etnográficas, interessa-nos pôr em
discussão o conceito de “informalidade” e avaliar sua pertinência analítica para a estreita relação entre regras, práticas econômicas e instituições de
controle, ampliando as leituras centradas nas categorias de “legalidade” e “ilegalidade”. Nosso objetivo é apresentar e discutir aqueles aspectos que a
rubrica “informal” torna visíveis: as formas em que se desenvolvem essas atividades e seus processos de institucionalização, os mecanismos de
circulação e comercialização de mercadorias e serviços, os conceitos de Estado presentes nesses contextos, as lógicas de espacialização das atividades, a
sociabilidade baseada em relações de confiança e de favores, os múltiplos discursos morais predominantes, os processos de legitimação e impugnação
das atividades realizadas, entre outros aspectos.

15. Arte e antropologia


Coordenadores: Caleb Faria Alves (UFRGS) e Lígia Dabul (UFF)
Resumo:
A arte tem sido dos temas mais importantes para a renovação da antropologia. Está presente nos textos clássicos, de Margareth Mead a Levi-Strauss, e
ultimamente vem ganhando novo estatuto. Aparece como foco central de investigação no percurso de muitos pesquisadores, sobretudo dos mais jovens,
voltado para variadas práticas artísicas – teatro, dança, música, literatura, artes visuais. Em boa medida essa renovação se deve à associação cada vez
mais frequente que esses estudos propõem entre arte e direitos humanos e entre arte e identidade, fazendo-os considerar comportamentos ligados ao fruir
e à formação artística. Muitos grupos minoritários ou emergentes manifestaram (ou elegeram) a arte como elemento crucial de sua existência social.
Reflexões a esse respeito não diminuem o vigor de discussões clássicas, como a que estabelece o lugar da arte enquanto processo por excelência de troca
simbólica, e a que atenta para a criação de práticas artísticas e produção de estéticas traspassadas por outras práticas sociais. Além disso a antropologia
aprofunda debates acerca dos nossos patrimônios estéticos, analisando a arte e o conhecimento sobre ela como itens de distinção social. Partindo desses
desdobramentos do enfoque da arte para o desenvolvimento da antropologia, o Grupo de Trabalho Arte e Antropologia pretende se deter em resultados
de investigações recentes, dando continuidade a discussões iniciadas noutros encontros e criando novas interlocuções entre pesquisadores.

16. Cultura material: retomadas e renovações


Coordenadores: Lucia Hussak Van Velthem (MPEG-SCUP/MCT) e Carlos Emanuel Sautchuk (UnB)
Resumo:
O propósito do GT é reunir pesquisas sintonizadas com a renovação das abordagens sobre cultura material, tendência manifesta em diferentes vertentes
da antropologia contemporânea. Em linhas gerais, trata-se de recolocar no cerne do horizonte antropológico as diversas manifestações da vida material,
evitando enquadrá-las a partir das dicotomias sujeito/objeto e cultura/natureza, e afastando os determinismos daí resultantes. Isto implica em repensar o
estatuto dos não humanos em geral, seus valores e significados, o que transforma o próprio estatuto do humano em alvo de exame, na medida em que as
relações com o mundo não humano não se distinguiriam a priori e fundamentalmente das relações sociais. Nesse âmbito, propõe-se debater a relação
entre humanos e não humanos em geral – artefatos, animais, vegetais etc. – com uma preocupação centrada nos processos técnicos. São convocados ao
diálogo nichos tradicionais da reflexão antropológica como a arte, a cosmologia, o ritual e as técnicas ditas utilitárias. Para tanto as ferramentas são
variadas, desde a ampliação da noção de agência, passando por habilidades (skills), biografia de objetos, cadeia operatória e transduções. Espera-se
assim estabelecer um fórum para o cruzamento de dados e reflexões oriundos de diferentes cenários etnográficos, como a etnologia indígena, as
pesquisas com as ditas populações tradicionais e inclusive aquelas focadas no ambiente urbano e nas situações de inovação técnica.

17. Arqueologia e memória social


Coordenadores: Carlos Etchevarne (UFBA) e Scott Allen (UFPE)
Debatedora: Conceição Lopes (Universidade de Coimbra)
Resumo:
Nos últimos tempos, a Arqueologia vem disponibilizando os resultados das suas pesquisas (notadamente através das escavações), que redundam, em
todos os casos, em artefatos e espaços nem sempre reconhecidos como parte de um passado ao qual os grupos sociais contemporâneos estão vinculados.
Neste GT pretende-se discutir, através de exemplos brasileiros e estrangeiros, os mecanismos atuantes nos processos de construção da memória social,
em especial aqueles que derivam diretamente da apropriação da cultura material (espaço e artefato) de grupos humanos pretéritos. Com esta expectativa,
serão apresentados casos em que os vestígios arqueológicos foram entendidos como um tipo de testemunho da materialidade cultural passada, passíveis
de serem apreendidos como elementos evocativos suficientemente fortes, de maneira a permitir, à população contemporânea, a elaboração de marcos de
referência sócio-históricos.

18. Corpos, sexualidades, identidades dissidentes: que direitos, quais desejos


Coordenadores: Carlos Guilherme Octaviano do Valle (UFRN) e Larissa Pelúcio (UNICAMP)
Resumo:
Nas Ciências Sociais no Brasil, os estudos que tratam das sexualidades dissidentes descolados de leituras patologizantes são recentes. Ainda há muito a
debater sobre a ética particular que rege as ações de pessoas cujas vidas são marcadas pela experiência social da abjeção. O sensível aumento da
visibilidade das sexualidades dissidentes tais como travestis, crossdressers, transexuais e intersex, evidenciou lutas e disputas sócio-político-culturais
bastante variadas. Muitos dos espaços conquistados permanecem ligados à dimensão patológica com poucos avanços relativos à legitimação do desejo
enquanto dimensão política, como a legalização da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Daí a importância de buscarmos um aprofundamento nos
debates sobre a nova ordem corporal e sexual e suas implicações éticas, estéticas e políticas. Assim, propomos um espaço de discussão de pesquisas
sócio-antropológicas que tratem das formas e modalidades de construção dos corpos por meio de determinados eixos de interpretação: gênero,
sexualidade e identidade. A partir de um amplo conjunto de experiências, espera-se promover a discussão e articular as pesquisas que enfoquem a
construção cultural e social dos corpos, das sexualidades e das identidades que poderiam ser consideradas dissidentes. Esperamos incentivar o debate
sobre a dimensão extremamente relacional e, portanto, política sobre saberes, representações, políticas e identidades corporais e sexuais existentes no
Brasil contemporâneo.

19. Quilombos: territorialidades específicas e conflitos


Coordenadores: Cintia Beatriz Muller (UFGD) e Rosa Elizabeth Acevedo Marin (UFPA)
Debatedor: Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEA)
Resumo:
O objetivo do GT consiste em refletir sobre os processos diferenciados de territorialização das comunidades remanescentes de quilombos e sobre os
obstáculos que tem sido colocados ao reconhecimento de seus direitos territoriais.A reestruturação formal do mercado de terras , a expansão do mercado
de commodities e grandes projetos governamentais tem criado condições de possibilidades para o surgimento de artifícios jurídicos e de mobilização de
parlamentares conservadores contra as conquistas das comunidades quilombolas. Pretende-se discutir os efeitos destas tentativas de flexibilização dos
direitos quilombolas, privilegiando realidades localizadas e as coalizões de interesses no plano nacional.

20. Etnografias de Eventos Críticos e Conflitivos no Brasil plural


Coordenadores: Telma Camargo da Silva (UFG) e Cornélia Eckert (UFGRS)
Resumo:
Na antropologia contemporânea, diferentes situações de crises, de conflitos, de riscos (sócio-ambientais, por exemplo) ou de violências que redundam
em tragédias são configuradas como eventos críticos e desastres. No Brasil, entre outros países, as situações de catástrofes, acidentes, calamidades,
criminalidades, corrupções, desempregos, etc, provocam impactos sociais, engendram traumas e sofrimentos que vitimam grupos e indivíduos.
Objetivamos refletir sobre as etnografias que relatam essas experiências de descontinuidade no cotidiano ou que analisam as estratégias de poder nas
ações mitigadoras. Focalizamos as ações e práticas, as narrativas, testemunhos e representações de habitantes em contextos urbanos, rurais ou indígenas.
Problematizamos as ações do Estado, ONGs, entidades diversas (igrejas, museus, sociedade civil) bem como a produção antropológica como projeto de
mediação e de análise. Algumas perguntas norteiam a reflexão: 1) Que conjunto de forças processam os “eventos críticos”? Em face das situações de
vulnerabilidade, quais as formas de sociabilidade e práticas sociais engendradas? Como diferentes memórias e narrativas são construídas no contexto de
poder que permeia os eventos críticos? Como etnografar as narrativas e testemunhos de populações vítimadas? Que aspectos éticos são relevantes ao
considerarmos o papel do antropólogo nesses contextos de conflito? Como analisar o desejo/impossibilidade de esquecer os traumas vivenciados nas
situações de crise?

21. Cultura, identidade e transformações sociais entre fronteiras


Coordenadores: Gabriel Omar Alvarez (UFG) e Cristhian Teofilo da silva (UnB)
Debatedor: Mireya Suárez (UnB)
Resumo:
O grupo de trabalho promoverá a discussão comparada e interdisciplinar de resultados de pesquisa sobre relações interétnicas, interculturais,
interregionais, internacionais e interestatais a partir das fronteiras, imaginadas ou concretas, do continente americano. Temas relacionados à identidade,
etnicidade e nacionalidade serão considerados à luz de práticas identitárias que assumem diversas formas de expressão como estratégias de acomodação
ou transformação social, por exemplo: mimetização, intercasamentos, manipulação de identidades, resistência cultural, luta por reconhecimento,
mobilização política, conflito, violência etc. Os trabalhos deverão partir do uso das fronteiras como noção para representar o caráter dinâmico de limites
simbolicamente produzidos e mantidos entre identidades, ideologias, culturas, cosmologias e temporalidades; ou como lugares concretos de contato,
mistura ou diferenciação entre grupos étnicos, Estados nacionais, frentes de expansão, blocos econômicos, áreas culturais, ambientes naturais, paisagens
etc. O GT compreenderá a "fronteira" como uma categoria analítica para a elucidação de dicotomias operativas de ordenamento, reordenamento e
transformação social de culturas e identidades no mundo contemporâneo e como uma categoria do pensamento, que se manifesta de formas diferentes
nos diversos grupos.

22. Biologia e cultura


Coordenadores: Cynthia Andersen Sarti (UNIFESP) e Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ)
Resumo:
Tradicionalmente consideradas pontos de vista opostos acerca do humano, a biologia e as ciências sociais parecem constituir o mais bem acabado
exemplo do dualismo que sustenta a cosmologia ocidental. É verdade que essa polaridade tem sido historicamente desafiada: pelo evolucionismo social
de Spencer, pela antropologia criminal de Lombroso, pela teoria da degeneração e pela eugenia e, mais recentemente, pela sociobiologia e pela
psicologia evolucionária, que pretendem explicar a “associação” humana a partir de fundamentos biológicos. Hoje, através das neurociências ou da
genética, assistimos a uma espécie de triunfo da interpretação biológica do comportamento social. Convivendo com esse triunfo, percebemos um
movimento no campo das ciências sociais que parece simetricamente inverso : um construtivismo radical em que social e biológico perdem sua
especificidade como esferas diferenciadas da vida humana. Nos dois casos, trata-se da dissolução de uma fronteira que, apesar de problemática, marcou
a própria concepção das ciências humanas (as Geisteswissenchaften, de Dilthey). Este GT pretende acolher trabalhos que explorem os diversos regimes
de polaridade e os termos da convivência entre os dois pontos de vista, de modo a fazer avançar a reflexão sobre os desdobramentos e impasses da
antropologia contemporânea, em particular, e das ciências humanas em geral, no estudo das questões relativas ao corpo, ao sofrimento e à doença.

23. Conhecimento, criatividade e os efeitos dos direitos culturais e intelectuais entre povos amazônicos
Coordenadores: Edilene Coffaci de Lima (UFPR) e Marcela Stockler Coelho de Souza (UnB)
Debatedor: Manuela Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago e CEBRAP)
Resumo:
Nas últimas décadas, diversas práticas e conhecimentos de povos e comunidades ditos "tradicionais" – indígenas, seringueiros, ribeirinhos etc. – vêm se
tornando objeto de interesse e adquirindo projeção extra-local, emergindo ao mesmo tempo como “emblemas” de identidades específicas, de um ponto
de vista tanto externo quanto interno. Por meio da proliferação de materiais audiovisuais, da performação de rituais, da divulgação de padrões gráficos,
do reconhecimento e marketing da origem de seus produtos, essas "culturas" vêm adquirindo uma visibilidade que, inseparável das políticas identitárias
e dos contextos interétnicos de sua afirmação, incide sobre o entendimento de suas formas de conhecimento e criatividade. Em tal contexto, não faltam
controvérsias sobre a natureza dos conhecimentos tradicionais e sobre como (e se) os instrumentos jurídicos de reconhecimento de propriedade cultural e
intelectual poderiam protegê-los. Seriam, por exemplo, esses conhecimentos, por definição, coletivos, ainda que, freqüentemente, sejam de fato
especializados? Como equacionar as compreensões nativas quanto à autoria de (e autoridade sobre) práticas e conhecimentos, e a compreensão jurídica
dos direitos culturais e intelectuais? A partir da discussão de casos etnográficos específicos, interessa-nos pensar os efeitos sociais e políticos dos
arranjos em andamento, procurando entender como esses novos processos sociais afetam os regimes de conhecimento e criatividade nativos.

24. A composição do social: coletando humanos e não-humanos


Coordenadores: Eduardo Viana Vargas (UFMG) e Guilherme José da Silva e Sá (UnB)
Resumo:
O adjetivo social é, como se sabe, uma das pedras de toque da antropologia. Recentemente o estatuto deste adjetivo vem sendo repensado à luz de
perspectivas teóricas que, genericamente, estão sendo denominadas de “antropologia da tradução”, “antropologia simétrica”, “teoria ator-rede”,
“sociologia das associações”. Repensar esse estatuto significa, entre outras coisas, não tomar o social como dado, ou como um domínio à parte, mas
colocar em evidência os movimentos de produção dos próprios laços sociais, ou seja, os processos mesmo de composição do social; significa, em suma,
não decidir de antemão onde passam as fronteiras entre o humano e o não humano ou o que conta e o que não conta como agente em matéria social. O
GT pretende dar continuidade e aprofundar as discussões iniciadas durante a XVI Reunião Brasileira de Antropologia realizada em Porto Seguro,
abrigando trabalhos que dialoguem crítica e propositivamente com essas alternativas, mas que, além disso, apresentem um caráter etnográfico, de modo
que o debate em torno da composição do social seja retomado de um modo mais ativo do que especulativo. Igualmente, este GT pretende desenvolver
suas atividades acolhendo trabalhos etnográficos que tratem das relações entre humanos e não-humanos em diferentes campos de pesquisa, trabalhos que
enfatizem os processos de associação e as distintas possibilidades de agência, trabalhos, enfim, que levem em conta as teorias nativas dos agentes
envolvidos.

25. Uma antropologia do ciberespaço e no ciberespaço


Coordenadores: Eliane Tania Freitas (UFRN) e Laura Graziela Figueiredo Fernandes Gomes (UFF)
Resumo:
O grupo de trabalho se propõe a refletir e discutir em dois planos distintos: os aspectos e experiências do ciberespaço e no ciberespaço. No primeiro
plano (do ciberespaço) os aspectos operacionais, tecnológicos e cognitivos presentes no consumo das diferentes plataformas online. Por que todo mundo
tem Orkut? Ou um blog? O que leva as pessoas a investirem mais em algumas plataformas do que em outras? Necessidade, acessibilidade, usabilidade
ou moda? No segundo plano (no ciberespaço), discutir fenômenos como as interações sociais que cada uma dessas plataformas promovem, suas
possibilidades, limites, efeitos sociais. O que seria valorizado, enfatizado em cada uma?
Assim, nosso GT se inscreve no campo de discussões especificamente voltado para uma Antropologia do Ciberespaço, da Cibercultura e do Consumo de
Tecnologias Digitais no mundo contemporâneo. Daremos especial ênfase a reflexões originadas de estudos etnográficos, inclusive com a necessária
problematização da prática de trabalho de campo online e da experiência etnográfica nela implicada. Tratar-se-ia de uma experiência singular, frente a
outras etnografia, realizadas offline? Em que medida e em quais aspectos? Assim, esperamos que o espaço do GT seja também um espaço para
discussões metodológicas no campo da nossa disciplina.
26. Povos indígenas e processos educativos: diálogos e tensões entre os processos próprios de aprendizagem e a educação estatal
Coordenador: Odair Giraldin (UFT) e Elizabeth Maria B. Coelho (UFMA)
Debatedor: Mariana Paladino (UFRJ)
Resumo:
Este GT propõe-se a acolher discussões relacionadas a investigações voltadas para processos próprios de educação presentes nas formas sociais de vida
dos diversos povos indígenas das Américas e suas relações com o processo de educação escolar implantados nas aldeias. A pesquisa antropológica já
realizada sobre diversos povos indígenas, sobretudo das terras baixas da América do Sul, reúne uma notável coleção de abordagens etnograficas que
permitem vislumbrar processos próprios de aprendizagem na formação dos novos sujeitos sociais. Em algumas etnografias é possível vislumbrar
também como esses processos se articulam com as experiências de escolarização em curso nas aldeias. Algumas questões se colocam nesse campo
temático que merecem maior aprofundamento. Uma delas refere-se a forma como os povos indígenas estão se relacionando com os processos de
escolarização, que na atualidade se afirmam como específicos e diferenciados e têm sofrido significativas transformações. Outra questão diz respeito a
discussão sobre a pertinência desses processos serem adjetivados como indígenas, já que estão inseridos no Sistema Nacional de Educação. Neste
encontro dar-se-á continuidade a debates que vêm ocorrendo em outros fóruns, como na II REA e XI ABANNE, em Natal/2009 e o GT Pueblos
indígenas y procesos de educación escolar y no escolar, na RAM/2009. Neste sentido, serão aceitos trabalhos que abordem etnograficamente e/ou
teoricamente questões relacionadas a esses processos.

27. Corpo, voz e poder: abordagens etnográficas


Coordenadores: Elizabeth Travassos Lins (UNIRIO) e Maria Elizabeth Lucas (UFRGS)
Debatedor: Santuza Cambraia Naves (PUC/RJ)
Resumo:
A abordagem etnográfica produziu inflexões importantes na análise dos fenômenos expressivos, particularmente na análise funcionalista dos usos e
funções do corpo e da voz. Assinale-se, por exemplo, a exploração produtiva dos diferentes sistemas classificatórios que ordenam o domínio verbo-vocal
e suas imbricações nos planos cosmológico e sociológico. Da organização formal dos sons e gestos aos processos de ritualização, da constituição da
autoridade dos sujeitos da fala (do canto, narração, prece etc.) às definições do humano e não-humano, são numerosas as questões suscitadas pela
descrição dos fenômenos corporais e verbo-vocais. As pontes que a antropologia historicamente vem lançando em direção aos estudos da música, dança
e performance ampliam os domínios empíricos e instrumentos de análise dos pesquisadores.
O GT é um fórum de discussão e redimensionamento dos temas indicados acima, desde a perspectiva da etnomusicologia, da antropologia da música, do
som e da performance. Acolhe revisões e avanços nas proposições de autores de referência (e.g. Mauss sobre os ritos orais e técnicas corporais,
Malinowski e a abordagem performativa do ritual), discussão de conceitos e métodos nas interfaces poético-linguísticas (e.g. performance, pragmática,
etnografia da fala) e seus desdobramentos, a partir, por exemplo, das proposições de Alfred Gell sobre a arte como um sistema de ação. O GT incentiva a
discussão dessas perspectivas nas análises de materiais empíricos originais.
28. Patrimônio, memória e saberes e práticas da alimentação
Coordenadores: Ellen Fensterseifer Woortmann (UnB) e Renata Menasche (UFPEL)
Debatedor: Klaas Woortmann (UnB)
Resumo:
Este Grupo de Trabalho se propõe a discutir aspectos da relação entre universos cognitivos tradicionais e a memória e patrimônio alimentar, definindo a
comida como expressão de códigos consuetudinários ou "habitus". Desde essa perspectiva, a comida “fala” de hierarquia, religião, gênero, grupo étnico
e etário, organização e concepções de trabalho, desuso e incorporação, interdição e indicação de produtos alimentares, no tempo e espaço. A proposta
consiste em estimular a reflexão a respeito de saberes e práticas alimentares tradicionais em contextos plurais. Desse modo, busca-se colocar em
evidência a análise de processos de produção, consumo e ideário alimentar de grupos tradicionais – tais como indígenas e ribeirinhos, grupos
camponeses de apropriação comunal e privada de terras, quilombolas, imigrantes históricos, além de grupos urbanos tradicionais –, mas também sua
articulação com práticas de consumo crescentemente observáveis em centros urbanos. Assim, tomamos por objeto de análise também os processos e
manifestações de valorização, por consumidores urbanos, de produtos alimentares originários de grupos tradicionais. A proposta aqui apresentada resulta
da articulação entre dois Grupos de Pesquisa do CNPq: Saberes e Ideologias Tradicionais, criado em 1997, e Memória e Patrimônio Alimentar: tradição
e modernidade, que realiza encontros regulares desde 2007, vindo a ser registrado em 2009.

29. Sexualidades e novas culturas corporais: identidades e diferenças


Coordenadores: Fabiano de Souza Gontijo (UFPI) e Laura Moutinho (USP)
Debatedor: Cristina Donza Cancela (UFPA)
Resumo:
Este GT incide sobre as pesquisas que vêm sendo realizadas nos mais diversos estados brasileiros sobre a produção social da diferença, especialmente,
as que articulam categorias relativas a sexo, gênero, idade, raça e classe. Interessa-nos refletir tanto sobre as formas de marcar e constituir corpos e
identidades quanto os sistemas de classificação social que impregnam (e conformam) a economia do prazer, do desejo, da dominação e do poder. São
variadas as categorias organizacionais, conceituais e políticas que vêm informando as tomadas de posições dos sujeitos, neste sentido, poderão ser
acolhidas as pesquisas que incidem sobre a inflexão provocada pela recente especificação dos direitos. Os aparatos teóricos e metodológicos utilizados
receberão especial atenção, visto que novas abordagens e temas, bem como certo entrecruzamento das agendas políticas e acadêmicas vêm promovendo
novos canais de comunicação e (re)posicionando os sujeitos produtores do conhecimento. Trata-se, assim, de uma tendência que exige uma aprofundada
reflexão. De que modo as diferentes tradições políticas, sociais e culturais determinam trajetórias individuais e coletivas diversas, em cada situação
particular estudada? Onde residem as resistências sociais? Quais as faces do preconceito, do sexismo e da homofobia? Estas são algumas das questões
que orientarão as discussões propostas com objetivo de estimular uma fértil troca de idéias, fomentando a constituição de novas parcerias e/ou redes de
pesquisa.

30. Itinerários terapêuticos e novas configurações do social


Coordenadores: Fátima Regina Gomes Tavares (UFBA) e Octavio Andres Ramon Bonet (UFRJ)
Resumo:
A questão terapêutica vem adquirindo grande visibilidade social. Duas dimensões possíveis desses desdobramentos são os embates constantes entre a
biomedicina e a heterodoxia terapêutica e a revitalização das tradições religiosas reconhecidas como um domínio legítimo no que se refere à promoção
da qualidade de vida. Da mesma forma, essas mudanças parecem transcender os limites da regulação dos cuidados com a saúde, redefinindo os corpos e
produzindo novas mediações na construção de vínculos.
Processos de disseminação, resignificação e assimilação de práticas terapêuticas podem ser compreendidos em sua dinâmica rizomática, de sistema
aberto que “subverte” o modelo “arbóreo” de estruturação das terapêuticas convencionais no âmbito dos sistemas de saúde. As heterodoxias terapêuticas
atravessam o espaço público, e sem configurarem um sistema estruturado alternativo ao oficial, mobilizam novas conexões e imprimem dinamismo à
paisagem terapêutica contemporânea. Do ponto de vista do sistema de saúde podemos pensar a disseminação dessas terapêuticas operando por
“contágio” nos meandros das práticas “oficiais”, ora minando sua capacidade “subversiva”, ora estimulando transformações nos critérios de legitimação
terapêutica.
A proposta deste GT é refletir sobre essas mediações entre terapêuticas, corpos e novas modalidades de cuidado, investigando possíveis afinidades entre
a ideologia das terapêuticas e uma revalorização da dimensão “vivida” da experiência social.

31. Fluxos globais: trânsitos, circulação e mediação


Coordenadores: Juliana Braz Dias (UnB) e Fernando Rabossi (UFRJ)
Debatedor: Andrea de Souza Lobo (IPEA)
Resumo:
Durante grande parte da história da antropologia, o foco no contexto apresentou-se como uma das principais contribuições do campo. Apreender o lugar
de uma prática, costume ou valor dentro de um sistema holístico em equilíbrio permitia uma compreensão diferenciada dos fenômenos estudados, que
ganhavam sentido quando integrados no seu contexto de origem. Mas, progressivamente, os antropólogos passaram a questionar tal abordagem, marcada
pela ênfase no isolamento das realidades sociais estudadas. A própria idéia de “contexto local” foi ampliada, incluindo contatos e relações entre grupos.
Cada vez mais atenta à permeabilidade das fronteiras, a antropologia tem buscado acessar os fluxos que atravessam os limites anteriormente imaginados.
Este grupo de trabalho pretende explorar o enfoque no movimento e na circulação, em variados domínios. Está aberto a contribuições que abordem
fluxos globais tão diversos quanto: (i) o movimento de pessoas (homens, mulheres e/ou crianças), da migração ao turismo, de refugiados a funcionários
de empresas multinacionais; (ii) a circulação de objetos e os processos de ressemantização que acompanham esse fluxo; (iii) o trânsito de informações,
símbolos e valores; (iv) os mercados transnacionais; (v) as dinâmicas de mediação cultural; (vi) o papel das novas tecnologias na intensificação dos
fluxos globais; (vii) a condição do antropólogo nesse novo contexto e a elaboração de novas metodologias frente ao desafio de perseguir seu objeto em
trânsito.

32. Antropologia e meios de comunicação de massa


Coordenadores: Isabel travancas (UFRJ) e Filipe Reis (ISCTE)
Debatedor: Silvia Garcia NOgueira (UEPB)
Resumo:
Parece não ser mais possível pensar o universo das sociedades contemporâneas sem dar atenção para as construções dos meios de comunicação de massa
com suas representações do “outro”; a experiência dos produtores das mensagens dos meios e suas visões de mundo, assim como as interpretações e
resignificações de seus receptores. Os meios de comunicação de massa têm uma dimensão significativa na sociedade e, não há dúvida, geram impactos
na vida dos sujeitos permitindo-os “ libertar a imaginação do lugar”. Até há pouco tempo eram raros e dispersos os trabalhos desenvolvidos por
antropólogos sobre este campo. Mas, nos últimos anos, começaram a ganhar visibilidade pesquisas que têm a mídia como foco. Os Congressos da Aba,
Abanne, Anpocs e RAM, ao incluirem GT's sobre este emergente campo de pesquisa, são expressão dessa mudança. O mesmo começa a acontecer em
outros países como Portugal e Argentina, onde os meios de comunicação vem sendo objeto de pesquisas antropológicas através de diversos pontos de
vista. A idéia com esse Grupo de Trabalho é reunir a maior gama de pesquisas antropológicas sobre as diversas vertentes da comunicação de massa
produzidas nas diferentes regiões do país dentro de uma perspectiva comparativa com os trabalhos desenvolvidos em Portugal e na América Latina. O
objetivo é discutir as investigações apresentadas, seus objetos, metodologias e bibliografias para avançar na reflexão sobre este campo dentro do
contexto da antropologia
33. Religiosidades brasileiras: percursos e desafios do cristianismo
Coordenadores: Mísia Lins Vieira Reesink (UFPE) e Flávia Pires (UFPB)
Resumo:
Os espaços de discussão e reflexão teórico-etnográficas focados no estudo da religião, tema fundante da nossa disciplina, têm diminuído, ou ficado à
margem, dos principais fóruns de antropologia no Brasil. Em conseqüência disso, embora exista um lugar garantido para a reflexão em torno das
religiões afro-brasileiras, os pesquisadores das religiões cristãs têm sentido dificuldades de inserção nos encontros acadêmicos; mesmo sendo o
cristianismo no Brasil o sistema religioso da maioria de sua população.
Diante deste quadro, o intuito desse GT é reabrir estes espaços a esses pesquisadores, favorecendo o debate em torno da antropologia da religião. Nesse
sentido, pretendemos pensar teórico-etnograficamente questões pertinentes e candentes aos campos do catolicismo e do protestantismo; re-atualizando e
elaborando novas reflexões sobre esses campos. Para isso, o GT será organizado em três sessões: 1. refletindo sobre o catolicismo: práticas,
representações, novos movimentos; refletindo o campo protestante (históricos e pentecostais): práticas, representações, pluralismo; 3. alternativas
teórico-metodológicas para pensar o cristianismo católico e protestante.
Levando em conta esta dificuldade enfrentada pelos pesquisadores de religiões cristãs, este GT propõe promover um espaço para a troca, no sentido
maussiano, de experiências de pesquisas e trajetórias intelectuais.

34. Populações tradicionais, práticas sociais e meio ambiente


Coordenadores: Francisca de Souza Miller (UFRN) e Márcia Regina Calderipe Farias Rufino (UFAM)
Debatedor: Simone Carneiro Maldonado (UFPB)
Resumo:
Este GT tem por objetivo reunir os pesquisadores que, desenvolvem estudos e pesquisas em e/ou com sociedades e comunidades de pescadores
(marinhos, fluviais ou lacustres) e/ou sobre temas que envolvem essa atividade econômica e as relações que ela estabelece com outras esferas da vida
social e cultural: sustentabilidade, meio ambiente, políticas de preservação sócio-ambiental e de desenvolvimento, conhecimentos tradicionais, conflitos
e formas de mobilização, cultura material, religião, memória, relações de gênero, etc. Desejamos, também, estabelecer vínculos entre pesquisadores que
se têm dedicado a estudar os mais variados aspectos de um panorama que, vem recebendo uma atenção intermitente por parte das ciências sociais, ao
passo que alguns setores das ciências naturais (biologia, oceanografia, ecologia) se voltam para as sociedades da pesca com fortes motivações de
conhecimento. Assim, gostaríamos de medir o estado da arte dos estudos antropológicos nesse setor e traçar novas perspectivas de estudo
interinstitucional e interdisciplinar.

35. Repensando a antropologia da arte: imagens, objetos, técnicas e apropriações simbólicas em contextos de transformação
Coordenadores: Sergio Baptista da Silva (UFRGS) e Guillermo Wilde (UNSAM)
Debatedor: Els Lagrou (UFRJ)
Resumo:
A Antropologia da arte, tanto por meio da análise de elementos formais como através da reconstrução do contexto cultural, procurou tornar inteligível a
produção e circulação dos objetos visuais e sonoros, a partir de uma indagação sobre sua natureza e as características de sua eficácia simbólica e ritual.
No contexto atual do conhecimento, colocam-se novos desafios, como os relacionados aos limites da categoria estética para a abordagem destas
manifestações ou às modalidades nativas de construção e apropriação de conhecimentos e objetos. Neste quadro, a Antropologia da imagem vem
desempenhando um importante papel na compreensão dos variados tipos de imagens (materiais, visuais, poéticas, narrativas, virtuais, rituais, mito-
cosmológicas) associadas entre si.
A partir da discussão de casos específicos, este GT propõe-se a: identificar problemas conceituais que busquem a compreensão das produções estéticas
indígenas e tradicionais; introduzir a discussão sobre as produções visuais e sonoras indígenas e tradicionais no marco de sistemas de transmissão de
conhecimento; discutir problemáticas vinculadas com a lógica de produção, circulação e apropriação de objetos em contextos globalizados,
especialmente os relacionados ao turismo étnico; refletir sobre disputas em torno da “autenticidade” e dos espaços de exposição; sobre compreensões
nativas da materialidade e uso de tecnologias; e sobre relações entre artistas, antropólogos e membros de coletivos indígenas e tradicionais.

36. Etnografias de um métier: modalidades, espaços, dramas, redes e personagens da prostituição


Coordenadores: Hélio R.S. Silva (LEMETRO/UFRJ) e Soraya Silveira Simões (CLERSÉ/Université Lille 1 - França)
Resumo:
Reconhecida no Brasil como 'ocupação', a prostituição nos faz lembrar a pergunta de Everett C. Hughes: em que circunstâncias os membros de um
métier lutam para transformá-lo em uma profissão? Aqui, porém, o drama do trabalho mistura-se com o ilegal, o ilícito, o imoral. Nas cidades, a oferta
desses serviços inscreve-se em “regiões morais” que são, em certos casos, decretadas oficialmente (Wallen, Amsterdam); em outros, expurgadas pelos
projetos de “renovação urbana” (Mangue, Rio de Janeiro) ou, ao contrário, reforçadas para viabilizar certo controle (Yoshiwara, na antiga Tókio; 'Vila
Mimosa', no Rio atual).
Este GT visa reunir trabalhos etnográficos sobre os variados contextos e modalidades da prostituição masculina e feminina, seja através da dramaturgia
social e dos ritos de incorporação e construção de seus personagens (o bofe, a cafetina, o cafetão, o garoto e a garota de programa, o scort, o michê, as
travestis, as transexuais, o cliente); do repertório simbólico criado e acionado; dos espaços onde os participantes encarnam seus papéis (ruas, termas,
clubs privés, casas de massagem, "zonas", pensões, hotéis, motéis, cinemas, drive-in, postos rodoviários) e exibem-se na cena pública. A cidade, os
desejos e suas práticas, as profissões, as mobilizações e as políticas públicas que visam controlar os corpos e os comportamentos ou reorganizar o espaço
citadino – com intervenções urbanísticas, medidas de segurança ou repressão – integram, pois, o horizonte proposto neste GT.
37. Gênero, configurações familiares, arranjos domésticos e afetivos
Coordenadores: Heloisa Buarque de Almeida (USP) e Martha Celia Ramírez-Gálvez (UEL)
Resumo:
Diversos estudos mostram a variedade de arranjos e transformações na estrutura das famílias, em parte atreladas às mudanças nas dinâmicas de gênero.
Esse GT busca discutir os temas inter-relacionados, retomando a importância de uma discussão conjunta entre as teorias de gênero e família,
acrescentando questões em torno do surgimento de configurações afetivas que resistem ao enquadramento numa estrutura familiar. Além de discutir
novos (ou velhos) arranjos, conjugalidades e parentalidades, queremos tratar também de múltiplas relações afetivas não-canônicas, inclusive (mas não
apenas) em termos de arranjos domésticos. As formas de conflito e negociações de poder envolvidas nessas relações devem ser debatidas. Reflexões
sobre as construções de gênero, relação entre gerações, noções variadas de relacionamentos afetivos, quer contem (ou não) com laços de
consangüinidade, afinidade, ou amizade, devem ser foco de análise. Como se dão os arranjos domésticos, como se cuida das crianças, idosos, doentes (e
inclusive de animais) são temas a ser considerados, assim como a constituição de imaginários sociais sobre tais arranjos. Relações mais amplas para
além de núcleos domésticos, parentesco fictício e de vizinhança serão incorporados à reflexão. Em termos teóricos, gostaríamos de ver articulações com
as teorias de gênero incorporando a temática das intersecções de marcadores sociais de diferença com as reflexões sobre os múltiplos arranjos familiares
e as críticas feministas à família.

38. Imigração e poder em contextos nacionais e internacionais


Coordenadores: Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM) e Igor José de Renó Machado (UFSCAR)
Debatedor: Giralda Seyferth (UFRJ)
Resumo:
Os processos migratórios, passados ou contemporâneos, têm se mostrado objeto de estudo extremamente pertinente para se compreender as
complexidades das interações humanas e também das políticas mais amplas acerca dos fluxos de capitais (econômicos, políticos, simbólicos, científicos,
entre outros) nos contextos nacionais e internacionais. As migrações enquanto processos transnacionais, produtoras de espaços culturais
desterritorializados mediados por famílias transnacionais, fluxos de remessas e comunicações são particularmente relevantes nas atuais conjunturas
políticas de restrição à mobilidade humana. Este GT objetiva ampliar o debate acerca das construções teórico-metodológicas utilizadas para se
compreender as diversas dinâmicas envolvidas nos processos migratórios, seja do ponto de vista das relações destes com as políticas internacionais,
políticas estatais de controles de fluxos migratórios, direitos humanos e aquelas dos estados nacionais e também nas relações cotidianas das diferentes
alteridades no contexto do confronto entre “nós” e os “outros” produzidos pelas migrações. Estamos interessados também em reflexões acerca de
relações de hierarquia, poder e estruturas de dominação intra-grupos, isto é, entre imigrantes. Etnografias que explicitem as complexidades que
envolvem a constituição de comunidades migrantes são particularmente reveladoras desses processos.
39. Antropologia dos lugares, paisagens e patrimônios
Coordenadores: Regina Abreu (UNIRIO) e Izabela Tamaso (UFMT)
Debatedor: Rafael Winter Ribeiro (UFRJ)
Resumo:
O termo “lugar”, seja como categoria analítica ou conceito descritivo, têm se revelado especialmente operacional em estudos de casos dos mais diversos
grupos sociais (sociedades indígenas, quilombolas, camponesas, grupos urbanos), que têm passado, voluntaria ou involuntariamente, por processos de
patrimonialização e musealização. O mesmo ocorre com a categoria “paisagem cultural”, ainda carente no Brasil de estudos e pesquisas que articulem os
diferentes saberes e as diferentes formas de relação dos grupos sociais com o espaço e o território. Em processos de patrimonialização e musealização, os
“lugares” correm certo risco de cristalização, mas também são percebidos como territórios construídos, dinâmicos e móveis. Assim, torna-se importante
para a Antropologia refletir sobre “lugares” em sua dupla acepção de permanência e mobilidade. Este GT pretende abrigar resultados de pesquisas e
análises que, em contextos de patrimonialização e musealização, realizam uma abordagem antropológica das categorias “lugar” e “paisagem cultural”,
bem como focalizam os percursos, as circulações e as diferentes apropriações dos “lugares” e da “paisagem cultural” na sociedade contemporânea. As
reflexões relativas aos conhecimentos tradicionais e à propriedade intelectual são inevitavelmente parte deste amplo debate que envolve, além da
Antropologia, os saberes oriundos da Geografia, do Direito e da Biologia.

40. Sensibilidades jurídicas e sentidos de justiça na contemporaneidade: interlocução entre antropologia e direito
Coordenadores: Kátia Sento Sé Mello (UFRJ) e Jacqueline Sinhoretto (UFSCAR)
Debatedor: Fabio Reis Mota (UFF)
Resumo:
Este Grupo de Trabalho pretende reunir pesquisas etnográficas que analisem os repertórios discursivos e práticas sociais de grupos que buscam acesso a
direitos, seja do ponto de vista institucional ou por meio de instâncias não propriamente formais. Serão aceitas comunicações que abordem temas como:
sensibilidades jurídicas; sentidos de justiça; demandas por direitos diferenciados; administração de conflitos; gramáticas, regras e teses morais que
informam o Direito em sociedades complexas; efeitos e ambigüidades de reformas legais e institucionais; profissionalização de agentes e operadores do
sistema de justiça, etc. A partir da década de 1990, a interface entre Antropologia e Direito se consolidou como espaço acadêmico e, no Brasil,
antropólogos têm tanto pesquisado temas antes considerados exclusivos do Direito, quanto atuado como peritos, em órgãos Estatais ou organizações
não-governamentais. Diante das distinções entre o fazer antropológico e o saber jurídico, no entanto, essa interlocução ainda desafia a produção
acadêmico-científica. A interface entre estes campos de saber tem contribuído para explicitar as diferenças entre sistemas de valores e significação
plurais, e como instrumento para elaboração de políticas públicas ou reformas legais e institucionais no campo da justiça. Nossa intenção é ampliar esse
debate e permitir interlocução também entre antropólogos que trabalham com questões empíricas distintas que tangenciam a antropologia jurídica.

41. Antropologia e Educação entre saberes, práticas e aprendizagens


Coordenadores: Neusa Maria Mendes de Gusmão (UNICAMP) e Janirza Cavalcante da Rocha Lima (FUNDAJ)
Debatedor: Ceres Karan Brum (UFSM)
Resumo:
No dossiê Antropologia e Educação (UFSM, 2009) apresentamos o aparato teórico e metodológico da antropologia no fazer de outros campos, expondo
a situação curricular em que a antropologia é inserida em diferentes cursos e áreas de conhecimento, a partir dos GTs de Antropologia e Educação
acontecidos nas reuniões da ABA entre 2002 e 2008 e por nós coordenados. Nos propomos agora discutir saberes, práticas e aprendizagens que,
compreendidas como Educação, exigem da antropologia e dos antropólogos um posicionamento e uma contribuição. Trata-se de pensar processos
educativos de grupos e segmentos de grupos que são portadores de marcas sociais entendidas como diferenças e que resultam em limites, barreiras no
processo educativo formal, escolarizado, mas que se realizam no interior dos grupos como mecanismos de identidade, pertença, muitas vezes acionados
em processos coletivos por direitos e cidadania. Tais grupos constituem realidades socioculturais que fazem de seus membros sujeitos de experiências
cujos valores, crenças e práticas desafiam a ordem instituída. Em debate a definição do que é Educação e a contribuição da Antropologia na
compreensão dos conhecimentos e saberes tradicionais de que tais grupos são portadores e que se encontram em transformação. Importa, portanto,
discutir quais e por que meios, as pressões sociais e políticas resultam em políticas públicas e leis que que re-dimensionam as possibilidades de uma
Antropologia da Educação no Brasil.

42. Antropologia, estado e espaços públicos


Coordenadores: Marcia Anita Sprandel (Senado Federal) e José Gabriel Silveira Corrêa (UFCG)
Debatedor: joão paulo macedo e castro (UFRJ)
Resumo:
Observa-se que nas ultimas décadas, ampliou-se a esfera de atuação dos antropólogos sendo o Estado um ponto de convergência onde novos papéis e
novas formas de atuação foram identificadas. O crescimento e a inserção destes profissionais na arena estatal produz diferentes modalidades de relações
com os funcionários de Estado, com as instituições e com o campo da administração pública de forma mais ampla. O grupo de trabalho objetiva, refletir
sobre distintas experiências de atuação antropológica, as múltiplas concepções e formas de atuar do Estado, bem como as variadas expectativas e crenças
sobre a antropologia, os antropólogos e seus papéis. Procurando assim refletir sobre as diferentes formas, concepções e modos de atuar que a
Antropologia e o Estado adquirem e são construídos em Espaços Públicos.

43. Etnografias urbanas: fronteiras e diversidades


Coordenadores: Silvana de Souza Nascimento (UFPB) e José Guilherme Cantor Magnani (USP)
Resumo:
Este GT tem como propósito debater as fronteiras da Antropologia Urbana e seus diálogos com outras áreas, como os estudos rurais, a etnologia
indígena, os estudos de gênero e de geração, e que exigem novos modelos teórico-metodológicos para se pensar as concepções de cidade e do urbano em
suas diferentes dimensões e escalas. Assim, propõe-se problematizar o campo da Antropologia Urbana particularmente por meio de etnografias que
possibilitem a construção de relações entre cidade e campo, centro e periferia, sociabilidade e socialidade, aldeia e metrópole, que não se encaixam nas
tradicionais categorias "urbanas" e/ou "rurais" e/ou "indígenas", etc. Atualmente, as produções etnográficas em contextos urbanos têm permitido a
ampliação da diversidade de temas nessa área mas é preciso refletir sobre os limites e especificidades da etnografia urbana. Para além da sistematização
do trabalho de campo, a elaboração de etnografias nas cidades envolve um esforço teórico para se pensar na concepção dos princípios da alteridade e da
diferença, que fundamentam a antropologia, bem como exercitar estratégias metodológicas inovadoras que se tornam novos desdobramentos do
paradigma clássico da observação participante. Assim, este Gt se propõe a discutir as contribuições contemporâneas da antropologia urbana para
repensar o lugar epistemológico da etnografia na antropologia e seus possíveis diálogos e negociações com outros campos consagrados da disciplina.

44. As cidades e as culturas urbanas


Coordenadores: José Maria da Silva (UNIFAP) e Sérgio Ivan Gil Braga (UFAM)
Resumo:
O GT propõe a troca de experiências entre pesquisadores, que têm tomado a cidade e os modos de vida urbanos como foco de suas investigações
considerando expressões culturais de classes populares, de trabalhadores informais, de jovens e outras categorias de idade, etc. Trata-se de reconhecer
nas cidades não somente um locus privilegiado de investigação, com base nos recursos e representações que se fazem das cidades, como também a
dimensão urbana de tais práticas, enquanto vivências culturais em meio urbano. Assim sendo, pode-se privilegiar a abordagem de festas, rituais,
cerimônias religiosas, manifestações artísticas e eventos, enquanto expressões da cultura popular e da cultura de massa que se manifestam na cidade e
articulam mecanismos simbólicos e de identidades no meio urbano. Ou seja, busca-se compreender a centralidade da cultura no meio urbano e suas
conexões com diferentes modos de fazer, de expressões e formas de circulação, de maneira que eventos possam expressar os diversos modos de vida nas
cidades. Esta perspectiva inclui ainda reflexões sobre a intercambialidade entre as culturas locais e aspectos oriundos dos processos de globalização, de
maneira a perceber as manifestações culturais não isoladas e sim conectadas com outros saberes e formas de expressões em circulação no mundo.

45. Antropologia do espaço: urbanismo, crítica de arte e preservação histórica


Coordenadores: José Reginaldo Santos Gonçalves (UFRJ) e Lilia Schwarcz (USP)
Debatedor: Ricardo Benzaquen (IUPERJ)
Resumo:
A categoria “espaço” tem sido o foco privilegiado das etnografias e das interpretações produzidas ao longo da história da antropologia. Nas sociedades
modernas ou pós-modernas, nas grandes metrópoles contemporâneas, ela suscita análises que revelam sua importância nos confrontos socioculturais e
políticos. Na sua configuração, sejam as de domínio privado, no caso das moradias; sejam as de domínio público, no caso de projetos urbanísticos,
construção de monumentos e projetos de preservação histórica; arquitetos, urbanistas, críticos e historiadores da arte desempenham uma mediação
crucial, cujo estudo vem merecendo a atenção dos antropólogos. Dos projetos modernistas àqueles que se caracterizam pelo afastamento crítico frente a
tal paradigma, esses discursos impõem-se enquanto mediações intelectuais que, ao mesmo tempo, expressam e dão forma aos processos de modelação
dos espaços privados e públicos das grandes cidades em contraposição às representações do “campo”. A proposta do GT é reunir pesquisadores que vêm
refletindo sobre o tema, discutindo as contribuições daqueles profissionais na construção de categorias centrais no espaço das grandes cidades. A extensa
produção intelectual recente sobre o tema justifica a iniciativa de organização de um GT que venha a articular a interlocução intelectual e institucional
entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

46. Antropologia do trabalho


Coordenadores: Rosângela Azevedo Corrêa (UnB) e José Sergio Leite Lopes (UFRJ)
Debatedor: Diana Antonaz (UFP)
Resumo:
O presente GT procura reunir as experiências de monografias, etnografias e ensaios em torno do tema do trabalho e de grupos de trabalhadores muitos
anos depois do GT Culturas Operárias que se reunia na ABA na década de 1980. Num período de fortes transformações econômicas e sociais fazendo
dispersar as configurações sociais que envolviam os trabalhadores, a reunião de novos estudos sob o recorte do trabalho e seus efeitos sobre a
constituição da sociabilidade pode ser interessante para o mapeamento de mudanças e permanências. Toda a diversidade de aspectos de processos sociais
envolvendo o trabalho interessa ao GT, das transformações do trabalho familiar camponês, artesanal, do mineiro ou do pequeno comércio, até o trabalho
industrial. As relações entre família e trabalho podem se constituir em outro eixo de reunião de resultados de pesquisa; assim como a relação com o
“lazer”, que vai desde o trabalho subsidiário ou a bricolagem e o trabalho doméstico até atividades religiosas, esportivas ou de cultura popular. As
diferentes seções do GT devem refletir a diversidade temática em torno de aspectos do trabalho embutidas em outras formas de classificação temática da
Antropologia Social, nos pólos de preocupação de antropologia urbana, de sociedades camponesas, de movimentos sociais, de memória social, de
família e gerações, de cultura popular, de conflitos ambientais e de educação.

47. Antropologia do estado


Coordenadores: Karina Kuschnir (UFRJ) e Marcos Pazzanese Duarte Lanna (UFSCAR)
Resumo:
O GT Antropologia do Estado objetiva promover a interlocução entre pesquisadores dedicados ao estudo de instituições do Estado e sua interface com a
sociedade. Nosso interesse é colocar em debate pesquisas com foco nos poderes executivo e legislativo, judiciário, ministério público, Forças Armadas,
funcionalismo e implantação de políticas públicas relacionadas às mais diversas temáticas. Tendo como referência etnografias recentes, pretende-se
estimular a reflexão em três vertentes: a elaboração gradual de uma abordagem comparativa da dinâmica das instituições estatais em diferentes
contextos; questões metodológicas e éticas desse campo de estudos, em particular no que se refere à inserção do pesquisador em campo, ao acesso a
informações consideradas de interesse estratégico e à dinâmica entre níveis privados e públicos no estudo de objetos dessa natureza; e, por fim,
perspectivas teóricas do estudo antropológico de instituições e processos relativos ao Estado em particular e à política em geral, tanto pela exploração de
conceitos clássicos da antropologia quanto por meio do diálogo com outras disciplinas. Buscamos fazer avançar as discussões sucitadas nas duas RBAs
anteriores, bem como em edições da Reunião de Antropologia do Mercosul, nas quais o GT Antropologia do Estado contou com a participação de um
número significativo de pesquisadores oriundos de diferentes instituições do Brasil e de outros países, apresentando grande diversidade de temas e
abordagens.

48. Festas e identidades: processos e transformações


Coordenadores: Luciana Chianca (UFRN) e Lady Selma Ferreira Albernaz (UFPE)
Debatedor: Luiz Henrique de Toledo (UFSCAR)
Resumo:
Os estudos que relacionam conteúdos simbólicos de festas como mediadores de afirmação de identidade estão se tornando mais frequentes na
antropologia e tendem a enfatizar os processos de permanência e transformação dos arranjos das relações sociais, manifestos através das festas. Dessa
forma tais estudos permitem dar relevo a conformação de grupos, revelando tensões e disputas, bem como consensos e coalizões em torno de
significados e práticas sociais que sustentam a circunscrição desses grupos em seus limites e fronteiras. Partindo disso, novos enfoques tornam-se
relevantes para pensar disputas pelo poder e novas posições sociais, ao mesmo tempo em que dão visibilidade à heterogeneidade cultural e social. Estas
dimensões interpretativas são frequentemente subsumidas quando as festas são pensadas a partir de suas configurações internas, no marco da tradição e
permanência ao longo do tempo, desconsiderando sua historicidade. Dialogando com e evidenciando os limites e possibilidades desse tipo de estudos,
este grupo de trabalho pretende pôr em evidência os processos que sustentam as transformações e tensões mediadas pelas festas, em suas interfaces
afirmações de pertencimento e identidade dos grupos sociais, sustentadas, ambiguamente, pela idéia de tradição e permanência.

49. Políticas públicas, projetos de desenvolvimento e populações locais


Coordenadores: Lea Carvalho Rodrigues (UFC) e Lucia helena Alves Müller (PUC/RS)
Debatedor: Gustavo Marín Guardado (CIESAS/YUCATÁN MEXICO) e Gustavo Lins Ribeiro (UnB)
Resumo:
A proposta é aprofundar o debate sobre a relação entre antropologia e políticas públicas, com foco nos efeitos de políticas de desenvolvimento sobre
populações que residem em áreas por elas afetadas; notadamente quando se trata daqueles que ocupam posição marginal nesses processos: populações
tradicionais, índios, quilombolas, lavradores sem terra, frente aos grandes proprietários, empreendimentos econômicos e instituições governamentais.
Privilegiam-se propostas sobre projetos de desenvolvimento em turismo, geração de energia, infraestrutura urbana, rodovias, hidrovias, área rural,
educação, geração de renda, etc. No plano teórico abarca tanto o questionamento ao conceito de desenvolvimento em seus pressupostos tradicionais
quanto a contribuição da perspectiva crítica pela sua revisão conceitual, como a realizada na antropologia por Arturo Escobar, Eric Wolf, Otávio Velho,
Silvio C. dos Santos, Gustavo L. Ribeiro e, nos últimos anos, na economia e sociologia por Amartya Sen e Rodolfo Stavenhagen. Além de que, a
ampliação do campo de atuação do antropólogo – cada vez mais demandado a atuar em organizações governamentais e não governamentais, bem como
a emitir laudos e pareceres – torna pertinente a ampliação do debate sobre as possibilidades de uma antropologia crítica e as questões éticas envolvidas.
Nesse sentido, a proposta do GT é reunir antropólogos dispostos a discutir tais questões a partir de estudos empíricos embasados por uma reflexão
teórica pertinente.

50. Narrativas em performance: experiência, subjetivação e etnografia


Coordenadores: Luciana Hartmann (UnB) e Vânia Zikán Cardoso (UFSC)
Debatedor: Esther Jean Langdon (UFSC)
Resumo:
Apesar de narrativas serem objetos privilegiados da análise antropológica, elas são tratadas, frequentemente, como fonte de dados, tornando-se assim
uma questão a ser discutida no contexto dos “métodos” do trabalho de campo. No entanto, narrativas não são formas discursivas neutras, e engendram
“significados” no complexo ato político-social em que um narrador narra eventos para uma audiência (Bauman, 1986). Narrativas, enquanto formas
epistemológicas locais, assumem diversos modos de dramatizar significados, localizar sujeitos, experenciar o mundo, produzir a individuação e a
coletivização, constituir o real etc.
Para tratarmos a “narrativa” como um problema verdadeiramente antropológico, é, então, necessário considerá-la como uma questão epistemológica - e
não apenas metodológica. Este GT busca fomentar reflexões em torno da conceituação de narrativa, procurando reunir pesquisas etnográficas que
considerem narrativas não apenas na perspectiva de reprodução ou de espelhamento da vida social, mas que problematizem seu papel enquanto uma
forma discursiva que reflete e age sobre os discursos, códigos, relações, convenções, orientações, forças e afetos que compõem aquilo que chamamos de
“cultura”. Questões como a intertextualidade, performance, texto/textualização, contexto/contextualização, corporalidade, criatividade, subjetivação,
experiência, etnobiografia, metanarrativa, socialidade, poética e política, dentre outras, serão tematizadas nesta problematização da narrativa.
51. Ciganos: cartografia social e antropologia política de um grupo minoritário
Coordenadores: Marco Antonio da Silva Mello (UFRJ) e Marc Bordigoni (LEMETRO/UFRJ)
Resumo:
A presença dos ciganos no Brasil remonta ao século XVI. Entretanto, assim como na Europa, estudos sistemáticos sobre tais grupos étnicos tornam-se
cada vez mais necessários, diante de suas formas de organização, inserção socioeconômica e mobilização. No jogo político, ativistas e sobretudo
religiosos disputam o monopólio da representação dos "autênticos e verdadeiros ciganos", dirigindo suas demandas ao Estado e também aos
antropólogos (BORDIGONI, 2007). A invisibilidade cultivada pelos grupos (WILLIAMS, 1993) associada à manipulação dos estereótipos constitui
grande desafio para a pesquisa de campo. Observa-se que a diversidade étnica nem sempre destina a todos os ciganos o último lugar nas hierarquias e
estratificações sociais, apesar das políticas estatais de segregação vigentes na Itália e no Leste Europeu. No Brasil, as situações são as mais variadas e
instigantes, como no caso dos ciganos calon no judiciário carioca como "oficiais de justiça", posição social impensável na Europa (MELLO at alii,
2005). Em continuidade às atividades do Simpósio Especial sobre ciganos (26ª RBA, 2008), submetemos à 27ª RBA este pioneiro GT na história das
reuniões da ABA voltado precipuamente para os estudos e pesquisas de caráter etnográfico sobre o tema, em torno de três eixos principais: (1) a
heterogeneidade do mundo cigano e suas diferenças internas; (2) o debate político e o problema da representação; e (3) a diversidade, as filiações e as
clivagens no campo religioso.

52. Antropologia das emoções


Coordenadores: Maria Claudia Coelho (UERJ) e Susana Durão (Universidade de Lisboa)
Debatedor: Claudia Barcellos Rezende (UERJ)
Resumo:
A antropologia das emoções vem se consolidando como área autônoma no Brasil há cerca de uma década. Neste percurso há uma tendência nítida: a
articulação da emoção às temáticas da saúde/doença e do gênero. Esta forma de construção de objetos de pesquisa é tributária da inserção da “emoção”
nos estudos da “subjetividade”, fazendo destas áreas suas principais interlocutoras. Entretanto, abordagens recentes da antropologia das emoções
apontam para sua dimensão micro-política, ou seja, para sua capacidade de interagir com aspectos “macro” da organização social, podendo servir como
via de acesso para o estudo de temas tais como a violência, a política e as instituições. Novas perguntas são colocadas: qual o espaço das emoções e
simbolismos na dinâmica do Estado ou das organizações, tradicionalmente pensados em sua racionalidade? Como dar conta das emoções no mundo do
trabalho e suas articulações com a distribuição de poder no âmbito das organizações? E como pensar o papel das emoções na contraparte do trabalho – o
universo do consumo, dos esportes e do turismo?
Esta proposta visa discutir a fecundidade da emoção como objeto antropológico, conjugando temas consagrados e emergentes. Tem por focos de
interesse: a – a articulação racionalidade/afetividade no cotidiano de instituições e Estado; b – emoção e experiências da violência e da ação política; c –
a relação entre corpo, sensorialidade e emoção nos estudos sobre saúde/doença e gênero; e d – emoção e formas de lazer/consumo.
53. Comida e simbolismo: práticas alimentares, conhecimentos e saberes tradicionais no Brasil plural
Coordenadores: Maria Eunice de Souza Maciel (UFRGS) e Janine Collaço (UnB)
Debatedor: Luisa Garnelo (UFAM)
Resumo:
A alimentação e tudo que a cerca – comida, refeições, técnicas, patrimônio, práticas e sistemas alimentares – foi durante muito tempo um tema pouco
explorado no contexto das Ciências Sociais, inclusive dentro do campo antropológico. Na verdade, o tema acaba sendo englobado por outros tidos como
mais importantes e também porque, fato não incomum, se confundia com a gastronomia, um conceito que ganhou visibilidade desde alguns anos e
tornou-se comum para referendar tudo aquilo que se prende à alimentação. No entanto, existem marcos importantes tal como a pesquisa nacional sobre
hábitos alimentares na década de 70.A partir dessa constatação, desde 1996 ocorre nas Reuniões Brasileiras de Antropologia um GT destinado a discutir
as questões relacionadas à antropologia da alimentação.Para a 27ª Reunião de Antropologia propomos que o GT focalize a temática central da Reunião.
Assim, os trabalhos deverão abarcar a alimentação em várias dimensões, seja na maneira como se produz o alimento, como se distribui, como se prepara
e consome. Assim, é possível analisar o entrelaçamento desses distintos níveis sob olhares variados: rituais, festas, espaços, sociabilidade, bem como das
políticas culturais relacionadas às questões de valorização e manutenção da biodiversidade, preservação das espécies nativas, sustentabilidade, turismo e
outras.Dessa maneira, os antropólogos são convidados a refletir e trazer a discussão dosprocessos culturaisque envolvem a alimentação humana

54. O campo das relações étnicas e raciais sob distintas perspectivas


Coordenadores: Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (UFBA) e Roberto Motta (UFPE)
Debatedor: Ugo Maia (UFS)
Resumo:
A imprensa transmite, diariamente, informações sobre manifestações de discriminação étnica e racial, do mesmo modo que somos surpreendidos, nos
vários contextos sociais por onde circulamos, com relatos de intolerância sob a mesma motivação. O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), uma
análise preliminar dos homicídios em 267 municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes, em 2006, correspondente ao dado mais atual
disponibilizado pelo Ministério da Saúde, revelou que a probabilidade de ser vítima de homicídio é mais do que o dobro para os negros, em comparação
com os brancos. Não obstante a recomendação de cautela na interpretação dos resultados relativos à cor ou ´raça´, variáveis simultaneamente obtidas por
autocategorização e classificação por outrem, o quadro delineado é grave e suscita reflexões. Igualmente graves são as manifestações de preconceito
contra os povos indígenas, aos quais se busca, recorrentemente, condenar ao passado. Finalmente, as freqüentes expressões de xenofobia atestam que a
intolerância não se limita aos “etnicamente próximos”. Sob esse suposto, afigura-se especialmente oportuno o espaço da 27ª. Reunião Brasileira de
Antropologia para discutir o tema das relações étnicas e raciais. O GT ora proposto buscará abordá-lo simultaneamente à luz de distintas experiências
empíricas de investigação e sob perspectivas mais predominantemente conceituais e, ou, metodológicas, visando obter um quadro multifacetado que
assegure o avanço das reflexões
55. Religiões e percursos de saúde no brasil de hoje: as “curas espirituais”
Coordenadores: Raymundo Heraldo Maués (UFPA) e Miriam Cristina Marcílio Rabelo (UFBA)
Debatedor: Bartolomeu Tito Figueirôa de Medeiros (UFPE)
Resumo:
Busca-se, neste GT, compreender e identificar o itinerário terapêutico da pessoa em situação de sofrimento que recorre às diversas instâncias de solução
para os problemas que o atingem, sejam oficiais, sejam “complementares” ou “não convencionais”: ioga, técnicas de relax, de meditação, acupuntura,
sistemas de fitoterapia, xamânicos, sociedades ou grupos que promovem curas pela oração, por exorcismos, assim como por rituais de libertação de
diversos tipos de aflições psicossomáticas. Embora a matriz disciplinar antropológica encare saúde e doença como fatos sociais, as exigências da
interdisciplinaridade induzem aqui a levar em conta, necessariamente, a base biológica e psicossomática dos fenômenos a serem estudados, bem como os
conteúdos não apenas sócio-antropológicos, mas também psicológicos e médicos da cura. Por outro lado, impõe-se igualmente considerar práticas e
contextos sociais que lhes dão origem e redes de significados dos fatos objeto da investigação. Os trabalhos podem, igualmente, discutir ainda formas de
engajamento corporal fomentadas nos espaços religiosos, procurando relacionar o conjunto de ritos, práticas, exercícios e disciplinas corporais a uma ou
mais das seguintes questões: a) relações de poder e divisões de gênero, classe e/ou geração no interior do grupo religioso, b) processos terapêuticos
desenrolados nestes grupos e c) o processo mais amplo de construção da pessoa na religião.

56. Corpo e tecnologia: dilemas da interface


Coordenadores: Nubia Bento Rodrigues (UFBA) e Naara Luna (UFRJ)
Resumo:
O debate sobre corpo e tecnologia tem como base etnografias que, produzidas no contexto das biociências, compartilham o pressuposto de uma natureza
reinventada e reordenada através de práticas sociais e políticas extensíveis aos seres vivos. A construção da corporalidade humana surge em abordagens
sobre as redefinições de sexo e raça; o limiar vida-morte; nas tecnologias que visam alterar, curar, aperfeiçoar o corpo humano ou animal. Novas
discussões sobre o biológico e o social questionam as fronteiras tradicionais e obrigam a repensar definições antropológicas. Como conceituar o corpo
tecnológico ou as tecnologias do corpo? Qual o papel das novas tecnologias médicas e como atualizam hierarquias sociais e políticas, no contexto
mundial de controle de patentes e acesso ao produto de pesquisas? O GT propõe debater: processos saúde-doença e terapias; constituição de sujeitos
através das tecnologias reprodutivas e de imagem; intervenções cirúrgicas; tecnologias genéticas (exames de paternidade, definição de sexo,
identificação de doenças); exames diagnósticos; medicina regenerativa e emergentes formas de vida (OGM, células-tronco, embriões). Interessa
considerar a biossocialidade e o papel das categorias esperança e incerteza, conceitos importantes para compreender como os sujeitos se posicionam
quanto ao futuro. Pretende-se dialogar com os saberes do direito e da religião para explorar as subjetividades, identidades e práticas que estão em jogo
nesta arena biopolítica.

57. Religião e objetos


Coordenadores: Renata de Castro Menezes (UFRJ) e Ronaldo Rômulo Machado de Almeida (UNICAMP e CEBRAP)
Resumo:
Esse grupo de trabalho tem por objetivo agregar pesquisadores que desenvolvem reflexões em torno de objetos que circunscrevem, articulam,
condensam ou visibilizam fenômenos comumente enquadrados sob a rubrica de “religiosos”. Seja como estratégia metodológica/epistemológica que
segue os objetos para compreender processos sociais, seja por reconhecer o estatuto especial que lhes é conferido pelos agentes, os objetos têm atraído
novamente a atenção da teoria antropológica a partir de trabalhos como os de Arjun Appadurai, Alfred Gell, Nicholas Thomas, dentre outros. O objetivo
desse GT é trazer essas "novas" reflexões para um "velho campo" em que os objetos sempre tiveram um lugar significativo, que é o dos estudos da
religião. O GT estará aberto tanto a trabalhos voltados à análise de objetos em sentido estrito, como àqueles preocupados com outras formas de
expressão material do religioso, como músicas, danças, gestos, etc.
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Título: Ficha de Avaliação
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Data de criação: 19/01/2010 12:35:00
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Última gravação: 29/01/2010 12:49:00
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