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SUMARIO
0. INTRODUÇÃO 2
GOVERNANTES E TECNOBUROCRATAS 5
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Biólogo, 34, mestre em planejamento do desenvolvimento e doutorando em desenvolvimento agricultura e
sociedade Universidade Federal Rural de Rio de Janeiro CPDA/UFRRJ.
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0. INTRODUÇÃO
brasileiro. A partir da confluência com o rio Negro, nas proximidades da cidade de Manaus,
recebe o nome de Amazonas. Dos seus 6.515 km de extensão, 3.600 correm em território
brasileiro a uma velocidade de 2,5 km/hora, levando em seu leito toneladas de sedimentos
arrancados das margens, o que torna a sua coloração amarelada. Sua largura varia de 4 a 5 km,
chegando a alcançar 10 km em certos locais. A profundidade média do rio Amazonas chega a
quase 100 m. Entre seus mais de sete mil afluentes, os principais são os rios Madeira (que
percorre uma extensão de 3.200 km), o Xingu e o Tapajós, na margem direita; e os rios Negro,
Trombetas e Jari, na margem esquerda2
O Rio São Francisco tem como nascente a Serra da Canastra - Minas Gerais e sua foz
no Oceano Atlântico entre Sergipe e Alagoas, tem um comprimento de 2.700 km, a área da
sua bacia é 640.000 km2, ou seja, 64.000.000 há. Vazões observadas na estação de Traipu
(foz): média anual máxima: 5.244 m3/s; máximas mensais, da ordem de 13.743 m3/s, ocorrem
em março; média anual: 32.980 m3/s - corresponde a uma descarga média anual de 94 bilhões
de m3; média anual mínima: 1.768 m3/s;mínimas mensais, da ordem de 644 m3/s, ocorrem
em outubro.
A bacia do São Francisco possui uma área de 640.000 km2 e o curso principal do Rio
tem uma extensão de 2.700 km entre as cabeceiras, na Serra da Canastra, em terras do
município de São Roque de Minas, no estado de Minas Gerais, e a foz, no Oceano Atlântico,
entre os estados de Sergipe e Alagoas, onde se observa uma vazão média anual de 2.980 m3/s,
o que corresponde a uma descarga média anual da ordem de 94 bilhões de m3.
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www.ana.gov.br, http://www.hidricos.mg.gov.br/in-bacia.htm
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É equivocado dizer que três fenômenos climáticos tem se juntado para provocar as
chuvas e enchentes no Nordeste. É muito possível que isto tenha acontecido outras vezes, nos
milênios que o rio São Francisco tem drenado desde seu nascimento, que estende-se desde as
cabeceiras, na Serra da Canastra, município de São Roque de Minas. E é bastante possível que
isto tenha já acontecido nos 50 anos em que a bacia tem sido objeto de monitoramento pela
Codevasf e outros órgãos de governo. Como nunca foi comunicado à população o ocorrer
destes fenômenos, sofre agora com as enchentes, acreditando que seja um castigo do “céu”.
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Imagem satélite Goes-12 Channel 4, 2004/ 01-02 / 20-5. http://satelite.cptec.inpe.br/
4
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u89768.shtml.
5
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u89517.shtml
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GOVERNANTES E TECNOBUROCRATAS
Outro fator a isto relacionado, e mencionado pelos técnicos no relatório, diz respeito
aos excessos de aterros e construções de obras de arte (pontes, pontilhões, bueiros, etc) sub
dimensionadas, que estrangularam os referidos cursos naturais. A isto se agrega o fato da
ampliação do loteamento urbano em áreas de risco, cujos terrenos foram rebaixados pela
retirada de material para construção da cidade. Este loteamento e a extração de materiais
nunca foram objeto de controle efetivo pelo governo municipal. Todos estes aspectos, juntos,
concorreram para as inundações de partes dos bairros. A concepção e a implantação da
macrodrenagem para a cidade de Petrolina tornam-se imprescindíveis e prioritárias, em face
da velocidade do crescimento urbano em todas as direções possíveis. A macrodrenagem se
resume na ordenação dos cursos de água para os talvegues naturais e/ou coletores superficiais
edificados para facilitarem o escoamento das águas de uma microbacia hidrográfica.
vem das cabeceiras do Rio São Francisco. A tecnificação da agricultura irrigada permitiu a
ampliação de áreas plantadas, principalmente com fruticultura, em áreas no entorno da cidade,
impedindo a existência de uma vegetação protetora das margens dos rios que impeça a erosão
e facilite o escoamento freático das águas superficiais.
O rio São Francisco tem drenado desde seu nascimento que estende-se desde as
cabeceiras, na Serra da Canastra, município de São Roque de Minas, até a cidade de Pirapora
(MG), abrangendo as sub-bacias dos rios das Velhas, Pará e Indaiá, além das sub-bacias dos
rios Abaeté a oeste e Jequitaí a leste, que conformam seu limite, sendo que o monitoramento
hídrico do rio somente data de 1960.
Intitulado “Os riscos na energia o colunista Xisto Vieira Filho recorre os assuntos que
se segundo ele se relacionam com a matriz energética e o desenvolvimento brasileiro no
futuro. Ele afirma que “O consumo de energia elétrica no Brasil cresce a taxas elevadas em
relação ao PIB desde 1980. Esta tendência foi interrompida em 2001, devido ao racionamento,
mas será retomada tão logo ocorra o reinicio do crescimento econômico. Em qualquer hipótese
de expansão da economia a partir de 2004, o país chegará ao fim da década com uma demanda
maior que a oferta, exigindo novos investimentos no setor.”
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O Globo Online www.oglobo.com.br
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Concorda-se junto com o articulista que “Com um sistema 86% baseado na geração
hidrelétrica, o Brasil também corre riscos elevados de sofrer com a falta de energia devido a
estiagens prolongadas.” Por isso deve-se mudar a outras fontes de energia diferentes das
originadas no carvão, gás, petróleo e as barragens hidrelétricas, como a energia eólica,
maremotriz e solar. Evitando os riscos de enchentes e desastres ecológicos como os que
aconteceram no vale do rio São Francisco no inicio de 2004, produzidos pela construção de
hidrelétricas.
de que a energia de fontes renováveis possa ser uma alternativa mais viável para outras
comunidades isoladas. Energia do sol e do vento abastece comunidade10.
Discorda-se com o articulista quando afirma que “O racionamento sai caro para o país,
mas existe uma alternativa economicamente viável e adequada para evitá-lo: aumentar a
participação das termelétricas na matriz energética.” Pois o racionamento foi uma
oportunidade interessante de gerar consciência civil sobre o problema do aquecimento da
atmosfera e os modos de produzir, consumir e viver ineficientes e ambientalmente
inaceitáveis, como seria o caso dos Perímetros Irrigados no rio São Francisco. As
termelétricas são sujas, poluidoras, ineficientes, caras, reproduzem um modelo centralizador
de geração de energia, foco de corrupção política e utilizam combustíveis importados que vão
acabar num futuro não muito longínquo.
O articulista esta equivocado quando afirma que “Para ter o sistema elétrico ideal, de
acordo com o estudo - O risco de déficit e o papel da geração térmica no Brasil: qual
composição otimizada do parque gerador -, realizado pela Tendências Consultoria, da qual são
sócios Mailson da Nóbrega e Gustavo Loyola, a participação das termelétricas deveria passar
dos atuais 16% para, no mínimo, 22,6%; e dependendo da utilização de parâmetros mais
realistas na comparação hidrelétrica versus termelétrica, o percentual poderia chegar a 33%”
Propõe-se que, este esforço deve estar orientado a fazer que o 33% da energia gerada
no Brasil seja de origem alternativa, de pequenas hidrelétricas que não demandem de grandes
obras de barragem e inundação, geradores eólicos, maremotrizes e solares, fáceis de
administrar no nível local e que alternativamente vão desconcentrar o poder de decisão sobre o
desenvolvimento do plano nacional para o plano local, contribuindo para a formação de
pequenas e medias empresas nos municípios brasileiros fora das grandes metrópoles como Rio
de Janeiro, São Paulo ou Belo Horizonte, já saturadas e cheias de problemas ambientais e
sociais.
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26/11/2003 Local: Belém – PA Fonte: O Liberal Link: http://www.oliberal.com.br/index.htm
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Afirmar como o articulista o faz que “... a tendência é de redução do preço do gás
natural e aumento dos custos das hidrelétricas com transmissão a longas distâncias, além da
adoção de metodologia mais justa para a tarifa pelo uso da transmissão.” É propor um cenário
falacioso pois o preço da energia no mercado mundial só tem a subir pela crise no Oriente
Meio e América Latina e o esgotamento geral do petróleo e do carvão. È verdade que o preço
da transmissão vai subir pela grandes distancias de transporte da energia, só que o custo de
construir uma termelétrica, sua rede de transmissão e o combustível para funcionar, é muito
maior que o custo de instalar uma rede desconcentrada de geração local baseada nas energia
alternativas que não tem custo em dólares; já que sua fonte de potência é de livre acesso, o
vento a energia do sol e das mares.
Deve-se concordar com o autor quando afirma que “... hoje, porém, o cenário é outro.
Os locais propícios para a construção de hidrelétricas são cada vez mais distantes dos centros
de consumo, exigindo investimentos maiores em linhas de transmissão. Pesa ainda o alto
impacto ambiental desse tipo de investimento e o custo das obras e de desapropriação das
terras alagadas. Isso significa que a capacidade de armazenamento tende a se reduzir nos
futuros reservatórios.”
Deve-se discordar como o governo atual que no modelo setorial preparado reconhece a
necessidade de aumentar a segurança do sistema através de maior participação de geração
termelétrica. A tendência deve ser a geração de eletricidade utilizando fontes de energia
alternativas, que desconcentrem a oferta e o poder político e econômico que advém da gestão
de macro-projetos de desenvolvimento energético, com eficiência e protegendo o meio
ambiente.
Para finalizar deve-se indicar que XISTO VIEIRA FILHO é o atual presidente da
Abraget, que é a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas. Como este homem pode
escrever este texto defendendo sua própria associação sem manifestarlo explicitamente no
texto. Só consultando no sitio de internet da Abraget foi possível saber que ele era o presidente
deste órgão11.
Segundo o técnico de operação da estatal, José Batista Rocha, "pelas nossas previsões,
vamos ter uma cheia maior que a do ano passado". A análise foi feita comparando e
acompanhando o ritmo de subida do nível da água em sete dias corridos. As bacias
hidrográficas de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso influenciam diretamente na
cheia do Lago. A verificação feita é que o nível da montante (área do Lago de Tucuruí) está
11
www.abraget.com.br
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O Liberal Online www.oliberal.com.br
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aumentando cerca de 60 centímetros por dia, enquanto a jusante (no Rio Tocantins) está
crescendo em menor proporção, mas também de forma rápida, em 40 centímetros diários.
No primeiro dia foram abertas quatro comportas e já são 16 ao todo. Porém, esta
abertura máxima não supera 2,25 metros, dos 19 metros possíveis, liberando cerca de 6 mil
metros cúbicos por segundo. Para o prefeito municipal de Tucuruí, Parsifal Pontes, está
começando a ficar preocupante este nível. "A notícia é de muita chuva na cabeceira, e vem
mais chuva por aí", declara.
Como resultado disso o Rio Tocantins sobe quase 13 metros e deixa Marabá à beira da
calamidade. As chuvas da madrugada de segunda-feira, 16, acirraram ainda mais o problema
da cheia em Marabá. Desde o último sábado, o nível do rio Tocantins subiu 27 centímetros.
Hoje pela manhã, o Corpo de Bombeiros informou que o leito do rio já está 12,70 metros
acima do nível normal. A previsão da Eletronorte é de mais chuvas para o período de 21 a 25
de fevereiro. Será decretado estado de calamidade pública pela Defesa Civil caso o nível do
rio ultrapasse a marca dos 13 metros.
Uma suposta ação integrada entre os governos estadual e municipal está em andamento
para atender as 1.018 famílias desabrigadas até o momento. Segundo informações do relatório
da “Operação Enchente”, da Defesa Civil, os números confirmam que 4.935 pessoas estão
ocupando os espaços dos 36 abrigos improvisados na região. Em Tucuruí, 50 famílias já estão
desabrigadas, em Parauapebas, 100; em Palestina, 30 famílias e em São João do Araguaia, 96.
Em Marabá, os bairros do Santa Rita, Santa Rosa, Vila do Rato, Vila Socó e Francisco Coelho
foram os mais atingidos.
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“Estamos com uma ação emergencial do governo do estado, atendendo essas famílias,
prioritariamente as desabrigadas”, disse Regina Telma a O LIBERAL em Marabá. Ela
confirmou que para Palestina do Pará foram destinados inicialmente 500 quilos de alimento,
para atender famílias cadastradas pelo Corpo de Bombeiros que está com uma equipe há duas
semanas no município, em trabalho de prevenção junto aos ribeirinhos. De Palestina, a equipe
seguiu para São João do Araguaia, onde também seria feita a distribuição de cestas básicas
para outras famílias desabrigadas pelo rio Araguaia.
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Val-André Mutran, de Xinguara . http://www.diariodopara.com.br/Regional/Re_01.asp
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Os motoristas que saem de Xinguara em direção aos quatro municípios terão que
enfrentar um grande atoleiro próximo de Água Azul do Norte, “quem conseguir vencer esse
obstáculo terá outra surpresa desagradável perto do km 50, à altura do rio Karapanã, em São
Félix do Xingu, que transbordou”, preveniu Antônio Machado Lopes, 53, motorista de
caminhão que está preso à beira da ponte improvisada sobre aquele rio com uma carga de
secos e molhados que corre o risco de estragar.
Deste ponto de vista, o Estado (setor público) constitui o mais importante ator presente
na Amazônia e com grande capacidade de influenciação no seu futuro, aparecendo nos dois
primeiros lugares – Órgãos de Desenvolvimento e Estatais - e incluindo ainda as Agências de
Desenvolvimento Sub-Regionais, que têm um caráter misto (público e privado).
Nesse contexto de atores o debate acerca das causas e soluções para a crise energética
corre o grande risco de ficar dominado pela perspectiva de curto prazo do governo, submetido
a uma verdadeira chantagem do imediato. O Governo anterior parecia querer transformar a
crise de 2001 em pretexto para aprofundar a opção privatizante. Através da chamada "garantia
cambial", que significa indexar as tarifas ao câmbio. Promete-se comprar toda a energia que
for produzida, ao preço que for solicitado.16
Nos anos 60-70 o Brasil definiu seu modelo para geração de energia e a priorização da
hidroeletricidade como principal fonte geradora, desencadeou a construção de várias barragens
que deram ao país uma matriz com cerca de 91% de energia hidráulica. Esta opção implica a
elevação das tarifas, com graves ônus tanto para os consumidores residenciais quanto para o
desenvolvimento do país e da Amazônia. Implica também a entrega a interesses privados de
15
Centrais Elétricas do norte do Brasil S/A Eletronorte, Cenários Sócioenergéticos da Amazônia 2000-2020:
Contexto Nacional, Versão Técnica Revisada e Atualizada, Fevereiro de 2001, 105 p.
16
CARLOS B. VAINER é professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ;
CÉLIO BERMANN é professor do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP.
http://alainet.org/active/show_text.php3?key=1516
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importante patrimônio público, representado tanto pelas empresas estatais ainda não vendidas
quanto pelas águas e pelo potencial hidrelétrico.17
Parte deste "mercado centralizado" vai continuar com problemas muito graves pois a
deficiência tem causas estruturais que não estão sendo totalmente solucionadas. No interior do
Estado do Amazonas por exemplo, o sistema isolado de geração depende de unidades térmicas
movidas a diesel ou óleo combustível cujo custo de aquisição é subsidiado em cerca de 60%
pela Conta de Consumo de Combustível (CCC). Por causa das distâncias que podem significar
17
CARLOS B. VAINER é professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ;
CÉLIO BERMANN é professor do Programa de pós-graduação em Energia da USP.
http://alainet.org/active/show_text.php3?key=1516
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o gasto de até 2 litros de combustível para cada litro transportado, a produção de energia nas
80 principais localidades do interior amazonense, têm um custo médio de R$230,00/MW,
muito acima do poder aquisitivo dos consumidores da região. Esse valor médio contudo não
reflete a realidade estadual pois ele esconde os números extremos que vão de R$40,00/MWh
em Manaus, à R$827,61/MWh em Campinas, uma pequena cidade do interior do Estado.
A atual tentativa de resgatar o modelo dos anos 70 e 80 está fundada na idéia de que
um sistema nacional interligado, estruturado sobre grandes barragens hidrelétricas, é eficiente,
barato e pouco impactante do ponto de vista ambiental. Esta idéia cai por terra quando se lê o
relatório "Barragens e Desenvolvimento: Um Novo Modelo para a Tomada de Decisões",
lançado em novembro de 2000 pela Comissão Mundial de Barragens, organismo independente
do qual participaram representantes de diferentes setores envolvidos com o tema18.
Após dois anos consagrados a uma ampla avaliação das grandes barragens no mundo, a
comissão concluiu: a) grandes barragens custam muito mais que o previsto e produzem menos
energia que o planejado; b) seus impactos ambientais são enormes e irreversíveis; c) além de
terem deslocado de 40 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo, provocaram o
empobrecimento nas regiões onde se formaram imensos lagos artificiais.
18
World comission of dams (Ed.). Dams and Development: A New Framework for Decision-Making, 2000.
http://www.dams.org/report/
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Como se vê, o mundo vem aprendendo com o fracasso do modelo baseado em grandes
barragens. Já se encontra em discussão no Congresso americano projeto para que os
representantes dos Estados Unidos em organismos multilaterais votem contra qualquer
proposta de construção de barragens que não considere as recomendações da Comissão
Mundial de Barragens.
vantagem de utilizar os recursos naturais para melhorar a qualidade de vida das populações
interioranas.
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http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz16.htm .Ozorio Fonseca - Doutor em Ciências, Membro
da Ordem Nacional do Mérito Científico, Ex-Diretor.
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E quais são as lições que podem ser deduzidas do desastre e crise energética mostrada
aqui? Uma é que a política energética de um país de regiões como o Brasil não pode ser objeto
de decisões secretas e centralizadas. O modelo e a política energéticas, assim como as decisões
relativas a recursos hídricos, devem resultar de amplo debate público municipalizado.
A outra lição a tirar da crise que é possível reduzir o consumo de eletricidade no sul –
sudeste antes de faze-lo na Amazônia. A economia seria infinitamente maior se, ao invés da
simples pressão sobre o consumidor residencial, fossem revistos os acordos de fornecimento
com indústrias eletrointensivas que se beneficiam de enormes subsídios. As indústrias de
alumínio, por exemplo, exportam 70% da produção e recebem subsídios de 200 a 250 milhões
de dólares ao ano para as fábricas do Pará e Maranhão. Isto quer dizer que se dizimam as
florestas, inunda-se terras férteis, expulsa-se do campo populações ribeirinhas, para subsidiar
o consumo de alumínio nos países dominantes que, desde a crise do petróleo, deslocaram para
os países periféricos os setores industriais que consomem grandes quantidades de energia. Isto
para não falar dos efeitos internos: enquanto a indústria de alumínio emprega 2,7 trabalhadores
por cada 1.000 MWh consumidos, a indústria de alimentos e bebidas, voltada essencialmente
para o mercado interno, oferta 70,2 postos de trabalho para o mesmo consumo energético.
O próprio sistema elétrico opera hoje com perdas técnicas da ordem de 16,5%, que
ocorrem nas linhas de transmissão mal isoladas e nas redes de transmissão com
transformadores antigos ou defeituosos. Se alcançássemos o padrão internacional, de 6% de
perdas, resultaria uma economia equivalente à metade da produção de Itaipu, ou cerca de 10%
de toda a potência instalada no país. Se ao lado disso se engajasse um programa de
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repotenciação de usinas, das usinas com mais de 20 anos de operação, poder-se-ia alcançar um
acréscimo de potência de 7.7607.600 MW.
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CARLOS B. VAINER é professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ;
CÉLIO BERMANN é professor do Programa de pós-graduação em Energia da USP.
http://alainet.org/active/show_text.php3?key=1516