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Blog do Noblat
O direito morte digna
23.03.2012 21:04
Flavia Piovesan e Roberto Dias, O Globo
Neste ms, Tony Nicklinson instou a Justia britnica a analisar se um mdico pode ajud-lo a
pr fim sua vida. Aps sofrer um derrame, em 2005, Nicklinson, hoje com 58 anos, ficou
completamente paralisado e se comunica apenas com o movimento dos olhos. Consciente,
mas incapaz de mover o corpo, ele quer morrer. Para isso, busca assegurar uma forma
legalizada e, na sua viso, dignamente humana para decidir quando e como morrer.
Diante da certeza da finitude da vida, como compreender a morte? Qual o alcance do direito
autodeterminao individual nesta experincia solitria? Qual o espao de autonomia e
liberdade no exerccio da morte? Como repensar a morte no como algo a ser evitado, mas,
em determinadas circunstncias, como um direito a ser perseguido?
Nas ltimas dcadas, o avano da medicina tem trazido inmeros benefcios sade das
pessoas, reduzindo o sofrimento humano e pondo a salvo vidas.
Desde 1999, a lei paulista n 10.241 dispe sobre o direito de o paciente, depois de
devidamente informado, poder consentir ou recusar procedimentos diagnsticos ou
teraputicos, bem como impedir tratamentos dolorosos ou extraordinrios para tentar
prolongar a vida, alm de escolher o local de sua morte.
O novo Cdigo de tica Mdica impe ao profissional de sade o dever de prestar todas as
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O living will (testamento vital), amplamente difundido nos EUA, tem especial utilidade para
preservar a autonomia e a dignidade da pessoa no momento em que no puder expressar sua
vontade acerca dos procedimentos mdicos sugeridos ou sobre o prolongamento de sua vida.
No Brasil, ainda que no exista qualquer referncia legal expressa ao testamento vital, no
h razo para rejeitar sua validade.
No Estado laico h que se admitir o direito de morrer com dignidade, impedindo que dogmas
religiosos imponham, coercitivamente, por meio do Estado, uma conduta ou uma absteno.
Que o Senado, rompendo com dogmas e tabus, possa avanar na proteo do direito morte
digna, conferindo prevalncia aos valores constitucionais da liberdade, da autonomia, do
respeito e da laicidade, sob o triunfo da dignidade humana.
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