Vous êtes sur la page 1sur 2

Páginas do livro que tem fotos que

mostram o cotidiano das famílias


campineiras, no interior paulista,
há mais de um século

apresentar uma análise histórica da


tradição alimentar das famílias resi-
dentes nos meios urbano e rural da
Campinas da segunda metade sécu-
lo XIX e início do século XX, acom-
panhada de uma série de receitas de
doces e bolos. É o primeiro resulta-
BRASIL COLÔNIA do do projeto de pesquisa sobre a
história da alimentação em Campi-
nas, realizada pela equipe de pesqui-
CADERNOS DE RECEITAS DAS SINHÁS: sadores do Centro de Memória da
Unicamp, desde 2002. Segundo o
ENCONTRO COM A GASTRONOMIA historiador Fernando Abraão, orga-
nizador do livro, por meio desses ca-
Um ambiente de cheiros e sabores deiros do ciclo do açúcar e do café dernos é possível levantar questões
das grandes cozinhas da casa-gran- da região de Campinas, no interior sobre a produção de alimentos, a
de das fazendas do século XIX. Esse paulista. Os cadernos fazem parte evolução dos preços, as políticas de
é o universo reconstruído pelo livro do acervo dos Arquivos Históricos importação e exportação de ingre-
Delícias das sinhás. História e receitas do Centro de Memória da Uni- dientes, a utilização de certos pro-
culinárias na segunda metade do sé- camp. O livro traz ainda um ensaio dutos e as conseqüentes mudanças
culo XIX e início do século XX, resul- histórico sobre os aspectos da ali- no paladar.
tado de projeto que reuniu, organi- mentação e da culinária na Campi- Além disso, o estudo das receitas
zou e analisou um conjunto de ca- nas oitocentista. possibilita analisar as relações de gê-
dernos de receitas pertencentes às As receitas culinárias são fontes ins- nero envolvidas na criação ou no
sinhás, designação dada pelos escra- tigantes para uma história da ali- consumo de determinados pratos.
vos às senhoras esposas dos fazen- mentação. A proposta do livro é “É fundamental destacar a simbóli-

60
ca conotação feminina que o açúcar
adquiriu, na medida em que foi se QUEIJADINHA DE LEITE
popularizando e adentrando nosso Receita portuguesa da região
de Abrantes extraída do livro
cotidiano. Isso foi determinado pe-
lo fato de as mulheres terem sido
INGREDIENTES (para 18 unidades)
responsáveis pelo preparo das so-
• 2 ovos
bremesas servidas durante os ban-
quetes e jantares. Era de bom-tom • 300 g de açúcar
que as anfitriãs cuidassem pessoal- • Raspas da casca de meio limão
mente da elaboração do cardápio, • 1 colher (sopa) de manteiga
da supervisão da feitura e do servir • 100 g de farinha
os doces”, explica. • 500 ml de leite frio
• Folhas de limoeiro lavadas e secas,
ORIGEM PORTUGUESA Os doces sem-
açúcar e canela para decorar
pre deram o toque final às refeições,
mas também eram servidos entre as
danças, os folguedos e comemora- PREPARO
ções festivas e familiares. Aletria, ba- Unte com manteiga as forminhas,
ba-de-moça, bavaroise de laranja, ar- mantendo-as longe das fontes
roz doce, beijos de claras, doce de de calor. Aqueça o forno à 250 graus.
abóbora, goiabada, merengues: a va- Coloque os ovos e o açúcar no
riedade de doces deu origem a uma liqüidificador; bata bem até obter
peculiar doçaria paulista. Com a
uma mistura bem fofa. Desligue o liqüidificador e adicione a raspa da
análise das receitas foi possível deci-
casca de limão e manteiga; ligue-o novamente e deixe bater por mais um
frar a transformação da culinária de
origem portuguesa por meio da jun- minuto; enquanto isso, misture a farinha ao leite e mexa bem. Desligue-o

ção das culturas africana e indígena e acrescente a farinha dissolvida no leite; ligue o liqüidicador novamente
na cozinha das sinhás. São receitas e bata até espumar – cerca de três minutos. Encha as forminhas até a
que exigiam lento preparo e muitas metade com a massa e leve-as ao forno bem quente. Deixe até corar
mãos. “A fabricação artesanal dos levemente a superfície; retire do forno e deixe amornar. Desenforme e
doces exigia um cotidiano de tem- coloque-as uma a uma sobre uma folha de limoeiro. Polvilhe com açúcar
pos mais lentos, muitas mãos para o
e canela e sirva-as ainda mornas ou frias.
remexer constante da colher de pau
nos grandes tachos fumegantes, em
busca do ponto exato do doce, da açúcar e 10 quilos de manteiga. “As
compota”, conta Abrãao. Outro receitas originais rendiam muito, o DELÍCIAS DAS SINHÁS –
destaque é a fartura dos ingredien- que sugere famílias imensas, empre- HISTÓRIA E RECEITAS
tes: banha de porco ou manteiga, gados aos montes e visitantes que CULINÁRIAS DA SEGUNDA
açúcar e ovos, especiarias e frutas. não tinham hora para ir embora”, METADE DO SÉCULO 19 E
Com o intuito de enriquecer a aná- diz o jornalista, que também foi res- INÍCIO DO SÉCULO 20
lise historiográfica, 82 receitas fo- ponsável por um minucioso ensaio Autor: Fernando Abrahão (Org.)
ram preparadas pelo jornalista, es- fotográfico sobre como eram feitos Editora: Arte Escrita
pecializado em gastronomia, Fer- cada um dos doces das sinhás. Preço sugerido: R$ 70
www.editorartescrita.com.br
nando Kassab. Foram usados mais
de 100 dúzias de ovos, 70 quilos de Patrícia Mariuzzo

61

Vous aimerez peut-être aussi