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CULTURA DO MILHO

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José Gamaliel Anchieta Ramos & Gil Santos
APRESENTAÇÃO
O milho foi alimentação básica de povos antigos, Maias, Astecas e Incas, habitan
tes das Américas antes do descobrimento. Com a descoberta da América e as grande
s navegações do século XVI, a cultura foi levada para outras partes do mundo, se
ndo hoje um cereal bastante popular em todos os continentes, que perde em área d
e plantio apenas para o trigo e o arroz.
O valor social e econômico do milho é muito grande, devido suas utilidades, ao n
úmero de produtores envolvidos, sua área plantada e produção total de grãos, em
torno de 32 milhões de toneladas no Brasil e 3 milhões em Goiás, segundo o Insti
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ano 2000.
Quanto à área plantada e produção total de grãos, com mais de 90% da produção na
cional, estão na frente Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Ca
tarina, São Paulo, Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul e Ceará. O milho não c
onsegue destaque econômico nos demais Estados, onde apresenta baixa produtividad
e e não passa de um cultivo de fundo de quintal. Como acontece em Goiás e em tod
o o País, o comum é um mesmo Estado ter alta e baixa produtividade.
Nos últimos vinte anos, o Estado de Goiás tornou-se um grande produtor de milho,
ocupando o quarto lugar em volume de produção. Nosso Estado é o maior exportado
r de milho, dentro do território nacional, enviando parte de sua produção para o
Nordeste e Centro-Sul. Quanto à produtividade de 2000, o IBGE aponta Goiás como
segundo colocado, com 72,5 sacos de 60 quilos por hectare.

USOS DO MILHO
O milho é um produto agrícola que tem mil e uma utilidades, seja ele mil
ho duro, doce ou pipoca, razão pela qual o grão de milho é chamado de “Grão de
Ouro”, por ser aproveitado de muitas maneiras: na alimentação dos humanos e de
animais domésticos, além de ter aplicação na medicina. Tem sido bastante usado
na alimentação humana, fazendo parte das receitas de guloseimas à base de milho,
tanto o seco como o chamado milho verde. Os bovinos de leite e corte, os suínos
de corte e banha, as aves de corte e poedeiras, que foram criados comendo milho
, nos dão o leite, o queijo, a carne e o ovo, que chega a nossa mesa. No Estado
de Goiás estão se estabelecendo Empresas que criam aves e suínos, tendo-se multi
plicado também o consumo do milho como silagem nos projetos de confinamento de g
ado.

VALOR NUTRITIVO
De grande valor nutritivo, o milho deve fazer parte de uma alimentação s
ortida para que ajude as pessoas ficarem fortes, resistentes e com saúde. É um a
limento muito energético que apresenta cerca de 70% de hidratos de carbono (amid
o). Também possui entre 8 a 12% de proteínas e 4,5% de gorduras, alto teor de fó
sforo, quantidades apreciáveis de vitamina A, riboflavina, ácido pantotênico e v
itamina E. Por isso, crianças e adultos devem consumir o milho preparado em ming
aus, sopas, angus ou polentas, salgados, doces, bolos, pães, biscoitos e em floc
os, que podem ser flocos pré-cozidos (milharina), açucarados (sucrilhos) e salga
dos (skiny).
__________
1
Pesquisadores da AGENCIARURAL. Estação Experimental de Senador Canedo. Fones: 5
12 6955/512 7455
MILHO NO BRASIL DE 1970 A 2002

ANOS

ÀREA
PLANTADA
(hectare)
PRODUÇÃO
(tonelada)
PRODUTIVIDADE
(sacos de 60 quilos por hectare)
1970
9.854.000
14.216.000
24
1980
11.452.000
20.372.100
30
1990
11.868.000
30.064.975
42
2000
11.614.717
31.879.392
46
2002
11.871.398
35.478.716
50

MILHO NO ESTADO DE GOIÁS DE 1970 A 2002

ANOS
ÁREA PLANTADA
(hectare)
PRODUÇÃO
(tonelada)
PRODUTIVIDADE
(sacos de 60 quilos por hectare)
1970
446.650
657.600
24
1980
802.800
1.750.100
36
1990
873.650
1.848.350
35
2000
833.400
3.623.700
72
2002
478.000
2.400.000
84
Será que Goiás tem hoje uma boa produtividade de milho? Bem, se você est
iver fazendo comparação entre os 84 sacos, produzidos em 2002, com os 24 sacos d
e 1970, a resposta é sim. A resposta também será afirmativa se a comparação for
feita entre os 50 sacos da média brasileira de 2002, com os 84 sacos produzidos
no mesmo ano por Goiás. Mas, alguém terá resposta negativa, caso compare a produ
tividade goiana com casos extremos, até onde o milho já pode chegar, 267 sacos n
o Brasil e 383 sacos nos Estados Unidos, pois verá que ainda produz de 4 a 5 vez
es menos do que ele poderia.
TÉCNICAS DE PRODUÇÃO
Para que o milho consiga maiores rendimentos de grãos, é necessário empregar com
acerto as medidas técnicas seguintes:

PREPARO DO SOLO
As raízes do milho passam com toda a liberdade pelas camadas mais soltas
de um solo bem preparado, até que cheguem em suas partes mais fundas, onde busc
am maiores quantidades de água e adubo, elementos tão indispensáveis ao bom cres
cimento e produção das plantas.
As técnicas de preparo e manejo do solo para o plantio do milho, depende
m da irregularidade do terreno, cultura anterior, grau de infestação d
e plantas invasoras, restos vegetais que se encontram na área, tipo de solo, de
sua quantidade de água, de seu risco de erosão ou da existência de camadas endur
ecidas, tipo de máquina de preparo e tipo de máquina de plantio disponíveis na f
azenda. Cada situação pede uma decisão especial, que será tomada após considerar
esses diversos fatores, sem que se faça nada mais do que for preciso, para que
o solo não fique bastante solto ou duro demais, além de não aumentar os custos d
e produção.
Fora o modo comum de preparo do solo, com arado e grade, existe o planti
o direto, um sistema usado por poucos agricultores goianos, que, em diversas saf
ras, possibilita a formação de uma camada de matéria orgânica sobre o solo, pelo
fato dele não ser revolvido por implementos como arados, grades e cultivadores,
sendo feito por herbicida (mata mato) o controle de plantas invasoras. Embora d
ispense arações e gradagens, não é boa técnica para pequenos produtores, porque
o herbicida encarece o custo de produção. Porém, médios e grandes produtores con
sideram vantajoso este sistema, por causa do melhor controle da erosão e porque
o milho e as outras culturas têm um rendimento parecido ao do sistema mais usado
de preparo do solo.

CULTIVARES PARA GOIÁS


O que são grãos? São sementes usadas para o consumo humano ou animal e para a in
dústria. E o que são sementes? São sementes escolhidas pelo vigor e altas germin
ações, que têm o fim especial de ser empregadas no plantio. Por isso, a formação
de um bom milharal deve começar com as sementes, porque o grão nunca deve ser u
sado para o plantio.
A semente melhorada é importante para que se consiga boa produtividade,
porque tem maior capacidade de produção, apresenta tolerância a pragas e doença
s, resistência às condições impróprias de clima e solo, desde que faça parte de
um conjunto de técnicas capazes de tornarem as cultivares de ponta mais eficient
es.
Em sua maioria, as sementes de milho que o produtor encontra no mercado são cul
tivares híbridos. O milho híbrido possui maior capacidade de produzir que o de u
ma variedade, com uma média produtiva de 35 sacos a mais por hectare. Mas, quand
o o produtor, como medida de economia, resolve plantar os grãos colhidos em lavo
uras plantadas com sementes híbridas, ou seja, com sementes híbridas de segund
a geração, há uma queda em produtividade. No caso de novo plantio com os grãos c
olhidos de uma variedade, não se observa queda do rendimento. Por isso, o pequen
o produtor, sem maiores recursos para o emprego de técnicas agrícolas mais avanç
adas e que não pode enfrentar tantos gastos, ainda outro a mais como a compra de
sementes, tem praticado o plantio de variedades.
Para Goiás, pesquisa de 2000/2001, aponta como mais produtivos os híbrid
os comerciais Cargill-333B, AGN22E48 e Zeneca-8550, com a média de 131 sacos de
60 quilos por hectare, em um ciclo normal, ou seja, 140 dias. De ciclo precoce,
130 dias, foram mais produtivos P-30F44, Z-84E80, P-30K75, NB-7318 e HSTR3-Embra
pa, com a média de 125 sacos de 60 quilos por hectare. Em 120 dias, com a média
de 120 sacos de 60 quilos por hectare, os melhores superprecoces foram NB-5218,
Z-8330, SHS 5070, AGN-3050 E AGN-3541. Neste mesmo ano agrícola, as variedades B
R 106-Embrapa, EMGOPA 501 e Samambaia 89, produziram em média 90 sacos de 60 qui
los por hectare.
ÉPOCAS DE PLANTIO
Influenciada pela presença regular de água no solo, quantidade de calor
do ambiente e grau de luz refletida pelo sol, a época ideal de plantio do milho,
varia de região para região. Em Goiás, o plantio deve ser feito no período que
vai do final de outubro até o final de novembro. Por outro lado, os plantios ir
rigados podem ser realizados durante todo o ano. Com as vantagens de melhor uso
das máquinas e da terra, além de aproveitar os restos de adubação da soja, logo
após a sua colheita, na segunda metade de fevereiro, tem sido praticado o planti
o de uma segunda safra de milho, a popular safrinha. A safrinha atinge uma queda
média no rendimento de 50%, comparada com o milho plantado na época normal.

ESPAÇAMENTOS
O espaçamento entre fileiras de plantio mais comum é o de 90 centímetros
. Mas, as distâncias entre fileiras podem ser de 80, 90 ou 100 centímetros. Este
espaçamento entre fileiras de 100 centímetros foi recomendado por certo tempo.
O avanço da tecnologia, com a criação de cultivares precoces e de porte baixo,
é que fez diminuir a distância entre fileiras.
O espaçamento final, após a germinação, entre plantas é o de 15 a 20 cen
tímetros, devendo-se a semeadeira distribuir 63 sementes a cada 10 metros de fil
eira.

PROFUNDIDADES DE PLANTIO
Em solos pesados ou argilosos, as sementes devem ser colocadas mais rasa
s, entre 4 e 6 centímetros, porque a germinação sofre prejuízos, ao serem as sem
entes plantadas nas partes mais fundas desses solos.
Em solos leves ou arenosos, o plantio pode ser mais profundo, entre 5 e 8 centím
etros, onde as sementes aproveitam melhor a umidade existente nas partes mais fu
ndas desses solos.

POPULAÇÃO DE PLANTAS NA ÁREA


Técnica das mais importantes, que muito interfere nos ganhos e perdas de
produção das lavouras de milho no Brasil, a população de plantas por área, de m
odo geral deve ficar próxima de 50.000 por hectare. As falhas nas fileir
as de plantio ocorrem devido ao mau ajuste da semeadeira, sementes com men
or taxa de germinação, danos causados por insetos do solo ou lagartas que matam
as plantas jovens e devido a plantios feitos em solos com pouca umidade, o que
acontece muito em solos de cerrado do Estado de Goiás.
Com o aumento da população de plantas, as espigas ficam menores e diminu
i também o número de espigas por planta, porém há uma compensação na produção, p
or meio do aumento do número de plantas na área. Para o aumento da população de
plantas, outros fatores devem ser observados, tais como a cultivar, o nível de f
ertilidade e umidade do solo e o grau de tecnologia da lavoura.

CALAGEM E ADUBAÇÃO
Os técnicos, com base nos resultados da análise de solo da área, calcula
m a quantidade de calcário a ser aplicado por hectare, procurando a diminuição d
a acidez dos solos de cerrado, buscando aumentarem para 5,5 um pH que está em to
rno de 4,0 a 5,0.
A adubação recomendada para o Estado de Goiás, de acordo com a maioria d
as análises de solo, é de 10 a 20 quilos por hectare de nitrogênio, por ocasião
do plantio, e, aos 40 e 60 dias após o plantio, de 50 a 90 quilos por hectare de
nitrogênio. As quantidades de fósforo e potássio, indicadas durante o plantio,
variam de 60 a 120 quilos de fósforo por hectare e de 30 a 60 quilos de potássio
por hectare.
A adubação verde com mucuna, mesmo que aumente a produção de grãos de mi
lho, ainda é pouco praticada pelos agricultores goianos.

CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS


As plantas invasoras, também conhecidas por ervas daninhas, são assim ch
amadas porque nascem no meio das culturas, prejudicando-as.
O milho produz mais grãos, quando é mantido no limpo da germinação das sementes
até os 45 dias, momento em que está com uma altura de mais ou menos 50 centímetr
os . As plantas invasoras competem com o milho por nutrientes, água, luz e ar, p
rejudicando mesmo a produção de grãos, além de serem hospedeiras de algumas prag
as e doenças.
Para pequenos plantios, o cultivo mecânico feito com cultivador engatado
no trator ou puxado por animal, traz benefícios para o desenvolvimento do milho
. Para grandes áreas, do Sudoeste e Sul de Goiás, o controle por meio de herbici
das é o mais aconselhável.

CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS


Quando os insetos que vivem nas plantas aumentam muito em número, causan
do danos que prejudicam a produção, eles passam a ser considerados como pragas d
a lavoura.
Insetos como a lagarta-do-cartucho e a cigarrinha-das-pastagens, são pragas resp
onsáveis por grandes perdas da cultura do milho. Os ataques dessas, quando causa
m maiores danos, assim como os de outras pragas, devem ser controlados com inset
icidas granulados ou inseticidas biológicos.
Na região Centro-oeste, as podridões do colmo, causadas por fungos, são
importantes entre as doenças, pela existência de grandes áreas onde a colheita é
mecanizada, porque as espigas que caem no solo, apodrecem ou deixam de ser colh
idas.
As doenças das folhas não só causam redução na qualidade e quantidade da
produção, como também favorecem o aparecimento nas plantas de fungos causadores
das podridões do colmo. As ferrugens têm sido as doenças das folhas mais import
antes na região.

PERDAS NA COLHEITA E ARMAZENAMENTO


Armazenar o grão e a semente do milho com um teor ótimo de umidade, entre 12,5
e 13,5%, bem limpos, pois os detritos impedem a entrada do ar e de inseticidas
na forma gasosa, além de facilitar o desenvolvimento dos insetos.
O caruncho e a traça são os insetos que mais atacam o grão de milho. O milho, an
tes do armazenamento, deve ser expurgado para eliminação dos insetos que o ataca
m ainda no campo e vão junto para o local de armazenagem.
O milho em espiga, armazenado com palha e sabugo, deve receber a proteçã
o de inseticida, para evitar que seja infestado de novo.
Para preservar a qualidade das sementes, recomenda-se que sejam tratadas com ins
eticidas.

ROTAÇÃO DE CULTURAS
Soja e milho são beneficiadas com a rotação anual de culturas, ao produz
irem mais do que no sistema de milho após milho e soja após soja. A soja e o mil
ho formam a dupla de grãos nobres da agricultura brasileira. No Estado de Goiás,
em áreas de cerrado, essas culturas são plantadas nas mesmas regiões e ambas tê
m grande importância econômica. O cultivo da soja trouxe junto com ele a exigênc
ia do emprego de técnicas agrícolas melhoradas, que vieram contribuir com o aume
nto da produtividade média do milho em Goiás.
LITERATURA CONSULTADA
ARAÚJO, N. B. de; RUSCHEL, R.; ELEUTÉRIO, A.; SILVA, N.L. da; SANTOS,
G. Rotação
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(POTAFÓS. Informações Agronômicas, 34).
BERNARDES, L. F. A experiência do campeão: como produzi 267 sacos de milho
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CAMARANO, L. F.; FELIPE, C. R. DE P.; SANTOS, G. Avaliação de Cultivares de
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CAMARANO, L. F.; FELIPE, C. R. DE P.; SANTOS, G. Avaliação de Cultivares d
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CAMARANO, L. F.; FELIPE, C. R. DE P.; SANTOS, G. Avaliação de Cultivares d
e Milho (Zea
Mays L.) de Ciclo Superprecoce, na Safra 2000/2001, em Goiás. Cong
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Milho e Sorgo, 24., Florianópolis, SC. Resumos. p. 202. Sete Lagoa
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de
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RUSCHEL, R.; ARAÚJO, N.B. de; MELO, M. A. da R.; CARNEIRO, M. de F.; BARROS
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(EMGOPA, Circular técnica, 15).
TAVARES, R. P. A Cultura do Milho. Rio de Janeiro, Ediouro, 1988. 129 p.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Escola Superior de Agricultura: Depart
amento de
Fitotecnia. Notas sobre a cultura do milho. Viçosa, MG. 1972. 31 p.
* * *
ORAÇÃO DO MILHO
Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada. Gostaria tanto de t
er no XX Congresso
Ponho folhas e haste, e se me ajudares senhor, Nacional de Milho e Sorgo
– CNMS
mesmo planta de acaso, solitária, a presença da
saudosa Cora Coralina,
dou espiga e devolvo em muitos grãos, para poder dize
r-lhe que milho
o grão perdido inicial, salvo por milagre, também era aliment
o de deuses, numa
que a terra fecundou. América
distante daqueles deuses
Sou a planta primária da lavoura, europeus do ch
amado Velho Mundo,
não me pertence a hierarquia tradicional do trigo, que só se alimentavam do
nobre trigo.
de mim não se faz o pão alvo universal. Álvaro Eu
leutério da Silva
O justo não me consagrou Pão da Vida, Presidente
do XX CNMS
nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra,
donde não vinga o trigo nobre.
Sou a origem obscura e de ascendência nobre,
alimento de rústico e de animais de jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
coroados de rosas e de espigas,
e os hebreus iam em longas caravanas,
buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
quando Jesus abençoava os trigais maduros,
eu era apenas o bró nativo das tábuas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante
Sou a farinha econômica do proletário,
Sou a polenta do imigrante,
amiga do que começa a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis,
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Ti, Senhor,
que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
Cora Coralina
(Poema do Milho: introdução)
Nossos índios tupis contam a lenda seguinte. Dois jovens guerreiros chefiavam tr
ibos rivais, que naquela época entravam em luta corporal por causa de comida. Um
a divindade ordenou para que esses bravos caciques lutassem entre si até a morte
e, da terra em que o perdedor fosse sepultado, nasceria a planta que iria alime
ntar todas as gerações por vir. A divindade acertou – olha nós aqui, que até hoj
e aproveitamos das delícias do milho, o belo resultado dessa briga.
O milho é um grão pequeno mas de uma generosidade inigualável. É para os goianos
como a vaca na Índia e se tivéssemos uma religião local, certamente ele seria o
nosso Deus. Como o leite da vaca, são tantos os seus derivados, de ração para a
nimais a alimentos para os homens: pamonha, curau, canjica, pipoca, suco, angu,
sorvete... Dá pra fazer uma festa só de milho!
A pamonha de Goiás, reconhecida como a melhor do País, campeã da preferência nac
ional, é muito afamada por ser iguaria de sabor tão impar, quer seja doce também
, ora com catupiry, ora com queijo minas. Mas as tradicionais salgadas são típic
as e incomparáveis: puras, com estes queijos, com lingüiça e pimenta, com cheiro
verde, e até com frango e guariroba... hummmm!
(Jornal O Popular, 6 de julho de 2002, Breno de Faria, Coluna: PELA BOCA
).

* * *

A importância do milho não está apenas no fato ter sido a alimentação de povos a
ntigos e dos índios. Ainda hoje é muito produzido em todo o mundo, pois perde em
área de plantio apenas para o trigo e o arroz.
Quanto a área plantada e produção total de grãos, com mais de 90% da produção na
cional, estão na frente Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Ca
tarina, São Paulo, Mato Grosso, Bahia, Mato Grosso do Sul e Ceará. O milho não c
onsegue destaque econômico nos demais Estados, onde apresenta baixa produtividad
e e não passa de um cultivo de fundo de quintal. Como acontece em Goiás e em tod
o o País, o comum é um mesmo Estado ter alta e baixa produtividade.
Para qualquer lado que olharmos o milho pode ser visto. Os bovinos de leite e co
rte, os suínos de corte e banha, as aves de corte e poedeiras, que foram criados
comendo milho, nos dão o leite, o queijo, a carne e o ovo, que chega a nossa me
sa. Em qualquer prateleira dos supermercados enxergamos a farinha, fubá, canjica
, creme, amido (maizena), pipoca (comum e microondas), óleo, milho cozido no vap
or (enlatado), biscoito, mistura para bolo, flocos pré-cozidos (milharina, polen
tina, milharil), flocos com açúcar (sucrilho), flocos salgados (skiny), farinha
flocada (flocovita), mingau para crianças (mucilon), xarope de glicose (Karo),
dextrose para crianças (dextrosol), sem contar vários produtos que levam um pouc
o de milho na sua composição. Além desses produtos e subprodutos, é comum em sup
ermercado vender pamonha, que também nos é oferecida nas grandes e pequenas pamo
nharias, ou por vendedores de rua nas calçadas, nas entradas de cinemas e estádi
os, até na porta de nossas casas é trazida quentinha em bicicletas e carros ambu
lantes.

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