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TEMPO DA QUARESMA. TERCEIRA SEMANA.

SÁBADO

25. O FARISEU E O PUBLICANO


– Necessidade da humildade. A soberba tudo perverte.

– A hipocrisia dos fariseus. Manifestações da soberba.

– Aprender do publicano da parábola. Pedir a humildade.

I. TENDE PIEDADE DE MIM, Senhor... Os sacrifícios não vos satisfazem e,


se eu oferecesse um holocausto, não o aceitarias. Meu sacrifício, ó Deus, é um
espírito arrependido: um coração contrito e humilhado, não o haveis de
desprezar1. O Senhor comove-se diante de um coração humilde, e nele
derrama as suas graças.

São Lucas apresenta-nos no Evangelho da Missa de hoje2 dois homens que


subiram ao Templo para orar: um era fariseu, o outro publicano. Os fariseus
consideravam-se puros e perfeitos cumpridores da Lei; os publicanos, que se
encarregavam de arrecadar os impostos, eram tidos por homens que amavam
mais os seus negócios do que o cumprimento da Lei. Antes de narrar a
parábola, o evangelista preocupa-se de sublinhar que Jesus se dirige a certos
homens que se vangloriavam como se fossem justos e desprezavam os outros.

Já pelo início da parábola se percebe que o fariseu entrou no Templo sem


humildade nem amor. Ele é o centro dos seus próprios pensamentos e o
objecto da sua estima: Graças te dou, ó Deus, pois não sou como os demais
homens, ladrões, injustos e adúlteros, nem como esse publicano. Jejuo duas
vezes por semana e pago a décima parte de todos os meus proventos. Ao
invés de louvar a Deus, começa, talvez de modo subtil, a louvar-se a si próprio.
Tudo o que fazia eram coisas boas: jejuar, pagar o dízimo...; mas a bondade
dessas obras ficou destruída pela soberba: atribui o mérito a si próprio e
despreza os outros. Reza, dá graças pelo que faz, mas há nele muita auto-
complacência; está “satisfeito”. Compara-se com os outros e considera-se
superior, mais justo, melhor cumpridor da Lei.

A soberba é o maior obstáculo que o homem opõe à graça de Deus. E é o


pecado capital mais perigoso: insinua-se e tende a infiltrar-se até nas boas
obras, fazendo-as perder essa condição e o mérito sobrenatural; a sua raiz
está nas profundezas do homem (no amor próprio desordenado), e não há
nada mais difícil de desarraigar e até de se chegar a reconhecer com clareza.

“«A mim mesmo, com a admiração que me devo». – Foi o que escreveu na
primeira página de um livro. E o mesmo poderiam estampar muitos outros
coitados, na última página da sua vida. – Que pena se tu e eu vivêssemos ou
terminássemos assim! – Vamos fazer um exame sério”3.

Peçamos ao Senhor que tenha sempre compaixão de nós e não nos deixe
cair nesse estado. Imploremos todos os dias a virtude da humildade e façamos
hoje o propósito de estar atentos às diversas e variadas expressões em que a
soberba se pode manifestar, e de rectificar a intenção nas nossas obras tantas
vezes quantas for necessário.

II. ALGUNS FARISEUS converteram-se e foram amigos e fiéis discípulos do


Senhor, mas muitos outros não souberam reconhecer o Messias, que passava
pelas suas ruas e praças. A soberba fez com que perdessem o rumo da sua
existência e que a sua vida religiosa – de que tanto se gabavam – se tornasse
vazia e oca. As suas práticas piedosas consumiam-se em formalismos e meras
aparências realizadas de olhos postos na plateia. Quando jejuavam,
desfiguravam o rosto para que os outros o soubessem4; quando oravam,
gostavam de fazê-lo de pé e ostensivamente nas sinagogas ou no meio das
praças5; quando davam esmola, anunciavam-no com trombetas6.

O Senhor recomendará aos seus discípulos: Não façais como os fariseus. E


explica-lhes por que não devem seguir esse exemplo: Fazem todas as suas
obras para serem vistos pelos homens7. Com palavras duras, para que reajam,
chama-os hipócritas e compara-os a sepulcros caiados: limpos por fora,
repletos de podridão por dentro8.

“Foi a vanglória que os afastou de Deus; ela os fez procurar outro cenário
para a sua luta e os arruinou. Porque, quando se procura agradar aos
espectadores, conforme são os espectadores, assim são os combates que se
realizam”9. Para sermos humildes, não podemos esquecer nunca que quem
presencia a nossa vida e as nossas obras é o Senhor, a quem temos de
procurar agradar em cada momento.

Os fariseus, pela sua soberba, tornaram-se duros, inflexíveis e exigentes


com os seus semelhantes, e fracos e compreensivos consigo próprios. Atam
pesados fardos nos outros e eles nem sequer com um dedo os querem
levantar10. O Senhor diz-nos: O maior dentre vós faça-se vosso servo11.

Talvez uma das censuras mais duras que o Senhor dirige aos fariseus seja
esta: Nem vós entrastes nem deixastes que o fizessem os que vinham
dispostos a entrar12. Fecharam o caminho àqueles que deveriam guiar. Guias
cegos!13, chamá-los-á o Senhor em outra ocasião. A soberba faz perder a luz
sobrenatural tanto em relação à própria pessoa como aos outros.

A soberba tem manifestações em todos os aspectos da vida. “Nas relações


com os outros, o amor próprio faz-nos susceptíveis, inflexíveis, soberbos,
impacientes, exagerados na afirmação do próprio eu e dos direitos pessoais,
indiferentes, frios, injustos nos juízos e nas palavras. Compraz-se em falar
escusadamente das suas acções, das luzes e das experiências interiores, das
dificuldades e sofrimentos. Nas práticas de piedade, deleita-se em olhar os
outros, em observá-los e julgá-los; gosta de se comparar, para se julgar melhor
do que os outros, para lhes descobrir somente os defeitos e negar-lhes as boas
qualidades, chegando até a desejar-lhes o mal [...]. O amor próprio faz com que
nos sintamos ofendidos quando somos humilhados, insultados ou postergados,
ou quando não nos consideram, estimam e obsequiam como esperávamos”14.

Temos que fugir do exemplo e da oração do fariseu e aprender do publicano:


Ó Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador. É uma jaculatória que
podemos repetir muitas vezes, pois fomenta na alma o amor à humildade,
também quando rezamos.

III. O SENHOR ESTÁ PERTO dos contritos de coração e salva os que têm o
espírito abatido15. O publicano dirige a Deus uma oração humilde e não confia
nos seus méritos, mas na misericórdia divina: Mantendo-se à distância, não
ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: Ó Deus,
tem piedade de mim, que sou um pecador. O Senhor, que resiste aos
soberbos, mas dá a sua graça aos humildes16, perdoa e justifica esse homem.
Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro.

O publicano “manteve-se à distância, e por isso Deus se aproximou dele


mais facilmente... Que Ele esteja longe ou não, depende de ti. Ama, e Ele se
aproximará; ama, e Ele morará em ti”17. Podemos aprender deste publicano
como deve ser a nossa oração: humilde, atenta, confiada; procurando que não
seja um monólogo em que damos voltas em torno de nós mesmos, das
virtudes que julgamos possuir.

No fundo de toda a parábola, está latente uma ideia que o Senhor quer
inculcar-nos: a necessidade da humildade como base de toda a nossa relação
com Deus e com os outros. É a primeira pedra desse edifício em construção
que é a nossa vida interior. “Não queiras ser como aquele catavento dourado
do grande edifício; por muito que brilhe e por mais alto que esteja, não conta
para a solidez da obra. – Oxalá sejas como um velho silhar oculto nos
alicerces, debaixo da terra, onde ninguém te veja; por ti não desabará a
casa”18.

Quando alguém se sente postergado, ferido em detalhes mínimos, deve


pensar que ainda não é humilde de verdade: é o momento de aceitar a sua
pequenez e de ser menos soberbo: “Não és humilde quando te humilhas, mas
quando te humilham e o aceitas por Cristo”19.

A ajuda da Santíssima Virgem é a nossa melhor garantia para progredirmos


nesta virtude. “Maria é, ao mesmo tempo, uma Mãe de misericórdia e de
ternura, a quem ninguém recorreu em vão; abandona-te cheio de confiança no
seu seio materno, pede-lhe que te alcance esta virtude (da humildade) que ela
tanto apreciou: não tenhas medo de não ser atendido, pois Maria a pedirá para
ti a esse Deus que exalta os humildes e reduz ao nada os soberbos; e como
Maria é omnipotente junto do seu Filho, será ouvida com toda a certeza”20.

Depois de considerarmos os ensinamentos do Senhor e de contemplarmos o


exemplo humilde de Santa Maria, podemos acabar a nossa oração com esta
súplica: “Senhor, tira a soberba da minha vida; destrói o meu amor próprio, este
desejo de me afirmar e me impor aos outros; faz com que o fundamento da
minha personalidade seja a identificação contigo”21.

(1) Salmo responsorial da Missa do sábado da terceira semana da Quaresma; (2) Lc 18, 9-14;
(3) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 719; (4) cfr. Mt 6, 16; (5) cfr. Mt 6, 5; (6) cfr. Mt 6, 2; (7) Mt
23, 5; (8) cfr. Mt 23, 27; (9) São João Crisóstomo, Homilia sobre São Mateus, 72, 1; (10) Lc 11,
46; (11) Mt 23, 11; (12) Lc 11, 53; (13) Mt 15, 14; (14) B. Baur, A vida espiritual, pág. 77; (15) Sl
33; (16) Ti 4, 6; (17) Santo Agostinho, Sermão 9, 21; (18) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 590;
(19) ib., n. 594; (20) Leão XIII, Prática da humildade, 56; (21) São Josemaría Escrivá, É Cristo
que passa, n. 31.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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