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SÁBADO
“«A mim mesmo, com a admiração que me devo». – Foi o que escreveu na
primeira página de um livro. E o mesmo poderiam estampar muitos outros
coitados, na última página da sua vida. – Que pena se tu e eu vivêssemos ou
terminássemos assim! – Vamos fazer um exame sério”3.
Peçamos ao Senhor que tenha sempre compaixão de nós e não nos deixe
cair nesse estado. Imploremos todos os dias a virtude da humildade e façamos
hoje o propósito de estar atentos às diversas e variadas expressões em que a
soberba se pode manifestar, e de rectificar a intenção nas nossas obras tantas
vezes quantas for necessário.
“Foi a vanglória que os afastou de Deus; ela os fez procurar outro cenário
para a sua luta e os arruinou. Porque, quando se procura agradar aos
espectadores, conforme são os espectadores, assim são os combates que se
realizam”9. Para sermos humildes, não podemos esquecer nunca que quem
presencia a nossa vida e as nossas obras é o Senhor, a quem temos de
procurar agradar em cada momento.
Talvez uma das censuras mais duras que o Senhor dirige aos fariseus seja
esta: Nem vós entrastes nem deixastes que o fizessem os que vinham
dispostos a entrar12. Fecharam o caminho àqueles que deveriam guiar. Guias
cegos!13, chamá-los-á o Senhor em outra ocasião. A soberba faz perder a luz
sobrenatural tanto em relação à própria pessoa como aos outros.
III. O SENHOR ESTÁ PERTO dos contritos de coração e salva os que têm o
espírito abatido15. O publicano dirige a Deus uma oração humilde e não confia
nos seus méritos, mas na misericórdia divina: Mantendo-se à distância, não
ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: Ó Deus,
tem piedade de mim, que sou um pecador. O Senhor, que resiste aos
soberbos, mas dá a sua graça aos humildes16, perdoa e justifica esse homem.
Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro.
No fundo de toda a parábola, está latente uma ideia que o Senhor quer
inculcar-nos: a necessidade da humildade como base de toda a nossa relação
com Deus e com os outros. É a primeira pedra desse edifício em construção
que é a nossa vida interior. “Não queiras ser como aquele catavento dourado
do grande edifício; por muito que brilhe e por mais alto que esteja, não conta
para a solidez da obra. – Oxalá sejas como um velho silhar oculto nos
alicerces, debaixo da terra, onde ninguém te veja; por ti não desabará a
casa”18.
(1) Salmo responsorial da Missa do sábado da terceira semana da Quaresma; (2) Lc 18, 9-14;
(3) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 719; (4) cfr. Mt 6, 16; (5) cfr. Mt 6, 5; (6) cfr. Mt 6, 2; (7) Mt
23, 5; (8) cfr. Mt 23, 27; (9) São João Crisóstomo, Homilia sobre São Mateus, 72, 1; (10) Lc 11,
46; (11) Mt 23, 11; (12) Lc 11, 53; (13) Mt 15, 14; (14) B. Baur, A vida espiritual, pág. 77; (15) Sl
33; (16) Ti 4, 6; (17) Santo Agostinho, Sermão 9, 21; (18) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 590;
(19) ib., n. 594; (20) Leão XIII, Prática da humildade, 56; (21) São Josemaría Escrivá, É Cristo
que passa, n. 31.