Vous êtes sur la page 1sur 4

repórter

regional texto Piero Vergílio | fotos Arquivo pessoal

A primeira
experiência de
Evandro como
mochileiro foi
uma aventura
no Peru, mais
especificamente
em Machu
Picchu

Um mundo que
cabe na mochila
iajar sempre vale a pena, mesmo com os perrengues encontra-
dos”. A frase do jornalista Evandro Messias ilustra com clareza Turistas
os ideais de liberdade e aventura, comuns aos chamados turistas
backpackers, palavra cuja tradução literal corresponde a algo backpackers
como “aquele que carrega a mala”, ou simplesmente mochileiros. Embora
não haja dados precisos, este é um mercado que vem chamando a atenção
vivem
das autoridades: o mais recente Plano Nacional de Turismo propõe algumas situações
medidas para incentivar a vinda de viajantes estrangeiros para o país.
Trata-se de um segmento cujos praticantes possuem um perfil bastante inusitadas
diversificado. É um equívoco acreditar que a opção por esta modalidade –
que se caracteriza por abandonar o tripé “agências, hotéis, roteiro” – está
para
relacionada diretamente à situação financeira. “Muitos preferem comprar conhecer
pacotes, que buscam as pessoas em casa e levam-nas ao aeroporto, mas eu
dispenso todos esses luxos em troca da experiência ganha, principalmente mais de
nos dias mais difíceis, em que dá vontade de voltar”, explica Evandro.
O jornalista fez seu primeiro mochilão no início de 2007. O destino: perto os
Machu Picchu, no Peru. Atrativo para qualquer aventureiro e amante das
civilizações históricas, o local emana uma energia indescritível – conforme
lugares que
Nome completo, idade e profissão:
Evandro Messias da Silva, 31, jornalista palavras do próprio Evandro – que mesmo os mais céticos admitem sentir. É visitam
considerado pelos esotéricos o maior “chacra” da Terra, ou seja, o principal
Ano em que realizou o primeiro moc
hilão: 2007 ponto de energia, por onde o planeta “respira”.
Quantos lugares (países/cidades) já Foram 24 dias de viagem e cerca de dois meses de preparativos (veja mais dicas adiante), que come-
visitou?
Cinco países çaram com dicas de um amigo que já havia estado no local e uma pesquisar na internet, onde descobriu
Duração média das viagens: Um mês que outros usuários fariam a mesma viagem. “Combinamos de ir juntos e isso realmente aconteceu.
Eram 23 pessoas, de todas as partes do Brasil, com as quais tenho contato até hoje”, relembra. Nestes
quase três anos, o jornalista também já esteve na Patagônia, no deserto do Atacama, no lago Titicaca e
em várias capitais sul-americanas, entre outros locais.
22 Revista Regional
Maicon viajou
sete países da
Europa, mas se
encantou com
a holandesa
Amsterdã

Nome completo, idade e profissão:


Maicon Sanchez, 25, analista
hilão: 2009
Ano em que realizou o primeiro moc
cida des ) já visitou?
Quantos lugares (países/
Sete países, onze cidades
Duração média das viagens: 30 dias

Gasto, não. Investimento


Àqueles que estão preocupados com custos, o analista Maicon Sanchez
dá a dica. Para ele, a palavra “gastar” não é a mais indicada, pois passa
a impressão de perder dinheiro. “O investimento em um mochilão varia
de acordo com cada pessoa. Há quem passe a pão e água e acampe nos
diversos parques por aí. Outros, por outro lado, preferem as três refeições
diárias e uma boa cama para descansar durante a noite”.
Maicon confessa que se sentia insatisfeito com a ideia de viajar para
apenas um lugar durante as férias. Eis que, em 2009, o intercâmbio, que
serviria para aprimorar o idioma, se transformou num mochilão – que
percorreu 11 cidades em sete países da Europa – graças às oportunidades
que foram surgindo. “Consegui realizar parte deste sonho”, resume.
O analista lembra com bom humor de quando foi da Itália até a Alema-
nha. Foram 11 horas de trem. “Um dos companheiros da cabine cheirava
muito mal, outro tossia a viagem inteira e um terceiro derrubava seus
pertences em cima de mim o tempo todo. Mas a paisagem cinematográfi-
ca do lado de fora valeu cada minuto; o Leste Europeu é completamente
diferente de tudo o que já havia visto. Amsterdã, em especial, me marcou
muito, pela liberação de drogas e por ter presenciado a prática de sexo ao
ar livre em alguns parques da cidade”.
Maicon ressalta que uma das principais vantagens do mochilão é o grau
de interação que ele proporciona. Ele revela que o tempo de estada em cada
local tende a ser ligeiramente curto, mas, em contrapartida, a quantidade
de informações que se absorve neste período é muito grande. A viagem dos
seus sonhos seria aquela em que pudesse permanecer tempo suficiente para
sentir como as pessoas realmente vivem em cada lugar. “Um ano sabático
seria ótimo”, finaliza.
Revista Regional 23
REPÓRTER REGIONAL

Renan prefere as
aventuras mais radicais e
sempre em grupo, como
as vividas em Brotas

De hobby a trabalho
No caso do vendedor e fundador-presidente
do “Território EcoAventuras”, Renan Zauzar
Bernardelli, o hobby acabou virando trabalho.
“Minha primeira viagem foi em 2005. Desde
então, perdi as contas de quantos lugares já
conheci. Nesse período, fiz cursos, me formei
em várias modalidades e quando me dei conta
estava viajando todos os finais de semana;
levando comigo uma turma com cerca de dez Nome completo, idade e profissão:
mochileiros iniciantes”, recorda. Renan Zauzar Bernardelli, 22, vendedor
hilão: 2005
Toda essa motivação por aventura e a Ano em que realizou o primeiro moc
visitou?
necessidade constante de testar seus próprios
Quantos lugares (países/cidades) já
limites já lhe trouxeram alguns problemas, Não saiu do Brasil
como por exemplo, o término de um namoro Não soube responder o total de cidades.
ou mais
de quatro anos e várias brigas com a família. Duração média das viagens: Três dias
Mas, para a sorte dele, esses conflitos já foram
solucionados. A frequência das viagens diminuiu e, com isso, acabaram
as discussões com seus pais. Ao mesmo tempo, Renan reatou seu rela- Ufa!”, diz o aliviado Renan, que tem vontade de conhecer o rio Zambeze
cionamento. Ele e sua companheira estão juntos há mais de cinco anos e (África do Sul), Chapada Diamantina (BA) e Machu Picchu (Peru).
gradativamente, ela passou a acompanhá-lo em suas viagens. “Fico muito
feliz quando isso ocorre”. Revolução virtual
Diferentemente de Evandro e Maicon, Renan nunca saiu do Brasil. Isto Depois de tantas histórias, voltemos ao começo de tudo. Pesquisar é
não significa, porém, que suas experiências são menos marcantes. Esta é uma das etapas mais importantes durante o planejamento da viagem e faz
uma das razões pelas quais o vendedor prefere estar acompanhado. Mas toda a diferença. Por esta razão, o turismo hoje tem na rede mundial um de
engana-se quem pensa que a opção por viagens em grupo está relacionada seus principais aliados. Um dos idealizadores do portal Mochila Brasil – ao
a alguma fobia. Segundo ele, acontecem tantas coisas inusitadas que é lado da esposa, a jornalista Cláudia Savero – o fotógrafo e webmaster Silnei
primordial que alguém confirme a veracidade dos fatos. Caso contrário, as Andrade considera-se pioneiro neste segmento. A ideia fez tanto sucesso que,
pessoas que ouvirem as histórias vão pensar que é mentira. pouco tempo depois, surgia o fórum Mochileiros.com, um espaço para que
Uma das situações que ficaram na memória foi um treinamento de os viajantes compartilhem suas vivências.
canoagem em Brotas, no qual teve que descer o rio do Peixe em época de “A internet mudou completamente a relação das pessoas com a infor-
cheia e debaixo de chuva. “O mais bacana era comer o lanche molhado e mação. Nos primórdios da década de 90, era muito difícil organizar uma
montar a barraca na beira do rio. Usávamos os caiaques como mesa e banco, viagem para Machu Picchu, por exemplo, pois a única fonte de pesquisa era
pois não havia nada ao nosso redor. Além disso, um argentino que estava em o consulado daquele país. O site nasceu em 1998 e cresceu: cada usuário
nosso grupo deslocou o ombro em uma determinada queda d’água e teve que que voltava de sua viagem trazia dicas de como fazê-la da melhor forma,
ser carregado durante todo o resto da descida. Sorte que já estava no fim. evitando ao máximo as roubadas”, avalia Silnei.

24 Revista Regional
Alguns dos locais
visitados pelo webmaster
Silnei Andrade, um dos
idealizadores do portal
Mochila Brasil

Nome completo, idade e profissão:


Silnei Laise de Andrade, 37, fotógrafo e web
master
Ano em que realizou o primeiro moc
hilão:
Final da década de 80
Quantos lugares (países/cidades) já
visitou?
12 países, cem cidades
Duração média das viagens:
Difícil, pois já fiz viagens que duraram
uma semana e outras quase três anos

Manual de sobrevivência
Para evitar situações desagradáveis ou constrangedoras, é fundamental
que o mochileiro tome algumas providências. Mais do que o cumprimento
às normas legais, a adoção de certos hábitos é uma questão de sobrevi-
vência, pois uma viagem destas é sempre imprevisível: nunca se sabe os
“perrengues” que serão enfrentados pelo caminho. Veja abaixo alguns
itens que devem ser levados em consideração:
• O primeiro passo é ter em mãos um passaporte com validade adequada.
Adquirir um seguro saúde, como recomenda o Tratado de Schengen –
que vigora em 24 países da Europa – também é importante. Outra dica
é verificar as vacinas obrigatórias para cada localidade nos respectivos
O webmaster também tem a chamada experiência prática. Ele, aliás, sites dos consulados.
é o mais experiente da turma. Adepto do mochilão desde o final da década • Nações com um sistema imigratório mais rígido, como é o caso da
de 80 visitou mais de 100 cidades em 12 países. Em uma de suas viagens, Inglaterra, exigem do viajante reserva de hospedagem e quantia mínima
atravessou o Brasil por quase três anos sem voltar para casa. A aventura fez em dinheiro, além de cartões de crédito internacionais (não se esqueça
parte do processo de elaboração do primeiro guia de hotéis e pousadas na de que as operadoras cobram juros e taxas). Nestes casos, o mochileiro
web feito dessa forma, o GHEB.net e também do primeiro guia de alber- deve cercar-se de provas de que sua permanência é temporária e pretende
gues independente, o AlberguesdoBrasil.com. Seu sonho é dar uma volta ao retornar ao seu país de origem.
mundo, mas, para isso, “é preciso um caminhão de dinheiro”, alerta. • O mochileiro também deve ficar atento aos vários tipos de golpes. Se
Por último, Silnei aponta o motivo pelo qual acredita que a prática do a viagem for com desconhecidos, procure saber mais sobre a rotina e a
mochilão não é tão comum. “As pessoas precisam perder o medo do que família de seus parceiros. Caso seja necessário, verifique os antecedentes
é simples. Viajar é apenas o ato de ir e vir; não há segredo quando se está criminais. Entre em contato com autoridades e outros viajantes para
bem informado e ninguém precisa te ensinar a fazer isto. As operadoras receber outras orientações sobre como se prevenir.
vendem a ideia de que é mais seguro viajar com o respaldo de um guia, • Informe-se sobre o valor da moeda nos destinos em que pretende visitar.
pois disso depende a sua sobrevivência. No entanto, basta que elas acessem Na internet, existem sites que realizam essa conversão. Procure saber
a internet para ter acesso a uma imensa variedade de serviços e relatos de se há agências bancárias, pois alguns locais há restrições com o uso de
gente que já vivenciou essa experiência”. cartões. Na outra ponta, mesmo que você tenha adquirido um, disponha
sempre de uma quantia mínima no bolso para dar como gorjeta.

Dicas de sites
• Importante verificar também qual o tipo de hospedagem (apartamen-
to, chalé, barraca, albergue, etc.) e o que ela oferece para não levar
bagagem demais ou então deixar de lado algum item importante. Essa
decisão influencia diretamente nos custos da viagem. Se você gosta de
• www.mochilabrasil.com mais privacidade, vai ter que desembolsar um pouco mais.
• www.mochileiros.com • Outro aspecto crucial é a locomoção. A opção na Europa é viajar de
• www.gheb.net trem: com determinados tipos de passagem permitem trafegar por di-
• www.oandarilho.com.br versos países. No Brasil e na América do Sul, a preferência majoritária
• www.manualdoturista.com.br é pelas rodovias. O viajante que quiser arriscar pode ainda
• www.hostel.org. viajar de carona.
• http://oviajante.uol.com.br • Falar inglês é essencial para conseguir se comunicar com outros via-
• www.lonelyplanet.com (em inglês) jantes. Em países de língua espanhola, é recomendável ter, pelo menos,
• www.euroadventure.com.br noção básica do idioma.
Revista Regional 25

Vous aimerez peut-être aussi