A Reforma Protestante começou no século 16 liderada por Martinho Lutero que questionou a venda de indulgências. Isso levou a Igreja Católica a realizar a Contrarreforma no Concílio de Trento entre 1545-1563, onde reafirmou doutrinas e estrutura hierárquica em resposta aos protestantes. A Contrarreforma fortaleceu a Igreja Católica mas também aumentou a intolerância religiosa na Europa.
A Reforma Protestante começou no século 16 liderada por Martinho Lutero que questionou a venda de indulgências. Isso levou a Igreja Católica a realizar a Contrarreforma no Concílio de Trento entre 1545-1563, onde reafirmou doutrinas e estrutura hierárquica em resposta aos protestantes. A Contrarreforma fortaleceu a Igreja Católica mas também aumentou a intolerância religiosa na Europa.
A Reforma Protestante começou no século 16 liderada por Martinho Lutero que questionou a venda de indulgências. Isso levou a Igreja Católica a realizar a Contrarreforma no Concílio de Trento entre 1545-1563, onde reafirmou doutrinas e estrutura hierárquica em resposta aos protestantes. A Contrarreforma fortaleceu a Igreja Católica mas também aumentou a intolerância religiosa na Europa.
Reddite igitur qu sunt Csaris Csari et qu sunt Dei Deo
Mc 12, 17
A Reforma, ocorrida no sculo XVI, de fato comeou a ser
gestada bem antes. Nos sculos anteriores, vrias manifestaes ocorreram, sem, no entanto, acarretarem um rompimento definitivo com Roma. Aconteceram disputas entre os papas e os imperadores da Alemanha pelo direito de nomear bispos; ocorreu o Cisma do Ocidente, poca em que a Igreja passou a ser dirigida por trs papas (em Roma, Avignon e Pisa); ressurgiu o arianismo e surgiram heresias como a dos valdenses e a dos albigenses; apareceram, tambm, alguns movimentos reformistas, como o de John Wicliffe e o de John Huss. Nos sculos XV e XVI ocorreram, na Europa, grandes transformaes econmicas, sociais, culturais e polticas, que ajudaram no enfraquecimento da Igreja. Nos Estados imperiais desenvolvia-se o nacionalismo, implicando no aparecimento de Estados-naes, com interesse imenso na independncia de um poder central e centralizador como era o papado; em todos os lugares crescia a importncia da burguesia; o florescimento da cultura, impulsionado pela descoberta da imprensa, despertava a liberdade de pensamento e de crtica; e a Igreja estava em crise. Era comum se observar a vida luxuosa e luxuriosa de membros da hierarquia eclesistica. Havia muita insatisfao, tanto dos governantes como do povo, em relao Igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na rea espiritual, havia insegurana e ansiedade acerca da salvao em virtude de uma religiosidade baseada em obras. Um caso importante para se entender a deflagrao da Reforma. Alberto de Brandemburgo, obteve o Eleitorado de Mainz, e em 1518 foi proclamado cardeal com vinte e oito anos de idade. Para pagar o plio da S de Mainz e para quitar outras despesas da sua elevao, Alberto pediu 21.000 ducados para Jakob Fugger e obteve permisso do Papa Leo X para realizar a venda de indulgncias 1 na sua diocese para obter fundos para pagar este emprstimo, desde que metade de tudo que fosse arrecadado fosse enviada para as obras da Catedral de So Pedro, em Roma. Um funcionrio dos Fuggers, mais tarde, viajou no squito do cardeal encarregado do cofre. Ele procurou os servios do dominicano Johann Tetzel para vender as indulgncias, que poderiam ser compradas em nome de 1 Documentos assinados pelo papa, que absolviam o comprador de pecados cometidos, diminuindo o tempo de sua pena no purgatrio. Era um comrcio em vista da salvao.
vivos e de mortos! Quando Tetzel aproximou-se de Wittenberg, Lutero
resolveu pronunciar-se sobre o assunto. Martinho Lutero era um monge agostiniano alemo professor de Teologia. Em 1517, aproveitando o abuso praticado com a venda das indulgncias, Lutero escreveu, enviou para o Arcebispo Alberto e fixou na porta da catedral de Wittenberg, 95 teses, condenando a corrupo do clero e declarando que a salvao dependia somente da f de cada um. Em verdade, aquilo que ficou conhecido como as 95 teses foram escritas como temas para Debate para o Esclarecimento do Valor das Indulgncias pelo Doutor Martinho Lutero. As sentenas apresentadas por ele continham questionamentos referentes questo das Indulgncias; da Simonia 2; do celibato; do culto s imagens; do excesso de sacramentos; da atitude mundana do Alto Clero. Havia um abismo muito grande entre o que a Igreja pregava e o que fazia. Lutero defendia, entre outras coisas que a salvao era um dom divino, ou seja defendia a justificao pela f 3. Baseado nos ensinos de Paulo, ele ensinava que o homem no justificado pelas suas obras, mas pela f em Jesus Cristo. Lutero acreditava na infalibilidade da Bblia4. Ele considerava a Bblia infalvel e acima de toda e qualquer tradio religiosa. Enquanto a Igreja Catlica Romana defendia a ideia de que o papa era infalvel e a Bblia era sujeita sua interpretao, Lutero afirmava que A Bblia estava acima do papa, pois ela a Palavra de Deus inspirada pelo Esprito Santo. Para ele no havia escolhidos, o sacerdcio era de todos os crentes. Lutero negava o conceito que afirmava ter o papa poderes sobrenaturais como intermedirio entre o povo e Deus. Ele defendia a ideia de que todo crente um sacerdote e tem livre acesso presena de Deus. No precisamos de um intermedirio, o nico intermedirio entre o homem e Deus o Senhor Jesus Cristo. Lutero baseou sua reforma eclesistica nos princpios fundamentais: a) da supremacia das Escrituras sobre a tradio; b) da supremacia da f sobre as obras; c) da supremacia do povo sobre o sacerdcio exclusivo. Em resumo, entre suas reivindicaes as principais so: substituio do Latim pelo idioma alemo nos cultos religiosos; 2 Comercializao de coisas sagradas: cargos eclesisticos, cobrana por sacramentos, objetos.
3 Sola gratia et fides
4 Sola Scriptura
reduo da grande quantidade de sacramentos (preserva apenas dois
sacramentos: batismo e eucaristia); prope a livre interpretao da Bblia; se posiciona contra o celibato dos sacerdotes; rejeita a hierarquia religiosa da Igreja de Roma; prega a salvao pela f; nega a transubstanciao, afirmando a consubstanciao (misturados); se posiciona contra a interpretao do pecado original: marca do gnero humano (nem Cristo, nem o Batismo o retiram). Com o apoio de soberanos e de nobres, a Reforma propagou-se principalmente pelo Sacro Imprio Romano-Germnico e nos pases escandinavos - Sucia, Noruega e Dinamarca. Em meados do sculo XVI, a situao da igreja catlica era bastante difcil: ela perdera metade da Alemanha, toda a Inglaterra e os pases escandinavos; estava em recuo na Frana, nos Pases Baixos, na ustria, na Bomia e na Hungria. Esse avano do Protestantismo e a preocupao com a perda de fiis obrigou a Igreja Romana a se reorganizar num movimento de reao. A Igreja precisava se auto-reformar ou no sobreviveria, pois precisava, ainda, evitar que outras regies virassem protestantes. Esse movimento de reforma interna j existia, mas nesse momento que ele aprofundado. Entre 1545 e 1563, foi convocado o CONCLIO DE TRENTO, pelo papa Paulo III (1534-1549) no qual ocorreram reafirmaes e mudanas, tendo sido o mais longo da histria da Igreja: chamado Conclio da Contra-Reforma. Emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente as doutrinas catlicas quanto salvao, os sacramentos e o cnone bblico, em oposio aos protestantes e padronizou a liturgia da missa, abolindo as variaes locais. A nova missa tornou-se conhecida como a "Missa Tridentina". Regulou tambm as obrigaes dos bispos e confirmou a presena de Cristo na Eucaristia. So criados seminrios como centros de formao sacerdotal e reconhece-se a superioridade do papa sobre a assemblia conciliar. institudo o ndice de livros proibidos - Index Librorum Prohibitorum para evitar a propagao de ideias contrrias Igreja Catlica e reorganizado o Tribunal do Santo Ofcio - a Inquisio para condenar e punir os acusados de heresias. Tambm so suas importantes resolues: conserva os sete Sacramentos e confirma os Dogmas; inicia a redao de um Catecismo; reafirma o Celibato, a venerao aos Santos e a Virgem; aprova os Estatutos da Companhia de Jesus, criada antes do Conclio por Incio de Loyola; mantm o Latim como lngua do Culto e traduo oficial das Sagradas Escrituras; organiza a disciplina do clero: os padres deveriam estudar e formar-se em seminrios. No poderiam ser padres antes dos 25 anos, nem bispos antes dos 30 anos; reafirma a infalibilidade do papa; confirma como texto autntico, a traduo de So Jernimo, no sculo IV a Vulgata; fortalece a hierarquia e, portanto a unidade da Igreja Catlica, ao afirmar a supremacia do Papa como Pastor Universal de toda a Igreja; rev a prtica
das Indulgncias, condenando os abusos; rev a questo da simonia. Como
se v, a contrarreforma manteve-se dentro da tradio, produzindo intolerncia religiosa de ambos os lados, acirrando os conflitos entre catlicos e protestantes por toda a Europa. Para ns, brasileiros, importa saber que este Conclio definiu que os jesutas deveriam ser encaminhados aos continentes africano, americano e asitico. Tinham como objetivo principal transformar os nativos em novos catlicos, atravs da catequizao (ensino da lngua portuguesa, doutrina catlica e hbitos europeus). Os ndios brasileiros foram catequizados por jesutas como, por exemplo, Padre Manoel da Nobre e Jos de Anchieta. A Contrarreforma, de modo geral, consistiu em um conjunto de medidas tomadas pela Igreja Catlica, mas, longe de promover mudanas estruturais nas doutrinas e prticas do catolicismo, estabeleceu um conjunto de medidas que atuou em duas vias: agindo contra outras denominaes religiosas e promovendo meios de expanso da f catlica. Era a Igreja tentando reconquistar adeptos pela doutrina ou pela fora. Provavelmente seu primeiro objetivo, a manuteno da unidade do cristianismo, no foi atingido pela contrarreforma. E, em funo das mudanas em nvel poltico, a Europa acabou fragmentada em pases catlicos e pases protestantes, ocasionando diversas guerras religiosas.
Algumas das conseqncias da contrarreforma so a ruptura
da unidade crist; o crescimento da intolerncia religiosa; a ruptura do poder poltico do papa; as guerras religiosas; o fortalecimento do poder real; a expanso das prticas capitalistas; o crescimento da educao popular; o retrocesso cientifico devido a importncia atribuda Bblia e criao do ndex. Tambm fruto da Reforma Catlica levada a efeito pelo Conclio a renovao da arte sacra crist, com o surgimento do Barroco. No fundo, o estilo Barroco no era uma coisa absolutamente nova, podendo ser considerado como uma continuao natural do Renascimento. O tratamento barroco de temas idnticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberncia e realismo e uma tendncia ao decorativo, alm de manifestar uma tenso entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Suas caractersticas bsicas so: senso de profundidade; uma agressiva abordagem de luz e sombra; o pictrico; a profundidade; a forma aberta; a unidade indivisvel e a clareza relativa. Dessa forma, suas manifestaes - pintura e escultura, principalmente conseguiram enfatizar enormemente as emoes.
A Igreja, desde Constantino, sempre esteve envolvida com os
negcios temporais e o imprio, da mesma forma, tinha forte ingerncia nas coisas espirituais. Na poca em apreo - sculos XV e XVI no foi diferente. A Inglaterra sentiu de forma intensa e decisiva a interferncia do poder civil nos rumos da igreja. A ao dos soberanos ingleses foi direta: suportado pelo antigo sentimento nacionalista e anticlerical dos ingleses, Henrique VIII transformou a igreja inglesa em uma igreja nacional, separada de Roma, atravs do Ato de Supremacia, em que o rei foi declarado o protetor e nico chefe supremo da Igreja da Inglaterra. Os tutores do seu filho Eduardo VI, propugnaram por manter a igreja inglesa protestante, mas foi no reinado de Elisabete I outra filha de Henrique VIII que a Inglaterra se tornou definitivamente protestante, aps uma breve e sangrenta tentativa de retorno ao catolicismo sob Maria Tudor. Tambm na pennsula Ibrica era forte a integrao entre o Estado e a Igreja na Pennsula Ibrica, tendo dado origem a um regime conhecido como padroado. Utilizando-se deste regime, Portugal e Espanha levaram a f catlica por todos os continentes. Pelo padroado, a Igreja de Roma concedia a um governante civil certo controle sobre uma igreja nacional, em apreciao por seu zelo cristo e como incentivo a futuras boas obras. Atravs dele, a monarquia promovia, transferia ou afastava clrigos; decidia e arbitrava conflitos nas respectivas jurisdies das quais ela prpria fixava os limites. As coroas ibricas exerceram grande influencia na administrao eclesistica de seus imprios ultramarinos. A Igreja, ento, esteve, praticamente durante toda sua histria, envolvida diretamente com o Estado. Sem nos esquecermos que, durante a Idade Mdia, possuir terras significava ter poder, e a Igreja chegou a possuir, graas a doaes e conquistas, muita terra. A ponto de, em certo perodo, chegar a se constituir em um Estado, aps a queda do Imprio romano. Nesse longo perodo em que a Igreja administrou no s a vida espiritual, mas tambm a vida terrena de seus sditos, os Papas estavam mais preocupados com luxo, riqueza e em se beneficiar desses bens materiais. Como reflexo, a influncia da Igreja ainda se fazia sentir de forma acentuada at o incio do sculo XX. Foi difcil deixar de usufruir os bens terrenos, os artigos de luxo, a vida lasciva, a opulncia e a pompa. Foi difcil deixar a Cesar o que de Cesar e doar a Deus o que dEle .