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BREVE REFLEXÃO
Performance poético-musical
Criadores Artísticos/Actores
Público
Turma do 3º ano C da Escola Básica do 1º Ciclo n.º 54 de Lisboa (Zona J de Chelas)
(professora, alunos, familiares e auxiliares de acção educativa)
Data do Atelier
7 de Maio de 2009
Avaliação de actividade apresentado à Escola Superior de Teatro e Cinem a
2009
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Na sequência do trabalho de laboratório, no âmbito do estudo do Actor I, foi proposto realizar-se uma
performance para uma turma de crianças do 1º Ciclo.
Porque na minha actividade profissional trabalho com um grupo de alunos do 3º ano de escolaridade
propus que se realizasse a performance com os elementos desse grupo de trabalho escolar.
Para além de a faixa etária dos meninos se adequar ao trabalho de laboratório pretendido, esta turma
trazia já consigo uma ligação mediada a este mestrado.
Enquanto professora, trabalho com os meus alunos numa perspectiva de troca de saberes. Levamos
connosco, para a sala de aula, a nossa construção, as pessoas com quem nos cruzámos, as experiencias
que fomos traçando ao longo da vida, os nossos fracassos e as nossas conquistas, Desta forma, e ao
longo do ano lectivo foi frequente levar das aulas de Laboratório I algumas sugestões de trabalho,
metodologias e propostas de actividades que fui, após cuidada reflexão e planificação, experimentando
e experienciando com os meus alunos. Assim, por ocasião do dia das Bibliotecas escolares, propus que
fizéssemos com a comunidade escolar e com a comunidade da Zona J, um estendal poético que
celebrasse a leitura enquanto fonte de prazer. O estendal foi realizado, vivido e saboreado com
resultados muito positivos.
Uma vez que a turma tinha realizado um estendal poético na escola, sugeriu-se os alunos do mestrado
oferecessem aos alunos do 3º C, uma performance poética que enquadrasse o estendal poético, numa
óptica de criação artística e de construção colectiva de saberes.
A avaliação que aqui faço está, pela própria natureza do objecto, inquinada de subjectividade, o que
resulta do facto de me encontrar nos dois lados do espelho. Assumirei, assim, dois papeis ao longo
deste processo de avaliação. Um primeiro de observadora (ligeiramente participante) na fase a que
chamo desenho da performance e um segundo papel de público na fase de recepção da acção
performativa e do atelier criativo.
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Dadas as circunstâncias do contexto acima exposto, pareceu-me que o meu papel nesta actividade de
laboratório deveria manter-se numa perspectiva de observadora e que apenas deveria participar
pontualmente, sempre que me parecesse pertinente, ou que fosse interpolada pelo grupo de mestrado.
Fiquei, portanto, na linha ténue que divide o actor e o público. Em pleno espaço suspenso. Pensei, na
altura, que ia ser uma experiencia pessoal muito interessante. O que não poderia ser mais verdade.
O facto de ter decidido filmar esta sessão preparatória ajudou-me a manter esta postura mais
observadora. Para mim o acto performativo tinha começado. Filmei o trabalho dos meus colegas como
se visse, ali mesmo, uma performance. O processo de criação artística estava diante de mim como se
de uma acção performativa se tratasse. Penso que o facto de ter começado muito recentemente filmar
e, portanto, a ver a realidade enquadrada num ecrã minúsculo, reforçou, ainda mais, esta minha
sensação outsider, de público intrometido num momento que não lhe pertence. Apesar destas sesações,
o momento era contraditório na medida em que sentia, como um elemento muto presente, o calor do
empenho dos meus colegas na realização de um momento especial para miúdos especiais.
Foram formados dois grupos para construir duas cenas inspiradas na ideia de estendal poético.
Refiro, também, três aspectos a melhorar que me pareceram estar presentes nesta sessão de trabalho.
O grupo dois (grupo dos alguidares) não teve espaço/tempo para expor o seu trabalho criativo
até ao fim, como aconteceu com o primeiro grupo.
Farei, aqui, apenas uma breve exposição da preparação da viagem poética dos meus alunos à Escola
Superior de Teatro e Cinema.
Os alunos, seguindo um roteiro de pesquisa que lhes propus, pesquisaram na Internet vários
elementos para a preparação da aula-passeio.: - O que é a Escola Superior de Teatro e Cinema?
Onde fica? Como se consegue lá chegar de transportes? (ver guião de pesquisa em anexo)
Recordámos o estendal realizado no mês anterior, através da criação de um pequeno filme
construído com algumas fotografias da acção e com uma música africana que os alunos
aprenderam, através de um encarregado de educação, no dia do estendal.
Recebemos na nossa sala de Aula um Mestre em Filosofia para percebermos melhor o que é
um Mestrado. Nessa sessão de esclarecimento expliquei como é o trabalho de um aluno de
mestrado em Teatro e Comunidade. O que fazemos? O que estudamos?
Desenhámos o nosso roteiro de viagem, verificámos os transportes a apanhar e vimos o
percurso através do programa Google Earth.
Preenchemos a lista de material necessário para a aula-passeio.
Fizemos os convites para os encarregados de educação e familiares.
Pontos positivos:
Toda a preparação correu como esperado, tendo-se realizado, na sala de aula, sessões
muito interessantes e proveitosas.
A melhorar …
Esqueci-me que tinha ficado de informar os colegas do mestrado sobre o nome dos
meninos da turma
Uma vez que a prática habitual que tenho, em saídas da escola, com os familiares
implica que apenas confirmem a sua presença no dia da aula passeio (aparece quem
quiser!); não foi possível avisar os colegas de mestrado sobre o número de encarregados
de educação que nos iam acompanhar.
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Performance Poético-musical:
3. Momento performativo
Pontos positivos:
O espaço era acolhedor e criava uma sensação de entrada num local poético, de
comunicação e celebração com os deuses.
Habitar o espaço cénico através da colocação das molas no estendal.
A recepção dos meninos através do confronto da musicalidade dos seus nomes.
As passagens/Transições entre os vários momentos da performance foram bem
conseguidos.
Introdução de momentos de participação dos meninos na performance (dizer / cantar as
partituras)
Uma enorme e visível capacidade de escuta entre os actores.
Dedicação e profissionalismo de todos os elementos do grupo de mestrado.
Colaboração do professor Domingos em todas as fases do processo.
Equilíbrio entre todos os momentos da apresentação.
Apesar das apresentações terem características diferentes, os dois grupos conseguiram
um trabalho equilibrado de qualidade
A música em presença foi uma forma muito interessante de solucionar a transição para
o segundo grupo.
Existência de musicas que se iam repetindo. (conta-me um conto … conta-me um conto
… conta… conta… conta… conta).
Pessoalmente, não achei que se sentisse, enquanto espectadora, qualquer diferença de
qualidade ou segurança entre um grupo e outro.
Fantástica capacidade de escuta dos actores. É absolutamente espantoso a forma como,
sem ensaios, se conseguiu a qualidade que apresentaram na acção performativa.
A melhorar …
Do ponto de vista do público não se fizeram notar qualquer tipo de fragilidades nesta fase
da performance poética.
Numa observação mais cuidada e mesmo minuciosa poderemos dizer que a coordenação
do som instrumental com a acção da segunda performance mostrou algumas fragilidades
e poderia melhorar com alguns ensaios.
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Não existência de uma pessoa responsável por gerir o exercício, fazendo com que as directrizes
viessem de uma forma difusa.
O período de exposição e explicação do exercício foi muito curto para meninos daquela faixa
etária.
A explicação deveria ter sido feita por partes.
Dispersão dos meninos nalgumas situações, durante o trabalho do grande grupo.
A escolha dos pequenos grupos não deveria ter sido aleatória. Os grupos eram muito díspares.
Grupos apenas com meninos com grandes dificuldades educativas e grupos com meninos com
mais competência cognitiva. É melhor criar grupos onde se misturem os meninos.
Passagem abrupta do trabalho do grande grupo para o pequeno grupo.
Falta de tempo de alguns grupos para maturarem o trabalho com os alunos. Os meninos têm
tempos e ritmos diferentes de aprendizagem. Teria sido útil verificar se já todos os grupos
tinham conseguido atingir os seus objectivos. Um dos grupos quando, finalmente, começou a
ganhar confiança e a sentir-se bem sucedido com um movimento fluído, não teve a
oportunidade de fazer mais uma ou duas vezes o seu exercício. Por vezes é preferível fazer
menos coisas para conseguir respeitar o tempo de todas as crianças.
Alguma confusão e stress no momento da mudança do trabalho de grande grupo para os
pequenos grupos. Alguns meninos ficaram sem saber para onde ir, com quem, fazer o quê!
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Pontos positivos
Construção das partituras em equipa, com a participação dos meninos e dos actores a
desenvolver um trabalho conjunto
Materiais diversificados
Momento de explicação do exercício realizado dentro do pequeno grupo, com mais calma
e serenidade
Bom trabalho de estímulo à criatividade, apesar da condicionante tempo.
Apresentação dos trabalhos fluida e bem coordenada
A melhorar …
Conclusão:
De uma forma global a oficina poético-performativa foi um momento bastante positivo. Apenas
uma observação mais minuciosa e exploratória fazem notar algumas fragilidades, que na
globalidade se diluem.
Apesar dos elementos a melhorar estarem mais explicados e, por isso, pareçam mais
significativos, a acção, no seu todo, foi muito positiva e resultou como um passeio poético-
musical que maravilhou os mais pequenos.
Na avaliação de final de ano a ida à ESCT foi dos mais referidas como melhor momento fora da
escola (mesmo em comparação com o planetário, o CCB, o Jardim Zoológico (com golfinhos e
tudo), as oficinas musicais da Gulbenkian, o cinema, os desportos radicais em Monsanto, etc).
Encarregados de educação e crianças saíram plenamente satisfeitos com o programa apresentado.
Foi com este Estendal que me apercebi da necessidade e urgência de implicar a restante
comunidade de Chelas em projectos culturais de qualidade, capazes de transformar.
Pessoalmente, para além da aprendizagem e experiencia que daqui retirei, o estendal funcionou
como um momento extremamente interessante de partilha e de comunhão de duas dimensões da
minha vida. O lanche veio celebrar esse momento de uma forma natural, despreocupada e
divertida. Agradeço a todos os que trabalharam arduamente para que tudo parecesse simples!
Obrigado a todos pelo empenho, pelo trabalho, pelo profissionalismo e pela amizade.