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casa de Morigerati,
um pequeno
município da
província de Salermo,
na Itália, serviu de
inspiração para a
Casa dos Gallotti,
em Tijucas, Santa
Catarina, no Brasil
Facciamo l’America!
Hoje a Itália é a quinta economia do mundo, possui avançada
tecnologia, e exporta produtos de excelente reputação para os cinco
continentes. Além disso, é o destino preferido de levas de turistas ávidos por
conhecer um dos berços da história da civilização. Mas, na segunda metade
do século XIX, aquela região vivia uma situação caótica. Em 1870, houve
a unificação do País, com Giuseppe Garibaldi, e a especulação capitalista
cresceu. O norte ingressou mais no campo industrial e as riquezas foram
se acumulando nas mãos de poucos. Enquanto isso, no sul, onde a força
da economia estava na agricultura, as oportunidades de emprego eram
raríssimas. Só se via pobreza e abandono. A crise fez com que muitos
italianos fossem tentar a vida em outras partes do mundo, principalmente no
Brasil, Argentina, Uruguai e Estados Unidos. Vem daí a expressão Facciamo
l´America! que significa Vamos progredir na América! A emigração tornou-se
um fenômeno social na Itália. Entre 1871 e 1875, 126.395 italianos emigraram.
Os principais motivos dessa saída em massa foram sócioeconômicos.
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A casa de Morigerati
foi construída no
século XIII, plena
Idade Média
Em 1873, época da unificação italiana, a situação dos Gallotti ainda
era difícil. Foi quando o jovem Luigi Benjamin Gallotti, bisneto de Caetano,
com apenas 20 anos, decidiu deixar sua querida Morigerati, província de
Salermo, no sul da Itália, para vir tentar a vida na América, com a promessa
de retornar com dinheiro para reaver parte das terras perdidas e reconstruir
o castelo da família, que se encontrava em ruínas.
Na véspera da viagem, Benjamin passou a noite em claro, pressentin-
do as saudades dos pais, Francisco e Maria Domenica, e dos irmãos Antonio,
Achilles, Giacintha, Grazia e Clorinda. Ele embarcou no porto de Nápoles, à
procura de seus tios, Caetano e Nicolau, que haviam emigrado alguns anos
antes para a América do Sul. Nicolau era padre e foi vigário de Tijucas, Santa
Catarina, Brasil, no período de 1871 a 1875. Caetano fora para a Argentina.
O Padre Gallotti, em Tijucas, teve uma governanta pela qual se apai-
xonou, passando a tratá-la como verdadeira esposa, já que a igreja não per-
mitia a oficialização da união. Dessa união, nasceram dois filhos, Nicolau e
Assundina, que deixaram muitos filhos e netos, até hoje moradores da região.
O outro tio de Benjamin, Caetano, deixou a Itália em setembro de 1862, numa
viagem de 62 dias até Buenos Aires. Em 1864, casou-se com a argentina Tecla
Peralta. Mais tarde, Caetano mudou-se para Tijucas, onde tornou-se sacristão
do seu irmão, padre Nicolau. Com Caetano vieram a esposa e seus filhos, José
Maria, Henrique, Mário, Lúcia e Jacinta. Ficaram todos morando na pequena
vila, banhada pelo rio com o mesmo nome. Caetano era músico: tocava piano.
Para o Brasil, que tem a maior colônia italiana do mundo, com aproxima-
damente 30 milhões de descendentes, foi um ganho enorme contar com
a criatividade e a capacidade de produção dos italianos. Eles ajudaram a
construir o país e a consolidar nossa indústria e comércio. Eis aqui algu-
mas marcas italianas famosas no Brasil: Fiat, Alfa Romeo, Agralle, Piag-
gio, Lambretta, Lanzia, Ferrari, Finivest, Lorenzetti, Mazzafera, Pirelli,
Olivetti, Papaiz, Pado, Parmalat, Corona, Tramontina, Eberle, Gazola,
Lanza, Ideal Standart, Deca, Campari, Martini, Cinzano, Divella, Barilla.
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A arquitetura da casa
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No térreo, as
portas da primeira
sala da ala são
marcadas com as
iniciais de Benja-
min e Francisca
Angeli Gallotti.
A sala de jantar
que foi palco de
tantas comemora-
ções da família.
Nos corredores do Casarão, as pessoas se esbarravam umas nas
outras e se abraçavam, felizes com a vitória. Mas, no melhor da festa, faltou
luz. O tumulto foi grande, mas no final, já às claras, todos entoaram juntos o
hino do partido:
PSD é a voz do Brasil unido,
PSD nunca nunca foi, nem será vencido…
Faça do voto a sua arma, o seu fuzil,
Que o pessedista está de pé pelo Brasil!
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Maria Philomena, nascida no ano da
construção da Casa, 1898, morou lá durante
toda sua vida. Seu espírito solidário, a
generosidade e o entusiasmo pela vida e
pelas pessoas ao seu redor, contribuíram para
perpetuar as boas vibrações da casa até 1987,
quando faleceu.
Menina, Maria ajudava o pai na
casa comercial, demonstrando tino para os
negócios, ao contrário da irmã, Catharina.
Ela sempre contava que certa vez, um cliente
reclamou do preço de um produto, afirmando
Maria nasceu no ano da construção da que no concorrente era mais barato, e
Casa onde viveu a vida inteira Catharina, irritada, disse-lhe que então
fosse comprar lá. Rapidamente, Maria tomou o lugar da irmã, exaltando a
qualidade do produto e as vantagens de pagar um pouco mais por ele.
Desde criança, Maria já exibia seu talento para fazer doces e
quitutes. Quando a irmã mais velha, Olindina, anunciou que ia se casar,
Benjamin, muito guloso, foi logo querendo saber quem faria as sobremesas,
especialidade da noiva. No dia seguinte, Maria, com apenas oito anos, serviu-
lhe um apetitoso pudim, dizendo: “Pronto, papai, Olindina já pode casar! “
Casada com João José Peixoto, o Janga, de Santa Luzia, em 1922,
Maria continuou morando na casa da mãe, Francisca, já viúva. E ali teve seus
cinco filhos: José, Francisco, Alba Maria, Regina Helena e Beatriz Celeste.
Quando os irmãos foram morar no Rio de Janeiro, ela lhes mandava
latas cheias de rosquinhas, broas de coco, suspiros, tarecos e brevidades para
que matassem a saudade de casa. E manteve esse hábito para sempre, com
a maior alegria. Dessa maneira, ela retribuía como podia o acolhimento
carinhoso oferecido pelos irmãos a seus filhos, durante o período em que
estudaram no Rio, morando com os tios.
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Luiz montando o
potro que ganhou de
presente de seu pai
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Ministro do Supremo Tribunal Federal, por decreto de 12 de
setembro de 1949, do Presidente Eurico Gaspar Dutra, após aprovação
unânime do Senado Federal, tomou posse no cargo no mesmo mês.
Quando completou 20 anos de exercício no Supremo Tribunal Federal, foi
homenageado em sessão da Segunda Turma, em 22 de setembro de 1969,
e do Tribunal Pleno, no dia 24 seguinte. Recebeu o título de Professor
Honorário da Universidade Federal de Santa Catarina, para cuja formação
contribuiu, quando Interventor, fundando uma de suas unidades.
Luiz Gallotti foi membro da Academia de Letras e do Instituto
Histórico de Santa Catarina, instituições que o homenagearam por ocasião
do seu centenário de nascimento (2004), também celebrado em Tijucas,
em solenidade realizada perante seu busto, em praça pública. O edifício
do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, foi
denominado Palácio Ministro Luiz Gallotti.
O filho de Benjamin que mais se destacou no cenário nacional
integrou a Suprema Corte durante 25 anos, primeiro como vice presidente
(de 1962 a 1964), e depois como presidente, de 14 de dezembro de 1966 a 11
de dezembro de 1968 e de 21 de janeiro a 6 de fevereiro de 1969. Aposentou-
se em 16 de agosto de 1974.
Casou-se com Maria Antonieta Pires de Albuquerque, filha do Minis-
tro do Supremo Tribunal Federal, Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albu-
querque. Luiz e Nieta tiveram um casal de filhos, Luiz Octavio e Maria Lucia.
Luiz Octavio, casado com Iara Chateaubriand Pereira Diniz
Gallotti, assumiu o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal em
1984; presidiu o Tribunal Superior Eleitoral em 1991; e, de 1993 a 1995,
presidiu o Supremo, ocupando por duas vezes a presidência da República,
em substituição ao titular. É cidadão honorário de Tijucas, por resolução da
Câmara Municipal.
A outra filha, Maria Lúcia, advogada, casou-se com o médico e
cientista Helion Póvoa.
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A foto do casa-
mento de Olindina,
realizado na
primeira década
do século XX, é
o registro mais
antigo da Casa.
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