Vous êtes sur la page 1sur 61

Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríam)
APRESENTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos estar
preparados para dar a razáo da nossa
esperanga a todo aquele que no-la pedir
(1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos corita


da nossa esperanga e da nossa fé hoje é
mais premente do que outrora, visto que
somos bombardeados por numerosas
correntes filosóficas e religiosas contrarias á
fé católica. Somos assim incitados a procurar
consolidar nossa crenga católica mediante
um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


— Responderemos propóe aos seus leitores:
i aborda questóes da atualidade
'] controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista crístáo a fim de que as dúvidas se
i dissipem e a vivencia católica se fortaleca no
Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar
-"" este trabalho assim como a equipe de
Veritatis Splendor que se encarrega do
respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada
em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral
assim demonstrados.
Ano xlii Dezembro 2001 41Í
Peregrinos do Absoluto

Vivendo tempos Apocalípticos?

O Anticristo vem ai?

Nostradamus previu a 3'3 Guerra Mundial?

Os suplicios dos mártires até 313

O nome na Biblia

Os sonhos na Biblia

Madre Teresa de Calcuta foi exorcizada?

Bispo Luterano se converte á fé católica


PERGUNTE E RESPONDEREMOS DEZEMBRO 2001
Publica9áo Mensal N°475

Diretor Responsável
SUMARIO
Estéváo Bettencourt OSB Peregrinos do Absoluto 529
Autor a Redato r de toda a materia
publicada neste periódico
Os números circulam:
Vivendo lempos Apocalípticos? 530
Diretor-Administrador:
Rumores sinistros:
D. Hildebrando P. Martins OSB O Anticristo vem ai? 545

Administracáo e Distribuicáo: Na ordem do dia:


Edicóes "Lumen Chrísti" Nostradamus previu a
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501 39 Guerra Mundial? 551
Tel.: (0XX21) 2291-7122 Heroísmo desconhecido:
Fax (OXX21) 2263-5679 Os suplicios dos mártires até 313 553

Endereco para Correspondencia: Lingüística oriental:


O nome na Biblia 561
Ed. "Lumen Christi"
Caixa Postal 2666 Impressionam
CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Os sonhos na Biblia 567

Madre Teresa de Calcuta


Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO
foi exorcizada? 572
e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
na INTERNET: http://www.osb.org.br Bispo Luterano se converte á
lé católica 574
e-mail: lumen@alfalink.com.br
IKMIItlO

GiblflCA MABQUIS SAHAIVA C0M APROVACÁO ECLESIÁSTICA

y Z:M^ EiiiijBnfllro de 2002 a r


Em;jBnflIrode2OW;ar«titaV^
fOTefe!roip%«tomart.Mit curio norm
normal! '..-■..■= ■. ■■■ .

SANTO NATAL E FELIZ NOVO ANO I

PARA RENOVACAO OU NOVA ASSINATURA (ANO 2002,


DE MARCO A DEZEMBRO): R$ 35,00.
NÚMERO AVULSO R$ 3,00.
O pagamento poderá ser á sua escolha:

1. Enviar, em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ.


2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, agencia 0435-9 na C/C 31.304-1
do Mosteiro de S. Bento/RJ ou BANCO BRADESCO, agencia 2579-8 na C/C 4453-9
das Edicóes Lumen Christi, enviando em seguida por carta ou fax comprovante do
depósito, para nosso controle.
3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, ende recado ás EDICÓES "LUMEN
CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ
Obs.: Correspondencia para: Edicóes "Lumen Chrísti"
Caixa Postal 2666
20001-970 Rio de Janeiro - RJ
PEREGRINOS DO ABSOLUTO

A passagem de ano nao pode deixar de falar a todo homem que pensa
um pouco. Lembra-lhe que ele é um caminheiro que atravessa os tempos:
2000,2001,2002... Onde termina esta caminhada? - Para uns, ela desembo
ca no vazio ou no nada - perspectiva sombría e desalentadora. Para o cristáo,
a caminhada termina no Absoluto ou na Plenitude - perspectiva esta mais
condizente com as aspiracóes inatas de todo homem. Com efeito, no mais
profundo de si mesmo todo ser humano é inquieto e procura...; procura a
Vida-Vida, a Verdade-Verdade, o Amor-Amor..., sem mésela de contradicáo.
Quem nao ousa aspirar a estes valores, condena-se a viver frustrado ou sem
sentido. É o que atesta o autor do livro bíblico do Eclesiastes: nos séculos IV/
III a.C, ignorando a existencia de urna vida postuma consciente e feliz, tinha
tudo na conta de fumaca ou sopro de vento que ninguém consegue agarrar;
tudo Ihe parecía pequeño e insuficiente para saciar o ser humano; donde o
refráo "Vaidade (fumaca) das vaidades! Tudo é vaidade!"

Ora Natal vem dizer a todos que o Absoluto existe. E nao somente
existe; ele vem mesmo buscar o homem. Deus quis compartilhar a sorte de
viandante, percorrendo as estradas pedregosas da vida presente, a fim de
fazer délas o roteiro para a vida plena; assumiu o que é da criatura para que a
criatura possa gozar do consorcio do próprio Deus nd Além; entregou o Filho
para fazer dos servos rebeldes "fílhos no Filho".

Na verdade, porém, Cristo só nasceu em Belém para poder nascer no


coracáo de cada ser humano através dos tempos. É Sao Paulo quem o diz:
"Vivo eu, nao eu; é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). O Natal se prolonga em
cada administracáo do Batismo, para que o cristáo seja "um outro Cristo".

Estas verdades tém especial significado nos dias atuais. Sao días em
que as pessoas se queíxam (com razáo) de inclemencia, e tomam providenci
as contra o terror. É preciso, porém, nao esquecer que em todas as fases da
historia os tempos pareceram ingratos. Apesar de todos os esforcos por mino
rar os males, nunca se chegará a um estado paradisíaco na térra. Consciente
disto, o cristáo nao se ilude e procura atravessar os tempos turbulentos como
peregrino do Absoluto..., Absoluto que nao está distante, mas Ihe vem ao
encontró através dos véus da fé e dos sacramentos. Como conseqüéncia
desta afirmacáo, dizia o Papa Joáo Paulo II: "Aprendei a ouvir no silencio a
voz de Deus, que fala no mais fundo de cada um de nos" (L'Osservatore
Romano ed. francesa, 16/10/2001, p. 1). Isto quer dizer: sem deixar de aten
der as tarefas temporais, o cristáo alimenta sua esperanca e sua fortaleza no
diálogo com o Absoluto ou na oracáo, que cada Natal ihe propóe com mais
vigor.

Possa o Meníno-Deus fazer-se ouvir em cada coracáo humano no Na


tal de 2001, preparando seus discípulos para nova etapa da caminhada, que
seja um 2002 rico de gracas e béncáos!
E.B.

529
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XLII - N2 475 - Dezembro de 2001

Os rumores circulam:

VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS?

Em síntese: Os tempos atuais, ingratos como sao, sugerem a ob


servadores estar o mundo vivendo cenas do Apocalipse. - O presente
artigo tenta dissipar esta impressáo, evidenciando o caráter simbolista
do Apocalipse. Este é um livro de consolagáo, que quer dizer algo de
alvissareiro: o Bem e o Mal estaráo em confronto até o fim dos tempos,
sendo que a derrota do Mal está de antemao definida.

O Apocalipse, com seus símbolos e suas cenas aterradoras, pres-


ta-se á tentativa de se calcular a data do fim do mundo e das calamida
des que, como se eré, o devem preceder. Especialmente nos tempos
atuais o Apocalipse é evocado como se fosse profecía dos recentes acon-
tecimentos trágicos que abalam o mundo; as imagens do livro parecem
tornar-se realidade patente. Visto que a interpretacáo do livro nao é fácil,
pois requer criterios precisos deduzidos do próprio género literario
apocalíptico, vamos, a seguir, apresentar o problema suscitado pelo livro
e a solucáo mais plausível para o mesmo.

Dividiremos a nossa exposicáo em cinco partes: I. Que é um


Apocalipse?; II. O contexto histórico do Apocalipse de Sao Joao; III. A
¡nterpretacao do Apocalipse; IV. Questóes especiáis; V. Conclusáo.

1. Que é um Apocalipse?

A palavra grega apokálypsis quer dizer revelacáo. O género lite


rario das revelacóes (ou apocalíptico) teve grande voga entre os judeus
nos dois séculos ¡mediatamente anteriores e posteriores a Cristo. A sua
origem se deve principalmente ao fato de que os auténticos profetas fo-
ram escasseando em Israel após o exilio babilónico {587-538 a.C); os

530
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS?

últimos profetas bíblicos - Ageu, Malaquias e Zacarías - exerceram o


seu ministerio nos séculos VI e V a.C.

Ora após o séc. V o povo de Israel continuou sujeito ao jugo estran-


geiro; retornando do exilio babilónico em 538 a.C, ficou sob o dominio
persa até Alexandre Magno (336-323 a.C.) da Macedónia, que conquis-
tou a térra de Israel, anexando-a ao Imperio Macedónico. Após a morte
do Imperador, a Palestina ficou sob os egipcios (dinastía dos Ptolomeus)
até o ano de 200 a.C. Nesta data, os sirios ocuparam e dominaram a
térra de Israel, constituindo ai o periodo dos Antfocos ou Seléucidas.
Finalmente, os romanos em 63 a.C. invadiram o territorio palestinense e
¡mpuseram seu jugo aos judeus, jugo que perdurou até que o povo de
Israel foi expulso da sua térra em 70 d.C. (queda e ruina de Jerusalém
revoltada). Ora nessas duras circunstancias de vida o povo de Israel, nao
tendo profeta, sentía necessidade de ser consolado e alentado para nao
desfalecer. Foi entáo que os autores judeus se puseram a cultivar mais
assiduamente o género literario apocalíptico ou da revelacao, que tem
afínidade com a profecía, mas, na verdade, nao se identifica com esta.

O apocalipse (revelacao) tende a incutir aos leitores urna confian-


5a inabalável na Providencia Divina. Todavía, em vez de o fazer de ma-
neira escolar ou meramente teórica, exortando á fé, o autor recorre a um
artificio: atribuí a um famoso personagem bíblico do passado (Enoque,
Moisés, Elias, Daniel) ou a um anjo do Senhor revelacóes proféticas a
respeíto da época que ele e seus correligionarios estao vivendo. Esse
personagem famoso antigo descreve os tempos atribulados que os leito
res experimentam e assegura que a tormenta passará, devendo a causa
de Deus triunfar da faccao dos impíos; estes seráo prostrados, pois ocor-
reráo em breve o juízo final da historia e a consumacáo dos tempos. É
¡sto que dá ao apocalipse a aparéncia de profecía; todavía note-se que o
autor, ao descrever os fatos de sua época (como se tivessem sido predi-
tos por Enoque ou Moisés...), os descreve na base de suas observares
e experiencias pessoais. O recurso a personagem famoso da antígüidade
como revelador da mensagem é artificio próprio do género apocalíptico:
tende a incutir mais ánimo e esperanca nos leitores; com efeito, se o
próprio autor sagrado, contemporáneo dos leitores ¡mediatos, predisses-
se dias melhores, nao teria a mesma autorídade que era inegavelmente
reconhecida a Enoque, Moisés, Elias, Daniel... Por sua vez, o escritor
sagrado tinha fundamentos para consolar seus companheiros perseguí-
dos e predizer a vítória final do bem sobre o mal, porque esta é anuncia
da por todas as profecías e promessas feitas a Israel. O autor de um
apocalipse nada acrescenta de novo a essas promessas; apenas as tor
na atuais, repetindo-as de maneira solene e enfática em momento peno
so da historia do seu povo e anunciando para breve o cumprimento das

531
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

mesmas. De resto, a salvacáo, já oferecida por Deus em fases anteriores


de tribulacóes de Israel era penhor de que, também dessa vez, o Senhor
nao abandonaría seu povo.

As páginas mais típicamente apocalípticas do Antigo Testamento


sao os capítulos 7 a 12 do livro de Daniel. Estas seccóes foram escritas
no séc. II sob o dominio dos sirios ou Antíocos na Palestina; atribuem a
Daniel, famoso varáo do séc. VI, a descricáo simbolista dos aconteci-
mentos que se desenrolaram desde o dominio persa (séc. VI a.C.) até o
dominio sirio (séc. II a.C); em estilo de sonhos e visóes, sao apresenta-
dos os reis persas, macedónios, egipcios, sirios que ¡mperaram sobre
Israel até Antíoco IV Epifánio (175-164); para os tempos deste, o autor
apocalíptico anuncia a intervencáo final de Deus e a salvacáo a ser trazida
pelo Messias. Nao é fácil entender um apocalipse, visto que utiliza exu
berante simbolismo e coloca o leitor diante de um cenário cósmico, que
conjuga o céu e a térra.

Mais precisamente, podem-se assim caracterizar os elementos for


máis do género apocalíptico:

1) A pseudonímia do autor. Este é um contemporáneo dos seus


primeiros leitores, mas fala-lhes como se fosse um personagem antigo e
venerável. É o que se vé claramente, por exemplo, no livro de Daniel. No
Apocalipse de Sao Joáo é um anjo quem revela.

2) O caráter esotérico (ou reservado) das revelacóes. Estas te-


rao sido comunicadas outrora ao venerável personagem da antigüidade;
deviam, porém, ficar em segredo até os dias do autor do apocalipse.
Veja-se, por exemplo, Dn 8, 26; 12, 9.

3) Freqüentes intervencóes de anjos. Estes aparecem, nos


apocalipses, ora como ministros de Deus que colaboram com a Provi
dencia Divina na dispensacáo da salvacáo aos homens, ora como intér
pretes das visoes ou revelagóes que o autor do livro descreve. Cf. Ez 40,
3; Zc 2, 1s; 2, 5-9; 5, 1-4; 6, 1-8; Ap 7,1-3; 8, 1-13.

4) Simbolismo rico e, por vezes, singular. Animáis podem signi


ficar homens e povos; feras e aves representam geralmente as nacóes
pagas; os anjos bons sao descritos como se fossem homens, e os maus
como estrelas caídas. O recurso aos números é freqüente, explorándo
se entáo o simbolismo dos mesmos (3,7,10,12,1000 como símbolos de
bonanca; 31'2 como símbolo de penuria e tribulacáo). É a exuberancia do
simbolismo dos apocalipses que torna difícil a compreensáo dos mes
mos; o leitor ou intérprete deve procurar entender esse simbolismo a
partir de passagens bíblicas e extra-bíblicas paralelas (na verdade, há
símbolos que se repetem com a mesma significacáo: gafanhotos, águi-
as, cedro, tres anos e meio, mil anos...).

532
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS?

Os autores de apocalipses sao assaz livres ao conceber seus sím


bolos, suas visóes e personificares; propóem cenas estranhas sem se
preocupar com a sua verossimilhanca; cf., por exemplo, a Jerusalém nova
emAp21, 1-27; Ez 47, 1-12.

5) Forte nota escatológica. Os apocalipses se voltam todos para


os tempos fináis da historia e os descrevem com grandiosidade, apre-
sentando a intervencáo solene de Deus em meio a um cenário cósmico,
o julgamento dos povos, o abalo da natureza, a punicáo dos maus e a
exaltacáo dos bons (estando reservado para Israel nesse contexto um
papel de relevo e recompensa).

Este trago diferencia bem da profecía o apocalípse. A profecía é


sempre urna palavra dita em nome de Deus (propheemi = dizer em lugar
de); todavía nem sempre visa ao futuro; refere-se muitas vezes a situa-
cóes do presente, procurando sacudir os homens de sua indiferenca re
ligiosa ou da hipocrisia de vida, levando-os a conduta moral mais digna e
correta; a profecía tem, sim, um caráter fortemente moralizante, válido
para os contemporáneos, mas nem sempre voltado para o futuro ou a
escatologia. - Ao contrario, nos apocalipses a índole moralizante desa
parece quase por completo; o que preocupa o autor sagrado sao os acon-
tecimentos fináis da historia, que redundarlo em derrota definitiva dos
maus e premio para os bons; as visóes, os sonhos e os símbolos
fantasistas (que ¡á os profetas cultívavam, mas com sobriedade) tomam-
se o elemento dominante na forma literaria dos apocalipses.

6) O género literario apocalíptico foi-se formando, com suas diver


sas características, através dos sáculos ou paulatinamente. Já se encon-
tram alguns de seus elementos nos escritos dos profetas, antes do séc. II
a.C. Há mesmo passagens de profetas que tém estilo apocalíptico, como
pode haver nos escritos apocalípticos trechos de índole profética. Assim
no livro de Daniel sao tidas como proféticas as passagens de Dn 2,34.44s;
7, 9-14; 12, 1-3.

2. Circunstancias de origem do Apocalipse de Sao Joáo

1. No fim do séc. I tomava-se cada vez mais penosa a sítuacáo dos


cristáos disseminados no Imperio Romano.

Em verdade, o Senhor Jesús deixou este mundo, intimando aos


discípulos aguardassem a sua volta gloriosa; nao Ihes quis indicar, po-
rém, nem o dia nem a hora de sua vinda, pois esta deveria ser tida como
a de um ladráo que aparece imprevistamente á meia-noite (cf. Mt 24, 43;
1Ts 5, 2s); vigiassem, pois, e orassem em santa expectativa. Todavía,
apesar da sobriedade das palavras de Jesús, os discípulos esperavam
que a sua vínda se desse em breve, enquanto ainda vivesse a geracáo

533
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

dos Apostólos mesmos. Á medida, porém, que se passavam os deceni


os, essa esperanca se dissipava; a nao poucos parecía que Cristo havia
esquecido a sua Igreja e que váo era crer no Evangelho.

A situacáo se tornara ainda mais angustiosa desde que Ñero, em


64, desencadeara a primeira perseguicáo violenta contra os cristaos. "Ser
discípulo de Cristo" equivalia, daquela ocasiáo em diante, a ser tido como
"inimigo do género humano"; manifestava-se cada vez mais a oposicáo
entre mentalidade crista e mentalidade paga, de modo que, vivendo em
plena sociedade paga, os cristaos tinham nao raro que se abster das
testas de familia, das celebrares cívicas, dos jogos públicos, até mes-
mo de certas profissóes e ramos de negocios (pois através de todos es-
ses meios se exprimía a mentalidade politeísta e supersticiosa reinante).

Em particular, na Asia Menor o ambiente era carregado de maus


presságios: lá ia tomando proporcóes cada vez mais avultadas o culto
dos Imperadores, a ponto de se tornar a pedra de toque da fidelidade de
um cidadáo romano a patria.

Desde 195 a.C. a cidade de Esmirna possuia um templo consagra


do á deusa Roma; em 26 d.C. os esmirnenses ergueram outro santuario
em honra de Tiberio, Lívio e do Senado.

Em Pérgamo, desde 29 a.C, fora instituido o culto do Imperador.

A cidade de Éfeso, nos inicios do reinado de Augusto, construirá


um altar dedicado a este soberano no recinto do "Artemision" ou templo
de Diana.

Os habitantes da Asia Menor eram especialmente inclinados a tal


forma de culto, pois se sentiam altamente beneficiados pelos governantes
de Roma, que haviam posto termo as guerras civis na regiáo, asseguran-
do á populacáo prosperidade na industria, no comercio e na cultura em
geral.

Ademáis outro perigo para o Cristianismo se fazia notar na Asia


Menor em fins do séc. I. A gente dessa regiáo era dotada de exuberante
alma religiosa, de sorte que dava acolhida nao somente as religioes tra-
dicionais do Imperio e ao Cristianismo, mas também a formas de culto
ditas "dos misterios" (de Mitra, Cibele, Apolo...), recém-trazidas do Orien
te. Tais misterios fascinavam pela sua índole secreta e por sua promessa
de divinizacáo.

Esse estado de coisas permite tirar a seguinte conclusáo: na Asia


Menor urna religiáo que, como o Cristianismo, professasse rigorosamen
te um Deus único e transcendente manifestado por um só Salvador, Je
sús, devia necessariamente defrontar-se em breve com formidável alian-

534
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS?

5a de todas as torgas do paganismo: sistemas religiosos, interesses po


líticos, planos económicos deviam armar-se num combate unánime e cer
rado contra o monoteísmo cristáo; ser discípulo de Cristo, em tais cir
cunstancias, significava sofrer o odio e o boicote geral de parentes, ami
gos e concidadáos nao cristáos, de tal modo que até mesmo na vida
cotidiana do lar o cristáo se sentía sufocado por causa de sua fé.

A situacáo sugería a nao poucos discípulos de Jesús ou a apostasia


em relagáo ao Divino Mestre ou urna especie de pacto com as idéias do
paganismo, de sorte a dar origem ao sincretismo religioso (caracterizado
principalmente pelo dualismo ou o repudio á materia que a mística orien
tal muito propalava). Foi em tais circunstancias sombrías que Sao Joáo
quis escrever o Apocalipse.

2. A finalidade do livro torna-se assim evidente.

O autor sagrado visava, ácima de tudo, a alentar nos seus fiéis a


coragem depauperada; o Apocalipse, em conseqüéncia, é essencialmente
o livro da esperanca crista ou da confianca inabalável no Senhor Jesús e
ñas suas promessas de vitória.

Pergunta-se entáo: como terá Sao Joáo procurado levantar o áni


mo e corroborar a esperanca dos leitores? Haverá, em nome de Deus,
prometido dias melhores aqui na térra em recompensa da fidelidade a
Cristo, de maneira que quem fosse hostilizado por causa do Senhor Je
sús viria a ser estimado pelos concidadáos e acariciado por prósperas
condicoes de vida temporal (economía feliz, saúde, sucesso nos empre-
endimentos...)?

3. A Interpretacáo do Apocalipse

Como se compreende, grande é o número de sistemas que tentam


interpretar o Apocalipse. Todos concordam sobre o sentido geral do livro,
que quer anunciar a vitória do Bem sobre o mal, do reino de Cristo sobre
as maquinacoes dos pecadores. Divergem, porém, quando tentam indi
car a época precisa em que o Apocalipse sitúa essa vitória. As diversas
teorías se agrupam sob os títulos seguintes:

1) Sistema dito "escatológico" ou do fim dos tempos: Sao Joáo


estaría descreyendo os embates fináis da historia. Esta interpretacáo
esteve em voga na antigüidade; foi posta de lado na Idade Media; do
século XVI aos nossos dias é mais e mais prestigiada principalmente por
parte de correntes que profetizam o fim do mundo para breve;

2) Sistema da historia antiga (do século I aos séculos IVA/): o


Apocalipse descreveria a luta do judaismo e do paganismo contra os

535
8 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

discípulos de Cristo, luta que terminou com a queda da Roma paga (476)
e o triunfo do Cristianismo;

3) Sistema da historia universal: o Apocalipse apresentaria, sob a


forma de símbolos, urna visao completa de toda a historia do Cristianis
mo; descreveria sucessivamente os principáis episodios de cada época
e do fim do mundo.

Todas estas interpretares sao, de algum modo, falhas, pois nao


levam em conta suficiente o estilo próprio do livro e querem deduzir do
Apocalipse noticias que satisfacam aos anseios de concreto ou mesmo á
curiosidade do leitor. Por isto, deixando-as de lado, proporemos a teoría
da recapitulacáo, que tem seu grande mestre no Pe. E.-B. Alio O.P., pro-
fessor da Universidade de Friburgo (Suíca) e autor do livro: Saint Jean.
L'Apocalypse. Paris. 1933 (4S edicáo)1. Examinemos essa teoría.

A Recapitulado

Antes do mais, é necessário observar que nem todo o lívro do


Apocalipse está redigido em estilo apocalíptico. Compreende duas par
tes anunciadas em Ap 1,19:

1,4-3,22: as coisas que sao (revisáo da vida das sete comunida


des da Asia Menor as quais Sao Joao escreve); o estilo é sapiencial e
pastoral;

4, 1-22, 15: as coisas que devem acontecer depois. Esta é a


parte apocalíptica propriamente dita, para a qual se volta a nossa aten-
cáo. Observemos a estrutura dessa parte:

4, 1-5, 14: a corte celeste, com sua liturgia. O Cordeiro "de pé,
como que imolado" (5, 6), recebe em suas máos o livro da historia da
humanidade. Tudo o que acontece no mundo está sob o dominio desse
Senhor, que é o Rei dos séculos. - Notemos assim que a parte apocalíptica
do livro se abre com urna grandiosa cena de paz e seguranza; qualquer
quadro de desgrasa posterior está subordinado a essa intuicao inicial.

O corpo do livro, que se segué, compreende tres septenarios:


6,1-8,1: osseteselos
8, 2-11, 18: as sete trombetas
15, 5-16, 21: as sete tacas.

Refutamos sobre este núcleo central (de sentido decisivo) do


Apocalipse.

1 Segundo nos consta, até hoje nao fot publicado algum comentario do Apocalipse
táo denso e documentado quanto o do Pe. Alio O.P.

536
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS?

Pergunta-se: urna estrutura tao artificiosamente construida poderá


aínda ser o reflexo ¡mediato da historia tal como ela é vivida pelos ho-
mens? Nao seria, antes, o fruto de um arranjo lógico ou do trabalho de
um espirito que reflete sobre os acontecimentos e procura discernir al-
guns fios condutores por debaixo das diversas ocorréncias da vida cotidi
ana? Sabemos que o estilo de Sao Joáo é comparado ao vóo de urna
águia que gira em torno do objeto contemplado até finalmente dar o bote
ou dizer claramente o que quer. Levando em conta esta peculiaridade de
estilo, podemos dizer que o autor sagrado nao expoe os sucessivos acon
tecimentos concretos da historia do Cristianismo, mas apresenta a reali-
dade invisível que se vai afirmando constantemente por detrás dos epi
sodios visíveis da historia. Em outros termos: o Apocalipse apresenta
(sob forma de símbolos) a luta entre Cristo e Satanás, luta que é o fundo
e a coluna dorsal de toda a historia. Cada septenario (o dos selos, o das
trombetas e o das tacas) é conseqüentemente urna peca literaria com
pleta em si mesma; o número 7, alias, significa plenitude ou totalidade,
segundo a mística dos antigos.

6, 1-8, 1: 7 selos.
Abre-se um livro -»
Sfntese da historia.

15,5-16,21:7tagas.A
historia da igreja perseguí- * "" ^ ** 8,2-11,8:7 trombe-
da, sendo protagonistas a tas. Livro aberto: os
MULHER e o DRA GAO do flagelos sobreomun-
cap. 12. do profano.

A seguir, de 17,1 a 22,15, ou seja, após os tres septenarios, ocor-


re a queda dos agentes do mal:

17,1-19, 10: a queda de Babilonia (símbolo da Roma paga);

19,11-21: a queda das duas Bestas que regem Babilonia (o poder


imperial pagáo e a religiáo oficial do Imperio);

20,1-15: a queda do Dragáo, supremo instigador do mal.

Em contra-parte, a seccáo final (21, 1-22, 15) mostra a Jerusalém


celeste, Esposa do Cordeiro e antítese da Babilonia pervertida.

537
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Os w. 22,16-21 constituem o epílogo do livro.

Aprofundemos um pouco mais o sentido do tríplice septenario cen


tral do Apocalipse.

O primeiro, o dos selos (6,1-8,1) nos dá a ver a paulatina abertura


do livro que está ñas máos do Cordeiro. É o septenario mais sobrio e
nítido, que, pode-se dizer, resume o livro inteiro; examinemo-lo de perto:

-o primeiro selo corresponde a "um cávalo branco, cujo montador


tinha um arco. Deram-lhe urna coroa e ele partiu vencedor e para vencer
aínda" (5,2). O cávalo branco reaparece em 19,11-16; seu montador é o
Senhor dos Senhores e o Reí dos Reís (19, 16). - Conseqüentemente
dizemos que o primeiro septenario se abre com urna figura alvissareira: a
do Verbo de Deus ou Evangelho que, vencedor (porque já propagado no
mundo), se dispoe a mais aínda se difundir. Sobre este paño de fundo
vém os tres flagelos clássicos da historia:

- o segundo selo corresponde ao cávalo vermelho, símbolo da


guerra (6, 3s);

- o terceiro selo é o do cávalo negro, símbolo da fome negra e da


carestía que a guerra acarreta (6, 5s);

- o quarto selo é o do cávalo esverdeado, símbolo da peste e da


morte decorrentes da guerra e da fome (6, 7s).

Ai estáo os tres flagelos que afligem os homens em todos os tem-


pos e que a Biblia freqüentemente menciona; cf. Lv 26, 23-29; Dt 32,24s;
Ez 5,17; 6,11-12; 7, 15; 12, 16.

Depois disto, o quinto selo apresenta os mártires no céu pedindo a


Deus justica para a térra ou o fim da dasordem que campeia no mundo.
Reproduzem o clamor dos justos de todos os tempos, ansiosos de que
termine a inversáo dos valores na historia da humanidade. Em resposta,
é-lhes dito que tenham paciencia e aguardem que se complete o número
dos habitantes da Jerusalém celeste; cf. 6, 9-11.

O sexto selo já nos póe em presenca do desfecho da historia: che-


gou o Grande Dia do juízo final (6, 17). Aparecem entáo os justos na
bem-aventuranca celeste: os judeus representados por 144.000 assina-
lados, e os provenientes do paganismo, a constituir "urna multidáo inu-
merável de todas as nagoes, tribos, povos e línguas" (7, 9); celebram a
liturgia celeste. - Aqui se encerra propriamente o primeiro septenario;
compreende em suas grandes linhas os aspectos aflitivos da historia da
humanidade e o anseio dos justos para que a ordem se restabeleca; a
consumacáo da historia é, para os fiéis, Vitoria e felicidade. A consolacao
que Sao Joáo quer transmitir aos seus leitores, consiste precisamente

538
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS? 11_

em mostrar que as calamidades sob as quais os homens gemem, estao


envolvidas num plano sabio de Deus, onde todos os males estao
dimensionados para que sirvam á salvacáo das criaturas e á gloria do
Criador. Eis ai a síntese do Apocalipse apresentada com clareza no pri-
meiro septenario.

E o sétimo selo (8,1)? - Corresponde a um silencio de meia-hora.


Sim, o livro se abriu por completo. O vidente espera a execucáo dos
designios de Deus contidos no livro aberto. Este silencio de meia-hora é
o "gancho" do qual pende o segundo septenario.

O segundo e o terceiro septenarios (8, 2-11, 18 e 15, 5-16, 21)


retornam o conteúdo do primeiro com algumas variantes. Observemos,
para comegar, que terminam cada qual com a consumacáo da historia
(sétima trombeta em 11, 14-18 e sétima taca em 16, 17-21). O segundo
septenario tem em vista principalmente os flagelos que afligem o mundo
profano: a térra, a vegetacáo, as aguas, os astros... Ao contrario, o tercei
ro septenario tem em mira as sortes da Igreja perseguida pelo Dragáo
(Satanás) e seus dois agentes (o poder imperial pagáo, que manipula a
religiáo oficial do Estado pagáo).

Observemos dentro do segundo septenario o "gancho" do qual


pende o terceiro septenario: em Ap 10, 8-11 é entregue a Joáo um livri-
nho, doce na boca e amargo no estómago. Como entender isto? - O
segundo septenario apresenta a execugáo do plano de Deus contido no
livro cujos selos se abriram. Portanto, se deve haver outra serie de reve-
lacóes, deve haver também outro livro que as traga; é precisamente este
que Joáo recebe em 10, 8-11 (amargo no estómago, porque portador de
noticias pesadas para os cristáos fiéis).

Merece atengáo especial o intervalo ocorrente entre o segundo e o


terceiro septenarios, ou seja, a seccáo de 11, 19 a 15, 4. Ele prepara a
serie das tacas, apresentando os grandes protagonistas da historia da
Igreja: a Mulher e o Dragáo no capítulo 12; as duas Bestas, manipuladas
pelo Dragáo, sendo que a primeira sobe do mar (quem olha da ilha de
Patmos para o grande mar, se volta para Roma) e representa o poder
imperial perseguidor, ao passo que a segunda Besta sobe da térra (quem
de Patmos olha para o continente próximo, volta-se para a Asia Menor,
onde campeia o culto religioso do Imperador); ver respectivamente Ap
13, 1 e 11. A sede capital destes dois agentes é Babilonia (= a Roma
paga). O cap. 12, ao apresentar a Mulher e o Dragáo, é também urna
síntese da mensagem do Apocalipse e da historia da Igreja, que será
comentada na quarta parte deste estudo. - Como dito, os agentes do mal
estáo fadados a perecer, como se lé em 17,1-20,15, dando lugar á Jeru-
salém celeste e á bem-aventuranca dos justos.

539
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Por conseguinte as calamidades que o Apocalipse apresenta a se


desencadear sobre o mundo, nao háo de ser interpretadas ao pé da le
tra; antes, depreender-se-á o seu sentido á luz das cenas de paz e triunfo
que o autor sagrado intercala entre as narrativas de flagelos (enquanto
os justos padecem na térra, há plena seguranca no céu, conforme o
Apocalipse). Justapondo aflicoes (na térra) e alegría (no céu), Sao Joao
quería precisamente dizer aos seus leitores que as tribulacoes desta vida
estáo em relacáo estrita com a Sabedoria de Deus; foram cuidadosa
mente previstas pelo Senhor, que as quís incluir dentro de um plano mui-
to harmonioso, plano ao qual nada escapa. Em conseqüéncia, ao pade
cer as aflicóes da vida cotidiana, os cristáos se deviam lembrar de que
tais adversidades nao esgotam toda a realidade, que tem seu aspecto
celeste e grandioso; as calamidades, portanto, sob as quais os cristáos
do primeiro sáculo se sentiam prestes a desfalecer, nao os deveriam im-
pressionar; constituiam como que o lado avesso e inferior de um tapete
que, visto no seu aspecto auténtico e superior, é um verdadeiro tapete
oriental, cheio de ricas cores e belos desenhos.

Eis a forma de consolo que o autor sagrado quería incutir aos seus
leitores (nao só do séc. I, mas de todos os tempos da historia); os acon-
tecimentos que nos acometem aqui na térra sao algo de ambiguo ou algo
que tem duas faces: urna exterior, visível, a qual é muitas vezes aflitiva e
tende a nos abater; outra, porém, interior, invisível aos olhos da carne
(mas perceptível aos olhos da fé), a qual é grandiosa e bela, pois faz
parte da luta vitoriosa do Bem sobre o mal; é mesmo a prolongacáo da
obra do Cordeiro que foi imolado, mas atualmente reina sobre o mundo
com as suas chagas glorificadas (cf. c. 5). Por isto, enquanto os cristáos
na térra gemem (Ai, ai, ai!), os bem-aventurados na gloria cantam (Aleluia,
aleluia, aleluia!).

No céu os justos nao se acabrunham com o que acontece de cala


mitoso na térra; antes, continuam a cantar jubilosamente a Deus porque
percebem o sentido verdadeiro das nossas tribulacóes. Pois bem, quer
dizer Sao Joáo, essa mesma paz e tranqüilidade deve tomar-se a parti-
Iha também dos cristáos na térra, pois, embora vivam no tempo e no
mundo presentes, já possuem em suas almas a eternidade e o céu sob
forma de germen (o germen da graca santificante, que é a sementé da
gloria celeste).

Assim o Apocalipse oferece urna imagem do que é a vida do cris-


táo ou, mais amplamente, a vida da Igreja: é urna realidade simultanea-
mente da térra e do céu, do tempo e da eternidade. Na medida em que é
da térra e do tempo, apresenta-se aflitiva; este aspecto, porém, está lon-
ge de ser essencial; no seu ámago, a vida do cristáo é celeste e, como

540
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS? 13

tal, é tranquila, a semelhanca da vida dos justos que no céu possuem em


plenitude aquilo mesmo que os cristáos possuem na térra em germen.

4. Dois textos em particular

Examinaremos mais precisamente Ap 12, 1-17 e 20, 1-10.

4.1. Ap 12,1-17

Este capítulo sintetiza toda a historia da Igreja sob a forma de luta


entre a Mulher e o Dragáo, figuras paralelas ás da Mulher e da serpente
emGn 3, 15.

Em poucas palavras, este trecho apresenta urna Mulher gloriosa e


dolorida ao mesmo tempo. Está para dar á luz um filho que um monstru
oso Dragáo espreita para abocanhá-lo. A Mulher gera seu Filho, que tem
os traeos do Messias; Ele escapa ao Dragáo e é arrebatado aos céus.
Dá-se entáo urna batalha entre Miguel com seus anjos e o Dragáo; este
acaba sendo projetado do céu sobre a térra, onde procura abater a Mu-
Iher-Máe, perseguindo-a de diversos modos. Todavía o próprio Deus se
encarrega de defender a Mulher no deserto durante os tres anos e meio
ou os 42 meses ou os 1260 dias de sua existencia. Vendo que nada pode
contra essa figura grandiosa, a Serpente antiga atira-se contra os de-
mais filhos da Mulher, tentando perdé-los.

Que significa este capítulo?

Está claro que o Dragáo representa Satanás, aquele que é "menti


roso e homicida desde o inicio" (cf. Jo 8, 44).

Quanto á Mulher, nao pode ser identificada com algum persona-


gem individual, mas é a Mulher que perpassa toda a historia da salvacáo.
Com efeito; já á primeira Eva (= Máe dos vivos ou da vida) Deus prome-
teu um nobre papel na obra da Redencáo. A primeira Eva (= Máe da vida)
se prolongou na Filha de Sion (o povo de Israel, do qual nasceu o Messi
as); a Filha de Sion culminou na segunda Eva, Maria SS., que teve a
graca de ser pessoalmente a Máe do Redentor; por isto em Ap 12, 1s a
Mulher é gloriosa como Maria, mas dolorida como o povo de Israel. A
maternidade de Maria continua na da Santa Máe Igreja; esta tem a ga
rantía da incolumidade (cf. Mt 16, 18) que Cristo Ihe prometeu, mas os
filhos que ela gera ñas aguas do Batismo estáo sujeitos a ser atingidos
pela sanha do Dragáo, que age neste mundo como um Adversario já
vencido, mas cioso de arrebanhar os incautos que Ihe déem ouvidos (S.
Agostinho diz que o demonio é um cao acorrentado; pode ladrar, fazendo
muito barulho, mas só morde a quem se Ihe chegue perto). Por último, a
Mulher-Máe, que exerce sua maternidade por toda a historia da salva
cáo, se consumará na Jerusalém celeste, a Esposa do Cordeiro (Ap 21 s).

541
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

A batalha entre Miguel e o Dragáo nao corresponde á queda origi


nal dos anjos, mas significa plásticamente a derrota de Satanás, vencido
quando Cristo venceu a morte por sua Ressurreicáo e Ascensáo. Deus
Ihe permite tentar os homens nestes séculos da historia da Igreja, com
um fim providencial, ou seja, a fim de provar e consolidar a fidelidade dos
mesmos. Satanás só age por permissáo de Deus.

A duracáo de 1260 dias ou 3"2 anos que a Mulher passa no deser


to, nao designa cronología, mas tem valor simbólico.

Com efeito, 31'2 anos, 42 meses e 1260 dias sao termos equivalen
tes entre si; correspondem á metade de 7 anos. Ora, sendo 7 o símbolo
da totalidade, da perfeicáo e, por conseguinte, da bonanca, a metade de
7 vem a ser o símbolo do inacabamento e da dor. Portanto, 31'2anos (e as
expressóes equivalentes em meses e dias) no Apocalipse designam toda
a historia da Igreja na medida em que é algo de ainda nao rematado ou
na medida em que é luta penosa entre a primeira e a segunda vinda de
Cristo, no deserto deste mundo.

4.2. Ap 20,1-10

É este o trecho que fala de aparente reino milenar de Cristo sobre


a térra, estando Satanás acorrentado. O milenio seria inaugurado pela
ressurreicáo primeira, reservada aos justos apenas, aos quais seria dado
viver em paz e bonanca com Cristo. Terminado o milenio, Satanás seria
soltó para realizar a sua invectiva final, que terminaría com a sua perda
definitiva. Dar-se-iam entáo a ressurreicáo segunda, para os demais ho
mens, e o juizo final.

A teoría mílenarista, entendida ao pé da letra, foi professada por


antigos escritores da Igreja (S. Justino 1165, S. Ireneu 1202, Tertuliano
t após 220, Lactáncio t após 317...). Todavía S. Agostínho (t 430) pro-
pós novo modo de entender o texto - o que excluiu definitivamente a
interpretado literal; o S. Doutor baseou-se em Jo 5, 25-29, onde se lé:

"Em verdade, em verdade vos digo, aquele que ouve a minha pala-
vra... passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo
que vem a hora, e já veio, em que os mortos ouviráo a voz do Filho de
Deus e os que a ouvirem viveráo... Nao vos admiréis disto, pois vem a
hora em que ouviráo sua voz todos os que estáo nos sepulcros. Os que
praticaram o bem sairáopara a ressurreigño da vida; os que, porém, pra-
ticaram o mal, sairáo para a ressurreigáo do juízo".

Nesse trecho, o Senhor distingue duas ressurreicóes: urna, que se


dá "agora" ("e já veio"), no tempo presente, quando ressoa a pregacáo da
Boa-Nova; é espiritual, devida ao Batísmo; equivale á passagem do pe-

542
VIVENDO TEMPOS APOCALÍPTICOS? 15

cado original para a vida da graca santificante. A outra é simplesmente


futura e se dará no fim dos tempos, quando os corpos forem beneficia
dos pela vida nova agora latente ñas almas.

Por conseguinte, no Apocalipse a ressurreicáo primeira é a passa-


gem da morte para a vida que se dá no Batismo de cada cristáo, quando
este comeca a viver a vida sobrenatural ou a vida do céu em meio as
lutas da térra. A ressurreicáo segunda é, sim, a ressurreicáo dos corpos,
que se dará quando Cristo vier em sua gloria para julgar todos os ho-
mens e por termo definitivo á historia.

Mil anos, em Ap 20,1-10, designam a historia da Igreja na medida


em que é luta vitoriosa ("mil" é um símbolo de plenitude, de perfeicáo;
"mil felicidades", na linguagem popular, sao "todas as felicidades"). Pela
Redengio na Cruz, Cristo venceu o príncipe deste mundo (cf. Jo 12, 31),
tornando-o semelhante a um cao acorrentado, que muito pode ladrar,
mas que só pode morder a quem voluntariamente se Ihe chegue perto
(S. Agostinho). É justamente esta a situagáo do Maligno na época que
vai da primeira á segunda vinda de Cristo ou no decurso da historia do
Cristianismo; por isto os tres anos e meio que simbolizam o aspecto do
loroso desses séculos (já estamos no vigésimo primeiro século), sao equi
valentes a mil anos, caso queiramos deter nossa atencáo sobre o aspec
to feliz, transcendente ou celeste da vida do cristáo que peregrina sobre
a térra; a graca santificante é a sementé da gloria do céu.

Assim se vé quanto seria contrario á mentalidade do autor sagrado


tomar ao pé da letra os mil anos do c. 20 e admitir um reino milenario de
Cristo visível na térra após o currículo da historia atual.

5. Conclusáo

O sistema da recapitulagáo assim proposto merece francamente


ser preferido aos demais, pois é o que mais leva em conta a mentalidade
e o estilo do autor sagrado Sao Joáo; este, também no seu Evangelho,
recorre as repeticóes ou ao estilo de recapitulagáo em espiral.

Contudo ninguém negará as alusóes do Apocalipse a personagens


da historia antiga (Ñero, a invasáo dos bárbaros, Roma, Babilonia...).
Mediante essas referencias, Sao Joáo nao tinha em vista deter a atencáo
do seu leitor sobre episodios da antigüidade, mas apenas mencionar ti
pos característicos de mentalidades humanas ou de situagóes de vida
que acompanham toda a historia da Igreja: assim Ñero vem a ser o tipo
dos soberanos políticos que persigam a Igreja em qualquer época (há
muitas reproducóes de Ñero através da historia). Por isto também o nú
mero 666 da Besta do Apocalipse, adversaria dos cristáos, equivale

543
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

(segundo a interpreta9áo mais provável) á expressáo Kaisar Nerón {Im


perador Ñero).1

Roma e Babilonia, por sua vez, designam de maneira típica o po


derío deste mundo que, com seus mil atrativos de esplendor e prazer,
procura seduzir os discípulos de Cristo para o pecado - A luta a que Sao
Joao assistiu, entre Roma paga e a Igreja, é evocada no Apocalipse nao
por causa dessa luta mesma, mas dentro de urna perspectiva mais am
pia, isto é, a fim de simbolizar e predizer o combate perene que se vai
travando entre o poder diabólico e Cristo através dos séculos, até termi
nar com a plena Vitoria do Senhor Jesús.

Estas considerares concorrem para evidenciar quanto é va a ten


tativa de descobrir a predicáo de fenómenos estranhos da hora presente
(bombas atómicas, explosóes, enchentes e secas, discos voadores) nos
quadros do Apocalipse. Estes sao quadros típicos e perenes, quadros
que se reproduzem por todo o decorrer da historia, variando apenas de
facetas.

A sua mensagem abrange todas as situacóes análogas; querem,


sim, dizer que as desgracas da vida presente, por mais aterradoras que
parecam, estao sujeitas ao sabio plano da Providencia Divina, a qual
tudo faz concorrer para o bem daqueles que O amam (cf. Rm 8, 28).

1A indicagáo da ¡dentidade daprimeira Besta sob a forma do número 666, em Ap 13,


18, pertence ao artificio literario chamado gematria: as letras atribuíase valor nu
mérico, de modo que cada nome tinha um número equivalente. A interpretagáo de
666 há de ser procurada no contexto lingüístico, geográfico e histórico de Sao Joño
e de seus ¡mediatos leitores, nao em época posterior ou em outra língua que nao o
hebraico e o grego. Levando em consideragáo este principio, pode-se dizer que 666
equivale a Kaisar Nerón escrito em caracteres hebraicos:
N V R N R S Q
50 6 200 50 200 60 100 =666
Esta interpretagáo é confirmada pelo lato de que alguns manuscritos antigos tém
616 e nao 666. Isto se explica pela queda do N no final (lerda direita para a esquer-
da), compreensfvel, pois se podía dizer Ñero em vez de Nerón.

544
Rumores sinistros:

O ANTICRISTO VEM AÍ?

Em síntese: Os acontecimentos sinistros que tém sacudido o mun


do, levam muitos observadores a pensar no Apocalipse, no fim da nossa
era e no Anticristo. O presente artigo mostra que a concepgáo de um
Anticristo no final dos tempos carece de fundamento bíblico; foi-se for
mando entre os cristáos por associagáo de conceitos que nao goza de
credibilidade. A Igreja recomenda sobríedade no tocante a previsáo do
fim da historia.

Os acontecimentos recentes, dolorosos como tém sido, vém des


pertando temores de fim do mundo, catástrofes apocalípticas, apareci-
mento do Anticristo... Muitos procuram ler na Biblia a predicáo de quanto
vai ocorrendo atualmente.

Em particular, costuma impressionar os cristáos a perspectiva de


um Anticristo ou um pujante Adversario de Cristo, que deverá manifes-
tar-se no fim dos tempos. Todavía tal expectativa permanece obscura.
Verifica-se que os textos bíblicos sobre os quais se apoia tal concepcáo,
sao suscetíveis de mais de urna interpretacáo. Redigidos em estilo
apocalíptico, usam de muitas figuras literarias, entre as quais personifi-
cacao de conceitos abstratos e de realidades coletivas.

Examinemos, pois, estas passagens bíblicas para compreender o


que objetivamente significam.

1. Os Sinóticos

No seu sermáo escatológico diz Jesús:

"Surgiráo numerosos falsos profetas, os quais seduziráo muña gen


te" (Mt 24, 11).

"Surgiráo falsos cristos (messias) e falsos profetas, os quais reali


zaráo portentos e prodigios notáveis, de modo a seduzir, se fosse possí-
vel, até os escolhidos. Eis que de antemáo vo-lo anuncio" (Mt 24, 24s).

No sermáo do Senhor, os falsos messias e profetas, sedutores dos


últimos tempos, aparecem como verdadeira legiáo, mas legiáo acéfala;
Jesús nao menciona um chefe que possa ser dito "O ANTICRISTO".

545
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Ainda é de notar que Jesús nao fala de Anticristo(s), mas de


pseudocristos, embora os falsarios sejam inimigos (antitéticos) a Cris
to; o termo técnico e ciássico Anticristo se deve a época posterior, isto é,
a S. Joáo, que escreveu no fim do séc. I (cf. 1 Jo 2,18.22; 4, 3; 2Jo 7).

Em conclusáo: o Anticristo, no Evangelho, nao aparece nem com


este título nem sob a forma de individuo único. Nao falta, porém, a predi-
cao de que, no fim dos tempos, adversarios de Cristo surgiráo, mais
numerosos e astutos que nunca, usurpando o nome e os poderes do
Messias (= Cristo).

2. Escritos joaneus

S. Joáo, ñas suas epístolas, por quatro vezes, menciona explícita


mente o Anticristo, tanto no singular como no plural:

"Filhinhos, esta é a última hora. Assim como ouvistes, vem um (nao:


o) Anticristo; já agora existe grande número de anticristos; é o que nos
diz que esta é a última hora" (Uo 2, 18);

"Que/r? é o mentiroso senáo aquele que nega que Jesús é o Cristo


(Messias)? Eis o Anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho" (Uo 2, 22);

"Todo espirito que nao confessa Jesús, nao é de Deus; tal espirito,
porém, é o do Anticristo, do qual ouvistes dizer que vem e que já agora
está no mundo" (Uo 4, 3);

"Muitos sedutores apareceram no mundo, os quais nao professam


que Jesús Cristo se encarnou; ei-lo, o Sedutor e o Anticristo" (2Jo 7).

A respeito destes textos, é de se notar que S. Joáo, o primeiro


escritor a usar da palavra Anticristo na literatura crista,1 emprega este
termo tanto no singular como no plural. Mesmo, porém, quando o toma
no singular, atribui-lhe sentido coletivo, pois o aplica a todo e qualquer
individuo que negué a Jesús Cristo, isto é, que deturpe o sentido ortodo
xo da Encarnacáo; Anticristo, para S. Joáo, é, pois, todo e qualquer here-
ge. Suposto este conceito, assim se interpretaría a advertencia do Apos
tólo nos versículos ácima citados: "Ouvistes dizer que vem um Anticristo?
Com efeito, a tradicáo judaica já vo-lo insinúa... Em verdade, porém, vos
asseguro: desde que irromperam no mundo erros e heresias a respeito
de Jesús Cristo, o Anticristo já fez sua aparicáo; e notai que nao é um só,
mas sao muitos os Anticristos, sao tantos quantos negam a messianidade
de Jesús; na realidade, um Anticristo nao é senáo um negador do Cristo".

1 O termo composto pode significar tanto "Aquele que é contrarío a Cristo (ao Mes
sias)" como "Aquele que se coloca em lugar de Cristo". Praticamente nao há muña
diferenga entre estes dois sentidos.

546
O ANTICRISTO VEM AÍ? 19

Donde se concluí: também ñas epístolas de S. Joao o Anticristo é


urna coletividade, cujos membros se sucedem através dos séculos; é a
coletividade de todos os que se acham animados do espirito de mentira
ou de oposicao a Cristo.

No Apocalipse, S. Joáo nao fala explícitamente de Anticrísto(s),


mas apresenta duas figuras de Bestas fantásticas, adversarías de Cristo
(13, 1-8.11-17); estas combatem na Térra contra a Igreja e, por fim, sao
projetadas no lugar de perdicáo. Portanto, a nocáo de Anticristo nao é
alheia ao Apocalípse; todavía, doís sao ai os Anticristos. Mais aínda: con
forme os melhores exegetas, eles sígnificam duas coletivídades, a saber:
o poder político que em qualquer época seja contrario á Igreja, coisa que
sempre exístiu e existirá {ao menos em surtos periódicos); e o poder das
falsas religióes ou filosofías que, também por todo o decorrer da historia,
travam luta contra a Verdade trazida por Cristo. As duas Bestas do
Apocalipse realizam prodigios, suscitando a admiracáo dos homens,
marcam com sinal próprío seus adoradores, blasfemam soberbamente
etc., á semelhanca do que se lé nos textos escatológicos do Evangelho e
de S. Paulo. Todavía, o Apocalípse nao conhece o Anticristo individual.
3. As cartas de Sao Paulo

S. Paulo propóe em 2Ts 2, 3-10 a famosa descricáo do Adversario


e do Obstáculo que o detém.
Esta passagem nao menciona os muitos falsos profetas ocorrentes
no Evangelho, e parece incutir a nocáo de um inimigo individual, caracte
rizado como "Homem do pecado, Fílho da perdicáo (homem destinado á
ruina temporal e eterna), Adversario, Iníquo", nomes que, de resto, nao
se conseguiram impor na tradicáo, mas cederam ao termo de S. Joáo:
Antícristo. A funcáo do Iníquo será imitar o Cristo com o fito de O comba-
ter; arrogante e sacrilego, realizará milagres e far-se-á entronizar como
Deus.

Como entender a descricáo de tal personagem?

Embora aprésente muitos tragos que favorecem a crenca num


Antícristo individual, ela pode ser interpretada na linha do Evangelho e
de S. Joáo ácima reproduzida. Eis como entáo se explicaría o texto paulino:
O Adversario, agente que atua pelo poder de Satanás {cf. v. 9),
parece ser contemporáneo a S. Paulo mesmo, pois o Apostólo julgava
que, em 51 da nossa era, ele só nao se manifestava em público, visto
estar detido por um Obstáculo. Existía, pois, mas coibido e velado, pronto
a se manifestar em toda a sua pujanga; e este estado latente inegavel-
mente se protraí até os nossos días, devendo mesmo prolongar-se até
que seja removido o Obstáculo, ou seja, até os últimos tempos. Na base

547
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

desta verificacio, julga-se que o Adversario "paulino" nao pode ser um


individuo humano, mas deve ser urna coletividade de inimigos que vem
atravessando os séculos: "anticristos" se sucedem a "anticristos", assu-
mindo diversos tipos conforme as respectivas épocas em que vivem;
Satanás, porém, é impedido de desenvolver por eles toda a malicia que
intenciona; e tal estado de coisas durará até o fim dos tempos, quando,
por permissao de Deus, se desencadeará todo o furor do Maligno e de
seus agentes multiplicados.

Mais aínda: verifica-se que o Adversario, assim entendido, há de


ser identificado com o "Misterio da iniqüidade" (outra expressáo paulina
que designa a coletividade das torgas malignas), misterio que também
em 51 "já se achava em atividade" (cf. v. 7). S. Paulo personificou o Mis
terio da iniqüidade, dando-lhe os títulos de "Adversario, Iníquo..."; este
proceder é muito habitual no estilo apocalíptico, que tende a representar
coletividades como se fossem individuos: assim as duas Bestas de Ap
13 sao o símbolo de todos os artificios humanos (políticos e filosóficos)
anticristáos; as duas testemunhas de Ap 11 significam o conjunto dos
pregadores do Evangelho através dos séculos; o rei de Tiro, em Ez 28,
designa a cidade capital e o reino de Tiro; o Faraó, em Ez 29-32, repre
senta todo o Egito. E nao há dúvida de que o texto apocalíptico de 2Ts 2,
por muito original que pareca, na realidade repete expressóes clássicas
da literatura apocalíptica do Antigo Testamento, a ponto de poder ser
considerado como um tecido de fórmulas proféticas... tomadas de em-
préstimo.1 De resto, o Apostólo, ao expor suas idéias, comprazia-se em
atribuirá um individuo o que ele reconhecia convira muitos; cf. 1Cor4,6.

1 As figuras bíblicas a que S. Paulo alude, sao principalmente Antíoco Epifanes, o rei
de Tiro, e Gog, rei de Magog.
A respeito de Antíoco, impío perseguidor da verdadeira fé no séc. II a.C, escreve
Daniel:
"O rei procederá como bem quiser, elevar-se-á e exaltar-se-á ácima de todo deus;
contra o Deus dos deuses dirá coisas monstruosas, e será bem sucedido, até que a
cólera chegue ao auge, pois o que foi decretado se cumplirá" (Dn 11, 36; cf. 7.25; 9,
27).
Ao rei de Tiro, personificagáo do reino de Tiro, escreve Ezequiel em nome de Deus:
"Teu coragáo se exaltou e disseste: 'Sou um deus, ocupo um trono de deus no
coragáo dos mares'. Na verdade, porém, és um homem e nao Deus; nao obstante,
queres ter um coragáo semelhante ao coragáo de um deus" (Ez 28, 2).
Semelhante tipo impío é o do rei tiránico da Babilonia apresentado em Is 14, 13s.
Gog, rei de Magog, é personagem desconhecido na historia, mero símbolo literario.
Ezequiel, nos capítulos 38s, o introduz como o chefe do exército dos inimigos de
Deus, que no fim dos tempos fará urna incursáo devastadora sobre o povo de Deus.
Em sua sobarba, e apesar do seu aparato pomposo, Gog, com seus súditos, será
exterminado pelo Senhor Deus.
Os nomes "Iníquo, Homem do Pecado ou da iniqüidade" podem ter sido sugeridos
a S. Paulo por SI 89, 23; 94, 20.

548
O ANTICRISTO VEM AÍ? 21

Em favor da ¡dentificacáo do Iníquo (sujeito masculino) com o Mis


terio da Iniqüidade (sujeito neutro, em grego), aponta-se ainda o fato de
que o Apostólo, do outro lado, designa o Obstáculo igualmente sob a
forma masculina (=Aquele que detém, v. 7) e sob a forma neutra (= Aqui-
lo que detém, v. 6). Há, pois, entre as duas forcas que se opóem um
paralelismo de designacoes; isto insinúa que, assim como o Obstáculo já
era contemporáneo a S. Paulo e ainda perdura, assim também o Adver
sario, o Iníquo, existe desde o inicio do Cristianismo e ainda aguarda,
latente, o tempo de sua parusia ou manífestacáo. Donde mais urna vez
se concluí que o Anticristo há de ser urna coletividade, e nao um individuo.

Acrescentam, porém, os autores que a concepcáo coletiva nao


exclui no fim dos tempos tenha o poder maligno seu expoente máximo
ñas atividades de um homem, o qual será como que a "encarnacáo" de
todos os artificios da iniqüidade. Nao se restrinja, porém, o conceito de
Anticristo a este individuo.

4. Origem de um "Anticristo individual"

A idéia de um Anticristo individual parece ter origem nao ñas Escri


turas do Novo Testamento, mas na tradicáo judaica. Nao há dúvida de
que os israelitas, nos últimos séculos antes de Cristo, tendiam a dar sen
tido literal ás descricóes muito figuradas de Ez 27, 38s; Dn 11; a partir do
séc. II a.C, inseriam sempre ñas suas cenas apocalípticas a imagem
sinistra de um individuo que recapitularía em si todo o poderío do mal.
Ademáis, aconteceu que em 63 a.C. o general romano Pompeu se apo-
derou de Jerusalém e profanou o Templo de Javé, reproduzindo os tra
eos do grande Adversario, o Profanador, que já cem anos antes fora
Antíoco Epífanes (175-164 a.C). Ora, a figura de Pompeu, sobrepondo-
se á de Antíoco, veio corroborar, na mente dos judeus, a idéia do Homem
Iníquo, perseguidor no fim dos tempos; os salmos ditos de Salomáo,
apócrifo provavelmente escrito na época do general romano, aludem a
Pompeu como sendo o Pecador (2,1), o Dragáo soberbo (2, 29), o ímpio
{17, 13). Pois bem; é na linha desta tradicáo judaica que se sitúa o texto
de S. Paulo, 2Ts 2: o Apostólo nao fez senao repetir os traeos literarios
do grande Perseguidor e Sedutor, sem, por ¡sto, exigir para as suas pala-
vras a interpretacáo estritamente literal que as fontes judaicas, utilizadas
pelo Apostólo, nao pedem; o que Paulo certamente queria incutir é que,
nos últimos tempos, a mais violenta das perseguicóes será desencadeada
sobre o povo de Deus, consoante o que claramente dizem os escritos
escatológicos do Antígo Testamento (cf. Ez 38s; Jl 4, 1-13; Zc 12, 1-10).
Quanto a S. Joáo, ele alude, como ácima foi dito, á expectativa judaica
de um Perseguidor (Anticristo); corrige-a, porém, pela afirmacáo de que
o Anticristo já veio e é múltiplo, pois múltiplos sao os hereges que apare-
cem.

549
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Entre os cristáos subseqüentes, os tragos do Perseguidor, a cren-


ca no Anticristo individual, se pautaram sobre figuras da historia e da
literatura posterior a Cristo; nao raro a concepcáo se fundía com a expec
tativa romana do Ñero redivivo; o Imperador matricida, o primeiro e típico
Perseguidor da Igreja, ressuscitaria no fim dos tempos, para seduzir os
fiéis e ser definitivamente punido por Cristo. Assim ainda pensavam con
temporáneos de S. Agostinho (t 430) e Sulpício Severo (t cerca de 420).'

Seria descabido enunciar outras tentativas feitas pelos autores cris


táos para descrever o Anticristo futuro ou identificá-lo no decorrer da his
toria; esses esforgos foram por vezes demasiado arbitrarios. Retenha-se
apenas que o caráter individua! ou coletivo do Anticristo nao modifica as
conceptees gerais da escatologia crista; aos católicos fica a liberdade de
optar por urna ou outra opiniáo. A Igreja recomenda principalmente sobri-
edade ñas elucubracoes atinentes a este assunto.

1 Cf. S. Agostinho, De civitate Dei 20, 19:


"Julgam que, ao dizer.já agora está ativo o misterio da iniqüidade, o Apostólo tinha
em vista Ñero, cujos feitos pareciam ser os do Anticristo. Donde nao poucos suspei-
tam que Ñero há de ressuscitar e ser o Anticristo. Alguns, porém, créem que Ñero
nao foi morto, mas, sim, arrebatado, de sorte a ser tido por moño; permanece vivo no
vigor da idade que tinha quando o deram por extinto; ficará oculto até ser revelado
no tempo devido e restabelecido no trono. A mim tanta presungáo por parte dos que
conjeturam, causa grande surpresa".
Eis o testemunho de Sulpício Severo:
"Cré-se que, embora se tenha traspassado com urna espada, (Ñero) foi curado de
sua chaga e conservado em vida, conforme o que dele está escrito: A sua chaga
mortal foi curada (Ap 13, 3); no fim dos tempos há de ser lancado (no mundo) para
consumar o misterio da iniqüidade" (Hist. Sacr. 2, 29).

550
Na ordem do dia:

NOSTRADAMUS PREVIU A 39 GUERRA MUNDIAL?

Em síntese: O historiador italiano Valerio Evangelisti, tendo estu-


dado criteriosamente os escritos de Nostradamus, afirma que este nao
predisse a terceira guerra mundial. Muitas das "profecías" de Nostradamus
teráo sido redigidas por seguidores apócrifos e loucos.
* * *

Nostradamus está, mais urna vez, na ordem do dia. Geralmente,


por ocasiáo dos grandes acidentes da historia, aparece quem diga que
Nostradamus os previu. O mito de Nostradamus é dissipado pelo histori
ador Valerio Evangelisti numa entrevista publicada pelo jornal O GLOBO.
Caderno especial de 23/09/01, p. 9. Os dizeres merecem atencáo parti
cular pelo fato de nao apelarem para a religiáo, mas basearem-se em
seria pesquisa histórica. - Vai, a seguir, reproduzido o trecho da entrevis
ta que interessa ao caso.

«'Nao usem Nostradamus'

Autor de trilogía sobre o alquimista francés diz que este nunca pre
viu a Terceira Guerra mundial

• Autor de "Magus", trilogia sobre a vida de Nostradamus - o alqui


mista francés do sáculo XVI cujo nome se torna sinónimo de terríveis
profecías - o escritor italiano Valerio Evangelisti diz que muítas das previ-
sóes de seu biografado foram escritas por seguidores apócrifos e loucos.
Em entrevista feita por telefone, Evangelisti (que no Brasil está sendo
editado pela Bertrand Brasil) diz que este é o caso da Terceira Guerra
Mundial. Nostradamus nunca a teria previsto.

O GLOBO: Valerio, estáo falando muito em Nostradamus, porque


ele teria mencionado urna Terceira Guerra Mundial, que comegaria a par
tir de um confuto entre o Oriente e o Ocidente. Estaríamos assistindo á
realizagáo desta profecía?

VALERIO EVANGELISTI: Nao existe nada sobre Terceira Guerra


Mundial nos escritos de Nostradamus. Ele nunca citou urna Terceira Guer
ra Mundial. Para escrever sobre ele fiz muitas pesquisas, e nunca encon-
trei nenhuma citacáo sobre a Terceira Guerra Mundial. A maíoría das
predicóes de Nostradamus foi feita sobre fatos que ocorreriam no próprio
tempo dele. Ele falou sobre o futuro distante, sim, sobre tempos que se-
riam difíceis, mas de urna forma simbólica e poética, que deu margem a
¡numeras interpretacóes. Ou seja, os textos de Nostradamus podem ser
adaptados para o que se quiser, devido ao simbolismo.

551
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

• De onde viriam, entáo, essas afirmagóes sobre fim do mundo, a


Terceira Guerra, torres gémeas destruidas?
EVANGELISTI: Sao textos apócrifos, de pessoas que continuaram a escre
ver após a morte de Nostradamus, usando o nome dele. Essas pessoas,
algumas délas provavelmente loucas, é que fizeram previsoes terríveis so
bre o que acontecería nos próximos séculos. Por causa dos meus lívros
sempre me procuram, quando ocorre alguma tragedia no mundo. Há a pre-
visáo de algo que viria do céu e por isso até mesmo quando caiu o Concorde
me procuraram. E é claro que agora, com avióes atingindo as torres do World
Trade Center, voltei a ser lembrado. Como já disse, a questáo é que Nostra
damus escreveu de urna forma poética e tudo pode ser atribuido a ele. Os
textos dele, sobretudo as "Centurias", dáo margem a ¡numeras ¡nterpretacóes.
Na realidade, Nostradamus acreditava que haveria urna grande crise, em
um dado momento da historia da Humanidade, mas que o mundo ultrapassa-
ria esta crise, sobrevivendo ainda por muitos e muitos séculos. Se for por Nos
tradamus, fique tranquila: a Térra ainda rodará no infinito séculos e séculos.
• Se nao eré ñas predigoes apocalípticas de Nostradamus e acha
que foram feitas por outras pessoas, por que se interessou em escrever
tres livros sobre sua vida?
EVANGELISTI: Sou um historiador, um escritor. Escrevo narrativas fan
tásticas. Eu quería retratar a Franca de Caterina de Médicis. Poderia ter
escolhido um outro personagem, um outro mago qualquer. Mas acho que
Nostradamus é um bom personagem para retratar seu tempo. Teve urna
vida cheia de peripecias. Quanto as "Centurias", Nostradamus, que era
astrólogo, as fez baseado nos estudos dos astros e em livros esotéricos
cheios de erros. E por isso nao dá para levá-las a serio. O que importa é
que foi um grande homem, um grande poeta.
• Ele estaría sendo usado a toda hora, entáo, para explicar atos
humanos insanos?
EVANGELISTI: Sim, e nao deveriam usar Nostradamus para justificar a
violencia e o horror humanos. Nao deveriam recorrer as suas profecías
para explicar o que de ruim está ocorrendo no mundo, até porque com ou
sem Nostradamus já era possível prever que algo assim poderia aconte
cer. A violencia, o terrorismo, as guerras, tudo isso já vimos assistindo há
algum tempo. E tudo levava a crer que algo serio poderia acontecer nos
EUA, até porque os EUA, eles mesmos, criaram situacoes que poderiam
levar a aedes extremistas, ao apoiarem as correntes mais radicáis do
governo de Israel. As que geram o confronto com os palestinos».
Em PR 217/78, pp. 23ss; 269/83, pp. 325ss; 369/93, pp. 81 ss foi
amplamente abordado o tema Nostradamus, autor do qual foram trans
critas Centurias com as diferentes i nterpretacóes propostas pelos res
pectivos estudiosos.

552
Heroísmo desconhecido:

OS SUPLICIOS DOS MÁRTIRES ATE 313

Em sintese: Os mártires cristáos foram submetidos a suplicios di


versos: desterro, deportagáo, trabalhos forgados, fogueira, feras, imersáo
no mar... Tudo suportaram com heroísmo que somente a graga de Deus
podía suscitar.
* * *

Em PR 474/2001, pp. 508ss foram examinadas as causas da per-


seguicáo aos cristáos até 313, ano em que o Imperador Constantino deu
a paz aos fiéis mediante o Edito de Miláo; os cristáos eram tidos como
ateus porque nao adoravam os deuses do Imperio Romano. Torna-se inte-
ressante averiguar quais os suplicios a que eram submetidos os mártires.

1. Desterro, deportagáo e trabalhos toreados

Os cristáos que recebessem sentenca condenatoria, podiam ser


destinados ao desterro, á deportacáo ou a trabalhos toreados.

1.1 Desterro

O desterro era a pena mais suave, nao considerada como pena


capital, porque, ao menos em principio, nao implicava a perda dos direi-
tos civis nem a confiscacáo dos bens pessoais. Assim foi desterrado o
apostólo Sao Joáo para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse; o
Papa Sao Cornélio morreu desterrado em Civitá Vecchia; também foram
desterrados Sao Cipriano, Sao Dionisio de Alexandria e muitos outros.

Os desterrados eram tratados com relativa brandura. Parece, po-


rém, que o desterro dos cristáos foi mais duro que o de pagaos, pois em
alguns casos, contra o direito comum, sofreram a confiscacáo de bens.

1.2. Deportagáo

A deportacáo era mais grave do que o desterro, considerada como


pena capital, que implicava morte civil. Os deportados eram banidos para
os lugares mais inóspitos. O jurista Modestino dizia que "a vida do depor
tado deve ser táo penosa que equivalha ao último suplicio" (Huschke,
Jurisprudentia antejustiniana, 644; Tácito, Annales II, 45). Ás vezes o
chicote dos guardiáes apressava o fim do deportado. Assim morreu na
Sardenha, no ano de 235, o Papa Ponciano.

553
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

1.3. Trabalhos forjados

Esta era a segunda pena capital, cumprida ñas minas que o Esta
do explorava em diversos pontos do Imperio.

Ao chegar á mina, comecava o tormento do condenado por acoi-


tes, a fim de se Ihe deixar claro, desde o inicio, que era destinado a ser
"escravo da pena". Em seguida, era marcado na testa com sinal próprio,
pena esta infamante que durou até Constantino, Imperador cristáo que a
aboliu "por respeito á beleza de Deus, cuja imagem resplandece na face
do homem" (Código Teodosiano IX, XL, 2). Além disto, raspavam meta-
de da cabeleira do condenado para que mais fácilmente fosse identifica
do em caso de fuga, fuga alias muito improvável, pois os pés da vítima
eram acorrentados de modo que nao podía correr.

Entre os deportados para as minas, havia bispos, clérigos, leigos e


leigas, como também meninos e meninas. Estes últimos, nao podendo
cavar o solo com as ferramentas dos adultos, eram encarregados de
transportar o material em cestos - o que se chamava "condenacáo ¡n
opus metallorum", única modalidade possível para as mulheres. Viviam
todos dentro das minas em trevas, que se tornavam mais angustiantes
por causa da fumaca pestilenta das tochas. Mal alimentados e mal vesti
dos, tremiam de frío no subterráneo. Sem cama nem colcháo, dormiam
sobre o solo. Era-lhes proibido tomar banho e aos sacerdotes negava-se
a permissáo para celebrar a Santa Missa.

Os cristaos condenados as minas no Oriente no fim da última per-


seguicáo, sob Maximino Daia, ainda foram mais atormentados. O gover-
no da Palestina em 307 mandou que com ferro candente se queimassem
os ñervos de urna das cochas dos condenados. Maior crueldade ainda
ocorreu quando, em 308-309, os condenados que, das minas do Egito
foram enviados á Palestina, sofreram golpes que os deixaram mancos e
tortos; arrancaram-lhes o olho direito, cauterizando ¡mediatamente com
ferro candente as órbitas ensangüentadas.

Embora sofressem tais calamidades, os cristaos em algumas mi


nas construiram cápelas, como ocorreu em Phaenos no ano de 309,
montaram oratorios improvisados junto aos pocos. Alguns bispos presos
conseguiam celebrar a Santa Missa. Um condenado, cegó de nascenca,
sofreu a perda de um olho mas recitou de memoria nestas celebracoes
parte da Sagrada Escritura. Em Phaenos esta liberdade redundou em
tremendos castigos: os anciaos, já inúteis, foram decapitados, dois bis
pos, um sacerdote e um leigo que se haviam destacado por sua fé foram
atirados ao fogo, outros foram enviados para Chipre e para o Líbano;
assim desapareceu a pequeña igreja da mina de Phaenos (Eusébio, De
Martyribus Palestinae, 11, 20-23; 23, 1-3.4.9.10).

554
OS SUPLÍCIOS DOS MÁRTIRES ATÉ 313 27

2. A pena capital

Á diferenca das legislares modernas, a pena de morte era infligida


pelos antigos segundo modalidades diversas de suplicio. O modo mais
cruel e ignominioso era a crucifixáo; a seguir, ocorriam a pena do fogo, a
exposicáo as feras e, por último, a decapitacáo. No Imperio Romano a
cruz ficou sendo o suplicio dos mais miseráveis; a espada era reservada
aos cidadáos; o fogo e as feras eram atribuidos aos criminosos que nao
tinham direitos de cidadania.

Pela primeira vez, em 177, aparecem estas distingues jurídicas no


caso dos mártires de Liáo. Os que eram cidadáos romanos foram conde
nados á decapitacáo e os demais as feras. Todavía a arbitrariedade dos
magistrados e o odio do povo nao observavam as leis romanas, como
consta dos seguintes testemunhos:

Sao Justino diz: "Cortam-nos a cabeca, crucificam-nos, expóem-


nos as feras, atormentam-nos com cadeias, com o fogo, com os suplici
os mais terríveis" (Diálogo com Trifáo 110).

Tertuliano escreve: "Pendemos da cruz, somos devorados pelas


chamas, a espada abre nossas gargantas e as bestas ferozes se lancam
contra nos" (Apologeticum 31; cf. 12, 50).

Clemente de Alexandria observa: "Diariamente vemos com os nos-


sos olhos correr torrentes de sangue de mártires queimados vivos, cruci
ficados ou decapitados" (Stromateis II).

A extensáo do direito da cidadania a todos os habitantes do Impe


rio Romano nao transmitiu aos provincianos os privilegios dos cidadáos
romanos; ao contrario, despojou a estes de certos direitos seus, de tal
modo que todas as penas Ihes podiam ser aplicadas.

2.1. A decapitacáo

Em Roma a morte dos condenados era para o povo um espetáculo


prazeroso. Dizia o poeta Prudencio: "A dor de alguns é o prazer de todos"
(Contra Symmachum 11,11,26). Todavía a decapitacáo era a única pena
que, embora executada em público, se realizava sem solenidade e apa
rato.

O condenado esperava o golpe mortal de joelhos ou em pé, junto a


um posto, como, por exemplo, o mártir Aquíleu. Somente urna arma hon
rosa, a espada, devia cortar a sua cabeca. A leí dispunha que nao podia
ser substituida por um machado ou outra arma (Ulpiano, Digesto XLVIII,
XIX, 8). Tratava-se de urna pena de morte reservada a pessoas de eleva
da condícáo.

555
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Narra o cronista da morte de Sao Cipriano:

"O mártir foi levado ao campo de Sextus, onde ele tirou o manto;
colocou-se dejoelhos e se prostrou em oragáo a Deus. Depois tirou tam-
bém a dalmática e entregou-a aos seus diáconos e, revestido de uma
túnica de linho, esperou o carrasco. Após a chegada deste, Cipriano or-
denou aos seus que Ihe dessem 25 moedas de ouro. ¡mediatamente os
irmáos estenderam diante dele pequeñas telas e toalhas. A seguir, o
mesmo bem-aventurado Cipriano vendou os olhos. Como, porém, nao
pudesse atar as próprias máos, um sacerdote e um subdiácono Ihe pres-
taram este servigo. Assim foi executado o bem-aventurado Cipriano" (Acta
proconsularia S. Cypriani 5).

Pulando os séculos, recordamos que Sao Tomás Moro {séc. XVI)


também deu ao carrasco 30 moedas de ouro e vendou os próprios olhos.

Morreram decapitados numerosos mártires dos primeiros séculos:


Sao Paulo, Flávio Clemente com outros nobres, Sao Justino e seus dis
cípulos, o senador Apolónio, varios mártires de Liao.

Posteriormente, quando se realizavam execucóes precipitadas e


em massa, já nao se observavam as formalidades antigás. Por exemplo,
o Papa Xisto nem sequer foi julgado; surpreendido em flagrante a pregar
aos fiéis na cripta do cemitério de Pretextato, foi decapitado ali mesmo,
sentado em sua cátedra; quatro diáconos foram decapitados no mesmo
subterráneo. Em Lambesa, após varios dias de execucóes, os carrascos
mandaram que os mártires se ajoelhassem em fila e passaram por eles
cortando-lhes a cabeca.

2.2. Afogueira

A pena regular do fogo só tardíamente foi estipulada pelo Direito


Romano. Foi aplicada pela primeira vez em 153 ao bispo Sao Policarpo
em Esmirna. Daí por diante tomou-se mais freqüente.

Era uma pena reservada á gente de condicáo inferior; vinha aplica


da sob forma de espetáculo para o povo. Acendia-se a fogueira no circo,
no estadio ou no anfiteatro. O condenado era despojado de suas vestes,
que se tornavam propriedade dos seus carrascos. Uma vez despido, era
atado a um poste, geralmente com as máos levantadas para o alto, como
nos casos de Carpos, Papylos e Agathonice. Em outros casos, como no
de Sao Policarpo, as máos eram atadas e ficavam pendentes para ser
atingidas pela chamas. Algumas vezes a corda se queimava; entáo o
mártir se punha de joelhos com os bracos em cruz em meio as chamas.
A morte costumava ser rápida, mas, como no caso de Sao Policarpo,
podia ser abreviada mediante um golpe da graca.

556
OS SUPLICIOS DOS MÁRTIRES ATÉ 313 29

No fim do séc. III, a pena de morte pelo fogo tornou-se ainda mais
cruel; com freqüéncia as vítimas eram enterradas até os joelhos para que
as chamas as envolvessem melhor.

Aos poucos o caráter espetacular do suplicio foi-se apagando; o


público foi-se cansando de presenciá-lo, além do que os carrascos pro-
curavam rápida eficacia.

Além da fogueira propriamente dita, havia outros tipos de morte


pelo fogo: assim a caldeira de azeite fervente, onde terá sido submerso o
apostólo S. Joáo, conforme Tertuliano; também a caldeira de betume
acesa, na qual morreu Santa Potamiana; a cal viva na qual foram atira-
dos Epímaco e Alexandre sob o imperador Décio; por último, a grelha,
que deu morte ao diácono S. Lourenco; este e outros foram assados
vivos.

2.3. As Feras

O suplicio mais dramático dos mártires cristaos foi a exposicao as


feras perante a multidáo paga. Tal espetaculo era geralmente reservado
para os dias de festa ou alguma solenidade especial. Assim foi atirado as
feras Sto. Inácio de Antioquia aos 22 de dezembro de 107, isto é, por
ocasiáo das festas saturnais. Em Esmirna, o governador expós as feras
Germánico e outros dez cristaos. Os mártires de Liáo foram expostos no
anfiteatro por ocasiáo das ferias de agosto. Provavelmente a proximida-
de de alguma celebracáo importante levava os juízes a condenar os cris
taos as feras. Ás vezes, porém, era o próprio povo que gritava: "Os cris
taos aos leóes!". Ainda, em outras ocasióes, a forca física da vítima moti-
vava o juiz para ditar-lhe a execucáo pelas feras a fim de agradar ao povo.

Sto. Inácio de Antioquia foi enviado a Roma para ser degolado pe


las feras em 107, ano em que se celebrou a vitória do imperador Trajano
sobre os dácios com 123 dias de festa, dias estes em que foram modas
onze mil bestas ferozes que haviam matado muitos homens.

A exposicáo ás feras era organizada de modo espetacular. Os con


denados eram previamente apresentados ao público entre ultrajes e cruel
dades. Por vezes eram anteriormente chicoteados ou marcados com fer
ro em brasa. Mais freqüentemente acontecía que deviam marchar em
procissáo em torno da arena sob o chicote dos carrascos. Também podia
ocorrer que, para intensificar o tom teatral do espetaculo, se impuses-
sem máscaras ás vítimas, máscaras essas de deuses pagaos como
Saturno, Dañaos, Circe e Ceres.

Quando as feras nao chegavam a matar suas vítimas, os algozes


se encarregavam de arrematar o suplicio. Tal foi o caso de Perpetua,
Felicidade e Saturo. Em Cesaréia, Adriano, Eubulo e Agapito, depois de

557
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

passar pelas feras foram degolados (os dois primeiros) e atirado ao mar
o terceiro.

O historiador Eusébio foi testemunha ocular de fatos semelhantes.


Observa em sua Historia Eclesiástica que as feras por vezes pareciam
respeitar as testemunhas de Cristo. Assim relata ele a respeito do anfite
atro de Tiro:

"Estive presente a este espetáculo e percebi muito manifesta a as-


sisténcia do Senhor Jesús, de quem os mártires davam testemunho. Os
animáis vorazes ficavam por muito tempo sem ousar tocar nos corpos
dos santos; ao contrario dirigiam toda a sua ira contra os pagaos que se
esforgaram por atigá-los. Por vezes lancavam-se contra os condenados
cristáos, mas ¡mediatamente recuavam como se fossem rechagados por
um poder divino.

Vi umjovem de vinte anos com os bragos em cruz; rezava pela paz


sem se mover, aguardando o urso ou o leopardo, que pareciam ferozes,
mas que urna forga misteriosa detinha. Vi também cinco outros cristáos
expostos a um touro bravo; este havia langado ao ar varios pagaos; quando
¡a atirar-se contra os mártires, nao podía dar um passo, aínda que provo
cado por um ferro candente. Parecía a máo de Deus intervir nestes ca
sos" (Historia Eclesiástica, VIII, 7, 4-6).

Nunca os mártires lutaram contra as feras. Nao se conhece caso


algum. Deixavam ser atacados sem se defender.

2.4. A Crucifixáo

O suplicio da cruz, considerado pelos romanos como infamante,


foi aplicado com grande freqüéncia aos cristáos. Além da crucifixáo do
Senhor Jesús, tornou-se famosa a do apostólo S. Pedro; Orígenes relata
que Pedro foi crucificado de cabeca para baixo, pois o próprio Pedro
pediu, por humildade, que fosse assim fixado á cruz.

Escreve Séneca, filósofo estoico, observando a freqüéncia deste


tipo de morte: "Vejo cruzes de diversos modos; alguns sao levantados na
cruz com a cabeca para baixo." (Consolatio ad Marciam, 20).

Muitos cristáos sofreram a pena da cruz nos jardins de Ñero, como


refere Tácito (Anais XV, 44). Na cruz morreu também Sao Simeáo, bispo
de Jerusalém, nos tempos de Trajano. Cem anos mais tarde um pagáo
escrevia ao cristáo Minúcio Félix em tom de triunfo: "Este nao é o tempo
de adorar a cruz, mas de padecé-la" (Jam non sunt adorandae cruces
sed subeundae, Octavius 12).

Sao Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria falam de cristáos


crucificados, citando os nomes: Claudio, Astério e Neón, Calíope, Teodulo,

558
OS vSUPLÍCIOS DOS MÁRTIRES ATÉ 313

Agrícola, Timoteo e Maura. Eusébio refere-se a muitos mártires que mor-


reram crucificados no Egito: "Foram crucificados como o sao os malfeito-
res; alguns, com particular crueldade, foram pregados á cruz de cabeca
para baixo. Assim permaneceram vivos até morrer de fome em seu patí
bulo" (Historia Eclesiástica VIII, 8).

Geralmente os romanos nao rematavam a morte dos crucificados;


o crurifrágio (quebra das pernas), como relata o evangelho de Joáo 19,
31-33, era urna excecáo muito rara. Na Ata do martirio dos santos Timo
teo e Maura, lé-se que dois cónjuges cristaos permaneceram crucifica
dos frente a frente e assim aínda viveram nove dias, padecendo, além do
mais, o tormento de urna sede ardentíssima.

Tal suplicio só foi abolido pelo imperador Constantino por respeito


á cruz de Cristo.

2.5. A Submersáo

Outro modo de executar os mártires, a partir do final do século III,


era o afogamento por ¡mersáo.

Eusébio narra que em 303, quando foi publicado o primeiro edito


de Diocleciano, inumeráveis cristaos foram amarrados, levados em bar
cos até alto mar, onde foram atirados dentro da agua. Em 304 na cidade
de Roma dois mártires foram lancados no rio Tibre. Em Cesaréia foi afo-
gada urna jovem de dezoito anos. Na Panónia o bispo Quirino foi lancado
no rio Save com urna pedra de moinho no pescoco.

O afogamento era urna pena legal. Podiam as vítimas ser lancadas


ao mar dentro de um saco em companhia de animáis daninhos; este era
o suplicio destinado a quem matasse seu pai (Digesto XL VIII, IX, 9).
Todavía a lei caiu em desuso no caso do parricidio. Foi aplicada aos
cristaos de maneira ilegal. O próprio imperador Gaiério, segundo Lactáncio
(De morte persecutorum, 23), suprimiu em seus Estados a mendicán-
cia mandando afogar os mendigos.

3. Outros suplicios

Sao quase incontáveis os tipos de suplicio a que foram submetidos


os cristaos pelo odio dos pagaos.

Em Alexandria o povo enfurecido apedrejou as santas mártires Meta


e Quinta e atirou do alto de urna casa o mártir Serapiáo. Em Roma foram
encerrados numa cripta das catacumbas cristaos que assistiam aos sa
grados misterios. Em Antioquia cortaram a língua do diácono Romano;
após o qué o estrangularam. Dorotéia, Gorgónio e outros fiéis foram es
trangulados em Nicomédia.

559
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

O historiador Eusébio narra que na Arabia mataram varios fiéis a


golpes de machado - suplicio este proibido pela lei. O mesmo informa
que na Capadócia mataram cristáos quebrando-lhes as pernas; em
Alexandria cortaram-lhes nariz, orelhas e máos. No Ponto enfiaram-lhes
espinhos debaixo das unhas e derramaram sobre as vítimas chumbo
derretido. Sao Cipriano escrevia a um magistrado africano.

"Tua ferocidade e tua desumanidade nao se contentam com os tor


mentos habituáis; tua maldade é engenhosa e inventa novas penas" (Ad
Demetrianum 12).

Eusébio atesta a mesma coisa, referindo-se aos magistrados que


inventavam tormentos desconhecidos e pareciam rivalizar entre si pela
crueldade. Em certo sentido a lei Ihes permitía inventar penas atrozes,
pois, segundo um jurista do séc. III, a pena capital "consiste em ser atira-
do as feras, ser decapitado ou padecer outras penas semelhantes". Isto
significa que qualquer atrocidade inspirada pelo odio podia ser aplicada
aos cristáos (ver Marciano, Digesto XLVIII, XIX, 11 § 3). Mais ainda: os
magistrados romanos podiam sempre sentir-se absolvidos da crueldade
pelo fato de que jurisconsultos prestigiosos, como Claudio Saturnino, es-
tipulavam o seguinte principio: "As vezes acontece que as penas sao
exacerbadas quando se trata de certos malfeitores, pois isto é necessá-
rio para que outros muitos tenham medo" (Digesto XLVIII, XIX, 16, § 9).
Conclusao

É realmente digno de admiracáo o fato de que homens, mulheres e


enancas de regioes muito diversas tenham suportado heroicamente os
suplicios apontados, quando podiam livrar-se deles mediante urna pala-
vra ou um simples gesto que significasse renuncia a sua fé. É de crer que
o Senhor tenha concedido especial assisténcia a essas suas testemu-
nhas, como alias afirmavam os próprios mártires. Tal foi o caso da mártir
Felicidade, jovem escrava: estando ela no cárcere, sentiu-se acometida
pelas dores do parto, sem poder conter seus gemidos; zombavam déla
os carrascos, pondo em dúvida que ela fosse capaz de sofrer os ataques
das feras. Ao que ela respondeu:
"Agora sou eu que sofro. Em breve porém haverá em mim um Ou-
tro, que padecerá por mim, porque eu estarei padecendo por Ele" (Passio
SS. Perpetuae et Felicitatis 15).

É necessário reconhecer que os terríveis sofrimentos dos mártires


cristáos constituem um caso extraordinario, único e sem semelhante nos
anais de qualquer povo e de qualquer religiáo. Isto faz pensar que a atual
geracáo de cristáos é descendente de heróis e pertence a urna nobre
familia de testemunhas da fé.
(Fonte: Paúl Allard, Sur le Martyre. Conférences. Mame, Paris, 19372).

560
Lingüística oriental:

O NOME NA BÍBLIA

Em síntese: Os antigos atribuían) ao nome de Deus e aos nomes


das criaturas valor especial; o nome representaba a íntima esséncia do
seu portador. Podía também designar toda a coletividade descendente
de um Patriarca.

A linguagem bíblica tem suas peculiaridades, que o leitor deve co-


nhecer para interpretar corretamente as páginas sagradas. Entre outras,
está o uso do nome, ... nome que tinha significado muito mais ampio do
que ñas línguas modernas. Ñas páginas subseqüentes examinaremos
tal peculiaridade.

1. A Filosofia do Nome

A maneira como os autores bíblicos se referem ao nome, seja de


Deus, seja das criaturas, chama a atencáo; só se pode explicar á luz de
concepcáo dos orientáis.

E quais seriam essas concepcoes?

O nome, para os antigos, nao era urna designacáo arbitrariamente


anexa ao seu portador. Ao contrario, tinham-no como a caráeterizacáo
do individuo, a expressáo da íntima esséncia ou de um atributo, de urna
funcáo do portador.' Alguns povos chegavam mesmo a conceber o nome
como parte integrante do individuo e como coisa misteriosa, dotada das
energías próprias do respectivo sujeito. Em conseqüéncia, os individuos
poderosos, autoridades, heróis, guerreiros, das nacóes antigás e de tri-
bos atuais nao civilizadas nao revelavam nem revelam o seu nome, a fim
de nao comunicar a sua forca íntima, o segredo do seu sucesso. Em
virtude destas concepcóes, o nome, na linguagem oriental antiga, podia
designar simplesmente o ser ou a vida do individuo nomeado.

É de notar, por exemplo, que na principal narrativa babilónica da


origem do mundo, para significar que o céu e a térra nao existiam, o autor
diz que nao eram nomeados. "Nao ter nome" vem a ser o mesmo que
"nao ter existencia".

1 "Nomen est ornen - O nome é um agouro", diziam proverbialmente os romanos,


herdeiros de concepgóes orientáis.

561
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

2. O Nome identificado com o Individuo

As concepgoes orientáis eram compartilhadas pelo povo de Israel,


ocasionando na Sagrada Escritura modos de falar a nos estranhos, dos
quais os mais dignos de nota sao os seguintes:

1. O nome revela o íntimo do portador

É o que se verifica na historia de Davi, a quem Abigail se dirige


nestes termos:

"Nao tenha o meu Senhor cuidados para com... Nabal, pois este é
o que o seu nome indica; seu nome é "o Tolo", e nele há Tolice." (1Sm 25,
25).

Conseqüentemente, "mudar o nome" de alguém significa "assina-


lar-lhe nova funcáo, novo destino na vida". É o que Deus as vezes faz ao
confiar aos homens um encargo de relevo:

Abram = "Pai elevado" torna-se Abraham = "Pai de multidáo" (Gn


17, 5);

Jaco = "Suplantador" torna-se Israel = "Homem forte contra Deus"


(Gn35, 10);

Raquel chama seu segundo filho Benoni = "Filho da minha dor",


nome que Jaco substituiu por Benjamim = "Filho da direita" (Gn 35,18);
José, após haver salvo da fome o Egito, fica sendo Tsaphnath-
Paneach = "Provedor da vida", em egipcio (Gn 41, 45);

o Senhor Jesús muda o nome de Simáo, futuro fundamento da


Igreja, para Cephas = "Pedra, Pedro" (Jo 1, 42).

2. O nome é identificado com a própria pessoa ou a existencia


do respectivo portador:

Conforme Eclo 6,10, nada vem á existencia sem que previamente


haja sido pronunciado o respectivo nome. Ao contrario, a crianca, que
nasce morta, tem o seu nome recoberto pelas trevas (Eclo 6,4; cf. SI 40,6).

Por ocasiáo do recenseamento preceituado pelo Senhor, Moisés


contou nomes ou individuos de cada tribo de Israel, como refere o texto
de Nm 1,2-42.

Em Ef 5, 3, Sao Paulo pede que a fornicacáo e outros vicios nao


sejam nomeados entre os cristáos; o que só pode significar:... nao te-
nham existencia, nao sejam praticados.

3. Em particular nos oráculos proféticos, "ser chamado..." é a


mesma coisa que "ser...". Assim

562
O NOME NA BÍBLIA 35

o futuro Messias será chamado {= será realmente) "Conselheiro


admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz" (Is 9, 5);

o Deus de Israel é chamado (e é, sem dúvida) "Deus de toda a


térra" (Is 54, 5);

Jesús Cristo, conforme o anjo, deveria ser chamado {= seria) "Filho


do Altíssimo, Filho de Deus" (Le 1, 32.35);

S. Joáo Batista seria dito "Profeta do Altíssimo", funcáo que de fato


desempenhou (Le 1, 76);

os pacíficos seráo chamados (= seráo) "filhos de Deus" (Mt 5, 9; cf.


Mt5, 19);

a Casa de Deus tem por nome (por conseguinte, é) "Casa de ora-


cáo" (Mt 21, 3; cf. Is 56, 7);

Jerusalém, segundo os profetas, seria chamada (porque deveras


se tornaría) "Cidade fiel" (Is 1, 26), nao maís "Abandonada", mas "Minha
complacencia pousa sobre ela" (Is 62, 4), "Desejada, Cidade nao aban
donada" (Is 62, 12), "Cidade da verdade, Montanha santa" (Zc 8, 3).

4. O nome sendo empregado como sinónimo da pessoa, atribu-


em-se-lhe órgáos e atividade:

"Eis que o nome de Javé vem de longe,


Sua cólera arde, pesada nuvem se levanta.
Seus labios respiram o furor
E sua língua é como fogo devorador.
Seu sopro se assemelha á torrente que transborda.
E sobe até a nuca."
(Is 30, 27s)

5. "Conhecer alguém pelo nome" é conhecer de maneira muito


íntima, com especial carinho e interesse. Com efeito, dizia Deus a Moisés:

"Aínda farei o que pedes, pois encontraste graca aos meus olhos, e
te conheco por teu nome" (Ex 33,17; cf. 33,12);
o Bom Pastor chama as ovelhas pelo nome e as ama a ponto de
dar a vida por elas, declara Jesús em Jo 10, 3.11 (note-se o paralelismo
entre os dois verbos!).

6. Visto que o nome era tido como portador da energía, da eficacia,


do respectivo sujeíto, "colocar o nome" de urna pessoa sobre outra ou
sobre alguma coísa equivalía a "envolver tal pessoa ou coisa dentro do
raío de acáo do nomeado, por sob a protecáo" ou também "tornar a pes
soa ou o objeto posse, propriedade do nomeador".

563
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

Assim é que, quando o sacerdote abencoava a multidáo, "colocava


o nome de Javo sobre o povo, e o Senhor o abencoava realmente" (Nm
6, 27);

o templo de Jerusalém é dito "o lugar que Deus escolheu para ai


fazer habitar o seu nome" (Dt 12, 5.11.21; 16,2.6.11);

por ocasiáo da travessia do deserto {éxodo do Egito), Deus prome-


teu enviar ao seu povo um anjo tutelar, "no qual estaría o nome de Javé"
(cf. Ex 23, 20s);

num tempo de calamidade, sete mulheres procuram um homem e


Ihe pedem seja o nome deste proferido sobre elas, a fim de que possam
usufruir da tutela deste varáo (cf. Is 4,1);

aqueles que escrevem o nome de Javé sobre a própria máo, decla-


ram-se com isto servos de Javé pertencentes únicamente ao Senhor (cf.
Is44, 5; Ap13,16; 14,9);

se á cidade de Rabé se desse o nome do General Joab, a mesma


ficaria sendo posse deste chefe israelita (cf. 2Sm 12, 28);

o monarca vencedor nao raro mudava o nome dos homens subju-


gados, a fim de significar que doravante estariam sujeitos ao poder do
novo soberano (cf. 2Rs 23, 34; 24, 17);

os homens por vezes desejam saber o nome de personagem mis


terioso que Ihes aparece; este, porém, se nega a revelá-lo, pois, confor
me a mentalidade vigente, a entrega do nome seria a consignacáo do
poder próprio (cf. Gn 32, 30; Jz 13, 6).

Dadas estas concepcóes em Israel, a Lei de Moisés proibia termi


nantemente os usos mágicos, supersticiosos, do nome de Deus, abusos
que se verificavam nos cultos pagaos (proferindo o nome da Divindade,
os magos julgavam poder dispor da forca de Deus, coagindo o mesmo a
socorrer os homens!). Qualquer pronunciar vao, irreverente, do nome de
Deus era rigorosamente vedado pela Tora (cf. Ex 20, 7; 22,17; Lv 20, 27;
Dt 5, 11; 18, 9-13). Destarte Javé tolerava no seu povo um pressuposto
da cultura oriental, herdado dos caldeus, antenatos de Abraáo; o pressu
posto era deficiente, sujeito a ser removido mais tarde... Contudo o Se
nhor, tolerando, zelava rigorosamente para que tal concepcáo nao afetasse
a verdadeira fé e o legítimo culto de Deus.

3. Personalidade coletiva

Será preciso referir ainda outra modalidade da "Filosofía do nome"


vigente entre os orientáis, a qual também teve sua influencia na redacáo
de algumas passagens escríturísticas. Ei-la:

564
O NOME NA BÍBLIA 37

O nome de um individuo podía designar toda a linhagem do mes


mo; as qualidades de um Patriarca prolongando-se na posteridade deste
varáo, o semita nao via dificuldade em aplicar o nome do pai á coletividade
dele descendente. Destarte é que "Israel, Jaco" designam a nacáo eleita
inteira em Is 41, 8; "Esaú" e "Jaco" representam dois povos em M11, 2s;
nos oráculos de Gn 49, os nomes dos filhos de Jaco significam ora urna
pessoa, ora urna tribo; o autor sagrado transiere a sua atencáo daquela a
esta e vice-versa, sem o indicar explícitamente.1

Os exegetas modernos explicam este modo de falar pela tenden


cia dos orientáis a pensar segundo categorias coletivas (pelo thinking in
totalities, conforme os ingleses, o ganzheitliches Denken, conforme os
alemáes): os semitas costumavam julgar um individuo em fungió do todo
a que pertencia.2 Na raiz deste fenómeno parece estar a chamada "lei da
participacáo", vigente entre os povos antigos, lei em virtude da qual se
admitía a comunicacáo de qualidades da parte ao todo e do todo á parte,
de sorte que a pessoa que nomeava um individuo se podia estar referín-
do a toda urna coletividade e vice-versa.

A "lei da partícipacáo" (na medida em que ela é verídica) explica


bem que a mulher revestida do sol, tendo a luz sob os pés e urna coroa
de doze estrelas sobre a cabeca, de que fala Ap 12, possa simbolizar
tanto a Igreja (coletivídade) como a Santíssima Virgem María (pessoa
individual). Sao Joáo, ao redigír Ap 12, terá intencionado referir-se á Igre
ja, que dá o Cristo ao mundo e ao mesmo tempo Iuta contra o Dragáo até

1 Haja vista o vaticinio proferido sobre Judá:


8. "A ti, Judá, háo de louvar os teus irmáos;
Tua meo pesará sobre a nuca dos teus inimigos.
Os filhos de teu pai (= as onze tribos de Israel) se prostraráo diante de ti (= tua
descendencia).

10. O cetro nao será removido de Judá (= coletividade).


Nem o bastió de comando dentre os seus pés,
Até que venha Aquele a quem pertence (o cetro)
E a quem os povos obedeceráo.
11. Ele (Judá) amarra á videira o seu jumento,
E á cepa o filhote do seu jumento.
Lava a sua veste no vinho e o seu manto no sangue da uva.
12. Tem os olhos rubicundos de vinho
e os denles brancos de /e/fe."
(Gn 49, 8.10-12).
Como se vé, a prosperídade que no futuro deve tocara Judá e a seus descen
dentes é descrita em termos referentes ora á tribo inteira (vv. 8.10) ora ao individuo
apenas (vv. 11s).
2 Vejase a respeito B. J. Le Frois, "Semitic Totality Thinking", em The Catholic Biblical
Quarterly, XVII (1955), 2, 315-323.

565
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

o fim dos tempos. Eis, porém, que a funcáo da Igreja, Máe e Virgem,
lutadora e vitoriosa, já foi no inicio da era crista compendiosamente rea
lizada em Maria Santíssima; esta é, por conseguinte, a pessoa individual
que por excelencia representa a coietividade da Igreja, participando dos
predicados desta. Por isto, Sao Joáo, ao aludir a esta em Ap 12, a terá
apresentado realcando os traeos que Ihe sao comuns com Maria
Santíssima.

Fenómeno semelhante se verifica em alguns salmos: toda a


coietividade de Israel ai aparece como que concentrada na pessoa do
seu rei. Este representa o povo, nao como simples lugar-tenente, mas
como se "o povo inteiro nele estivesse, e ele, por sua vez, fosse o povo"
(cf. SI 59; 107; 137; 143).

Em conclusáo: será necessário recorrer á filosofía particular dos


semitas para interpretar, ao menos em muitos casos, o significado que
toca ao nome ñas páginas da Sagrada Escritura. Também este aspecto
da mentalidade oriental foi utilizado pelo Espirito Santo para exprimir a
mensagem perene da Palavra de Deus!

NOVIDADE!

ACABA DE SAIR DO PRELO O 19° CURSO POR CORRESPON


DENCIA DA ESCOLA «MATER ECCLESIAE». VERSA SOBRE OS SA
CRAMENTOS EM GERAL E CADA UM EM PARTICULAR.

INFORMACÓES SEJAM SOLICITADAS Á

ESCOLA «MATER ECCLESIAE»

Caixa postal 1362


20001 RIO (RJ)
TeleFAX: 0XX21-2242-4552

566
Impressionam

OS SONHOS NA BÍBLIA

Em síntese: Desde os tempos pré-cristáos, os sonhos sao estima


dos como revelagóes da Divindade. Em nossos dias, há cristáos que ape-
lam para a Biblia a fim de fundamentar seu modo de ver. - Verdade é
que, na historia bíblica, Deus aparece a falar por sonhos. Mas a própria
Escritura acautela o leitora respeito de falsas interpretagóes e excessiva
valorizagáo dadas aos sonhos.
* # *

Os sonhos sao um fenómeno natural, que a psicología explica a


partir do inconsciente de quem sonha. Registram-se hoje como outrora
divergencias a propósito da maneira de entender o simbolismo dos so
nhos. Apesar destas oscilacóes, há quem acredite receber mensagens
do além através dos sonhos. Para tanto, baseiam-se no testemunho da
Biblia, na qual Deus aparece a falar por sonhos. Eis por que procurare
mos, ñas páginas subseqüentes, analisar o que o texto sagrado propoe a
tal respeito.

1. O paño de fundo nao bíblico

Num cenário de vida oriental, nao pode deixar de tocar aos sonhos
papel importante, pois o homem do Levante, dotado de fantasía particu
larmente fecunda, vive muito de imagens, símbolos, nos quais ele vé
significadas realidades superiores.

Entre os povos antigos, os sonhos eram geralmente tidos como


estados de alma nos quais o homem entrava em contato com o mundo
dos deuses ou dos genios (espíritos superiores), recebendo destes ad-
moestacoes atinentes ao passado ou ao presente, revelacoes a respeito
de acontecimentos ocultos ou futuros; pensava-se que principalmente os
reis eram agraciados por tais comunicacóes do Alto.1 Em particular, aos
1 No Egito, por exemplo, contava-se que o deus Ptah indicara ao faraó Merenptah o
que devia fazer numa ocasiáo em que povos do mar invadiam o delta do Nilo.
A propósito do faraó Chechonque I narrase o seguinte: um reizete egipcio viu du
rante a noite duas serpentes, urna á sua direita, a outra á esquerda. Acordou e, nao
mais percebendo animáis, verificou haver sonhado. Tendo interrogado os intérpre
tes a respeito desta visáo, responderam-lhe que um próspero futuro Ihe eslava re
servado; já senhor do Alto Egito, havia de conquistar o Egito inteiro e fazer aparecer
sobre a sua cabeca um abutre, símbolo das térras meridionais, e urna cobra, emble
ma da regiáo setentríonal do país.
Cf. P. Montet, La vie quotidienne en Egypte au temps de Ramsés (París), 46-8.

567
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

sonhos da terceira parle da noite atribuia-se grande significado;1 os ho-


mens de tal ou tal religiáo procuravam dormir nos santuarios respectivos;
tomavam ingredientes provocadores de sonhos; nos templos de Esculapio
(o Deus Médico), era freqüentemente por sonhos que os doentes recebi-
am a indicacáo do processo de sua cura. Já que as imagens vistas em
sonho eram nao raro ambiguas, havia intérpretes oficiáis das mesmas,
que usavam de técnica complexa, aparentemente científica. Para quem
nao pudesse consultar os adivinhos, existiam catálogos de elucidacáo.2
É claro que a crenca no valor profético dos sonhos estava freqüentemen
te ligada a supersticáo, preconceitos humanos, e nao raro levava a gra
ves erras na vida prática (á semelhanca do que ainda nos tempos atuais
se verifica).

2. No texto bíblico

Chama, porém, a atencáo o fato de que na Sagrada Escritura o


povo de Israel professa fé nos sonhos e o próprio Deus parece corrobo
rar esta atitude. Há, sim, episodios bíblicos em que os sonhos, explícita
mente provocados ou elucidados pelo Senhor, desempenham funcáo
notável; tenham-se em vista, por exemplo, os que caracterizam a historia

1 Cf. Hornero, Odisséia, 4,837.


2 O papiro Chester Beatty III aprésenla alguns dos criterios de interpretagáo, tais
como estavam em uso no Egito. O documento data da 19a dinastía (ca. de 1300
a.C); refere, porém, ¡délas contemporáneas á 123 dinastía (2000-1800). Eis o que se
depreende do mesmo:
Em muitos casos, a interpretagao do sonho se fazia simplesmente por analogía: um
sonho feliz era bom agouro, ao passo que mau sonho pressagiava desgraca. Pao
branco em sonho era bom sinal; anunciava prazeres. Sonhar com homens de auto-
ridade e poder também implicava bem-estar para o futuro. Sonhos obscenos valiam
como péssimos prenuncios.
Havia, porém, criterios mais complicados, a fim de que a interpretagáo dos sonhos
nao ficasse ao alcance de qualquer individuo. Assim os trocadilhos oujogos de pa-
lavras eram muito explorados:
Comer carne de asno, em sonho, significava elevagáo, engrandecimento, pois os
conceitos de "asno" e "grande" eram homónimos. Receber urna harpa implicava des-
graga, pois o nome boiné, harpa, fazia pensar em bin, mau.
O homem que tivesse tido um sonho inquietador nao devia desesperar, pois havia
meios para deter os infortunios previstos... Recomendava-se-lhe que invocasse a
deusa isís, a qual saberla como defender o devoto dos males que Sete, filho de
Nout, estava para desencadear... Também se usava a seguinte receita: umedecer
em cerveja alguns páes com en/as verdes; a mistura acrescentava-se incensó, e
com o conjunto resultante se esfregava o rosto de quem havia sonhado. Este proce
der afugentaria todos os maus agouros transmitidos pelos sonhos.
Cf. Montet, La vie quotidienne en Egypte, 46-49.
No séc. II d.C, Artemidoro de Éfeso, baseado em suas experiencias, escreveu
cinco livros intitulados Oneirokritiká, código importante para os decifradores de so
nhos.

568
OS SONHOS NA BÍBLIA 41

do Patriarca José, residente na casa paterna, depois no Egito (cf. Gn 37,


5-11; 40, 5-22; 41,1-36); os que marcam a vida do profeta Daniel (cf. Dn
2,4.7); no Novo Testamento, os de S. José, e o dos magos (cf. Mt 1, 20-
24; 2, 12s. 19.22).'

Á primeira vista, poderáo parecer desconcertantes táo favoráveis


alusóes aos sonhos na historia sagrada. Contudo, após breve reflexáo,
verifica-se que também estes tém significado condizente com a Sabedo-
ria de Deus.

Já que o oriental, por suas disposicdes psicológicas, era propenso


a deixar-se guiar por imaginacóes noturnas, considerando-as manifesta-
cóes da Divindade, o verdadeiro Deus dignou-se utilizá-las para se co
municar com os homens, mesmo pagaos, em particular, porém, com o
povo de Israel. O Senhor, sem dúvida, pode provocar tais fenómenos
psicofisiológicos, e torná-los instrumentos de seus planos. Ora Ele o fez
realmente em casos descritos pelos livros sagrados; em Nm 12, 6 lé-se
mesmo que as visóes e os sonhos eram meios pelos quais Deus se cos-
tumava revelar aos profetas.

"Se há entre vos um profeta, é em visáo que a ele me revelo, é em


sonhos que Ihe falo."2

Contudo muito se devem notar as restricóes que os autores bíbli


cos impóem á crenca nos sonhos, visando com isto a remover todo ves
tigio de politeísmo ou supersticáo que os povos pagaos professavam
juntamente com aquela.

Nao há, conforme a Biblia, intérpretes profissionais ou técnicos dos


sonhos, como os havia entre os babilonios (cf. Dn 2, 2; 4, 3; 5, 15) e os
egipcios (cf. Gn 41, 8). A explicacáo dos sonhos se deve a dom esporá
dico de Deus; compete a quem, como o Patriarca José e o profeta Daniel,
possui o "espirito de Deus".3 Os intérpretes populares de sonhos sao

1 Outras referencias a sonhos ocorrem em Gn 20, 3s; 28, 12s; 31, 11s.24; Jz 7, 13s;
1Sm 28, 6; 1Rs 3, 5; Jó 33, 15.
2 Cf.JI3, 1:
"Derramare! meu Espirito sobre todo ser vivo:
Vossos filhos e filhas profetizaráo;
Vossos andaos teráo sonhos;
Vossos jovens, visóes."
3 Cf. Gn 40, 8:
"Disseram o copeiro e o padeiro do faraó: Tivemos um sonho e aqui nao se acha
quem no-lo explique.' Respondeu-lhes José: 'Entáo nao é a Deus que toca interpre
tar? Narrai-me, por favor, o vosso sonho.'"
Dn 2, 27s: "Daniel respondeu em presenga do reí e disse: 'O misterio que o rei
deseja compreender, nem os sabios, nem os magos, nem os encantadores, nem os
astrólogos o poderáo elucidar. Há, porém, no céu um Deus que desvenda os misté-

569
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

condenados pela Lei mosaica junto com os magos, os adivinhos, os


necromantes... (cf. Lv 19, 26; Dt 13, 2-4; 18,10s). Nos tempos da deca
dencia religiosa (séc. VIII/VI) pululavam os falsos profetas, que diziam
haver recebido em sonhos auténticas comunicacóes do Senhor; ora Javé
nao cessava de acautelar os seus fiéis contra tais ilusóes:

"Ougo o que dizem esses profetas, que em meu norme proferem


falsos oráculos, afirmando: 'Tive um sonho, tive um sonhol'... Esses pro
fetas julgam que poderao fazer esquecer o meu nome ao meu povo me
diante os sonhos que contam uns aos outros?" (Jr23, 25.27)

Também os sabios de Israel, propondo aos jovens discípulos con-


selhos para a vida, admoestavam-nos contra as imaginacóes noturnas:
"O insensato se entrega a esperangas vas e engañosas,
E os sonhos dáo asas aos tolos.
Semelhante áquele que procura apreender urna sombra ou perse
guir o vento,

É quem se prende aos sonhos...


Do que é impuro, que pode sair de puro?
Da mentira, que pode sair de verídico?
A adivinhagáo, os agouros e os sonhos sao coisas vas.
Semelhantes as imaginacóes do coragáo de urna mulher que está
para dar á luz.

A menos que o Altissimo te envié urna visáo,


Nao apliques o coragáo a essas coisas,
Pois os sonhos enganaram a muitos,
Os quais cairam porque neles colocavam a esperanga."
(Eclo34, 1-7[Vg31, 1-6])

Como se vé, este texto, ao mesmo tempo que inculca prudencia


em relacáo aos sonhos, nao deixa de reconhecer que o Senhor os pode
suscitar, a fim de se manifestar aos homens.

A reserva, porém, professada ñas passagens ácima dá suficiente


mente a entender que tais fenómenos noturnos estavam longe de cons
tituirá fonte principal das revelacoes divinas no Antigo Testamento. Quem
confronta os livros sagrados entre si chega á conclusáo de que, nos tem
pos dos Patriarcas, ou seja, nos primordios da historia de Israel (séc.
XVIII/XIII), mais freqüentes eram os auténticos sonhos proféticos do que
na época da monarquía (séc. XI/VI); os genuínos profetas, a partir do

ríos e quer comunicar ao reí Nabucodonosor o que deve acontecer na sucessao dos
tempos.'"
Vejam-se também Gn 41, 16.38s; Dn 4, 5s. 15; 5, 11.14.

570
OS SONHOS NA BIBLIA 43

séc. VIII, recebiam as comunicacóes de Deus geralmente em estado de


vigilia, ora diurna, ora noturna,1 como atestam alguns dos seus oráculos.

No judaismo posterior, isto é, ñas proximidades da era crista, re-


crudesceu entre os israelitas a crenca nos sonhos. Estes eram invoca
dos para servir de fundamento a concepcóes e profecías fantásticas. Na
literatura dos rabinos, órgáo das falsas predicóes messiánicas que fervi-
Ihavam em Israel sob o dominio romano, os sonhos constituiam estima
do artificio de estilo, apto a dar autoridade aos oráculos mais surpreen-
dentes.2 Os ascetas judaicos, chamados Essénios, residentes no deser
to, eram na mesma época assíduos cultores da arte de explicar os so
nhos; contemporáneos aos Essénios, em cada ocasiáo na cidade de Je-
rusalém exerciam a sua profissáo simultáneamente vinte e quatro adivi-
nhos de visóes noturnas.3

Estas, porém, eram manifestacoes que se desviavam da linha da


Escritura Sagrada.

1 É preciso, sem dúvida, distinguir dos sonhos as visóes ocorrentes durante a noite.
Estas se deram, por exemplo, na historia de Abraáo (cf. Gn 15, 12), na de Samuel
(cf. 1Sm 3), na do profeta Zacarías (cf. Zc 1, 8).
2 Basta recordar os apocalipses apócrifos de Henoque, Baruque, Isaías...
3 Cf. M. Gaster, "Divination" ("Jewish") em Encyclopaedia of Religión and Ethics edited
by James Hastings. IV (Edinburgh, 1935), 812.

571
44 TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

MADRE TERESA DE CALCUTA FOI EXORCIZADA?

A imprensa difundiu a noticia de que Madre Teresa de Calcuta foi


submetida a um exorcismo. Este é um rito que a Igreja aplica as pessoas
possessas ou pessoas de cujas faculdades o demonio se apodera para
blasfemar contra Deus. O rito compreende oracóes e jejuns praticados
por um padre oficialmente delegado pelo respectivo Bispo.

Ora, o Arcebispo de Calcuta, D. Henry D'Souza, desmentiu formal


mente as afirmacdes que os órgáos de imprensa Ihe atribuiram no caso.
Eis o que na realidade aconteceu:

Numa conversa com repórteres, estes perguntaram ao Arcebispo


Henry D'Souza se é possível que pessoas santas experimentem o aban
dono de Deus.

O Arcebispo respondeu afirmativamente e deu como exemplo o


caso de Madre Teresa. O Prelado foi visitá-la, certa vez, no Woodlands
Hospital em 1996, onde a Religiosa estava internada por causa de pro
blemas cardíacos, e nao conseguía dormir. O Arcebispo viu-a muito in
quieta, apresentando dúvidas e profundos temores. Pensou entáo que
talvez um espirito maligno estivesse querendo acabar com a paz interior
da Religiosa e sua confianca em Deus. Por isto pediu a um sacerdote
salesiano, o Padre Rosario Stroscio, de 79 anos de idade, que rezasse
sobre ela urna das oracoes que sao proferidas no rito de exorcismo. To
davía nao pediu, em hipótese alguma, que realizasse o exorcismo sobre
a Madre.

Foi este relato que levou os repórteres a afirmar em 5 de setembro


de 2001 que o Arcebispo D'Souza havia pedido ao sacerdote que execu-
tasse o exorcismo, pois atribuiram ao Prelado as seguintes palavras: "Pa
dre Stroscio, ordena ao diabo que a abandone. Em nome da Igreja, como
Arcebispo, mando-te que facas isto."

Ora, no dia 6 de setembro o Arcebispo declarou que tal afirmacáo


nao era verídica e acrescentou: "Nao creio que estivesse possuída por
um espirito maligno."

Na mesma data o Padre Stroscio reconheceu que o Arcebispo Ihe


pediu que rezasse por Madre Teresa, mas observou que a Religiosa nao
estava possuida por um espirito mau, mas sim muito inquieta.

572
MADRE TERESA DE CALCUTA FOI EXORCIZADA? 45

As Religiosas que acompanhavam Madre Teresa mostravam-se


preocupadas com os fatos. Contudo no día seguinte (7 de setembro) es-
sas Irmas puderam dizer que a Madre havia dormido tranquilamente o
resto da noite.

O Arcebispo explicou também que tal ocorréncia nao punha em


questáo a santidade da Religiosa, pois se tratava de um episodio nao
raro na vida dos santos e místicos como Dom Bosco e Sao Joáo María
Vianney, que também foram perturbados pelo demonio durante sua vida.
Mais ainda: o fato mostra bem que "é normal a dimensáo humana tam
bém nos santos".

A fase do processo de Beatificacáo de Madre Teresa dirigida pelo


Arcebispo D'Souza encerrou-se em Calcuta aos 15 de agosto pp.
Atualmente a investigacao está a cargo da Congregacao Vaticana para
as Causas do Santos.

Madre Teresa nasceu na Macedónia no seio de urna familia de


origem aibanesa. Chegou á india em 1937 fundando ai a Congregacáo
das Missionárias da Caridade, que já conta 52 anos de existencia. A
Religiosa faleceu em 5 de setembro de 1997.

573
Na Fran?a:

BISPO LUTERANO SE CONVERTE Á FÉ CATÓLICA

Michel Viot foi durante muito tempo, pastor da Igreja Luterana Des
Billettes no quarteiráo do Hotel de Ville em París.

Distinguia-se por sua brilhante inteligencia, seu dom de oratoria e


grande conhecimento das Escrituras. Mas o que mais chamava a aten-
cáo do público, especialmente dos meios de comunicacáo social, era
sua pertenca á Maconaria: chegou até o grau 33 na Grande Loja da Fran
ca e depois na Grande Loja Nacional Francesa. Aos que se surpreendi-
am pelo fato, escreveu um opúsculo intitulado Pasteur et Franc-macon,
reivindicando a compatibilidade da Igreja Luterana com as Lojas masóni
cas.

Permaneceu celibatário, e com 57 anos de idade resolveu conver-


ter-se ao Catolicismo. Está claro que entáo renunciou á Maconaria, dada
a incompatibilidade da Igreja Católica com as Lojas magónicas.

Já era bispo luterano, quando decidiu abracar a fé católica. Por


que razóes terá optado pelo Catolicismo? Ele mesmo responde, apre-
sentando tres motivos.

1) O reconhecimento do primado do sucessor de Pedro: "Nao se


pode esquecer isto, apesar do ecumenismo", declarou ele.

2) A veneracáo á Virgem María: "Nao se pode separar a Mae do


seu Filho", disse ele.

3) Certas ambigüidades existentes ñas comunidades luteranas e


reformadas, principalmente a propósito dos sacramentos: "Nao se po-
dem admitir pessoas nao batizadas á comunháo, pois nao há Eucaristía
sem Batismo; também nao se pode delegar a leigos a faculdade de cele
brar a Eucaristía; isto vem a ser um insulto á tradigáo".
Mas o elemento decisivo para sua conversio foi a Declaracáo co-
mum assínada em Augsburg em 1999 por católicos e luteranos a respeí-
to da doutrina da justificacáo: a fé salva, mas requer obras para ser fé
viva.

Michel Viot conhece muito bem o problema do horizontalismo, que


tende a se sobrepor ao vertícalismo e á transcendencia. Todavía é um
homem clarividente, que nao faz concessóes á demagogia. Declarou: "É
574
BISPO LUTERANO SE CONVERTE Á FÉ CATÓLICA 47

preciso restituir aos fiéis o sentido do sagrado. É preciso que os sermóes


falem da vida interior, da vida do mundo invisível. É preciso nao ter medo
de professar o sobrenatural". Michel Viot conhece também os esforcos
do ecumenismo e faz votos para que a sua passagem ao Catolicismo
possa contribuir para a aproximacao e nao para a divisáo das comunida
des cristas. "O que vale", diz ele, "é a verdade de Cristo".

A resolucao de Michel Viot causou impacto nos meios religiosos


franceses: era bispo luterano, muito conhecido nos ambientes parisienses,
antigo dignitário macom de elevado grau, comendador da Ordem Nacio
nal do Mérito - títulos estes que deixou para se transferir a Cháteaudun
(Eure-et-Loir) como leigo, fazendo parte de urna equipe pastoral com o
propósito de tornar-se diácono e depois presbítero. Sua qualidade de
celibatário Ihe abre o caminho para a ordenacáo sacerdotal. A imprensa
observa e póe em relevo a grande coragem e a fé profunda desse cris-
táo.

Fonte: L'Homme Nouveau de 02 de setembro de 2001, pág. 5

Estéváo Bettencourt O.S.B.

575
Pergunte

Responderemos

índice Geral de 2001


50 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

ÍNDICE
(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página)

AARDWEG, GERARD VAN DEN: "A BATALHA PELA


NORMALIDADE SEXUAL" 467/2001, p. 177
"A INVENCÁO DO CRISTIANISMO" (Revista "GALILEU") 472/2001, p. 399
ABUSOS SEXUAIS: que dizer? 470/2001, p. 317
ABORTO: Crianca conversa com sua máe 465/2001, p. 96
ADÁO E EVA EXISTIRAM VERDADERAMENTE? 471/2001, p. 354
AIDS: "E SE TUDO O QUE VOCÉ OUVIU SOBRE AIDS
ESTIVER ERRADO?" por Christine Maggiore 467/2001, p. 168
ANTICRISTO VEM AÍ? 475/2001, p. 545
APOCALIPSE: que é? 475/2001, p. 530
APÓCRIFOS: trechos seletos 472/2001, p. 409

BARTOLOMEU, SAO: Noite de (24/08/1572) 466/2001, p. 125


BATISMO DOSMÓRMONS 473/2001, p. 445
POR QUE BATIZAR CRIANCAS E RE-BATIZAR? 472/2001, p. 388
BEGLIOMINI, HELIO: Pílula do dia seguinte 468/2001, p. 229
BÍBLIA: FORMACÁO DO CATÁLOGO 465/2001, p. 50
BISPO LUTERANO CONVERTE-SE Á FÉ CATÓLICA 475/2001, p. 574

"CADA PESSOA TEM UM ANJO", por Anselm Grün 466/2001, p. 239


CANON DO ANTIGO TESTAMENTO: HISTORIA 465/2001, p. 52
CASAMENTO NA IGREJA BRASILEIRA: VÁLIDO? 465/2001, p. 74
SEM RITUAL RELIGIOSO 466/2001, p. 134
CASAMENTOS DISSOLVIDOS PELA IGREJA? 473/2001, p. 453
CASAROLI, CARDEAL A.: "O MARTÍRIO DA PACIENCIA" 466/2001, p. 98
CATÁLOGO BÍBLICO: A IGREJA ACRESCENTOU LIVROS? 465/2001, p. 50
CATOLICISMO E RELIGIOES NAO CRISTAS 464/2001, p. 5
CATÓLICOS E JUDEUS: DIÁLOGO SUSPENSO 473/2001, p. 440
CIENCIA E CONSCIÉNCIA DE JESÚS 471/2001, p. 338
"CIENTISTA AFIRMA: EXISTE O INFERNO" (Folha Universal).... 464/2001, p. 43
CLOWES, BRIAN: "Os fatos da vida" 469/2001, p. 271
COMUNICAgÁO COM OS MORTOS: que dizer? 470/2001, p. 295
COMUNISMO E SANTASÉ 466/2001, p. 98
CONCÍLIO VATICANO I (1870): histórico 464/2001, p. 14
CONFISSÁO AUM LEIGO 464/2001, p. 10
CONTEMPLACÁO: SIM OU NAO? 464/2001, p. 26
COSTA, D. CARLOS DUARTE: Igreja Católica Brasileira 465/2001, p. 76

578
ÍNDICE GERAL DE 2001 51

CRIACÁO OU EVOLUQÁO? 469/2001, p. 257


CRIANCAS: POR QUE BATIZAR CRIANQAS E RE-BATIZAR?.... 472/2001, p. 388
CRISTIANISMO NAO CATÓLICO E ECUMENISMO 464/2001, p. 5
CRUZ DE HERCULANO 465/2001, p. 91
CURA DE ENFERMIDADES PELAORACÁO (CDF)' 467/2001, p. 151
POR MEIO DA REIKI 467/2001, p. 189

DEMONIO, "O GRANDE TENTADOR" 471/2001, p. 345


DESCRISTIANIZADO DA EUROPA (revista "VEJA") 472/2001, p. 394
DEUS E O SOFRIMENTO 465/2001, p. 94
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: CINCO PROPOSIQÓES 470/2001, p. 290
SUSPENSO ENTRE JUDEUS E CATÓLICOS 473/2001, p. 440
DINOSSAUROS E BÍBLIA: conc¡liam-se? 469/2001, p. 249
DIREITOS HUMANOS: embriáo tem direitos? 473/2001, p. 449
DIVORCIO E EVANGELHO 473/2001, p. 453
"DOMINUSIESUS': Declara?áo (CDF) 464/2001, p. 2
"IGREJAS IRMAS" (CDF) 467/2001, p. 146
DUPUIS, PE. JACQUES, S.J.: PLURALISMO RELIGIOSO 470/2001, p. 290

"E SE TUDO O QUE VOCÉ OUVIU SOBRE AIDS


ESTIVER ERRADO?", porChristine Maggiore 467/2001, p. 168
EMBRIÁO: MANÍPULAQÁO GENÉTICA 466/2001, p. 443
TEM DIREITOS? 473/2001, p. 449
ESCRAVATURA: Pe. Antonio Vieira 465/2001, p. 85
EUCARISTÍA E DIVORCIADOS RECASADOS 473/2001, p. 457
"EUROPA SEM DEUS" (revista "VEJA") 472/2001, p. 394
EUTANASIA LEGALIZADA NA HOLANDA 471/2001, p. 378
E MORAL CATÓLICA 471/2001, p. 379
EVANGELHOS: APÓCRIFOS 472/2001, p. 409
FRAGMENTOS 472/2001, p. 399
MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS 472/2001, p. 401
ORIGEM 472/2001, p. 401
EVANGELISTI, VALERIO: NOSTRADAMUS PREVIU
A 3a GUERRA MUNDIAL? 475/2001, p. 551
EVOLUQÁO OU CRIAQÁO? 469/2001, p. 257
EXORCISMOS: JESÚS E OS EVANGELISTAS 471/2001, p. 351
MADRE TERESA DE CALCUTA EXORCIZADA? 475/2001, p. 572

FÉ- VERDADES PERENES (CDF) 467/2001, p. 160


FEDELI, ORLANDO: "VIVA O PAPA" 464/2001, p. 20
FIM DO MUNDO: ANTICRISTO VEM AÍ? 475/2001, p. 545
FOLHA UNIVERSAL: INFERNO EXISTE 464/2001, p. 43

'CDF = Congregado para a Doutrina da Fé

579
52 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

GALVÁO, ANTONIO MESQUITA: "O GRAO DE TRIGO" 469/2001, p. 262


GENÉTICA MANIPULADA E PARLAMENTO EUROPEU 466/2001, p. 138
GLEISNER, EARLENE: "REIKI NA VIDA DIARIA" 467/2001, p. 189
GLOBAUZACÁO E ONU, por Michel Schooyans 469/2001, p. 271
GREGO PRÉ-CRISTÁO, O IDEAL DO JOVEM 465/2001, p. 65
GREEN, TOM: POLIGAMIA NOS ESTADOS UNIDOS 472/2001, p. 419
GRÜN, ANSELM: "CADA PESSOA TEM UM ANJO" 468/2001, p. 239
GUMPEL, PETER, S.J.: Diálogo suspenso entre judeus
e católicos 473/2001, p. 440

HALLOWEEN: que é? 464/2001, p. 47


HERCULANO: CRUZ DE 465/2001, p. 91
HISTORIA: COMO OS ISRAELITAS A ESCREVIAM? 473/2001, p. 434
DO SACRAMENTO DA RECONCILIACÁO 473/2001, p. 460
HITLER E PERSEGUIQÁO RELIGIOSA 468/2001, p. 194
HOMEM: ORIGEM 469/2001, p. 258
HOMOSSEXUALISMO: conceito 467/2001, p. 177

IGREJA: ABUSOS SEXUAIS 470/2001, p. 317


IGREJA ACEITOU COMUNICAQÁO COM OS MORTOS? 470/2001, p. 295
E RACISMO 474/2001, p. 519
NA CHINA 474/2001, p. 503
IGREJA(S) CATÓLICA(S) BRASILEIRA(S): QUE SAO? 465/2001, p. 78
"IGREJAS IRMAS": QUE SIGNIFICA? (CDF) 467/2001, p. 146
ÍNDIO: REDUCÓES OU REPÚBLICAS INDÍGENAS 465/2001, p. 81
INDISSOLUBILIDADE DO MATRIMONIO 473/2001, p. 453
IRMAOSOU PRIMOS? 472/2001, p. 432

JESÚS: CIENCIA E CONSCIÉNCIA 471/2001, p. 338


EXORCISMOS 471/2001, p. 344
UMA NOVA IMAGEM (BBC de Londres) 470/2001, p. 310
JOANA, PAPISA: existiu? 466/2001, p. 119
JOÁO PAULO II: "NO INÍCIO DO NOVO MILENIO" 469/2001', p. 242
OBRAS CARITATIVAS EM 2000 472/2001, p. 411
JOÑAS. COMO ENTENDER O LIVRO 471/2001, p. 361
JUDEUS E CATÓLICOS: DIÁLOGO SUSPENSO 473/2001, p. 440

KASPER, CARDEAL WALTER: DIÁLOGO SUSPENSO 473/2001, p. 443


KERSTIENS, FERDINAND: "VINHO NOVO EM ODRES VELHOS". 466/2001, p. 132

580
ÍNDICE GERAL DE 2001 53

LUTERO E MARÍA SANTÍSSIMA 465/2001, p. 95

MADRE TERESA DE CALCUTA EXORCIZADA? 475/2001, p. 572


MAGGIORE, CHRISTINE: "E SE TUDO O QUE VOCÉ
OUVIU SOBRE AIDS ESTIVER ERRADO?" 467/2001, p. 168
MAGNÍFICAT comentado por Lutero 465/2001, p. 95
MAR VERMELHOSEABRIU REALMENTE? 471/2001, p. 356
MARÍA SANTÍSSIMA: a Quarta Pessoa da Ssma. Trindade? 471/2001, p. 345
MÁRTIRES: CRISTÁOS PERSEGUIDOS ATÉ 313 474/2001, p. 507
"MÁRTIRES DO SÉCULO XX", por Robert Royal 465/2001, p. 61
NA CHINA 474/2001, p. 503
SUPLÍCIOS ATÉ 313 475/2001, p. 553
MATRIMONIOS DISSOLVIDOS PELA IGREJA? 473/2001, p. 453
McVEIGH: PENA DE MORTE 472/2001, p. 426
MENDES, JEOVAH: "30 PAPAS QUE ENVERGONHARAM
A HUMANIDADE" 466/2001, p. 114
MESSNER, REINHARD: escritos censurados (CDF) 467/2001, p. 160
MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS: que é? 472/2001, p. 401
MILINGO, DOMEMMANUEL 473/2001, p. 480
MONTEIRO, GERSON SIMÓES: "Psicografia absolve réu" 471/2001, p. 370
MÓRMONS: Batismo nao reconhecido pela Igreja Católica 473/2001, p. 445
QUEM SAO? 472/2001, p. 420
MORTE: QUE HÁDEPOIS? 471/2001, p. 381
RESSURREICÁO NA HORA DA? (A. M. Galváo) 469/2001, p. 262

NAZISMO: ATITUDE DE PIÓ XII 468/2001, p. 207


"NO INÍCIO DO NOVO MILENIO", por Joáo Paulo II 469/2001, p. 242
NOMENABÍBLIA 475/2001, p. 561
NOITE DE SAO BARTOLOMEU (24/08/1572) 466/2001, p. 125
NOSTRADAMUS PREVIU A 3a GUERRA MUNDIAL? 475/2001, p. 551
NÚMEROS NA BIBLIA: COMO ENTENDER? 474/2001, p. 482

OBRAS CARITATIVAS DE JOÁO PAULO II EM 2000 472/2001, p. 411


"O GRAO DE TRIGO", por Antonio Mesquita Galváo 469/2001, p. 262
"O GRANDE TENTADOR", por Cardeal Dionigi Tettamanzi 471/2001, p. 346
"O MARTÍRIO DA PACIENCIA", por Cardeal A. Casaroli 466/2001, p. 98
ONU E GLOBALIZAQÁO, por Michel Schooyans 469/2001, p. 271
ORACÁO PARA OBTER CURA DE ENFERMIDADES (CDF) 467/2001, p. 151
ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER 469/2001, p. 258
"OS FATOS DA VIDA", por Brian Clowes 469/2001, p. 271

581
54 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

PAPA: PRIMADO 464/2001, p. 10


PAPIROS: FRAGMENTOS DE OXFORD E QUMRAM 472/2001, p. 400
"PAPISA JOANA" 467/2001, p. 159
PARLAMENTO EUROPEU E GENÉTICA MANIPULADA 466/2001, p. 138
PÁSCOA: DOIS CALENDARIOS 467/2001, p. 165
PASSERI, ERNESTO LOPES: Embriao tem direitos? 473/2001, p. 449
PECADO: que é? 464/2001, p. 34
PECADOS CAPITAIS (MEGAZINE, O GLOBO) 464/2001, p. 33
CONFISSÁO A UM LEIGO 473/2001, p. 47
PENA DE MORTE E IGREJA 472/2001, p. 426
PERSEGUICÁO RELIGIOSA MOVIDA PELO NAZISMO 468/2001, p. 194
NA ALBANIA COMUNISTA 470/2001, p. 305
NA CHINA 474/2001, p. 503
PERSEGUIDOS ATÉ 313 (por qué?) 474/2001, p. 507
PIÓ XII 468/2001, p. 194
PERSONALIDADE COLETIVA: Filosofía do nome 475/2001, p. 561
PESSOA: Conceito 474/2001, p. 513
PÍLULA DO DÍA SEGUINTE OU RU-486 469/2001, p. 271
PIÓ XII ATITUDE FRENTE AO NAZISMO 468/2001, p. 207
POLIGAMIA NOS ESTADOS UNIDOS: TOM GREEN 472/2001, p. 419
POLIGENISMO: debate 472/2001, p. 427
POSSESSÁO DIABÓLICA E JESÚS 471/2001, p. 351
POR QUE BATIZAR CRIANCAS E RE-BATIZAR? 472/2001, p. 388
POR QUE FORAM PERSEGUIDOS OS CRISTÁOS ATÉ 313?.... 474/2001, p. 507
POR QUE VIVER? QUE HÁ DEPOIS DA MORTE? 471/2001, p. 381
PRIMADO DE PEDRO 464/2001, p. 10
PROJECIOLOGIA: caso analisado 468/2001, p. 223
PROPRIEDADE PARTICULAR: lícita 468/2001, p. 213
"PRÓ-VIDA. INTEGRAQÁO CÓSMICA"? 466/2001, p. 142
PROSTITUICÁO: profissáo? 467/2001, p. 184
"PSICOGRAFIA ABSOLVE RÉU", por Gerson Simóes
Monteiro (Jornal "EXTRA") 471/2001, p. 370

QUARTA PESSOA DA SANTÍSSIMA TRINDADE? 471/2001, p. 345


"QUERIDA IGREJA", por Carlos González Valles 466/2001, p. 111
QUMRAN: manuscritos encontrados 472/2001, p. 400

RACISMO E IGREJA 474/2001, p. 519


REICH: CONCORDATA COM A SANTA SÉ 468/2001, p. 201
RITCHIE, GEORGE G. E ELISABETH SHERILL "Voltardo amanhá" 468/2001, p. 223
REBATIZAR: quando? 472/2001, p. 382
"REIKI NA VIDA DIARIA", por Earlene Gleisner 467/2001, p. 189
RELIGIÁO OPIO DO POVO? 474/2001, p. 497
RENOVAQÁO CARISMÁTICA CATÓLICA: 467/2001, p. 151

582
55

REPÚBLICAS INDÍGENAS OU REDUQÓES 465/2001, p. 81


RESSURREICÁO NA HORA DA MORTE? (A. M. Galváo) 469/2001, p. 264
ROYAL, ROBERT: "MÁRTIRES DO SÉCULO XX" 465/2001, p. 61

SACRAMENTOS: PORQUÉ? 472/2001, p. 386


SALVACÁO FORA DA IGREJA VISÍVEL 464/2001, p. 8
SANTA SÉ: DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: cinco proposicóes .... 470/2001, p. 290
E GOVERNOS COMUNISTAS 466/2001, p. 98
SANTÍSSIMA TRINDADE: QUARTA PESSOA? 471/2001, p. 345
SAO BARTOLOMEU: NOITE DE, (24/08/1572) 466/2001, p. 125
SCHOOYANS, MICHEL: ONU E GLOBALIZAQÁO 469/2001, p. 271
SEITAS: AVANQO DAS 466/2001, p. 104
SEXO: ABUSOS NA IGREJA 470/2001, p. 317
SEXO NOALÉM? 468/2001, p. 234
TRABALHADORES DO 467/2001, p. 184
SIMBOLISMO DOS NÚMEROS NA BÍBLIA 474/2001, p. 482
SOFRIMENTO: escola 465/2001, p. 94
SONHOS NA BÍBLIA 475/2001, p. 567
STANFORD, PETER: Papisa Joana 466/2001, p. 119
SUFFERT, GEORGES: "TU ÉS PEDRO" 470/2001, p. 300

TEMPOS APOCALÍPTICOS 475/2001, p. 530


TERESA DE CALCUTA, MADRE, EXORCIZADA? 475/2001, p. 572
TESTEMUNHAS DO EVANGELHO E APOSTÓLOS 472/2001, p. 406
TETTAMANZI, CARDEAL DIONIGI: "O Grande Tentador" 471/2001, p. 345
TRABALHADORES DO SEXO? 467/2001, p. 184
TRANSUBSTANCIAQÁO: QUE É? 473/2001, p. 475
"30 PAPAS QUE ENVERGONHARAM A HUMANIDADE", por
Jeovah Mendes 466/2001, p. 114
"TU ÉS PEDRO", por Georges Suffert 470/2001, p. 300

UMA NOVA IMAGEM DE JESÚS (BBC de Londres) 470/2001, p. 310

VALLES, CARLOS GONZÁLEZ: "QUERIDA IGREJA" 466/2001, p. 111


VATICANO I (1870): histórico 464/2001, p. 14
VELHOS-CATÓLICOS 464/2001, p. 18
VIDA: QUE É? POR QUE VIVER? 471/2001, p. 381
VIEIRA, PADRE ANTONIO E ESCRAVO AFRICANO 465/2001, p. 85
"VINHO NOVO EM ODRES VELHOS", por Ferdinand Kerstiens .. 466/2001, p. 132
"VIVA O PAPA", porO. Fedeli 464/2001, p. 20
"VOLTAR DO AMANHÁ", por George G. Ritchie e
Elisabeth Sherrill 468/2001, p. 223

583
56 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 475/2001

EDITORIAIS

"AQUILO PARA QUE FUI CRIADO" (S. Anselmo) 472/2001, p. 385


"AVANCA PARA AS AGUAS PROFUNDAS!" (Le 5, 4) 468/2001, p. 193
"COM AMOR ETERNO EU TE AMEI" (Jr 31, 3) 469/2001, p. 241
"COMPLETO EM MINHA CARNE" (Cl 1, 24) 465/2001, p. 49
"NAO HAVERÁ MAIS TEMPO" (Ap 10, 6) 464/2001, p. 1
"PARA QUE SEJAMOS GLORIFICADOS" (Rm 8, 17) 471/2001, p. 337
PEREGRINOS DO ABSOLUTO 475/2001, p. 529
QUANDO A SEGURANCA FRACASSA 473/2001, p. 433
SAL DA TÉRRA 470/2001, p. 289
"SAÍ DO PAI... VOLTO PARA O PAI" (Jo 14, 28) 467/2001, p. 145
"TU ÉS UM PENSAMENTO DE DEUS" (Joáo Paulo II) 474/2001, p. 481
UMA PARÁBOLA DE QUARESMA 466/2001, p. 97

LIVROS APRECIADOS

AARDWEG, PH. D. GERARD L. M. VAN DEN: A batalha pela


normalidade sexual 466/2001, p. 124
ALLGAYER, DOM URBANO JOSÉ: Crónicas selecionadas 468/2001, p. 222
AQUINO, PROF. FELIPE: Sabedoria em parábolas 473/2001, p. 452
BATISTTINI: Vivercom sabedoria 470/2001, p. 298
BRUN, PE. NADIR JOSÉ Casamentos e bodas no Senhor...'.... 473/2001, p. 459
BUZZETTI, CARLO: Biblia. Suas Transformacoes 466/2001, p. 130
CECHINATO, PE. LUIZ: Nossa fé segundo o Catecismo
da Igreja Católica 465/2001, p. 80
COLECÁO PATRÍSTICA 470/2001, p. 319
GENSCHOW, FERNANDO: A terapia pela fé 467/2001, p. 188
GLAAB, PE. MARIO FERNANDO: Milagre e milagres 474/2001, p. 512
GRINGS, DADEUS: Casamento, Amor e Sexo 465/2001, p. 73
IUBEL, PE. CRISTOVAM: Atos dos Apostólos. O Evangelho
do Espirito Santo 474/2001, p. 512
MAGGIORE, CHRISTIANE: E se tudo o que vocé ouviu sobre
Aids estiver errado? 466/2001, p. 118
POLAKOWSKI, MONS. ESTANISLAU: Deus mandou
fazer imagens 469/2001, p. 288
RIBEIRO, WILSON: Maconaria para Leigos e Macons 468/2001, p. 212
SCHÓKEL, LUÍS ALONSO: Biblia do peregrino -
Novo Testamento 467/2001, p. 183
SIQUEIRA, DOM ANTONIO MARÍA ALVES DE: Consagracáo a
Nossa Senhora 465/2001, p. 89
VIDAL, MARIE: Um judeu chamado Jesús. Urna leitura do
Evangelho á luz da Tora 465/2001, p. 75

584
Á VENDA NA LUMEN CHRISTI:
- UM MONGE QUE SE IMPÓS A SEU TEMPO - pequeña Introducáo com antología á vida
e obra de SAO BERNARDO DE CLARAVAL. - Pe. Luis Alberto Rúas Santos O. Cist.
Musa e Edicóes Lumen Christi. 2001. 200 pp R$ 26,00.

- ORACÁO E TRABALHO - Organizacáo: Mosteiro Nossa Senhora da Paz. e llustra-


cóes: Claudio Pastro. "Este livro pretende evocar Deus nos ambientes de trabalho. Suas
oracóes nos proporcionaráo momentos de louvor, alegría e graca. De coracáo aberto,
poderemos, entáo, refletir sobre nosso re lacio namento com os companheiros de jorna
da". Saga Editora e Mosteíro Nossa Senhora da Paz. 2001.160 pp R$ 19,00.
- O EFÉMERO E O ETERNO - poemas de sóror mínima.
Trecho da apresentacáo de Irma Eugenia Teixeira O.S.B.: "Com muita alegría, queremos
partilhar com os irmáos e as ¡rmás um dos nossos preciosos tesouros de familia: as
poesías de Ir. Inés, esta coluna de nossa comunídade..."
Mosteiro da Virgem- Petrópolis - RJ. 2001.170 pp R$ 19,00.

ALGUNS LIVROS DE DOM ESTÉVÁO, DISPONÍVEIS EM NOSSA LIVRARIA:


- CRENCAS, RELIGIOES & SEITAS: QUEM SAO? Um livro indispensável para a familia
católica. (Coletánea de artigos publicados na revista "O Mensageiro de Santo Antonio")
2a edicáo. 165 págs. 1997 R$ 9,80.

- CATÓLICOS PERGUNTAM. Coletánea de artigos publicados na secáo de cartas da


revista "O Mensageiro de Santo Antonio". 1997. 165 págs R$ 9,80.

- PÁGINAS DIFÍCEIS DO EVANGELHO. {O livro oferece-nos um subsidio seguro para


esclarecer as dúvidas mais freqüentes que se levantam ao leitor de boa vontade, trazen-
do-nos criterios claros e levando-nos a compreender que todas as palavras de Cristo sao
de aplicacao perene e universal), 2- edicáo. 1993, 47 págs R$ 8,00.

- COLETÁNEA - Tomo I - Obra organizada por Dom Emanuel de Almeida, OSB e Dom
Matías de Medeiros, OSB. Publicacáo da Escola Teológica da Congregacáo Beneditina
do Brasil. Esta obra foi feita em homenagem a Dom Estéváo. Além do esboco bio-
bibliográfico de Dom Estéváo, encontram-se artigos de amigos e admiradores de Dom
Estéváo. Sao professores da Escola Teológica, do Pontificio Ateneu de Santo Anselmo
em Roma, que ministraram varios cursos nesta e outros que o estimam. Sumario: His
toria, Bíblica, Histérico-Dogmática, Dogmática, Canónica, Litúrgica, Pedagógica, Litera
ria e Noticias Biográficas. 1990. 315 págs R$ 14,50.

- CONVERSANDO SOBRE QUINZE QUESTÓES DE FE. Os freqüentes contatos entre


fiéis católicos e irmáos separados tém mostrado a necessidade de um repertorio de textos
bíblicos brevemente comentados para facilitar a abordagem de temas controvertidos...
Editora Santuario, 65 págs R$ 3,50.

- PARA ENTENDER O ANTIGO TESTAMENTO, depois de tres edicóes completamente


esgotadas, surge, pela Editora Santuario, sua sexta edicáo, revista e atualizada.
O livro apresenta subsidios muito importantes para todas as pessoas interessadas
em entender o Antigo Testamento e aprofundar seus conhecimentos sobre questóes
muitas vezes controvertidas que ali se encontram. 286 págs R$ 12,00.

Pedidos pelo Reembolso Postal


Á VENDA NA LUMEN CHRISTI:
- O ANJO DA ESCOLA OU SANTO TOMÁS DE AQUINO CONTADO AS CRIANCAS -
POR RAÍSSA MARITAIN. TRADUCÁO DE MARÍA LUIZA KOPSCHITZ BASTOS. COM
ILUSTRACÓES, EDICÁO CXB. 2001.160 págs. 14x20 R$ 15,00.
Trecho da apresentacáo:
No Brasil, de seus livros, foram traduzidos As Grandes Amizades, o Diario de Raíssa
e, recentemente, Poemas e Ensaios.
OAnjoda Escola-a vida de Santo Tomás contada ás criancas, que já teve ediles
em japonés, em inglés, em alemáo, italiano e romeno, abre-se agora ás criancas (e aos
adultos) de língua portuguesa.
Na ¡ntroducáo escrita para a edicáo alema, Raíssa fala de sua única intencáo: ...
"contar ás criancas, da maneira mais simples, mas sem 'infantilidades', a vida de um
santo que me parece digno de amor entre todos. (...) o que me ajudou a encontrar o tom
do relato foi a idéia que tive de me dirigir a urna crianca que conheco bem (...). Escrevi-
o táó 'seriamente' como se me dirigisse a gente grande, no sentido de que absolutamen
te nada inventei de infantil ou de poético e de que recorrí ás melhores fontes - aos
documentos que serviram á canonizacáo do Santo, á sua vida por Guilherme de Tocco,
aos estudos do Rev. Pe. Mandonnet, ao livro do Pe. Petitot sobre Santo Tomás de
Aquino e ao livro de meu marido: O Doutor Angélico."

- POEMAS E ENSAIOS - RAÍSSA MARITAIN. TRADUCÁO E COMENTARIOS DE CESAR


XAVIER BASTOS.
Trechos da Introducáo:
Apresento neste livro, em edicáo bilingüe, urna boa parte dos poemas de Raíssa
Maritain e também alguns dos seus pontos de vista sobre a Poesía. Como Introdugáo,
nada melhordo que as palavras de Jacques Maritaín ñas primeiras páginas de Poémes
et Essais, transcritas logo a seguir. No final, Registros e Comentarios. A Cronología é
um resumo da cronología que aparece em Cahiers Jacques Maritain, n° 7-8, em come-
moracáo ao centenario de RaTssa, em 1983. Ñas Notas, alguns esclarecímentos. O que
entendí, estudei e acompanhei, com aquela atencáo especial requerida neste caso,
transmito agora...
Edicáo CXB - Juiz de Fora - MG. 2000. 200 págs R$ 20,00.

- A ALEGRÍA QUE VEM DA TRAPA, novo lancamento Lumen Chrístí. - Dom Bernardo
Bonowitz, OCSá^, prior do Mosteiro Trapista de Campo do Tenente, Paraná, compilou
em lívro, 31 das homilías que proferiu em seu mosteiro nos anos em que ele vive no Brasil.
No livro vamos encontrar mensagens poéticas, profundas, e sobretudo alegres, acom-
panhando datasMmportantes da liturgia, que váo inspirar nossa caminhada e nos propor
cionara paz do Senhor!
O livro, com 146 páginas, é finamente aprésentado e teve a ¡lustracáo da capa e o
prefacio preparados por Claudio Pastro, um dos maiores artistas sacros da atuali-
dade R$ 16,00.

Pedidos pelo Reembolso Postal

RENOVÉ QUANTO ANTES SUA ASSINATURA DE PR.


RENOVAgÁO OU NOVA ASSINATURA {ANO DE 2002 - DE MAR?O A DEZEMBRO): .. R$ 35,00.
NÚMERO AVULSO , R$ 3,00.

~~~ PERGUNTE E RESPONDEREMOS ANO: 2000 e 2001:


Encadernado em percalína, 590 págs., com índice.
(Número limitado de exemplares) R$ 70,00 cada.

Vous aimerez peut-être aussi