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INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL

I Mestrado de Saúde e Desenvolvimento

Neida Neto Vicente

O papel da gestão
Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Lisboa, 2007
INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL

I Mestrado de Saúde e Desenvolvimento

Neida Neto Vicente

O papel da gestão

A definição de regras e
procedimentos são a base para
um bom funcionamento das
organizações, pressupondo
uma clara separação entre a
administração e a execução.

Max
Weber

Trabalho realizado no I Mestrado de Saúde e


Desenvolvimento do IHMT, no âmbito do
Módulo de Gestão das Unidades de Saúde,
sob a orientação da Professora Anabela
Candeias.
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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Lisboa, 2007

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………...3

IDENTIFICAÇÃO DA PROBLEMÁTICA……………………………………….4

1.1.BREVE ABORDAGEM SOBRE ÚLCERAS DE PRESSÃO………………...4

1.2. MAGNITUDE E CONSEQUÊNCIAS DA PREVALÊNCIA DE ÚLCERAS


DE PRESSÃO.……………………………….
……………………………………...5

1.3. A IMPORTÂNCIA DAS ÚLCERAS DE


PRESSÃO………………………….6

2. DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE GESTÃO PARA


RESOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA…………………………………….
…………………….7

2.1. OBJECTIVOS…………………………………………………………………7

2.1.1. Objectivo geral………………...………………………………………….7

2.1.2. Objectivos específicos……………………………………………………7

2.2. METODOLOGIA………………………………………………………………7

2.2.1. Mobilização dos recursos humanos e


materiais………………………….8

2.2.2. Mobilização dos recursos financeiros ………………………………….10

2.2.3. Características/estilo do gestor adoptado……………………………….12

2.2.4. Nível de gestão a intervir……………………………………...………..13

NOTA FINAL………………………………………………………….……………..14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………...15

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

INTRODUÇÃO

No âmbito da avaliação do Módulo de Planeamento e Gestão de Sistemas, das unidades


curriculares de Gestão das Unidades de Saúde e Gestão dos Recursos, foi-nos proposto
a elaboração de um estudo de caso que emergisse de uma situação profissional.

A problemática neste estudo prende-se com a elevada taxa de incidência e prevalência


das úlceras de pressão no serviço de Medicina A do Hospital X. A maneira como esta
situação, potencialmente causadora de morbilidade e mortalidade deve ser prevenida e
tratada, constitui o objectivo deste estudo de caso e o desafio de “gestão da qualidade”
que será encarado pelo Enfermeiro chefe do respectivo serviço e pela equipa de
Enfermagem

No desenvolvimento deste estudo de caso, deu-se particular atenção a identificação do


problema e a definição de uma estratégia de gestão para a resolução da situação.
Abordados no primeiro e segundo capítulo do trabalho. Seguidamente, realizou-se uma
breve conclusão sobre o estudo de caso, na qual se procura reflectir um pouco sobre a
situação problema e a gestão em Enfermagem nos dias de hoje.

1) IDENTIFICAÇÃO DA PROBLEMÁTICA

No serviço de Internamento de Medicina Interna A do Hospital X foram detectados num


período de seis meses 10 casos de doentes com úlceras de pressão adquiridas em meio
hospitalar. Este período coincidiu com a entrada de oito profissionais de Enfermagem
recém licenciados. Antes da chegada destes oito elementos, a equipa de Enfermagem
era constituída por 1 Enfermeiro chefe, 5 enfermeiros graduados e mais 3 enfermeiros
não graduados, cada um deles com mais de três anos de serviço na respectiva unidade.
Como suporte desta equipa destaca-se também a equipa de auxiliares de acção médica
constituída por 8 elementos com experiência profissional reconhecida. A enfermaria
tem a lotação de 24 camas, mais duas macas, que embora não contenham rampa de
oxigénio são com frequência ocupadas com doentes que não necessitam de
oxigenoterapia como parte do tratamento.

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

A taxa de ocupação do serviço é elevada, bem como a média de idades dos utentes e o
tempo de internamento. Empiricamente verificou-se que alguns doentes apresentam
períodos de internamento bastante prolongados, o que os predispõe a iatrogenias, que é
o caso das úlceras de pressão. Tendo em conta a elevada incidência e prevalência das
úlceras de pressão e da notável insatisfação dos familiares dos doentes, o Enfermeiro
chefe decidiu estudar o problema, e traçar juntamente com a equipa de Enfermagem
uma estratégia para o solucionar.

Inicialmente reuniu os profissionais com mais tempo de serviço, para reflectir sobre a
problemática, recolher opiniões sobre o método mais adequado de abordagem e
perceber qual a verdadeira origem do problema. Os elementos com maior tempo de
serviço foram unânimes ao referir que o ingresso dos novos profissionais foi um factor
determinante para o aumento da incidência e da prevalência das úlceras de pressão
naquela unidade. Contudo, estes elementos mais novos haviam sido submetidos a um
período de integração profissional com acompanhamento por um enfermeiro mais velho
que serviu de orientador durante 45 dias. Durante este período os elementos mais novos
foram elucidados pelo orientador sobre o funcionamento do serviço, atitudes e práticas
aconselhadas e desaconselhadas, bem como motivados a investir na formação pessoal e
em serviço.

O Enfermeiro-chefe prosseguiu, referindo aos seus colegas que o problema não estará
num único factor mas numa multiplicidade de factores que em conjunto proporcionam
as condições favoráveis para o desenvolvimento das úlceras de pressão. Visto ser um
problema que põe em causa a qualidade dos cuidados prestados, ficou decidido que a
equipa de Enfermagem “no geral” teria de se mobilizar para combatê-lo e que esta
acção deveria também envolver outros profissionais, com actuação dentro daquela
unidade.

Muito embora as úlceras de pressão façam parte do plano curricular dos cursos de
licenciatura em Enfermagem em todo o país, o Enfermeiro chefe considerou pertinente
para toda a equipa, a uniformização de conceitos, conjuntamente com outras estratégias.
Para isto, seria então necessário definir claramente o que são úlceras de pressão, a
magnitude e as consequências que estas acarretam para os utentes e pessoal implicado
(família, profissionais de saúde, hospital e sociedade) e fundamentar a importância do
problema.

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Por se tratar de um problema de gestão claro, o Enfermeiro chefe adoptou uma


estratégia de gestão, para solucionar o problema e devolver a qualidade dos cuidados de
Enfermagem a aquele serviço.

Mais adiante, veremos a maneira sábia como este gestor definiu os seus objectivos e a
metodologia que utilizou para solucionar este problema.

1.1. BREVE ABORDAGEM SOBRE ÚLCERAS DE PRESSÃO

Comecemos por definir o que são úlceras de pressão. As úlceras de pressão evidenciam
um claro comprometimento da integridade da pele, ou seja um comprometimento de
uma necessidade humana básica. De acordo com as 14 necessidades humanas básicas
definidas por Virgínia Henderson, a não satisfação das mesmas por parte do indivíduo
pressupõe a intervenção da Enfermagem para capacitar ou ajudar a pessoa na sua
concretização. Deste modo, concluímos que nos estamos a referir as úlceras de pressão
como uma competência dos enfermeiros.

Segundo a National Pressure Ulcer Panel (NPUAP) na sua 4ª conferência em 1995, a


úlcera de pressão ou de decúbito é o rompimento da estrutura anatómica normal e da
função da pele resultante de uma força externa associada a uma proeminência óssea, e
que não cicatriza de uma maneira ordenada e em tempo. Nesta definição a NPUAP
acrescenta que esses rompimentos ocorrem em pessoas que permanecem muito tempo
presas a uma cama ou cadeira, geralmente incontinentes, malnutridas ou que tenham
dificuldade em se alimentar de forma autónoma e tenham um nível de consciência
alterado (citado por Perry, 1999).

Para Dealey (1999) as úlceras de pressão constituem um dano localizado na pele


causado por ruptura no aporte sanguíneo local.

Os factores conducentes a formação das úlceras de pressão não são propriamente


conhecidos, devido a limitação da investigação sobre esta temática. Contudo, sabe-se
que existem pelo menos três processos fisiopatológicos evidentes: oclusão do fluxo
sanguíneo e subsequente dano por reperfusão súbita do leito vascular isquémico; dano
endotelial das arteríolas e da micro-circulação devido a aplicação de forças de
deslizamento e fricção; e directa oclusão dos vasos sanguíneos devido a aplicação de
pressão externa por longos períodos, resultando em morte celular. Os diferentes tipos de

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

mecanismos de rotura tecidular dão origem a úlceras com apresentações distintas


(Nixon, 2001 citado por Furtado 2004).

Existem quatro estádios de úlceras de pressão (nível I, II, III e IV).

1.2. MAGNITUDE E CONSEQUÊNCIAS DA PREVALÊNCIA DE ÚLCERAS DE


PRESSÃO

As úlceras de pressão constituem um problema potencial nos locais de prestação de


cuidados a pessoas com patologias agudas e crónicas, são responsáveis pelo aumento do
tempo de internamento nos hospitais e pelo prolongamento dos cuidados de saúde em
locais destinados a recuperação, em toda parte do mundo.

Os profissionais de saúde, os gestores com responsabilidade dos cuidados prestados e os


clientes dos serviços de saúde estão cada vez mais interessados em classificar os
cuidados prestados tendo em conta os resultados obtidos (Berlowitz et al, citado por
Morison). É comum encontrar as úlceras de pressão como um dos indicadores da
qualidade dos cuidados prestados de qualquer instituição de saúde.

As úlceras de pressão são também identificadas como um problema de saúde pública


que acarreta custos elevados embora mal estimados em Portugal. Uma vez que todos
sabemos que a probabilidade de infecção da ferida e posterior complicação do quadro
clínico é considerável. Um estudo realizado nos EUA inferiu que o custo estimado no
tratamento das úlceras de pressão excede os 1335 biliões de dólares (Miller e Deloizer
citados pela Agency Health Care Policy and Research, 1994). Estes autores referem
também que a implementação de recomendações do Guideline “Treatment of Pressure
Ulcers”conduz a uma poupança de 3% ou seja 40 milhões de dólares. Estudos recentes
mostram que numa população hospitalar em Glasgow foram registados valores de 41%
de prevalência (Thomsom e Brooks 2001, citados por Gouveia, 2004). Noutra
população de doentes hospitalizados se verificaram taxas de incidência entre 3,4% e
43% e taxas de prevalência entre 4% a 18% (Bale et al 2000, citados por Gouveia
2004). O risco de aquisição de úlceras de pressão é maior nos tetraplégicos (60% de
prevalência), pessoas idosas admitidas por fractura do fémur (66% de incidência) e
doentes em estado crítico (33% de prevalência e 41% de incidência) (AHCPR 1994
citado por Gouveia, 2004).

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

1.3. A IMPORTÂNCIA DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO

Actualmente, as úlceras de pressão são um tema muito explorado porquanto está


comprovado que a prevenção do problema diminui substancialmente as despesas com o
tratamento. Khun em 1992 estimou que 1,7 milhões de doentes desenvolveram úlceras
de pressão, sendo que isso representou um custo de 8,5 biliões de dólares em cuidados
de saúde.

Num estudo, Argyll & Clyde (citados por Gouveia) verificaram que os custos
relacionados com medidas preventivas implicavam um gasto entre 17606 e 28669
libras. Contudo, os benefícios decorrentes deste investimento atingiriam entre 305506 e
342510 libras.

Como factores determinantes dos custos do tratamento foram encontrados o grau da


úlcera, o facto da úlcera cicatrizar normalmente ou não e a natureza das complicações
(Postnett et al, 2002 citado por Furtado 2004).

É necessário ter bem presente que apesar dos custos económicos serem altos e
importantes para mensurar a importância do problema, é também pertinente analisar a
componente humana da situação. A associação de fenómenos mórbidos, como o
aumento do tempo de cuidados por parte dos cuidadores informais que convivam com o
doente no domicílio, a desacreditação dos profissionais de saúde responsáveis pelo
doente, a depressão ou tristeza do doente, entre outros sentimentos negativos,
constituem motivos adicionais para combater o problema.

2) DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE GESTÃO PARA RESOLUÇÃO


DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Neste capítulo, o enfermeiro Chefe juntamente com a equipa de Enfermagem e o


envolvimento dos restantes profissionais de saúde implicados, vão apresentar um
conjunto de estratégias de gestão destinadas a melhorar a qualidade dos cuidados
prestados e a solucionar o problema em estudo.

2.1. OBJECTIVOS

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Neste ponto será formulado o objectivo geral e o objectivo específico que a equipa de
saúde pretende alcançar face ao problema em questão.

2.1.1. Objectivo Geral

- Adoptar uma estratégia de gestão que induza a diminuição da incidência e da


prevalência das úlceras de pressão no serviço de Medicina A do Hospital X.

2.1.2. Objectivos específicos

- Sensibilizar os profissionais de saúde para a magnitude, consequência e importância


da situação problema;

- Capacitar os profissionais de Enfermagem para reflexão crítica dos cuidados


prestados;

- Elevar a qualidade dos cuidados prestados relativamente ao indicador úlceras de


pressão.

2.2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a de Estudo de Caso, definido como investigações, em


profundidade, de uma pessoa, grupo, instituição ou outra unidade social. Neste estudo
de caso o objecto de estudo será a maneira como um gestor de nível intermédio (o
Enfermeiro chefe) solucionará a incidência e prevalência de úlceras de pressão num
serviço de Medicina Interna, sob o ponto de vista da gestão hospitalar.

2.2. MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS, MATERIAIS E CONHECIMENTO

Um elemento essencial da gestão da qualidade é o esforço e participação de todos os


colaboradores e departamentos na obtenção da satisfação do cliente (Moura, 2004).

De acordo com o mesmo autor, cada vez mais as organizações sentem que a gestão dos
seus recursos humanos representa primordial importância para o sucesso das mesmas.
Tal como mostra a Fig.1, o bom funcionamento de um Hospital passa por assegurar a
articulação entre a necessidade (de pessoal), a disponibilidade (dos profissionais
qualificados) e a utilização (correcta e proveitosa dos recursos humanos e
conhecimento). As organizações precisam de colaboradores motivados e satisfeitos. A
prática de uma gestão pela qualidade acarreta uma série de mutações para os
colaboradores: mais responsabilidade, trabalho orientado para a equipa, tarefas mais

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

abrangentes. A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade obriga à


realização de acções de formação/sensibilização, à comunicação das alterações
introduzidas, à detecção das necessidades de formação e por conseguinte a um maior
envolvimento e participação de todos. Com o consequente acréscimo da motivação e
satisfação pelo trabalho efectuado (Moura, 2004).

O primeiro passo do Enfermeiro chefe como podemos verificar anteriormente, foi


mobilizar os recursos humanos existentes ou seja, convocar os enfermeiros graduados e
informá-los sobre a situação problema. Estes porém, como chefes de equipa,
informaram os elementos integrantes das suas equipas e prepararam estratégias para
discutir na reunião de serviço seguinte que teve lugar uma semana depois. No âmbito
desta reunião, foram destacadas duas enfermeiras com pós-graduação em “tratamento
de feridas”, para reformularem o protocolo de prevenção e tratamento das úlceras de
pressão já existente no serviço, e coordenarem as acções de formação subordinadas a
este tema.

Necessidade Disponibilidade Utilização


Contratação

Avaliação da
Instrução de base Avaliação dos
Prestação de Fig 1 – Formação
cuidados de resultados
teórico-prática dos
recursos humanos
saúde Prestação de serviço (adaptado de “O
hospital e a visão
administrativa”;
Formação contínua Machline et al,
1983)
Uma vez que a resolução desta situação problema passa pela mobilização de diversos
recursos, humanos, conhecimento, materiais e financeiros, ficou assente na reunião de
serviço que para minorar este problema seria fundamental trabalhar diversos factores,
propostos pela equipa de Enfermagem no geral, tais como:

• Formação dos profissionais de saúde e AAM (auxiliares de acção médica);

• Disponibilização de recursos materiais;

• Alteração das rotinas de serviço de acordo com o protocolo de


prevenção das úlceras de pressão já existente no serviço;

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

• Sensibilização de todos os profissionais para a problemática,


focando o comprometimento da qualidade dos cuidados globais,
prestados ao doente;

• Preenchimento obrigatório da escala de avaliação de risco de úlceras


de pressão (escala de Braden) e folha de registo de tratamento de feridas;

• Uso correcto e uniformizado dos materiais destinados a prevenção e


tratamento das úlceras de pressão;

• Avaliação trimestral da incidência e prevalência das úlceras de


pressão no serviço pelas 2 enfermeiras com formação especializada em
feridas;

• Fomentar a formação pessoal dos profissionais, assegurar que estes


participem em formações sobre prevenção e tratamento de feridas
realizadas pelo Centro de Formação do Hospital;

• Assegurar o aporte nutricional necessário para os doentes em risco;

• Avaliação tegumentar e despiste de doentes em risco no Serviço;

• Empoderamento dos familiares ou cuidadores informais;

• Assegurar a alternância de decúbitos nos doentes em risco e nos


portadores de úlceras de pressão;

• Promover cuidados de higiene, conforto e hidratação corporal


eficazes com produtos de qualidade;

• Protecção do leito com colchões de pressão alterna, peles de carneira


ou almofadas de gel;

• Assegurar que a roupa de cama não apresente rugas ou pregas que


macerem a pele do doente;

• Adopção de medidas de vigilância cuidadosa, em doentes com


incontinência urinária, que façam uso de fraldas de protecção;

• Manutenção da pele do doente íntegra e seca;

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

• Aplicação de Cremes vitaminados e/ou produtos indicados para a


prevenção e tratamento do eritema não branqueável (úlcera de grau I);

• Elaborar uma proposta ao Director do serviço, para a implementar o


sistema de classificação de doentes, criado pelo Instituto de Gestão
Informática e Financeira da Saúde.

2.2.2. MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS

A correcta combinação de recursos financeiros e humanos, suficientes em número e


utilizados de modo adequado, é o ingrediente fundamental para o bom funcionamento
de qualquer serviço (Dussault 2006 in Módulo de Planeamento e Gestão de Sistemas de
Saúde do IHMT). A disponibilização dos recursos financeiros adequados para a
aplicação das estratégias de combate as úlceras de pressão no serviço de Medicina A
não passa directamente pela iniciativa do Enfermeiro chefe, este deverá elaborar um
documento no qual explicite a problemática e que fundamente a importância da
disponibilização do material médico e medicamentoso, submetê-lo ao director de
serviço e aguardar o deferimento do assunto.

É da competência do administrador hospitalar controlar todas as entradas e saídas do


caixa e efectuar um escalonamento de contas a pagar, por prioridades (ver Fig. 2). Essas
prioridades variam de acordo com a orientação da directoria; é ela quem vai determinar
o que é mais importante e o que deve ser amortizado mais prontamente, entre as
despesas de impostos, de salários, de fornecedores e de honorários dos profissionais
(Machline et al, 1983).

Fig 2 – Estrutura
financeira de um
Hospital
(adaptado de “O
hospital e a visão
administrativa”;
Machline et al,
1983)

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

No entanto, cabe ainda ao Enfermeiro chefe desenvolver três conjuntos principais de


actividades relacionados ao objectivo a atingir: planeamento, controlo e avaliação. O
planeamento consiste em definir como as actividades irão acontecer, identificar o
volume de recursos necessários (humanos, conhecimento, matérias médicos e
medicamentos) à sua realização e definir como esses recursos deverão ser obtidos e
combinados (Berman e Weeks, 1979). O controlo (às vezes chamado de
"monitorização") consiste em acompanhar as actividades em curso, assegurar-se de que
elas seguem um determinado plano, identificar e corrigir possíveis problemas durante a
sua execução. A avaliação é o exame das actividades já finalizadas (ou, pelo menos,
bem adiantadas) para verificar se elas atingiram as metas fixadas ou se estão a
desenvolver-se em condições adequadas.
Essas três funções não são exclusivamente financeiras, pois fazem parte das
responsabilidades de qualquer gestor ou administrador.

A disponibilização dos recursos financeiros, necessários para solucionar a problemática


em estudo, embora não seja uma competência do Enfermeiro chefe, é importante saber
que a decisão passará por duas técnicas de avaliação e planeamento apropriadas à área
da saúde, denominadas análise custo-benefício (ACB) e a sua variante, a análise custo-
efectividade (ACE). Ambas consistem em "técnicas analíticas formais para comparar as
consequências negativas e positivas de usos alternativos de recursos" (Warner e Luce,
1982). Trata-se, portanto, de identificar e medir sistematicamente os custos e benefícios
das diversas alternativas, para compará-las entre si e escolher a mais vantajosa do ponto
de vista da relação entre benefício e custo.
Ambas são técnicas de avaliação económica de alternativas, comparando programas ou
actividades de saúde quanto aos seus custos, resultados e/ou impacto.

2.2.3. CARACTERÍSTICAS/ESTILO DO GESTOR ADOPTADO

A maior responsabilidade de um bom gestor é ajudar a sua equipa a atingir os seus


objectivos, simultaneamente que se alcancem, quer os seus próprios quer os dos
elementos individuais da equipa (Ernst e Young, 1994). Segundo estes autores, a
capacidade de chefia é essencial para o sucesso de um gestor. A capacidade de chefia
implica indicar o caminho a seguir.

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Enquanto muitos líderes são solitários, visionários que impõem o seu ponto de vista aos
demais, o gestor tem de levar a sua equipa com ele, trabalhar com ela empregando quer
a sua força colectiva, quer o dinamismo da sua visão pessoal (Ernst e Young, 1994).

Os princípios da gestão da qualidade são, na verdade a aplicação do senso comum. No


entanto, a sua aplicação conjunta e de uma forma estruturada permite a implementação
de uma gestão orientada para objectivos e focalizada na eficácia dos processos e na
melhoria dos resultados (Moura, 2004).

O estilo de liderança adoptado pelo Enfermeiro chefe é claramente o estilo de liderança


democrático, muito embora este possua influências de outros estilos, também geradores
de ressonância, como por exemplo o estilo relacional e o visionário. Para
compreendermos melhor estes estilos vejamos as características de cada um.

Estilo democrático – investe tempo na sondagem das ideias dos seus colaboradores,
construindo uma relação de confiança, respeito e empenhamento. Ao deixar que os
subordinados se pronunciem sobre as decisões que afectam os seus objectivos, este tipo
de líder desenvolve a flexibilidade e a responsabilidade. As desvantagens centram-se no
impacto diminuto que este tipo de gestor tem no clima organizacional.

O estilo numa frase: “O que é que pensa disso?”

Estilo relacional – Tem um efeito notoriamente positivo na comunicação. As pessoas


são elevadas a partilharem as ideias e a inspiração. A flexibilidade também é
incrementada com este estilo, pois o líder não impõe regras rígidas para a forma como
os subordinados devem fazer o seu trabalho. Dão liberdade às pessoas para cumprirem a
sua missão da maneira que elas julgam ser mais eficaz.

O estilo numa frase “As pessoas estão primeiro”.

Estilo visionário – Dizem ao grupo para onde é que ele deve ir, mas deixam às pessoas
liberdade para inovar, experimentar e assumir riscos calculados. Se tiverem uma visão
global e souberem a forma como nela se inserem, as pessoas ficam com ideias claras. E
o sentimento de que estão a trabalhar para objectivos que todos partilham aumenta o
empenhamento do grupo.

O estilo numa frase: “siga-me”.

(Adaptado de Pais, 2006 in Dirigir: Revista para chefias e quadros)

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

Os melhores líderes agem de acordo com um ou mais estilos de liderança, de acordo


com a circunstância (Goleman et al. citados por Pais, 2006).

De acordo com a Nursing Leadership Institute, nos Estados Unidos da América,


existem competências básicas para um enfermeiro gestor: poder pessoal e efectividade
interpessoal, gestão financeira, gestão de recursos humanos, cuidados com o staff, com
os utentes e consigo mesmo, pensamento sistematizado e como atributos suplementares
o optimismo e a resiliência (Cunha e Neto, 2006).

2.4. NÍVEL DE GESTÃO A INTERVIR

A gestão compreende três níveis de intervenção: institucional, intermédio e o


operacional. Como já foi referido anteriormente o nível de intervenção do Enfermeiro
chefe do serviço de Medicina A é o nível intermédio.

O nível de gestão intermédio, caracteriza-se pela predominância de uma componente


táctica que se exprime pela movimentação de recursos a curto prazo e elaboração de
planos e programas específicos, relacionados com a área e função do gestor. É exercido
pelos directores de serviços, áreas, funcionais, departamentos, etc. (Teixeira, 1998).

NOTA FINAL

Da análise deste estudo de caso emergem dois aspectos essenciais, sobre os quais é
importante reflectir: as úlceras de pressão como um indicador da qualidade dos
cuidados de Enfermagem e as competências do enfermeiro na gestão ou administração
hospitalar.

Actualmente os enfermeiros com cargo de chefia, fruto da investigação e da formação


contínua, procuram encontrar novas estratégias de gestão, que deixem para trás o
autoritarismo e o distanciamento com os subordinados. Estes investem nos estilos de
liderança democrática ou facilitadora da comunicação e na descentralização da
liderança, criando sub-equipas, como pudemos constatar no serviço de Medicina A do
Hospital X. Cada equipa de acordo com o protocolo previamente estabelecido e
reformulado, vai procurar pôr em prática o plano de prevenção e tratamento das úlceras
de pressão, e tornar visível segundo determinados indicadores, a qualidade dos cuidados
que prestam aos seus utentes.

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

O objectivo de um bom Enfermeiro gestor é essencialmente promover o crescimento


profissional, adaptando-se as normas e metas da instituição, e garantir um tónus
motivacional positivo dentro da equipa de Enfermagem, o que por sua vez conduzirá à
melhoria integral da qualidade dos cuidados de Enfermagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- ERNST & YOUNG – “Manual do Gestor: para uma gestão de sucesso”, 1994

- FURTADO, Kátia – “Úlceras de pressão: Actualidades e paradoxos”; Lisboa; 2003


- página do “GAIF” Grupo Associativo de Investigação em Feridas -
http://www.gaif.net/artigos/custoseconomicos.pdf - consultada a 05/02/2007

- GOUVEIA, João – “Os custos económicos das úlceras de pressão”; Pampilhosa da


Serra, 2004 - página do “GAIF” Grupo Associativo de Investigação em Feridas -
http://www.gaif.net/artigos/custoseconomicos.pdf - consultada a 05/02/2007

- GOUVEIA, João. 2006; “Tópicos avançados de Gestão” -


http://www2.egi.ua.pt/cursos/files/TAG/BGTAG02.pdf.

- KHUN, Ba; Coulter, SJ – “Balancing the pressure ulcer cost and quality
equation”; Nursing economics, nº 10; September-October 1992

- MACHLINE, Claude et al ; “O hospital e a visão administrativa contemporânea”;


São Paulo; Pioneira 1983

- MORISON, M J; Moffatt, C, J, et al (1997) – “A colour Guide to the Nursing


Management of Chronic Wounds”. 2º ed. Mosby; London

- MOURA, Manuel - Dezembro 2004, "A Certificação da Qualidade na Indústria do


Mobiliário"; http://www.gestluz.pt/v2/main.php?id=695

- OLIVEIRA; “Estilos de Gestão”;


hfKHnVYtroJ:www.ff.ul.pt/paginas/oliveira/GFAT064.pdf+estilos+de+gest
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- PAIS, Celso Luís Alves – “Liderança com endorfinas : o modelo dos seis estilos de
liderança de Goleman”; In Dirigir: revista para chefias e quadros. - ISSN 0871-7354. -
Nº. 94 (Abr.-Maio-Jun. 2006), p. 25-29

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Úlceras de Pressão no Serviço de Medicina A

O Papel da Gestão

- PERRY e POTTER; “Fundamentos de Enfermagem: conceitos, processo e


prática” Guanabara Koogan; 4ª Ed, 2º vol, 1999 Rio de Janeiro

- Revista Texto e contexto Enfermagem: “Gestão em Saúde e Enfermagem” –


CUNHA, Isabel e NETO, Francisco: “Competências gerenciais de Enfermagem: um
novo velho desafio?”; SANTOS et al: “Gerência do processo de trabalho em
Enfermagem: liderança da enfermeira em unidades hospitalares”; CIAMPONE,
Aida: “Gerência e competências gerais dos enfermeiro” – Vol 15, Nº 3; Julho /
Setembro 2006 – ISSN: 0104-0707

- TEIXEIRA; Sebastião – “Gestão das Organizações” – 1998 McGraw Hill


- Wound Care Information Network - http://www.medicaledu.com/ahcpr.htm
consultada a 6/02/2007

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